Mirror of the Soul
Escrito por Nathália Tafner | Revisad por Beezus
Parte do Projeto Songfics - 4ª Temporada // Música: Justin Timberlake - Mirrors
Meu nome e e aqui vou contar toda a minha historia de vida, ou pelo menos parte dela. Você pode considerar isso como um exagero, mas a sombra do espelho, jamais me deixara partir novamente. Meu coração estava entrelaçado e preso em uma armadilha, na qual por mais que me doasse, eu não gostaria de sair.
Era tarde da noite quando ela apareceu, trajando seu vestido preto e um batom vermelho estampado nos lábios. Eu estava em uma festa com um amigo, as luzes da boate refletiam – se nas paredes, mas em nenhum momento, eu cheguei a cogitar a ideia de que aquelas luzes poderiam brilhar mais do que ela. Ela chegou, no meio da multidão, se destacando como um painel de luz único, passando entre as pessoas com um copo de Uísque na mão enquanto dançava ao som de alguma música que tocava ao fundo. Ela jogou o cabelo para trás, e só quando parou de rir e virou a cabeça para frente, ela me viu. Nossos olhos se encontraram, e ela pareceu surpresa, e eu pensei em bancar o homem e chama – la para dançar, mas tudo o que eu consegui, foi ficar preso em seu olhar, enquanto a observava me lançar um sorriso travesso e sair andando. Eu já havia visto todos os tipos de garotas, as doces, as tímidas, as popularmente conhecidas como vadias, as inteligentes, as independentes, mas essa era a primeira vez, que eu conhecia uma garota fogo. E eu sabia muito bem, que com fogo não se brinca, mas como toda criança teimosa, eu tinha que insistir.
- Oi – eu disse me sentando ao seu lado. – você e nova aqui? Nunca te vi, qual o seu nome?
- Ou, ou... calma ai garotão, meu nome e , mas pode chamar de . E sim eu sou nova, porque garotão? Algum interesse? – ela disse com o mesmo sorriso travesso de antes me fazendo perder toda a atitude que ainda me restava.
- Eiiiiii, brincadeira – ela disse rindo – não precisa ficar constrangido. Uau, eu achava que as pessoas aqui em Los Angeles eram mais soltas. Que pena...
- Não – eu disse me recompondo – nos somos, e que você me pegou desprevenido.
- E isso quer dizer que está prevenido agora? – ela disse me lançando um olhar malicioso e colocando sua perna em cima da minha. Eu olhei para sua perna, lisa e macia, e me vi mordendo os lábios, tentando me controlar. Ela riu e retirou sua perna.
- Sabe do que você precisa... – ela parou assim que percebeu que não sabia meu nome.
- – eu disse – .
- – ela disse sorrindo e se levantou, aproximando sua boca do meu ouvido – sabe do que você precisa, ? Você precisa de adrenalina na sua vida. – ela completou mordendo o lóbulo da minha orelha e voltou a se sentar.
- Adrenalina – eu disse – gosto disso.
- E mesmo? – ela perguntou com sarcasmo.
- Garota, você não deveria fazer isso – eu disse me levantando e indo pra cima dela, a pressionando contra a parede.
- Uau – ela disse rindo assim que mordi seu pescoço – ele tem atitude.
- E atitude que você quer? – eu perguntei já não podendo mais me conter, aquela garota era a perdição. Era um pecado no qual valeria a pena cometer. – então e atitude que você vai ter. – eu completei a pressionando mais ainda contra a parede e puxando seus cabelos.
- Aqui não. – ela sussurrou e saiu debaixo de mim, me puxando pela camisa até uma porta no fim do corredor. Nos entramos, caminhando em direção a cama, ainda nos beijando, tentei a tacar na cama, mas ela me empurrou.
- Na na ni na não – ela disse passando a língua nos lábios – eu comando as coisas por aqui garotão. – ela disse me olhando com aquele olhar quente, que só ela tinha, um olhar decidido e malicioso, que te faz sentir inferior eu a encarei sem resposta, aquela garota me enlouquecia, por tempos eu sempre fui o homem da atitude, mas dessa vez, eu estava sendo domado. Isso era enlouquecedor para qualquer homem. Ela tacou o vestido no chão e andou até mim, com passos lentos e decididos, e então começou a me beijar me controlando e me tacando na cama, tirando toda ou qualquer roupa que ainda pudesse impedir o nosso contato. Eu senti algo queimar dentro de mim, como um fogo, uma brasa, e meu coração se acelerou em um ritmo agonizante quando ela colocou sua mão dentro da minha cueca, fazendo movimentos sutis me deixando desesperado, eu pedi por mais, e ela sorriu vitoriosa tirando a mão ali de dentro, como se sentisse prazer em me torturar. Fechei os olhos desejando estar no comando e acabar logo com aquele desespero que me torturava e senti ela pegar minhas mãos, levando as até seu peito, ela sabia como torturar, ela sabia como matar um homem sem tirar seu espírito.
- Gosta disso garotão? – ela perguntou me fazendo grunhi, ela sorriu se movendo lentamente para cima de mim e me beijou, enquanto eu a apertava e passava a mão por seus cabelos, a fazendo tombar a cabeça para trás. Eu aproveite a deixa para assumir o comando e subir em cima dela, fazendo ela arranhar minhas costas, a medida que eu avançava.
- Uau... então o garotão sabe ser selvagem – ela disse ofegante e escutar aquilo vindo dela me fez enlouquecer mais ainda. Algo ardeu dentro de mim com uma força maior que eu podia suportar e então a beijei, com toda a intensidade que estava ali dentro de mim, ela gemeu colocando sua mão na minha cabeça, e eu me rendi a ela, domado por seus encantos. Ela saiu de debaixo de mim com o mesmo sorriso de antes e eu pude perceber quando ela tirou minha cueca, subindo no meu colo. Uma sensação de êxtase, desejo, algo que me fazia querer mais, mais dela, mais disso, mais de tudo, ela sorriu outra vez, e eu pude ver eu seu olhar, ela queria aquilo. Aquilo fora para mim uma das melhores experiências da minha vida, e não digo só pelo sexo, o contato físico, digo por que, foi a única garota que passou por minha vida, sem ser domada, sem ser a caça, ela era a caçadora, eu me sentia uma ovelha perto dela. Mas no fundo, eu sabia que ela era mais do que demonstrava, ela não era apenas uma garota sexy e decidida, ela tinha planos e sonhos, queria crescer e trabalhar em um hospital especializado na área infantil, cuidar das crianças. E exatamente por esse desejo dela, que eu sabia, no fundo ela tinha um coração enorme. Meses depois de já nos conhecermos o bastante, eu a levei para um passeio, nos estávamos deitados em cima do capo do meu carro observando as pessoas em volta e tentando adivinhar o que elas faziam da vida, naquele jogo simultâneo que nos sempre fazíamos, quando eu finalmente me dei conta de que não poderia viver sem ela. Depois de rirmos o bastante para resultar em uma dor de barriga e falta de ar, se virou para mim sorrindo de uma maneira diferente, e eu vi pela primeira vez, a luz em seus olhos, a que mostrava a verdade. Eu não conseguia tirar os olhos dela, a luz intensa parecia querer me cegar e eu peguei sua mão a levando ao meu coração, como se quisesse fazer com que ela sentisse minha alma, assim como eu sentia a dela. Então, um beijo aconteceu, mas dessa vez, não se tratava de um beijo carnal, um beijo atrevido e impulsionado pelo calor de uma boate revestida de luzes, mas sim de um beijo de amor, amor de verdade. Uma verdadeira e pura ligação entre duas almas, que se completavam. Talvez seja pelo seu olhar, daqueles que dizem o que sente, ou daqueles que simplesmente são um mistério, talvez seja pelo seu sorriso travesso ou pela sua postura decidida, ou então, quem sabe, seja por seu lado caridosa, daqueles que sempre quer ajudar os outros. Mas desde que eu e nos conhecemos, desde aquela noite na boate, toda a minha vida mudou. sempre esteve ali para me ajudar, como se de alguma forma, ela fosse a parte que me completava. A minha vida inteira eu questionava quando as pessoas me diziam que eu precisava amar, sempre achei que poderia passar a vida sem amor, sem alguém com quem partilhar a felicidade. Mas hoje eu sei, que por mais que às vezes eu quisesse evitar isso, eu não conseguiria. Cinquenta anos mais tarde porém, eu nunca iria imaginar que a perderia. Agora eu me encontro no banheiro do meu apartamento meia boca no final de uma rua de Londres, eu e havíamos nos mudado para ali depois do nosso casamento nas Savanas, o que claro, foi ideia de . Mas agora, já se fazem cinco anos desde que ela morreu, e eu estou velho e acabado. O reflexo no espelho revela com clareza isso, às vezes tenho a sensação, que ela esta lá para mim, do lado paralelo, me observando com seu sorriso travesso. Muitas vezes em meus sonhos eu sonhei que andava de noite até o banheiro, limpava o rosto na água da torneira e só então por algum motivo no qual nunca foi explicado, eu tocava o espelho e quando isso acontecia, uma sombra nítida, uma lembrança, uma imagem de sorrindo em seu vestido preto aparecia do outro lado, como se ela na verdade, fosse meu reflexo. O sonho, no entanto, nunca se concretizou, mas eu a via em tudo que e parte, tudo o que fazia e faço, porque no fundo, meu reflexo e ela, tudo que eu faço gira em torno dela, ela e tudo que eu vejo, tudo que eu preciso.
Uma dor imensa toma conta de mim, faz arder meu peito, eu estou velho e sozinho, tive uma vida maravilhosa, e agora como toda pessoa idosa, eu estou aqui parado com os olhos vazios a testa enrugada e as lembranças me torturando. Estou caminhando até o banheiro novamente, meus braços doem e a queimação dentro de mim se intensifica, eu estou ficando sem ar e a luz do quarto parece estar escurecendo aos poucos. Eu consigo chegar ao banheiro, o espelho ainda está lá, fecho os olhos por um instante e ando até a pia, lavando o rosto na intenção de me acalmar, recuperar o fôlego perdido, fazer a dor parar. Mas assim que lavo meu rosto a dor parece se multiplicar e em questão de segundos estou me apoiando com as mãos no espelho, com o rosto virado para baixo, respirando fundo, uma dor queima minha cabeça e antes de tudo ficar preto, antes de tudo sumir e de toda a luz ser ofuscada por uma escuridão contínua, eu a vejo. E exatamente como em meus sonhos, ela está lá para mim, e embora o espelho não tenha se quebrado, ela está lá. Ela me lança um sorriso, o mesmo sorriso de quando nos conhecemos, e sussurra algo.
- Eu estou aqui – ela diz em uma voz abafada. – eu nunca te abandonei. Vamos dizer que eu estava em uma viajem... – ela completa brincando e embora eu não esteja totalmente sã acredito que eu tenha sorrido.
- Eu... – eu digo tentando criar forças, mas minha voz sai mais baixa do que eu imagino, ela apenas balança a cabeça negativamente e eu vejo seu reflexo no espelho por a mão em meus ombros, como se quisessem dizer que estaria ali comigo, me ajudando.
- Escute – ela diz – você tem que fechar os olhos agora. – eu iria perguntar o porque mas como se estivesse lendo minha mente ela retornou a falar. – não fique se perguntando o porquê , apenas o faça. E eu te prometo, as coisas vão mudar. Nos vamos voltar uma para o outro, como sempre deveria ter sido, como e para ser e então vamos viajar para lugares onde ninguém e capaz de ir, pelo simples fato de serem covardes, e você sabe, nos somos uma ótima dupla.
Eu sorri escutando aquilo, anos podiam se passar, mas ela nunca mudaria. E então, uma sensação familiar se apoderou de mim, uma sensação que há muito tempo eu desconhecia, esperança. E eu sabia, não importava o quanto o tempo passasse nem em que lugar nos estivéssemos, nossas almas sempre pertenceriam a outra, e sempre que se encontrassem, o efeito seria o mesmo, a explosão de uma vida que nunca foi completa até se encontrar com a outra. E foi por essa mesma certeza, que eu deixei meus olhos se fecharem, na esperança que aquela escuridão em breve, se tornasse clara novamente. E que a luz, fosse ela. Porque ela, ela era o amor da minha vida. E isso nada poderia mudar.
Setembro de 1984
Epilogo:
Os raios solares resurgiram da montanha verde, uma garota com seus cabelos pretos ondulados corria por entre os campos verdes em seu vestido branco que a fazia parecer parte do cenário. Parte do céu para ser mais claro, ela podia ser facilmente confundida com uma nuvem se não tomasse cuidado. Ela se virou para mim, com um sorriso travesso estampado nos lábios e caminhou entre as flores amareladas com passos lentos, quem olhava de longe poderia jurar que ela estava dançando.
- Oi – ela disse – nos já nos conhecemos?
- Talvez – eu disse – qual o seu nome?
- , pode chamar de – ela disse e meu coração se apertou por alguma razão. – então, você e mudo ou o que?
- Desculpe... meu nome e .. Owen – eu disse e ela me lançou um sorriso travesso fazendo com que meu coração se apertasse.
- Me desculpe – ela disse mudando de expressão e eu pude notar o brilho em seu olhar, como se alguma coisa estivesse sendo escondida ali. – por um momento eu poderia jurar que já nos conhecemos antes.
- De outra vida talvez – eu brinquei e o sorriso travesso voltou aos seus lábios.
- Talvez... – ela disse e então se deitou ao meu lado. Eu não sabia ao certo, nem porque, mas algo dentro de mim me dizia, que a luz do sol poderia iluminar quantas montanhas fossem necessárias, mas essa luz jamais seria tão intensa como a dela.
FIM!