Mercenária Fugitiva

Escrito por Jubs Castro | Revisado por Mariana

Tamanho da fonte: |


  Corri até minhas pernas queimarem de dor e meus joelhos já não me aguentarem em pé. Meus cotovelos estavam ralados e o vento estava forte demais, cortando meu pescoço e fazendo com que meus cabelos voassem muito.
  Desculpe, não me apresentei. Prazer, , tenho 24 anos e um emprego meio diferente. Sou mercenária, é, eu mato por dinheiro. O que você acabou de ver, eu estava correndo da polícia, sou procurada faz uns três anos. Mas isso não interessa.
  Cheguei em casa e fui tomar um banho relaxante, quando recebi uma mensagem.
  “ na estação de trem, é a sua chance.”
   é meu ex namorado, eu estava sendo paga para poder matá-lo, por causa de uns crimes que ele cometeu. Como eu me sinto nessa situação? Estranha. Nunca pensei que eu teria que matá-lo, ele fez grandes merdas comigo, mas matá-lo? No máximo torturá-lo. Eu me troquei rapidamente, subi na moto e fui para a estação. A arma gelada na minha cintura estava ardendo contra minha pele quente.
  Chegando à estação, um pânico me tomou, tinha pelo menos umas 100 pessoas lá, como eu acharia o e mataria ele sem ninguém ver? Pedi mais algumas informações para o meu chefe e ele me disse que ele estava de boné e uma blusa listrada. O boné seria fácil de ver, agora a blusa nem tanto. Decidi parar de ser boazinha, tirei a arma da cintura e algumas pessoas começaram a correr, olhando para mim com medo. Seria melhor assim, com mais pessoas saindo da estação, menos testemunhas e eu poderia matá-lo em paz. Uma criancinha acabou perdida da mãe, seus olhos estavam vermelhos e esbugalhados olhando para mim. Decidi tira-la dali.
  - Vem, garotinha – a puxei pela mão e percebi que ela estava super gelada de nervoso, deixei-a em um banco – Não saia daqui, se ouvir algum barulho estranho você corre para o banheiro – ela assentiu e ficou ali.
  Voltei para a minha postura e as pessoas começavam a se afastar ainda mais. Até que o encontrei, ele estava de costas para mim, comprando alguma coisa na cafeteria. Algumas pessoas atrás dele esperavam na fila, cheguei em silencio e apontei a arma para todos da fila, saíram correndo e gritando, pareceu não perceber.
  - Ora, ora, aqui jaz – engatilhei a arma e esperei que ele se virasse.
  - – ele sorriu sarcástico - Primeiro, abaixe essa arma, estamos em um lugar público, segundo, você está sendo procurada pela polícia, é melhor não ficar fazendo ceninha por aí.
  - Primeiro, , ninguém veio aqui pra conversar, segundo, meu trabalho é rápido e fácil, eu te mato, recebo meu dinheiro e me mudo de cidade, como sempre.
  - Você quer me matar na frente de todo mundo? Com milhões de testemunhas? Você já foi mais esperta, . – ele tomou seu café.
  - Não estou para gracinhas, – dei um tiro para o alto – se precisar eu mato todas as testemunhas.
  - Você não faria isso.
  - Tem certeza? – mirei um tiro para o atendente da cafeteria que morreu na hora, acabei ouvindo murmúrios de horror a minha volta. E acabei matando dois garotos que estavam filmando a situação.
  - Pelas minhas contas, tem cinquenta pessoas aqui, você vai precisar matar todas para poder me matar – ele disse ainda tomando seu café, como se eu matar três pessoas na frente dele não fizesse diferença.
  - Não seja por isso – virei de costas para ele e engatilhei a arma, mirando na cabeça de cada pessoa que estava ali, ninguém se movia por causa do choque e eu não tinha a menor compaixão, eu queria apenas matar o e sair logo dali. – cinquenta pessoas mortas na sua frente, agora ajoelha e fale suas ultimas palavras, meu amor.
  - Faltou um – chegou arrastando a garotinha que eu tinha deixado sentada no banco.
  - Não, ela não. Ela é apenas uma criança – eu disse o olhando com compaixão
  - Não me interessa – ele disse com desdém –, você vai matá-la, assim eu me ajoelho na sua frente e você pode fazer o que quiser.
  Ajoelhei-me em frente à garotinha e limpei suas lágrimas.
  - Feche os olhos, não vai doer, eu prometo, você vai encontrar o papai do céu logo – seus olhos continuaram a derramar lágrimas, mas mesmo assim elas o fechou, eu engatilhei a arma em seu coração e atirei, apenas ouvi um grito reprimido pela minha mão na boca dela, meu coração apertou e eu senti meus joelhos fracos a hora que eu levantei.
  - Ah que momento fofo, eu devia ter filmado – me deu um sorriso sarcástico.
  - Cale a boca e ajoelha – ele riu e se ajoelhou.
  - Em outras ocasiões eu que falaria isso – ele tirou sua jaqueta.
  - Mas não estamos em outras ocasiões – pigarreei – suas ultimas palavras, .
  - Eu amo você, – e então eu atirei, apenas o vi caindo em meus pés, me afastei e olhei a estação, vazia e sombria. Com corpos estirados no chão.
  Quando ouvi uma sirene, pensei em correr, mas eu não conseguia. Minhas pernas pareciam chumbos, minha cabeça doía, minha vista começou a ficar embaçada, até que então eu ouvi.
  - Policia, , você está presa – larguei a arma e coloquei as mãos para trás para que me algemassem.
  [...]
  - Srta. , 24 anos, mercenária, que estava fugitiva há três anos, você acaba de ser sentenciada a morte – e assim ele listou todos os meus crimes.
  Aqui eu acabo, numa cela suja, sem mais ninguém. É, nunca pensei que apenas uma decisão se tornaria isso tudo.

FIM



Comentários da autora