Mirrors – You Are The Love Of My Life
Escrito por Kath Petrova | Revisado por Isadora
- Então, você aceita?
- Hum... aceito - sorri , finalmente uma notícia boa em semanas - mas... - como eu odiava essa palavra, "mas", sempre complicando minha vida - teremos que estabelecer algumas regras. – concluiu.
- Claro, ia falar exatamente isso com você, eu não sei quando eles irão fazer a visita, pode demorar alguns meses mas creio que resolverei todos os meus problemas antes disso, caso demore precisaremos ter fotos, muitas fotos, eles não vão acreditar se encontrar a casa como se fosse um apartamento de solteiro e se descobrirem essa farsa podem me deportar ou até mesmo me prender e isso é o que eu menos quero.
- É, eu pesquisei um pouco sobre o assunto depois daquele nosso primeiro encontro, queria saber a onde estava me metendo. - riu fraco.
- Imagino o quanto deve estar sendo um saco fazer tudo isso ainda mais pra uma estranha, mas essa foi a única solução que eu achei, eles não aceitaram meu pedido para mais alguns meses e não terminei tudo o que deveria quando vim pra cá.
- Ok, então vamos as regras...
3 Meses Depois
10:53 a.m , Londres - Apartamento ... e
- Suas coisas já estão todas aqui? - assentiu - Okey , sinta-se em casa.
- Pode deixar querida esposa, a propósito, nosso casamento foi muito bonito sabia? - riu e eu o acompanhei, mesmo que sendo de mentira toda a ornamentação ficou impecável, a família de que organizou tudo, eles disseram que seria a única forma de me compensar já que não contou para ninguém sobre nosso namoro - imaginem o choque deles ao saberem que íamos casar -, eu e discutimos sobre isso mas ele disse que sua família jamais aceitaria isso e eu me senti mal, não queria causar desentendimento com eles.
- Então... Já podemos pular para a parte que nossas roupas estão todas no chão?
- Não, você vai arrumar suas coisas lá em cima e eu vou ver o que fazer aqui em baixo.
- Mal casamos e já virou mandona? Deveria ter seguido o conselho do e não ter casado com você, além de maluca que fica arrumando marido em agências, é mandona. - gargalhei com o que tinha dito.
- E você mais ainda por ter aceitado e o , bem, esse daí me ama. - agora quem riu foi ele.
- Agora eu vou lar arrumar as minhas coisas antes que você me expulse de casa. - me abraçou por trás e me deu um beijo na bochecha logo em seguida desapareceu de vista deixando apenas aquelas malditas borboletas voando dentro do meu estômago.
***
- Posso te fazer uma pergunta? - o encarei dando a entender que ele podia continuar - Quais são esses "problemas" que você ainda precisa resolver aqui? Digo, porque não contou a sua situação para a polícia federal ou o consolado para te dar mais alguns meses no país?
- Eu tentei mas me negaram, eu realmente preciso resolver isso, não poderia deixar de lado mais uma vez, isso só deixava maior o problema.
- É coisa... ahm... séria? - ficou um pouco receoso ao perguntar, era estampado em sua cara mas logo tratou de deixar a coisa mais divertida - Porque não quero estar ajudando uma criminosa ou algo do tipo.
- Cuidado com as palavras querido, talvez eu seja uma criminosa - ele riu -, já se perguntou de onde arrumo tanto dinheiro para te pagar todo mês? - sua expressão mudou, ele parecia estar com medo ou apenas fingindo quem sabe.
- Não faça nada comigo, eu faço tudo que você mandar, mas não me machuque e nem a minha família.
- Quem sabe se você se comportar. - rimos juntos e voltamos a comer em silêncio apenas nos encarando e fazendo caretas às vezes.
Depois que jantamos, caímos em tédio profundo, não sabíamos o que fazer ou se tinha algo pra fazer até que lembrou-se que trouxe seu videogame junto a sua roupa "Hey, ela é minha namorada ou era..." dizia ele conectando o aparelho a TV. Sempre fui viciada em jogos ganhar dele seria fácil se ele não fosse tão bom quanto eu, era totalmente estranho porque eu me via em tudo que ele fazia, pode parecer estranho da minha parte, mas era como se eu visse meu reflexo através de . Éramos como se fossemos um só quando estávamos juntos, o que é doido porque nos conhecemos apenas há sete meses e nunca rolou nada entre a gente, nem um beijo trocado, nem uma indireta ou algo que desse a entender que ele gostara de mim, eu só tinha uma certeza... Estava apaixonada por ele.
A partida estava indo muito bem até sermos interrompidos pela campainha - estranhei, não estávamos esperando ninguém -, dei pausa no jogo enquanto ia atender a porta, me distrai mexendo nas pontas do meu cabelo quando um confuso apareceu na sala com um pacote em mãos - pacote?- pensei. Ele entregou-me o embrulho e voltou a se sentar ao meu lado voltando ao jogo. Olhei para o nome escrito no papel e não acreditei no que vi, finalmente consegui o tão esperado documento - minha história é um pouco comprida mas vamos lá... Meus pais eram ingleses mas me deram assim que eu completei 5 anos , desde então fui morar com minha nacionalidade ilegal no Brasil, descobri isso com 18 anos , minha mãe estava doente e decidiu contar para mim toda a verdade, depois de três semanas ela falecera, pode parecer que dei as costas para minha família mas não dei , eu não queria que minha vida fosse uma mentira apesar de amar todos a minha volta, eu só queria dar um sentido na minha vida, eu queria poder ser eu mesma, não iria procurar meus verdadeiros pais, eles tomaram uma decisão no passado, não iria atrás deles para saber o motivo desse ato, meu pai não me prendeu quando disse que iria para minha terra natal, ele até entendeu, disse que se fosse ele faria a mesma coisa. Apesar de estar chateado com a minha partida, me apoiou e me ajudou em tudo, e me ajuda até hoje mandando dinheiro para as despesas, o mais triste de deixar meu pai lá, foi saber que ele tinha adoentado, eu já tinha cancelado praticamente tudo mas ele disse que não, disse para conseguir o que eu tanto queria, que ele estaria torcendo por mim e pela minha felicidade, consegui o visto depois de 4 tentativas frustrantes, desde então tenho tentado conseguir a minha verdadeira naturalidade o que foi extremamente difícil e me casando com tornou as coisas muito mais rápidas. Semanas antes de conhecer meu pai faleceu no Brasil deixando todo o seu dinheiro para mim, mesmo não sendo sua filha legítima, ele pensara em mim e eu o amava, mesmo quando deixava eu e mamãe em casa e ia trabalhar voltando só de madrugada ainda tinha orgulho dele, sempre me inspirei nos meus pais, sem eles eu seria sem família no mundo, não saberia se estaria viva ou não, não saberia se teria encontrado , ah , você não sabe o quanto você mudou minha vida, não só pelo fato de ter me ajudado com a minha história mas também por ter me dado vontade de viver.
Ao acabar de ler todos os documentos já estava chorando, senti os braços de um certo alguém me tocar, o que me deixou mais leve e tranquila, sussurrava "consegui" para ele e para mim mesma tentando manter a calma que claramente não conseguiria ter por mais alguns minutos.
- Ei, fica calma meu amor. - ouvi a voz de soar pelos meus ouvidos causando arrepios ao perceber a existência da palavra "amor" no meio, mesmo convivendo esses meses com ele, nunca disse isso pra mim, o que me deixou mais chorona - Eu to aqui com você. - mais uma vez a voz dele adentrou pelos meus ouvidos.
- Eu consegui ! - o abracei mais forte - Eu consegui, não acredito, eu consegui!
- Conseguiu?...
- A minha real naturalidade, agora eu sou realmente uma inglesa.
- Como assim? - perguntou franzindo o cenho. Contei toda a história pra ele que pareceu ficar chocado, mas sorriu quando disse que só consegui isso com a sua ajuda.
- É, agora você tá livre. - disse um pouco sem pensar.
- Livre?
- Ér, já não precisa mais me aguentar, eu sei que você tava doido para ir embora daqui, também sei que você deve estar louco pra ficar com alguma garota, não quero mais atrapalhar você e sua vida, já te dei muito trabalho, atrasei sua vida por meses e... - quando ia terminar de falar escutei-o dizer: Eu te amo (disse um pouco baixo mas no tom que dera pra ser perfeitamente ouvido).
- Como? - perguntei não conseguindo acreditar em tal confissão.
- Eu te amo e sim eu estou louco pra ficar com uma garota.
- É? E quem seria? - perguntei chegando mais perto dele.
- Você! - disse me agarrando, em seguida , quando nossas línguas se encontraram dançaram em perfeita sintonia , a cada movimento que fazíamos parecíamos mais unidos, era uma sensação única que eu jamais senti com ninguém na minha vida e aí que eu tive a certeza de que era o meu espelho.
Fim