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#012 Temporada

Nem o mar (Pôde levar)
Jade Baraldo




Mar & Fogo

Escrita por Maraíza Santos

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  BRETANHA, 486 a.C.

   conheceu a nas celebrações da primavera. Ela dançava na roda entre suas amigas, rodopiava ao redor da fogueira. A própria mulher era uma força da natureza, indomável e impulsiva. Não havia ninguém da tribo que conseguisse lidar completamente com a jovem bruxa, mas era a única a quem todos recorriam diante de problemas insolucionáveis.
  Era difícil entender a paixão que sentia; paixão pelos seus deuses, paixão pelas seus ideais, paixão pela sua tribo, paixão pelo fogo. Uma mulher intensa, perigosa, que envolvia e não deixava-se envolver.
   chegou na tribo em meio a uma celebração, estando ele bem perto da morte. Falava palavras desconexas, possuía hematomas por todo o corpo.
  As roupas de denunciavam que era estrangeiro, porém ele não parecia ser um inimigo. Estava maltrapilho e ferido, despertando a compaixão de . Sem pedir nada em troca, a mulher cuidou do homem como se fosse um deles.
   falava pouco e entendia menos ainda. A língua era inteligível para ele; os falantes dela, não. Ele sabia que não era bem-vindo, embora defendesse sua presença com unhas e dentes. Estar sob a proteção da jovem bruxa era para o homem reconfortante, enquanto para muitos era sinônimo de terror e desavença. Logo ele tornou-se o auxiliar integral dela, oferecendo seus serviços como forma de agradecimento. Não queria apartar-se de uma mulher tão diferente e determinada.
  Para o que mais o chamava atenção nela era a dança. dançava com graça diante das ventanias; com suavidade diante do mar e sem hesitação diante da lama. No entanto, nada se comparava a sua dança ao fogo. Ela não apenas pertencia ao fogo, ela era fogo. Seus movimentos repeliam e aterrorizavam a todos, mas não a . Ele também queria ser parte do fogo.
  Seu desejo nunca foi dito em palavras e sim em olhares. mais do que ninguém entendia o sentimento de ; ele queria ser fogo e ela estava determinada a levá-lo até lá.
  Quando deixou-o tocá-la pela primeira vez, aqueceu-se como nunca antes. Incendiou-se da cabeça aos pés, sentindo seu sangue tornar-se insuportavelmente quente. Estava, então, plena. Encontrou quem a completasse, afinal, ele era fogo como ela.
   sentia isso também. Quando seus dedos maltratados tocavam a pele de , ele queimava junto. Uma união de almas que nunca souberam que estavam a procura de si.
  A tribo, porém, os observava com temor. Não era seguro brincar com fogo. Seriam eles incendiados com as brasas que os dois produziam?
  O final, porém, foi para como um golpe. não era fogo, era mar. E uma hora, o mar pediu seu servo de volta.
  Os navios romanos chegaram em uma manhã ensolarada. Eram bárbaros, violentos e pediam pela volta de em troca da proteção da tribo. Não era de nascimento romano, mas, ainda assim, um grande guerreiro. estava disposta a lutar por ele, mas entregou-se na primeira oportunidade. Deixou-a a ver navios, dizendo que voltaria para buscá-la. Nunca o fez. Despedaçou-a.
   foi levado pelo mar, apagando a história que escrevera junto , a bruxa. Para ele, foi uma pequena aventura junto aos selvagens bretões. Para ela, foi o começo da sua luta por sobrevivência.
  O mar de subestimou o fogo de .
  Nem mesmo o oceano pode levar o que deixara na bruxa; uma criança que se tornaria um fogo muito mais letal do que sua mãe. Um fogo que incendiaria romanos.

FIM

N/a:
Oi, leitores!
Talvez a história não seja exatamente do jeito que a pessoa que enviou a música imaginava, mas fiquei muito feliz com o resultado. Acabei entrando em um lugar cheio de metáforas, no entanto espero que todos tenham gostado. Comentem! Sua opinião é muito importante. ❤