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#016 Temporada

All The Lies
Alok ft. The Vamps & Felix Jaehn



Minha Mentira Favorita

Escrita por Julia Nakamoto

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   era o filho caçula e um dos herdeiros da Corporação , um dos homens mais cobiçados da alta sociedade do país. Ele havia tido a sua cota de variedade de mulheres, mas naquele momento de sua vida, estava mais interessado em focar nos negócios que futuramente seriam seus. No entanto, seus pais queriam uma garantia de que o filho finalmente tinha se aquietado, por isso, exigiam que o mesmo lhes apresentasse sua futura esposa.
   riu-se num primeiro momento, os pais não podiam estar falando sério sobre aquilo. E se ele não pretendesse se casar? “A mesa de diretores só vai deixar você assumir o cargo que quer se apresentar uma noiva.” O pai informou quando o confrontou.
  O grande problema era que não tinha a menor pretensão de arrumar uma noiva. Ele queria poder se focar na empresa e uma mulher não ia facilitar a sua vida se ele tivesse que dividir sua atenção com ela. Foi quando , sua amiga de infância, caminhou elegante e toda sorrisos por sua sala.
  — . — Cumprimentou sentando-se na cadeira à frente do homem apoiando os braços sobre a mesa, o queixo pousado sobre as mãos. — O que me diz de um jantar no La Mensa hoje? — Perguntou com o olhar pidão que sempre usava para falar com ele, só para garantir que seu pedido seria atendido.
  — O que faz aqui a essa hora, ? — O homem perguntou massageando a base do nariz, ainda estressado com a informação que o pai havia lhe dado pouco antes.
  — Estava descansando um pouco do trabalho e resolvi vir te ver. — A moça sorriu. — O que houve? Você tá num humor péssimo. — Encarou o amigo de sobrancelha erguida.
  Depois de mais de vinte e três anos de amizade, não era preciso muito tempo para um perceber se o outro estava bem ou mal.
   suspirou.
  — Coisas de família…
   assentiu, mas resolveu deixar para lá. Deus sabia que ela já tinha os próprios problemas de família, não precisava de mais que nem eram seus para se preocupar. Mas é claro que se o amigo quisesse ou precisasse compartilhá-los ela estaria ali.
  — E então, que tal o jantar? — Perguntou novamente se endireitando na cadeira.
  — Eu não sei se… — O rapaz parou a frase quando uma ideia brotou. — Eu aceito, mas talvez tenhamos que tratar de negócios.
   ergueu a sobrancelha um tanto incrédula.
  — Negócios, ? O que você iria querer com a empresa de cosméticos da minha família?
  — Não com a sua família, com você.

  E assim tinha dado início a seu plano louco e clichê.
  Naquela noite os dois foram até La Mensa, um restaurante italiano aconchegante e basicamente livre de paparazzi.
  — E então, que tipo de negócios você iria querer tratar comigo? — Perguntou observando o cardápio para verificar a escolha do chefe do dia.
  — Você tá namorando?
  A mulher levantou o olhar do cardápio e ficou encarando o amigo com confusão.
  — Não, mas que pergunta é essa?
  — É só que… — não tinha ideia de como começar propriamente aquela conversa.
  — Ai, , só fala logo. — A moça revirou os olhos com impaciência.
  — Ok… — Ele respirou fundo. — Eu preciso de uma noiva.
   ficou ali esperando por mais, porque aquilo não deveria ser tudo, certo?
  — Uhum, e…?
  — Eu não tenho pretensão alguma de me casar no momento, mas os diretores da corporação querem que eu esteja ao menos noivo de alguém antes de me deixarem assumir meu cargo de direito por herdeiro.
  — Isso é bem complicado…
  — Por isso eu queria te pedir um favor… — coçou a nuca. — Você seria a minha noiva?
   parou estática por vários segundos enquanto encarava . Ele só poderia estar brincando, certo?
  — Acho que você trabalhou demais, . — murmurou depois de perceber que o amigo falava sério. — Tá até delirando…
  — Eu só preciso de alguns meses para convencer a todos que não sou mais aquele velho mulherengo. Por favor,
  — E o que eu ganho em troca? — perguntou de forma marota e sorriu. Só precisava de mais um pouco e a amiga o ajudaria.
  — Bem, eu não tenho nada pra te oferecer que você já não tenha, creio. — Os dois riram. — Mas eu posso ser o melhor não-noivo para você. — Sorriu galante e gargalhou dando-lhe um tapinha leve.
  — Tudo bem, vai ter que servir. — Deu de ombros.
  — Sério…?
  — É, mas vai ter que ser o noivo perfeito, o tipo de homem que eu procurei a vida inteira e até agora eu não achei.
   ergueu a sobrancelha sem tanta confiança assim, mas assentiu. Eles tinham um trato.

--

   estava sentado à sua mesa no escritório encarando a porta pela qual havia entrado há quase seis meses com aquele seu jeito quase impossível de não se notar, o dia em que ele tinha proposto o noivado falso à ela. O dia em que tudo começaria a mudar... Ao menos para ele.
  O rapaz encarou a pequena meia-lua tatuada em seu pulso, ideia de após quatro meses de “noivado”. A verdade era que os dois estavam bêbados demais para perceberem que aquela podia ser uma ideia terrível, então acordaram com as tatuagens no pulso como um casal. Ela era o sol, radiante e quente. Ele era a lua, refletindo toda a luz do sol. Riu. Não tinha como definir melhor o que ele estava sentindo no momento.
  Há pouco menos de seis meses ele tinha ido até os pais de para pedir sua mão como mandava a etiqueta, para logo depois apresentá-la como sua noiva aos próprios pais, que para o espanto de ambos, não pareceram tão surpresos quanto os dois pensaram que ficariam com o anúncio.
  — Ora, eu acho que isso até demorou para acontecer. — A senhora murmurou dando um abraço apertado em . — Finalmente, bem-vinda à família!
   ficou encarando com a expressão confusa, mas tampouco ele sabia o que estava acontecendo.
  — Hum… — O senhor murmurou. — Admito que não esperava como sua noiva. Mas devo também admitir que gosto. — O homem sorriu e também abraçou com alegria. — Bem-vinda, menina!
  — Obrigada…? — Ela respondeu um pouco encabulada.
  — Bem que você disse que um dia se casaria com ela. — A senhora exclamou com um sorriso bobo nos lábios.
  — O quê? perguntou quase incrédulo. — Quando foi que eu disse isso?
  — Quando você tinha cinco anos, oras. — A mãe respondeu como se fosse óbvio e gargalhou agarrando o braço do então “noivo”.
  — Quer dizer que você desde pequeno já sonhava em se casar comigo, hum? — Ela perguntou marota e por algum motivo enrubesceu.
  — Ele costumava dizer aos tios que era uma mulher para se casar. — A mãe continuou, vendo o filho quase cavando um buraco no chão para se esconder.
  — Ah, sim. E que ele seria o homem com quem ela se casaria. — O pai completou. Pai e mãe se olharam e riram um para o outro.
  Aquele dia havia sido um dia e tanto para tendo que ouvir os pais relembrarem todas as declarações que ele havia feito à quando criança. Naquela hora ele não soube dizer por que estava ficando envergonhado. Já fazia anos que não ficava tão vermelho daquela forma. Mas agora sabia dizer. A verdade era que desde sempre ele tinha sido um tanto apaixonado por , os dois cresceram e havia decidido — inconscientemente — deixar aquela paixonite de lado, curtir a vida, descobrir o mundo. Mas todo aquele tempo ele sabia que era ela.

  Por mais que estivessem fingindo ser um casal de noivos apaixonados, e decidiram não improvisarem muito. Fariam alguns agrados um ao outro quando quisessem, seriam um pouco mais carinhosos em público, mas não havia muito o que pudesse ser mudado na relação entre eles, já que sempre foram amigos e sempre tinham vivido juntos. Para os que olhavam de fora, e já eram um casal.
  A única coisa que havia mudado era que há poucos dias ele tinha dito…
  Eles estavam numa das festas que a Corporação dava durante o ano. De alguma forma os dois haviam acabado como babás das crianças da festa que insistiram em fazê-los brincar com eles. Uma garotinha se colocou como princesa e havia se tornado seu príncipe, e o amigo da menina decidiu que seria o rei e sua rainha. Houve uma discussão entre as duas crianças porque a menina queria ser rainha e poderosa tanto quanto o rei, mas o rei parecia ter-se ofendido com a escolha da amiga princesa pelo príncipe mais velho.
   riu da cena.
  — Você não devia ficar com uma rainha tão velha! — A menina exclamou cruzando os braços. não sabia se ria ou se ofendia um pouquinho pelo “velha”.
  — Foi você que quis ele como príncipe! — O garotinha reclamou. — Ela seria a princesa dele. — Deu língua.
  A discussão continuaria, mas pigarreou.
  — Majestades… — Fez uma reverência teatral. — Creio que só haja um jeito de resolvermos isso. — se voltou para e pegou sua mão como um cavalheiro faria. — Daria a honra de tornar-se a minha rainha? — Perguntou sorrindo, encarando nos olhos.
  — E como ficaria meu atual rei? — A moça perguntou marota.
  — Eu aceito ser o príncipe dela! — O garoto exclamou, logo se encolhendo de vergonha fazendo os dois adultos gargalharem.
  — Então acho que é isso… — murmurou voltando-se para . — Eu aceito.

  Depois daquilo, adultos e crianças fizeram festa, houve um duelo entre rei e príncipe que terminou em trégua porque nenhum dos dois queria magoar suas companheiras, aliança entre os reinos… E tudo isso foi terminar no grande castelo pula-pula inflável no jardim. e riam como nunca antes pela diversão que estavam tendo, quando se deitaram abraçados sobre a grama tentando recuperar os ânimos.
  — Eu te amo… — Aquelas palavras simplesmente escapuliram dos lábios de com uma facilidade que o espantou. Ele nunca tinha dito aquilo para ninguém, muito menos para uma mulher, mas lá estava. E o pior, era que era real.
  Quando voltou seus olhos para a mulher ao seu lado, ela apenas sorriu.
  — Eu também te amo. — Murmurou de volta. Por um instante pensou que aquilo era verdade, que a mulher por quem tinha se apaixonado também havia se apaixonado por ele. Mas então ela piscou de forma marota, e ele percebeu que ela só estava respondendo como uma noiva deveria fazer.

  Depois daquela festa, o costume de dizer “eu te amo” havia se instalado entre os dois. Era quase como dizer “bom dia”. Sempre que estavam juntos a frase soava de alguém, mesmo que não tivessem espectadores ela era dita. Para era a mais pura verdade todas as vezes que deixava aquela frase sair de sua boca. Mas ele não sabia quanto à . Se era verdade, nenhum dos dois chegara a colocar aquilo em pratos limpos… E se fosse mentira… Bem, aquela era a mentira que amava ouvir.