Meu amor do passado

Escrito por Samilla Way

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  Eu acordei, estava num beco, passei a mão na minha cabeça, me levantei aos poucos. Fiquei um pouco tonta, me apoiei na parede de tijolos ao meu lado, senti um odor forte de sangue e olhei a minha perna, estava sangrando. Eu ainda não estava sentindo dor, encostei as minhas costas na parede. Então saiu um cara bêbado de uma porta, passei as mãos nos cabelos e ele me olhou, começou a vir na minha direção.
  Ele chegou perto de mim, o bafo de bebida e um olhar pervertido, fiquei em pânico. Não sabia o que fazer, então apareceu outra pessoa, gritei socorro. Um homem no escuro saiu correndo, tirou o bêbado de cima de mim, o jogando no chão, deu um soco no rosto dele e ele desmaiou. Eu me joguei nos braços dele, a perna começou a doer, ele me pegou no colo e saiu correndo comigo.
  Eu me senti fraca e apaguei, fechei meus olhos lentamente. Quando acordei novamente, estava num hospital. Estava tocando uma musica antiga, uma enfermeira usando um uniforme da década de 1940 apareceu. Não entendi nada, me sentei na cama, ela viu o ferimento na minha perna que já estava enfaixado e foi embora.
  Um homem entrou no meu leito, acreditava que era o homem que havia me salvado do bêbado. Ele era alto, tinha olhos azuis, forte, o rosto quadrado, nariz pequeno e reto, uma boca linda, um sorriso cafajeste e encantador. Ele estava usando um uniforme militar, deveria ser do exército, mas parecia com um uniforme da segunda guerra mundial.
  - Quem é você? – Cruzei os braços.
  - O mesmo eu te pergunto... – Deu mais um sorriso. – Como você parou naquele lugar?
  - Eu não me lembro, na verdade, eu não me lembro de nada. – Cocei a minha cabeça. – Só sei que me chamo , apenas isso. – Ele segurou a minha mão.
  - Então, . Eu vou ficar com você, tomando conta de você, pelo menos até você se lembrar ou eu ir para guerra. – Ele era um soldado. – Não é bom que uma moça tão jovem esteja sozinha, disse que você é minha esposa.
  - Qual é o seu nome?
  - Eu me chamo Bucky Burnes, sargento Barnes. – Bati palmas.
  - Ah, me desculpe isso é incrível.

  Algumas horas depois, Bucky me levou para seu apartamento de carro, parou no prédio, saí do carro e uma velha estava varrendo a calçada. Ela nos olhou, por sorte eu estava de vestido branco, Bucky ajeitou o seu cabelo. Ele segurou a minha mão, Bucky avisou que eu era a esposa dele. A mulher insinuou que eu estava gravida, fiquei ofendida.
  Então entramos no apartamento, estava tudo bagunçado. Levei a mão a testa, Bucky tirou umas roupas da poltrona e eu pude sentar. Bucky foi até a vitrola, colocou um disco e tocou uma música. Depois ele me serviu uma dose de uísque, eu aceitei. Quando eu dei um gole, ardeu a minha garganta e ele tirou o copo da minha mão enquanto eu tossia. A música era agradável, eu quis dançar com ele.
  Eu me levantei, toquei a cintura de Bucky, ele me deu um sorriso de lado. Tirou jaqueta de couro, ele me pegou pela cintura, eu o abracei pelo pescoço. Comecei a dar uns passos, mas Bucky me conduziu. Deitei a minha cabeça no peito dele, senti o cheiro de seu perfume masculino forte e ouvi as batidas do seu coração.
  Continuamos a dançar até o disco acabar. Ele respirou fundo, nos afastamos, mas não tanto assim. Eu toquei o seu rosto, me aproximei, fechei meus olhos e toquei meus lábios nos seus. Demos um selinho longo, depois nos separamos e rimos. Meu coração acelerou, eu o abracei fortemente, senti o seu corpo tão perto do meu, era uma sensação incrível.
  Eu fui até o quarto de Bucky, estava tudo arrumado. Eu me sentei na cama, Bucky sentou do meu lado. Em seguida, tirei a minha roupa, fiquei de lingerie preta, Bucky achou diferente.
  - Eu estou gostando da sua ousadia, . – Sorriu.
  - De onde venho, acho que as mulheres são mais ousadas, mas não importo com as convenções sociais do seu tempo. – Ri, não me lembrava da minha vida, mas tinha vindo de outra época, tinha certeza.
  - Isso vai ser interessante, não me importo se você quiser dormir comigo. – Riu e ficou me olhando. – Você está maravilhosa.
  - Se eu estou maravilhosa por que você ainda não tirou sua roupa? – Bucky começou a tirar roupa.

***

  No dia seguinte, eu acordei em outro lugar, não sabia como havia parado lá. Estava na rua, comecei a coçar a cabeça, senti a falta de Bucky ao meu lado, vi pessoas andando com smartphones nas mãos. Eu me levantei, andei pelas ruas de Nova York. Eu me lembrei de algumas coisas, principalmente onde morava.
  Quando cheguei em casa, tudo parecia a mesma coisa. Uma mulher reclamou comigo, mas a ignorei. Pensei se o que havia acontecido com o Bucky era real, ou era um sonho muito bom. Deitei na cama, olhei para o teto, cruzei os braços. Então eu me levantei e me olhei para o espelho, estava com roupas dos anos 1940.
  Dei um sorriso, tirei a roupa, senti o cheiro e coloquei dentro do armário. Coloquei um pijama velho, mas antes que pudesse dormir, gritaram que eu tinha que ir ao passeio a Washington. Reclamei, tirei o pijama, coloquei um vestido vermelho soltinho, peguei uma jaqueta de jeans e vesti. Calcei uma bota preta de couro.
  Peguei a minha mochila e saí rapidamente. Entrei no ônibus escolar, sentei ao fundo, ninguém sentou ao meu lado, era como eu fosse invisível. Respirei fundo, o ônibus andou e começou a nevar. O trajeto foi longo e chato. Chegamos ao museu, estava tendo uma exposição em memoria dos veteranos da segunda guerra.
  Entramos, comecei a ver as fotos, carros, era bonito e era um tedio ao mesmo tempo. De repente, eu vi um enorme memorial ao Bucky dizendo que ele foi um herói de guerra e que havia morrido. Meu coração doeu, queria ser dos anos 40 para poder ficar com ele. Éramos perfeitos, mas não era para ficarmos juntos. Queria que não fosse real, respirei fundo.
  - ... – Eu ouvi quase um sussurro.
  Eu me virei e era Bucky, ele estava disfarçado e de cabelo comprido. Acenou com o braço de metal, não entendi nada, contudo apenas sorri. Eu corri em sua direção, eu o abracei forte contra meu corpo. Talvez a vida, estava me dando uma chance de sermos felizes.

FIM



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