Meant To Be Mine

Escrito por Brubs Mota | Revisado por Lelen

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UM

  Cheguei em casa sorrateiramente e, com a maestria de uma ladina, consegui chegar aos meus aposentos sem que ninguém me descobrisse. O fato é que: meus pais (lê-se: a corte que os manipula) nunca gostaram de eu me dedicar ao nosso povo a ponto de passar o dia inteiro com eles. Não que eles sejam maus governantes, longe disso. Mas preferem que eu fique em casa aprendendo política e bordado ao invés de ajudar as pessoas que, de alguma maneira, garantem o meu bem estar.
  Acendi uma única vela e suspirei aliviada por não ter sigo pega. Tirei a grossa capa de couro que me revestia e a escondi rapidamente no compartimento secreto de meu guardarroupas junto com as “roupas de plebéia” que tinha usado para sair sem levantar suspeitas. Sobre o espartilho, achei prudente jogar o robe de cetim lilás que mamãe tanto gostava já que ela apareceria aqui a qualquer momento para me questionar sobre o sumiço do jantar. O problema é que eu não encontrava o tal robe em lugar algum.
  O desespero se apossou de mim no momento em que ouvi a porta ranger. Então peguei o primeiro robe a vista e me joguei sob os lençóis, ainda ajeitando o robe em meu corpo. Me cobri por completo torcendo para que fosse somente um serviçal.
  – Levante-se, . Sou eu. - senti um leve pesar na cama enquanto a voz de meu irmão soava aos meus ouvidos trazendo alívio.
  – O jantar acabou? - perguntei ainda sob as cobertas.
  – Há algumas horas. Fiquei a sua espera perto da Praça D’Armas e quando vi seu vulto, lhe segui. - Zayn ajeitou seu corpo ao meu lado e sorri, repetindo seu ato.
  Mas meu irmão me abraçou de súbito assim que me recostei ao seu lado, me assustando um pouco com sua ação. Principalmente porque não era um abraço qualquer. Era um abraço de despedida e ao mesmo tempo de incentivo.
  – O que há? - perguntei em minha inocência, ainda abraçada à ele.
  – Você foi entregue em casamento. - Zayn sussurrou.
  Senti meu coração falhar uma batida e um sorriso se formou em meu rosto. Aquilo seria uma coisa boa. Talvez meu pai só visse uma aliança política. Minha mãe, talvez, um brasão e garantia de sangue azul aos seus futuros netos. Você, talvez, veja um absurdo. Mas tudo o que eu consigo enxergar é a oportunidade de ajudar meu povo de alguma forma, de honrar minhas raízes e fazer aquilo que eu nasci pra fazer. Mas isso só dependeria da família a qual estarei integrando.
  Atormentada pelo pensamento de que não fosse tudo como imaginei, resolvi perguntar:
  – À quem estou sendo entregue? - rompi o abraço e Zayn mordeu o lábio, ato que é quase uma herança de família quando há sinal de nervosismo.
  – À Harry, primogênito da casa dos Styles. - suspirou. - Ao futuro Rei da Inglaterra.

DOIS

  O castelo (e porque não dizer o condado?) inteiro estava mobilizado. Até mesmo o povo vestia suas melhores roupas. Da janela do meu quarto, eu observava todo o movimento na entrada principal. Carruagens e mais carruagens trazendo burgueses e suas famílias. Ri ao lembrar do comentário de minha mãe: “Você conhecerá seu futuro marido na celebração do aniversário de seu pai. Teremos apenas os amigos mais próximos para que vocês possam ter privacidade”. Eu deveria adivinhar que os amigos mais próximos da minha família beiravam 100 pessoas.
  – Senhorita? - Phyllis, minha babá, perguntou adentrando o recinto.
  Acredito piamente que ela tenha a idade de minha mãe, apesar de aparentar ser mais madura, digamos assim. Seus cabelos negros eram riscados por alguns fios brancos que ela dizia serem chamados “”. Sua pele extremamente branca e sua silhueta esguia lhe davam um charme exótico. Apesar de não ter muita estatura, Phyllis sempre teve o respeito de todos em Bradford, desde as crianças até o meu pai. Seus olhos acinzentados eram extremamente sinceros quanto aos sentimentos que lhe cercassem no momento. Sempre considerei Phyllis uma ótima amiga. Ela sempre soube o que dizer e a forma como fazê-lo, gostando eu ou não.
  – Olá, Phyllis. - sorri, virando-me para vê-la.
  – Acho melhor se aprontar. Os convidados estão quase todos presentes. – ordenou calma e maternalmente.
  – Ele chegou? – perguntei quase instintivamente, mordendo meu lábio inferior com força e Phyllis sorriu da forma mais serena possível.
  – Tenha calma, menina. Tudo no seu devido tempo. - afagou meus cabelos e eu sorri mais uma vez.
  – Obrigada, Phyllis.
  – Rudolf está de guarda aqui na frente. Se precisar de mim, mande-o me chamar. – repetiu a frase que ouço desde que aprendi a me vestir sozinha, a única diferença é o nome do soldado, e então saiu dos meus aposentos.
  Voltei à janela e suspirei. Minha vida estaria completamente mudada em algumas semanas, mas eu estaria fazendo jus as minhas origens, estaria honrado minhas tradições e as de meu povo. Desde que meu irmão informou que eu me casaria, há dois dias, eu tratei de estudar sobre a família real, porém as únicas fontes eram a corte, meus pais e Colton, nosso conselheiro. E bom, ninguém se dispôs a responder minhas perguntas. O único além deles que saberia me responder algo seria meu primo, Liam, que por sinal só chegaria hoje para o anúncio oficial do casamento. Mas enfim, estranhei o fato de não lembrar das “feições reais”. Pelo visto, nem mesmo Zayn lembrava-se deles. O que me deixava sem saber uma única coisa sobre o meu noivo.
  Ouvi gritos de histeria e então procurei um ângulo que me permitisse ver o que acontecia no jardim. Dois rapazes e uma moça, em trajes extremamente elegantes mas nada que os envelhecesse, corriam atrás de uma carruagem pomposa aos risos, seguidos por algumas crianças do povo no mesmo estado. Uma criança tocou o rapaz de bege e quase imediatamente todos viraram na direção contrária ao mesmo. O rapaz de preto, dono de cabelos esvoaçantes, soltou uma gargalhada contagiante e então todos começaram a correr novamente. Ah! Crianças. Como eu queria estar junto delas agora!
  Ao tentar alcançar uma criança, o rapaz de bege caiu no gramado e eu ri baixo. Fora realmente uma queda engraçada. Ele levantou a cabeça e mesmo com uma distância de três andares e alguns metros, pude reconhecer aquela careta. Liam me viu e acenou, atraindo olhares curiosos das crianças e do casal mais velho.
  – Está pronta, condessa? - ouvi Rudolf chamar, despertando-me para a vida.
  – Vou precisar de Phyllis. - gritei ao ver a quantidade de roupas que eu teria que vestir. Ouvi a porta ranger e encontrei o sorriso radiante de minha cunhada.
  – No momento, só existe Anita. Será que serve?
  Acho que nunca agradeci tanto a Deus por meu irmão estar casado com uma mulher tão gentil como Anita. Ela era a segunda na linha de sucessão do trono espanhol e, como seus pais, transbordava compaixão e bondade. Nunca ligou realmente para seu título, assim como Zayn. E assim como meu, o casamento dos dois fora arranjado. Mas desconfio que sempre se amavam desde sempre, já que a conhecemos desde nossa infância. Garanto que serão ótimos governantes.
  – Preciso admitir que mamãe fez uma ótima escolha. - afirmei observando meu reflexo no espelho.
  O vestido era bonito e confortável. Além de ter a cor de preferência pessoal de minha mãe - púrpura - tinha a simplicidade da qual sempre fui fã. Era todo de seda com um corpete num tom mais claro e algumas flores bordadas enfeitavam as mangas do vestido.
  – Ficaria linda até mesmo em trajes de mendigos, . E olhe que eu já vi muitos mendigos! Desde Madrid até Londres! - Anita afagou meus cabelos e uma luz se acendeu em meu consciente.
  – Anita, você conhece a família real inglesa, certo? - perguntei e ela assentiu em concordância. - Por favor, me diga como são. - quase implorei e a vi ponderar.
  – São extremamente espontâneos. - coçou o queixo se fazendo de pensativa, rindo em seguida, ao me ver bufar. - Vamos, ! Não é você quem adora surpresas? - perguntou e a porta rangeu dando passagem para Zayn e Liam.
  – Ani! Pedi que a deixasse feia! Assim o príncipe vai se apaixonar com apenas um olhar! - Zayn brincou nos fazendo rir, enquanto se punha ao lado da esposa.
  – Então, não estou feia? - ergui uma sobrancelha.
  – Belíssima como de costume. - Zayn se aproximou e me beijou a testa.
  – Está encantadora, prima. - Liam sorriu e eu corri para abraçá-lo.
  – Claro que está! Herdou minha beleza, oras! - Zayn brincou e ouvimos batidas nada amigáveis na porta. - Vamos, querida? - entrelaçou seu braço ao de Anita, depositando um beijo em sua mão antes de deixarem o recinto.
  – Será que seremos tão felizes quanto eles? - suspirei.
  – Se brincar, até mais. – Liam falou e eu ri fraco. – Não se preocupe. Tenho certeza que você e Hazza serão muito felizes juntos.
  – Assim espero. – confessei.
  – Assim será. – sorriu sereno e me estendeu seu braço.
  – Obrigada por estar aqui, Liam. – entrelacei meu braço ao dele.
  – Jamais te deixaria só, . – abriu a porta e seguimos rumo ao salão de festas.

  – Ascendentes da grandiosa casa dos , sir. Liam James Payne e Lady Rosalie Malik, o Duque de Wolverhampton e a Condessa de Bradford. - o arauto nos apresentou e enfim, entramos no salão, que estava alaranjado por conta do pôr-do-sol.
  E antes que pergunte, essa nos era uma situação comum, já que nem bailes e celebrações eu e Liam nos separávamos. Então as pessoas ao nosso redor não pareceram ligar muito para isso. A não ser pelo rapaz de cabelos esvoaçantes que tinha seus olhos verdes fixos em mim. A moça ao seu lado tinha um sorriso um tanto infantil nos lábios. Ela sussurrou algo que fez o rapaz gargalhar, fazendo com que eu os reconhecesse. Claro! Era o tal casal que estava com Liam mais cedo, na brincadeira.
  – Está magnífica, querida. - papai disse, depositando um beijo em minha testa.
  – Obrigada, papai. Feliz aniversário.
  – Sou grato, meu amor. - sorriu e se virou para Liam. - Como sempre, juntos. Deveriam ter nascido gêmeos!
  – Talvez o destino só quisesse provar que não são necessários laços de sangue para tão acentuada fraternidade. - Liam piscou pra mim no seu momento “filósofo” e papai riu, concordando com o seu sobrinho favorito.
  – Com licença. - a tal moça que acompanhava o rapaz de cabelos esvoaçantes se aproximou de nós com um belo sorriso moldado em seus lábios. Reparei que, ao contrário do rapaz, seus olhos tinham um tom acobreado, mas igualmente intensos e tinha uma leve infantilidade neles.
  – Alteza. – Liam e papai fizeram uma breve reverência e após entender o que meu primo havia dito, também a reverenciei.
  – Peço sua licença, alteza. Acho que não vão querer a presença de um velho num grupo tão jovial. - papai sorriu amarelo e após um aceno de cabeça da tal princesa, se retirou.
  – , quero que conheça uma grande amiga. - Liam indicou a tal moça. - Esta é , a princ...
  – está de bom tamanho. - a moça levantou as mãos de maneira divertida e ao mesmo tempo como se fizesse um ultimato. Liam simplesmente riu. - Não imagina o quão ansiosa eu estava pra te conhecer! - me limitei a sorrir enquanto recebia um abraço caloroso de .
  Anita havia dito que eles eram espontâneos. estava sendo extremamente espontânea. E algo me dizia que aquela não seria minha maior surpresa naquela noite.
  – Preciso dizer que tem olhos incríveis. - confessei. Eram realmente olhos lindos.
  – Oh! Quanta gentileza sua! - ela sorriu. - Espero que não se incomode de ganhar uma irmã chata e tagarela.
  – Me vejo obrigado a concordar. - uma voz grave veio de trás de mim e eu senti meu corpo inteiro estremecer. Não entendi bem o porque, afinal aquela voz soava incrivelmente bem aos meus ouvidos, mas eu estremeci. Não que fosse ruim, mas estremeci.
  – , quero que conheça meu irmão, Harry. – indicou sutilmente o rapaz atrás de mim e me virei para cumprimentá-lo.
  Um sorriso discreto brincava em seus lábios e seus cabelos esvoaçantes ganharam um tom acobreado por conta da iluminação do ambiente. Seus olhos verdes poderiam ser facilmente confundidos com os sinceros olhos de uma criança, assim como os de . Era notável a semelhança no olhar dos dois. Era notável a superioridade não forçada, a gentileza e a intensidade que deles fluía. Era o rapaz da brincadeira. Era o meu futuro marido.
  – Alteza. - fiz uma breve reverência.
  – Condessa. - com um leve aceno de cabeça, ele me respondeu.   – Onde estão seus pais, Liam? - perguntou. – Ainda não os vi.
  – Oh! Venha comigo. Quem sabe ainda encontramos meu pai acordado. - rimos do comentário de Liam. Meu tio sempre dorme nas festas. - Com sua licença, meus amigos. - meu primo entrelaçou seu braço ao de e se afastou.
  – É uma bela festa. - Harry comentou olhando em volta.
  – Estou grata por não ser como as outras. - confessei e arregalei os olhos ao perceber o que tinha dito, ouvindo uma risada vinda de Harry. - Digo... Agradeço em nome de meu pai.
  – Também não gosta de grandes festas? Minha admiração por você só faz aumentar. - Harry sorriu e eu pude sentir minhas bochechas ardendo. - Seu pai se incomodaria se fôssemos até o jardim?
  Claro que não, respondi com o olhar, recebendo uma gargalhada discreta de Harry. Se fosse qualquer outra pessoa, eu perguntaria se eu parecia um bobo da corte. Mas com Harry, eu me sentia extremamente satisfeita. O som de sua risada me trazia uma sensação formidável. Acredito que se passasse minha vida inteira para fazê-lo rir, estaria plenamente feliz.
  Ao invés do jardim principal, na entrada principal do castelo, conduzi Harry até o jardim privado de minha mãe, sobre o castelo. Sorri assim que o aroma das tulipas me invadiu, ainda na escadaria. Harry me parecia extremamente curioso e ao mesmo tempo animado, por isso fiz questão que ele abrisse a porta, revelando assim o mar de tulipas coloridas que estava atrás da divisória de madeira.
  Harry estava boquiaberto e adentrava o recinto a passos lentos, olhando para todos os cantos possíveis com um brilho incrível nos olhos. Não me pergunte o porque mas eu realmente estava apreensiva quanto a reação de Harry, quanto ao que se passava na cabeça dele. Se ele estava gostando do lugar ou não. O sol já tinha dado lugar à lua e assim, um brilho branco cortava lugar discretamente, já que a lua não estava plena e somente as estrelas iluminavam o local.
  Ainda boquiaberto, Harry sentou no banco situado no centro do jardim e minha ansiedade só aumentou. Sentei ao seu lado ainda reunindo coragem para lhe perguntar algo.
  – O que achou? – coloquei para fora as palavras que julguei serem melhores para o momento.
  – Isso. É. Simplesmente. Incrível. – falou pausadamente e, num ato involuntário, meus lábios se erguerem num sorriso.
  – Mesmo?
  – Sim! É maravilhoso! – sorriu.
  – Fico feliz que tenha gostado. É realmente um lugar muito especial. – olhei em volta, ainda sorrindo.
  – Qual o propósito deste lugar? – perguntou.
  – Há cinco gerações o Conde de Bradford mandou cultivar esse lugar com as flores símbolo da Holanda, lugar de origem de sua esposa, em homenagem a mesma. E ele vem pertencendo às Condessas de Bradford desde então. – dei de ombros encarando minhas mãos em meu colo.
  – Mas o que o torna especial pra você? – perguntou realmente interessado.
  – Quando eu era pequena, costumava vir aqui com Zayn e meus pais e passávamos o dia inteiro em família. Era quando deixávamos de ser uma família burguesa para ser apenas uma família normal fazendo um piquenique e se divertindo. Hoje, é o lugar onde venho quando me sinto triste ou quando preciso pensar. Esse lugar é como um refúgio pra mim. Me faz bem. – conclui sorrindo.
  – Obrigado por compartilhá-lo comigo. – sussurrou e eu me virei para vê-lo.
  Mas eu realmente não contava com a parte de ter seu rosto a uma distância mínima do meu. Seus olhos verdes transbordavam algo que não consegui identificar, mas era intenso e definitivamente bom. Não consegui controlar um sorriso quando sua pele entrou em contato com a minha. Harry acariciou minha bochecha com seu polegar e sorriu discretamente, depositando um beijo em minha testa em seguida, fazendo meu sorriso se alargar.

TRÊS

  – Não acredito que perdi para uma garota. De novo! – Colton murmurou me fazendo rir enquanto Anita levantava as mãos como se fosse inocente.
  Estávamos na Praça D’Armas jogando xadrez como nos era de costume dos fins de semana. Costume que eu teria que perder quando me mudasse para Londres.
  – Sentirei falta disso. – confessei. - De vocês. De Anita derrotando Colton... – ri fraco.
  – Também sentiremos sua falta, . – Colton sorriu.
  – E como estão os preparativos do casamento? – Anita perguntou animada.
  – Anda tudo bem. Nem eu nem Harry estamos nos envolvendo muito com isso. Deixamos tudo nas mãos de e de um primo deles. – suspirei. – Sinceramente, as vezes tenho muito medo do que posso encontrar em Londres.
  – Um palácio fantástico, um ótimo marido e a vida inteira pela frente. – Colton falou como se fosse óbvio.
  – Mas...
  – Condessa? – Rudolf se aproximou. – O príncipe chegou.
  Sorri involuntariamente com isso. Olhei para Colton e Anita, que apenas consentiram sorrindo. Rumei para o saguão a passos largos, quase materializando Harry à minha frente. Não o via desde o anúncio oficial do casamento, no aniversário de meu pai, há três semanas. Trocávamos cartas quase diariamente, mas isso não parecia ser suficiente. Estávamos nos relacionando muito bem, por sinal. O respeito, a admiração e a simpatia foram mútuas.
  Devo confessar que foi de me partir ver o saguão completamente vazio. As portas estavam abertas mas não tinha sinal de Harry nem ao menos de sua carruagem lá fora.
  – Procurando alguém, senhorita? – sua voz alcançou meus ouvidos e me virei sutilmente, abraçando-o. – Isso sim é uma recepção de respeito! – rimos e ele me apertou contra si. – Senti sua falta.
  – Cogitei a possibilidade de você ter se esquecido de mim. – confessei o medo que tinha adquirido recentemente, ainda abraçada a ele.
  – Shh! Esqueça esse pensamento! Eu jamais esquecerei de você, ouviu bem? – concordei com a cabeça ele me soltou. – Pois bem. Odeio lhe informar, mas temos que ir para Londres amanhã. Meus pais acham que seria bom para você já ir se acostumando com seu novo lar. – deu de ombros, nitidamente desconfortável.
  – Claro, sem problemas. Só preciso arrumar minhas coisas e convencer meus pais. – rimos.
  – Com licença. – Phyllis se pronunciou na escada e nós viramos para vê-la. – O almoço será servido em 20 minutos.
  – Obrigado, Phyllis. – Harry respondeu sorrindo e com um aceno de cabeça, Phyllis se retirou. – , minha irmã vai querer saber do vestido, sabe disso. – sussurrou e eu o encarei surpresa.
   havia sugerido que eu fosse ao altar com um vestido num tom azul esverdeado. O vestido era lindo, a cor ainda me deixava com um pé atrás. Principalmente porque minha mãe surtaria se eu entrasse em Westminster com um vestido daquela cor.
  – veio?
  – Sim. E Liam também.
  – Não seria má ideia casar com aquele vestido. – ponderei.
  – Não seria. me disse que ficou realmente divino em você. Mas nossas mães nos matariam por isso. – rimos.

  – Não acredito que estou perdendo você. – Zayn declarou, encostado na porta enquanto eu terminava de arrumar minhas malas.
  – Por favor, Zayn! Não comece. Já disse que você não está me perdendo. – me aproximei do meu irmão.
  – Não é nada fácil te ver partir, , acredite! Você é minha irmãzinha. Quem vai ser meu bobo da corte particular agora? – fingiu indignação e eu gargalhei.
  – Claro. Sempre tão sensível. – murmurei sendo abraçada por Zayn. – Você acha que pode dar certo? – perguntei num sussurro e ele riu fraco.
  – Baseado nas cartas que vocês vêm trocando nas últimas semanas, tenho certeza que dará certo. Harry cuidará muito bem de você. Tenho certeza. – depositou um beijo em minha testa. – Seja feliz com ele, minha irmã.
  – Serei.
  Me despedir do resto do pessoal não foi tão difícil quanto me despedir de Zayn. A partir dos meus 10 anos, meu relacionamento com meus pais não podia mais ser considerado íntimo. A Inglaterra estava a todo vapor e Bradford estava se tornando um dos condados mais importantes do Reino. Por isso, nossos pais estavam viajando bastante e consequentemente Zayn e eu nos tornamos mais próximos possíveis. E esse, era um dos únicos motivos que me prendia a Bradford.

  – A viagem está me parecendo mais longa que da última vez. – murmurou com a cabeça deitada no ombro do irmão, que brincava com os pequenos dedos dela.
  O trem estava em movimento há mais ou menos 15 minutos e o silêncio predominava. Principalmente porque da última vez que se falara algo, Liam arrotou.
  – É porque você passou a viagem inteira falando sobre os incríveis olhos de Niall. – Liam forçou a voz na última frase fazendo ruborizar de imediato enquanto Harry ria.
  – Liam tem razão, irmãzinha. - Harry, que estava de frente pra mim, olhou para Liam, ao meu lado. - Imagine como deve ser acordar todos os dias com aqueles olhos te encarando. - forçou a voz também.
  – Imagine o quão divino seria dividir os dias com um anjo como Niall. - Liam completou, ainda forçando a voz, e eu gargalhei.
  – De quem estão falando, afinal? - perguntei ainda rindo.
  – Lembra-se do príncipe irlandês? - Liam perguntou e lembrei claramente do rapaz loiro com quem joguei criquet no casamento de Zayn e Anita.
  – Claro. E tem razão. Ele tem olhos belíssimos, de fato. - concordei e ela me olhou incrédula, ainda corada.
  – Deveria pedi-lo em casamento, . - Harry falou com um tom de seriedade.
  – Sabe que não funciona assim, Hazza.
  Um silêncio ensurdecedor e completamente incômodo se instaurou após o comentário de . Todos nós sabíamos perfeitamente o que ela quis dizer. Afinal, eu e Harry passaríamos por isso em apenas quatro dias! Nos uniríamos até o fim de nossos dias por algo que não foi de nossa escolha, sim de nossa obrigação.
  A viagem se seguiu no mais profundo silêncio e eu acabei adormecendo no ombro de meu primo.

  Ouvi o canto dos passarinhos e sorri. Aquele sono me fez bem. Me espreguicei, sentando na cama em seguida, ainda de olhos fechados. Então, franzi o cenho. Eu não havia adormecido ali. Ao abrir os olhos, me deparei com um cômodo imenso com as paredes em tons pastéis e móveis num amadeirado escuro. Alguns quadros enfeitavam as paredes e no criado mudo havia um vaso com tulipas, cuja cor foi mais ressaltada pelo sol que invadia o local suavemente.
  Junto ao vaso, havia uma carta destinada à mim. Peguei a mesma com delicadeza e a abri, me deparando com uma letra extremamente elegante e um tanto corrida.

Espero que tenha gostado do seu quarto. É temporário, mas fiz questão de colocar todo o necessário e realmente – mais uma vez – espero que goste. Tomei liberdade de pedir à que lhe comprasse alguns vestidos e enchesse seu guardarroupas para que não haja necessidade de desfazer suas malas, já que partiremos para nossa ‘lua-de-mel’ na manhã seguinte ao casamento. Bom, acho que é isso. Ah! A porta ao lado da cômoda é a casa de banho e a que se encontra de frente para sua cama é a saída do cômodo. A porta ao lado do guardarroupas, bom... Coloquei suas malas ali. Então, é isso. Bem vinda ao lar.
Harry

  Terminei de ler a carta concordando com tudo que ali estava escrito. Então me levantei e me banhei, colocando em seguida um dos vestido que encontrei no guardarroupas. Devo admitir que acertou em cheio meu tamanho e gosto. Analisei minha imagem no espelho e conclui que estava apropriada para sair.
  Abri a porta e quase gritei de susto ao me deparar com dois soldados plantados diante da mesma.
  – Bom dia, Condessa. - os dois falaram em uníssono com uma reverência um tanto diferente.
  – Bom dia, senhores. - respondi, ainda assustada, com um aceno de cabeça.   – Bom dia, prima. - a voz de Liam alcançou meus ouvidos e o vi saindo da porta à minha esquerda. - Dormiu bem? - sorriu.
  – Como um bebê. - sorri de volta e ele entrelaçou nossos braços, me conduzindo pelo imenso corredor. - A que horas chegamos?
  – Ao anoitecer. Choveu muito ontem e isso dificultou um pouco a viagem.
  – E porque não me acordaram? - perguntei enquanto descíamos as escadas.
  – Hazza não permitiu. Ordenou que ninguém a incomodasse. - riu, à entrada do imenso jardim. - Deve se considerar uma moça de sorte, . Além de ter cativado o coração do futuro Rei da Inglaterra, arrumou um marido que deveras se preocupa e cuida de você.
  Por mais que fosse o tom de brincadeira na voz de Liam, aquilo ficou gravado em mim como se fosse a mais séria das discussões. Eu não via Harry como meu futuro marido, muito menos como futuro Rei da Inglaterra. Ele era especial, independente do seu brasão, seu sangue ou suas vestes. Ele havia se tornado muito além disso, acredite, em muito pouco tempo. Eu já não conseguia imaginar minha vida sem ele, por mais absurdo que isso soe.
  – E aí vem ele! - um rapaz gritou, fazendo Liam rir e só então eu percebi que estávamos no meio do jardim. - Liam! O Don Juan de Wolverhampton!
  – Já disse que meu único amor é você, Louis. E caso não tenha se informado direito, essa é minha prima , noiva de Harry. - me indicou enquanto nos aproximávamos da mesa que fora posta bem no centro do jardim, onde e o tal Louis tomavam café-da-manhã.
  Louis se levantou imediatamente fazendo uma reverência extremamente exagerada, arrancando uma gargalhada um tanto histérica de .
  – Bon jour, mademoiselle. Bienvenue à London.
  – Olha isso, Hazza! - gritou ainda rindo. - Lou já está cortejando sua noiva!
  – Não me preocupo. Louis não é uma ameaça. - Harry saiu, sabe lá Deus de onde, se pondo ao meu lado, me abraçando pelos ombros. - Bom dia. - sussurrou em meu ouvido e beijou minha testa, me causando sérios arrepios.
  – , este é nosso primo, Louis. – indicou o dito cujo que bateu continência.
  – Com todo respeito, Condessa, mas você é bonita demais pra andar com um acessório tão feio ao seu lado. - Louis indicou Harry e nós rimos. - Ele desentoa sua beleza.
  Devo confessar que foi um desjejum extremamente agradável, embora tenha sido rápido por conta dos compromissos dos garotos. Apesar de ser o Duque de Wolverhampton, Liam se tornou o conselheiro oficial do principado britânico. Sei que isso pode parecer estranho para você, que talvez não saiba do conhecimento político infindável do meu primo. Ele é um dos poucos que conheço que não fora forçado a aprender sobre política, antes buscou por si mesmo se aprofundar no assunto o qual sempre julgou extraordinariamente interessante.

  Já era noite quando ouvi batidas um tanto discretas na porta dos meus aposentos. Achei estranho Bartholomew – um dos guardas – não ter perguntado se eu receberia tal pessoa, já que era uma ordem de Harry. Então, presumi que deveria ser ou Liam.
  – Olá. – Harry sorriu assim que eu abri a porta, que, ao contrário do meu antigo lar, não rangia.
  – Oi. – franzi o cenho, confusa com o fato de Harry estar na minha porta.
  – Desculpe estar lhe incomodando a essa hora, mas é algo realmente necessário. É preciso que me siga. – ele parecia nervoso e o uso de palavras tão polidas deixava claro que era algo sério.
  – Sem problemas. O que houve?
  – Venha. – estendeu-me sua mão e, sem hesitar, entreguei-lhe a minha.
  Harry me guiou por um extenso e até um pouco sombrio corredor, até a parte mais escura do palácio. Durante o caminho minha mente fervia em ideias do que poderia ter acontecido, desde uma guerra até o cancelamento do matrimônio. Mas ao finalmente pararmos em frente à última porta do corredor, um aroma familiar me invadiu as narinas, me entorpecendo levemente. Harry insistiu pra que eu abrisse a porta e então eu o fiz. Porém antes que eu visse algo, Harry tampou minha visão e me guiou para dentro do cômodo.
  – Só está alimentando minha curiosidade. – cantarolei e ele riu fraco.
  – Não quero que fique magoada ou se sinta ofendida.
  – Porque me sentiria ofendida? – ele não respondeu.
  E então, me devolveu o artifício da visão. Por mais que eu quisesse eu não conseguia sorrir. Meus lábios estavam abertos num perfeito “O” e não parecia disposto a atender meus comandos. Eu estava encarando a réplica perfeita – porém interna – do jardim de Bradford. Percebi que os vitrais também tinham desenhos de tulipas e meu coração acelerou ao encontrar escrito numa placa de bronze com letras douradas “Jardim de Lady Rosalie Malik, ascendente da Casa dos Camões, Condessa de Bradford, Princesa da Grã-Bretanha”.Mbr<   Num ato automático e involuntário, pulei em Harry, nos juntando num abraço. Me parecia a melhor forma de expressar minha felicidade no momento.
  – Acho que você gostou. – riu quando findamos o abraço.
  – Eu adorei, Hazza. É simplesmente perfeito. Obrigada. – falei sincera e ele me encarou com um sorriso infantil e um brilho do mesmo gênero nos olhos. – O que foi?
  – Me chamou de Hazza. – seu sorriso se alargou.
  – Oh. – senti minhas bochechas arderem. – Então, ahn, me...
  – Não, não é isso. – colocou seu indicador em meus lábios. – Fico feliz que o tenha feito. – sussurrou, intercalando seu olhar entre meus olhos e meus lábios.
  Num ato impensado, suspirei e então Harry acabou com a distância entre nós, colocando seus lábios suavemente sobre os meus. Uma sensação inteiramente nova se apossava de mim, mas sem dúvida, uma sensação maravilhosa. Involuntariamente, fechei meus olhos e pousei minhas mãos sobre seu peito enquanto era envolta por seus braços.
  E a cada segundo passado, eu me perguntava como era possível que um simples juntar de lábios conseguia desencadear tamanha avalanche de emoções dentro de mim.

QUATRO

  by: Harry
  Acordei com um enorme sorriso estampado em meu rosto. Depois de ter passado a noite ao lado de e de ter sentido o sabor de seus lábios, Deus ainda permitiu que eu sonhasse com ela.   Eu não entendo como conseguiu me cativar em tão pouco tempo, mas ela o fez. E sinceramente, depois de tê-lo feito, acho que não me importa a forma como conseguiu. Ela tê-lo feito, já me parecia bom o suficiente.
  Olhei meu reflexo no espelho pela última vez concluindo estava vestido de forma apropriada e conveniente para o desjejum. Não que eu realmente ligasse pra isso, mas quando se mora num palácio, há coisas que você precisa fazer.
  – Bom dia, Hazza. - Liam adentrou o quarto com um sorriso nos lábios.
  – Bom dia, Liam. - sorri de volta, colocando meus sapatos e ele se pôs em pé à minha frente. - Ah! Muito obrigado mais uma vez por ter conseguido o jardim. gostou bastante.
  – ? - Liam franziu o cenho, rindo.
  – Sim, .
  – Idiotas sortudos, isso sim! - riu mais ainda e eu o olhei sem entender.
  – O que há?
  – Você e . Dois idiotas sortudos. - virou, me apontando. - Aposto que sente algo por ela.
  – Claro que sinto. Vamos nos casar amanhã.
  – Não digo desse jeito. Digo, algo mais profundo, entende? Também aposto que não sai dos pensamentos dela?
  Não me pergunte com que velocidade, mas eu já estava a seu lado com o maior sorriso do mundo e, tenho certeza, com os olhos E brilhando.
  – Mesmo?
  – Mesmo. - assentiu. - Principalmente depois de ter dispensado Barth e Andrew para que ela não ficasse envergonhada de se despedir um tanto calorosamente de você. - piscou e eu senti minhas bochechas arderem. Como é possível que ele tenha visto isso? - Admita, Hazza. Ela é mais do que a garota que lhe foi entregue em casamento.
  – Ela é especial. - sorri ao expôr isso. - Acha possível que eu tenha me apaixonado por em tão pouco tempo?
  – Acho possível que tenham sido feitos um para o outro.
  – Obrigado, Liam. - sorri sincero.
  – E também acho possível que eu lhe mate pessoalmente se magoar minha prima. - deu tapas nada amigáveis em minhas costas e eu ri.

  – Bom dia, família! - declarei ao entrar na sala de jantar e beijei a bochecha de minha mãe.
  Por mais ocupados que sejam, meus pais prezam por fazer refeições em família, dia sim, dia não. Era uma tradição antiga dos Styles e posso garantir que é uma tradição extremamente apreciada por todos nós.
  – Bom dia, querido. - mamãe sorriu e eu sentei ao lado de .
  – Obrigado por tê-lo chamado, Liam. - papai bateu uma continência um tanto cômica, nos fazendo rir.
  – Disponha sempre, meu rei. - Liam assentiu, sentando-se ao lado de , à minha frente.
  – Enfim, livres para comer! - Louis praticamente gritou e outra onda de risos se fez presente no recinto.
  O desjejum foi servido e a conversa à mesa seguia animada e descontraída, como de costume. Pensei que papai e Louis fossem assustar com suas piadas e palhaçadas, mas senti alívio ao ver que ela até se arriscava nas mesmas brincadeiras dos dois. Toda vez que nossos olhares se encontravam, um sorriso recíproco nos atingia. E a cada olhar, me parecia mais bonita. Um tanto clichê, eu sei. Mas responda-me: o que em estar apaixonado não é clichê?
  Reinhard, o conselheiro de papai, apareceu meia hora após terminarmos a refeição para avisar que as crianças da criadagem estavam brincando no jardim, provocando um sorriso imenso em cada um presente. Papai e mamãe foram os primeiros a correr gritando “Quem chegar por último é um ovo podre!”. Percebi o olhar cúmplice de e antes de saírem correndo, fechando as portas do recinto. Olhei para Louis e Liam com uma sobrancelha arqueada.
  – Eu não vou ser o ovo podre! - Liam levantou as mãos e correu até a porta.
  Travamos uma pequena batalha para ver quem sairia primeiro e, durante todo o percurso, nos empurrávamos, batíamos e puxávamos pelas vestes afim de trapacear. Confesso que foi extremamente divertido ver Louis cair da metade da escadaria até sua base.
  Papai pediu para que alguns de nossos compromissos fossem adiados para que pudéssemos brincar até a hora do almoço sem problema algum. E isso, é algo que eu sempre admirei nele: nunca deixar que o título o torne superior ou diferente de qualquer outra pessoa. Ele mesmo nunca se intitulou “rei” e sempre fez o possível para estar junto do povo. Há alguns anos, papai me ensinou que um bom governante não é aquele que conquista tudo e todos em nome de seu povo, ou que enriquesse sua nação. Mas sim, aquele que nunca esquece de onde veio e jamais menospreza seu povo. E não pense que ele disse isso para causar boa impressão. Há 20 anos, quando foi coroado rei, papai quase foi deposto pela corte por ter se casado com uma camponesa. Sim, e eu somos tecnicamente camponeses. E como se não bastasse, e eu crescemos junto com os filhos da criadagem e até mesmo algumas crianças da redondeza. Nossos pais sempre nos ensinaram que ninguém deve ser discriminado seja qual for sua origem. E eu me orgulho disso. Assim como me orgulho de minha família - incluindo sua mais nova integrante.
  – Deve se considerar um homem de sorte, Hazza. - papai se pôs ao meu lado, enquanto eu observava mamãe, e se despedindo das crianças. - é uma pessoa incrível e garanto que será uma ótima esposa.
  – Sei que será.
  – Sabe? - colocou uma mão sobre meu ombro da forma mais paternal possível e eu o encarei. - Ela me lembra muito sua mãe.
  – Não acha que estou estragando minha vida, então? - ergui uma sobrancelha e nós rimos.
  Quando papai declarou que pretendia me coroar em alguns anos, a Corte me pressionou no quesito “casamento” e, como eu jamais parei para pensar realmente no assunto, optei pelo tradicional casamento arranjado. Papai foi totalmente contra, afirmando que eu jamais seria plenamente feliz fazendo isso, afinal eu nunca nem sequer tive umas pretendente, mas ele não podia fazer nada, pois eu já tinha dado minha palavra à Corte. Pedi ajuda à Liam e sua primeira - e única - sugestão foi a Condessa de Bradford e o resto da história você já conhece.
  – Quem sabe não é o próprio destino quem está armando isso para que Hazza conheça o amor? - afinou a voz e eu ri fraco. - Palavras de sua mãe. Tenho orgulho de você, Harry. De vocês dois. Tenho certeza que serão ótimos governantes.
  – Agradeço a confiança, pai.
  – E, por favor, ore para que passe a beleza dela para seus filhos! - riu e eu balancei a cabeça negativamente. - Não deu certo, né? - parou de rir quase imediatamente.
  – Não mesmo.
  – Ai, preciso parar com isso.
  – Tem todo o meu apoio. - levantei as mãos e levei um leve tapa, enquanto ria da expressão de papai.
  – Odeio ter de interromper esse momento lindo - Louis se pôs entre nós, nos abraçando pelos ombros. -, mas amanhã é um grande dia e ainda temos muito o que resolver, certo curly? - assenti.
  – Louis tem razão. Vão. - assentiu e começamos a nos afastar. - Só mais uma coisa, Harry. - parei imediatamente e me virei para vê-lo.
  – Sim?
  – Faça feliz. - piscou e eu sorri.
  – Farei.

CINCO

  Tudo o que eu vestia no momento era um espartilho extremamente delicado e um robe de cetim branco enquanto apreciava o silêncio momentâneo, esperando , Anita e Lou - a estilista real, ou algo do gênero -, que ajudariam a me arrumar.
  Olhei para o vestido em cima da minha cama e ri tentando entender como me convenceu a usá-lo no casamento.
  Casamento. Essa palavra me parecia mais profunda a cada momento em que era proferida, seja por pensamento ou qualquer outro meio. Em algumas horas, eu seria uma mulher casada. Uma mulher casada com Harry. E isso me fazia sorrir.
  – Não acredito que consegui convencer mamãe que não precisaríamos dela! - riu ao adentrar o recinto seguida de Anita, Lou e mais duas mulheres.
  – A Rainha jamais resistiu à sua carinha de criança. Não seria agora que resistiria! - Lou riu e Anita concordou, me abraçando.
  – Senti sua falta. - confessei.
  – Também senti sua falta. Bradford não é mais a mesma sem você. - fez bico e nós sentamos ao lado de Lou na cama.
  – Bom - se pôs à nossa frente com as mãos na cintura -, como se sente?
  – Preocupada. - respondi sincera e as três franziram o cenho.
  – Como assim 'preocupada'? - Anita perguntou em nome das outras.
  – E se ele não estiver lá quando eu entrar? - mordi o lábio inferior ao confessar meu medo mais recente e rolou os olhos.
  – Não seja fresca, . Preste atenção. - se abaixou para ficar à minha altura. - Vai dar tudo certo, entendeu? - sorriu ternamente e eu assenti.

  – Vamos, !
  – Você vai riri de mim, Zayn.
  – Mas é claro que não!
  – Promete?
  – Prometo! - falou firme e então eu abri a porta, me permitindo sair da sala onde que esperava a carruagem vir me buscar para entrar na Abadia de Westminster ao lado do meu irmão.
  Meu irmão sempre ria quando eu vestia algo mais sofisticado e isso sempre me fazia rir, porque eu me sentia boba e influenciada pela Corte. Mas agora, eu não queria risadas, porque eu não queria me sentir boba, muito menos parecer boba em pleno dia do meu casamento. Mas ao contrário do que eu esperava, Zayn ficou estático, com um discreto sorriso brincando no canto esquerdo de seus lábios.
  – Você prometeu, Zayn! Não pode rir! - apontei.
  – Nem vou! - seu sorriso se alastrava a medida que ele se aproximava de mim. - Você está... magnífica. Isso! Essa é a palavra! Magnífica!
  – Para com isso, Zayn. - repreendi distribuindo tapas pela extensão de seu braço.
  – Santo Deus, você realmente cresceu. - repeti meu último ato e um dos guardas avisou que a carruagem havia chegado. - Bom - Zayn suspirou -, vamos ao seu casamento.
  Senti minhas pernas fraquejarem ao ouvir tais palavras e, se não fosse por Zayn, eu estaria no chão.
  Foram necessários alguns instantes pra que eu fosse considerada sã de novo. Eu até acharia a situação cômica se eu não estivesse tão nervosa. Harry estaria realmente à minha espera no altar? Ou será que ele teria fugido? Só de pensar nisso, minhas pernas ameaçaram ceder novamente, e mais uma vez fui sustentada por Zayn.
  Assim que chegamos à frente da Abadia, a marcha nupcial começou a tocar, sinal de que deveríamos entrar. E assim o fizemos. vinha logo após, por ser minha madrinha. Senti meus músculos relaxarem ao avistar no final do corredor, de costas pra mim, trajando um uniforme militar, meu noivo. Louis estava ao seu lado, trajado quase da mesma forma, e olhava para trás algumas vezes {n/a: tipo William & Harry no casamento real, ok?}.
  – ? - Zayn chamou num sussurro e eu o olhei rapidamente.
  – Sim?
  – Quero que saiba que sempre será bem-vinda em Bradford, caso queira fugir do casamento. - discretamente, lhe dei um beliscão. - Outch!
  – Você mereceu! - declarei e então paramos ao lado de Harry.
  – Alteza. - Zayn bateu continência e me entregou à Harry, que tinha um sorriso gigantesco nos lábios, não que eu estivesse diferente.
   se pôs ao meu lado e seu sorriso parecia superar o de qualquer um ali. Senti Harry segurar minha mão e no mesmo instante meu corpo inteiro foi atravessado por arrepios. Olhei para ele brevemente, constatando que aquilo estava realmente acontecendo.
  A cerimônia me pareceu ter passado num piscar de olhos e então fomos declarados marido e mulher. Harry levantou meu véu e depositou um beijo em minha testa, em sinal de respeito, me fazendo sorrir ainda mais.
  Logo, fomos encaminhados para o baile de celebração e bom, ainda não tínhamos trocado uma única palavra sequer. Não havia necessidade no momento. Estava tudo expresso em nossas faces.
  Após nossa primeira dança como um casal, ficou claro que a fome assolava a nós dois. Então, nos sentamos junto à Louis e Liam, que se levantaram assim que chegamos à mesa.
  – Altezas. - Liam fez uma breve reverência e eu senti minhas bochechas arderem.
  – Ora, . Não precisa ficar assim! - Louis sorriu docemente. - Sei que é uma vergonha ter esse traste ao seu lado, mas pensei que já tivesse se acostumado. - deu de ombros e nós rimos.
  – Deseja vinho, Princesa ? - Harry perguntou sorrindo e eu não pude evitar de fazer o mesmo.
  – Aceito agradecida, Príncipe Harry.
  – Ai, que amor! - Louis afinou a voz e juntou as mãos, nos fazendo rir mais uma vez.
  Após um brinde, beberiquei do vinho sem tirar meus olhos de Harry, prometendo à mim mesma que seria a melhor esposa possível e acabei me perdendo em seus olhos brincalhões. Felizmente – ou não tão felizmente assim, ainda não decidi –, fui desperta de meus pensamentos por uma um tanto afobada que chegava à mesa.
  – O que houve? - perguntamos em uníssono enquanto ela tentava se esconder com a toalha de mesa.
  – Niall está aqui. - sussurrou com voz trêmula.
  – Ótimo. Fale com ele. - Liam deu de ombros.
  – Como se fosse a coisa mais fácil do mundo! - levantou os ombros, cruzando os braços.
  – É a coisa mais fácil do mundo. - Louis ergueu as sobrancelhas falando o óbvio.
  – Pra vocês. - apontou.
  – , o que há? Você não é assim! - Harry franziu o cenho visivelmente preocupado com a irmã.
  Ela bufou após alguns instantes sendo fitada intensamente pela olhar do irmão. E isso me lembrou Zayn e como o seu olhar fuzilante funcionava da mesma forma comigo. Um aperto tomou meu coração com essa lembrança. Seriam raras as ocasiões em que isso iria se repetir, mas decidi pensar nisso depois assim que vi que ia falar.
  – Ouvi dizer que ele vai casar com a princesa da Prússia. - declarou num tom extremamente baixo e sem vitalidade, que me fez arregalar os olhos.
  Aquela, nem de longe, era a mesma estranha e incessantemente alegre que conseguia contagiar até mesmo a tristeza com seu jeito de ser. Finalmente, estava revelando um ponto fraco e isso era de partir o coração.
  Harry esticou suas mãos, colocando-as sobre as de em cima da mesa e então eu olhei ao redor: Liam parecia vasculhar alguma coisa em sua mente, tamanha concentração ele tinha em um ponto fixo no teto; Harry olhava para a irmã ternamente, acariciando suas mãos e isso me trouxe o pensamento de que, com certeza, ele seria um ótimo pai; e, com aquela expressão, garanto que Louis estava pensando numa piada conveniente para amenizar a situação.
  – Liam? - Harry chamou.
  – Nenhum confirmação ou comunicado. Nada. - meu primo balançou a cabeça negativamente.
  – O que se fala em Doncaster, Louis?
  – A mesma língua que se fala no resto da Grã-Bretanha, alteza. - respondeu como se fosse óbvio e riu fraco, causando-nos um sorriso aliviado. - O único casamento que se tem notícia acabou de acontecer. - indicou Harry e eu.
  – Em Bradford? - Harry me encarou.
  – Se soubesse de algo, com certeza lhe diria. - olhei diretamente para que sorriu fraco.
  – Viu, ? - Harry sorriu meigamente para a irmã. - Se entristeceu em vão.
  – Acho que sim. - ela tentou um sorriso.
  – Hey! O que é isso? Vamos! Quero um sorriso digno de um Styles! Vamos! - incentivou a irmã de forma divertida e a mesma deu o seu sorriso mais largo. - Isso! Essa é a minha menina.
  – Com licença. - uma figura loira apareceu à minha frentem cessando as risadas que tinham sido causadas pelo sorriso exagerado de , que virou alvo dos olhares de todos no mesmo instante. - Felicidades ao casal. - Niall sorriu de forma sincera e eu e Hazza sorrimos de volta.
  – Obrigada, Niall. - agradeci.
  – Eu... - limpou a garganta e respirou fundo, aparentemente nervoso. - Gostaria de saber se vossa alteza me concede a honra de uma dança. - estendeu sua mão em direção à que piscou quase freneticamente, como se não acreditasse e então eu me encontrava no mesmo estado de Louis: prendendo o riso de todas as formas possíveis.
  – Claro. - ela se levantou sorrindo e os dois seguiram para o centro do salão.
  – Liam? - Harry chamou.
  – Começo a trabalhar nisso hoje mesmo. - Liam sorriu.

  Respirei fundo e me olhei no espelho mais uma vez. Meu reflexo parecia entender o que meu interior custava a acreditar: eu consumaria matrimônio. Esse ato em si já me deixava nervosa, afinal jamais me deitei com homem algum. O medo de acabar “estragando” alguma coisa era bem real pra mim. Mas por saber que seria especial.
  E esta era a batalha que se travava dentro de mim: ao mesmo tempo que eu queria fugir, eu queria ficar.
  – , está tudo bem? - ouvi Harry perguntar num tom um tanto preocupado e me certifiquei mais uma vez que a porta estava trancada.
  – Sim. - respondi prontamente. - Eu já vou sair, Harry. Não se preocupe.
  – Tudo bem. - ouvi dizer e decidi que me olharia no espelho pela última vez.
  O robe de cetim num tom claro de azul era tão delicado quanto o broche que prendi o meu cabelo e cobria meu espartilho por inteiro. E era isso. Tudo o que eu podia fazer no momento era torcer para que isso parecesse tão conveniente para Harry quanto parecia pra mim.
  Caminhei até a porta e respirei fundo antes de abri-la, me permitindo passagem para o outro cômodo. Pude ver a silhueta de Harry – que não me parecia vestir muita coia além de uma camisa branca e a calça que usou na cerimônia –, se aproximar de mim e eu agradeci silenciosamente por ter o quarto iluminado por, no máximo, três velas, o que nao permitia Harry ver o quão corada eu estava.
  – Está tudo bem? - pegou minhas mãos e seu tom preocupado estava de volta, me fazendo sorrir internamente com isso.
  – Sim. - assenti.
  – , preciso que saiba que não acontecerá nada que não queira. - falou num tom protetor e então eu sorri. E antes mesmo que eu pudesse filtrar as palavras, já as tinha ouvido em minha própria voz:
  – Eu quero.
  A iluminação dificultou minha tarefa de ver seu sorriso, mas eu podia sentí-lo logo após o beijo delicado que Hazza depositou em minha testa. E então, beijou meus lábios da forma mais carinhosa possível, me fazendo sentir a única garota do mundo.
  Não creio que posso colocar em palavras o misto de sensações que Harry me proporcionou nesta noite, mas garanto que foi a primeira vez em que me senti plenamente feliz, a primeira, de uma vez por todas, que me senti verdadeiramente completa. E as palavras que escutei antes de adormecer foram a confirmação de que aquele realmente era o destino que estava proposto à mim.
  – Eu te amo.

SEIS

  Dezembro. Meu primeiro natal em Londres. Meu primeiro natal como uma mulher casada. Meu primeiro natal com Harry. E consequentemente a primeira vez que comemoro o aniversário de e Louis - que completam ano na véspera de natal, mas sempre comemoram no dia 25.
  Como de costume, o Rei daria um banquete no palácio para a família e todos os trabalhadores do local. Atitude por mim considerada uma das mais nobres que já vi.
  – Mas eu quero casar agora! - Lux, filha de Lou, murmurou enquanto eu terminava de trançar seus cabelos em frente à grande penteadeira do meu quarto e de Harry.
  – Daqui há 20 anos, quem sabe. Você ainda é muito nova pra isso, Lux. - Harry apontou, comendo uma maçã sentado na cama.
  Era divertido ver esse instinto protetor que ele tinha com Lux e o respeito que a pequena tinha por Harry, mesmo tendo apenas 4 aninhos. Isso sempre me trazia à memória as palavras de Lou: “Harry será um ótimo pai. Disso tenho certeza!”
  – 20 anos é muito tempo? - me olhou pelo espelho com uma feição de súplica para que eu respondesse que era o mesmo que 20 minutos.
  – Muito. - Hazza respondeu e Lux baixou a cabeça, fazendo beiço.
  – Não se preocupe, anjinho. Em 15 anos ou menos você casa. - sorri e pude vê-la sorrir pra mim.
  – 15 é menos que 20, certo?
  – Certíssimo! - afirmei e seu sorriso se alargou. - Agora vamos. Temos que cantar parabéns para e Louis antes que seu noivo venha lhe buscar. - bati palmas e Lux se levantou um tanto espirituosa, rumando até a porta.
  – A tia é mais legal que você. - deu língua para Harry e então saiu do quarto, me fazendo rir enquanto Harry olhava pra mim abismado.
  – O que há? - perguntei ainda rindo.
  – Há alguns minutos eu ainda tinha moral pra essa garota. - apontou pra porta e eu ri, puxando comigo para fora do cômodo.

  – Alguém viu Liam? - Louis perguntou enquanto eu, ele e Hazza distribuíamos os presentes das crianças acompanhados de uma mais que serelepe .
  – Não o vejo desde ontem. - falei.
  – É bom que não tenha esquecido meu aniversário de novo. - bagunçou os cabelos loiros de George, filho de Barth, e nós rimos com a careta que ele fez após pegar o embrulho.
  – Liam acabou de chegar. - Harry cantarolou e nós viramos para a entrada do salão, onde Liam estava acompanhado de uma moça ruiva, Niall e seu irmão Greg.
  – O que Niall faz aqui? - Louis perguntou com uma sobrancelha erguida. - Com uma princesa no encalço, devo ressaltar.
  Nós três olhamos instintivamente para que estava paralisada e sem expressão alguma em seu rosto.
  Há quase dez meses eu estava casada com Harry e nunca mais o assunto “Niall e a princesa da Prússia” tinha sido abordado. Principalmente após tamanho entrosamento entre o irlandês e após aquela dança.
  – Veio confirmar o noivado. - declarou ainda sem expressão.
  – Não, . Não sabemos se é...
  – É claro que é, Hazza! Porque mais estaria aqui com ela? - falou nitidamente afetada mas controlando seu tom de voz ao máximo.
  – Feliz aniversário, vocês! - Liam declarou abraçando e Louis pelos ombros mas seu sorriso se esvaiu assim que percebeu as expressões dos dois. - O que há?
  – Niall vai mesmo casar com ela, não vai? - apertei a mão de Hazza tentando sanar a dor que a voz de minha cunhada transmitia ao dizer aquilo.
  – Bom - Liam suspirou, virando-se para . -, deveras haverá um casamento. Dois para ser mais exato. - não sei se isso é humanamente possível, mas tive a impressao de que meus olhos se arregalaram tanto quanto os de . - Greg e Anne Marie se casarão em duas semanas. E hoje, oficialmente - sorriu -, Niall veio pedir sua mão.
  Pelo resto da noite, doava sorrisos até mesmo a algumas senhoras carrancudas que trabalhavam na cozinha. Perguntei ao meu primo como era possível ter arranjado esse casamento e ele citou o caso de Zayn e Anita. Disse que era a mesma coisa, só mudavam os nomes.
  Faltando alguns minutos para a virada do dia, meu marido me levou para o nosso jardim. Assim que o relógio badalou meio noite, Hazza me desejou um feliz natal e me entregou uma caixinha de veludo azul. Ao abrir, me deparei com um colar de fio de ouro com uma esmeralda em formato de coração como adorno. Sorri, beijando Harry agradecidamente logo em seguida - o que, ultimamente, tenho feito muito. Entreguei-lhe seu presente e mais uma vez vi seus olhos tomados por aquele brilho infantil que tanto gosto.
  Com a ajuda de Louis, fui até o melhor ferreiro da região e encomendei um florete de cabo de ouro, com o brasão dos Styles incrustado no fim do cabo. Fiquei feliz por ter acertado no presente, afinal era o nosso primeiro natal juntos. Era pra ser especial. E, definitivamente, foi.

SETE

  Os anos se passaram e, ao contrário do que muitos diziam, nosso amor só fez crescer e foi transmitido aos nossos filhos, Josh e Eleanor, assim como todos os valores que aprendemos durante a vida. Harry foi coroado Rei da Inglaterra três anos após Niall ter sido aclamado Rei da Irlanda, já que Greg reinaria na Prússia ao lado de Anne Marie. Ver como rainha foi tão engraçado quanto me ver como uma. Pude ajudar meu povo de todas as formas que me eram possíveis e isso me fez sentir realizada. Afinal, estava cumprindo meu dever.
  Quanto à Harry e eu, fomos felizes até nosso último dia juntos. Posso afirmar que ele foi o melhor marido existente, o pai mais atencioso e o governante mais sábio que já se ouviu falar. E eu o amei até o último segundo. Quem diria que a mãe de Harry tinha razão?
  O destino escolheu a forma mais contraditória para mostrar que eu fui feita para Harry e ele pra mim. Que eu pertencia à ele e ele à mim. Que eu amava à ele e ele à mim.

OITO

  – Fim. - sorri ao concluir a leitura do que havia produzido no “fim de semana cultural” (lê-se: uma reclusão à todo tipo de tecnologia ou acesso ao mundo além da casa de campo de Niall e em Bolton) promovido pela minha digníssima melhor amiga e pelo daddy direction.
  Acredito que eu tenha sido a única a fazer algo completamente diferente do que estava acostumada. Zayn havia desenhado a tudo e a todos; Louis desenvolveu uma tese sobre o valor nutritivo e criativo das cenouras junto com Eleanor; Harry e Danielle apresentaram a forma mais prática de se exercitar sem culpa: dançar feito um maluco enquanto arruma a casa; Niall escreveu uma música falando sobre como estava entediado mas ainda amava sua namorada - que por pouco não o espancou no final da múica -; e Liam falaram sobre a importância da literatura infantil - é professora de literatura e Liam é uma criança, só explicando -; E Perrie estava em turnê, por isso a ideia brilhante de se infurnar no interior para distrair Zayn que estava com muitas saudades dela.
  Eu sou uma química forense. Se tem uma coisa que eu não sei fazer é escrever romances. Mas se um surto de criatividade me atingiu nessa semana, o que posso eu fazer?
  – Perai, fim? - se levantou do colo de Niall, onde estava deitada, num estalo. - Como assim fim?
  – Assim. - levantei minhas mãos na altura de seus olhos e estalei os dedos. - Fim!
  – Ah! Qual é ? Além de ter me colocado como irmã do Mick Jagger você nem descreveu meu casamento e meus little Horans! Qual é? - reclamou gesticulou dramaticamente e, rindo, Niall a puxou de volta para o sofá.
  – Acontece que terminou. - dei de ombros.
  – Não liga pra ela, . Eu gostei. - Niall levantou uma mão e fizemos hi5.
  – Claro que gostou. Você não foi cortado da estória! - Danielle reclamou abraçada no tapete com Liam.
  – É melhor Perrie nem saber disso nem dessa história de Anita senão morremos. - Zayn apontou pra mim e depois indicou a si mesmo.
  – O que achou, Eleanor? - perguntei à pessoa que normalmente é a minha única defensora e que no momento se encontra dormindo nos braços de Louis.
  – Ela dormiu na parte “Cheguei em casa sorrateiramente”... - Louis gesticulou da mesma forma dramática de e nós rimos.
  – Bom, gente. O papo tá bom, mas amanhã a gente volta pra Londres bem cedo e vocês conhecem a minha dificuldade de acordar. - olhei pra Hazza que assentiu, se levantando comigo. - Então, boa noite, gente. - mandei beijos no ar, recebendo respostas de boa noite e subi as escadas acompanhada do meu namorado.
  – Rosalie ! Volte aqui agora mocinha, e me diga como foi o meu vestido de noiva! - pude ouvir a sala explodir em risadas com a declaração de antes de fechar a porta do quarto.
  Tomei um banho quente, ainda rindo, e coloquei as roupas mais confortáveis que achei (lê-se: roupas de Harry). Assim que saí do banheiro, encontrei Harry sentado na cama me olhando de uma forma um tanto suspeita.
  – O que há? - perguntei sentando ao seu lado, de frente pra ele.
  – Quem era o Príncipe Harry? - perguntou num tom extremamente afetado e eu franzi o cenho.
  – Você, é claro. Quem mais seria?
  – Sei lá. Talvez o verdadeiro Príncipe Harry por quem você tem uma paixonite desde os seus 7 anos. - tentou disfarçar e eu juro que usei de todo o meu autocontrole pra não gargalhar no momento.
  – Como é? - filtrei minhas palavras ainda prendendo minha vontade de rir. - Por acaso você ouviu o tempo inteiro que eu ressaltava o Styles? - perguntei e ele torceu o nariz. - É sério que você tá com ciúmes de uma história fictícia?
  – Você é minha! - me abraçou possessiva e delicadamente. - E só minha! Seja no mundo real ou na fantasia. Você é minha, . E de mais ninguém!
  – Vou escrever mais estórias se isso te fizer ficar romântico assim. - zoei, brincando com o seu cabelo e pude vê-lo rolar os olhos.
  – Eu sou romântico, tá legal? - declarou e eu ri descaradamente.
  – Claro que é, curly boy. - beijei a ponta de seu nariz e ele sorriu.
  – Eu te amo, sabia? - me apertou contra si e eu enlacei meus braços em seu pescoço, ainda brincando com o seu cabelo.
  – E eu amo você. - esfreguei meu nariz no seu num típico beijo esquimó.
  – Sabe? Nessa fantasia, uma coisa é mais que real. - sussurrou passando a ponta de seu nariz por minha bochecha e eu murmurei para que ele concluísse o raciocínio antes que eu ficasse entorpecida com aquela proximidade. - Eu jamais seria plenamente feliz se não tivesse você. Afinal, eu nasci pra ser seu e você pra ser minha. Só minha.
  Nossos lábios se juntaram numa sincronia perfeita e eu me sentia da mesma forma como sentira no nosso primeiro beijo. Jamais poderia descrever o que Harry me fazia sentir só em por seus lábios nos meus.
  E quanto às suas palavras, eu não poderia concordar mais. Da mesma forma como fui feita pra ser dele, sei que ele foi feito pra ser meu.

FIM



Comentários da autora
 Hello, ladies! Pois é, mais uma fic no ATF. Mãããs, esse é o meu primeiro especial. E, gosh, foi extremamente divertido escrever. Maan, espero de coração, que goste. Escrevi especialmente pra você.
Fiquem com Deus, corazóns!
xx <3

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