Make is last

Escrito por Helen Takahashi | Revisado por Hels

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  Sob a discussão que soava na casa, Ally entrou no quarto vazio que já bem conhecia. A cama de casal estava arrumada como sempre, o edredom azul caindo e enfeitando-o. Assim que a porta é fechada, consegue ouvir os próprios pensamentos e engolir o próprio choro. Não gostava nem um pouco do que estava acontecendo mas nada podia fazer. Andou a passos lentos até a porta do enorme guarda roupa branco e deixou que uma das portas escorregasse sobre os trilhos que eram dispostas. O cheiro característico do casal invade seus pulmões, fazendo seu choro quase vir a tona novamente. Uma caixa grande estava dentre várias de sapatos e sabia bem que era ali que sua mãe guardava os vários álbuns de fotos, todo o decorrer de sua vida, desde que seus pais se conheceram, e nisso havia tempo.
  Puxa a caixa para fora com um pouco de dificuldade e senta-se sobre o assoalho de madeira, abrindo-a devagar e vendo as milhares de capas coloridas que escondiam o passado bom que todos naquela casa tiveram até o momento. Sua mão vasculha em busca do que ela sabia que era de quando os pais eram jovens, antes de pensar em se casarem. Finalmente acha a capa de cor roxa e o pega, abrindo-o para olhar as fotos dali. A primeira era um grande grupo de amigos, em que seus pais estavam um ao lado do outro porém - segundo eles - ainda não namoravam. Além dos pais, Ally sabia que havia casais naquela foto que hoje eram casados e tinham seus próprios filhos e os conhecia muito bem. Eram como se fossem seus "tios".


  Há nove anos, conhecera , de uma banda desconhecida e sem fama, graças às duas amigas que conheciam os outros dois caras que compunham o trio, além de sua "equipe". Eles eram muito jovens e não tinham noção se um dia conseguiriam realizar seus sonhos e estarem em um palco, tocando para milhares de pessoas em seu país e - quem sabe - fora também.
  - , este é , do Short Stack - , uma de suas amigas, apresentou, abraçando o rapaz pelos ombros e indicando um ao outro.
  - Aquela mesma banda do ? - Ela perguntou, arqueando a sobrancelha para a amiga, porém sorrindo para o rapaz.
  - É sim.
   tinha um caso perdido com , da banda, enquanto a outra amiga, tinha um relacionamento maior com o , . Juntas acabou que passaram a ir em shows juntas. Conheceram mais duas amigas ali, namoradas dos amigos da banda, e um grande grupo de amigos formou-se. Mesmo que tivessem casais aleatórios ou alguns que ainda não haviam se formado definitivamente, aquela era uma época que eles prezavam. Afinal, o mais velho de todos ainda tinha apenas dezessete anos, ou seja, todos eram apenas adolescentes.


  Ally se lembrava da história que sua mãe contara para cada uma das fotos. Passava os olhos e sorria para algumas, mostrando os pais adolescentes e meros amigos um tanto que distantes. Segundo , demorara um ano e meio, desde que se conheceram, até finalmente chegar nela e pedi-la em namoro. Não que tenha sido de fato ruim. Essa demora foi boa pois eles nunca foram tão próximos, isso apenas começou a surgir quando passou a se aproximar aos poucos dela até finalmente conquistá-la. O que ele nunca soube era o quanto ela havia gostado dele à primeira vista.


  A adolescência de ambos passara rápido e, tão breve quanto o aniversário de dois anos de namoro deles, viera a notícia que fez o chão de ambos cair: Ally estava vindo. Era um bebê inesperado e em uma época impossível de consolidar vida e estudos. Mas conseguira, estudou o máximo que pode na época em que estava já ingressada no primeiro semestre da faculdade e em seguida trancou sua matrícula, para poder cuidar da pequenina pelos primeiros meses. Já havia se tornado a pessoa mais adorável que já haviam visto, era um pai coruja que não desgrudava da filha, mal deixando até mesmo a mãe pegá-la no colo direito. A banda estava começando com o sucesso, mas aquilo não impediu de ver sua criança crescendo.
  Passaram a morar juntos e casaram-se quando a garota tinha um ano de idade. Eram jovens, era tudo cedo demais, mas sentiam que estavam fazendo a coisa certa então... Por que não? Nenhum dos dois afundaria sua vida por isso, ambos estavam mais de pé do que nunca e de cabeça erguida para continuar a vida em frente, sem que nada os impedissem de ser o que queriam ser.
  - Pegou tudo? - perguntou, segurando Ally em seu colo e bagunçando o cabelo do marido. Ele bufa, rolando os olhos.
  - Sim, , eu peguei - respondeu. Virou os olhos para a pequenina, de apenas dois anos, que sorria o mesmo sorriso que o ele. Isso fascinava a mãe. O que ela mais gostava no marido, a filha havia herdado. - Tchau, Ally - continuou sorrindo para a filhinha e beijou-lhe a testa. - Cuide bem da mamãe - continuou, vendo-a rir e assentir.
  - E quanto a mim? - A mais velha arqueou a sobrancelha, fazendo-o rir. Ele se aproxima dela e dá-lhe um beijo apaixonado, como sempre fazia. Ally, como sempre fazia desde pequena quando via essa cena, colocou as mãozinhas acima dos olhos, impedindo sua visão.
  Quando ambos separaram-se, sorriram um para o outro e riram da garotinha não vendo nada.


  O tempo passara e nem mesmo parecia. Para todos na casa passara-se como um borrão. Ally não se lembrava - obviamente - de quando era menor, agora que completara seis anos. e normalmente contavam as travessuras que a garotinha fizera quando menor e assim fariam quando ela fosse maior e não se lembrasse do que ocorrera por agora.
  Mas, neste momento, tudo o que queria era que pudesse esquecer. Seus pais estavam no andar de baixo e gritavam um com o outro, brigando por algum motivo que ela não entendia. A voz de era alta e grossa contra a de e tentavam ultrapassar a porta fechada do quarto em que Ally se trancara.
  Quando finalmente terminou o quinto álbum que via, jogou-o de volta na caixa e pegou uma foto avulsa, uma que estavam os três juntos, felizes. Aquela foto havia sido tirada há alguns meses para uma revista que decidira entrevistar os , afinal era um famoso de apenas vinte e quatro anos de idade, já era casado há cinco anos e com uma filha de seis.

  Passos altos soaram na escada e, com a foto em mãos, Ally segurou-a contra o peito. A voz de sua mãe estava ficando mais próxima a cada passo e finalmente ela apareceu à porta.
  - Venha, Ally - disse, chamando a garota.
  Ela levanta-se do chão com mais facilidade do que tivera quando menor e foi até . Ambas seguiram juntas até o quarto cor-de-rosa e infantil da menina sob os gritos de subindo as escadas.
  - , você não pode fazer isso comigo! - Dizia, segurando o pulso dela e fazendo-a se virar para si. Ally permaneceu olhando os dois olhando-se agressivamente, os olhinhos marejando.
  - Quem não podia fazer isso comigo era você - ela responde, ao mesmo tom que ele.
  - Mas não aconteceu nada!
  - Ah é? Mas eu fui humilhada em rede nacional com aquela notícia e aquelas fotos, - ela cuspiu as palavras.
  A menina já estava longe de ambos, encolhendo-se em sua própria cama. Tudo o que ela queria é que eles parassem. Parassem de brigar, parassem de gritar. Que sua mãe parasse de acusar seu pai e que seu pai tivesse no mínimo um pouco de sentimento sobre como sua mãe estava naquele momento. Aquelas fotos da turnê foram reveladoras, mesmo que não houvesse nada demais nelas, porém os tablóides faziam tempestade em copos d'água e - agora - estavam quase destruindo um casamento e a vida da pequena Ally.
  - Eu só preciso de um tempo para me afastar e pensar, você pode me permitir isso? - pergunta, agora a voz um pouco mais calma. Seus dedos massageavam suas têmporas, tentando não perder o controle.
  - Ótimo, faça o que quiser - diz, a voz ainda cheia de raiva. Sai do quarto de Ally e bate a porta com força atrás de si.
  A mais velha olha para a filha que chorava baixo e estava encolhidinha, abraçando suas pernas e a cabeça apoiada sobre os joelhos. A cena lhe dá um aperto no coração. O que estava fazendo, afinal? Aterrorizando sua filha em questão de casamentos, talvez. Mas estava tirando-a de perto do pai por um tempo. precisava de um tempo, precisava ver o quão importante ela e Ally eram para , ver se ele correria atrás das duas quando atravessassem a porta da frente.
  Sabia, por um lado, que a culpa não era de . Mas se sentia raivosa. Aquelas malditas fãs da banda - que amavam seu marido - estavam jogando na cara dela coisas que não eram verdade, perguntando se sua cabeça não estava pesando mais agora com os chifres, que na realidade não tinha. Não queria ter feito escarcéu, mas fora mais forte que si. Arrependia-se naquele momento, ao ver a filha chorando. Deveria deixar baixo, conversar apenas com o marido e não jogar coisas em sua cara. Mas agora era tarde. Ela não devia ter dado ouvidos ao seu ciúmes, nem as falas das fãs. Devia ter escutado apenas a .
  - Vai ficar tudo bem - sussurrou para Ally, enquanto a abraçava. - Tudo vai ficar bem.


  O automóvel passava pelas ruas mesmo com a chuva forte que caia. Havia dificuldade para enxergar para onde ir devidamente, mas não demorou até finalmente virar a rua certa e estacionar em uma garagem, atrás de um outro carro. Ally observava a mãe descendo do carro, com as coisas em mãos e chamando-a para correr a sua frente. Ela logo o faz, parando na varanda da casa familiar e tocando a campainha, vendo movendo os cabelos molhados para trás. Uma pessoa conhecida abre a porta, os cabelos presos em um coque e as roupas confortáveis para o ar quente e reconfortante que vinha de dentro da casa.
  - Imaginei que não viria mais com a chuva - diz, olhando a amiga, que exibia uma expressão cansada.
  - Eu viria de qualquer jeito, preciso espairecer - confirma, tocando o ombro da garota ao seu lado.
  - Oi tia - ela diz, sorrindo. Mesmo sabendo o porque de estar ali e de toda a confusão, era apenas uma criança, o que mais poderia fazer? Obviamente havia pensado em como resolveria o casamento dos pais durante todo o caminho, mas não podia demonstrar tal feito.
  - Olá, Ally - sorri para a mais nova e então dá passagem para ambas. - Vamos, entrem, está frio aí fora.
  As duas adentram a residência e tiraram seus casacos já molhados, entregando-os a dona da casa. Na sala, um garotinho de três anos sentado entre as pernas de um rapaz mais velho. Ambos assistiam televisão, a algum desenho animado que passava no momento, porém viraram os rostos para observar as convidadas.
  - Hey Ally - disse , o mais velho, acenando ainda de longe para a garotinha, que acena de volta.
  - Ally! - Já o mais novo, olha animado para ela, sorrindo. Ela sorri de volta, acenando para o garoto que praticamente fazia parte de sua família - considerando que os pais eram muito próximos. Seus pais eram padrinhos do garotinho, filho de e .
  - , já tirou os brinquedos do Matt do quarto de hóspedes? - pergunta ao marido, assim que volta da área de serviço em que colocara as roupas das duas no varal.
  - Ahn...
  - !
  - Por que tem que ser eu?! - Pergunta, exasperado.
  - Porque eu pedi para você ensinar Matthew a fazer isso, mas você não quis - ela dá de ombros.
  - Ally pode ajudar o Matt, não é mesmo, filha? - entra na conversa.
  - Claro - ela sorri.
  - Pronto, viu, ? - pergunta, erguendo as mãos inocentando-se.
  Ela apenas bufa, vendo Ally subindo as escadas segurando a mão de Matthew, que era menor que ela.
  Os dois sobem as escadas rapidamente, a garota olhando por sua visão periférica o tio juntando-se às duas mulheres e então todos seguindo para a cozinha. Não tinha ideia do que viria a seguir.


  Ally ajudava o pequeno Matthew a juntar seus brinquedos e levar para seu próprio quarto de cor azul. Distraíra-se brincando um pouco com o menor que mal notara quando parou à porta e sorri para os dois.
  - Matt - chama pelo filho. - Vamos tomar banho?
  - Não - ele murmura, encolhendo-se em sua cama, fazendo Ally rir.
  - Vamos sim, seu porquinho, vem aqui - ri, pegando-o pelos pés e o arrastando pela cama. Ele grita, em meio as risadas. - Para de gritar, parece seu pai quando mando ele arrumar seu quarto - ela ri.
  - Posso ir na sala, tia ? - Ally pergunta, já colocando-se de pé.
  - Claro, o controle está no sofá maior, sabe quais são os canais que gosta, não é? - Pergunta, vendo a menina assentir. - Então vai lá.
  Enquanto pegava Matthew no colo, mesmo que ele esperneasse e tentasse fugir, e o leva ao banheiro, a garota segue pelo corredor e escada, descendo à sala.
  O andar debaixo estava silencioso quase que por completo. O que dava um som ambiente era a televisão, que estava em volume baixo. Ally guia-se entre os sofás, pegando o controle remoto e mudando o canal. Continuaria seu roteiro, sentando-se e rindo dos desenhos animados, se não tivesse ouvido e na cozinha, conversando. Podia ouvir sua mãe com a voz dura, segurando o choro o máximo que podia.
  No mesmo instante, mesmo sabendo que era errado, e na ponta dos pés, a pequena vai até o lado da porta vai-e-vem que ali havia - de maneira que não fosse machucada caso alguém lá dentro a abrisse - escutando a conversa dos adultos mais de perto. Queria saber como sua mãe estava, como se sentia, além de ideias de como tentar consertar fosse o que tivesse acontecido.
  Encostada na parede, concentrou-se em ouvir o diálogo dentro da cozinha:
  - Não aconteceu nada naquela noite, , isso eu lhe garanto - diz e pode-se ouvir uma cadeira arrastando.
  - Eu sei... Ele já disse isso, acho que acredito nele - diz, pesarosa. - Mas eu não sei, fiquei tão irada com a humilhação que quis apenas jogar tudo em cima dele.
  Ally sente a garganta fechando com as palavras pronunciadas na voz de sua mãe, mas permanece aonde está, ouvindo.
  - Ou seja, a última coisa que você devia ter feito - o rapaz diz. Ambos ficam um pouco em silêncio, até esse retomar a fala: - Você conhece o marido que tem, . Ele é explosivo. Até quando fico zoando-o ele fica 'p' da vida comigo.
  - Eu preciso pensar - ela diz.
  - Fique aqui alguns dias, tudo vai se resolver. - murmura.
  - Eu não vou correr atrás - enfim rebate, a voz mais forte, fazendo o outro bufar. - Sabe que não é a primeira vez que brigamos a ponto de eu ter de parar e pensar, mas as outras são fichinhas perto disto. Todas as outras vezes eu fui atrás, tentei de novo, fiz dar certo e realmente deu... É a vez de ver se tem a mesma iniciativa.
  Passos soam acima de Ally e ela corre até o sofá, segurando as lágrimas. Senta-se no sofá e abraça as pernas. Pode ouvir os passinhos de Matthew na escada, um degrau de cada vez, com junto; quando chega ao piso, corre até o sofá, sentando-se perto da garota. Ele estava com outra roupa, os cabelos curtinhos molhados e exalando o perfume do shampoo infantil.
  - O que foi, Ally? - Ele pergunta, com sua voz confusa.
   já havia ultrapassado as portas da cozinha. A garota apenas encolhe-se mais e coloca a testa em cima dos joelhos.
  - Nada, Matt.


  Apesar de fazer apenas uma noite que estavam na casa dos , Ally estava começando a melhorar seu humor, mesmo depois de ouvir o que ouviu. Sua mãe não correria atrás de seu pai e quais as chances dele fazer isso por elas? No entanto, mesmo sabendo que era um cara que não gostava dessas pequenas discussões - mesmo que tivessem em um número considerável -, também não era do tipo que correria atrás. Nem tudo estava perdido, a garota imaginou, ela poderia dar um jeito, de alguma maneira. Ela só tinha que pensar. Pensar muito.
  O dia seguinte, diferente da noite anterior, veio limpo e claro, com um enorme sol invadindo as janelas da casa. levantou-se cedo para ir trabalhar, dando um beijo na testa da filha que ainda adormecia. Passou pelo corredor, assim que estava pronta para começar o dia, pulando alguns brinquedos que havia no chão. Não eram nem dez horas da manhã e seu afilhado já estava bagunçando a casa como todos os dias. Se havia algo que havia notado desde que vira o pequeno Matthew crescendo era em como ele se parecia com o tanto aparentemente quanto em personalidade. Ou talvez tivesse puxado um pouco de também, mesmo que a bagunça da amiga ao menos fosse uma bagunça organizada. Ao menos ela se achava.
  Na sala, a mulher estava sentada no sofá, corrigindo algumas provas. Era sábado de manhã, portanto não tinha aulas a dar, apenas dar notas e corrigir algumas coisas. era professora de Língua Inglesa em uma escola perto de onde Matthew e Ally estudavam.
  - Bom dia - disse , assim que chegou mais perto.
  Aproximando-se, pôde ver Matthew deitado e fazendo as pernas da mãe de travesseiro, adormecido. usava um caderno para segurar as provas enquanto escrevia algo nelas, para não ter de encostar no rostinho do filho.
  - Bom dia - respondeu, assim que virou o rosto para ver a amiga sentando-se no outro sofá. - Dormiu bem?
  - É, bem - deu de ombros. - Sabe como eu gostaria de estar em casa, não sabe?
  - É claro que sei - a amiga concorda, colocando o caderno e as provas de lado. - Quer falar sobre isso?
  - Não - nega rapidamente, observando acariciando o rosto de Matthew. - Ele deixou brinquedos espalhados de novo - aponta, mudando o assunto.
  - É, o recolhe depois - dá de ombros, fazendo rir. - O quê? sempre bagunçou tudo, melhor ele aprender do que o Matt por agora - ri, rolando os olhos.
  As duas ficam um pouco em silêncio, observando o pequeno adormecido e mal sabendo que falavam dele e de seu pai.
  - Mas como estão seus alunos? - Decide perguntar, apontando para as provas.
  - Melhor em Inglês do que o jamais foi - diz poeticamente, fazendo a amiga gargalhar.
  - Você não muda nunca, vai zoar o até nunca mais poder.
  - Ora claro! Não era você mesma que me dizia o quão zoável ele é? Você continua sendo a culpada.


  Naquela tarde, Ally brincava com Matthew enquanto terminava as correções das provas na cozinha enquanto - ao mesmo tempo - era perturbada pelo marido.
  A campainha tocou alta e estridente, fazendo com que todos parasse o que faziam.
  - EU ATENDO, EU ATENDO! - Gritava o pequeno Matthew, levantando-se. Ally riu, segurando o garotinho pela cintura enquanto se debatia.
  - Obrigada por segurá-lo, Ally - agradeceu, enquanto ia da sala para o hall.
   aparece na sala, observando as crianças enquanto ouvia a esposa atendendo a porta. Sua voz surpresa o fez virar o rosto rapidamente para a entrada da sala e arregalou os olhos levemente ao ver ali, parado.
  - já foi trabalhar - ela diz, chegando à sala. - Olha quem está aqui, Ally!
  - PAI! - Ela corre até o mais velho. e trocam um longo olhar e ambos dão de ombros juntos, não sabendo o que poderiam fazer.
  - Hey Ally! - Ele diz, animado, pegando-a no colo. - E quanto à , ... Eu acho que posso falar com ela depois. Vim pegar Ally para dar um passeio.
  - Ah - todos murmuram juntos, um tanto estranhos.
  - Pronta para passar o final de semana em casa, Ally? - pergunta, olhando para os olhos escuros de sua filha. Ela abre um sorriso tão parecido quanto o seu e concorda.
  - SIIIIM - diz, abraçando-o pelo pescoço.
  - Tia pode te ajudar a ver se tem algo que queira levar, pode ser? - Ele pergunta à praticamente cunhada.
  - Claro - diz, sorrindo. - Venha Ally e venha você também, Matthew - ela continua, pegando o filho de três anos no colo.
  Os três somem na escada e cruza os braços, encarando o colega de banda e amigo de infância que considerava praticamente seu irmão.
  - O que aconteceu, Brad? - Ele pergunta, passando a mão no rosto.
  - Nada aconteceu - ele diz, rapidamente.
  - Eu sei que pareço idiota, mas nesse momento eu consigo sentir o clima, ok? - se adianta a dizer, fazendo soltar uma risada um tanto bufada.
  - Quero e Ally de volta em casa. Ally é mais fácil, ela é minha filha e posso simplesmente pegá-la e levá-la se ela quiser. Mas a ...
  - Ela não vai correr atrás, . Agora tudo aqui depende de você.
  Os dois trocam um longo olhar. falava sério e como se estivesse pronto para dar um jeito naquela relação, já estava tenso. Seu orgulho o impedindo de pensar em qualquer coisa que fosse. Queria que tudo fosse como antes, que sua mulher desse o braço a torcer, mas aparentemente ela já decidira o que faria.
  - Obrigado por me avisar - é tudo o que diz, ao ver Ally descendo as escadas pulando alguns lances. - Cuidado, Ally!
  - Estou bem - ela diz, feliz, parando à frente de seu pai.
  - Tudo bem então, vamos, eu te trago para cá amanhã à tarde - ele sorri para a garota que já segurava sua mão. - Tchau s, até depois.
  A família acena para os dois que seguiam o rumo para fora da casa e em seguida para o carro de . Assim que este se afasta, solta um suspiro:
  - Consigo ouvir reclamando que ele pegou Ally daqui.


   chegou a casa de seus amigos e pegou a chave reserva que lhe deram. Adentra o ambiente aconchegante e consegue ouvir as risadas de Matthew e de na sala. Observa pai e filho brincando um com o outro. estava sentado no sofá, porém deixava a criança no ar, girando-a e a fazendo gargalhar feliz. Quando o colocava em seu colo, podia ouvir o afilhado gritando "de novo, de novo" e reclamar derrotado e cansado.
  - Olá meninos - ela diz, passando pela sala. Os dois viram o rosto para ela e a cumprimentam.
  - está no escritório - avisa. Ela estava no computador, o que não era muita novidade.
  - E Ally? - pergunta pela filha.
  Matthew dá uma risada, ainda brincalhão, porém toma uma face séria, sem saber o que falar.
  - ? Cadê. A. Ally?
  - Acho que a vai ficar mais feliz em te contar - ele diz, pegando o filho no colo e correndo para a cozinha, em seguida ao quintal.
  Ela rola os olhos e passa a mão no rosto. Ele sempre fazia isso: perguntem algo tenso a e ele sairá correndo. Não importa se está com uma criança no colo, ele a leva junto.
  Sendo assim, olha para as escadas e começa a subir. Passa pelo quarto de hóspedes e deixa suas coisas sobre a cama e assim segue pelo corredor até a penúltima porta, onde ficava o escritório dos .
  - ? - Chama, batendo na porta e abrindo-a lentamente.
  A amiga olha para a porta e sorri, virando a cadeira de rodinhas em sua direção.
  - Hey - ela diz, feliz. - Como foi no trabalho?
  - Como sempre - dá de ombros. - Quer me explicar onde está Ally e por que seu marido saiu correndo quando perguntei?
   fica em silêncio por um breve momento, sua face era uma incógnita.
  - Ahhhh, isso - murmura, finalmente, fazendo rolar os olhos.
  - É, isso - afirma.
  - Bem, isso tem que ver porque--
  - , não me enrola.
  - passou aqui - diz finalmente. A outra arregala os olhos e encara a amiga sentada.
  - fez o quê?
  - Passou aqui depois do almoço e pegou Ally.
  - Por que ele pegou Ally?
  - Para dar um passeio e passar a noite com ele.
  - E você deixou?
  - , ele é pai dela, não é como se fosse o homem do saco que você tanto descreve para a garota evitar.
  Elas se encaram por um momento, pasma pelo que disse, enquanto esta se divertia pelo que ela mesma dissera.
  - Só espero que ela volte inteira - termina, saindo do escritório enquanto a amiga gargalhava.


  O sábado foi um tanto parado para , porém animado para , que estava na companhia da filha. Durante a tarde, levou-a para um parque, onde ficaram até o final a tarde. Já à noite, passaram assistindo televisão, enquanto o mais velho dava o máximo de si como pai/mãe ao mesmo tempo.
  - Como está na casa dos seus tios? - pergunta a filha, assim que estão cansados demais e decidiram dormir.
  Ally estava deitada em sua cama, em seu quarto, com apenas a cabeça e alguns dedos para fora do edredom cor-de-rosa que tanto combinava com as paredes. estava sentado na ponta da cama, observando a filha sonolenta.
  - Legal - murmura. - Foi legal ficar uns dias com Matthew, tio e tia .
  - Você sente falta de casa? - Pergunta, acariciando o rostinho da garota. Ela acena com a cabeça e ele sente-se um tanto isolado. Queria que elas voltassem, mas não voltaria até que ele fizesse algo. - Sinto muita falta de você e sua mãe também.
  A garotinha boceja, coçando os olhos, demonstrando o quão sonolenta estava. Seus olhos pesados permaneciam abertos apenas para observar o pai que a fazia companhia.
  - Então por que não vamos buscar a mamãe? - Ela pergunta. dá um sorriso triste, como se tudo fosse fácil daquela maneira.
  - Não é tão fácil assim, Ally - diz, seu tom baixo.
  - Eu achei que era - sussurra. - Mamãe sente sua falta, pelo menos parece. Ela só está chateada.
   observa a expressão da menina, um sorriso de lado no rosto. Ela estava certa, mas não entendia como o orgulho do pai era forte.
  - Queria poder esperar que ela não fique mais, filha - diz, vendo Ally fechando os olhos e quase adormecendo. - Quando ela terminar de decidir o que quer, vocês voltam para cá.
  Ela, porém, não ouvira as palavras orgulhosas de seu pai. Adormecera antes.

  Era domingo ao final da tarde quando Ally foi deixada nos . estava ajudando a cuidar de Matthew, tentando se distrair, enquanto fora pegar a outra na porta. Ally passou correndo pelo tio, gritando por sua mãe para lhe contar tudo o que fizera com o pai. tinha um sorriso triste no rosto, ao ver a filha indo atrás da mãe, e olha para o amigo:
  - Hey !
  - Ainda bem que ela voltou inteira - diz, cheio de humor.
  - O que quer dizer? - pergunta, confuso.
  - Ah, nada demais. assustou que você veio pegá-la do nada e começou a reclamar.
   sorri falsamente, dando um riso sem humor. estava ali, podia ouvir sua voz.
  - Bem, está entregue. Eu vou indo. Tchau, , nos vemos depois - acenou e correu para seu carro.
  Um fica ao pé da porta, observando o amigo arrancar o carro do meio fio e sair, enquanto sua mão ainda estava levantada, como um aceno. se aproxima por trás de , olhando para a rua.
  - Onde está ? - Pergunta, esperançosa.
  - Ele... já foi - murmura, olhando para a amiga.
  Seu rosto fica uma mistura de tristeza com raiva, algo quase indecifrável. Ela volta para a sala, onde estava.


   observava a amiga andando de um lado para o outro, passando a mão pelo rosto, enquanto abraçava uma almofada que estava em seu colo. Podiam ouvir distraindo as crianças do lado de fora da porta do quarto de hóspedes enquanto estavam ali, trancafiadas, na intenção de conversar e desabafar.
  - Você viu que bem quando eu engoli o orgulho, ele foi embora - esbravejou. - Aposto que ele me ouviu e saiu correndo, cretino!
  - Eu não sei se ele fez isso... Mas mesmo que tenha feito, não tinha como saber o que você ia dizer... Ou seja, você devia ir atrás dele e dizer o que diria.
   fuzila a amiga com os olhos, que levanta os ombros, tentando encolher-se.
  - Ok, ok, retiro o que eu disse.
  Com uma bufada e a mão terminando de passar por seu rosto, a que estava em pé respira fundo, determinando-se.
  - Eu não sei como pude ceder tão fácil. Foi só Ally ficar uma noite fora e pronto, ele aparece aqui bem quando estou e tudo o que sempre senti por ele volta a tona.
  - Isso faz sentido já que vocês se amam e são casados. Parem, por favor, com essa separação. - A diz. - Não que eu não lhe queira na minha casa, muito pelo contrário, mas é que eu não gosto de te ver assim, da mesma maneira que vejo nos olhos de Ally durante os dois dias que vocês estão aqui o quanto ela quer voltar para casa. Ainda mais depois de ter ficado um tempo a sós com !
  A outra mede as palavras e suspira. Sua filha estava mesmo feliz ao ficar com o pai... Não podia tirar isso dela.
  - Eu não vou correr atrás novamente - diz, simplesmente.


  A semana começou agitada. continuava trabalhando em seu período da manhã até o meio da tarde, enquanto dava aulas pela manhã, com isso levava e buscava as crianças na escola. E ... Bem, estava aproveitando o tempo que não estava em turnê para dormir enquanto o filho e a esposa estavam fora e acordava quando ambos chegavam, passando a aproveitar o dia ao lado dos dois e da pequena Ally.
  Era uma quinta-feira logo após o almoço quando Matthew e Ally estavam juntos no tapete da sala de estar, olhando para a grande televisão. Mesmo que fosse três anos mais velha que o garoto, ela conversava com ele como se a entendesse.
  - Então é isso que eu vou fazer - disse ao menor, que fitava-a com seus olhos azuis. - Acha que vai dar certo?
  - Sim! - Ele diz feliz, sorrindo. - Tia e tio vão--
  - Shhhhhh, Matt! - A menina riu, tapando a boca do outro, que começou a rir.
  Ambos continuaram rindo baixinho, ouvindo e conversando entre si no que parecia vir do quintal.
  - Hora de começar - Ally sorriu, mirabolando a própria ideia em sua mente e esperando que tudo desse certo ou, ao menos, fizesse com que seus pais se reencontrassem. Era esperta o suficiente de saber que, caso se vissem, alguma coisa aconteceria; e se continuasse nos seus planos, não seria uma briga... Ao menos não muito séria.


   estava preocupada, vendo a garotinha sentindo-se enjoada. Ally tinha um pequeno histórico de doenças, as mais simples possíveis, mas ainda assim... Doenças. Quando pegou gripe, algumas pouquíssimas vezes, sentiu-se exausta e indisposta por uns dias. Demorava para adoecer, mas quando vinha, vinha com certa força. E disso os sabiam desde sempre.
   pegou a garota no colo, mesmo sentindo que sua temperatura estava normal. Os três - o mais velho levando-a, segurando Matthew no colo - foram para o quarto de hóspedes, onde a colocaram debaixo das cobertas e sentaram-se perto. Ambos um tanto preocupados, conversando aleatoriamente com a garota que vira e mexe reclamava de dor de cabeça e sentia seu corpo ficando mole. Os dois mais velhos se entreolharam e, com um sinal de cabeça dado por , levantou-se, deixando Matthew junto do pai, e seguiu até o andar de baixo.
  - Tia vai ligar para a sua mãe, Ally - ele sussurrou para ela, que balançou a cabeça concordando, fechando os olhinhos com força.

  Não demorou praticamente nem mesmo vinte minutos desde que os a haviam avisado e já estava estacionando seu carro na garagem, atrás ao de .
  Correu para dentro da casa, subindo a escada e indo para o quarto de hóspedes, onde todos estavam tentando alegrar Ally, que estava deitada e aparentava-se um pouco doente.
  - Ally! - A mãe corre até a filha, pelo lado vazio da cama de casal e senta-se, não antes de lhe beijar a testa. - Como está se sentindo, filha?
  - Cansada - ela resmunga, inocentemente.
   leva uma de suas mãos livres a testa da menina, mas sente a temperatura normal.
  - Você não está com febre, Ally - diz, carinhosamente.
  Com ou sem febre, ela sentia-se mal. Crianças de seis anos não poderiam fingir estarem doentes, ainda mais considerando que estava brincando no momento em que sentira-se mal. Um sentimento raivoso percorreu todo o corpo de . Aquilo era tudo culpa de ! Ao contar os dias, viu que - se Ally tivesse pego gripe - teria sido quando estava na companhia do mais velho. Ela tinha de avisá-lo.


  À porta dos , tocava a campainha insistentemente. Quando finalmente pôde ouvir os passos correndo na escada, deixou de apertar o botão e passou ambas mãos no rosto. Ainda segurava sua chave do carro com uma delas.
  - Eu não sou surda, - disse , assim que abriu a porta para ele. Apenas disse um "oi" rápido e entrou como um furacão para dentro. A dona da casa murmurava algo consigo mesma enquanto fechava a porta.
  Assim que estava no andar, caminhou a passos rápidos até onde bem sabia que era o quarto de hóspedes, deparando-se com sua filha deitada na cama, de um lado da cama e e Matthew do outro.
  - O que houve, Ally? - Ele pergunta diretamente à filha. A esposa levanta os olhos em sua direção e rola os olhos levemente.
  - Eu me sinto mal - reclama, vendo seu tio levantando-se com Matthew no colo e saindo do quarto.
  - Com certeza ela ficou mal depois de passar o final de semana com você - acusa, olhando para a filha e tornando-se carinhosa com ela, enquanto que com era irônica.
  - O quê!? - Ele pergunta, arregalando os olhos. - Só a levei no parque no sábado!
  - Por isso mesmo - continuou. - Ela deve ter pego no parque.
  - E como isso pode ser culpa minha? - cruza os braços, ainda de pé.
  - Ora, quem a levou até lá?
  Ally olhava de um para o outro enquanto se atacavam com meras indiretas bem diretas. Aquilo não estava funcionando, era para os dois ficarem cuidando dela e não discutirem de quem era a culpa. Seus olhos marejaram.
  - Está fazendo ela chorar, ! - ele reclama, sentando-se na cama, o mais perto possível de Ally.


   apareceu na escada, conversando animadamente com o filho pequeno. estava pegando alguns remédios no banheiro do andar debaixo na intenção de levar para Ally, mas logo é barrada pelo marido.
  - Você não vai gostar de ir até lá.
  - e estão discutindo? - Ela pergunta, recebendo um sinal afirmativo. - Na frente de Ally?
  Ele ergue os ombros, como quem dissesse que nada poderia fazer senão quem sairia ferido ali seria ele. Ambos se encaram, um pouco com medo do que aconteceu lá em cima, e apenas deixando que Matthew murmurasse sozinho enquanto tentavam ouvir a movimentação naquele quarto.
  - Parece que eles estão calados demais - sussurra.
  - É - concorda, olhando para ela e ouvindo. - Parece que pararam.
  - Acha que Ally seria capaz de dar uma "bronca" nos pais mesmo doente?
  - Você não acha mesmo que Ally está doente, acha ? - O marido ri da cara dela, fazendo-a arquear a sobrancelha. - Ah, é, você acha, pelo jeito.
  - O que quer dizer, ? - Ela pergunta, confusa.
  - Ally não está doente.
  - E como diabos você sabe disso?
  - Oras, ela não está com febre e Matthew me disse - apontou para o filho, que passou a balançar as perninhas, feliz.
  - Matthew... A Ally está doente? - muda o olhar de para a criança, que sorri e acena negativamente com a cabeça. - Foi ela que te contou isso?
  - Foi - ele diz, feliz, continuando a balançar as perninhas.
  - Ally é mais esperta do que eu pensei - sussura, rindo e rolando os olhos.
  - Ela é filha da né, - ri, dando de ombros. - Aposto que ela está fazendo isso para ver se aqueles dois param de brigar e dão atenção para ela.
   encara o rapaz com as sobrancelhas arqueadas, um tanto pasma, e então libera um riso, fazendo-o olhá-la confuso.
  - O quê?
  - Nada, só estou espantada mas orgulhosa de você, - ela ri, dando-lhe um beijo no rosto e saindo andando.
  - E por que?
  Ela rola os olhos, rindo mais alto.
  - Deixa para lá.


  Havia pouco tempo desde que Ally havia adormecido. Depois de muito distraírem-na, tentando mostrar que tudo estava bem e que eles estavam ali, a garota ficou mais calma e adormeceu. e levantaram-se juntos, deixando o quarto com o abajur ligado e encostando a porta. Já havia anoitecido do lado de fora da casa dos e os dois podiam ouvi-los conversando e assistindo televisão junto de Matthew no andar debaixo.
  - Então... É, eu vou para casa - anunciou, colocando as mãos nos bolsos fronteiros da calça jeans enquanto não parava de observar a mulher.
  Ela o olha de volta, sentindo um certo nó na garganta. Queria poder dizer "eu e Ally vamos com você", mas não disse. Levantou os ombros levemente, na intenção de mostrar que para ela pouco importava, e seguiu pelo corredor até as escadas. Levou um tempo até ele processar que ela nada havia dito, mas logo correu até ela, que estava começando a pisar no segundo degrau da escada, de cima para baixo, e segurou seu braço, puxando-a de volta para cima.
  - O que você quer, ? - Ela diz, seu tom indiferente. - Não basta ter deixado Ally doente, ainda vai vir brigar comigo?
   não responde, apenas puxa a mulher para seus braços e a abraça com força. Não ligava se ela estava irada por causa a filha doente, apenas precisava disso naquele momento. No começo, ela tentou se afastar, mas tão logo passou os braços em volta da cintura do marido.
  - Me perdoa, por favor - ele sussurrava no ouvido dela, fazendo seu nó na garganta aumentar ainda mais. Um segundo mais tarde, ela sentiu seus olhos úmidos, as lágrimas quase escapando. Suas mãos acariciavam as costas dele, tentando buscar conforto para ambos.
  - Eu perdoo, - disse de volta, ambos apertando ainda mais o abraço e as lágrima finalmente escorrendo.
  - Não, é sério - ele disse. - Eu nunca fiz isso antes, você sabe disso, se eu estou fazendo é porque estou arrependido - murmurava, afastando um pouco o rosto de ambos para observar os olhos dela; suas mãos limparam as lágrimas caídas, vendo-a sorrir levemente.
  - Eu sei - ela acena com a cabeça. - Você deixou seu orgulho de lado para falar isso, eu sei disso - sussurrou, tocando o rosto do marido e sorrindo ao tê-lo tão perto novamente.
   sorri de volta, verdadeiramente como não fazia há quase uma semana, e aproxima-se mais de , encostando levemente seus lábios nos dela.


  Matthew desenhava em uma folha posta na mesinha de centro, ouvindo sua mãe - que estava deitada, apoiando o rosto nas pernas de - opinando sobre as cores que devia usar para pintar. Uma conversa de fora do cômodo soou no hall e virou o rosto para ver e entrando na sala um pouco mais... íntimos.
  - Como está a Ally? - Ele pergunta, querendo rir e recebendo um beliscão de . - OUTCH! O QUÊ?
  - O que o quê? - Ela pergunta, olhando para ele confusa, enquanto sentava-se. Olha para trás e sorri: - Parece que duas pessoas estão se dando bem.
  - É, eu notei isso também - aponta, sorrindo.
  Os rolam os olhos juntos. Só os para ficar apontando o óbvio em voz alta.
  - É, é - bufa, caminhando-se para o sofá vazio. - O que está desenhando aí, Matt? - Pergunta ao afilhado.
  - Batman!! - Ele diz, feliz, mostrando o desenho para o padrinho.
  - E esse é o mostrando suas influências sobre o filho - ri, sentando-se ao lado do marido.
  - Esse garoto precisa de um tempo a mais com o padrinho dele... Preciso te apresentar o Spider Man, Matt - diz, vendo gargalhar.
  - Por favor, meu filho não vai gostar de um cara que usa roupas grudadas, vermelho e azul!
  - Ele gosta de um cara que usa cueca por cima das calças! - rola os olhos. - De que adianta eu mostrar Padrinhos Mágicos para o Matt se o continua mostrando Batman pra ele?
  - Padrinhos Mágicos, ! - reclama, mesmo que assistisse com a mulher e o filho. - Você gosta de um padrinho chamado Cosmo que tem cabelos verdes!
  - COSMO! - Matthew ri, pegando o lápis verde e indo tentar desenhar o personagem.
  - Viu? - sorri para o filho. - Agora sim!
   mantem-se calada, apenas bufando, rolando os olhos e rindo com da discussão inútil do outro casal.
  - Mas é, como está Ally? - pergunta, acomodando-se melhor ao lado do marido.
  - Não está com febre - dá de ombros. - Ela não poderia fingir que está doente, poderia? De que sentido faria?
   solta uma alta e longa gargalhada que vai parando aos poucos com o olhar que lhe manda.
  - Erm, foi mal - ele diz, encolhendo-se.
  - Por que o fica rindo que nem idiota mais que o normal? - pergunta, recebendo uma almofada voadora do outro.
  - Porque a filha de vocês é muito mais esperta que vocês - responde ele, dando de ombros.


  Uma pequena fresta de claridade atravessava as cortinas do quarto de hóspedes fazendo com que Ally forçasse seus olhos até abri-los aos poucos. Sentia algo em cima de cintura e, ao baixar os olhos, constatou que eram dois braços. Virou-se para um lado e depois para o outro, abrindo um sorriso contente ao constatar que seus pais estavam dormindo com ela ali, no meio. Pensou no que poderia ter acontecido depois que acabara por adormecer, de certa forma, forçadamente. Forçara os olhos a se fecharem no final da tarde anterior para que seus pais ficassem ali, ou tentasse fazer com que isso acontecesse. Aparentemente, de alguma maneira, aquilo dera certo.
  Feliz, a garota acomodou-se entre os pais e ali decidiu ficar até que um deles acordassem.


  - Ally, está melhor? - pergunta a garota, dando-lhe um sorriso.
  A garota sorri de volta, chegando a sala junto de seus pais, e senta-se entre eles no sofá maior que estava vago.
  - Sim - concorda, colocando os pezinhos sobre o sofá e abraçando os joelhos.
  Os adultos encaram uns aos outros, mas ninguém diz nada. e apenas dão de ombros, afinal acharam óbvio o que Ally fez por seus pais ali. Fingira-se doente para uni-los novamente e isso ninguém tinha o direito de dizer que não dera certo, porque acabou por dar. Já os dois ao seu lado encaravam-na de escanteio, segurando o riso que estava aflorando. Como uma garota daquela idade poderia entender tanto de alguma coisa a ponto de querer ajudar?
  - Que bom que a senhorita está boa - sorriu, bagunçando-lhe os cabelos. - Acha que está boa o suficiente para arrumar suas coisas e irmos para casa?
  - Sim!!!! - Ally disse mais feliz ainda, saindo em disparada para o andar de cima.
  Todos olham para o ponto que a menina desaparecera e riram.
  - Ally é mesmo muito esperta - comenta com , que concorda com a cabeça.
  - Mas é claro que ela é muito esperta - interveio, toda sorrisos. - Olhem de quem ela é filha - disse, apontando para si mesma e para o marido.
  - A humildade lhe mandou lembranças - rola os olhos.

  Não demora muito até a pequena descer as escadas anunciando que todas suas coisas estavam arrumadas. sobe para terminar de arrumar as suas e pegar as da filha, não tardando a descer novamente.
  Teriam de se dividir para a volta para casa, considerando que estavam em dois carros. Após depositarem todas as pequenas coisas no porta-malas de , voltaram para dentro, despedindo-se dos amigos que hospedaram-na durante a semana em que tudo parecia dar errado para o casal.
  - Obrigada, vocês dois - disse, olhando para o casal de amigos. - Como sempre se intrometendo na briga de casal, mas é, sempre ajudando, mesmo sendo lerdos.
  Os dois bufam, olhando um para o outro e rindo.
  - Acho que vocês estão agradecendo a pessoa errada - sorri para Ally, que cora levemente ao notar que todos a observavam.
  Então eles sabiam, afinal. Mas ainda assim, dera certo.



Comentários da autora


Só Deus, a Natashia e a equipe do ATF sabe como essa fanfic foi sofrida de se escrever, considerando que era para ter entrado no Especial #10 e está finalizando agora, quando acabou de ser divulgado as enquetes do #11! POIS É.
Eu não curti muito o final, ele era assim na primeira vez que escrevi - quando meu pc desligou sem eu salvar os trechos finais - mas tinha ficado um pouco mais "adorável like Nat", é.
MAS NAT, FOI FEITO DE CORAÇÃO E VOCÊ ME VIU SOFRENDO E NÃO QUERENDO ESCREVER NENHUMA OUTRA FANFIC ATÉ FINALIZAR ESSA SUA, NÃO VIU? POIS É, DEU DURO, MAS AQUI ESTÁ. Ela é curta e mega simples, mas foi mesmo feita de coração. Espero mesmo que tenha gostado, de verdade! E agora você pode parar de reclamar que acabou, porque né, você sabe o que vem por aí para você ainda, HEHEHE.
Amo você ?!

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