Mi Niño

Escrito por Biju | Revisado por Mah

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  Eu estava realmente querendo arrancar a cabeça daquele colombiano idiota.
Andei de um lado para outro.
  - Filha? Mulher? , tu tem certeza que 'isso' daí é mulher dele? - Perguntei parando ao lado dela que estava com o notebook no colo e me olhando com uma cara de pena.
  - Tenho, amiga... - Respondeu baixinho.
  - Misericórdia... Como pode? - Coloquei as mãos no rosto.
  - Ih amiga, jogador de futebol é uma desgraça, eles nem ligam para os sentimentos das pessoas - Ela levantou e se aproximou de mim.
  - Não é disso que eu to falando, - Disse tirando as mãos do rosto - Como pode ele ser casado com essa coisa? - Apontei para a foto da Mrs. Rodriguez. - Minha querida, seu marido tem dinheiro, e plástica não faz mal pra saúde não.
  - Ai que horror, .
  Coloquei as mãos na cintura.
  - Ah, mas ele vai se arrepender de ter me enganado - Sussurrei estreitando os olhos.
  - O que... - Ignorei a e segui pro quarto para me arrumar.
  Resumindo a história toda: Eu vim para a copa de 2014 no meu país natal, morava quase há dois anos no EUA e vi no mundial uma ótima oportunidade de visitar minha família e passar um tempinho aqui. Mas no meu roteiro eu não tinha planejado conhecer um colombiano lindo, charmoso e com um sorriso de deixar qualquer garota irracional. Só que esse mesmo colombiano que conheci e me apaixonei, é o artilheiro da copa, tem uma filha e uma esposa.
  Claro que eu não sabia quem era ele quando o conheci, desde quando eu assisto futebol? Eu não tenho nem noção do que é pênalti. Da seleção brasileira só conheço o Kaká e o Neymar Jr...
  Esquece, acabei de lembrar que o Kaká não foi convocado.
  Olhei para os tickets do jogo, que o papai tinha arrumado, em cima da cama.
  - , SE ARRUMA QUE A GENTE VAI VER O JOGO DA COLÔMBIA - Gritei.
  - Contra a seleção brasileira? - Ela perguntou sorrindo de orelha a orelha.
  - A seleção vai jogar com a Colômbia? - Perguntei franzindo a testa.
  - Credo , vive em que mundo? - Ela me olhou de cima abaixo.
  - Não vou te levar - Ameacei.
  - Vai jogar sim, amiga! - O tom de voz dela mudou para algodão doce com mel - Eu que sou boba de tá perguntando se já sei a resposta - Deu uma risadinha.
  Olhei os tickets e confirmei.
  - Sou brasileira com muito orgulho e muito amor - Falei já procurando minha camiseta do Neymar Jr.
  - Vixe, vai fazer macumba pro coitado do James perder...
  - Vou mesmo! Pegar um daqueles bonequinhos de voodoo sabe? E amarrar as perninhas, quem mandou mexer com brasileira, agora aguenta - Falei furiosa.
  - Ah , não fala assim...
  - VAI LOGO SE ARRUMAR - Gritei e ela sumiu da porta.
  - Inferno, fica defendendo aquele cachorro, sem vergonha, imbecil, gostoso - Parei pensando - Gostoso não!
  Coloquei a minha camiseta do Neymar Jr, um short jeans e prendi meus cabelos.
  Segui para a sala segurando minhas rasteirinhas e meu celular.
  Olhei para o celular.
  Lá no fundo, eu ainda estava com esperança de receber um sms dele ou qualquer sinal...
  Suspirei e sentei no sofá.
  - Ai amiga, o que você está pensando? - A sentou do meu lado com uma cara preocupada.
  - Que eu não sei se vou com a rasteirinha azul ou amarela - Respondi rindo.
  Eu realmente não queria que a minha decepção fosse aparente. Desde quando eu fico abatida por homem? Sempre fui e sempre vou ser independente, não vou derramar uma lágrima sequer por esse colombiano maldito.
  - Às vezes esqueço que você não é dessas que fica chateada por qualquer coisinha - Ela riu - Vai com a azul, vou pegar a minha bolsa e vamos - Ela levantou eu calcei a rasteirinha.
  Talvez o tal James tivesse conseguido me deixar pra baixo...
  Levantei do sofá.
  Ah, mas ele vai me pagar...
  Voltei pro quarto e peguei os tickets e minha bolsa.
  - Vambora, - Falei alto e ela apareceu em um piscar de olhos.
  - Vou tentar tirar foto com o David lindo - Ela falou sacudindo a câmera, tava como uma cara de doidinha que se eu fosse o David, diria: “Misericórdia, longe de mim.”
  Saímos de casa e seguimos de carro para o Castelão, fiquei puta de saber que tinha que parar umas vinte quadras do estádio por ‘segurança‘.
  - Desde quando fazer um ser humano, que pagou mais de 800 pilas para assistir o jogo, andar vinte quadras é segurança? - Perguntei enquanto usava um papel qualquer para me abanar e tentar não ficar tão suada.
  - Quem vê pensa que você comprou e não o Tio Carlos - A riu.
  - Ih, já vai começar? Vou vender seu ticket - Bati nela com o papel e dei risada.
  Quando chegamos na frente do Castelão parecia que eu estava em uma micareta fora de época, galera dançando, um “sarra sarra“ dos gringos na brasileiras e vice versa.
  - , o portão vai abrir - A me puxou - Vamos lá pra frente.
  - Oh amiga, para de ser brasileira - Dei risada e mostrei os tickets pra ela - É assento marcado.
  - Aaaah... - Ela exclamou baixinho e eu abracei ela rindo.
  Quando a galera desesperada passou igual boiada pelos portões, entramos calmamente.
  Eu já sentia borboletas no estômago e as mãos suando frio, só de imaginar que ele estaria em campo.
  Graças a Deus a estava ali do meu lado ou eu já estava passando super mal.
  Passamos o tempo antes do início do jogo, rindo da galera que vinha fantasiada e tirando várias selfies.
  E quando deu a hora e os jogadores começaram a entrar no campo, meu coração disparou como se eu tivesse corrido uma maratona.
  O hino do Brasil cantado pelos torcedores foi a coisa mais linda que tinha ouvido na vida, o arrepio que passou pelo meu corpo me fez esquecer toda raiva que tinha do James Rodriguez. Em compensação quando o hino acabou a raiva voltou ainda maior.
  O jogo todo foi muito emocionante, eu gargalhava alto nos gols do Brasil, gritava “Chupa“ o mais alto que podia.
  Era uma sensação maravilhosa ver a seleção dele perdendo, quase me sentia vingada.
  Quando ele fez gol, eu simplesmente me sentei e fiquei calada evitando olhar o telão, não queria correr o risco de ver aquele sorriso.
  Eu rezava para o jogo acabar e parecia durar um século os minutos finais, mas quando acabou, eu gritei igual uma louca abraçando a .
  Apesar do Neymar ter se machucado, tínhamos passado de fase e o melhor: Colômbia estava fora.
  Olhei para o telão e parei de pular.
  Ele estava chorando e não era pouco...
  Não queria sentir pena, mas ver ele chorando foi de cortar o coração.
  Os jogadores do Brasil foram até ele, o cabeludinho, David Luiz, abraçou ele.
  - Não disse que o David é um lindo - A sorriu de orelha à orelha.
  Desceu correndo a arquibancada para tentar tirar foto do momento.
  E agora? Era isso? Eu assisti ao jogo, torci contra ele e agora vou embora, sem falar umas poucas e boas pra ele?
  Subi as escadas e comecei a procurar uma entrada para os vestiários.
  Eu guardei o pouquinho de pena que tinha sentido dele e me foquei no que ele tinha feito comigo.
  Encontrei a entrada para os vestiários, mas no caminho tinha dos armários com crachás que diziam “Segurança”.
  Suspirei e olhei envolta.
  Não tinha nada além de um banheiro feminino e outro masculino.
  Sorri.
  Me aproximei rápido.
  - Não pode passar senhorita, pode dar meia volta - Um deles disse.
  Mais grosso impossível.
  - Olha senhor, não queria incomodar, nem passar, mas tem uma garota mascarada no banheiro feminino, ela está quebrando um monte de coisas lá e pixando a parede - Falei afobada e fiz gestos.
  Eles arregalaram os olhos e saíram na minha frente, os segui até o banheiro e quando entraram no mesmo, eu tirei a chave da porta e tranquei por fora, deixando eles lá dentro.
  Ainda fiquei o suficiente para ver um deles socando a porta de metal e amassando a mesma.
  Um horror...
  Saí rápido de lá e quando cheguei onde a galera das comissões e outras pessoas que tinham acesso aquela área, tirei o celular do bolso e andei calmamente enquanto mexia no mesmo.
  Ninguém, ninguém mesmo me parou ou perguntou quem eu era.
  Procurei o vestiário da seleção colombiana e fiquei ali, esperando a oportunidade certa para pegar James Rodriguez sozinho.
  Entrei quando a maioria dos jogadores tinha saído.
  James estava sentado ao lado do treinador dele, ele chorava enquanto o treinador falava calmo com ele dando leves tapinhas na costa do moreno.
  Quando o técnico me- viu levantou rápido e perguntou o que eu estava fazendo ali, dizendo para eu sair que ali era área restrita.
  Fiquei olhando para James, sem dizer uma palavra sequer.
  - Ella está conmigo, profesor - Ele falou baixo e o técnico olhou pra ele.
  - Cinco minutos, James - Ele passou por mim e eu nem fiz questão de olhar pra ele.
  - Que bom que você veio, eu nem sei como v... - Interrompi.
  - Achei pouco - Falei calma.
  Ele me olhou confuso e eu me aproximei dele.
  - Poderiam ter feito 10 gols em cima de você e eu ainda não estaria satisfeita - Falei fechando as mãos em punhos.
  Ele se levantou incrédulo.
  - ... - Tentou falar e eu interrompi de novo.
  - Você deveria ter nojo do que faz? Como tem coragem, ein? Enganar as pessoas assim? - Peguei a primeira coisa que vi e joguei nele.
  - Do que está falando? - Perguntou confuso desviando da chuteira que eu havia jogado.
  - Ainda se faz de desentendido, quer que eu ligue para sua esposa para ela explicar direitinho? - Perguntei cínica.
  A expressão dele fechou.
  - Você está enganada - Ele sussurrou.
  - EU ESTOU ENGANADA? - Gritei e apontei pra ele - Tem milhares de fotos de vocês em várias redes socais, acha que eu sou idiota? Posso ter cometido um erro de ter deixado você se aproximar de mim, mas não vou cair na idiotice de acreditar nessas suas frases prontas de quem já tem experiência em traição - Me virei e segui para saída do vestiário.
  Abri a porta que o técnico havia fechado ao sair.
  James espalmou a mão na porta e empurrou a mesma com força para ela fechar.
  - Eu não vou atrás de você, juro por Deus - Ele sussurrou - Se você sair por essa porta, eu vou me esquecer que conheci você e que me apaixonei - Ele segurou firme meu braço e me virou.
  Meus olhos encontraram os dele, cheios de lágrimas, de tristeza e raiva. Ele estava furioso.
  - Você não pode chegar aqui e me acusar assim, não foi certo eu não te contar quem era, mas você também não me reconheceu - Ele falou em um tom baixo, mas que deixava clara a raiva dele.
  Continuei calada.
  - Você não sabe a minha situação - Ele respirou fundo.
  - Eu vi as fotos, James...
  - MAS NÃO SABE A HISTÓRIA POR TRÁS DELAS - Ele gritou e eu fiquei firme encarando ele.
  Ele me segurou e eu tentei tirar as mãos dele.
  - Eu não tenho ninguém, não mais - Ele falou tentando se acalmar.
  - Quem me garante que...
  - Eu te garanto - Ele me interrompeu colando nossos corpos - Eu te garanto...
  Eu senti um arrepio passar pelo meu corpo quando o senti contra mim.
  - Você só precisa acreditar em mim - Ele sussurrou beijando meu pescoço e eu senti minhas pernas cederem um pouco.
  Despertei daquele transe e tentei me afastar.
  - Eu não vou acreditar em você, idiota - Tentei empurrar ele e ele prensou mais meu corpo contra a porta.
  Tomou a minha boca sem permissão, me beijando com vontade.
  Eu conseguia sentir as mãos dele por todo o meu corpo, apertando e me marcando.
  Eu tentei resistir!
  Minha mente gritava para eu me afastar, mas meu corpo queria mais do toque dele.
  Sem perceber eu já estava correspondendo ao beijo e aos toques dele.
  Arranhava a costa dele sem dó algum e ele descontava nas minhas coxas.
  Rasgou minha camiseta sem paciência e apertou meus seios enquanto mordia meu pescoço, desceu as mãos para minha cintura lentamente e quando chegou ao meu short desabotoou e desceu o mesmo.
  Me encarou enquanto brincava com a lateral da minha calcinha.
  - Usted sabe que es la única, mi niña - Sussurrou e desceu a mão por dentro da minha calcinha, massageando minha intimidade.
  Eu já estava molhada e ele ainda me torturava.
  Gemi bem baixinho, ainda não me dando por vencida.
  Desci a mão pelo abdômen dele.
  - Ainda não confio em você, meu menino - Sussurrei cínica e apertei o membro dele com vontade.
  Ele tava tão excitado quanto eu.
  Me puxou e abaixou o short que tinha usado no jogo.
  - Eu poderia ficar nas preliminares com você por toda a minha vida... - Ele puxou minha calcinha com força - Se você não fosse tão irresistível - Me pegou no colo e eu automaticamente enlacei as pernas na cintura dele.
  Não tive tempo nem de comentar alguma coisa, apenas senti ele me penetrando e ouvir o gemido rouco dele no meu ouvido.
  Inclinei a cabeça pra trás e gemi arrastado:
  - Jaaames.
  Aquela pressão gostosa do sexo me deixou sem ar, pressionei as pernas envolta do quadril dele, fazendo mais pressão ainda.
  Ele saiu todo de dentro de mim e voltou a penetrar.
  Eu não conseguia pensar, e falar muito menos, sussurrava algumas coisas sem nexo e quando ele começou a se movimentar mais rápido eu apenas gemia o nome dele, rebolando com vontade.
  Sentir o corpo suado dele contra o meu, o nosso barulho e o cheiro de sexo, me deixava cada vez mais excitada.
  Ele marcava meu corpo todo com mordidas, apertava minhas coxas e minha bunda de um jeito que deixaria marcas por um bom tempo.
  Ele entrava forte e rápido em mim.
  Ficamos naquela “dança” por minutos e mais minutos, nos tornamos um só naquele momento. Cravei as unhas na costa dele, sentindo o meu clímax vindo.
  Um dos braços dele enlaçou firme minha cintura e com o outro ele se apoiou na porta.
  O ritmo acelerou ainda mais...
  E quando eu senti ele gozando dentro de mim não aguentei e cheguei ao meu orgasmo.
  Gememos juntos.
  Ele me segurou firme e inverteu as posições, sentando no chão com as costas contra a porta.
  Eu estava arfando, assim como ele, toda suada e descabelada.
  Continuei sentada no colo dele.
  - Você fica mais linda pós-sexo - Ele sussurrou e acariciou a minha cintura.
  Dei risada.
  - Eu deveria ter torcido por você - Sussurrei.
  - E eu deveria ter te contado sobre ter me divorciado meses antes de vir para o Brasil - Sussurrou e me beijou.
  - Deveria ter excluído a conta do instagram que estava cheia com aquelas fotos - Falei entre o beijo.
  - Mi niña celosa* - Me deitou sobre o chão, ficando por cima de mim.
  Os cinco minutos que o técnico da seleção colombiana tinha nos dado, viraria horas.

  *Minha menina ciumenta.

FIM



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