Love you better now

Escrito por Fefa e Marii | Revisado por Natashia Kitamura

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I

  I'll do it all for you in time
  And out of all these things i've done

  Feeh's POV

  Desliguei o telefone e corri pra dentro de casa. Não sei nem como eu ainda aguentava correr, meus joelhos perdiam a força e eu sentia meu corpo cair lentamente, desabar no chão. Era isso que estava acontecendo comigo, com minha vida, desabando.
  Voltar para o Brasil era... Era fora da minha realidade, era inacreditável, inaceitável. Tudo bem, foi lá que eu nasci, lá esta toda a minha família e tudo mais. Mas eu estava em Londres, minha vida estava em Londres, meu coração estava em Londres. Eu só queria saber que parte do "eu não vou voltar" os meus pais não entendiam.
  Subi as escadas com as lagrimas já escorrendo pelo meu rosto. Eu dava graças a Deus por meus pais terem saído, eles provavelmente fariam mais drama que eu me vendo nesse estado. Entrei no meu quarto e fui direto ao banheiro, jogando a bolsa em cima da cama, fazendo com que aquela fosse a única coisa desorganizada lá.
  Me apoiei na pia com a cabeça baixa, tentando respirar e recapitular o meu dia. Briguei com Henrique, de novo, mas até ai estava tudo bem. Tirei A em história e em matemática, tudo ótimo. Passei o resto da tarde no telefone com Harry, tudo perfeito. Então meus pais me ligaram e falaram que iríamos voltar pro Brasil no primeiro dias das ferias, que seria dali a duas semanas, tudo péssimo. Duas semanas, eu tinha apenas duas semanas pra me despedir da minha vida, de tudo o que era mais importante pra mim.
  Sentei no chão e limpei meu rosto, fiquei com as mãos todas pretas por conta do rímel borrado. Minha cabeça latejava e eu tentava, sem sucesso, fazer com que as lágrimas não voltassem a cair. Respirei fundo e peguei meu celular. Minha vontade era de ligar para ele e ouvir sua voz rouca e baixa dizer que tudo ficaria bem. Eu não me entendia, é claro, eu tinha um namorado e várias amigas pra ligar, mas meu desejo era falar só com ele. Coisa idiota da minha parte, pois sei que ele não aceitaria, lutaria comigo, faria drama, não me deixaria ir...
  Talvez fosse por isso que eu ansiava tanto falar com Harry, porque eu sei que ele não me deixaria ir.
  Liguei para o seu celular duas vezes, e nas duas só caia na caixa postal. Olhei para o relógio: 6pm. Ridícula, é o que eu sou. Como pude me esquecer? A turnê estava chegando e ele tinha ensaio todos os dias, das 8h até 12h e das 16h até 20h.
  Pensei em ligar para Lelê, mas ela estava se arrumando para o jantar com seu pai nessa noite. Ligar para Henrique estava fora de cogitação e nenhum dos meus outros amigos me entenderia agora.
  Lavei meu rosto, arrumei meu cabelo e retoquei o rímel. Voltei ao meu quarto e me certifiquei que a chave extra do apartamento de Hazz e Lou estava dentro da bolsa e desci as escadas correndo e peguei o primeiro taxi que passava pela rua.
  Cheguei no apartamento deles que, como sempre, estava uma bagunça. Resolvi arrumar tudo até os meninos chegarem, afinal hoje era sexta feira, então todos os cinco viriam pra cá pra sua noite de farra. Eram 18:40 quando comecei e 19:15 quando terminei. Até que não estava tão bagunçado assim, eu já havia visto pior.
  Fui para o quarto de Harry e vi que apenas a sua cama estava desarrumada. Abri a porta esquerda de seu guarda roupa, onde tem uma gaveta com roupas extras minhas. Sorri ao lembrar do dia em que ele sugeriu que eu deveria ter algumas roupas em sua casa. É claro que nessa época eu passava muito mais tempo aqui do que agora, mas era bom saber que ele guardava um lugar lá pra mim. Peguei um short jeans meio detonado e minha blusa favorita, preta - gigantesca - e com a bandeira do Canadá estampada. Aquela blusa era pra mim o que a blusa dos Ramones do Harry era pra ele.
  Peguei também uma toalha limpa e fui em direção ao banheiro. Se o quarto estava razoavelmente arrumado, aquilo estava um desastre. Havia produtos de cabelo espalhados pela pia, roupas jogadas no chão, toalha em cima da privada, xampu caído dentro do boxe, restos de pasta de dente na pia. Gargalhei alto, não só por causa de toda a desordem, mas também pelo bilhete grudado no espelho, que dizia:
  "À pessoa que está lendo isso:
  Se você for a Feeh: me desculpa a bagunça haha volto às 20h, não vá embora, vamos todos ficar up all night hoje! Bjs, love ya.
  Se você for o Louis: você está atrasado, gay de merda! Enfim, tente não bagunçar muito mais isso aqui, a Feeh vem pra cá e você sabe como ela tem mania de limpeza... Me liga quando chegar no estúdio.
  Se você for um dos meninos: bem, isso é meio impossível, porque eles estão comigo - pelo menos têm que estar.
  Se você for outra pessoa qualquer: liga pra esse número ai em baixo e diz que você está na casa do Harry Styles e do Louis Tomlinson!"
  O número que Harry havia indicado para a "outra pessoa qualquer" era o número da polícia. Eu ri tanto com a capacidade do curl de ser idiota. Eu o amava e certamente não iria embora hoje, sem chances de voltar pra casa, mas não tinha tanta certeza assim de que iríamos ficar up all night.
  Entrei no boxe e liguei o chuveiro. Fiquei um tempinho do lado até que a água estivesse quente e então fui pra debaixo do jato. Deixei que mais algumas lágrimas rolassem pelo meu rosto. A água quente escorria pelo meu corpo e me relaxava, e eu chorava cada vez mais intensamente, aliviando toda aquela dor que eu sentia. O problema era que eu morava em Londres desde os cinco anos de idade, como seria minha vida no Brasil agora aos 16? Não me leve a mal, eu amo o Brasil, amo BH, mas lá simplesmente não é onde eu quero morar no momento, ou daqui a duas semanas, ou nunca.
  Lavei os cabelos e sai do banho, me enxuguei e coloquei a roupa. Limpei, mais uma vez, o excesso do rímel borrado, mas apenas o suficiente para deixar aquele visual meio "rockzinho" que era a minha cara. Enrolei a toalha nos meus cabelos e me joguei na cama tamanho king incrivelmente confortável de Harry. Coloquei os fones de ouvido e liguei a reprodução aleatória no iPod e acabei dormindo.

  Harry's POV

  O ensaio de hoje havia dado super certo. Todos nós estávamos afinados e muito ansiosos para a turnê que estava chegando. Tudo bem, não estava tão perto assim, faltava um pouco mais de três meses, mas a gente havia prometido que essa turnê seria a melhor de todas as nossas vidas.
  Terminamos de ensaiar às 19:30, mas não podíamos sair antes das 20h porque se não os produtores poderiam achar que nós estávamos indo pra farra. É claro que estávamos, mas eles não precisavam saber disso. Então nós cinco e Josh ficamos lá conversando um pouco, jogando conversa fora. Até que deu 19:45 e Josh teve que ir embora.
  – Isso é um saco, quero sair logo daqui. - reclamou Zayn e Niall concordou com a cabeça.
  – Calma Zayn, é melhor eles acharem que nós vamos daqui pras nossas casas, do que nos impedirem de sair depois. - falou Liam, me fazendo rir com toda a sua responsabilidade.
  – Liam tem razão, mas convenhamos que isso é meia idiotice... Quer dizer, nós não fazemos tanta merda assim quando saímos... - disse Louis se deitando no palco.
  – Esse "nós" Lou, seriamos eu e você. Eu porque não bebo e você porque tem que passar a imagem de um bom namorado pra Els, porque esses três aí... - continuou Liam.
  Eu gargalhei e falei:
  – Esses três aí o que, Daddy? Vai, fala na cara amigão! - zoei batendo no peito.
  Ele riu um pouco, estufou o peito e falou:
  – Merda é pouco, ainda não inventaram palavra pra o que esses três fazem!
  – EI! - Niall gritou e deu um leve tapa na cabeça do Liam.
  – Temo em dizer-lhe, sr. Payne, mas isto é uma mentira. - disse Zayn com um falso tom formal - Eu já tomei jeito na vida!
  – Nããão! - eu insisti - Você TINHA tomado, no passado! Você tomou jeito quando estava com a Lelê, mas agora voltou de novo para a vida na gandaia.
  Eu falei brincando, é claro, todos nós estávamos zoando um com o outro, mas eu havia tocado no ponto fraco de Zayn: Lelê. Leticia era a melhor amiga da minha melhor amiga, é, é meio louco, eu sei. Eles não namoravam ou nada do tipo, não eram vistos juntos na rua e nenhuma das nossas fãs sabiam da relação deles (exceto uma, lógico), mas eles meio que tinham uma amizade colorida. Não sei explicar, mas uma hora estavam lá conversando como qualquer casal de amigos, e na outra estavam se pegando nos corredores. Zayn não admitia, mas eu tinha certeza de que ele ainda gostava dela e sentia sua falta; ela havia terminado com ele um mês atrás, por motivos que nem eu, nem a Feeh, nem os meninos e muito menos o Zayn sabíamos.   Ele baixou a cabeça e ficou em silencio, assim como todos nós. Louis deu um tapa de leve e silencioso nas minhas costas e então eu comecei:
  – Zayn, desculpa cara, eu não devia... - mas ele me interrompeu.
  – Não, você tem razão. Foi isso mesmo que aconteceu. - sua voz era baixa e melancólica, não irônica ou alguma coisa assim, mas sim com uma pontada de angustia.
  Ficamos em silencio por alguns minutos. Louis continuava deitado no palco, Niall brincava com seu microfone, Liam ajeitava qualquer imperfeição que pudesse existir em sua roupa, Zayn arrumava seu topete e eu me sentia extremamente mal por ter trazido aquele assunto à tona e acabar com toda a brincadeira. Até que Liam foi e falou:
  – Então Harold, o que você diz em sua defesa?
  – Eu? Eu não digo nada ué. Afinal, o que eu posso dizer? - dei uma risada meio debochada e continuei - Eu AMO essa vadiagem.
  Eles todos riram, e Louis disse:
  – E você Niall, tem alguma coisa pra dizer?
  – Absolutamente nada. Até eu encontrar minha princesa, eu estou com o pé na cova junto com o Harry. - e abriu um largo sorriso.
  – Ah Nialler, mas minhas fontes me dizem que você já encontrou sua princesa... - falei para Niall, lançando-lhe um olhar maroto.
  Ele ficou escarlate e indagou:
  – Ham? Como assim...? E-eu encontrei alguém? - todos nós rimos de sua vergonha, mas eu estava meio confuso, não sabia se ele realmente não sabia do que eu estava falando ou se estava somente fingindo.
  – É Horan, você mesmo! Algo me diz que o nome dela é... Como é mesmo o seu nome? - cocei o queixo fingindo pensar - Ah, lembrei! Helaine... - e falei seu nome lentamente.
  Ele ficou mais vermelho ainda enquanto limpava suas mãos na camisa, elas provavelmente teriam ficado suadas. Eu ria muito de toda aquela situação, mas Zayn, Louis e Liam, que até então estavam só zoando também, pareceram mais interessados no assunto.
  – Serio Niall, tem mesmo essa garota? - perguntou Zayn.
  – E você não nos disse nada?! - brincou Liam com uma falta indignação.
  – Hmmmmmmm irlandês safadinho! - zoou Louis.
  – Ma-mas eu não tenho nada com ela, e nem nunca tive! Ela é só uma menina do café que eu acho bonita...
  – Ah, então tem sim uma garota! - gritou Zayn dando um soco na mão.
  – Mas, caras, eu não tinha contado nada pra ninguém por causa disso, porque eu não tenho nada com ela, eu não faço a menor ideia de como o Harry sabe!
  – Já disse, minhas fontes me informaram... - disse eu despreocupado.
  – Pois é Styles, você bem que poderia nos falar quem são suas fontes... - falou Louis dando leves (e irritantes) cutucadas no meu braço.
  – Bem, quando chegarmos em casa vocês perguntam os detalhes para ela...
  – COMO que a Feeh sabe sobre a Laine?! - perguntou Niall ainda vermelho.
  Eu ri e respondi:
  – Sobre a 'Laine', é Niall? - ele me lançou um olha serio e então eu continuei - Bem, elas estudam na mesma escola e fazem biologia e química juntas.
  – Não respondeu minha pergunta...
  – Ah cara, eu sei lá! Quando a gente chegar em casa você pergunta pra Fernanda, de verdade... Mas provavelmente a Helaine que deve ter contado pra ela sobre suas inúmeras tentativas de chamar ela pra sair.
  O irlandês já ia argumentar alguma coisa, mas Liam olhou para o seu relógio e chamou a nossa atenção:
  – Ei gente, já são 20h!
  – Graças a Deus! - Zayn suspirou e foi até a mesinha onde estavam os nossos celulares. Ele chegou o de cada um e virou pra mim falando:
  – Harry, o seu tem quatro chamadas não atendidas.
  – Manda aí! - gritei para ele, mas Louis pegou meu celular de sua mão antes que ele pudesse ser lançado.
  – Vamos para o carro primeiro Harold, a Feeh já deve estar nos esperando.
  Então fomos para fora do estúdio, em direção ao estacionamento, nos despedimos dos seguranças que ficavam ali até tarde e entramos no meu Audi R8 novinho. Louis estava louco para dirigi-lo desde que e o comprei na semana passada, então eu deixei.
  Fomos eu e ele nos bancos da frente e Zayn, Niall e Liam nos bancos de trás. Ele arrancou com o carro e então já estávamos a caminho de casa. Eu estava louco pra ver a minha pequena, já fazia quase duas semanas que não nos víamos. Ela estava em período de provas finais, já que o ano letivo estava acabando e eu e os meninos estávamos ensaiando mais do que nunca. Dai sobrava pouquíssimo tempo pra gente se ver. E ela fazia uma falta incrível... Era como se uma parte de mim tivesse longe, o pedaço mais doce de mim, como eu costumava me referir a ela.
  Engraçado que falando assim dá a entender que a Feeh era minha namorada, mas não, era minha melhor amiga mesmo. Não que ela não fosse boa o suficiente para isso, ela era, mas ela já tinha um namorado e seria muito estranho cogitá-la como namorada, pelo menos no momento.
  Peguei o meu celular pra ver as chamadas não atendidas de Zayn tinha falado e logo quando vi o nome que ocupava as duas primeiras chamadas eu bufei.
  – Quem é? - perguntou Louis sem tirar a atenção da rua.
  – Caroline. - respondi sem emoção.
  – Ah credo. - resmungou Niall.
  Caroline era minha ex-namorada. Ex mesmo, de muito tempo atrás. Mas semana passada eu estava bêbado e nós acabamos ficando mais uma vez - isso era segredo de estado, é claro, porque nem Feeh e nem as Directioners gostariam de saber disso - mas eu só contei para os meninos, e desde aí ela não parava de me ligar. Eles nunca haviam gostado dela, mas Niall sempre a odiou.
  – O que ela ainda quer com você Harry? - perguntou Liam confuso.
  – Depois da semana passada? Provavelmente tudo. - respondeu Zayn em meu lugar.
  – Bruxa velha nojenta e chata. - xingou Niall.
  – Harry, você por acaso já contou pra Feeh dessa sua, como é que você fala mesmo...? "Recaída"? - falou Louis, mesmo ele já sabendo a resposta.
  – Lógico que não, ela me mataria! Vocês sabem muito bem como que ela se sente em relação a Caroline!! E vocês se lembram de como era quando eu estava com ela, eu quase que perdi a Feeh... Confesso que na época ela foi um dos maiores motivos por eu ter terminado com a Caroline.
  – Santa Feeh! - Niall elevou as mãos como se louvasse alguma coisa. Liam e Zayn deram risadinhas abafadas, mas Louis continuava serio.
  – Conta pra ela, hoje. Se não eu conto... - ameaçou ele.
  – Lou, por favor, não faz isso! - implorei.
  – Então conta você! Ela vai ter que dormir com você mesmo, um dos quartos de hospedes está uma bagunça só e Niall e Liam vão dormir no outro, e eu tenho certeza que Zayn vai ser cavalheiro o suficiente para não deixá-la dormir na sala. O que resta a ela o meu quarto e o seu, e se ela for dormir comigo eu conto...
  – Tudo bem Louis, eu conto! - explodi, mas eu iria mesmo contar, embora fosse contra a minha vontade.
  – Então Styles, de quem eram as outras duas chamadas? - perguntou Liam tentando aliviar o clima de tensão que havia ficado no carro.
  Eu tinha até esquecido das outras duas e quando fui ver me deu um aperto no peito, um medo de não vê-la hoje de novo.
  – De quem são, Harry? - disse Niall percebendo a minha expressão.
  – Da Feeh... Em um horário que ela sabia que nós estávamos ensaiando, e duas chamadas seguidas... - mal terminei de falar isso e Louis parou o carro na garagem, todas as luzes estavam apagadas.
  Descemos do carro e eu ainda segurava o celular firmemente na minha mão. Não era possível, ela havia me prometido hoje de tarde!
  Louis pegou sua chave e colocou na fechadura, girou e ficou segurando a maçaneta, antes de abrir me deu uma ultima olhada e falou:
  – Bem Styles, agora saberemos se ela veio ou não. - eu percebi que o tom de mistério em sua voz era zoação, mas ele não sentia o mesmo que eu agora, por mais que ele também estivesse com saudade dela, ela não chegava nem perto da minha.
  – Relaxa cara, se ela não estiver aqui a gente vai até a casa dela e rapta ela de lá! - falou Zayn apertando meu ombro.
  Louis girou a maçaneta, entrou e acendeu as luzes e de repente todo aquele aperto no meu peito desapareceu e eu pude respirar em paz.

II

  I'll be here, by your side
  No more fears, no more crying

  Harry's POV

  Assim que Louis acendeu a luz eu me senti mais calmo.
  A sala estava limpa, o sofá estava arrumado com todas as almofadas no lugar, o tapete em sua posição correta, nenhum lixo pelo chão, nossos CDs e livros todos arrumados na estante em ordem alfabética. Na cozinha não havia uma só vasilha fora do lugar, nenhuma louça suja na pia, nem um restinho de comida pela mesa.
  Nossa casa estava impecável, minha Feeh com toda certeza do universo tinha passado por ali.
  – Feeh! - gritei por seu nome - Chegamos!
  Não ouvimos nenhuma resposta e então gritamos juntos:
  – Fernanda, você ta aqui?!
  Silencio de novo. Comecei a ficar nervoso de novo e peguei meu celular para ligá-la. Chamou duas vezes até que ouvi One Thing tocar vindo do andar de cima, e sorri ao ligar as coisas: One Thing era o toque do seu celular quando eu a ligava, e ela estava no meu quarto!
  Subi correndo e com os meninos atrás me mim, respirei fundo e abri a porta gritando:
  – Feeh!!
  Mas tenho que dizer que fiquei um pouco desapontado ao vê-la ali, dormindo. Os meninos começaram a rir de mim. Eu me aproximei da minha cama, Deus, como ela ficava linda dormindo! Pena que não ficaria assim por muito tempo...
  Subi na cama e comecei a pular, gritando:
  – ACORDA FEEH, ACORDA ACORDA! VAMOS FEEH, TA NA HORA DE ACORDAR, ACORDA ACORDA...
  Ela resmungou alguma coisa inaudível pra mim, pôs o travesseiro sobre a sua cabeça, e puxou a minha perna me fazendo cair sentado ao seu lado. A essa altura do campeonato Niall e Louis já haviam se jogado no chão de tanto rir, Zayn chegou ao ponto de lagrimar e bagunçar os seus cabelos e Liam estava quase explodindo seu único rim. Eu não aguentei e comecei a rir alto também, mas parei ao ouvir uma risada abafada por um travesseiro a poucos palmos do meu rosto.
  Eu tirei o travesseiro de sua cara. Ela relutava para abrir os olhos por causa da luz, mas um belo sorriso estava estampado em seus lábios. Beijei o seu rosto me levantando, e, mesmo sabendo que isso traria serias consequências pra mim depois, dei um tapa em sua bunda e falei saindo do quarto:
  – Acorda dorminhoca. - mandei um beijo estalado para ela e sai do quarto, ainda a tempo de ouvi-la gritar com sua voz rouca após acordar:
  – Filho da puta!
  O ensaio de hoje foi ótimo, nós nos divertimos muito, Feeh estava aqui em casa e já havia me xingado, hoje meu dia estava sendo perfeito.

  Feeh's POV

  Filho da puta, vadio, viado. Será que Harry não tinha noção de que a mão dele é grande e ele é forte? Ótimo, agora minha bunda estava latejando!
  Apesar de eu ter me irritado com ele, eu estava feliz por ele ter chegado. Eu estava com tanta saudade daqueles moleques que chegava a doer! Saudade de ficar brincando com o cabelo de Zayn, de ter meus momentos "filosóficos" com Liam, de apertar e morder a bochecha do Niall, de fazer piadas e rir junto com o Louis e do Harry. Só isso, saudade dele. De não ficar fazendo nada com ele, de rir dele preparando - ou pelo menos tentando preparar - um café da manha pra gente, de ir dormir agarradinha em seus braços, de ficar maravilhada com suas covinhas, seus cachos e seus olhos. Saudade dos cinco melhores amigos que alguém poderia ter.
  Levantei lutando contra a preguiça. Fui até o banheiro, escovei os dentes e penteei os cabelos. Passei a mão pela roupa pra dar uma desamassada.
  Sai correndo em direção às escadas, cada segundo que eu passar com eles a partir de agora será precioso, e então foi ai que me lembrei do real motivo de vindo aqui hoje, foi sim porque Harry me implorou e porque eu estava com saudade de todos eles, mas foi também para falar sobre a minha partida para o Brasil daqui a duas semanas. Olhei para o teto, com o objetivo de não deixar as lagrimas caírem, respirei bem fundo e desci.
  Eles estavam todos rindo, sentados à mesa redonda, com um lugar vago entre Harry e Lou, o meu lugar. Todos eles se levantaram quando me viram e eu supus que deveria contornar a mesa para chegar ao meu lugar.
  Fui até Louis que me abraçou com tanta força que me tirou do chão e dei um beijo estalado em seu rosto. Afundei meus braços no pescoço de Niall e dei uma leve mordida na sua bochecha, ele riu e mordeu a minha também. Baguncei o topete maravilhoso de Zayn e ele exclamou um "ei!", mas logo me chamou para seus braços. Liam me deu um abraço de urso, daqueles que você não quer largar nunca. E por fim cheguei ao Harry, ele estava me encarando com seu sorriso perfeito estampado no rosto. Deus, como aquele menino era lindo! Em vez de abraça-lo ou fazer qualquer brincadeira com ele, eu fui até ele e dei um forte tapa em sua cabeça, exclamando:
  – Idiota, minha bunda está doendo!
  Ele me puxou pros seus braços e afundou sua cabeça em meus cabelos, eu podia sentir sua respiração abafada e o cheiro de seu novo perfume. Ele dava leves beijinhos em meu ombro e eu sorri ao lembrar como esse pequeno ato levava suas antigas namoradas e meu namorado à loucura! Eu não conseguiria viver sem ele, jamais. Tive que, de novo, segurar bastante às lagrimas, que insistiam tanto em tentar cair.
  Harry afastou um pouco os nossos corpos para me olhar nos olhos. Me encarou de novo com aqueles olhos incrivelmente verdes e disse:
  – Eu senti sua falta, pequena. - ele tinha essa (fofa) mania de me chamar de pequena, mesmo eu não sendo tão pequena assim. Eu sorri e falei:
  – Eu também senti sua falta, Styles, mas se você bater na minha bunda de novo eu te mato!   Todos riram inclusive nós dois e então todos sentamos em nossos lugares. Eu os olhei por alguns instantes e todos me encaravam, em silencio. Até que Harry falou:
  – Feeh, o Niall tem alguma coisa pra te perguntar...
  Olhei para o Niall esperando a pergunta, mas ele fuzilava Harry com os olhos, até que se virou pra mim e falou:
  – O qu-que a Laine fala de mim? - perguntou ele todo envergonhado. Eu explodi em risos, fazendo todos os outros rirem também, até ele dava risadas tímidas.
  – Ah, nada não... - respondi; mas é claro que aquilo era uma mentira.
  A Laine falava tudo dele, ela era louca pelo menino! Tudo nele a encantava, os olhos, o cabelo, a voz, tudo! E todas as vezes que ele fala com ela é como se ela estivesse nas nuvens, mesmo que ela não admita isso.
  – Feeh...
  – Ah Niall, ela fala as coisas que qualquer fã normal falaria...
  – Ela é uma fã? - indagou ele assustado.
  – Sim, ela nunca te disse não? Directioner de coração e veia.
  – Mas... Mas então por que ela me esnoba?
  – Ora Horan, não finja que não sabe!
  – Mas eu não sei! Serio Feeh, eu não sei mais o que fazer com aquela menina!
  – Ela faz isso porque gosta de você Nialler! Mas ela, como toda garota em sã consciência, não quer parecer fácil demais...
  – Fácil?! Faz um mês ou mais que eu estou tentando sair com ela! Ela já passou do fácil e do difícil, já esta chegando ao impossível!
  – Tudo bem, relaxa aí loirinho... - dei uma risadinha e logo me lembrei de um assunto que eu estava querendo falar com ele havia um tempinho - Mas Niall, por onde anda a minha Potterhead favorita?
  Ele riu e falou:
  – Por aí, pelo mundo... Na verdade eu não consigo falar com ela a mais de uma semana...
  – Onde ela está agora? - perguntei.
  Mary era a melhor amiga de Niall e uma das pessoas mais legais que eu conheço. Ela é meio doidinha e um pouco desligada das coisas, mas uma das minhas Potterheads e Directioners preferidas. Ela é dois anos mais velha que eu, portanto terminou a escola no ano passado e desde aí tem se dedicado a explorar o mundo.
  – A última vez que falei com ela, ela estava em Veneza.
  – Bem, então faz mais tempo que você não fala com ela. Semana passada ela estava em Paris, acho que agora deve estar um Amsterdã. - disse ele fazendo pequenas contas nos dedos.
  – E quando ela volta?
  – Quando voltar de Amsterdã. - ele riu.
  – Mas então Feeh, o que você nos conta? - perguntou Liam se levando para ir à cozinha e pegar uma Coca-Cola pra gente.
  E de novo eu me lembrei do que tinha que contar a eles, mas estavam todos felizes que resolvi deixar para depois... E então respondi:
  – Ah, nada de muito novo... A escola está um saco, é claro, sendo as últimas semanas de aula. Eu resolvi também que vou mudar nas férias...
  – Mudar de namorado? - perguntou Harry esperançoso, ele odiava o Henrique, quase tanto quanto eu odiava Caroline. Quero dizer, quase quanto eu a odiava.
  – Não Styles, mudar de visual, as roupas, o cabelo, essas coisas...
  – Mas você está ótima assim! Ainda acho que mudar de namorado seria muito mais produtivo... - resmungou ele.
  – Você está engraçadinho demais hoje, viu Harry! Mas e vocês, quais são as novidades?
  – Você quer as nossas novidades ou as novidades da One Direction? - perguntou Zayn, apoiando os cotovelos na mesa e a cabeça nas mãos.
  – As suas, é claro. Eu já sei todas as da 1D, twitter serve pra isso meu bem... Então vamos lá, quem vai começar?
  – O Harry pode começar, não é mesmo Feeh? - falou Louis, mas ele não me olhava e sim enfrentava uma batalha de olhares silenciosa com Harry.
  Os dois estavam muito estranhos, e por julgar da atitude de ambos eu podia deduzir que Harry tinha algo a me contar, algo muito sério a me contar. Mas foi ai que Liam voltou para a mesa com uma garrafa de 1,5l de Coca e seis copos e então Harry se pronunciou:
  – Ah, mas eu tenho certeza que o Daddy aqui tem alguma novidade pra contar!
  – Eu tenho? - falou Liam meio confuso com a história - Calma, me deixa pensar se tenho...
  – Eu tenho. - Zayn o interrompeu.
  Todos os meninos o encararam e exclamaram espantados:
  – Tem?!
  – Sim, - respondeu ele sem nos olhar, com sua atenção fixa na bebida em seu copo - estou saindo com uma garota. - Ele corou, eu tinha visto ele assim poucas vezes... Quando ele falou que estava saindo com a Lelê e quando ele falava dela.
  Eu ri; não do que ele falou, mas da reação dos outros. Niall bateu palmas que nem uma garotinha quando ganha uma boneca nova, Liam franziu a testa, mas logo pôs a mão no ombro dele dizendo "parabéns cara", Louis cuspiu metade do liquido que estava em sua boca enquanto Harry não parava de rir.
  – Meninos parem de agir como isso fosse algo impossível de se acontecer! - eu disse em meio de risadas.
  – Tudo bem Feeh, eu confesso que ultimamente isso tem sido meio impossível de acontecer. - disse ele também rindo de toda essa situação.
  – Mas então, qual é o nome dela? - perguntou Louis limpando a boca com as costas da mão.
  – Perrie. Ela é amiga da Mary.
  – Mas Zayn, e a... - eu mal pude falar e Harry já tinha tapado a minha boca, dizendo:
  – Não diga aquele nome que começa com Le e termina com lê.
  – Oh! - exclamei - Tudo bem então... Como ela é a Perrie?
  – Em que sentido? Bem, ela é loira e alta, é bonita sim. Ela é quietinha, mas é divertida.
  – Nossa Zaza, você está mesmo inovando... - disse Louis de novo, levando um tapa de Niall bem na cabeça. Eu tinha entendido o que ele queria dizer com inovar; loira, alta e quieta, esse era o completo oposto da minha melhor amiga.
  – O que você quer dizer com isso, Lou? - perguntou ele, apesar de eu suspeitar que ele também tinha entendido.
  Louis não respondeu e um clima de tensão pairou no ar. Eu encarava todos eles, que estavam calados e de cabeça baixa e pensei que, embora aquela não fosse uma das noites mais divertidas, eu ia sentir falta de tudo aquilo, deles.
  Senti meus olhos esquentarem e se encherem de lagrimas. Droga! Isso já estava passando dos limites, eu não fazia o tipo dessas choronas, então porque essas lágrimas insistiam em tentar cair?! Olhei para cima para não deixá-las escorrer e não demonstrar fraqueza.
  Mas era tarde demais, a pessoa sentada ao meu lado me conhecia melhor do que eu mesma... Senti a grande mão de Harry apertar meu joelho por de baixo da mesa, o olhei e vi que sua testa estava franzida de preocupação. Ele apertou meu joelho mais forte, mantendo seu olhar em mim, esse era um antigo gesto nosso de quando queríamos fazer o outro falar alguma coisa...
  Eu neguei com a cabeça, desviei meus olhos dos dele e tomei um gole da Coca, que estava tão gelada que desceu rasgando pela minha garganta. Estremeci.
  Niall quebrou nosso silencio perguntando:
  – Ninguém mais tem novidades?
  – O Harry tem. - Louis falou.
  Harry o encarou mais uma vez e depois desviou seu olhar para a cozinha.
  – Ah, estou com fome, e vocês? Vou preparar macarrão, quem quer? - disse ele.
  Então o alvoroço ocorreu. A verdade é que todos nós estávamos famintos e aquela conversa já tinha ficado chata. Todos nós falamos ao mesmo tempo e alto, fazendo com que fosse impossível de entender uma só palavra do que dizíamos. Até que Harry gritou:
  – EI, um de cada vez! - mas foi ai que ficamos calados de novo, mas não no tédio, e sim rindo uns da cara dos outros. Até que Niall se pronunciou de novo:
  – Santo Styles! - o que só fez aumentar a nossa risada.
  Harry deu uma última apertada em meu joelho e levantou-se em direção à cozinha. Eu me levantei quase junto a ele, mas esperei que ele tomasse a dianteira, então falei para o resto dos meninos:
  – Vou lá ajudá-lo, se vocês quiserem comer algo com gosto de macarrão... - eu ri e fui atrás dele.
  Agora ele não me escapava, Harry iria sim me contar o que ele estava me escondendo.

III

  If he's the reason that you're leaving me tonight
  Spare what you're thinking, and tell me a lie

  Harry's POV

  Merda, ela estava vindo atrás de mim. Dei um soco de leve na parede, mas que fez a minha mão latejar.
  Cheguei à cozinha e não lhe dei atenção, fui direto pegar uma panela e o macarrão. Ela também não veio me ajudar, puxou uma cadeira e ficou acompanhando com os olhos cada movimento que eu fazia. Até que resolvi falar:
  – Então Feeh, você pode pegar o...
  – Não. - ela me interrompeu sorrindo.
  Eu olhei para ela com uma expressão seria que logo se desfez. Era impossível ficar bravo com ela me olhando daquele jeito, e a vadia sabia que era.
  – O que você veio fazer aqui, então? - perguntei sério. - Os meninos também sentem sua falta, sabia?
  – Não finja que não sabe Styles... E eles podem esperar só um pouquinho. - disse ela sem mover um músculo da cadeira.
  Meu Deus, que menina difícil! Eu sabia que ela não ia desistir, a não ser que eu tivesse um ótimo argumento. Eu não tinha.
  – Vem cá Feeh. - eu a chamei para os meus braços. Ela elevou uma de suas sobrancelhas e levantou-se meio relutante, vindo em minha direção.
  Peguei em sua cintura, tentando puxá-la para um abraço. Mas ela negou e apoiou suas mãos em meu peitoral, mantendo certa distância entre nós dois.
  – Me conta agora Harry.
  – Contar o quê? - tentei me fazer de desentendido, mas é claro não funcionaria, isso só a deixava mais irritada.
  – A merda da vez.
  Respirei fundo e fechei os olhos. Não tinha mais jeito, eu infelizmente ia deixar minha amiga um pouco desapontada. Abri os olhos e ela sustentava seu olhar no meu, me encarando com aqueles olhos castanhos profundos, amendoados e pequenos. Fiquei um momento reparando seus olhos; eu podia notar o resto de rímel nos cílios e lápis de olho, eles estavam vermelhos e levemente inchados. Minha garota havia andado chorando.
  Dessa vez ela que respirou fundo, eu já podia ver a raiva e decepção em sua expressão, mas eu não tinha mais pra onde fugir.
  – Eu... Bem, eu saí sexta passada... Fui pra uma festa, e... Ahn...
  – Harry, para de me enrolar. Eu já sei dessa festa, as fotos rolaram loucas no Twitter, mas eu quero que você me conte o que você fez de errado nela.
  – Ok. Foi o seguinte, a Caroline estava lá e...
  Ela tirou a mão dos meus peitos, sua respiração estava pesada. Eu não tinha falado nada ainda, mas uma parte de mim me dizia que ela já sabia.
  – Puta merda. - ela exclamou e apoiou os cotovelos na bancada da pia, fechou os olhos e escondeu o rosto nas mãos. Depois falou com a voz abafada - Continua.
  – Ahn, ela estava lá e é claro que eu dei o fora nela nas primeiras vezes que ela veio falar comigo, mas então eu comecei a beber, a beber muito. Dancei demais, até que uma hora reparei que estava dançando com ela, então eu pensei algo do tipo "que mal faria...?"
  – Que mal faria?! Você tá falando serio, Harry Edward Styles? QUE MAL FARIA?! - ela me olhava furiosa e eu me senti mal por isso.
  Não que ela tivesse algum direito sobre mim, mas eu simplesmente odiava desapontá-la assim. Porque eu sabia que ela não era só minha melhor amiga, mas representava também a mais próxima das opiniões das fãs que nós tínhamos. Magoar a Fernanda era o mesmo que magoar milhares de fãs, ou pior; e isso acabava comigo.
  – Por favor, por favor, Harry - ela segurou meu rosto, obrigando-me a olhar em seus olhos - Demonstra algum arrependimento, por favor.
  – Feeh, você acha que eu não estou arrependido?! Meu Deus, e como eu estou! Mais do que você pode imaginar...
  Ficamos alguns minutos sem nos olhar ou falar. Ela parecia mais calma, mas eu sabia que sua raiva não passaria tão cedo assim. Eu queria que ela falasse comigo, que me olhasse e não mantivesse esse silêncio que me matava por dentro.
  Ela levantou seus olhos e agarrou meu pescoço. Sua respiração ficava mais leve aos poucos e era um pouco reconfortante tê-la ali, me abraçando com a cabeça enterrada na curva de meu ombro para o pescoço.
  – Me promete... - ela começou, mas eu não a deixei terminar e fui logo dizendo:
  – Sim, prometo.
  – Não importa o que aconteça me promete...
  – Prometo, prometo qualquer coisa!
  – Nunca mais chegue perto dela.
  – Não vou, nunca mais.
  Ela riu e revirou os olhos. Como era bom ouvir sua risada, mesmo que tensa!
  – Ok Styles, agora você está parecendo uma criancinha que fez coisa errada e está tentando se desculpar.
  – Mas é exatamente isso que eu to tentando fazer, não é? - e nós dois gargalhamos juntos.
  Ela me soltou e foi em direção à sala, mas ainda ouvindo quando eu chamei:
  – Ei, onde você está indo? Temos que fazer o macarrão!
  Ela gritou de volta:
  – Não, você tem que fazer o macarrão, eu tenho que impedir o Lou de escolher um filme de suspense ridículo para nós vermos! - ela já tinha sumido, mas então voltou dizendo - E, ah Harry, use o molho à bolonhesa; o de manjericão está um pouco estragado!
  – Como você sabe disso? - perguntei.
  – Como você não sabe? - ela riu, desaparecendo outra vez.

  Zayn's POV

  Ouvimos toda a discussão do Harry com a Feeh, por causa da gritaria. Ela havia dito coisas duras pra ele, mas no fundo todos nós sabíamos que ele merecia. Ficar com a Caroline de novo... Onde ele estava com a cabeça?!
  E de repente os gritos cessaram, era como se tivessem feito as pazes. E é claro que tinha aqueles dois não conseguiam ficar brigados por muito tempo, e isso era bom, mas me lembrava dos meus bons tempos com a Lelê...
  Droga, por mais que eu tentasse provar o contrário meus pensamentos sempre voltavam pra ela! E é claro que eu já deveria ter superado, na verdade eu superei, um pouco...
  Vou negar que esse útimo mês foi difícil pra mim? É óbvio que não. Eu estava prestes a pedir a baixinha em namoro quando 'BUM': Zayn, acho melhor nós não sairmos mais. Depois disso eu passei horas interrogando a Feeh sobre o que tinha acontecido e só parecei quando me dei por convencido de que ela realmente não sabia de nada. Perguntei também se a Letícia não estava saindo com outro cara, e a resposta foi definitivamente não. Então qual era o problema, eu tinha feito alguma coisa de errado?
  Quando cansei de sofrer e resolvi seguir em frente eu encontrei a Perrie e, cara, como ela é legal!
  No começo foi só amizade mesmo, ela me ajudou com a questão "Lelê" e eu a ajudei com seu ex-namorado. Mas então as coisas foram ficando mais legais, sair com ela alegrava todo o meu dia e até que um dia resolvemos que estávamos ficando.
  Ela ainda não mexia comigo como a Letícia e eu ainda não tinha um sentimento fixo e formado, mas eu com certeza gostaria de tentar alguma coisa.
  Algo que facilitou nossa relação foi o fato de ela também fazer parte de uma banda que estava surgindo agora, então ela entendia como era não tem tempo para sair ou como era um saco ter os paparazzi seguindo você por todos os cantos.
  Meus pensamentos foram interrompidos quando a Fernanda entrou na sala com um semblante cansado no rosto, ela havia feito as pazes com Harry, mas aquela discussão esgotou-a.
  Ela se sentou no sofá ao lado de Liam, ele passou o braço pelos seus ombros e disse:
  – Você tem que parar de tentar ser forte o tempo todo.
  – Eu não consigo. - respondeu ela.
  – Ser forte o tempo todo ou parar de tentar ser forte o tempo todo...? - perguntou Louis com a cabeça apoiada nos joelhos dela.
  – Eu... Eu não... Ah sei lá Lou, acho que ser forte o tempo todo...
  – Bem, pelo menos você reconhece e isso já é um avanço. - falou Niall tentando animá-la com um sorriso.
  – O que mais me magoa é... - ela começou a desabafar, mas Liam a impediu.
  – Não Feeh, você não precisa falar pra gente. - ela deu um longo e profundo suspiro e se calou. Mas então eu disse:
  – Não, ela precisa falar sim. Tirar esse peso de suas costas, desabafar... Vai Feeh, conta pra gente o que mais te magoa.
  Ela olhou para mim como quem dissesse "obrigada" e falou:
  – É que ele demorou tanto tempo pra me contar. Vocês podem falar que foi só uma semana, mas uma semana é demais pra mim... E outra, ele só falou porque o Louis ficou pressionando! Eu sinto... Eu sinto como se ele não confiasse em mim.
  Louis deu uma risada debochada e falou:
  – Feeh, o Curly confia mais em você do que nele mesmo! Fica tranquila, ok? Isso vai passar, tudo passa...
  E nesse momento Harry voltou para a sala de jantar com uma panela grande na mão. Ele vestia avental e chapéu de cozinheiro. Cara convencido!
  O cheiro estava realmente ótimo, então todos nós corremos para a mesa redonda. E pela última vez na noite eu me lembrei de Lêle, de Perrie e do que Louis falou: tudo passa. Tomara que ele esteja certo.
  Resolvi aproveitar a noite com os melhores amigos que alguém poderia ter. Mais idiotas e ridículos também; mas ainda assim os melhores.

  Liam's POV

  Eu sentia muita falta de Danielle. Ela estava fazendo um curso de dança na Holanda faziam umas três semanas, e eu já estava me matando de saudades dela. Mas eu não reclamava muito para os meninos, não demonstrava... Todos eles tinham problemas maiores que os meus, e na verdade, eu não tinha um problema, era só uma terrível situação de pessoa apaixonada. Então, pra tentar amenizar um pouco essa saudade, eu o ajudava com o que quer que precisem.
  Niall estava apaixonado também e fim. Mas todos nós sabíamos, mesmo sem conhecê-la, que Helaine também gostava dele. Só que o irlandês também sentia muita falta da Mary, que era como a Feeh pro Harry.
  Louis tinha algumas briguinhas de vez em quando com a Eleanor, mas nada que eles não superassem com um bom jantar romântico no Nando's e um passeio de noite no London Eye.
  Harry estava indo pro fundo do poço. Tinha ficado com Caroline mais uma vez, e eu sabia que dessa vez ela não o deixaria ir tão fácil; ela o perseguiria até o fim de suas forças. É claro que ele sempre tinha aquele porto seguro chamado Fernanda, mas ai é que está, por mais que ela dissesse que estava tudo bem, eu sabia que ela ainda estava chateada com ele. E em minha opinião aqueles dois ficariam perfeitos juntos, mas a amizade era tão longa e tão forte que era difícil de imaginá-los como alguma coisa a mais.
  Então vem Zayn, que é o que tem mais problemas de todos nós. Ele ama a Letícia, ama de verdade, como nunca amou qualquer outra garota, mas está tentando superá-la com outra garota que sequer conhecemos. Não que eu esteja falando mal de Perrie, porque, de novo, eu não a conheço; mas acho difícil ele superar alguém que o marcou tão intensamente, pelo menos não tão rápido quanto ele deseja.
  Tirando meus pensamentos melancólicos da noite e voltando à nossa situação no momento... A comida de Harry estava uma delícia! Tudo bem que ele sempre cozinhou bem, mas dessa vez ele se superou, dá até pra casar!
  O clima estava menos tenso entre todos nós. Harry já havia contado para a Feeh sobre sua mancada com Caroline, então Louis já tinha parado de encher o saco. Parecia que Zayn tinha esquecido de seus problemas hoje, pelo menos por agora. Niall estava mais relaxado e brincalhão, acho que as coisas que a Feeh falou sobre a Laine o animaram o pouco. E Feeh sorria mais, como se estivesse realmente feliz por estar com todos nós essa noite, mesmo que seus olhos dissessem o mesmo.
  – Vamos lavar a louça? - convidou ela batendo palmas.
  Todos nós resmungamos alguma coisa diferente, que fez gritar "PREGUIÇOOOOOOSOS!" e eu falei:
  – Olha Feeh, acabamos de comer, estamos de barriga cheia e cansados, não rola de fazer nada agora não...
  – Isso aí, Daddy, falou tudo! - concordou Niall se jogando no sofá.
  – Negativo! - insistiu ela - Vocês já bagunçaram tudo o que eu arrumei! Temos que botar ordem nas coisas, rapazes! Zayn, você vai dormir na sala, então ela é toda sua. Niall e Liam, já para o quarto de hóspedes! Fiquei até com medo de arrumar aquela coisa quando cheguei aqui... Louis, você está de parabéns, seu quarto estava ótimo!
  – Isso! - comemorou ele.
  – Maaaaas você ainda vai me ajudar com a cozinha. E Harry...
  Ele olhava pra ela com os braços cruzados e com um sorriso se formando no canto dos lábios. Ele sabia que não tinha que fazer nada, eles nem entraram no seu quarto desde que ela arrumou tudo. E então ele disse, já sorrindo:
  – E aí, mamãe, qual é a minha tarefa mesmo?
  Feeh olhou pra cima como se pensasse em alguma coisa e em menos de um minuto depois apontou para ele com os olhos arregalados.
  – Vá tomar banho, não vou dormir com alguém fedorento!
  – O quê?! - ele exclamou se cheirando - Mas eu não estou fedorento!
  – Não Styles, não nesse sentido. Mas você está só cheiro de comida, e além do mais, todos vamos fazer alguma coisa, você não pode não fazer nada!
  – Claro que posso!
  – Agora Harry! - ordenou ela rindo, e depois se virou para o restante de nós - E vocês também, vamos, vamos!
  Ela continuava rindo de nada e foi puxando o Louis para a cozinha, enquanto Zayn há pegava uma vassoura para varrer a sala. Caminhei em direção ao quarto de hóspedes com Niall.
  O quarto ficava ao lado do de Louis e na frente do de Harry.
  Ouvimos o barulho do chuveiro vindo do quarto do Curly e então percebemos que nós éramos os únicos que não estavam seguindo as "ordens" da Feeh.
  – Pronto para encarar essa, Nialler? - perguntei com a mão na maçaneta.
  Ambos sabíamos que bagunça que estava aquele quarto; ele não era arrumado há séculos, desde a última vez que dormimos aqui! E, bem, da última vez que dormimos aqui Niall estava bêbado de um modo meio... Inconveniente.
  – Nunca vou estar. - ele riu quando eu abri a porta.

  Feeh's POV

  – Vem Lou, vem menino! - eu estava tendo que puxá-lo para chegarmos à cozinha, porque ele sentou no chão no corredor que liga a sala até a cozinha.
  – Não Feeh, sério, olha, nem ta muito bagunçado!
  – Ah não, imagina! A pia está cheia de panelas e olha só essa bancada! Meu Deus, Harry é impossível!
  – Isso ai, Harry é impossível, não eu. Mande ele vir ajudar você!
  – Poxa Lou, mas eu quero você. - falei fazendo biquinho e cara de cachorro que caiu da mudança. Ele riu e respondeu se levantando:
  – Tudo bem, mas só porque eu não tenho nada pra fazer mesmo.
  Combinamos assim, eu lavava as louças e ele enxugava e guardava tudo e então rapidinho terminamos. Ele se sentou numa cadeira e falou:
  – Ok Feeh, o que tá pegando?
  – Como assim?
  – Ué, você tá estranha hoje...
  – Não estou.
  – Aham, tá sim.
  – Claro que não Louis, não pira.
  – Fernanda, você tá... Eu vi os apertos de joelho seus e do Hazza.
  – Ah, aquilo não era nada...
  – Não é algo que você precise (me/nos) contar?
  – Não, de verdade. Nossa Louis, como você ta careta hoje! O que aconteceu?!
  – Aah eu sei, os meninos já falaram isso... Pra te falar a verdade eu nem sei... Acho que é saudade da minha baixinha, só isso.
  – Também sinto falta dela, eram legais as nossas idas ao cinema com a Mary, a Lelê e a Dani!
  – Ér, ela também tá com saudade de vocês... - ele riu. Como os olhos de Lou brilhavam quando falávamos da Els! - Mas como vai o seu namoro?
  – É pra falar a verdade ou eu posso mentir? - perguntei dando uma risada seca.
  – Minta pra mim. - disse ele me olhando com um olhar curioso.
  – Nossa melhor impossível! Acho que já podemos até nos casar! - falei com um falso entusiasmo.
  Ele gargalhou e continuou:
  – Ok, agora fala sério.
  – Eu não aguento mais... É impossível ficar perto dele sem discutir sobre alguma coisa boba!
  – Então termina, se não te faz mais feliz...
  – Mas eu ainda gosto dele Lou, de verdade... O negócio é a companhia dele, isso que já está um saco.
  – Termina! Como você quer namorar alguém que você não gosta de ficar perto?! Isso não existe, Fernanda!
  – Não me chama de Fernanda, parece tão... Sério. Eu sei, mas... É só que não me parece a hora certa de terminar.
  – E quando vai ser essa hora?
  – Não sei. Quando eu me apaixonar por outro alguém, talvez... Ou se eu precisar ir embora... Não sei Boo.
  – Ah, então diga pra ele que você se apaixonou por mim e que não aguenta mais essa distância entre nós! - ele gargalhou mais uma vez e me fez rir também.
  Hoje ele estava tão distante que eu quase me esqueci de como era relaxante ficar perto dele, como ela bom dar umas risadas sem noção e sentido...
  – Claro né! Estou totalmente apaixonada por você! - eu disse quase sem ar de tanto rir.
  – Verdade, me esqueci que você é só do Curly...
  – Ok, muito engraçado, Tomlinson, mas agora eu vou subir porque o sono apertou...
  – Tudo bem, brasileirinha. - ele se levantou e deu um beijo em minha testa. - Boa noite, até amanhã.
  Eu estava subindo em direção ao quarto de Harry, desejando com todas as minhas forças que ele tivesse mesmo tomado banho; mas parei na porta do quarto, antes de abri-la, com meu celular vibrando em meu bolso:
  "Onde vc está? xx Laine perfeita"
  "Na casa de Larry :b pq? xx Feeh maravilhosa"
  "aaaaaaaaah isso n vale! Serio Fernanda, meu coração n aguenta tanto!! Niall tá aí tb? xx Laine sedução"
  "KKKKKK aiai viu... Tá sim, mas ele já foi dormir com o Payne... xx Feeh princesa"
  "COMASSIM DORMIR COM O PAYNE? Ele ta carente? Manda ele vir dormir comigo, to mó alone aqui ((: xx Laine q quer o Nialler na cama dela"
  "Haha, ele foi dormir com o Payne pq tava faltando quarto, idiota! Ele com o Payne, Tommo sozinho, Zayn na sala e eu com Styles... Mas e aí, ta fazendo o que? xx Feeh q morre de rir da Laine"
  "aaaf! To fazendo nada amr, por isso que mandei sms procê... Quer sair agr? xx Laine carente"
  "Tá lok? Agr???! Ah neeem, to com soninho... Amanhã rola? xx Feeh cansada"
  "Rola siiiiiiim! Mas só se vc chamar os minos prftos ((: xx Laine animada"
  "Pod deixar neném! To indo, b noite! xx Feeh out"
  "Ah, vou dormir tb então... Até amanha!! xx Laine out"
  Entrei no quarto rindo da minha rápida conversa com a Laine e vi que Harry estava deitado na cama, jogando um jogo qualquer em seu iPad.
  Me joguei na cama também e cheirei seu pescoço, o fazendo rir.
  – Muito bem Sr. Styles, muito bem...
  Ele riu e me mostrou o iPad:
  – Olha. - vi que seu jogo era o "Fruit Ninja", e ele tentava bater meu recorde - To quase lá!
  – Lógico que não, menino, você nunca vai me vencer!
  – "Never say never"...
  – Ei, achei que Niall que fosse o Boylieber aqui...
  – Ele é, mas olha só, eu ainda ganho de você... - ele riu de novo, beijou o topo de minha cabeça e se virou de lado, desligando o iPad pra dormir.
  Não demorou muito e dormi também, agradecendo silenciosamente por ter conseguido enfrentar todos os meus demônios internos, pelo menos por hoje...

IV

  Get out, get out of my head
  And fall into my arms instead

  Laine's POV

  Minha noite estava sendo incrivelmente entediante. Eu não tinha nada para fazer; acabei meus deveres assim que cheguei da escola, terminei de ler aquele livro chato para a prova da semana que vem - Morro Dos Ventos Uivantes, o-d-e-i-o livros de romance antigo - escutei toda a playlist do meu iPod e a internet estava fora do ar por conta das obras que estavam sendo feitas aqui em casa.
  Tentei dormir mais cedo para afastar o tédio, mas a verdade é que eu não estava cansada, o dia de hoje mão foi corrido nem nada do tipo. Mas é claro que essa minha tentativa também falhou; era noite de sexta-feira e as minhas duas irmãs mais velhas eram, ao contrario de mim, maiores de idade e tinham uma vida social extremamente agitada, então viviam entrando e saindo do meu quarto. Não que eu não tivesse uma, é lógico que eu tinha, mas era em Paris.   Lá eu era a popular da escola, fazia e era convidada para as melhores festas, nunca parava em casa nos finais de semana e quase morava nos shoppings. Se eu sinto falta disso tudo? Fico feliz em dizer que não. Não, porque apesar de estar sempre cercada de pessoas, faltavam-me amigos verdadeiros, embora eu tivesse a vida perfeita de cinema, eu não era feliz.
  E então meus pais tiveram que voltar para Londres - eles era britânicos e eu e as minhas irmãs, parisienses - e eu aceitei de bom grado. Eu estava mesmo precisando de uma mudança e, além do mais, era Londres, somente a casa da boyband mais perfeita da história da humanidade, One Direction.
  Chegamos no final de Janeiro, portanto entrei na escola que estudo no começo de Fevereiro. Lá pra Março eu conheci e fiquei amiga da Feeh e da Lelê, aquelas duas directioners doidas (e sortudas!) que sempre me faziam rir. Veio Abril e eu conheci Niall; e foi aí que tudo mudou.   Quando se é muito fã de alguém é normal ficar dizendo que ama ou que vai casar com ele/ela. Isso é amor, sim, mas é do tipo de admiração e orgulho do seu ídolo. Mas nenhum fã tem ideia de como é louco se apaixonar por alguém que você já ama.
  Isso aconteceu comigo em relação ao Niall. Sempre que me perguntavam coisas do tipo "você está apaixonada?" ou "você está namorando?", minha resposta sempre era "claro que sim, com Niall Horan!". Eu também me referia a ele como "o irlandês mais lindo de todos", "meu loiro lindo/perfeito/gostoso/sedução", "Nialler" ou "Nini". Mas eu não tinha a menor noção do que era realmente sentir algo por ele até o dia em que ele sorriu pra mim no café da rua de baixo.

  Flashback ON

  Eu bocejei e minha visão ficou embaçada. Por que diabos eu tinha que acordar tão cedo todos os dias? Cocei os olhos e olhei em direção à porta, sem acreditar no que eu via!
  Era uma figura que falava sorridente ao telefone, que usava um boné vermelho e branco, uma regata também branca, uma bermuda simples e chinelos. Não era muito alto, com olhos mais azuis que o céu e tinha um aparelho transparente nos dentes. Era Niall Horan.
  Meu coração foi até a boca e voltou quando ele desligou o telefone e entrou - ainda sorrindo - no café e se sentou a duas cadeiras de distância de mim. Ele cumprimentou o atendente que eu conheci em meu primeiro dia aqui, falando:
  – Hey John, bom dia cara! Me veja dois do de sempre, por favor. - meu Deus, como aquele sotaque era perfeito!
  Vi John preparar dois expressos fortes para viagem. Niall pegou os copos e se dirigiu até a porta, dando um leve sorrisinho pra mim quando se levantou.
  Fiquei paralisada; sem reação. Eu estava definitivamente vivendo um sonho. Niall Horan havia sorrido pra mim - é claro que havia a possibilidade de ele só ter sorrido porque eu o encarava loucamente, maaaaaas... Foi um sorriso meio sem graça e com vergonha, mas que brilhava nos olhos. E, ah, os olhos! Me perdi olhando para aquelas duas perfeitas safiras, que estavam meio inchados, indicando que ele tinha acordado não fazia muito tempo.
  Foi tudo muito rápido, questão de segundos. Quando voltei a mim ele já estava passando pela porta, indo em direção do carro que estava parado esperando por ele, com (CARAMBA) Liam Payne dentro.
  Depois que saí do meu transe eu praticamente subi no balcão e agarrei a gola da blusa de John, dizendo:
  – Como você conhece ele?!
  – Quem? O loiro irlandês? - perguntou ele meio assustado, mas rindo daquilo tudo.   – É! - gritei.
  – Ah, Niall vem aqui toda segunda às seis e meia e sempre pede dois cafés expresso para viagem. E terça a sexta ele vem às sete e fica mais ou menos até às oito. Nos sábados ele chega um pouco mais tarde, lá pelas dez. Nunca apareceu por aqui um domingo que seja. Toda semana é assim, sem faltar, nunca mais cedo, nunca mais tarde...
  E depois daquele dia eu sempre estava lá, às seis e meia na segunda, às sete de terça a sexta, às dez no sábado. E eu também ia aos domingos, vai que um dia desses ele resolvia mudar sua rotina...

  Flashback OFF

  Resolvi que não ia ficar no tédio. Me levantei e abri meu guarda-roupa, buscando algum vestido pra noite. Pensei em ligar pra Feeh e chamá-la pra sair comigo, mas achei melhor mandar mensagem.

  "Onde vc está? xx Laine perfeita"
  "Na casa de Larry :b pq? xx Feeh maravilhosa"
  "aaaaaaaaah isso n vale! Serio Fernanda, meu coração n aguenta tanto!! Niall tá aí tb? xx Laine sedução"
  "KKKKKK aiai viu... Tá sim, mas ele já foi dormir com o Payne... xx Feeh princesa"
  "COMASSIM DORMIR COM O PAYNE? Ele ta carente? Manda ele vir dormir comigo, to mó alone aqui ((: xx Laine q quer o Nialler na cama dela"
  "Haha, ele foi dormir com o Payne pq tava faltando quarto, idiota! Ele com o Payne, Tommo sozinho, Zayn na sala e eu com Styles... Mas e aí, ta fazendo o que? xx Feeh q morre de rir da Laine"
  "aaaf! To fazendo nada amr, por isso que mandei sms procê... Quer sair agr? xx Laine carente"
  "Tá lok? Agr???! Ah neeem, to com soninho... Amanhã rola? xx Feeh cansada"
  "Rola siiiiiiim! Mas só se vc chamar os minos prftos ((: xx Laine animada"
  "Pod deixar neném! To indo, b noite! xx Feeh out"
  "Ah, vou dormir tb então... Até amanha!! xx Laine out"

  Ah não, isso sim era sacanagem comigo. Fiquei presa em casa numa sexta à noite e a Feeh estava na casa dos meninos! Ela provavelmente teve uma noite maravilhosa ao lado deles... E eu precisava conhece-los!
  Do jeito que ela e a Lelê falavam eles pareciam ser tão maravilhosos... Quer dizer, eu sei que eles são, é lógico que sei. Mas não estou falando de Harry Styles, Niall Horan, Liam Payne, Louis Tomlinson e Zayn Malik, os famosos da One Direction pelos quais eu era apaixonada desde 2010; estou falando de Hazza, Nialler, Daddy, Tommo e Bradford Bad Boy, estou falando daqueles cinco amigos para todos os momentos, que se divertiam e brincavam juntos, mas que sempre estavam lá para os tempos difíceis também. Era essa One Direction que eu tanto ansiava em um dia conhecer e, se Deus quisesse, esse dia seria amanhã.
  Me deitei na cama pensando em que lugar iríamos amanha... Não podia ser muito romântico, porque se não a coisa ficaria tensa pelo fato da Feeh, do Louis e do Liam estarem namorando, também não podia ser tão descontraído assim, pois eu estaria acabando de conhecer todos eles... Por fim resolvi deixar isso à escolha deles, qualquer lugar então estaria bom.
  Fechei os olhos e tentei dormir, mas não consegui de novo. Dessa vez não foi por causa do barulho, ou da correria das minhas irmãs nem nada do tipo; é que meus pensamentos foram parar nele de novo, tirando completamente meu sono.

  Niall's POV

  Acordei cedo e saí silenciosamente do quarto para não acordar Liam também. Fui até o quarto de Louis e vi que ele ainda estava dormindo, assim como Harry e Feeh que deixaram a porta do quarto entreaberta. Zayn também dormia, no sofá. Caramba, era tão cedo assim?!
  Fui até a cozinha e olhei com dificuldade para o relógio, pois a minha vista ainda estava embaçada: 8h45min. Ótimo, acordei 45 minutos mais cedo do que eu tinha planejado.
  Pensei em comer alguma coisa mas logo descartei essa ideia. Tomar café da manha em casa era só aos domingos; eu já tinha um encontro marcado (ou quase isso) com John (e talvez não só ele) no seu Café de segunda a sábado. Felizmente, hoje eu poderia chegar um pouco mais tarde...
  E não importava o quanto mais tarde ou mais cedo eu chegasse, ela sempre estava lá, tomando seu cappuccino com raspas de chocolate branco por cima. Com o nariz e os olhos vermelhos por ter acordado cedo e as bochechas sempre rosadas, com os cabelos negros descendo pelas costas, um sorriso tímido no canto da boca e olhos desafiadores. Essa era minha Laine, mesmo que ela ainda não soubesse que era minha.
  Uma memória que faço questão de nunca esquecer é a do dia em que a vi pela primeira vez, lá, no Café do John, sentada no terceiro banco do balcão, encolhida para que ninguém prestasse atenção nela.

  Flashback ON

  – E você poderia, por favor, me contar qual é o seu paradeiro do momento, Srta. Watson? - falei rindo, esperando Liam encostar o carro na calçada para que eu pudesse pegar nosso expresso de toda segunda.
  Mas hoje não era uma segunda normal, minha Mary ligou pra falar comigo, e eu estava extremamente feliz.
  – Claro Sr. Horan! Saio de Barcelona daqui a duas horas, estou indo para Veneza!
  – Olha lá com quem que você vai andar nas gôndolas, viu Mary!
  Ela deu uma gargalhada gostosa de se ouvir e falou:
  – Tudo bem Niall, eu sei me cuidar!
  Eu desci do carro e parei na porta do Café rindo, como era bom falar com ela!
  – Ei Mary, tenho que desligar, vou comprar meu café agora...
  – Dois expressos para viagem, por favor. - disse ela imitando minha voz - Ok, Nialler, depois a gente se fala.
  – Promete que vai me ligar quando chegar em Veneza?!
  – Sim, papai!! - ela riu uma última vez e desligou o telefone.
  Entrei sorridente no Café. Nada nem ninguém tiraria esse sorriso de mim hoje, isso era uma promessa!
  Fui andando em direção ao balcão onde John atendia uma outra pessoa. Uma garota. Uma garota que eu nunca havia visto por aqui - olha que eu sei de todas as pessoas que já passaram por aqui. Ela vestia um vestido florido que combinava com a estação do ano e uma jaqueta jeans, tinha a pele um pouco bronzeada e olhos e cabelos negros, não parecia ser daqui.
  Sentei a três bancos de distância dela e foi só ai que percebi que ela me encarava. Então cresceu em mim uma estranha vontade de que ela estivesse sempre aqui nesse horário e que não me conhecesse, para que eu pudesse me apresentar e conversar com ela como uma pessoa qualquer. Mas ela me encarava com firmeza, o que quer dizer que ou ela me conhecia, ou me achava um estranho ridículo. Eu preferia que fosse a segunda opção.
  – Hey John, bom dia cara! Me veja dois do de sempre, por favor. - eu disse e ouvi ela suspirar. Minha vontade de rir e falar com ela era tão grande, mas eu me segurei...
  Ela fixou sua atenção em John fazendo meu café, como se reparasse em cada detalhe dele.
  Peguei os dois copos e me levantei em direção a porta e percebi que ela olhava de novo pra mim. E foi aí que fiz algo não planejado, algo fora de mim, automático e mecânico. Eu sorri pra ela e a firmeza de seus olhos se foi, seus músculos relaxaram e sua respiração era profunda. Mantive meu olhar no dela por alguns segundos, o que foi muito menos do que eu desejava, e então segui andando.
  Entrei no carro e vi que Liam estava destruído, então fiz uma das maiores burradas da minha vida perguntando:
  – Daddy, você acredita em amor à primeira vista?
  Ele riu e, ainda distraído, falou:
  – Do que você ta falando, Niall?
  – Nada não...

  Flashback OFF

  Tomei um banho quente e depois vesti minha regata branca que eu sabia que deixava a Laine louca. Na verdade, vesti a roupa que estava vestindo no dia em que a vi pela primeira vez.
  Peguei as chaves do carro de Harry e já estava a caminho da porta quando me toquei de que ele ficaria puto se eu de repente sumisse com seu xodó. Peguei um pedaço de papel e escrevi:   "Peguei o bebê, relaxa, foi uma emergência... Volto antes do almoço! xx Nialler"
  Entrei correndo no carro e arranquei com ele. O Café não era longe da casa de Larry, mas logo hoje, só porque eu estava com pressa, peguei um trânsito infernal no meio do caminho.
  O tédio e a vontade de chegar logo estavam me matando. Liguei o rádio e estava tocando Save You Tonight, o que foi extremamente irônico, porque é a nossa música que a Laine mais gosta.
  Cheguei no Café às 9h30min e um sorriso involuntário se abriu no meu rosto quando vi que ela ainda não estava lá. Pedi um chá de camomila enquanto a esperava.
  – Chegou cedo hoje, hein irlandês! - exclamou John me dando meu chá.
  – Ér, acordei mais cedo do que o previsto... - respondi sem dar muita atenção a ele, eu olhava impaciente para a porta.
  – 15 minutos.
  – O quê? - perguntei confuso.
  – Sua parisiense vai chegar daqui a 15 minutos.
  Me animei mais um pouco e passei esses quinze minutos fazendo qualquer coisa; escutando música, lendo jornal, assistindo o noticiário da manhã, tomando outro chá...
  Até que minha atenção foi atraída pelo barulho da porta se abrindo. Ela veio andando em minha direção com a cabeça baixa - bem, na verdade, não em minha direção, mas sim em direção ao balcão, porque ela ainda não havia me visto...
  Me pus de pé rapidamente e fiquei no meio de seu caminho e então percebi que ela não prestava atenção porque escutava música em seu iPod. Hoje minha Laine vestia um short jeans meio detonado e uma camisa preta, escrita "I ? Paris" de branco e vermelho. Usava uma boina vermelha de lado e botas também vermelhas. Estava, como sempre, corada.
  Era ia bater em mim, pois não olhava para frente, então segurei seus ombros, fazendo-a parar bruscamente e disse:
  – Olhe para onde anda, França.
  Seu primeiro olhar foi de raiva, pela força com qual a segurei. Mas depois seus olhos demonstravam incredibilidade e espanto, como se ela estivesse me divertindo de me ver ali antes dela, mas também estivesse um pouco incomodada com isso.
  – Então me largue, Irlanda. - há algum tempo nós tínhamos criado essa mania de nos chamar pelos nossos países natais (não só entre nós dois, chamávamos a Feeh de Brasil também).
  Ao invés de largá-la, como ela havia pedido, eu a abracei forte e fiquei muito feliz quando ela retribuiu o abraço. Beijei sua bochecha e a conduzi até uma mesa de apenas duas cadeiras no fundo do estabelecimento.
  Ela me olhava com um biquinho zombeteiro.
  – Que foi, Laine?
  – Não gostei. Gosto de ser a primeira a chegar!
  – Bem, mas nem sempre nós temos tudo o que queremos, não é...? - eu sorri e apertei sua bochecha.
  Ela desviou da minha mão rapidamente e ficou me encarando com um olhar sério, que logo se desfez e ela abriu um sorriso.
  E eu amo tanto ver esse sorriso...

V

  Baby you light up my world like nobody else

  Mary's POV

  Finalmente eu estava em Londres. Casa! Nesses últimos seis meses eu estava viajando pelo mundo. Metade da Europa, China, Austrália, EUA, Canadá e mais uns países da America do Sul. Claro que no inicio meus pais foram completamente contra e os problemas financeiros foram muitos, mas no final eles vieram comigo por uns países e eu acabei arrumando uns trabalhos aqui e ali. Anyway. Eu estava em casa e agora tudo voltaria ao normal. Pelo menos eu espero.
  Eu estava passando pela City (N/A: City é o centro financeiro e histórico de Londres) e olhava para as figuras principais da cidade como se fosse a primeira vez. Eu sorria. Não tinha explicação o tanto que eu estava alegre por estar de volta à Inglaterra.
  Peguei meu celular. Eu tinha que avisar meus pais que eu havia chegado, mas eu havia ligado para eles no aeroporto em Amsterdã, então mandei uma mensagem dizendo que eu estava bem e que estava cansada demais para ligar. Ok, quem mais? Perrie? Niall? Fefa? As meninas do colégio? Bom, Perrie com certeza estaria gravando com as Little Mix, Niall estaria ensaiando para a turnê que eles fariam em breve porque agora eram apenas 2 da tarde. Fefa estaria chegando da escola, na casa das amigas, estudando em casa, de bobeira em casa ou na casa do Harry e do Lou arrumando as coisas. E também tinha as meninas da escola. Eu estava sempre as atualizando da minha viajem, mas ligar agora ou encontrar era cansativo demais e também contava o fato de que eu não queria saber como era maravilhosa a universidade.
  Decidi não ligar para nenhum deles. Eu tinha que chegar em casa e arrumar as coisas no apartamento porque ele não era limpo ha seis longos meses. Eu morava com minha irmã mais velha, Dafne. Ela estudava na universidade de Oxford então morava lá, e só vinha nas férias e feriados para casa, ou seja, a casa não é habitada e muito menos limpa há seis meses.
  – Obrigada e tenha um bom dia - agradeci e paguei o taxista e desci do carro com minhas enormes malas nas mãos e nos ombros.
  O apartamento estava exatamente do jeito que eu deixei antes de sair. Ate os mínimos detalhes e desconsiderando a nada fina camada de poeira sobre os moveis. Fui direto para meu quarto onde eu desfiz as malas todas e guardei cada coisinha em um lugar. Dai fui para a cozinha e peguei pano de chão, vassoura e rodo e comecei a faxina. Não faço a mínima ideia de quanto tempo fiquei arrumando a casa. Mas quando eu terminei acabei desmaiando na cama de tanto sono.

  "heeeeey Mary!! Cadê você menina?! Já chegou de viajem? Como foi? Oh gosh eu tenho que te falar umas coisas que aconteceram enquanto a senhorita estava fora!!
  xx Perrie"

  Acordei com o celular apitando e a mensagem de Perrie no visor. Olhei no relógio: já eram dez da noite. Quanto tempo eu tinha dormido?

  "Cheguei hoje a tarde, mas eu tive que arrumar as coisas por aqui... Vamos sair essa noite? Uma balada ou qualquer coisa?
  xxx Mary"

  Levantei com dificuldade da cama e fui tomar um banho. Como estávamos em maio o tempo não estava mais tão frio assim. Tomei um banho rápido e quente e quando sai meu celular tinham mais duas mensagens: Perrie e Niall.

  "Honey fico te devendo essa. Hoje eu tenho que dormir cedo porque tenho que gravar amanhã. Ninguém merece :/ anyway. Tenho que dormir. Te ligo amanha para combinar alguma coisa. Saudades.
  xx Perrie"
  "Cadê minha garota idiota? To com saudades! Cadê você? Já chegou?
  xx Nialler"
  "heeeeeeey yo Niall! Cheguei hoje à tarde, mas tinha que arrumar umas coisas. Também estou com saudades.
  xxxx Mary"

  Deixei o telefone de lado por um instante e coloquei uma roupa quente. Eu tinha me desacostumado com o clima britânico enquanto estava fora então obviamente eu me enrolava com todo tipo de roupa. Minutos depois voltei o olhar para o telefone. Niall tenha me respondido:

  "Chegou e nem liga pra mim?! Magoou! Anyway eu, Liam e Zayn estamos indo para a casa do Boo e do Curly o que acha?
  xx Nialler irlandês lindo."

  Eu não tinha nada para fazer essa noite mesmo, então coloquei uma roupa um pouco mais arrumada e respondi Niall:

  "Me da 20 minutos que eu estou na casa de Larry
  xx Beauty Mary"

  Niall's POV

  Eu estava no carro junto com Liam e Zayn indo para a casa do Harry e do Louis quando recebi a mensagem de Mary.
  – Por que tão feliz Niall? - perguntou Liam no banco de trás.
  – Mary vai hoje...
  – Ela já chegou? - perguntou Zayn surpreso.
  – Não. Ela vai em forma de holograma. - Ironizei. - Lógico que chegou!
  – Cada dia mais esperto em Niall?! - zombou ele.
  – Quando ela chegou Nialler? - perguntou Liam cortando o momento irônico entre mim e Zayn.
  – Ao que parece, ela chegou hoje à tarde e até agora só falou comigo.
  – Hmm. Cara, que saudade dela.
  Chegamos ao prédio deles e paramos o carro na garagem. Dez minutos para Mary chegar. Eu estava ansioso, não a via há seis meses!
  – Cheguei! - gritei entrando na sala e me sentando no sofá. Liam e Zayn vieram atrás gritando também e se sentaram no outro sofá a minha frente.
  Louis saiu do quarto com o celular na mão e Harry andava pelado no corredor até que entrou no quarto.
  – Namorada Tommo? - perguntou Zayn apontando para o celular nas mãos dele.
  – Sim, ela esta viajando para a Rússia para fazer umas fotos. - Louis se esparramou no sofá do meu lado. - Quais são os planos para hoje? - perguntou ele ainda olhando para o celular.
  – Eu já passo a semana inteira trabalhando com vocês e ainda temos que passar a noite juntos aqui? - reclamou Liam.
  – Lili, eu sei que você cansa da nossa presença e preferia estar com a Danielle, mas como eu te disse no carro, hoje é especial! - eu disse animado e ele acabou concordando.
  – Especial? - perguntou Louis deixando o celular de lado.
  – Mary Watson.
  – Quando ela chegou? - perguntou Harry entrando na sala já vestido.
  – Hoje. - Uma voz feminina veio da porta. - Meninos, sabiam que é perigoso deixar a porta aberta?
  – MARY! - Gritei e corri em sua direção. - Que saudade de você idiota! - A abracei forte.
  – Ni-a-ll v-v-você v-v-v-va-a-i m-m-me su-fo-car!
  – Desculpa, empolguei. - Ela sorriu. Ai que saudade daquele sorriso, daquela pessoa que me ouvia quando eu precisava que me falava o que eu precisava ouvir que ria da minha cara, me xingava e me fazia pagar mico na frente do mundo todo...
  Os outros meninos estavam atrás de mim e um por um foram a cumprimentando. Tranquei a porta e fui para o sofá.
  – Então, me digam como foram os últimos seis meses? - ela perguntou se sentando do meu lado no sofá.
  – Sem você o Niall quase morreu... - disse Harry ironicamente.
  – Own, e eu quase enlouqueci sem você... - Ela me abraçou forte. - Mas é sério, o que eu perdi?
  – Ensaios, fotos, fãs, autógrafos, entrevistas, Simon... Nada que mereça detalhes. E a viagem? - perguntou Louis.
  – Per-fei-ta! - ela abriu aquela mala que ela chamava de bolsa - E eu até... Ei, cadê a Fefa?
  – Estará aqui em 13 minutos - respondeu Harry olhando para o relógio.
  – Posso per...
  – Nem pergunta. - A cortei sussurrando. Harry e Feeh tinham criado a mania imbecil de não arredondar as horas.
  Ela deu os ombros.
  – Ah, quase me esqueci... Trouxe presentes pra todos vocês!
  Houve um alvoroço só. Cada um de nós queria que ela desse seu presente primeiro e todos pulamos em cima dela fazendo cócegas. Mary ria tanto que sua respiração estava ficando ofegante. Até que ela conseguiu sair do nosso montinho e falou:
  – Bem, Niall, você é o primeiro. - eu me levantei animado e fui em sua direção. Ela segurava uma grande caixa que não era muito espessa.
  Quando eu estava quase pegando a caixa da sua mão, ela puxou para o lado e fez uma cara seria, dizendo:
  – Como é que se diz? - Eu ri e dei outro abraço sufocador nela, e então sussurrei em seu ouvido:
  – Obrigado, Watson.
  Ela sorria enquanto eu abria a caixa lentamente. Não foi preciso eu levantar muito a tampa para aquele cheiro inebriante invadir todos os átomos do meu ser. Ah, eu amava aquela garota! Aquilo, o conteúdo da caixa, era chocolate!
  – Meu Deus Mary, eu te amo! - eu já ia colocar um dos bombons dentro da boca quando ela gritou:
  – NÃO! Não Niall, esses não são para "comer", são para "apreciar"... - Ela fez aspas com os dedos. - Vai com calma ai Horan. - depois ela pegou uma embalagem que parecia de um livro. - Harry, a Fefa me contou a sua nova paixão quando nós conversamos no telefone pela última vez e, bem, levando isso em consideração, eu achei isso aqui a sua cara.
  Ela entregou a embalagem a um Harry animado, que a abriu com cuidado e ao ver o que tinha dentro, olhou com os olhos arregalados para ela.
  – Mary Anne Watson, você está louca de me dar uma coisa dessas?! - ele a encarava e ela ficou ligeiramente vermelha, falando:
  – Ah meu Deus, desculpa Harry, se você não gostou eu posso...
  – O quê? Se eu não gostei?! - Ele interrompeu a sua fala. - Eu amei, de verdade! Mas você acaba de deixar todos nós uns 20 quilos mais gordos!
  – Do que você está falando Harold? - Perguntei confuso.
  – Como assim 20 quilos mais gordos? - exclamou Louis.
  – Como assim todos nós? - Zayn falou espantado.
  Liam riu com a reação de nós três e disse:
  – O que é Harry?
  Definitivamente era um livro. Ta, mas eu ainda não entendia porque um livro deixaria todos nós 20 quilos mais gordos, até que Harry leu o título:
  – Faça Fácil: As 250 melhores receitas da culinária italiana em versão resumida!
  E então eu estava nas nuvens! 250 receitas. Comida. Comida italiana. Muita comida. Muita comida italiana!
  – Só não volta a ficar gordo! - Ela riu. - Bom... - ela olhou dentro da bolsa - Zayn Vain! - Ela tirou uma embalagem grossa da bolsa. - Eu no inicio não queria trazer, mas eu me apaixonei quando o vi enquanto estava na Itália.
  Ele demorou um pouco para abrir o embrulho, mas era um espelho. Cheio de detalhes, típico de filme.
  – Haha, agora alguém vai ficar mais tempo ainda se olhando no espelho, ele ajeitou o topete. Adorei Mary.
  – Haha, eu não sabia se ia gostar, comprei mesmo porque é perfeito e você... Ah, Zayn Vain, tem mais uma coisa pra você... - Ela mexeu na bolsa de novo e tirou outro embrulho. - Eu sei que você adora desenhar então...
  Ele se animou e abriu como uma criança pequena. Era um conjunto de desenho com todas as cores imagináveis de lápis de cor.
  – Wow, wow, WOW MARY! - Ele dizia animado olhando para o conjunto. - MARY VOCÊ VAI PARA O CÉU CARA! - Todos rimos e ele correu para abraçá-la. - Te amo...
  – Que novidade... Haha. Agora é o... Liam! - Ela riu e tirou um envelope da bolsa. - Você vai amar.
  Ele abriu o envelope, tinha dois papéis dentro. Ele leu um e depois olhou para o outro e começou a rir.
  – Mary... - Ele tinha certa dificuldade de falar em meio as risadas. Eu estava curioso e peguei o envelope. O primeiro papel era uma foto de uma pessoa fantasiada de Woody segurando um papel escrito Liam e o segundo era uma carta com a letra da música "Amigo estou aqui" do Toy Story.
  – Tá de brincadeira né? - Eu disse e passei a foto e a carta para Harry.
  – Não. - Ela também começou a rir e logo estávamos os seis rindo como idiotas. - Ta, já deu. - Ela respirou fundo e tirou outro pacote da bolsa. - Seu presente de verdade Lili.
  Ele abriu o segundo embrulho com cuidado, era uma (outra) camisa xadrez.
  – Mary não...
  – Liam, meu lindo, nem começa! - Ela o interrompeu. - Eu achei a sua cara e comprei. - Ele a experimentou, serviu direitinho.
  – Conhece minhas medidas?
  – Querido, eu liguei pra Dani. Agora é o...
  – O melhor de todos! - Louis a interrompeu.
  – Isso, o melhor de todos. Loulou, não pense que é fácil comprar presente para você! - Ele riu.
  – Por que senhorita?
  – Porque você é único... - Nós todos rimos, menos Louis. Mary entregou para um Louis animado um embrulho, ele abriu com cuidado até que ficou encarando o conteúdo.
  – Mary... - Ele disse calmo ainda olhando para o embrulho aberto. Como sabia? Olhei para os outros, ninguém estava entendendo até Liam pegar. Era uma caixa pequena e dentro tinha um relógio. Mas ele era laranja e ao invés de ponteiros tinha duas cenourinhas.
  – Que meigo... - disse Harry. Eu não aguentei e ri.
  – Lou, você é o tipo de cara super imprevisível, então ninguém iria estranhar você aparecer com seu relógio de cenoura...
  – Eu adorei Mary. - Eu ainda ria e ele começou a rir junto comigo.
  – Para de rir de tudo Niall! - Ela me repreendeu.
  – Não dá!
  – Ai ai... Ah! Quase me esqueço: Não acabaram os presentes! - Ela tirou da bolsa outro embrulho, dessa vez maior. Na boa, qual era o tamanho daquela bolsa para caber tanta coisa?
  – Niall, Liam e Zayn, um boné para cada. E Louis e Hazza, um touca porque eu sei que vocês não ficam muito bem de boné...
  Meu boné era vermelho e estava escrito Rome, o do Liam era azul da Turquia e o do Zayn, amarelo da China. A touca do Harry era azul claro e a do Louis, roxa.
  – Mais um pra coleção! Haha! - eu disse e abracei ela.
  Ouvimos um barulho de chave na porta, só podia ser a Feeh. Mary levantou subitamente e correu para a cozinha.
  – Oi meu amores! - Feeh nos cumprimentou feliz. - Então, quais são os planos de hoje? É sábado e eu quero ficar up all night! - ela riu e continuou. - Ei, o que é isso tudo? - ela apontou para os presentes no chão.
  – Bú! - Mary gritou entrando na sala.
  – Aaaaaaaaaaaaaah! - Feeh gritou de volta e caiu no colo do Harry.
  Nós todos rimos. Até Harry, que fora esmagado por ela não conteve o riso. Mary já estava no chão de tanto rir.
  – Não teve graça - disse Feeh com sua habitual voz de coitadinha.
  – Teve sim! - Mary disse no meio de sua risada.
  – Pera ai... MARY! - ela levantou do colo do Harry e correu para os braços de Mary que levantava de chão. - Cara, que saudades! Será que você poderia ser mais amiga e NÃO - ela enfatizou o "não". -, fazer isso comigo de novo.
  – Haha ok, ok.. Eu queria fazer uma surpresa.
  – Que surpresa hein?! Quase tive um enfarto.
  Mary riu e falou:
  – Anyway...! Me conta, como vai o namoro? As amigas? A escooooola! - ela debochou com o fato de Feeh ser a mais nova dali e ainda estar na escola.
  – Ah, meu namoro está... Indo. As amigas estão ótimas e como sempre - ela jogou o cabelo. -, estou indo muito bem na escola. Estou prevendo uma carta de Cambridge quando eu terminar a escola.
  – Hm, ainda tenho que escolher uma universidade. Não sei se Cambridge ainda vai me aceitar no próximo semestre...
  – Universidade é para os fracos. - brinquei.
  – Falou o ser humano que desistiu da escola... - Mary disse caminhando para a sala e se sentando do meu lado no sofá enquanto Feeh se sentava do lado de Harry.
  – Então, o que vamos fazer hoje?
  – Harry podia cozinhar de novo né?! - Eu disse. - Cara, aquele último macarrão estava muito bom...
  – Eu não! - disse Harry.
  – Por que não Curly? Você sempre cozinha aqui em casa... - disse Louis brincando.
  – Eu sei Boo, meu amor, mas tem coisas que eu faço só pra você.
  – Eu tenho uma ideia melhor. - disse Mary. - Vamos pedir comida pelo telefone.
  – Nando's! - eu disse com a mão levantada.
  – Eu quero pizza! - disse Mary e Feeh concordou.
  – Ok. Pizza para as meninas e Nando's para os meninos.
  Harry levantou a mão.
  – Eu quero comida mexicana.
  – Oh my... - disse Mary. - Liam, Louis e Zayn, têm um pedido especial?
  – Não. Eu como com o Hazza - disse Liam.
  – Eu como com o Niall. Mas tem que ter galinha no meio. - disse Zayn.
  – Louis?
  – Hmmmmmmmmm eu como pizza com as ladies - ele fez um gesto gay.
  – Ok. Nando's para o Niall e o Zayn, mas tem que ter galinha para ele, comida mexicana para Harry e Liam e pizza para mim, Fefa e Boo.
  – This. - eu disse apontando para elas e elas foram para a cozinha.

  Liam's POV

  Mary e Feeh estavam na cozinha pedindo a comida pelo telefone enquanto nós cinco tentávamos chegar a algum acordo sobre qual filme assistir. Louis votava em um no qual nós não conseguíamos ler o nome. Niall queria Se Beber Não Case. Zayn escolhia Um Amor Para Recordar - ele havia perdido uma aposta com a Lelê há algum tempo atrás e deveria votar nesse filme na próxima vez que fossemos ter uma "movie night". Eu queria ver O Caçador de Pipas. E Harry insistia em Sem Saída.
  Era praticamente impossível escolher um só, então ficamos lá discutindo por algum tempo, até que a Feeh entrou na sala sorridente e perguntou:
  – O que está acontecendo?
  – Zayn quer um filme para meninas e gays. - Reclamou Louis.
  – Louis quer um filme para doidos. - Zayn rebateu.
  – Liam quer um para filósofos. - Falou Niall fazendo uma cara de tédio.
  – Niall quer um para bêbados. - Eu disse sério, nunca se chegava a um acordo...
  – E eu quero o melhor de todos... Acho que devíamos ver Sem Saída. - a discussão começou de novo.
  Ela olhava pra gente discutindo e ria, até que sugeriu:
  – Por que não assistimos Harry Potter? - Mary entrou na sala com o telefone na mão.
  – Gostei da ideia! - Niall animou.
  – É, é uma boa. - Me rendi.
  – Então que seja Harry Potter! - Louis bateu palmas e pegou todos os oito filmes, e depois os colocou em minha mão, como quem falasse que tínhamos um novo problema.
  – Tudo bem, agora qual nós escolhemos? Eu voto em ser A Câmara Secreta. - falou Zayn pegando tal filme da pequena pilha em minhas mãos.
  – Ah não gente, O Enigma do Príncipe é muito melhor. - eu disse pegando o filme na mão de Louis.
  – Eu estava pensando n'A Pedra Filosofal, os mais antigos são os melhores... - argumentou Louis.
  – Galera, por favor, né, Sirius Black no O Prisioneiro de Askaban, é claro! - Niall falou e depois se virou para a Feeh - Então, você vota em qual?
  Ela deu uma risadinha nervosa e disse:
  – Eu realmente queria ver a batalha de Hogwarts mais algumas vezes, Relíquias da Morte parte 2. Parece que não conseguimos nos decidir...
  – Vai ser O Cálice de Fogo e fim de discussão.
  – E por que você que decide Harold? - indaguei.
  Harry estufou o peito e falou:
  – Porque meu nome é o mesmo do protagonista. Isso além do meu voto normal, o que me dá dois votos - e deu um sorriso vitorioso.
  – Convencido. - Louis brincou.
  – Eu tive uma ideia melhor... - disse Mary no meio da confusão. - Por que não fazemos o seguinte: hoje nos assistimos A Pedra Filosofal...
  – This! - Louis comemorou.
  –... Dai nos assistimos o segundo amanhã à noite e todas as noites até vermos os oito. O que acham?
  – Mary, parece que essa viajem realmente acrescentou alguma coisa nessa sua cabeça de loira... - debochou Niall causando uma explosão de risos na sala.
  – Haha engraçadinho... Como se você fosse beeeem moreno né?!
  – Pelo menos eu sou inteligente...
  – Filho, você desistiu da escola e ainda por cima é loiro falso! - retrucou ela.
  – Eu sei que você me ama sua boba! - ele a puxou para um abraço.
  – Que seja A Pedra Filosofal então! O gatão aqui permite... - disse Zayn dando fim na discussão dos dois.
  – Ok, Sr. Gatão... - disse Feeh vermelha de tanto rir da gente.

VI

  But when the truth is out, is out
  We're just beginning
  Without a sound, our eyes are looking down
  We spin the bottle round & round & round & round

  Perrie's POV

  – Desculpa o atraso, mas eu tinha que resolver umas coisas da universidade. - Mary chegou bufando no pub.
  – Resolveu estudar agora é?! - brinquei.
  – Haha, engraçada... Agora deu pra todo mudo zoar comigo né? Amiga, eu não sei se você se lembra, mas você não fez faculdade.
  – Pelo menos eu tenho um emprego... Mas me conta, onde vai estudar?
  – Essa é a parte que você fica boquiaberta... Cambridge!
  – Oh my God, Mary Anne Watson! Você vai pra Cambridge?! Não cansa de estudar não?! - Eu estava realmente surpresa. Não pelo fato de ser A Mary, mas sim por ser Cambridge. Claro que ela está a altura da escola.
  Seus pais a tinham colocado na melhor escola da cidade em que moravam, ela vivia estudando ou às vezes nem estudava e acabava indo bem. Nesses quatro anos que eu a conheço só me lembro de vê-la cair nas notas quando sua tia tinha morrido no ano passado. Fora isso, suas notas sempre foram razoavelmente boas. Ano passado, antes de ela formar, Cambridge, Imperial College, Oxford, Manchester e outras universidades brilhantes haviam lhe enviado cartas. Quando ela resolveu parar um ano para viajar todos chocamos. Mas Cambridge é a segunda universidade da Inglaterra e a terceira do mundo (N/A: se não for, finjam que é) o que é completamente surreal. Mas era A Mary. E ela por mais preguiçosa, relaxada e estranha ela era brilhante.
  – Haha, na verdade eu canso sim. - ela disse meio envergonhada. -Mas Cambridge se tornou meu sonho de um tempo pra cá e eu vou realmente ser alguém ma vida.
  – Falou bonito! Haha - ela sempre filosofava quando o assunto era escola - Mas que curso você vai fazer?
  – Administração.
  – Vai administrar o quê?
  – Não sei.
  – Você é estranha sabia?
  – Mas, anyway, cansei de falar do meu não planejado e brilhante futuro. O que você disse que queria me falar aquele dia?
  – Ah, sim. Aquilo... Haha - eu corei.
  – Perrie Edwards, o que você fez?
  – Calma Mary. Eu só...
  – Só... - ela estava começando a se estressar. Deixar Mary curiosa não é nada legal porque ela tem o poder de fazer birra e começar a gritar e te fazer passar vergonha.
  – Eu... Estou saindo com um amigo seu. - eu tinha certeza absoluta de que eu estava corada.
  – Amigo meu? Perrie, você sabe quantos amigos eu tenho? - ela disse impaciente.
  – Claro que eu não vou sair com um dos seus amiguinhos da escola né?
  – Ok. Amigos sem ser da escola só podem ser os meninos do One Direction ou... - ela fez cara de desconfiada - Qual dos?
  – Hmmm não sei. - eu ri. A tensão tinha passado, agora eu me divertia com sua reação.
  – Liam e Lou não podem porque eles namoram. Harry também não porque ele NÃO namora. Niall... - ela voltou o olhar para mim. - Edwards, você esta saído com o Zayn?!
  – Bom... - eu corei de novo.
  – Sair é a palavra certa? Vocês SÓ saíram? Ou estão realmente juntos? Fala! – ela deu um tapa na mesa.
  – Nos saímos algumas vezes. E tem alguma coisa mais ou menos seria entre a gente... - eu tentava explicar.
  – Você gosta dele.
  – É... - eu sorri.
  – Dá pra ver. Nos seus olhos. - ela sorria também.
  – Mary, por favor! - esse olhar dela em mim estava começando a me incomodar.
  – Tudo bem! Mas anyway, o que você quer comer? - Ela disse olhando o cardápio.
  – Aiai, essa convivência com o Niall... - debochei.
  – Pois é, esses meninos do One Direction... - eu ri. Claro que era pra me atingir de alguma forma.
  Fizemos o pedido e ficamos conversando sobre os meninos ate a comida chegar. Daí o assunto mudou para a viajem dela e durou as próximas duas horas.
  – Cara, olha a hora! - ela disse aflita no relógio. - Tenho que ir Perrie, desculpa.
  – Que foi? - perguntei assustada.
  – Estamos fazendo uma "movie week" na casa do Hazz e do Lou e eu tenho que passar na casa da Fefa para pegá-la e ainda ir para a casa deles que não é nada perto...
  – Heeey, calma amiga. Ok pode ir, eu pago a conta.
  – De jeito nenhum! - Ela protestou. - Eu também comi, e muito. – ela ficou sem graça.
  – Sem problema. Você fica me devendo e ai temos um pretexto para sairmos no final de semana...
  – Haha, ok. Hmm, eu mando um "beijo" - ela colocou entre aspas e fez uma cara sedutora. - para o Zaza e... - eu ri.
  – Mary, não faça nada que... Você sabe. - A interrompi e ela gargalhou.
  – Ok Little Mixer... – ela ainda ria e me abraçou - Tenho que ir mesmo beijo.
  – Beijo. - respondi enquanto ela corria em direção ao seu carro.

  Zayn's POV

  – Cadê essas duas? - Harry perguntou impaciente.
  – Devem estar chegando. Mary nunca chega atrasada. - Niall respondeu.

  {...}

  – Chegamos! - disseram Feeh e Mary juntas enquanto passavam pela porta com a respiração pesada.
  – Vocês estão atrasadas uns dez minutos. - Liam disse impaciente.
  – Serio, desculpa a culpa é minha. Eu estava com uma amiga eu um pub do outro lado da cidade e quando eu assustei já eram sete da noite e eu ainda tinha que passar na casa da Fefa e...
  – Ei, ei, ei calma! - Niall deu uma batida em seu ombro. Ela estava falando rápido e sem fôlego.
  – Ok, ok.
  – Já pediram a comida? - Feeh perguntou.
  – A gente não sabia se vocês chegariam essa semana ainda, então não. - Harry disse.
  – Ok, eu cuido disso. - disse Mary. - Quem vem me ajudar?
  – Eu vou. - disse Feeh desanimada já caminhando para a cozinha.
  – Não fica, fica. Hoje eu quero um ajudante novo. - Ela olhou para mim. - Zayn?
  – Por que não chama o Niall? - perguntei. Eu não queria ajudá-la de jeito nenhum.
  – Porque eu quero você hoje... Pode não? - ela me encarou com a típica cara de mãe dela e acabou me convencendo.
  – Ok! To indo! - eu disse caminhando para a cozinha.
  – Eu preciso falar com você. Desculpa ter te forçado a vir. - ela veio atrás.
  – Sem problema. - Dei os ombros. - O que quer falar comigo?
  – Perrie Edwards - eu corei. Tudo bem que elas são amigas, mas eu realmente não esperava que ela soubesse ou que viesse falar disso comigo. Ainda mais aqui e agora.
  – Hmmm... Ér... Eu... - eu gaguejava. Realmente não esperava passar por essa situação.
  – Não precisa falar nada... - Ela se divertia com meu estado. - Só estou te avisando que eu sei...
  – Ela te falou?
  – Foi. Agora à tarde.
  – E... Ahn... Bom, como que... O assunto surgiu? - eu estava realmente curioso. O que Perrie tem falado de mim? Como ela tem falado e como ela tem reagido? Mas eu estava tímido para perguntar isso para Mary. Droga Zayn. Deixa de ser frouxo! Seja homem!
  – Para falar a verdade, quando eu cheguei no domingo e ela me mandou uma mensagem falando que precisava falar comigo, mas nunca dava pra encontrar por causa da agenda lotada dela, mas hoje nos saímos e ela me contou.
  – Hmm.
  – Quer saber mais o quê? - "Muita coisa" pensei comigo. - Se os olhos dela brilharam quando falava de você ou, qual foi o tom de voz ou ainda...
  – Mary - eu disse calmamente.
  – Oi? Zaza você não vai agir como um adolescente bobo e apaixonado né? - Ela me olhou nos olhos. - Olha só, Perrie é uma das minhas melhores amigas. E pelo o que eu conversei com ela hoje, eu pude perceber que ela gosta mesmo de você. - Olhei para os meus pés. - Se você estiver com a vaga ideia de que ficando com a Perrie vai se esquecer da... Do passado. - Ela sabia muito bem que eu não era de falar da Lelê e do jeito que a Mary é, ela pode já ter percebido que eu ainda sinto alguma coisa por ela. - Você esta perdido, e não é só comigo...
  – Tudo bem, calma!
  – Não estou brincando! - ela me fuzilou mais uma vez com os olhos. - Anyway. - ela abriu um sorriso - Qual é o cardápio de hoje?

  Louis POV

  – O que querem fazer agora? – perguntei enquanto tirava o filme do DVD.
  Niall estava comendo pipoca enquanto conversava com Mary, Feeh estava brincando com o cabelo do Zayn e Harry e Liam brincavam de guerra de dedões.
  – Ganhei! – disse Harry animado levantando os braços.
  – Por que a gente não joga uma coisa mais... – Zayn disse e desviou o olhar para Harry e Liam. – Interessante?
  – Como o quê? – Mary colocou mais pipoca na boca.
  – O que acham de verdade ou consequência? – sugeriu Feeh.
  – Quer saber nossos segredos obscuros Srta. Fernanda? – brinquei. Ela fez uma cara maliciosa.
  – Adoraria...
  Niall terminou de beber a coca-cola e colocou no chão para girarmos.
  – Harry pergunta para a Mary... – eu disse.
  – Hmm... Verdade ou consequência? – ele perguntou sem tirar os olhos dela.
  – Verdade – ela também o fuzilava. Harry abriu e fechou a boca mais de uma vez mas não perguntou nada. Até que ele recorreu a Feeh que sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Os dois soltaram risadinhas abafadas.
  – Ficou com quantos nessa sua viagem?
  – Hmm – ela riu. – Deixa eu ver... – Ela começou a contar nos dedos. – Acho mais fácil você me perguntar quantas você ficou nesses últimos seis meses e dividir por dois.
  – Até parece que ele sabe... – Liam ironizou.
  – Eu só não respondo porque não é minha hora de responder. Anda fala Watson!
  – Ah sei lá! Uns dez? Quinze? – ela fazia cara de duvida. – Andei por muitos lugares queridos... Agora gira isso de novo – ela estava levemente corada.
  – Rá! Niall para o Harry! – ela comemorou.
  – Você sabe com quantas ficou nesses últimos seis meses?
– Isso é pessoal!
  – Falei que ele não sabia... – Liam deu os ombros e todos rimos.
  – Sei sim! – ele começou a contar nos dedos – Sei não. – Feeh lhe deu um tapa.
  – Ai! Isso dói! – reclamou.
  – É pra criar juízo!
  – Ai desculpa Anne Cox! – Eu não consegui segurar a risada. Niall deitou no colo da Mary, Zayn apertava a barriga e Liam rolava no chão. Harry e Feeh ainda se entreolhavam, ela com cara de brava.
  – Em minha defesa! – Harry gritou. Feeh ainda o fuzilava com os olhos. – Seis meses é muito tempo.
  Niall girou a garrafa de novo e deu Liam para a Feeh e ela escolheu verdade também. Harry se animou em seu lugar, lançou um olhar malicioso para ela e sussurrou alguma coisa para Liam, que respondeu pra ele:
  – Não vou perguntar isso!
  – Ué, por que não?
  – Porque é pessoal demais!
  – E a minha não era?! Anda Daddy, pergunta!
  Liam corou um pouco e perguntou:
  – Você já traiu seu namorado?
  – Em sã consciência ou não? - ela perguntou tranquila, o que assustou Harry.
  – Sim e não. Quero todas as opções. - Liam continuou.
  – Em sã consciência não, é lógico que não! Mas... Teve uma vez em que eu e o cara estávamos bêbados, muito bêbados... E ele era bem atraente... Ah, vocês já sabem...
  – Depois sou eu que preciso de juízo... - Harry gargalhava.
  – Você não está bravo comigo? - ela perguntou a ele.
  – O quê?! Ficou louca?! Você chifrou ele, eu não poderia estar mais feliz!
  – Harry, para! Eu me sinto mal por isso... Vamos, girem essa garrafa!
  Nós levamos o jogo por umas 5 rodadas até que Mary foi embora. Era quase meia-noite quando Niall, Zayn e Liam saíram. Harry e Feeh foram se deitar às duas e eu continuei acordado.
  Eram quatro da madrugada na Rússia nesse momento e Eleanor com certeza estaria dormindo. Eu queria ligar de qualquer jeito. Precisava ouvir sua voz. Mas eu sabia que ela nunca iria me atender. Então deixei uma mensagem:
  "Saudades da minha princesa... Volta logo! xx seu Lou"

VII

  In your heart, in your heart, in your heart
  I can tell you can fit one more
  Open up, make a brand new start
  I don't care who's stayed before

  Feeh's POV

  Acordei com Harry gritando meu nome, e Liam me dando leves cutuques. Olhei para o relógio digital que ficava ao lado da cama de Hazza e vi que ele marcava 7h15min e pulei da cama. Merda, eu tinha menos de 45min pra me arrumar pra escola! Mas que porra de escola!
  – Ah, agora você resolve correr né... - Harry criticou me vendo correndo para pegar uma toalha e uma roupa, mas o que ele falou me chamou a atenção.
  – Por que, vocês estão me chamando desde que horas?
  – Umas 6h30min...
  – Porra, e eu não acordei?! - ou eles não tentaram me acordar muito bem...
  – O que você acha? - ele perguntou me empurrando para o banheiro - Se você não demorar muito a gente pode te levar...
  Entrei no banheiro e vi que só tinha pegado a toalha, uma calcinha e um sutiã, droga, eu ia ter que sair de lá pra pegar uma roupa depois. Tomei um banho bem rápido, acho que foi meu recorde, dez minutos.
  Me enxuguei e pus as roupas íntimas, enrolando a toalha no cabelo. Sai de lá e fui direto em direção ao guarda roupas, quando escutei:
  – Hmmm, que saúde, hein dona Fernanda!
  Olhei pra trás e vi que Harry estava sentado na poltrona no outro lado do quarto, amarrando seu All Star vermelho. Ele vestia uma camisa lisa com gola "V" também vermelha e uma calça de um jeans quase preto. Ele olhava para baixo e ria, mas eu sabia que ele já tinha me visto assim.
  – Sai Harry, agora! - gritei. Eu estava realmente ficando estressada, eu não gostava de fazer nada na pressa.
  – Você está me expulsando do meu próprio quarto, Pirulito?
  – Sim, estou, Chiclete!
  Quando ele tinha mais ou menos 15 anos e eu 13 nós inventamos esses apelidos para nós dois. Eu sou a Pirulito, porque sou um doce, mas difícil de morder, de quebrar... Isso devido a minha teimosia. E ele era o Chiclete, não tem muita explicação para esse, mas eu apenas achei legal chamá-lo assim (N/A: é que eu amo falar Bubble Gum. Ta, me ignorem).
  Harry saiu do quarto rindo, mas só quando eu comecei a empurrá-lo. Quando fechei a porta eu o ouvi gritar, rindo, do lado de fora:
  – É saúde demais para aquele cara que você chama de namorado!
  Ai Deus, começou cedo hoje...
  Voltei pro guarda roupa e peguei uma blusa folgada, rosa pink, escrita com strass pretos "Young, Wild & Free". Coloquei um short jeans simples e uma sapatilha de camurça preta com uns discretos brilhinhos. Fui até o banheiro e fiz uma rápida trança espinha de peixe e pus para o lado, bagunçando um pouco. A maquiagem foi só o suficiente para o meu visual "rockzinho" e eu já estava pronta.
  Peguei minha bolsa e desci as escadas correndo. Já eram 7h45min, eu tinha certeza de que eles não poderiam me deixar na escola, dava tempo de chegar até às oito, mas eles precisavam estar no estúdio a essa mesma hora.
  – Tchau meninos, vejo vocês mais tarde! - me despedi dando um beijo no rosto de cada um, mas quando cheguei no Harry ele segurou meu braço.
  – Calma, a gente leva você.
  – Harry, não dá tempo, vocês têm que chegar no estúdio na mesma hora que eu na escola...
  – Ér Hazza, ela tem razão. - disse Niall.
  – Mas... Ta, vamos fazer o seguinte, eu levo a Feeh pra escola e depois passo na Starbucks e pego um café pra nós cinco, dai tenho desculpa pra chegar um pouco mais tarde e vocês quatro vão no carro do Lou agora. - Harry falou olhando para os quatro.
  – Tudo bem, assim dá. - Liam concordou sorrindo.
  – Tá, mas Harry, você vai ter que trazer um croissant de Nutella pra mim! - Niall gritou já entrando no carro de Lou, que brincou:
  – Nialler gamou num croissant!
  – Por que será, hein? - eu ri, entrando no carro de Harry junto com ele.
  – Então vamos?
  – Sim!
  – Sua primeira aula é de quê?
  – Química, por quê?
  – Porque eu queria que você matasse ela comigo... Mas é química, então esquece! - ele exclamou rindo.
  Eu ri também, desde o nono ano química era minha matéria favorita e Harry sempre falava que eu seria uma cientista maluca por causa disso.
  Ligamos o rádio e estava tocando Glad You Came e começamos a dançar que nem loucos, a cantar bem alto e a rir demais! Não demorou muito e ele já passava pelo portão principal da minha escola, indo em direção ao estacionamento.
  Vi que a Lelê e a Laine desciam do carro de uma das irmãs da Laine não muito distante da gente, então me apressei para sair do carro e acompanhá-las.
  Harry saiu também e abriu a porta para mim como um belíssimo cavalheiro inglês. Ele me abraçou e deu um beijo demorado e barulhento na minha bochecha; e quando parecia que ele estava me largando ele me puxava para um abraço mais forte. Eu retribuía, é claro, mas foi só depois que ele foi embora que eu percebi o porquê de ele estar fazendo aquilo.
  Meu namorado Henrique estava parado atras de nós, nos observando. Ele estava com uma camisa polo azul marinho e uma bermuda bege, calçava seus tênis de skatista da Nike. Ele era realmente bonito, chamava atenção. Ele tinha cabelos bem pretos e olhos quase dourados, com a pele bem branquinha. Às vezes eu me admirava por conseguir namorar alguém como ele, mas isso não vinha acontecendo muito ultimamente; as coisas estavam ficando meio frias entre a gente.
  Fui até o seu lado e começamos a caminhar juntos, e em silêncio, em direção à entrada da escola. Até que ele falou:
  – Você vem todo dia com ele agora?
  – Bom dia pra você também, Henrique. E não, foi só hoje...
  – E você sumiu também... - ele continuou, ignorando o fato de eu estar mais fria com ele do que ele comigo.
  – Você me procurou?
  – Você por acaso atende seu celular? - peguei meu celular e vi que, realmente, tinham três chamadas não atendidas dele - Também liguei para sua casa.
  – Bem, sobre isso... - eu ainda não tinha contado pra ele que eu estava praticamente morando na casa de Larry havia cinco dias.
  – Você está na casa dele.
  – Sim, estou.
  – Por quê?
  – Problemas em casa...
  – Tinha que ser a dele? A minha casa ou a da Lelê se tornou tão desconfortável assim? Aliás, sobre esses problemas, dói muito me contar? - ele tinha parado e agora estava na minha frente, eu podia ver a raiva, o ciúmes e a decepção em seus olhos, mas a verdade é que eu não estava aguentando mais tudo aquilo.
  – Desculpa se ele é meu melhor amigo desde sempre e é ele, mesmo quase nunca tendo tempo, que está sempre aqui por mim, e não estou criticando a Lelê, mas eu sei que ela tem seus próprios problemas, então veja qual é a opção que me resta... - dei um leve empurrão em seus ombros - E sim, dói muito contar pra você porque você nunca está nem aí pra mim, você escuta, mas não se importa, não ajuda... E, desculpa de novo, se o Harry sim!
  Eu encarava o chão e senti meus olhos se encherem de lágrimas, e sei que ele também percebeu, pois pegou a minha mão e levantou meu rosto para que eu olhasse em seus olhos. Agora sua expressão era de carência, compaixão... E um sentimento estranho veio dentro de mim; geralmente, quando ele me olhava com esse olhar tudo girava, eu de repente não estava mais aqui, só estava naqueles olhos, mas isso não acontecia agora. Por mais que eu fosse obrigada a reconhecer que aqueles olhos fossem encantadores, eles já não eram tão atraentes assim pra mim... Mas uma hora tudo acaba, não é mesmo? Acho que nossa hora chegou.
  – Feeh, vai ficar tudo bem entre a gente, ok? - ele falou ainda tentando me fazer olhar em seus olhos. Sussurrei baixinho:
  – Não... - levantei a cabeça e repeti mais alto - Não, não está tudo bem. E quer saber? Pra mim não dá mais, cansei, desculpa.
  Falei e sai andando. Vi que a Laine e a Lelê estavam paradas na frente da primeira escada nos observando com olhos arregalados. Fui até elas sorrindo e a Lelê perguntou:
  – Feeh, o que aconteceu?
  – Ah, eu terminei com ele. - e abri um sorriso maior ainda.
  – E esse sorriso todo porque...? - Laine continuou.
  – Porque eu estou mais feliz assim. Agora somos três solteiras, poderemos aproveitar até...!
  – Calma Fernanda, você fez isso por causa de um certo Direction ou...?
  – O Harry? Lógico que não gente, ele não me fez fazer isso não.
  – Tá, mas você fez isso por causa dele?
  – Meu Deus, meninas, não! Nossa, o que ta acontecendo com vocês hoje hein? Nossa...
  Subi as escadas em direção à sala de química e vi que a Laine me seguia e a Lelê ia para a sala de historia.
  – Eu ainda acho que você é afim do Harry... - ela falou me alcançando.
  – Não, não sou.
  – De verdade Feeh?
  – Sim.
  – Mas nunca foi?
  – Ah, nunca é muito tempo...
  Ela me parou e me encarou rindo de olhos arregalados.
  – QUANDO?!
  – Faz tempo Laine, não é importante...
  – Quando Fernanda?!
  – Uns dois anos atrás ou mais... Sei lá, não me prendi a isso não, ele estava começando a namorar a velha...
  – Putz, mentira, mentira! Puta que pariu, Fernanda! - ela pulava, segurando forte os meus braços, enquanto eu só ria - Espera... Porra Feeh!
  – O que foi, Laine?
  – Ele... O Harry... aaah putz... O Harry terminou com a Caroline por sua causa! Ai sua burra, ele também gostava de você!
  – Ahn não, não viaja. Ele terminou com ela porque ele não queria mais também... Tá, eu confesso que eu me afastei dele nessa época, até porque eu não queria levar aquele sentimento adiante, mas eu odiava ela também, odeio. E o Harry não queria perder nossa amizade, é claro que isso contribuiu um pouco, mas não, não foi por minha causa.
  – Hm, tá bom então. - ela me deu um ultimo sorriso e entrou na sala, mas eu não sabia se a tinha convencido ou não.

  Harry's POV

  – Gente, não estou muito afim de sair pra almoçar não... - falei, me jogando no sofá que tinha em uma das salas do estúdio. Já íamos ficar de "férias", então os produtores vinham pegando mais pesado com a gente ultimamente e hoje eu estava esgotado.
  – Eu também não... Por que não pedimos alguma coisa pra comer aqui mesmo? - Zayn sugeriu.
  – Todos concordamos com Nando's? - disse Niall se alegrando.
  – Sim Nialler, tudo bem.
  – Vou lá falar para o Paul pedir pra gente! - e saiu correndo pela porta.
  – Ei, Niall vai pedir comida o suficiente para doze pessoas! - eu exclamei e Liam rapidamente se levantou e foi em direção à porta dizendo:
  – Meu Deus Niall, será possível?!
  Eu, Lou e Zayn ficamos lá rindo e jogando almofadas uns nos outros. Zayn começou a atacar Louis, que me atacava, mas parou com seu celular tocando.
  – É a Perrie, já volto!
  Cansei com toda aquela guerrinha e fui em direção à mesa para pegar um pouco de água e vi que Louis vinha atrás de mim.
  – O que está acontecendo, Harold?
  – Nada, por quê?
  – Tem certeza? Você tem andado meio estranho desde ontem, na hora do verdade ou consequência...
  – Não aconteceu nada não, Boo.
  – Serio? Isso dai não é mágoa por não saber com quantas ficou? - ele brincou e nós rimos de leve - Vai, pode falar pro Tommo aqui.
  – É só que... Bem... A Feeh...
  – Ah, então é sobre a pergunta dela!
  – Sim! É que depois que ela começou a namorar com o Henrique, não é que nós passamos a sair menos juntos, não, nós continuamos a sair com a mesma frequência, mas ela evitava ficar bêbada...
  – E você está chateado por ela ter ficado bêbada sem você? - ele riu.
  – Não Louis. Teve uma festa que nós fomos em que nós dois ficamos muito bêbados, muito mesmo! Eu, particularmente, não me lembro de nada do que aconteceu naquela noite, mas não sei ela...
  – Espera, então você acha que o cara que ela falou ontem é você?
  – Não sei! Isso que me incomoda... Quero dizer, eu SEI que ela se lembra de alguma coisa! Eu e a Feeh somos tipos diferentes de bêbados, eu fico muito bem no outro dia mas não lembro de nada, ela vomita até as tripas mas sabe cada detalhe da noite anterior... Eu sei que ela sabe quem é, e então se for eu? Por que... - ele não me deixou terminar e foi logo completando:
  – Por que ela não te contou?
  – É!
  – Mas você quer que seja você?
  – Não sei Lou... Eu só queria me lembrar!
  Ele já ia falar mais alguma coisa, mas Niall entrou ofegante na sala, com o celular na mão e se dirigiu pra mim:
  – A Feeh está solteira.
  – Está?!
  – Eu sei, não foi uma pergunta!
  – Mas a minha foi! Ela está? Como você sabe?!
  – Ela terminou com o cara, contou pra Laine e a Laine me contou! Ela ainda não contou pra você não?
  – Não... - e virei meu olhar para Louis, que estava com as mãos tapando a boca e com os olhos arregalados. Eu sabia que uma mistura de pensamentos passava pela sua cabeça, mas ninguém estava mais confuso que eu.

VIII

  Cuz a loss in love is a lesson learned
  Oh i'm so much better for it
  I'm so much better for
  Dusting you off my shoulders
  Knowing that i don't need you no more
  I'm so much better for it

  Feeh's POV

  Saí do meu banho relaxante, me enrolei na toalha e me joguei na minha cama. É, hoje eu tinha vindo pra casa. Eu precisava pegar mais algumas roupas e sapatos, então vim e aproveitei logo para tomar um banho.
  Eu mal tinha deitado e ouvi meu celular apitando loucamente. Tinham dez novas mensagens, e seis só do Harry:

  "Dia incrivelmente entediante hoje... E o seu? xx Harry"
  "Hey, me liga. xx Harry"
  "Precisamos conversar! Me liga. xx Harry"
  "Você não quer falar comigo não? ): xx Harry"
  "Fernanda, cade você menina?! xx Harry"
  "ME LIGA AGORA! xx Harry"

  E as outras quatro eram do Louis, do Zayn, do Niall e do Liam, contendo exatamente o mesmo texto:

  "Feeh, o Harry ta pedindo pra você ligar pra ele. xx"

  Af, como se eu ainda não tivesse notado. Então liguei pra ele, fazer o que né...

  Ligação ON

  – Finalmente! - ele exclamou sem nem dar um "alô".
  – Sei que você me ama e não vive sem mim...
  – Por que você não me ligou antes?
  – Ah, uma pessoa cansada da escola não pode nem chegar em casa, descansar um pouco e depois tomar um banho né... Bom saber disso, Styles! - respondi, alterando um pouco o tom da minha voz.
  – Desculpa, eu não sabia... - ele disse com uma voz manhosa.
  – Tudo bem, mas o que você queria falar de tão importante comigo?
  – Ah, isso! Como assim você termina com o cara e não me avisa?! Poxa Feeh, pensei que fossemos amigos!
  – Meu Deus Hazz, que drama, lógico que somos, somos melhores amigos! - dei ênfase no "melhores" e continuei - Aliás, como você está sabendo?
  – Niall me contou.
  – E como que o Niall... Ah, esquece. Anyway, pois é, to livre, leve e solta agora. - e abri um largo sorriso, mesmo sabendo que ele não podia ver.
  – Aleluia, Deus ouviu minhas preces! - gargalhou - Mas é assim que se fala, garota! Temos que comemorar!
  – Harry, de novo, para de drama! Eu topo, comemorar como?
  – Então, vei ter uma festa na sexta que promete bombar, com um monte de gente legal...
  – Gente legal tipo...?
  – Eu, você, os meninos, a Dani, o Ed, a Cher (N/A: Ed Sheeran e Cher Lloyd, desculpa, ele não podiam faltar!)... E se você quiser a Mary, a Lelê e a Laine também! Rola?
  – Claro! Vou aproveitar que hoje eu vou dormir na casa da Laine e aviso elas, okay?
  – Ah não, você vai dormir na casa da Laine?! - sua voz era de "coitadinho" e eu podia jurar que ele estava fazendo biquinho - Vai me abandonar mesmo?
  – Sim, eu vou! Vai ter pizza e vamos fazer cupcakes. E você sabe muito bem como eu sou obesa, então não posso faltar! Mas eu deixo você passar na casa dela amanha de manhã pra me levar pra escola...   – E essa é a hora em que você dá um sorriso vitorioso por sempre conseguir tudo aquilo que quer... - ele riu da sua própria piada e continuou - Tudo bem, e passo sim. E aposto que o Niall vai querer ir comigo!
  – Te dou cinquenta libras se ele for e você me dá cinquenta se ele for, combinado? - eu disse rindo.
  – Que injusto, dai não saímos do zero! Mas tudo bem, combinado sim! Ei Feeh, tenho que desligar porque eu to escondido no nosso intervalo dentro do banheiro, mas estão requisitando minha presença no palco. Te ligo mais tarde, beijos!
  – Ok, vai lá Sr. Sou Requisitado, depois a gente se fala! - ele riu dessa minha ultima fala e desligou.

  Ligação OFF

  Deixei meu celular de lado e peguei um vestidinho florido e solto e voltei a me jogar na cama. Eu ainda ria da minha conversa com Harry e tinha a leve impressão de que ele não tinha falado tudo o que desejava comigo, mas deixei pra lá, tínhamos tempo pra isso. Ou talvez não.
  Os dias passavam cada vez mais rápidos e a minha ida ao Brasil se aproximava. Hoje era quarta-feira e eu voltaria ao meu país na sexta-feira da semana que vem, exatos nove dias; e eu ainda não tinha contado ao Harry, à Lelê, a ninguém...
  Bem, eu planejava contar às meninas hoje à noite na casa da Laine, mas as coisas nunca saem como eu planejo, então acho que não vai ser dessa vez.
  Sei que a Lelê é curiosa demais, então se eu tocar no assunto eu terei que continuar, mas não é ela meu maior medo, na mesmo... Já vi Harry fazer coisas terríveis quando ele está magoado!
  Olhei para o relógio digital de números rosas que ficava do lado da minha cama e vi que marcava 16:16, alguém estava pensando em mim! Resolvi dormir mais um pouco, eu tinha tempo, íamos nos encontrar na casa da Laine apenas às 19h.

  {...}

  Acordei com meu celular tocando Stand Up no volume máximo. Laine me ligando.
  Neguei a chamada e pus o travesseiro em cima da cama, mas logo recebi uma mensagem:

  "Ei, desistiu de trocar o Harry por mim? xx Laine"

  Caramba, eu havia dormido por quando tempo?! 19:47. Meu Deus, eu tenho sérios problemas com sono! Respondi a mensagem:

  "FOI MAL, dormi demais :c estou a caminho, não comam os cupcakes sem mim! xx Feeh"   "Tudo bem, mas corre! xx Laine e Lelê"

  Peguei minha bolsa da Kipling gigantesca e preta e coloquei lá dentro o necessário para minha higiene pessoal, um par de pijama e uma roupa para eu usar na escola amanha. Pus também meus tênis de skatista azuis da Nike, uma sandália Havaiana e minha bolsinha de maquiagem.
  Desci as escadas correndo e vi que meus pais haviam saído de noite, mas deixaram um bilhete pra mim na porta da sala:

  "Matt vai fazer uma conexão no aeroporto daqui indo para Paris, estamos indo vê-lo. Sim, nos mandaremos um beijo seu para ele! Escreva alguma coisa aqui se for sair. Beijos, Papai e Mamãe"

  Ah ótimo, eles foram ver meu irmão mais velho que eu não via a meses e não me acordaram! Muito obrigada papai e mamãe.
  Tudo bem, o nome dele não é Matt, é Matheus. Mas como eu era muito pequena quando nos mudamos pra Londres e Matheus em inglês é Mathew, e Mathew é um nome muito difícil para uma criança pronunciar, eu o chamo de Matt desde cedo.
  Matt sempre foi meio... Revoltado, digamos assim. Ele brigava muito com nossos pais e saiu de casa com dezessete anos - hoje ele tem vinte e dois - e foi morar em Paris, ele logo conseguiu um bom emprego em uma lanchonete não muito vagabunda lá e foi aos poucos juntando seu dinheiro. Aos dezenove anos ele revolveu fazer uma faculdade, mas é claro que ele nunca voltaria para morar em Londres, nem pra estudar. Acabou indo parar em Yale, aquele grande pequeno gênio, mas ainda mantinha seu apartamento em Paris. De uns tempos pra cá ele vinha se resolvendo com nossos pais e provavelmente já estava de ferias agora, voltando para sua casa.
  A saudade que eu sentia de Matt era absurda! Ele era meu eterno príncipe, meu guardião, meu irmão mais velho. Assim como para ele eu era sua princesinha - quase - indefesa, sua melhor amiga. Eu queria muito vê-lo... Mas infelizmente hoje não dava mais.
  Peguei o papel do bilhete dos meus pais e escrevi:
  "Vou dormir na casa da Laine hoje e o resto da semana na casa do Harry. Talvez eu passe por aqui, mas não me esperem. Me mandem um e-mail contando tudo o que Matt falou pra vocês! Beijos, Feeh."
  Saí de casa quase correndo e peguei o primeiro taxi que passou pela rua, na hora exata que a típica chuva de Londres começava a cair. Dei o endereço da Laine ao taxista.
  A casa dela era meio longe da minha e por causa da chuva o transito estava meio difícil.
  – Você poderia ligar o rádio, por favor? - perguntei ao taxista.
  – Claro. - respondeu ele animadamente.
  Ele passava as rádios loucamente, mas ainda bem que nenhuma delas tocava uma música boa.
  – Ah, odeio essas músicas de velho! - exclamou ele - Finalmente uma boa!
  Estava tocando Lego House, do Ed ruivo e meigo Sheeran. Só com esse comentário que fui reparar no taxista. Ele era novo, no máximo uns vinte e cinco anos e era bem ruivo também e tinha olhos verde água. Seu cabelo era lisinho e seu rosto cheio de sardas.
  Lego House acabou e começou a tocar One Thing, o que tirou um suspiro da minha boca.
  – Você gosta deles, da One Direction? - perguntou o cara.
  – Amo! Sou Directioner!
  – Engraçado isso... - ele riu um pouco e reparei que seu sotaque era diferente do sotaque dos londrinos, mas não me era estranho - Sou de Mullingar, conhece? A mesma cidade do Niall, o loirinho da 1D.
  – Ah, conheço sim! Quer dizer, não a cidade, mas o Niall e por ser a cidade dele. - HA, tava explicado a do sotaque.
  – As fãs de lá são loucas! Você é desse tipo?
  – Ah não... Mas eu seria, se eu já não estivesse acostumada...
  – Acostumada? A ser fã? - ele riu de novo.
  – Não, com os meninos da 1D, eu sou... Muito próxima deles.
  – Ah claro... Bem, moça directioner, entregue ao seu destino.
  Eu sorri agradecendo, paguei-lhe e desci correndo do carro em direção ao pátio da casa da Laine, não querendo me molhar com a chuva. Bati na porta e ela logo abriu.
  Eu ri vendo seu pijama, uma regata rosa bebê simples e uma calça comprida de estampa de oncinha rosa do mesmo tom e marrom. A Lelê vestia seu tão amado conjuntinho de pijama roxo com bolinhas brancas.
  – Cheguei tão tarde assim que as criancinhas já vão dormir? - brinquei entrando e já indo em direção as escadas, para ir ao quarto de Laine.
  – Claro né, as lindas aqui precisam de seu sono de beleza! - a Lelê brincou também.
  – Não Feeh, a Lelê é má com você, mas eu não! Só colocamos o pijama por colocar mesmo, porque é legal ficar assim. Deixa eu ver o seu! - a Laine disse abrindo a minha bolsa.
  Meu pijama era uma blusa de manga curta branca que tinha uma estampa de uma carinha sorrindo - tipo essa ":)" - e uma calça comprida preta de bolinhas brancas.
  – Ui, que chique! - exclamou a Laine rindo.
  – Boba!
  – Eu sou e você é a minha gordinha! - ela falou e eu a abracei pelo pescoço, cobrindo seu corpo, porque sou muito mais alta que ela.
  – Poxa Laine, sou quase anoréxica e você me chamando de gordinha... Mas eu te amo mesmo assim.
  – Epa! Pode parar ai, dona francesinha, a Feeh é só minha! - disse a Lelê rindo um pouco e desfazendo meu abraço com a Laine.
  – Sou disputada, desculpa meus fãs! - falei fingindo jogar o cabelo.
  – É mesmo, por nós duas e um Direction ai... - Laine zoou mais uma vez e Lelê deu risadinha abafadas.
  Em vez de entrar na defensiva, entrei na brincadeira com elas:
  – Pois é, ele ficou magoado comigo porque vou dormir aqui hoje...
  – Que lindo!! - Laine pulou na cama e bateu palmas.
  – Lindo nada - Lelê a contrariou - O Harry gosta mesmo é de ter a Feeh dormindo com ele...
  – Ai Leticia, deixa de ser assim, aproveita o lado romântico da vida!
  – Desculpa se eu não nasci na cidade do amor! - Lelê falou pra Laine, fazendo nós três rirmos.
  – Mas fala Feeh, quando que vai ser o casamento? - Laine perguntou pra mim ainda rindo.
  – Vou ser a madrinha! Falei primeiro!
  – Idiotas, é o que vocês duas são! Harry não vai se casar comigo! Na verdade, o Harry não vai se casar e eu também não...
  – Ei, você também tem que aprender a ser romântica Fernanda!
  – Ai credo... Eu vou me casar e ter belíssimos quatro filhos! - Lelê empinou o nariz.
  – Como assim quatro?! - Laine gritou incrédula.
  – Vai começar... - falei.
  – É que tipo assim Laine, - Lelê falou me ignorando - vou ter quatro filhos. Na verdade, eu queria três, mas vai sobrar uma madrinha, então tem que ser quatro...
  – E quem vão ser as madrinhas?
  – Minhas duas irmãs, a Feeh e você, francesinha!
  – Malikonda vai ter que trabalhar muito pra toda essa bonitona... - zoei baixinho, mas fiz Laine rir e Lelê corar como nunca tinha corado.
  – Na verdade Fernanda, a Malikonda não trabalha mais com a bonitona aqui, apenas com ornitorrincos... - nós três rimos mais ainda, mas depois respondi:
  – Não seja má, Lelê meu amor, a Perrie parece ser legal...
  – Você não sabe! - exclamou ela.
  – Você também não! - retruquei,
  – Ei, vamos parar com a palhaçada? - Laine nos interrompeu.
  Ela mal terminou de falar e recebi uma mensagem. Na verdade não era uma mensagem, era um email dos meus pais:

  "Você sabe como o Matt é, Feeh... Ele apenas perguntou se estava tudo bem em casa e perguntou por você. Chegamos atrasados no aeroporto e não deu tempo de conversar muito. Mas ele também disse que ama você mais que tudo! Beijos, Papai e Mamãe."

  – Porra! - exclamei sem querer. Eu sentia meus olhos se enchendo de lágrimas, eu também amava aquele idiota mais que tudo. Mas quando eu iria vê-lo de novo? Ele nos Estados Unidos e às vezes em Paris e eu indo para o Brasil...
  Levantei a cabeça para as lágrimas não caírem, senti a mão gelada de Lelê apertar meu braço e ouvi Laine perguntar:
  – O que aconteceu, Feeh? - em resposta eu apenas entreguei meu celular em suas mãos e as duas leram.
  – Ele estava indo pra onde? - Lelê perguntou.
  – Paris.
  – Poxa Feeh, não fica assim, Paris tá logo aqui. A Laine tem casa lá, qualquer coisa é só a gente por uma muda de roupa numa mala, pegar o EuroStar que rapidinho a tente tá lá... - ela disse me abraçando.
  – Calma, o que ta acontecendo aqui? Quem é Matt e por que ele mora em Paris? E por que ele ama você mais que tudo, Feeh? Meu Deus menina, você tem outro namorado e nem me conta?! - Laine ficou curiosa com tudo e eu percebi que essa sua ultima pergunta foi só para me fazer sorrir. Eu ainda não tinha falado pra ela sobre o meu irmão...
  – Não Laine! Ele é meu irmão mais velho e mora em Paris.
  – Hmm, quantos anos ele tem?
  – Vinte e dois.
  – Hmmm, ele é tão bonito quanto você? Porque se for, a gente já ta em Paris amanhã... - ela brincou mais uma vez.
  – Não sou bonita Laine! Mas ele é deslumbrante. - eu ri e só depois entendi o sentido da sua fala - Ei França, você já quer trair o Nialler com meu irmão?! - brinquei também.
  – Epa, tire o Nialler dessa historia... Vou me casar com ele porque ele é meu destino. - nós três gargalhamos até a barriga doer e depois a Lelê resolveu zuar mais um pouco:
  – Awn, tooooooda apaixonada essa Laine...!
  – Como se você não estivesse, né Leticia?!
  – Eu? Por quem?! - Lelê fez de desentendida.
  – Um certo Malik ai...
  – Ai, Malik é passado!
  – Não, Malik não é passado, Nialler é presente e a Feeh é linda e livre! - gritei pulando na cama.
  – Não, não, não! - Laine riu.
  – Vamos ser sinceras porque estamos entre amigas aqui: Malik não é tão passado assim, Nialler é presente e futuro e a Feeh é linda e livre mas também está apaixonada! - disse Lelê me encarando.
  – Isso aí! - Laine se animou mais uma vez e logo vendo minha cara de duvida continuou - Pelo H-a-r-r-e-h! - ela imitou o jeito com que eu o chamo.
  – Olhem, não vamos discutir isso mais uma vez, okay? Ah, e por falar nele... Harry nos chamou pra uma festa na sexta! Topam?
  – Meu Deus, claro! - disse Laine indo em direção ao seu armário - Me ajudem a escolher uma roupa!
  – Calma Laine, é só depois de amanha... Lelê? - perguntei e ela deu uma risada nervosa e depois respondeu:
  – Ahn, não...
  – Ué, por quê?
  – Porque festa com Harry significa festa com os meninos, festa com os meninos significa festa com suas acompanhantes e festas com os meninos e suas acompanhantes significa festa com Zayn e Perrie. Você consegue enxergar a Lelê nesse meio? Se conseguir me avisa, porque eu não consigo...
  – Eu consigo. - falei e ela levantou uma sobrancelha, como quem pedisse para que eu me explicasse - Eu enxergo a Lelê deslumbrante, enchendo a cara sem ficar bêbada de um jeito que só ela sabe, arrasando na pista de dança e com uma fila daqueles modelos de revista querendo ela! Tudo isso sem nem notar que Zerrie existe!
  – Feeh, você é foda! - Laine me admirou.
  – Fernanda, eu já falei que eu te amo? - Lelê me perguntou sem tirar os olhos de mim, sua voz e sua expressão eram serias.
  – Hoje não. - dei um sorriso convencido e peguei meu celular para mandar uma mensagem para o Harry.

  "Confirmado eu, Lelê e Laine na sexta! :) xx Feeh"

  Não demorou nem um minuto e já recebi:

  "Ótimo! Os meninos também confirmaram! Pronto, falou pra elas, já pode vir pra cá agora? :) xx Hazz"
  "Haha, engraçadinho! Sorry, but no. :)) xx Feeh"
  "Chata! Anyway, tem mais uma coisa que eu quero falar com você... Me liga? xx Hazz"
  "Se você falar me liga mais uma vez hoje eu juro que vou ai só pra te bater! Não, não vou ligar. Pode falar por sms mesmo. xx Feeh"
  "DESCULPA! É sobre o cara com quem você traiu o Henrique... Quem é ele? xx Hazz"

  Ai merda, era essa a outra coisa! E eu aqui achando que o Harry nunca ia tocar nesse assunto...

IX

  Get on the floor, floor
  Like it's your last dance
  If you want more, more
  Then here I am

  Feeh's POV

  "Posso passar ai pra buscar vocês? xx Harry"

  Recebi essa mensagem assim que sai do banho. Mas que droga, Harry não conseguia entender que eu não sou londrina, então NÃO sou pontual?! E você já deve ter imaginado o quanto eu estou atrasada.
  Hoje já era sexta, o dia da festa, graças a Deus! Eu estava na casa da Lelê com ela e a Laine, para nós nos arrumarmos juntas. Os outros dias passaram tranquilos e eu dei um jeitinho de enrolar o Harry sobre o assunto de com quem eu tinha traído o Henrique e ele não voltou mais a falar sobre isso.
  Fui rapidamente colocando meu vestido azul com meu scarpin preto de veludo e tratando de enxugar meu cabelo.
  - Feeh, por que a pressa? O Harry ainda nem saiu da casa dele... - Laine falou.
  - Eu seei, mas eu preciso ter tempo pra me maquiar, se não sai tudo um desastre!
  - Ah não Fernanda, já vai começar a humilhar a gente com sua maquiagens maravilhosas? - Lelê reclamou enquanto ajeitava (pela milésima vez!) seus cachos perfeitos.
  - Vou, porque hoje é a minha noite e eu tenho que estar perfeita!
  - É assim que se diz garota! Mas então, eu vou com o vestido rosa ou com o vermelho? Romântica ou sexy? - Laine voltou a perguntar. Ela era daquele tipo de pessoa que fazia o cabelo e a maquiagem e calçava os sapatos antes de tudo, deixando a roupa por ultimo.
  - Sexy, vermelho por favor! - Lelê gritou e a Laine olhou pra mim como quem pedisse uma segunda opinião.
  - Rosa, romântica. Porque, normalmente, primeiro você fica com a pessoa, pra depois levar ela pra cama... - falei sem nem tirar a atenção da minha maquiagem - Ouviu bem Leticia?!
  - Ih Feeh, relaxa, vou pra beber e dançar, não pra pegar alguém. E, bem, eu estou pronta. - ela me respondeu, acompanhada com um "eu também" de Laine, após sua ultima frase.
  - Eu não. Esperem. - terminei de fazer a maquiagem e me afastei do espelho, ficando satisfeita com o resultado. Agora só faltava o cabelo, que estava seco mas totalmente sem penteado. Fiz uma rápida escova e fiz cachos nas pontas, deixando eles soltos mesmo.
  - Hmm Feeh, não quero te apressar, mas o Harry chegou.
  - Que vadio! Nem liguei pra ele ainda!! Mas tudo bem, estou pronta, vamos!

  Marys POV

  - Niall... - eu disse calmamente olhando-o nos olhos. Aqueles olhos azuis me encararam com certa curiosidade. - O que a gatinha aqui fez para você não contar pra ela que você estava a convidando para a festa mais... - ele me fitava com uma mistura de curiosidade e espanto. - Mais... Ok, to sem palavras, DA MINHA VIDA?!
  - Mais o quê? - ele já tinha uma expressão divertida como se tivesse acabado de tirar uma com a minha cara.
  - Mais top, sei lá. - diminui a distancia entre nos para que pudéssemos ter uma conversa normal. - Filho olha isso aqui! - eu apontei para o salão cheio de gente que conversava, bebia e dançava.
  - Você fala como se fosse a primeira festa relativamente especial - ele fez aspas com o dedo. Provavelmente evitando as palavras chique, maravilhosa e top. - que eu te trago, porque no inicio do ano você foi à festa do Brits e...
  - É fofo, mais eu sabia o nível da festa! Aqui não... Quando você me falou sem cerimônia nenhuma eu imaginei que fosse mais uma das festinhas que a gente vai na sexta à noite pra esquecer da vida...
  - Ok amor da minha vida - ele beijou o topo da minha cabeça e eu me senti uma criança boba. - Estava guardando surpresa para minha princesa... - eu ainda o encarava com uma expressão relativamente brava, mas o Niall era tão... Niall (ok, eu tinha perdido minha capacidade de dar características hoje) que eu não conseguia esconder um sorriso fofo e o abracei.
  - Já falei que te odeio? - eu ainda o abraçava.
  - Não, mas eu escuto todo dia que você me ama... - desfiz o abraço e lhe dei um tapa no braço e ele riu e devolveu quase sem encostar em mim. Ri do momento e voltei meu olhar para a porta.
  - Eles estão demorando... - eu olhei o horário no celular.
  - De duas uma, - Zayn disse. Eu tinha quase me esquecido da presença dele e do Liam e Dani. - ou Louis esta pegando a Els na casa dela, ou a besta da Feeh esta demorando para arrumar.
  - Eu voto pela segunda. - Liam falou sem tirar os olhos da porta. - Mas a demora deve ter valido a pena, ela está linda.
  Viramos o olhar para a porta da esquerda e uma Fefa com uma roupa maravilhosa entrou no salão do lado do Harry com a Lelê e outra menina que eu não conhecia atrás. Pera ai. Lelê?! Virei meu olhar para Zayn que não falava nada, mas estava boquiaberto. Não sei se era a simples presença da Lelê na festa ou o fato de ela estar deslumbrante que o deixou assim, mas ele estava com a cara mais boba do mundo.
  - Fefa sua linda! - sai do meu lugar fazendo questão de dar um chute de leve na perna dele para que ele acordasse e fui abraça-la. - Lelê! - a abracei logo depois e ela me cumprimentou com um sorriso no rosto.
  - Mary gatona, desse jeito você chama atenção de todo mundo! - ela disse com um sorriso muito estranho no rosto que eu identifiquei como vitorioso pelos simples fato de estar a poucos passos de Zayn e ainda agir normalmente, ou não.
  - Que saudade da minha baixinha! - nós rimos enquanto ela dava um tapa, típico, na minha bunda. - Droga eu estava me esquecendo dessa sua mania de me agredir na bunda... - reclamei e baguncei seu cabelo.
  - Ai sua vadia! Eu fiquei horas arrumando isso!
  - E eu tinha me esquecido do quanto vocês tem uma amizade fofa... - Fefa comentou sem tirar os olhos do chão. Do lado dela estava a outra amiga delas que eu desconhecia. A fitei por um momento. - Mary essa é...
  - Laine? - eu perguntei rindo. Ela fez que sim com a cabeça e eu dei uma olhada para trás onde Niall nos encarava quase hipnotizado. - A Laine - enfatizei a primeira palavra e a abracei. Ela me abraçou de volta como cumprimento.
  - E você é a Mary... - ela disse sem muita cerimônia como se tivesse ouvido coisas terríveis de mim.
  - 24 horas por dia... - brinquei e fiz sinal para Niall que veio ate nos tentando ao máximo não parecer nervoso. - Já deve conhecer meu amiguinho, o Niall. - ele deve ter ficado roxo ou algo do tipo e eu ri com a possibilidade.
  - É... Hmm... A gente se... Conhece do café... - ele disse pausadamente como se tivesse lutando para escolher as palavras certas.
  - Am... Podia acompanhá-la Nini... - eu disse na maior cara de pau e percebi que Fefa já não estava mais la. Ela ria da situação há uns passos de distancia. - eu digo, já que o senhor não fez o favor de ajudar sua amiga aqui apresentando a festa - me referi a nossa conversa de mais cedo. Ele só assentiu e continuou me escutando sem olhar para Laine - Podia fazer isso com ela... - eu o empurrei na direção dela e sai fazendo sinal para Lelê e Fefa.
  - Você... É... Perfeita! - Fefa ainda ria descontroladamente.
  - Faço o que posso... - quando nos unimos ao resto do grupo senti a tensão no ar.
  - Saudade de vocês. - Lelê disse sem se quer olhar para Zayn. Ela cumprimentou cada um deles, menos Harry e se virou para ele. - De você também Zayn... - ele a fitou e eu pude jurar que vi um olhar torturado em seus olhos.
  - É... Tem um tempo que a gente não se fala... - ele disse frio e pareceu procurar a Perrie com os olhos com certo desconforto. - Vocês viram a Perrie? - ele perguntou pra gente enquanto encarava Lelê como quem diz: eu também sei jogar.
  - Não... Ela deve estar com as outras Little Mixers. - respondi evitando qualquer olhar. Pobre Perrie, mal sabia que se aquele momento continuasse seu relacionamento teria sérios problemas...
  - Okay - ouvi Liam dizer e me virei para os outros que também encaravam a cena perplexos. - Quem quer beber alguma coisa?
  - Eu quero. - Zayn disse. - Alias, olha a Perrie ali no bar, vamos lá?
  - Quer saber? - Lelê disse com o sorriso mais vitorioso do mundo na cara. Nem um medalhista se sentiria tão realizado naquele momento. Confesso que eu fiquei com um pouco de medo do que ela ainda poderia fazer. - Eu também quero beber! Ela segurou minha mão e da Fefa - vamos deixar esses casais juntinhos ate acordarem amanha de manha sem roupa.
  - Oh my... - foi tudo que eu consegui dizer. Não sei se foi por causa da coisa patética e de certa forma vergonhosa que ela tinha falado ou porque eu senti certo pânico de segui-la ate o bar.

  {...}

  - Mais um, por favor? - ouvi Fefa dizer. Já estava tudo girando na minha cabeça e eu tinha certeza de que minhas pernas estavam bambas o bastante para me jogarem no chão assim que eu me levantasse.
  - Não! - eu gritei e acho que assustei um pouco o barman. - Nem. Mais. Um. Gole! - não sei se minha voz estava embolada ou meus ouvidos que não estavam muito bentos, mas eu não gostei da minha voz quando a ouvi.
  - Mary relaxa e goza! - ouvi Lelê dizer e virar o copo
  - Pra que que eu fui seguir vocês duas? - eu ainda estava sóbria o bastante para poder repreendê-las, e para admitir pra mim mesma que eu precisava beber alguma outra coisa.
  - Você é a adulta aqui! - Fefa debochou e bebeu um gole da bebida que havia acabado de chagar. Fuzilei o barman com os olhos e ele deu os ombros antes de sair do meu campo de visão.
  - Sendo influenciada por duas adolescentes de 16 anos! Oh my God... - retornei a minha posição ereta.
  - Epa, eu tenho 17! - Lelê embolou toda sua língua falando isso, e eu apenas ignorei.
  - O teimoso! - gritei para o barman que me olhou com uma expressão divertida. - Me traz alguma coisa que não tenha álcool? - ele riu e colocou um copo de refrigerante na minha frente que eu bebi de uma vez. - Tem água? - ele fez que sim com a cabeça e colocou um copo de água na minha frente de eu bebi todo de novo. - Agora resolve fazer o que eu peço em? Elas duas são menores ta?!
  - Quando essa ai fica bêbada ela tem amnésia! - Lelê exclamou bebendo mais. O garçom apenas riu e saiu novamente. Coloquei a cabeça entre as mãos e continuei bebendo minha água. Enquanto as duas retardadas riam e se encaminhavam para a pista de dança.
  - Mais um por favor! - ouvi uma voz masculina do meu lado. Não reconheci a voz e nem me preocupei a olhar para o ser humano que se encontrava do meu lado. - Wow ta bebendo vodka pura? - olhei para meu copo de água e virei meu olhar para ele com a cara mais sóbria que eu pude.
  - Não. - respondi friamente e voltei minha atenção às garrafas perfeitamente alinhadas do bar.
  - Água? - eu assenti com a cabeça. Ele gargalhou o que me deu raiva e ao mesmo tempo vontade de ficar ouvindo aquilo eternamente. - Não combina com uma mulher tão bonita como você... - eu sentia seu olhar em mim e não me atrevi a olha-lo. Eu me conhecia bem e dada a minha situação, não era nada bom que eu me deixasse ser seduzida.
  - Mulheres bonitas devem ficar bêbadas? - debochei agora me virando para ele. Não o reconheci, mas alguma coisa naquele rosto me era familiar. Seus olhos azuis me fitavam e eu não sei quanto tempo me senti hipnotizada por eles.
  - Não, mas sinceramente, eu acho muito sexy. - ele se aproximou de mim e eu me senti vulnerável demais e eu acho que não era por conta da bebida.
  - Desculpa, não estou aqui para seduzir. - ele sorriu e eu senti uma coisa estanha dentro de mim.
  - Estranho como a gente às vezes a gente acaba fazendo certas coisas sem querer... - ele chagou mais perto e eu começava a sentir meu coração bater um pouquinho mais rápido (eu não estava nervosa, imagina).
  - Pois é, estranho como você esta me incomodando... Tava planejando isso? - disse juntando toda a sanidade que eu ainda tinha na minha cabeça. Ele riu de novo e sussurrou em meu ouvido - Cya. (n/a: see ya, te vejo mais tarde...) - ele saiu e eu me arrepiei toda e senti que precisava sair dali. Ficar longa das bebidas e daquele cara antes que eu comece a ficar doida.
  Olhei para Fefa e Lelê atrás de mim e percebi que elas nem se quer lembravam que eu existia. Estavam rindo como retardadas ate agora e eu podia ouvir Henrique no meio dos risinhos das duas. É elas não viram o que aconteceu.
  - Eu vou... Procurar o Niall ou um dos outros. - elas finalmente se viraram pra mim.
  - O Niall? Ele deve ta se pegando com a Laine por ai... Ou fazendo mais. - disse Lelê e as duas começaram a rir loucamente de novo. Ok, Harry você vai me ajudar com isso... pensei comigo.
  Sai do bar e por incrível que pareça eu não cai ao estar sobre minhas pernas. Suspirei aliviada e comecei a andar pelo salão com muito cuidado porque eu ainda estava meio alterada e de salto alto. Ate que um ser humano trombou em mim tirando completamente meu equilíbrio.
  - Desculp... - ele havia me impedido de cair e me segurava pela cintura. Ok, o cara era ninja. - Não acredito. - ele sorriu e eu reconheci aquele sorriso, droga. - Não deu conta de esperar não é? - pisquei uma ou duas vezes tentando assimilar tudo. Soltei-me de seus braços e percebi que ele estava acompanhado de outro cara. Ele também me pareceu muito familiar e eu finalmente me convenci que eu conhecia ele de algum lugar.
  - Muito pelo contrario. - retruquei - Sai de lá para não correr o risco de você aparecer de novo... - sorri vitoriosamente vendo sua cara de duvida. Seu amigo riu junto comigo e deu um tapa em seu ombro. Ele abriu a boca, mas eu sai antes que ele falasse alguma coisa.
  Eu andava pelo salão procurando uma cara conhecida, mas acabei por ver todas as caras conhecidas. Cher Lloyd, Tom Fletcher, Ed Sheeran e por incrível que pareça Simon Cowell. Continuei andando meio boquiaberta ate que avistei Harry. Ele estava pegando alguém, pra variar.
  - Hazz. - o cutuquei na maior cara de pau interrompendo seu beijo com uma morena de olhos azuis que eu não conhecia.
  - Am... - ele me olhou envergonhado e com certa raiva. - Oi?
  - Sua pequena está no bar com a Lelê rindo que nem duas idiotas e bebendo como você e o Zayn... - ele fez uma cara de espanto e olhou para a morena que o olhou com desprezo e saiu andando. Apontei a direção em que elas estavam e sai dali antes que ele começasse a me xingar.
  Continuei andando ate que avistei Niall sozinho assentado num sofá. Fui em sua direção e sentei do seu lado.
  - Pensei que tinha se juntado as solteiras sem causa... - ele debochou e eu deitei em seu ombro.
  - Eu estava... E agora tudo gira na minha cabeça. - admiti e ele me olhou com reprovação. - e eu pensei que tivesse se juntado com o amor da sua vida.
  - É, mas ela falou que ia dar uma palavrinha com as amigas...
  - Da uma palavrinha com a sua amiga mais gata e me conta tudo!
  Ele me contou tudo, desde o momento que eu os larguei sozinhos em que eles ficaram falando de mim (o que não é nada confortável de se ouvir), depois foram para o bar beber alguma coisa. Daí falaram do café e ele comentou o tanto que eles se sentiam desconfortáveis e sem graça. Depois eles comentaram da turnê e ele explicou para ela como é a vida de famoso dele e depois eles se beijaram (claro que ele me omitiu todas as coisas fofas que eu sei que ele falou com ela).
  - Vai mesmo omitir todos os detalhes de mim? - perguntei fingindo estar incrédula. Ele riu.
  - Eu vou te contar... Assim que absorver isso tudo. - ele ria sem graça.
  - Own bebê! - apertei suas bochechas e ele fez uma careta.
  - Mary, faz ideia de onde a gente ta?
  - Ah sim. Falando nisso... Me conta porque eu passei do lado do Tom Fletcher, pisei sem querer no pé do Ed Sheeran e ouvi sem querer um pedaço de uma conversa animada ente Simon Cowell e Cher Lloyd?!
  - Pois é, é outra coisa que eu omiti. Essa é uma festa de gravadora. Não necessariamente da Syco então vem muitos artistas... - ele disse calmo como se tivesse me falando algo tão obvio como 2+2=4.
  - Você não presta Niall... Me omite todos os detalhes nada insignificantes dessa festa e ainda por cima não me conta o que aconteceu entre você e a Laine.
  - Esses são assuntos já conversados... - ele passou o braço por trás do meu pescoço - Ei! - ele gritou para o garçom e pegou duas bebidas da bandeja. - A amizade do cara mais gostoso com a princesa mais boba. - ele me entregou um copo e ergueu o seu. Encostamos nossos copos e eu bebi. Sentindo o álcool rasgar minha garganta.

  Feehs POV

  - QUE DROGA STYLES, VOCÊ NÃO É MEU PAI! - eu gritei.
  - Graças a Deus! - ele segurou meu braço e me puxava para longe do bar.
  - ME SOLTA AGORA OU EU TE FAÇO PASSAR VERGONHA NO MEIO DESSE TANTO DE GENTE FAMOSA - eu gritei, num tom mais baixo do que o anterior para não parecer louca.
  - Vai, me faz passar vergonha. - ele chegou perto de mim. Perto demais. Eu encarava aqueles olhos verdes de um ângulo nunca antes visto. - Mas não se esqueça de que você que vai parecer a louca bêbada que o Harry Styles ta ajudando.
  - Eu não ligo de parecer louca, só quero que me solte! - cuspi friamente. O álcool não me fazia muito bem. Mas ele não podia agir com tanta superioridade sobre mim.
  - Pra você voltar lá e beber até ficar em coma alcoólico? De jeito nenhum! - ele apertou meu braço ainda mais. - Você vai embora daqui agora.
  - Me solta Harry você sabe que o álcool não me atinge assim... - falei quase num tom de suplica.
  - O que você quer? - ele pareceu ceder.
  - Ficar...
  - Teimosa - ele abriu um sorriso, vencido.
  - Então - tentei afastar o clima tenso. - Como tem sido sua festa?
  - Boa... - ele estava visivelmente sem jeito e aguardando minha próxima pergunta.
  - Já pegou quantas? - falei no tom mais debochado que pude forjar.
  - Algumas...
  - Ah qual é Hazza!
  - Sei lá... Umas 4, 5...
  - Flack?
  - Não a vi ate agora - ele admitiu e eu vi sinceridade na sua voz.
  - Hmm, acho bom mesmo.
  Ele jogou a cabeça pra trás, riu e falou:
  - Você já ta sóbria o suficiente?
  - Acho que sim. - ri falando timidamente - Por que?
  - Ah, então você está apta para me dizer quantos pegou...
  - Hmm, acho que perdi a conta... - eu brinquei apenas para ver sua reação. E, ao contrario do que eu esperava, ele continuou rindo e disse:
  - São em momentos como esse que eu quase quero que você volte a namorar com o Henrique, QUASE!
  Eu dei uma daquelas gargalhadas que te deixam sem ar e fiquei meio tonta, por conta do álcool que ainda corria em mim e da falta de ar, o que me fez balançar nas pernas, mas seus braços fortes me seguraram.
  - Opa, cai não.
  - Não seja ridículo, Harry, estou bem.
  - Tá, agora me diz, de verdade, com quantos você ficou?
  - O que, ta com medo de ter perdido nos números pra mim, é Styles?
  - Claro que não, estou com medo de ter sido mais de um famoso, isso não seria muito legal.
  - Então relaxa, porque não teve nenhum famoso... Só um produtor de cinema que me chamou muito a atenção...
  - Meu Deus, Feeh, não quero que você fuja pra Hollywood! - ele zombou de mim.
  - Lógico que não! Londres é a minha vida, esqueceu?
  - Hmm, acho bom mesmo. - ele repetiu minha fala, imitando meu tom de voz - Só esse?
  - Nem pensar! Teve também o modelo de Oxford, que foi o único loiro de toda a festa que me chamou atenção. - desculpa, prefiro morenos mesmo - E o italiano. Nossa, aquele italiano...! Eu definitivamente preciso dele mais vezes!
  - Três? Só isso?
  - Sim. Espera... Calma... Ah não, não fiquei com ele não.
  - Ele quem?
  - O barman gostoso, estávamos quase lá mas a Lelê me puxou pra dançar com ela. - eu ri me lembrando da cena cômica.
  - Fernanda e sua tara por barmans! - ele gargalhou - Você não muda nunca? Toda festa tem que ter um barman?
  - Não tenho tara por barmans! Mas também não tenho culpa se em toda festa que eu vou os barmans são deuses gregos em sua forma humana...
  - Meu Deus, que menina safada! - ele fingiu falsa indignação.
  - Ué, aprendi com o melhor. - lhe dei uma piscadela brincalhona e continuei - Vamos dançar?
  - Ah não Feeh, obrigado. Você sabe que eu não danço.
  - Se você não dança, então como você se diverte?
  - Você sabe muito bem como eu me divirto...!
  - Ah, vamos lá Harry, se divertir não é só beijar milhares de bocas e passar a mão em trocentas bundas! Vem dançar aqui com sua melhor amiga, por favor! - e quando vi que ele já estava quase negando com a cabeça de novo, eu disse - Dança comigo Styles, se não eu volto a beber! E não pisa nem ser comigo, mas só dança, okay?
  - Tudo pela sua saúde, Fernanda. Então vamos lá.
  Eu sorri amigavelmente e o puxei para a pista de dança. Estava tocando Starships, e sim, eu amo dançar essa música.

X

  Kiss me and leave me on
  Nothing really matters when we're dancing
  Listen to the same sad song playing on repeat
  'Cos everytime we come this close my heart skips skips a beat

  strong>Laine's POV

  Flashback ON

  – Você não bebe, não Laine? - ouvi sua voz ao pé do meu ouvido, o que me fez arrepiar por inteira.
  Niall olhava para o meu copo quase sorrindo - ok, eu sei que numa festa dessas não é adequado tomar Coca-Cola, mas o negocio é que eu quero me lembrar de hoje...
  Já não estávamos mais no bar, Niall me guiava sem perceber para uma parte mais quieta do salão de festas onde estávamos.
  – Hmmm, sim e não. - respondi sorrindo, o que o fez me lançar um olhar indagador.
  – Você está permitida a me dar mais explicações, França. - ele disse passando o seu braço livre pelas minhas costas e me levando ao belíssimo lounge que ficava na parte externa do local da festa. Beleza, não tinha ninguém ai, só eu e Niall. Eu e Niall. 
  Eu.
  Niall.
  – É que tipo, eu bebo sim. Na verdade eu adoro beber! - dei uma gargalhada nervosa, mas logo sentir minhas bochechas queimarem ao perceber seu olhar intenso em mim - Mas não em ocasiões em que eu quero me lembrar dos fatos...
  – Hmm, então você quer se lembrar de hoje? - ele perguntou sentando ao meu lado em um pufe rosa bebê e passando seu braço pelo meus ombros, cruzando as pernas e olhando para o céu com um olhar brilhante.
  – Claro que sim! - exclamei, mas depois percebi que falei isso com entusiasmo demais, porque Niall tirou sua atenção do céu e se virou mais uma vez pra mim, só que dessa vez sorrindo. - Quer dizer, - continuei - essa é a primeira festa que eu venho com os meninos da 1D, então...
  – Com os meninos da 1D, ér Laine? - ele falou como quem perguntasse se não havia alguma coisa a mais. Dã Niall, você é um menino da 1D!
  – Sim. - respondi encarando ele também.
  Niall se aproximou mais de mim e sussurrou novamente na ponta do me ouvido:
  – Ô menina difícil, essa França! - dei uma risada abafada - Nunca fala o que eu quero ouvir...!
  – E o que você quer ouvir, Irlanda?
  – Ué, você sabe muito bem.
  – Hmmm, quem sabe talvez um dia?
  – Difícil! - ele gargalhou - Muito difícil essa Laine! Mas então, sobre o que você quer conversar, baixinha?
  – Me conte sobre sua amizade com a Mary. - respondi, tentando não demonstrar ciúmes na minha voz.
  A Mary era legal, é lógico, mas era meio impossível não sentir ciúmes dela... Não sabendo que ela tinha ele antes e mais fácil que eu.
  – Hmm, o que você quer saber?
  – Sei lá, tudo, talvez...?
  – Tá. Nós nos conhecemos logo quando formamos a 1D. Ela era super amiga da Feeh, quer dizer, ela é... Ah, anyway, ela dava aulas particulares pra Feeh ou alguma coisa assim. E você sabe que a Feeh sempre foi grudada ao Harry, então logo que formamos a banda nós conhecemos elas duas juntas e mais a Lelê... E, sei lá, o que eu posso dizer? Eu encontrei nela a minha alma gêmea.
  – Al-alma gêmea? - gaguejei sem conseguir disfarçar o ciúmes dessa vez.
  – Ér! Calma, não do tipo de amor, paixão, essas coisas! Eu meio que... Me vi nela, sabe? Uma versão feminina do Niall. E eu acho que ela se viu em mim também, como a versão masculina da Mary. Cê ta me entendendo Laine?
  – Bem, agora eu estou... - disse eu muito mais aliviada,
  – Então, dali a pouco tempo ela logo virou minha melhor amiga e eu não sei mais viver sem ela, acho que é isso.
  – Mas assim, você nunca teve... Uma quedinha por ela? Ou, sei lá, vontade de ficar com ela?
  – Isso é ciúmes, Laine? Hmm não, deixaremos esse papel para o Harry e a Feeh. - ele brincou e eu ri - To brindando, okay? Eles são só amigos também...
  – Ah eu sei, a Feeh fez questão de deixar isso bem claro pra mim quando nos conhecemos...
  Niall pegou minha mão e começou a brincar com ela, mas depois de um tempinho ele parou e ficou pensativo.
  Não resisti e perguntei:
  – No que você está pensando?
  – Nos nossos encontros no Café... - ele riu um pouco sem graça.
  – Encontros nada! Você me perseguia até lá! - eu ri mas um pouco e dando um soquinho de leve em seu braço.
  – Que mentira! Para sua informação eu estou lá a mais tempo que você! Mas pra falar a verdade, eu estava pensando mesmo é em como eu ficava sem graça perto de você...
  – Você ficava? - perguntei zombando dele - Bem, eu fico...
  Ficamos conversando mais algumas bobagens, Niall me falou de como era sua vida de famoso e eu lhe falhei com era minha vida em Paris, nada de mais... Mas então o silencio se fez presente de novo. E como sempre, foi ele quem o quebrou.
  – Sabe Laine, você me chamou atenção desde a primeira vez em que eu a vi... - ele falou sem olhar em meu olhos, mas pegando uma mecha caída do meu cabelo e colocando atras de minha orelha.
  – Ah é? E por que disso?
  – Não sei... Acho que sua pele morena foi sexy demais para eu aguentar... - ele riu e brinquei também:
  – Claro nér! Minha pele morena seduz a todos! - e fiz uma cara de convencida.
  – A todos não, só a mim. - dessa vez ele me olhou e aconteceu tudo muito mais rápido do que eu gostaria.
  Niall pôs as mãos em meu pescoço e eu afundei as minhas em seus cabelos e logo nossos lábios já estavam colados e nossas línguas dançando em perfeita sincronia.
  Ai caralho, até beijando aquele menino conseguia ser perfeito!

  Flashback OFF

  Eu estava levemente distraída me lembrando de meu "momento" com o Niall quando uma conversa, que mais parecia uma discussão de Zayn e Lelê me chamou a atenção.

  Zayn's POV

  – Cadê a Mary? - Perrie perguntou quando estávamos todos juntos de novo.
  – Deve estar pegando alguém. - ouvi Lelê, ou melhor, a Letícia falar com seu tom desafiador que ela insistia em manter desde a maldita hora que ela chegou.
  – Já são quase 5 da madrugada! - Feeh reclamou. 
  – Cadê o Niall? - ouvi Laine perguntar. Eu não estava exatamente ligado àquela conversa. Eu fuzilava e amaldiçoava aquela menina com os olhos. 
  – Agora eu retiro o que disse do "pegando alguém" - ela sorriu. O que ela queria estando ali? Me matar?! Me torturar com aqueles olhos provocantes?
  – Alguém a procura? Eu quero ir embora! - Feeh protestou de novo. 
  – Ta parecendo uma criança manhosa - resmunguei. 
  – Desculpa se eu to com sono! - era claro que ela estava alterada por causa do álcool.
  – O Niall ta ali. - Laine apontou ansiosa para ele que vinha correndo com a expressão preocupada. 
  – A... Mary... - ele disse ofegante. 
  – Que que tem ela?! - Louis exclamou preocupando-se. Todos ficamos sóbrios de alguma forma depois disso. Liam e Harry correram atrás de Niall e eu e Louis ficamos ali com as meninas. Fefa estava estranhamente calada e Lelê, Letícia!, Ainda desviava alguns olhares vingativos em cima de mim. Poucos minutos depois que passaram quase se arrastando com uma Fefa ridiculamente bêbada chorando, Perrie segurando minha mão tensa e Lel... Letícia, ainda desviando olhares que me torturavam, Louis, Eleanor e Danielle conversando em cochichos, eles chegaram. Mary apagada no colo de Liam, Harry com cara de pai e Niall mais pálido que o normal. 
  – Que que ela tem? 
  – Álcool nas veias! - Harry soltou.
  – Ela bebeu demais... - Niall falou triste e os soluços de Feeh se tornavam cada vez mais claros. 
  – Culpa dessas duas. - Harry olhou para Feeh e Letícia. 
  – Querem matar ela é?! - eu aumentei o tom. Tentando ao máximo excluir Feeh da bronca e concentra-la na causa da minha tortura emocional. 
  – Claro que não! - Letícia protestou e me vi soltando a mão de Perrie. 
  – Olha aqui garota! - apontei o dedo para ela - Você fica fora e fica tudo bem. Agora resolve aparecer como intrusa aqui e olha o que você causa! 
  – Zayn, a culpa não é dela... - Niall disse calmo. Agora eu sentia o álcool subindo para meu cérebro. 
  – Liam, vamos para o carro que eu quero sair daqui! - peguei a mão de Perrie e sai rápido daquele lugar. Vi Niall se despedindo de Laine e das outras e saiu correndo atrás de nós.

  Mary's POV

  – Bom dia flor do dia! - ouvi uma voz conhecida seguida por uma claridade que atingia em cheio meus olhos fechados. 
  – Mãe? - perguntei meio tonta.
  – Claro, sou sua mãe! E você está em Sheffied. 
  – Sua praga... - eu ri.
  – Também te amo irmãzinha... - Dafne debochou.
  – Por que me acordou? - eu disse com a voz preguiçosa e afundando minha cara no travesseiro.
  – Porque são 3 da tarde e você deve estar morrendo de fome. - minha barriga revirou e eu me senti como se não comesse há dias. - Alem da sua cabeça que deve estar explodindo... - droga minha cabeça. Naquele momento eu senti como se meu cérebro palpitasse na minha cabeça e eu a sentia latejando. Era uma dor insuportável.
  – Sua vadia pra que foi falar isso? - ela me olhou assustada - se você não tivesse citado isso minha cabeça não estaria doendo... - eu falei como se isso fosse realmente possível e ela riu da minha cara. 
  – Okaaay... - ela ainda olhava estranho pra mim. - toma isso - ela estendeu um comprimido e um copo de água para mim que eu tomei como se minha vida dependesse disso. E de alguma forma dependia... 
  – Te amo! - eu disse depois de tomar a água que descia gelada na minha garganta. 
  – Então... Lembra de alguma coisa pra me contar? 
  Lembrar... Eu me lembrava claramente de estar com as meninas no bar, depois conversar com aquele ser que não me é estranho, depois de sentar no sofá com Niall e começar a beber de novo. 
  Pequenos borrões começaram a aparecer na minha cabeça, o que a fez voltar a doer na mesma intensidade de antes. Olhos azuis... Olhos muito azuis me olhando bem de perto. Muito mais perto do que eu podia imaginar. Meu cérebro começou a se debater na minha cabeça. Eu continuei me forçando a me lembrar... Olhos azuis me encarando de perto e chegando mais perto, mais perto. Dai começamos a nos beijar. De quem eram aqueles olhos? 
  – Puta merda! - pensei alto e elevei as mãos para minha cabeça que já doía como nunca pensei que fosse possível. 
  "Eu fiquei com o Niall naquela festa?" pensei comigo.

XI

  Can we fall one more time?
  Stop the tape, and rewind

  – Mary, você tem certeza? – ela me perguntou com a expressão séria.
  – Por que não teria Fernanda? – eu disse impaciente. Estávamos as duas em um dos bancos no meio do Hyde Park. O calor era intenso e somado ao meu nervosismo eu já estava suando.
  – Mary, você estava bêbada! – ela insistiu e eu apoiei o rosto nas mãos.
  – Eu sei mas... Mas... Olha eu to me remoendo há dois dias. DOIS DIAS! – ergui a cabeça – Não consigo falar com ele e nem abrir a tela do celular por causa da foto nossa que é o plano de fundo... – eu estava nervosa e batia a perna freneticamente.
  – Mary, - ela pegou minhas mãos – mesmo se tivesse acontecido, você não pode fazer nada... Muito menos se afastar! – me senti uma adolescente boba recebendo conselhos da irmã muito mais velha...
  – Ah tá, e vai dizer que já aconteceu com você?! – ironizei e ela se mexeu desconfortável no banco. A fitei curiosa e percebi seu rosto formar um sorriso tímido. – Fernanda...
  – Am... Mary... Ér... Bom! – ela parou, respirou fundo e continuou a me encarar com os olhos assustados.
  – Fernanda! – eu disse impaciente socando sua perna como uma criança mimada quando não consegue o que quer.
  – Ta, tá! – ela disse por fim e eu parei de socá-la – Aconteceu...
  – Com quem? – subi o tom e ela me olhou como se eu não estivesse em estado perfeito... Não, eu não estava.
  – Quem Mary, quem?! – ela perguntou quase incrédula.
  – Querida eu sou inteligente, mas eu sou mais devagar que o Harry pra... – ela revirou os olhos – Pera ai...
  – É, é, foi. Foi o Harry! – ela disse por fim e fechou os olhos. Eu podia jurar que estava boquiaberta.
  – E... – ela abriu os olhos. – Bom. Você... Conseguiu olhar na cara dele depois? – perguntei tentando ignorar o fato de aquilo ser muito estranho. Ai Harry...
  – Consegui. – ela deu os ombros – Quer dizer, é estranho, mas é possível de se ignorar...
  – E ele?
  – Digamos que ele não sabe... – ela disse envergonhada e fugindo do meu olhar. Eu ri. – Qual é a graça? – ela perguntou fitando as folhas do chão.
  – Filha, como assim vocês se beijaram e ele não sabe? – eu disse ainda rindo. Ela pareceu ver graça e também soltou uma risada.
  – Bebida Mary! A gente estava numa festa e...
  – Pera ai! – a interrompi. – Festa? Bebida? Por acaso foi com o Harry que você traiu o Henrique Fefa?
  – A gente tinha bebido! E você sabe como eu saio de mim quando eu bebo! – ela se justificou voltando o olhar para mim. Voltei a rir com a lembrança dela e da Lelê rindo que nem retardadas na pista.
  – Ai Deus... – ela também riu e ficamos as duas rindo mesmo sem saber ao certo o por que.   – Pera um minuto Mary... – seu celular começou a tocar no bolso e ela saiu para atendê-lo.   Estava começando a me convencer de que o fato de eu ter ficado com Niall na festa não era algo tão terrível assim... Eu nem tinha certeza de nada mesmo... Mas estávamos os dois bêbados e a ultima lembrança sã daquela noite foi quando eu e Niall conversávamos em um dos sofás daquela boate. Fiz uma nota mental para nunca mais beber compulsivamente em uma festa e esquecer completamente do “acidente” da noite. Sorri involuntariamente e avistei Fefa voltando e guardando o celular.
  – Am... Eu tenho que ir pra casa... – ela disse sem graça. – Mamãe chama. – ela sorriu e eu assenti. Me despedi dela e continuei sentada olhando para a vista maravilhosa do parque.
  {Dois dias depois...}

  Lelê's POV

  Meus pais estavam gritando de novo, eu não aguentava mais essas constantes brigas deles porque o pior sempre sobrava pra mim. Era sempre pra mim que a minha mãe vinha chorar depois ou que me pai vinha dizer que não estava mais dando certo. É claro que não estava, mas se não estava pra ele, imagine pra mim?
  Só mais três dias para as férias de verão, graças a Deus! E então eu passaria três longos meses na casa da Feeh... Tudo bem que é aqui em Londres mesmo, mas eu estava aceitando qualquer coisa que não fosse a minha casa e, além do mais, ela era minha melhor amiga desde nossos onze anos, e com certeza essas férias seriam maravilhosas.
  O ruim - nem sei se posso chamar isso de ruim - é que ela estava sempre com os meninos da One Direction ultimamente, parece que vinha tendo problemas com os pais e estava praticamente morando na casa do Harry a um pouco mais de uma semana. Ai chega a parte em que você se pergunta: onde está a coisa ruim no meio disso tudo? Quer dizer, eu sou uma directioner apaixonadíssima, então isso deveria ser o paraíso pra mim...
  Mas tinha Zayn e tudo ficava de cabeça pra baixo. Depois que "terminei" com ele as coisas ficaram mais frias comigo e os meninos, eu frequentava menos a casa de Larry e definitivamente não saíamos como antes. E também tem a festa de sexta passada, que ele foi extremamente grosso e mal educado comigo, sem nenhum motivo aparente.
  A verdade é que eu amo ele, sempre amei e sempre vou amar. Mas ele não parecia disposto a assumir um relacionamento de verdade, começar um namoro sério... E eu já estava cansada daquela "amizade colorida" que já durava quase um ano.
  E comprovando meu pensamento sobre isso tudo, algum tempo depois que paramos de nos ver ele começou a sair com a loira, a tal de Perrie. A Feeh e a Mary dizem que ela é legal, e talvez até seja mesmo, mas eu não conseguia olhá-la nos olhos, não sabendo que agora ela que tinha ele nos braços, que é ela que beija aquela boca dos anjos todos os dias, que é ela que ele quer agora... O que mais me doía era que, apesar de nem estar com ela a tanto tempo assim, Zayn assumiu pra ele, pra mim, pra ela, pros seus amigos, pros seus fãs e pra quem mais quisesse saber que eles estavam juntos; coisa que ele não teve coragem - ou vontade, sei lá... - de fazer comigo.
  Decidi que ficar pensando nele não ia fazer a dor de ser trocada parar e que eu precisava de uma "Girl's night". Peguei meu iPhone que hoje estava com a capa "I ? 1D" e mandei uma SMS pra Feeh:

  "Onde vc tá bonitona? xx Lelê q vc ama"
  "Na casa de Larry, por quê? xx Feeh q vc idolatra"
  "Bora fazer uma Girl's Night na sua casa hoje? xx Lelê maravilhosa"
  "Yeaaaaap! Vem me buscar aqui (: xx Feeh muito mais maravilhosa q a Lelê"
  "Blz, vou ligar pra Laine tb, okay? xx Lelê q é modesta ao contrario da Feeh"
  "Sure meu amrr! Posso chamar a Mary tb? xx Feeh princesa!"
  "Siiiiim! Manda ela ir pra casa de Larry tb, dai eu busco a Laine e depois vcs duas juntas! xx Lelê humilde"
  "Okaay! xx Feeh linda!"
  "Tá, to indo me banhar! Bjssss xx Lelê LINDA, PRINCESA, PERFEITA E MARAVILHOSA"

  Eu ri depois que paramos de mandar mensagens e então mandei uma pra Laine também:

  "Girl's Night hoje na casa da Feeh, eu, vc, ela e Mary, rola? xx Lelê"
  "Super roooooola! Q horas? xx Laine"
  "Daqui a meia hora mais ou menos eu passo pra pegar vc, pode ser? xx Lelê"
  "Ah nãao... Vou sair com as minhas irmãs nesse exato momento! Posso chegar lá mais tarde? xx Laine"
  "Tá, tudo bem, eu aviso pra elas! Beijãao bonitona! xx Lelê"
  "Tá, não esquece! Beijos fabulouis! xx Laine"

  Entrei no banheiro e liguei o chuveiro de água quente, desejando no fundo do meu ser que Zayn não estivesse na casa do Harry e do Lou, eu ainda não estava com cabeça para encará-lo desde a festa. Mas que porra Leticia, esquece isso!! Lavei meus cabelos e ensaboei meu corpo e depois enxaguei tudo.
  Enxuguei meus cabelos na toalha e peguei uma blusa branca de um ombro só, que tinha escrito "Feelin' sexy and free" de varias cores. Vesti um short de um jeans bem azulado e pus minha meia pata preto e fui para a casa de Larry.

  Zayn's POV

  – Zayn, avise para os meninos que eu estou indo... Preciso, tipo, muito, dormir! - disse Liam saindo pela porta da casa de Larry.
  Era terça-feira e o dia de hoje tinha sido realmente cansativo, então eu entendia o desejo do Daddy por um descanso. Mas, graças a Deus, agora já estávamos de "férias".
  Quando chegamos aqui de tarde, depois do ensaio, a primeira coisa que fiz foi colocar uma calça de pijama quadriculada e minha blusa de flanela cinza escrita "Dream's King" e me joguei no sofá, dormindo por lá mesmo. Quando acordei Liam já estava de saída, Louis tinha deixado um bilhete dizendo que tinha ido para a casa dos pais da Eleanor. Harry ainda dormia - sim, todos nós dormimos, não só eu - e Niall tinha sumido. Quer dizer, quase; quando ouvi um barulho vindo da cozinha eu soube quase que imediatamente onde ele estava.
  E também tinha a Feeh, que estava extremamente estressada - bem, talvez nem tanto - porque Harry tinha batido seu recorde no Fruit Ninja. Eles dois tinham essa tal competitividade para todos os jogos do iPad de Harry, até no Draw Something, eles competiam pra ver qual era o desenho mais bonito e é claro que eram sempre os da Feeh. Mas eu não havia visto ela desde que chegamos, até agora.
  Ela estava arrumada, iria sair, provavelmente com as meninas. "Lelê..." Ai que droga Zayn, isso de novo?!
  Feeh usava uma saia de cintura alta verde água com uma blusa rosa bebê bem colada ao seu corpo.
  – Vas Happenin' Z?! - falou ela sorrindo.
  – Vas Happenin' Fefa! Vai sair?
  – Vou sim! Por falar nisso, a Mary já chegou? Ou pelo menos ligou...?
  – Nadinha... Mas você sabe que mais enrolada que ela... - eu comecei a falar, mas Niall me interrompeu saindo da cozinha.
  – Mais enrolada que ela só ela mesmo. Boa noite Feeh, Zayn...
  – Boa noite, Nialler. - nós dois respondemos ao mesmo tempo.
  Niall comia uns biscoitos recheados, daqueles que engordam bastante. Ele se sentou ao meu lado no sofá, com a Feeh em seu outro lado, e ligou a TV e foi mudando de canal até achar alguma coisa que chamasse sua atenção. Parou na Warner e começou a assistir Supernatural. Feeh se empolgou porque aquela era sua serie favorita e eu ri quando ela suspirou:
  – Ai meu Sammy... - ela deu um salto quando seu celular começou a tocar em seu bolso. Ela foi até a cozinha, falou rápido no telefone e depois voltou.
  – Niall, você pode me deixar naquele centro comercial que é uns três quarteirões daqui?
  – Sim, claro! - ele respondeu já se levantando e pegando as chaves de seu carro.
  – Zayn, - a Feeh continuou - vou sair rapidinho com a Mary e a Perrie, depois nós voltamos pra cá. Avisa pro Harry, ok?
  – Tudo bem!
  Eles saíram e eu continuei vendo Supernatural, esse era aquele episódio em que os desenhos das crianças se tornavam reais e matavam os pais delas. Eu ria com os palhaços perseguindo Sam. Ele acabou e começou a passar The Big Bang Theory e dai comecei a rir sem parar.
  Harry desceu com uma cara toda amarrotada e o cabelo bagunçado, perguntando:
  – Pra onde foi todo mundo?
  – Liam foi dormir, Louis foi saiu com a Els e Niall foi deixar a Feeh naquele shopping pequenino que abriu a pouco tempo. Somos só eu e você hoje, Styles...
  – Poxa, a Feeh poderia ter me acordado que eu levava ela lá! - disse ele fazendo um biquinho de birra e se sentando do meu lado.
  – Mas acho que o Niall já estava de saída também... Ei Harry, tem alguma coisa pra comer?!   – Não sei, vamos ver.
  Nós fomos pra cozinha e ele abriu a geladeira e eu os armários.
  – Tem queijo aí? - perguntei.
  – Não. Tem pão aí?
  – Não. Tem leite?
  – Não. Tem achocolatado?
  – Não. Nossa, não tem nada aqui!
  – Zayn! Você pergunta se tem queijo sem ter pão e se tem leite sem ter achocolatado, onde já se viu isso? Ta bem, meu filho? Bora, vamos sair pra comprar alguma coisa. - falou Harry me puxando de volta para a sala.
  – Posso ficar aqui e você vai? É que a Feeh saiu com a Mary e a Perrie e eu acho que elas vem pra cá depois...
  – Tá, mas só por causa delas. To indo então! - ele saiu pela porta e eu a tranquei, ficando mais uma vez sozinho.
  Subi para um dos quartos de hóspedes e fui tomar um banho bem rápido. Depois só coloquei uma calça xadrez e fiquei sem blusa, não estava tão frio assim hoje. Eu tinha acabado de arrumar meu topete e ouvi a campainha tocando. Será que Harry já tinha voltado?
  Desci correndo e atendi a porta, ficando em absoluto choque quando vi quem estava parado lá.
  – Lelê?! - exclamei.
  Ela estava com seus cachos cor de mel meio molhados e bem formados. Vestia uma blusa que caia absurdamente sexy em seu corpo e estava bem mais alta por conta de seu salto gigante. Ela olhava pra baixo quando abri a porta e arregalou seus olhos quando ouviu minha voz.
  – Za-Zayn? - sua voz falhou um pouco. Essa era a segunda vez que nos falávamos desde que terminamos e digamos que a primeira não foi muito... Amigável.
  – Ahn... Oi. - dei um leve sorriso e ela apenas assentiu com a cabeça, mas depois sorriu também.
  – A Feeh e a Mary estão aí? - agora sua voz estava mais firme e ela me olhava confiante.
  – Não, elas foram no shopping novo.
  – Que vadias, nem pra me esperarem!
  – Ahn, é que elas foram com... - "a Perrie", completei mentalmente, mas achei melhor não falar.
  – Com quem? - é claro que ela não deixaria passar nenhuma informação, curiosa do jeito que só a Lelê é...
  – Com o Niall. E ele já precisava ir embora mesmo, então elas aproveitaram a carona. - essa provavelmente foi a mentira que eu já inventei mais rápido em toda a minha vida.
  – Ah ta... E elas falaram se vão demorar ou não?
  – Falaram, a Feeh falou que elas vão rapidinho.
  – Então eu posso esperar aqui? - só com ela falando isso que eu reparei que nós ainda estávamos conversando na porta - Quem mais está aqui?
  – Só eu. Entra. - eu abri caminho para ela entrar, e pude ouvi-la sussurrar:
  – Ai que lindo...
  – Hmm... Lelê, eu queria falar com você sobre uma coisa... - comecei a falar antes que tivesse a oportunidade de dizer alguma coisa. Ela se virou pra mim numa distancia terrivelmente perigosa, deu um sorriso doce e disse:
  – Então fale. Estou aqui e agora e sou toda ouvidos. - e abriu ainda mais seu sorriso. Cara, aquilo estava acabando comigo!
  – Eu deveria te pedir... Quer dizer, eu queria te pedir desculpas pela festa e...
  – É, deveria mesmo. - ela disse com a voz firme, mas ainda sustentando seu sorriso.
  – Eu sei que eu fui um filho da puta com você e... - retornei a falar, mas ela me cortou de novo:
  – Foi, muito filho da puta. - ela falava como se quisesse me atingir, porque nela não atingiria mais...
  – Então... Me desculpa, ta? Não, me desculpa não. Me perdoa? O nome daquilo era álcool nas veias e não vai acontecer de novo. - eu quase ri e repeti - Me perdoa?
  Lelê ficou me olhando por alguns segundos sem demonstrar nada além de compaixão. Seu olhar queimava intensamente dentro de mim. E quando eu já achava que ela diria não ou alguma coisa assim, ela disse:
  – Ta tudo bem, Zayn, sei que não vai acontecer de novo. - e sorriu mais uma vez.
  Porra, que vadia filha da puta. Por que ela fazia isso comigo? Por que ela gostava tanto de fazer isso comigo? Vai se fuder, Letícia. Por que você não poderia ser simplesmente uma puta e não aceitar minhas desculpas? Pelo menos não desse jeito tão adorável... Qual é a dificuldade de falar pra mim: não Zayn, não te perdoo, não quero nunca mais olhar na sua cara, seu vadio ridículo, sai da minha vida...? Tornaria tudo tão mais fácil.
  Ou não.
  Ela se sentou no sofá e viu o que estava passando, olhou para mim e sorriu como nos velhos tempos.
  – The Big Bang Theory? Você não mudou nem um pouco, não é Zayn?
  – Nem todo mundo muda em apenas dois meses Lelê...
  – Ui, sente a indireta Leticia! - ela riu de si mesma.
  – Desculpa, eu... Eu não quis me referir a você. - e isso era verdade.
  – Claro que quis, mas tá tudo bem. Zayn, você poderia me fazer um favor?
  – Depende...
  – Coloca uma blusa? - vi que ela evitava olhar para mim. Eu ri.
  – Por quê? Estou tão fora de forma assim?
  – Nossa, você tá obeso menino! - ela riu também.
  – Se eu estou obeso, tenho até medo de falar como que você está! - falei rindo mais ainda e ela me deu um tapa forte na cabeça.
  – Ridículo, sempre ridículo... Vai por uma camisa, Malik!
  – Mandona! Não, não vou. - cruzei os braços no peito, o que a fez me lançar um olhar indagador. Depois ela olhou para a sala e perguntou:
  – Onde está todo mundo? Casa de Larry sem bagunça não é a mesma...
  – Bem, arrumada ela está sempre, porque a Feeh tá praticamente morando aqui... - eu ri - Liam foi descansar, Louis foi na casa dos pais da Els, Niall foi deixar a Feeh no shopping e depois foi pra casa e o Harry foi na padaria comprar alguma coisa pra gente comer...
  – Que fofo o Louis indo para a casa dos pais dela! E você ficou aqui só na vida boa, né seu folgado?! - ela me empurrou rindo.
  – Meu Deus, Lelê, qual é o seu problema comigo? - exclamei, mas sorri. Droga, aquela garota tinha meus sorrisos fácil até demais.
  – Todos... - ela respondeu meio corada.
  – Então somos dois... - ficamos um tempinho nos encarando sem falar nada, até que eu sugeri - Vamos fazer alguma coisa? O tédio aqui sem todo mundo é uma beleza...
  – Claro! Mas o quê?
  – Sei lá, vamos jogar algum jogo...
  – Se nós pegarmos algum jogo de tabuleiro do Harry sem ele saber ele nos mata! Bora jogar adedanha!
  – Isso! Vou lá em cima buscar canetas e papéis pra gente e já volto.
  Fui no quarto de Louis e peguei um caderno e uma caneta azul e uma vermelha e desci correndo.
  – Aqui Lelê... - dei uma folha e a caneta vermelha para ela.
  – O que, que a gente põe?
  – Nome, animal, objeto, comida/bebida, lugar e personagem de TV, ta bom só isso?
  – Sim, dai o total fica sessenta. Mas personagem de TV pode ser de desenho?
  – Claro que pode, fica até mais fácil. Vamos começar.
  Jogamos umas seis rodadas e ela ganhou três, empatamos uma e eu ganhei duas, até que na sétima rodada a letra foi "P".
  – Nome? - perguntou ela.
  – Perrie e o seu?
  – Peter. Animal?
  – Pato e você?
  – Pinguim. Objeto?
  – Pá.
  – Vadio, o meu também! - ela riu - Comida/bebida?
  – Paçoca e o seu? - ela deu uma gargalhada gostosa com a minha resposta e disse:
  – Pimenta. Lugar?
  – Polônia.
  – Paris. E por ultimo, personagem de TV?
  – Peter Parker.
  – Hmm boa essa!
  – Lógico que é! E o seu?
  – Perry, o ornitorrinco. - ela ria, mas evitava me olhar.
  – Você não pode nem fingir que gosta um pouco dela?
  – Claro que não. - ela sorriu olhando no fundo dos meus olhos.
  Eu já ia argumentar mais alguma coisa, mas a campainha tocou de novo. Fui até a porta e gelei quando a Feeh, a Mary e a Perrie passaram por ela. Lelê já estava sentada no sofá e nos encarou quando a Perrie me deu um beijo leve, também pude escutar a Feeh falando para a Mary:
  – Fudeu.
  – Hm, Perrie, essa é a... - comecei a apresentar elas duas.
  Perrie já sabia parcialmente quem ela era, quer dizer, ela a conhecia da festa, mesmo sem terem sido apresentadas e sabia também que antes dela eu estava ficando com a melhor amiga da Feeh e sabia também que tinha sido ela quem terminou comigo.
  – Acho que não fomos devidamente apresentadas na sexta. Sou a Lelê. - ela própria completou - A melhor amiga da Feeh.
  Perrie me encarou e depois a ela. Ér, fudeu.

XII

  Ohhh, I thought you'd still be mine
  When I kissed you goodbye uh oh uh oh
  Ohhh, and you might be with her
  But I still had you first uh oh uh oh

  Lelê's POV:

  Minha noite estava sendo incrível! Eu sentia falta daquele Zayn que brincava e zoava comigo como se não houvesse amanhã e quando eu estava com ele parecia que todos os meus problemas iam embora - talvez por ele ser quase todos os meus problemas...
  Tínhamos conversado normalmente, com alguma indiretas sim, e começamos até a brincar, até que ela chegou. E, porra, ela estava deslumbrante!
  Perrie foi quem passou primeiro pela porta e nem me notou, foi logo dar um selinho em Zayn. E mesmo que tivesse notado, não tenho certeza se ela saberia quem eu sou. Vi que a Feeh me encarou e depois sussurrou alguma coisa para Mary. Que concordou com a cabeça.
  Perrie estava com um vestidinho preto básico, que colava em seu corpo e tinha uma manga discreta. Usava um scarpam azul turquesa e uma bolsa pequena da mesma cor. Seu cabelo estava levemente ondulado e sua maquiagem não chamava muita atenção (milagre, hein?!) e ela carregava umas duas sacolas de loja. Ela deu um educado sorriso pra mim e depois se virou para Zayn, como quem pedisse para ele nos apresentar.
  – Hm, Perrie, essa é a... - ele começou a falar, mas eu mesma completei.
  – Acho que não fomos devidamente apresentadas na sexta. Sou a Lelê. - sorri de leve também e levantei uma sobrancelha, continuando - A melhor amiga da Feeh.
  Eu tinha me lembrando de uma vez que a Feeh me falou que o Zayn tinha falado pra ela que a Perrie sabia que eu era sua melhor amiga mas não sabia meu nome. Fiz questão de deixar tudo bem claro.
  Ela encarou Zayn e depois me encarou. Ele olhava para o chão e todos os músculos de sua face estavam contraídos, ele estava muito, muito tenso! Ér Z, eu não queria ser você agora...
  Eu ainda sorria, mas tentava não ser falsa. A Feeh e a Mary continuavam como estátuas atrás de Zayn.
  – Ah... Oi. - Perrie se dirigiu a mim, com o mesmo sorriso de antes - Prazer em conhecê-la.
  – Igualmente. - respondi.
  Ficamos em silencio por alguns poucos segundos, até que Feeh saiu de seu transe e veio rindo em minha direção e disse:
  – Que isso gente? "Prazer em conhecê-la", "igualmente"? Será que eu sou a única adolescente aqui?
  – Eu também sou Fefa, deixa esse bando de velhos pra lá! - Mary disse se sentando ao lado da Feeh no sofá.
  Nós rimos e o clima ficou um pouco menos tenso. Eu disse um pouco.
  – Ahn Zayn, você não sente frio? - Perrie perguntou a ele. Ela passava as mãos rapidamente pelos braços para se esquentar. Verdade, a temperatura tinha mesmo caído.
  – Só senti agora. Já volto, vou pegar uma blusa pra mim lá em cima.
  Ele subiu e fomos todas para a mesa redonda.
  – Então Lelê, você vem sempre aqui? - Perrie perguntou a mim.
  – Ah não, não venho não. Na verdade, faz um tempinho que não venho aqui. Vim hoje pra buscar a Feeh e a Mary...
  – Ah é, elas me falaram que vão sair com você hoje.
  Eu achava que conversar com ela doesse menos. Ér, m-e-n-o-s. O negócio era que Perrie era legal, de verdade, ela era gentil e gente boa, sem ser falsa, parecia mesmo querer se dar bem comigo.
  Poxa, por que ela não podia ser uma vagabunda, vadia e chata? Assim ficaria mais fácil de odiá-la... Não que eu quisesse odiá-la, mas é que é meio estranho você gostar da garota que é namorada do garoto que você gosta, tem uma certa... Competitividade.
  – A propósito, amei sua blusa. Você gosta de Domino? - disse ela.
  – Domino?
  – Sim, a música. - ela apontou para minha blusa, que tinha o trecho da música.
  – Ah sim, adoro a Jessie.
  – Eu também! Eu e as meninas temos vontade de cantar com ela...
  – Gente com talento é outra historia, não é? - eu ri um pouco e ela também.
  – Ah, vamos lá, todo mundo tem um talento...
  – Ela tem razão, Lelê. Olha a Mary, ela é um gênio e toca violão muito bem, a Perrie tem essa voz toda maravilhosa e eu sou linda e perfeita. - Feeh brincou.
  – Ui bonitona! Tá, vocês tem talento, eu não.
  – Claro que tem. - a voz de Zayn cortou nossa conversa.
  – Nem começa... - me virei para ele, que sentava ao lado da Perrie na mesa.
  – Você tem e sabe que sim.
  – Eu não tenho e você sabe que não.
  – O que? O que ela sabe fazer de legal? - Perrie perguntou a Zayn.
  – Os desenhos dela são maravilhosos. - ele disse sem nem piscar ou tirar os olhos de mim.
  – Sério? - Perrie arregalou os olhos e sorriu pra mim - Melhores do que os de Zayn?
  – Sim. - ele respondeu no meu lugar.
  – Claro que não! E mesmo que fossem, desenhar é inútil...
  – Ah, quer dizer que todas as roupas mais que lindas que você já desenhou e vendeu são inúteis? - Feeh indagou me encarando.
  – Wow, então temos uma estilista na mesa? - Perrie se empolgou.
  – Temos, ela ama essas coisas de roupas e moda. - mais uma vez Zayn respondeu por mim.
  – Quer parar de por palavras na minha boca, Malik? - eu ri, mas falei sério.
  – Af, sei que você ama quando eu completo suas falas!
  – É lógico que não!
  – Como é que você chama mesmo? - ele pensou um pouco e continuou - É como se estivéssemos sincronizados, não é?
  Não respondi, Feeh deu uma risadinha abafada e Zayn abriu um largo sorriso porque ambos sabíamos que o que ele tinha acabado de falar era verdade.
  – Ridículo Malik, sempre ridículo... - puta merda, isso já vai virar bordão.
  – Eu sei que você gosta. - ele abriu mais ainda seu sorriso, mas olhou pra baixo quando sentiu o olhar pesado de Perrie em seu rosto.
  – Hmm Lelê, eu posso falar com você lá na cozinha, rapidão? - Zayn falou pra mim com uma voz totalmente diferente.
  – Pode, ué. - me levantei e fui em direção a cozinha, para onde ele também já se encaminhava.

  Feeh's POV

  A medida que Zayn e Lelê se aproximavam da cozinha, o silêncio tomou conta de nós.
  Mary estava longe, sei que ela ainda pensava na festa e na nossa conversa de domingo; eu não podia julgá-la - mesmo ninguém tendo certeza de que ela realmente tinha ficado com o Niall - eu sabia como era se sentir assim, ter toda essa incerteza, essa insegurança, esse remorso...
  Perrie tinha ficado consideravelmente mais séria, sua postura estava tensa eu podia ver o desconforto em seus olhos. Ai, mas que droga...!
  Eu também estava distante, era muito pra absorver ao mesmo tempo: Lelê e Zayn, Zayn e Perrie, Laine e Niall, Niall e Mary; meu irmão em Paris sem me ver; eu indo pro Brasil em três dias sem ter contado pra nenhum deles... Harry...!
  Tentei aliviar o clima pesado e falei:
  – Perrie, você não precisa ficar assim...
  – O-o que? - ela me olhou sem entender, como quem tivesse acabado de entrar na conversa.
  – Assim, com ciúmes do Zayn e da Lelê. - dei uma risadinha meio nervosa - Ela também fica...
  – Ah, fica? - ela perguntou quase irônica.
  – Fica... - eu ia continuar a falar, mas me esqueci o que era quando a Mary me chutou forte debaixo da mesa, me alertando a parar.
  – Ér P., assim como eu tenho ciúmes do Niall e a Fefa do Harry, sabe...? - Mary falou rapidamente consertando a burrada que eu quase fiz.
  – Entendi... Mas eles são melhores amigos? Quer dizer, porque não parece... 
  – Hmmm, já foram... - terminei.
  Ficamos em silencio de novo, mas sem a tensão de antes. Até que meu celular tremeu em meu bolso:

  "Vcs já tão na sua casa? xx Laine"

  Puta que pariu! Ficamos tanto tempo no shopping e aqui conversando que eu acabei me esquecendo que a Helaine ia pra minha casa sem a gente!!

  "Nãaaaaaao! Sorry Laine, acabamos demorando aqui! D: em 10min estamos ai! xx Feeh"
  "Relaxa Feeh, só perguntei pq meu jantar com as minhas irmãs vai atrasar :c e eu não queria perder muito da noite com vocês :)) não se apressem. xx Laine"

  Zayn voltou sozinho da cozinha e notei que seus olhos estavam quase marejados. Ele percebeu que eu o observava e coçou os olhos e deu um falso bocejo.
  – Hey Eddie, vamos dar uma volta? - ele perguntou à Perrie, pondo suas mãos nos ombros dela. Ela fez uma careta fofa e levantou a cabeça para olhá-lo nos olhos.
  – Hmm não me chame assim! - ela resmungou - Mas tá, vamos!
  Ela se levantou e cumprimentou eu e a Mary e eles já estavam quase saindo quando ela se lembrou:
  – Ah meninas, obrigada pela ajuda com as compras hoje! Epa, não me despedi da Lelê!
  – Ah, já me despedi dela... - Zayn disse - Por nós dois.
  Vi que ele não tinha sido totalmente sincero em sua resposta e assim que eles passaram pela porta eu fui correndo para a cozinha, com a Mary atrás de mim.
  Lelê estava sentada no chão, com a cabeça enterrada em seus joelhos. Fui até ela e me ajoelhei na sua frente:
  – Ei! - ela apenas negou meu chamado com a cabeça - Letícia, olha pra mim!
  Ela não me obedeceu, então puxei sua cabeça para cima. Ela não chorava, graças a Deus, mas era evidente o ódio em seus olhos.
  – O que aconteceu? - perguntei.
  – Nada. - ela respondeu seca - Podemos ir agora?
  – Claro! - respondi. Mas foi só ai que me lembrei que minha casa estava cheia de caixas por conta da mudança, então elas perceberiam que alguma coisa estava acontecendo. E não, eu não queria que elas descobrissem que vou voltar para o Brasil dessa maneira.
    Procurei pela desculpa mais rápida que pude e me virei para a Mary:
  – Será que a gente pode ir pra sua casa? Ou a Dafne vai estar lá...?
  – Ue, por que? - indagou ela.
  – Hmm, sei lá, é porque é casa mais de adolescente, sem pais e essas coisas... - menti rapidamente.
  – Ah, pode sim! A Dafne não ta nem ai, ela ta praticamente morando na casa do namorado...
  Ela pegou uma caneta e um papel do bloco de notas que fica preso na geladeira do Harry e do Louis e anotou rapidamente seu endereço e deu pra Lelê:
  – Aqui, você que vai levar a gente lá, então... E pra falar pra Laine também.
  Mary pegou as chaves de sua casa e deixou em algum lugar acessível e depois pegou suas sacolas de loja, indo em direção à porta. 
  Eu esperei a Lelê terminar de mandar a mensagem pra Laine e depois nós fomos todas juntas para sua casa.

  Mary's POV

  – Wow. - Lelê exclamou quando abri a porta de casa. - me lembre de pedir um apartamento como esse para meus pais... - eu apenas ri e larguei as sacolas e minha bolsa em uma cadeira. Elas fizeram o mesmo.
  – Isso porque não viu a coleção de CDs dela... 80% são autografados, só para ter uma ideia... - Fefa comentou se jogando no sofá relaxada. Ela havia vindo aqui algumas vezes, quando a casa de Larry não estava disponível, as noitadas eram aqui. Isso sem contar às vezes que ela se abrigou comigo.
  – Meu melhor amigo é Niall Horan e eu sou irmã - fiz aspas com os dedos - dos boys da 1D! Bitch, please! - brinquei jogando o cabelo. Elas riram e repetiram meu ato.
  – Ai eu quero ver tudo Mary! - Lelê disse animada.
  Depois de um pequeno tour pela minha casa (em que as meninas vomitaram arco-íris nos meus CDs e com as coisas que eu comprei na viajem), escolhermos os filmes e pedirmos as pizzas, Laine deu sinal de vida:
  – Vas Happenin' girls! - ela disse animada quando a Fefa abriu a porta. Aquela sensação ruim tomou conta de mim. Laine era a paixão do Nini e eu supostamente tinha ficado com ele... Remorso. Droga Mary esquece isso!
  – Bem vinda! - a saudei tentando não criar clima ruim.
  – Gente eu trouxe estoque de bala! - ela disse estendendo uma sacola e cumprimentando Lelê e Fefa. - a mulher do restaurante até estranhou, mas... - ela riu e se virou para mim. - E, eu trouxe chocolate para a dona da casa! - sorri feito uma criança recebendo uma barra grande de Kit Kat. Agradeci com um abraço e não pude deixar de me sentir estranha.
  – Hmm... Laine está estranhamente feliz hoje... - Lelê disse com um tom malicioso e nós rimos. - Para onde será que o Niall foi depois de deixar a Fefa no shopping?
  – Pergunta pra ele ué! - ela disse sem graça e largou sua bolsa junto com as outras na cadeira próxima a porta.
  Logo tratamos de desarrumar a sala. Arredamos os sofás para trás e colocamos quatro colchões em frente a grande TV que estava pendurada na parede. Depois fomos para a cozinha e servimos porcarias em vasilhas e finalmente vestimos os pijamas. Eu vestia um short rosa e uma camisa larga (roubada do guarda-roupa do papai), Fefa vestia seu pijaminha fofo de cupcake, Lelê, um com estampa de pimenta e Laine, uma regata roxa com um short preto.
  – Pizza! - gritei depois de ouvir a campainha. As ouvi rindo e me seguirem ate a sala. Recebi e paguei as pizzas e as coloquei na mesa.
  – Nem pensa nisso Mary! - Fefa me repreendeu enquanto eu tentava pegar um pedaço de uma das pizzas. Era minha comia favorita, eu tinha tara por pizza e estava de jejum há quase duas horas! Fome, muita fome.
  – Ta zuando né? - protestei e comecei a falar freneticamente o quanto estava com fome.
  – Bem que o Niall disse que ela é sua versão feminina... - Laine falou baixo e eu parei de falar para rir com as outras.
  – Tá, e o que rola antes de comer? - falei tentando recuperar o ar.
  – A gente liga o filme - Fefa começou -, senta bonitinho no colchão, deixa a comida e bebida perto, e depois - ela enfatizou o depois - a gente come a pizza, as balas e tudo mais...
  Não deu nem um minuto e tudo já estava arrumado do jeito que a Fefa havia sugerido/mandado. O primeiro filme seria Noivas em Guerra.

  {...}

  – Feeh, nossos casamentos não vão ser nem um pouco próximos um do outro... - Lelê dizia enquanto eu tirava o filme do DVD.
  – Eu não te aceitaria de volta como melhor amiga se você pintasse meu cabelo de azul! - nós todas rimos e eu me joguei no colchão.
  – Pelo amor de Deus meninas, a mulher ficou parecendo uma cenoura depois daquele bronzeado. - comentei e peguei uma bala de gelatina.
  – Me lembre de fazer isso com a Els no casamento dela com o Loui. - Fefa começou e nós rimos. - se ele curte garotas que gostam de cenoura imagina a reação dele frente a uma Els-noiva-cor-de-cenoura?! nós rimos ainda mais e eu já começava a sentir falta de ar.
  – Vamos jogar alguma coisa? - Laine sugeriu e eu fui buscar uns jogos no quarto.
  – Clue! - gritei animada e abri a caixa do jogo. As outras concordaram e começamos a partida.
  Já eram quase meia-noite e eu já havia descoberto o assassino três vezes, Fefa e Laine, duas e Lelê apenas uma (com muita dificuldade).
  – Há! Eu sou a mestra desse jogo! - ergui os braços vitoriosa e recebi três almofadas na cara.
  – Mary Watson, 18 ou 8 anos? - Fefa debochou e elas riram.
  – Minha vez de escolher o jogo! - Lelê disse.
  – Claro, vamos jogar algo que você seja boa! - debochei e ela me socou - Ai! Que mania de agressão que esses adolescentes de hoje tem...
  – Que tal um jogo da verdade? - ela sorriu maliciosa.
  – This! - Fefa exclamou e pegou uma das garrafas vazias do chão.
  Na logo primeira rodada descobrimos que Lelê ficou bêbada pela primeira vez aos 14 anos (uma cena épica, de acordo com a Fefa), Fefa tinha um tara - tipo, muito grande! - pelo perfume "másculo" (palavras dela mesma) do Harry, o que não era uma novidade, Laine tinha um penhasco por seu professor de Física e eu contei a estúpida historia do dia em que eu e Niall fomos perseguidos por fãs na porta da minha escola ano passado.
  – Mary e Lelê. - Fefa disse olhando para a garrafa que apontava para nós.
  – Fudeu! - exclamei e ela deu uma risada assustadora. Às vezes eu tinha medo da Letícia, sério.
  – Hm... - ela me olhava diretamente nos olhos. Já ate imaginava a merda que ia sair. - Mary. Me conta. Qual foi o último cara que você ficou?
  Gelei completamente. O assunto que eu queria evitar, a quase e maldita lembrança que me torturava desde sábado de manha. Olhei suplicante para Fefa que me fitava compreensiva.
  – Am... Ér... Deixa eu ver... - gaguejei enquanto vasculhava minha mente em busca de uma desculpa plausível.
  – Ela nem sabe... - Laine disse - Isso é convivência com o Harold ou foi a bebida? - Droga, por que a Laine?! Eu teria ficado menos nervosa se ela não tivesse se pronunciado.
  – Os dois eu acho... - ri nervosa.
  – Anyway! - Fefa exclamou (eu amo essa garota!) e rodou a garrafa de novo. - Laine e eu. - ela ficou pensativa por um momento. - O que o Niall disse pra você na sexta? - ela nos contou, muito brevemente, o que aconteceu. De novo me senti mal. Droga.
  – Esse Nialler é um fofo! - Fefa exclamou. E apenas sorri junto com as outras e comecei e mexer em uma das balas de gelatina em forma de dentadura.
  – Que foi Mary? - Laine perguntou simpática, como sempre. Por que logo ela? De novo?
  – Estava pensando... - respondi sem muita emoção tentando inventar algo. - Meu baby irish ta apaixonado... - Laine ficou extremamente vermelha e Lelê e Fefa exclamaram um own uníssono.

XIII

  When Daylight's fading
  We're gonna play in the dark
  Till it's golden again
  And now it feels so amazing
  Can see you coming
  And We'll never grow old again
  You'll find us chasing the sun

  Liam's POV

  – Eu. Estou. Entediado! - Niall reclamou pela milésima vez só hoje.
  – Vamos ver algum filme? - Louis sugeriu.
  – Não. - dissemos todos juntos e ele se esquivou e Feeh completou:
  – Pelo amor de Deus, não.
  – Sabe... - Mary tomou a vez de falar - Eu tenho alguns jogos aqui... Tipo Clue, Banco Imobiliário, Scrabble, Jogo da Vida... O que vocês acham?
  – É uma boa opção... - eu disse.
  – Vamos sair, por favor? Estou cansada de ficar em casa. - Feeh disse enquanto apertava uma almofada.
  – Mas sair pra onde? Que eu saiba não tem nenhuma festa legal em plena quarta-feira... - Zayn falou, tentando se recordar de ter sido convidado pra alguma festa.
  – Por que não vamos ao shopping? - Mary sugeriu.
  – O lugar em que mais vão adolescentes? - Harry perguntou de maneira irônica - Ah claro, por que não?
  – Não, o lugar onde vão as pessoas normais!
  – Eu super animo. - Feeh pronunciou olhando pro nada.
  – Por que a gente não... - Zayn começou a falar, mas foi interrompido por uma Feeh um pouco mais animada:
  – Vocês poderiam se disfarçar! - ela falou e nós rimos não acreditando na seriedade de suas palavras.
  – Gostei da ideia! Vou pegar algumas roupas, esperem aqui! - Mary levantou animada.
  E em poucos segundos as meninas riam descontroladamente e nós cinco estávamos ridículos. Jamais passara pela minha cabeça que uma pessoa como Mary poderia ter uma grande quantidade de perucas, bigodes, narizes falsos e roupas de homem na sua casa.
  Eu usava uma peruca preta, com mexas azuis e de moicano. Vestia também roupas pretas para combinar com o visual punk. Segundo ela eu não precisava nem usar um bigode ou um nariz falso, de tão diferente que eu estava!
  – Mary... Feeh... Eu estou... Preto!
  – Essa é a intenção, Liam meu amor! - Feeh respondeu sem nem me olhar.
  Ela maquiava de leve o nariz de Harry (lê-se: o nariz arrebitado e afilado que elas escolheram pra ele). Ele estava com uma peruca de cabelo liso e loiro e usava roupas mais urbanas, como as de Zayn. Cara, eu jamais diria que aquele era o Harry E. Styles da One Direction!
  Louis usava moletons e uma peruca ruiva com cachos. Mary tinha maquiado nele algumas sardas e o nariz também não foi preciso.
  – Hey Harry, você não é o único Curly agora! - ele exclamou animado ao ver o resultado final de sua transformação.
  – Feeh, por favor, eu sou Zayn Malik, tenho uma reputação a zelar, não me estrague! - Zayn implorou quando ela começou a procurar algumas roupas na sacola de roupas jogada no centro da sala. Todos nós rimos com o comentário dele, mas ela apenas respondeu:
  – Mas é ai que está, por hoje você não é o Zayn Malik! Tenho que te estragar o máximo possível! - ela sorriu vitoriosa e ele deu um leve gemido.
  Logo o ser que não é o Zayn Malik também se juntava ao time dos estranhos prontos para ir ao shopping. Ele usava uma camisa polo verde, como as de Niall, e uma calça bem colada! Sua peruca era de franjinha. Feeh fez um milagre com sua milhões de maquiagens e conseguiu fazer com que todas as tatuagens dele sumissem e com que seu tom de pele ficasse consideravelmente mais claro.
  – Zayn, não reclame, eu te pegava! - Mary riu, enquanto cuidava de Niall.
  Ela fez com que sua pele ficasse parecendo bronzeada e pôs uma peruca loira mesmo, mas com um tom mais forte e de cachos. Ele teve que usar também um nariz falso, que ficou parecendo o de Harry (o real, não o arrebitado e afilado). Suas roupas eram parecidas com as minhas, tênis de skatista, camisa xadrez e uma calça jeans comum.
  Depois de prontos nós cinco ficamos na frente do enorme espelho que tem no quarto de Mary para avaliarmos nosso resultado final.
  – Ainda continuo preto. - falei sem aprovar minhas roupas punk, mas me divertindo de como elas caiam em mim.
  – Eca, estou loiro. - foi a vez de Harry reclamar, que levou um tapa da Mary e um do Niall. Ele ria muito de tudo aquilo.
  – Sou um Curly, eu não poderia estar melhor! - Louis gargalhou. Meu Deus, ele definitivamente seria o que mais se divertiria com aquilo tudo.
  – Ér, até que eu não fiquei tão ruim assim... - Zayn se permitiu admirar sua imagem modificada.
  – Eu me adorei! - Niall exclamou.
  – Vocês estão liamdos! - Feeh exclamou sem conseguir segurar a risada. Mary já estava deitada no chão e também ria. Idiotas.
  – Não sabia que a senhorita trazia os pegas para sua casa, Watson... - Harry disse com um sorriso safado e ela parou de rir.
  – Styles, eu...
  – Ui, ela ficou sem palavras! - ele implicou e ela o fuzilou com os olhos.
  – Minha irmã tem um namorado, ok?! - eu ria da cena junto com Zayn, Niall e Louis continuavam completamente alienados aos seus disfarces.
  – E você tem vários... - ele ria.
  – Aiai, olha quem fala!
  – Eu nunca levei ninguém ao meu apartamento!
  – Não quando o Louis está lá!
  – O que tem eu? - Louis perguntou voltando à conversa.
  – Harry só está implicando com a Mary. - eu engoli o riso - Pra variar. - completei e Louis riu.
  – Mas você sabe que eu te amo... - Harry de um beijo na bochecha dela e ela lhe deu um tapa. - Ai!
  – Também te amo. - ela sorriu vitoriosa e saiu andando rindo.
  – Niall, sabia que eu te amo? - Feeh abraçou Niall pelo pescoço, deixando bem claro seus ciúmes de Harry e Mary, e jogando do mesmo jogo. Niall a abraçou, entrando na brincadeira também.
  – Own Feeh, sua linda, eu também te amo!
  – Epa, já paramos. - Harry resmungou e se meteu no meio do abraço de Feeh e Niall. - Minha Feeh.
  – Ai que loirinho bobo, gente! - ela riu e mordeu de leve a bochecha dele.
  – Qual é a deles? - Zayn sussurrou pra mim rindo.
  – Você acha que eu entendo a cabeça desse povo? - ri e me olhei no espelho mais uma vez. - Não acredito que vamos sair desse jeito...
  – Claro que sim! Vamos eu, Niall e Zayn no carro de Liam. Harry, Feeh e Lou no de Harry, certo? - Mary checou pela ultima vez e todos nós assentimos com a cabeça.
  Ér, estávamos indo em direção ao que pretendia ser uma das noites mais loucas de nossas vidas.

  Harry's POV

  – Hmm... Feeh, Mary, caras, acho que isso não vai dar muito certo... - falei assim que entramos no shopping lotado de gente (lê-se: adolescentes com cara de Directioners).
  – Hey Harreh, relaxa e se diverte! - Feeh exclamou se apoiando no meu ombro - E não se esqueça de falar que nem o Liam...!
  – Epa, mas não era pra eu falar que nem americano? - Liam perguntou confuso.
  – Tem, Payne querido. - Mary explicou paciente. - E o Harry tem que falar como você fala normalmente, sabe? Apostando corrida... - ela completou e nos fez rir.
  – Tá, mas o que nós fazemos agora? - indagou Zayn.
  – Que tal a gente fazer umas compras? - Feeh sugeriu.
  – THIS! Esses meninos super precisam de roupas novas! - Mary exclamou feliz e dando pulinhos. Se eu já não estivesse pagando o maior mico da minha vida com aquele disfarce, eu teria saído de perto dela.
  – Ah não Mary, eu estava falando de mim!
  – Nossa, que menina consumista! - brinquei e recebi um tapa. - Hey Fefa, relaxa e se diverte! - repeti sua fala e recebi um olhar desafiador.
  – Estranho você me chamar de Fefa... Anyway, vamos logo, porque meu Niall interior esta se rebelando...

  Uma hora e cinquenta e quatro minutos. Foi o tempo em que ficamos rodando no shopping em busca de roupas para a Feeh, para a Mary, uma passadinha para Mary comprar um livro, uma passadinha na Acessorize para a Feeh comprar metade da loja, depois algumas lojas (que aparentavam ser 90) para olharmos umas roupas para nos... Eu geralmente não saia para compras... Caroline normalmente faz isso para nós (N/A Caroline Watson é a personal stylist deles). Depois desse tempo todo estávamos cansados o bastante para deitarmos naquele chão.
  – Oh my God! - Mary exclamou e eu grunhi. - Olha aquele sapato Fefa! - ela disse animada e entrou na loja.
  – Puta que pariu! - ouvi Niall dizer. Um grupo que passava por ali o fitou com cara feia. - Mas coisa de Mary não!
  – Vamos fazer o seguinte... A gente se separa. Eu quero comprar uma coisa para Danielle e, Niall, eu vi uma loja de bonés ali no terceiro andar. - Liam disse e Niall se animou. - Uma parte de vocês fica aqui e outra vem comigo.
  – Eu fico! - disse Louis e espreguiçando.
  – Harry e Zayn?
  – Am... Eu fico aqui com o Boo, deve ter um banco nessa loja. - disse desanimado. Eu estava cansado.   – Eu vou com vocês. - Zayn deu um passo para frente. Não acho que consigo ouvir os surtos da Mary e da Feeh de novo.
  Os três seguiram o corredor e eu e Louis entramos na loja. Deus existe porque tinha um espaço com pufes, provavelmente separado para os infelizes acompanhantes.

  {...}

  – Eu. Não. Aguento. Mais. Ficar. Aqui! - reclamei mais uma vez. Longos trinta e oito minutos haviam se passado desde que nos separamos dos outros e eu me perguntava se havia feito a escolha certa ficando com elas.
  – Mary leva o vermelho! - ouvi sua voz algum ponto atrás de nos.
  Aquela peruca já esquentava minha cabeça e, mesmo com o ar condicionado ligado eu sentia um calor insuportável (com certeza por causa das centenas camadas de roupa que eu usava).
  – Agora sei o por que de você reclamar tanto quando sai assim com a Els... - suspirei e tentei mirar qualquer ponto da loja que não havia sapatos.
  – Eleanor olha, mas é roupa... Demora mais que isso e, acredite em mim, quando olhamos roupa para mim é pior. - rimos juntos feitos dois retardados. Uma vendedora passou por nos e nos olhou com uma cara assustada, o que nos fez rir mais. Talvez fosse o calor.
  – Vou visitar os dois no hospício depois dessa... - ouvi a voz de Feeh se aproximando. Ela deixou uma sacola grande no chão ao meu lado. Me pus na posição ereta e tentei recuperar o ar. Ela nos olhava assustada e eu não resisti e voltei a rir.
  – Cadê a consumista da Mary? - Louis perguntou respirando fundo.   – Pagando a conta... Ela tentou decidir entre um vermelho, azul e um preto e no final levou o preto e o azul... Ai, eu cansei! - Feeh suspirou e bateu de leve na minha perna, pedindo que eu desse espaço. Me fiz de desentendido e apenas continuei olhando-a. - Afasta Harry!   – Não. - respondi.
  – Ah, vamos, por favor!
  – Não - repeti. Ela olhou em volta procurando por um pufe vazio, mas sem sucesso. Depois ela bufou e pôs as mãos na cintura parando na minha frente.
  – Harry, por favor, estou olhando sapato há quase uma hora!
  – Own, a durona cansou?! - perguntei irônico.
  – Vou sentar no seu colo então!
  – Senta ué! - falei e ela rapidamente se sentou nas minhas pernas e apoiou a cabeça em meus ombros, fazendo Lou voltar a rir.
  – Estou com sono... - resmungou.
  – Dorme então. - brinquei.
  – Nossa Harry, que chato que você está hoje hein?!
  – Ui, Srta. Mau Humor. Desculpa aí! - falei e logo percebi que estava tensa. - O que aconteceu Feeh?
  – Nada, eu só... estou com fome.
  – Ai, Srta. Horan! - Louis riu.
  – Srta. Fernanda por favor! - ela protestou e eu gargalhei.
  – A gente definitivamente precisa fazer isso mais vezes!- uma Mary com duas sacolas nos braços entrou apareceu.
  – Não conte comigo! - Lou se levantou. - Já tenho namorada consumista e mais você pra fazer uma coisa dessas comigo é injusto.
  – Que fofo você, Lou! E sair com a Els é muito bom! Universitárias se entendem babe!
  – Então... - Fefa interrompeu a pequena discussão dos dois. - Vamos?

  Marys POV

  – O que vocês fizeram? - perguntei para Liam, Niall e Zayn que estavam sentados em uma das mesas da praça de alimentação. Demoramos uns minutos para reconhecermos eles devido aos disfarces e depois de uma crise de riso nos aproximamos.
  – Liam comprou um presente para a Dani, Zayn um livro e eu um boné novo! - Niall disse e eu sentei do seu lado. - O que acha? - ele exibiu um boné verde e branco.
  – Nini querido você não tem um parecido?
  – Parecido não é igual... Então não joguei dinheiro fora. - revirei os olhos diante de tamanha loirisse do meu melhor amigo.
  – O que vamos comer? - Zayn perguntou.
  – Pizza? - sugeri.
  – Tem Nando’s aqui? - Niall perguntou passando os olhos pela praça de alimentação.
  – Niall lindo é claro que não! - Fefa disse com um tom ironicamente amigável.
  – Pizza pra todo mundo e sem discussão? - Harry sugeriu e todos concordamos.
  – Eu busco a senha! - Louis levantou - As mesmas de sempre? - apenas concordamos com um aceno de cabeça.
  – Eu duvido que você canta aquele cara ali Feeh... - Harry apontou para um homem que estava de pe próximo de nos e a fitou malicioso e ela assumiu uma expressão duvidosa.
  – Oi?!
  – É, duvido que é mulher o bastante para cantar o cara.
  – Ui... - Zayn disse rindo.
  – E eu ganho o que com isso?
  – A gloria de ter passado por um desafio do Styles... - ele assumiu uma expressão tão convencida que ate eu fiquei furiosa com ele.
  – Não.
  – Ta com medo?
  – Não.
  – Então faz!
  – Só se você chegar naquela mulher ali - ela apontou para uma mulher idosa que estava sentada com um senhor. Eles estavam de mãos dadas. - e discutir com aquele senhor que aparente ser o marido dela. - ela sorriu vitoriosa e ele a fitou incrédulo.
  – Feito! - eles se levantaram ao mesmo tempo e seguiram cada um para um lado para concluir seus desafios.
  – Sabe Niall, eu duvido que você faz um pedido em espanhol no McDonalds... - desafiei.
  – E eu duvido que você pede um Big Mac no Burguer King!
  – Nialler, essa é a mais velha de todas...
  – Em italiano... - ele completou e eu gargalhei. Eu arranhava muito no italiano e era a coisa mais engraçada do mundo quando eu tentava. - E faz bonitinho porque eu quero gravar.
  – Essa eu gostaria de ver... - Liam comentou.
  – E um desafio para o Liam? - Zayn perguntou e o fitou como se o avaliasse. - Voce parece certinho demais ate com essa roupa cara...
  – Pronto! Uma pizza grande de calabresa e um de queijo. - Louis chegou e se sentou colocando o papel com a senha no centro da mesa. - Cadê a Feeh e o Harry?
  – Se pegando no banheiro... - Zayn disse calmo como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e eu, Niall e Liam rimos. Louis parecia assustado e Zayn tentava manter o semblante calmo. Mas não conseguiu e caiu na gargalhada.
  – Harry desafiou Fefa de que ela cantava um cara. - apontei para ela que conversava com um homem alto - e ela o desafiou que ele cantava aquela senhora. - apontei para Harry que discutia com o senhor o que me fez rir ainda mais.
  – Daí a Mary desafiou o Niall de pedir McDonals em espanhou e ele a desafiou de pedir um Bic Mac em italiano no Burguer King... - Liam murmurou.
  – Mary? Italiano? - Louis caiu na gargalhada e os outros acabaram se juntando a ele. Eu não podia ser tão ruim assim... Passei semanas na Itália.
  – Ah qual é?! - reclamei. - um bando de idiotas vocês, isso sim.- uma Fefa em crise de riso sentou na mesa.
  – Meu... Deus... O cara é gay! - ela disse pausadamente enquanto ria loucamente. - Ele disse que achou vocês todos muito sexy, mas que teve um penhasco pelo Harry! - todos rimos com ela.
  – Como assim? - Niall perguntou e passou o olho pela mesa: eles estavam ridículos e o cara não era tão feio assim... Que mal gosto pensei.
  – Eu cheguei e puxei assunto. No inicio algo amigável... - ela narrava e ao mesmo tempo tentava se recuperar dos risos. - Depois eu tentei meio que mudar o rumo da conversa, mas o cara continuava falando outras coisas... Daí eu fui bem direta pedindo o telefone dele do jeito mais sedutor que eu consegui... Mas ele me revelou que jogava do outro lado - ela fez aspas com os dedos. - Cara, foi... Droga que mico! - ela riu de novo e nos juntamos a ela.
  – Gente... - Harry entrou na mesa meio abalado. Poucos minutos depois. - A senhora meio que se interessou por mim. Mary, você tem certeza que fez esse desfarce direito? Eu acho que continuo bonito...
  – Como foi? - Zayn perguntou curioso.
  – Eu cheguei e usei meus truques iressistiveis. - ele se sentou. - So que a mulher caiu nos meus encantos e o marido dela me expulsou. Eu falei que não ia sair e ele deduziu que eu estava bêbado... - ele riu de leve - A ideia foi boa e eu comecei a agir feito um bêbado. Só que a mulher ficou caidinha por mim e o cara me ameaçou chamar a segurança e eu comecei a discutir... Só sei que no final eu comecei a rir, pedi desculpa, expliquei a historia e sai. - Nos já começamos a rir de novo... - Feliz Fefa?
  – Muito... e o cara é gay... - ela narrou a historia para ele (omitindo a parte de o cara ter tido uma queda por ele) que riu loucamente.
  – Quem é o próximo? - Lou perguntou.
  – Niall e seu pedido no McDonalds em espanhol! - exclamei.
  – E você é logo depois de mim! - Ele se levantou.
  – E quais vão ser os desafios dos três ai? - Fefa colocou os cotovelos na mesa e apoiou a cabeça nos punhos.
  – Eu acho que gostaria de ver o Zayn dançando... Tipo aquele video que postaram no inicio do ano (N/A Asian persuasion link do video) - disse e pude jurar que ele corou.
  – Claro que não - ele ria nervoso.
  – Hmm, a gente precisa criar uma punição para quem não cumprir... - Harry comentou.
  – Que frouxo você, Z. - falei mantendo um olhar desafiador e recebendo sua fúria de volta.
  – Tudo bem, eu faço... - ele se rendeu.
  – Em cima da mesa! - Harry disse.
  – Nem pensar!
  – Em cima da mesa e com o Louis acompanhando...! - Liam falou por fim. Caímos na gargalhada ao imaginar a cena.
  – People, o Niall já ta chegando lá... Alguém vai lá e filma? - Fefa disse e todos nós olhamos pra ele.
  – Eu mando uma mensagem falando pra ele gravar, só um minuto... - falei e peguei meu celular.
  "Hey irish boy, liga o microfone do celular... Queremos provas! xx Mary"

  O vejo pegando o celular ao longe. Ele olha pra mim e assente.
  – Hora do show. - Liam diz e todos viramos os olhos pra loja.
  Niall começou a falar e, devido à distancia, é difícil reparar a expressão da caixa, mas ela parecia muito confusa. Ele pareceu insistir e eles começaram uma pequena discussão, mas depois as pessoas da fila ficaram revoltadas e ele saiu rindo. Rindo muito.
  – Só vocês para me convencerem a fazer uma coisa dessa...! - ele suspirou e retornou ao seu lugar.
  – Liga o gravador, Niall, queremos ouvir tudo! - Zayn riu.

  "Eu não entendo o que diz, senhor..." - a atendente repetia inúmeras vezes mas Niall continuava disparando as palavras em espanhol e sua voz era forcada, parecia vacilar com o riso. Todos nós rimos descontroladamente, inclusive ele.
  – Ok, seus idiotas! Vai lá, Mary... - Niall disse parando de rir e me empurrando de minha cadeira.
  – Isso! Burger King, BigMac, gravador, italiano. - Zayn repassou meu desafio com um sorriso meio vingativo. Maldito.

XIV

  Baby just say goodnight
  I'll be gone tomorrow
  Baby just close your eyes
  I can't take the sorrow
  Baby just walk away
  You know i can't stay
  There's no easy way to say goodbye

  Feeh's POV

  – Feeh, Niall, Zayn... Estou pensando numa coisa... - Harry disse com um sorriso maroto e um olhar travesso nos olhos.
  – Meu Deus, ele pensou! É amigos, o mundo vai realmente acabar em 2012! - brinquei e ri junto a Niall, Louis, Liam e Zayn. Harry me fuzilava com os olhos, mas eu sabia que ele se controlava pra não rir também.
  – No que você estava pensando, Harold? - Louis perguntou.
  – Não, não estou falando com você. - Harry o respondeu brincando - Feeh, Niall, nós três já pagamos mico, Zayn vai pagar o dele daqui a pouco e agora a Mary está pagando o dela... E esses dois bonitões aqui, como ficam? - ele perguntou rindo e apontando para Louis e Liam.
  – Epa, eu já vou ter que dançar com o Zayn! Nem começa, Styles...! - Louis exclamou levantando os braços.
  – Harry tem razão, Louis também... - concordei - Mas e Liam...? - falei lhe lançando um olhar divertido. Ele deitou a cabeça na mesa, dizendo:
  – Ah não...
  – Hmm, tem que ser alguma coisa que nosso Liam não faria, mas o Liam punk sim... - Niall falou e todos começamos a pensar.
  Nada de muito bom, ou realmente engraçado vinha na minha cabeça, até que Louis gargalhou, deu um soco na mesa e disse:
  – Já sei! Nosso querido Daddy vai ter que pedir esmola pela praça! - ele riu mais ainda quando bati palmas de aprovação e quando os meninos riram também.
  – Não, por favor, não... - Liam implorou.
  – Todos estamos de acordo? - Zayn perguntou.
  – Si! - Niall gritou em espanhol.
  – Com certeza! - falei.
  – Precisa perguntar? - Harry riu.
  – Ér Payne, você perdeu...
  – Ah, se não tem outro jeito... Mas o dinheiro que eu conseguir vai ser meu! - ele aceitou e riu.
  Começamos a falar sobre assuntos aleatórios, ainda rindo do fora que eu levei, e do esporro que Harry e Niall levara.
  Mary já voltava pra nossa mesa, roxa de tanto rir, quando um grupo de meninas - e alguns meninos também - entraram na praça de alimentação pulando, cantando e gritando perto da gente. Eles estavam com cartazes e alguns vestiam camisetas com estampas de coisas relacionadas a... One Direction! Caralho, aquilo era um meeting de fãs, DE DIRECTIONERS!
  Eles começaram cantando Torn, depois foi What Makes You Beautiful, e então passou para Stand Up e assim foram passando por todas as musicas deles.
  Niall suava frio, Liam e Louis escondiam suas cabeças e Harry e Zayn ficaram tensos. Lógico que eu fiquei com medo de toda aquela situação também, mas falei:
  – Ei, parem de agir assim! Vocês estão disfarçados, mas não podem se esconder, ok? Parem agora, fiquem normais!
  Eles tentaram relaxar mais um pouco, e até que conseguiram. Mary voltou ao seu lugar e nos mostrou a gravação. Era idêntica à de Niall, exceto pela parte em que a atendente perguntou se ela realmente era italiana, o que nos fez zoá-la por seu péssimo domínio da língua.
  – Situando a Mary... Liam vai ter que sair pedindo esmola! - Harry disse e ela riu.
  – Vamos Liam, é pra hoje! - eu exclamei vendo que ele ainda tava sentando.
  – Repetindo: o dinheiro será só meu! - ele riu e foi para o ponto mais longe possível dos fãs, que agora já estavam um pouco mais calmos.
  – Então, Mary, Fefa... - Zayn nos olhou de um jeito que não me agradou - Sabem, eu vou ter que dançar em cima da mesa, isso vai ser um mico e tanto e vocês...
  – Zayn, para de enrolar e fala logo o que mais você quer que a gente faça! - falei.
  – Apareçam pra elas. - ele apontou para as fãs.
  – Tá doido, Zayn? - Harry tentava parecer serio, mas não aguentava os risos.
  – Não! Elas só aparecem mesmo... Quer dizer, olha, são Directioners, tenho certeza que elas conhecem a melhor amiga do Harry e a melhor amiga do Niall!
  – Você quer que a gente fale com elas, é isso? - Mary confirmou.
  – Isso!
  – Tudo bem, nós vamos. - ela disse se levantando e me puxando pelo braço.
  – O quê? - exclamei - Não! Vocês sabem que eu sou tímida, eu não...
  – Tímida? Por favor, Fernanda, você deu em cima de um gay! E além do mais... Você também é Directioner. - ela me puxava com mais força, porque eu insistia em voltar para a mesa.
  – Mas é diferente! Eles são meus amigos!
  – Não vejo diferença alguma... Vem logo menina!
  Ela nos enfiou no amontoado de Directioners e começou a falar com o tom de voz mais alto:
  – Sabe Fernanda, é que o Niall e o Harry estavam me contando outro dia que eles, o Lou e o Zayn tiveram uma ideia de fazer seu aniversario junto com do Liam...
  Começaram a ouvir murmúrios, como: Niall? Harry? Louis? Zayn? Liam? Os meninos? OMFG! Espera, elas não são... São sim! São quem? A Fernanda e a Mary! E elas são quem? As melhores amigas deles! Meu Deus, vamos lá falar com elas!
  E tudo aconteceu muito rápido, vários fãs vieram até nós, falava, coisas que só respondíamos com sim ou não, nos puxavam para fotos e portanto mantivemos sempre o sorriso no rosto. Mas uma das perguntas feitas mereceu a minha atenção:
  – Os meninos estão aqui também? - uma menina loira baixinha perguntou calmamente.
  – Hmm, não. - respondi e Mary completou:
  – Hoje somos só nós duas e alguns amigos da escola...
  – Ah sim, é uma pena... - ela apenas concordou com a cabeça.
  – É mesmo... A gente tem que voltar pra mesa, mas foi um prazer conhecer vocês, ok? - falei puxando a Mary, tentando sair de lá, mas a loira segurou meu braço de leve.
  – Espera... Fernanda, você é do Brasil, não é?
  Ótimos, aquela sim foi uma pergunta inesperada.
  – Ér, sou... Por quê?
  – Ah, estive lá semana passada! É um país muito bonito! Deve ser legal ir pra lá quando quiser...
  – Hmm, ér, é sim... - terminei apenas com um sorriso simpático (e falso) no rosto e caminhei mais rápido, para alcançar a Mary que já estava quase se sentando novamente.
  Claro, era super legal ir para o Brasil quando eu quisesse! Mas e quando eu NÃO quisesse...? Beleza, agora não saía mais da minha cabeça que eu estava voltando ao Brasil depois de amanha e não tinha sequer tocado no assunto com eles.
  – E ai, como foram seus minutos de fama? - Niall debochou.
  – Legais! - Mary se empolgou. Aiai essa Mary, sempre empolgada com tudo...
  – Mas fama não é pra mim. - falei com um falso tom ranzinza, o que os fez rir.
  – Então, Zayn e Louis agora, certo? - Harry perguntou.
  – Não, esperem! - eu disse - Liam, quando você conseguiu?
  – Quarenta e sete libras!! Sou foda meu bem e isso aqui já paga um café para mim e para a Dani e ainda sobra! - ele riu com um tom superior.
  – Uau, meus parabéns! Você excedeu às minhas expectativas! - eu gargalhei e continuei - Agora sim! Zayn e Louis!
  – Acho que nós deveríamos, sei lá, sair de perto... Já pagamos mico demais por hoje, deixem só eles dois mesmo. - Niall sugeriu e eu, ele, Mary, Harry e Liam saímos da mesa para algum outro canto da praça. Zayn e Louis até tentaram protestar, mas adiantou.
  Fomos para longe da mesa, mas tratamos de ficar longe também das fãs.
  Vimos Zayn e Louis levantarem e por um momento pensamos que eles estavam arregando, mas Zayn abriu seu casaco, pôs a música para tocar no seu celular e subiu na mesa, seguido por Lou.
  Eles ficaram por alguns minutos parados em cima da mesa, esperando até que todos os olhares curiosos da praça se atraíssem para ele e então começaram a dançar.
  Nós cinco e mais um monte de gente ríamos sem parar, alguns ficaram incrédulos e outros achavam ridículo. Zayn ria e dançava sensualmente igual ao seu video e Louis estava todo desengonçado, o que só deixava toda a situação ainda mais engraçada.
  Eles começaram a se empolgar com a dança e foi ai que a porra toda aconteceu; Zayn estava suando e a maquiagem que pus nele já começava a escorrer, deixando à mostra suas milhões de tatuagens. Mas nosso desastre não parou por ai, Louis era TÃO sem jeito dançando que a sua peruca ruiva caiu e ele nem percebeu.
  Eu, Harry, Liam, Niall e Mary, que estávamos rindo que nem loucos até então, ficamos imediatamente sem reação. Mas que droga, será que um não percebia que o outro estava com as tatuagens aparecendo e sem peruca?
  Nós saímos de nosso transe quando uma menina do grupo de fãs apontou para eles e gritou em alto e bom tom:
  – São eles! É o Zayn e o Louis! São eles! Mas esperem... - ela mudou sua atenção para nós cinco - São todos eles! Ali com as meninas!
  – Fudeu, corram! - Harry falou e nós saímos correndo para o mais longe possível das pessoas que já corriam atras da gente. Pelo menos, a essa altura do campeonato (lê-se: perseguição), Zayn e Louis já tinham se tocado do que estava acontecendo e também já corriam.
  Vários flashes nos perseguiam mas nós não nos importávamos, a gente continuava correndo do mesmo jeito. Até que Liam achou um pequeno "beco" em um dos gigantescos corredores do shopping e puxou todos nós pra lá para que pudéssemos ao menos respirar direito.
  – Precisamos. Respirar. - ele disse pausadamente.
  – Mas não podemos ficar aqui pra sempre! - falei.
  – Por favor, só mais um tempinho... - Harry implorou.
  – Meu Deus, como que isso foi acontecer? - Niall perguntou bufando e nós imediatamente voltamos a rir sem parar.
  – Vocês. São. Muito .Burros! - Mary falou rindo para Louis e Zayn.
  – Sabe Mary... - Zayn disse pesadamente, tentando respirar - isso tudo é culpa sua!
  – Minha?
  – É, você que disse que queria nos ver dançando! - Louis riu também.
  – Hmm, gente... - eu disse olhando para o corredor principal e vendo que a multidão de adolescentes se aproximava - Não é querer apressar não, mas acho que temos que ir...
  – Porra, tudo de novo. - Harry reclamou e nós voltamos a correr.
  E correr.
  Correr.
  Correr.
  Já tínhamos dobrado em várias esquinas, despistado e ficado no caminho das fãs muitas vezes, e continuávamos correndo sem rumo.
  – Caralho, estou cansada! - explodi.
  – Vamos pro estacionamento! - Liam sugeriu.
  – Tá... Meninas, fica pra que lado? - Niall perguntou.
  – Eu sei lá! - exclamei.
  – Pois é, vocês que vieram dirigindo! - Mary bufou.
  – Harry? Liam? - Louis os estimulou a nos dar uma direção.
  – Eu também não sei! Só fui seguindo Liam... - Harry respondeu.
  – Liam...?
  – Ah gente, eu não me lembro!
  – Puta que pariu. - reclamei.
  – Fudeu. - Harry falou pela milésima vez.
  – Calma gente, eu acho que se descermos as escadas e seguimos na direção que estamos, nós chegamos lá! - disse Zayn.
  – Ótimo, então vamos logo!
  Seguimos o caminho que Zayn indicava, correndo cada vez mais rápido por causa das fãs que se aproximavam. Descemos as tais das escadas e corremos e corremos e corremos.
  E não chegamos a lugar nenhum.
  Só a um supermercado.
  – Zayn, eu acho, eu SÓ acho que não era esse o caminho! - Mary falou ficando vermelha.
  – Ai Deus, desculpem, foi muita pressão!
  – Fudeu. - dessa vez eu e Harry falamos ao mesmo tempo.
  – Espera... Se aqui é o supermercado... Do outro lado é o estacionamento! - Louis pensou rápido e começou a nos empurrar em direção contraria, logo quando os flashes de máquinas fotográficas já voltavam a aparecer.
  Depois me hoje eu nunca mais precisaria pisar em uma academia pra malhar as pernas. E eu também nunca mais entraria num shopping com eles cinco juntos, apesar de eu estar me divertindo hoje como eu não fazia há muito tempo.
  Graças a Deus e às nossas pernas fisicamente preparadas, nós chegamos bem rápido ao estacionamento e daí foi só seguir Harry e Liam em direção aos seus carros.
  Eu, Niall e Zayn estragos rapidamente no carro de Harry e Louis e Mary foram no de Liam, que estava estacionado ao lado.
  Liam foi o que deu a partida primeiro e provavelmente ficou muito à nossa frente, pois Harry demorou quase 10 minutos rindo e respirando pesadamente até que pudesse dirigir.
  – Eu NUNCA fiz tanta merda na minha vida! - Zayn gargalhou.
  – E você acha que eu fiz? - Niall também riu!
  – Nenhum de nós já fez! - completei - Hazz, vá rápido, por favor. Eu preciso de água.

  Harry's POV

  Chegamos em casa muito cansados (lê-se: acabados, derrotados, fudidos e bufando que nem touros) de toda a correria, mas ríamos sem parar de toda a nossa tarde.
  Feeh se apoiava no ombro de Liam, lagrimando de tanto rir e ele se apoiava na parede, segurando a barriga que provavelmente doía de tantas gargalhadas. Niall e Mary estavam sentados no chão e encostados na porta, os dois roxos de rir. Louis e Zayn estavam que nem dois retardados relembrando das partes mais engraçadas de hoje, incluindo sua dança ridícula. Eu fiquei lá só observando todos aqueles idiotas e rindo com eles.
  Fui até a cozinha e peguei uma jarra de água e sete copos e voltei até a sala, onde todos já estavam sentados em um roda na chão, porque não caberia na mesa, e tentavam não rir. É, tentavam.
  Distribui a água e a Feeh agradeceu milhares de vezes pra mim por causa daquilo.
  Apesar de eu estar me divertindo muito com aquilo tudo, minha atenção sempre se voltava para ela. Feeh estava muito diferente e meio estranha desde que voltou da conversa com as fãs e se eu lhe perguntasse o que havia acontecido ela só responderia "nada não". Eu estava ficando realmente preocupado.
  – Será que já está na internet? - Louis perguntou quando se acalmou.
  – Você ainda tem alguma duvida? - Zayn riu e os dois pegaram seus celulares pra ver se já haviam notícias sobre nossa "aventura no shopping", nome que nós mesmos demos ao dia de hoje.
  – Vamos escutar alguma música? - Mary sugeriu e nós apenas acenamos com a cabeça. Ela apertou o play de seu celular e eu perguntei:
  – Que música é essa?
  – Say Goodnight, do The Click Five. Bonita nér? - ela sorriu.
  – É sim.
  – Ei gente, que diz é hoje? - Zayn perguntou.
  – Quarta-feira. - Niall respondeu se esparramando no chão.
  – 30 de Maio. - Mary completou revirando os olhos.
  Feeh imediatamente perdeu toda sua cor e deixou o seu copo de água cair e se espatifar no chão.
  – Feeh, o que aconteceu? - me preocupei.
  – É só que... Eu... Eu não...

  Our seperation has it's faults
  But i don't wanna leave it all
  So write the letters in teary ink
  I just need some time to think
  And i just need some time to breathe

  Ela se levantou e pegou rápido sua bolsa. Ela ficava cada vez mais branca e tensa e eu podia jurar que seus olhos estavam marejados.
  – Fernanda, o que que está acontecendo? - insisti.
  – Nada, eu... Eu só vou pra casa.

  Baby just say goodnight
  I'll be gone tomorrow
  Baby just close your eyes
  I can't take the sorrow
  Baby just walk away
  You know i can't stay
  There's no easy way to say goodbye
  So baby just say goodnight

  – Tá, tá tudo bem... Eu te levo, você não parece estar muito bem...
  – Não Harry. - ela falou em um tom firme.
  Olhei ao meu redor e todos estavam com a mesma expressão de dúvida que eu.
  – Fefa, deixa ele te levar... - Mary tentou me ajudar.
  – Não... Não dá...

  We're in a spell that never ends
  The empty hourglass wore me thin
  So let the phone do it's work
  Your voice is heaven
  But it hurts
  Your words are memories
  But they burn

  – Fernanda, é serio, deixa eu te levar pra casa, você não tá bem!
  – Harry, não! - ela gritou e lagrimas começaram a rolar pelo seu rosto - Você não pode me levar pra casa...

  Baby just say goodnight
  I'll be gone tomorrow
  Baby just close your eyes
  I can't take the sorrow
  Baby just walk away
  You know i can't stay
  There's no easy way to say goodbye
  So baby just say goodnight

  – Claro que posso, deixa de falar besteiras! Vem, eu te levo...
  – Não Harry. Estou indo pra casa.
  – Eu entendi! Vamos logo então!

  Baby don't say goodbye
  Baby just close your eyes
  And dream,tomorrow's on it's way
  So just walk away

  – Não, estou indo pra casa... - ela repetiu e foi ai que eu percebi alguma coisa diferente nessa sua frase. Quantas casas a Feeh tinha mesmo?
  – Feeh, do que você está falando...?
  – Eu... Eu não posso... Me desculpem!

  Baby just say goodnight
  I'll be gone tomorrow
  Baby just close your eyes
  I can't take the sorrow
  Baby just walk away
  You know i can't stay
  There's no easy way to say goodbye
  So baby just say goodnight

  – Mas desculpar você pelo o quê? - Louis falou.
  – Me desculpe, eu não podia... - sua voz falhava entre soluços desesperados e ela apertava minha mão fortemente. - Eu vou voltar... Eu vou pro Brasil.
  – Quando? - Liam perguntou assustado, mas eu mal podia ouvir o que eles falavam...
  Eu já estava distante, só a voz dela passava pelos meus ouvidos agora.
  – Sexta. Me desculpem, de verdade!
  Ela chorava cada vez mais intensamente e ela foi afrouxando aos poucos sua mão da minha.
  Ela foi andando em direção à porta e disse uma ultima vez:
  – Eu vou pra casa. Boa noite.
  E eu sentir meus joelhos desabarem no chão, lagrimas caírem furiosamente no meu rosto e minha vida se quebrar em trocentos pedacinhos.
  Então ela fechou a porta. Foi embora. Talvez pra sempre.

  Baby just say goodnight

XV

  When you're gone
  The pieces of my heart are missing you
  When you're gone
  The face I came to know is missing too

  Mary's POV

  Eu andava vacilante pela rua. Como um zumbi. Sem emoção, sem destino. Apenas andava e reparava na beleza das casas daquela região. Minhas vindas naquele bairro baseavam em sai do carro e entrar na casa dos meninos e vice e versa.
  Meus olhos arderam e as lagrimas teimosas desciam pelo meu rosto. Eu nunca chorava. Era perfeitamente feliz me considerando uma pessoa forte, dura, mas era inevitável. Fefa, Brasil, dois dias? "Eu vou pra casa" sua voz martelava em minha cabeça. A cara de todos. Todos nos assustados, confusos, incrédulos. Ela sai pela porta chorando. Um pequeno e doloroso flashback passa pela minha cabeça.
  Depois que ela saiu, deixou todos incrédulos e embrulhados em um silencio sufocante. Silencio esse que foi quebrado minutos mais tarde pelos passos firmes de Harry e seguidos por uma porta batendo, eu poderia jurar que ele a havia quebrado. Louis olhava para a porta - provavelmente esperando ela entrar e dizer que tudo não passou de uma piada como foi o nosso dia inteiro juntos - Liam fitava suas mãos entrelaçadas, Zayn fixava seu olhar para uma foto de nos todos que estava em uma mesa e eu e Niall olhávamos fundo um no olho do outro, assutados, estranhos, confusos e buscando certo conforto um no outro. Aquele clima me matava. Eu não sabia quanto tempo permanecemos daquele jeito na sala, mas posso garantir que não havia sido pouco. Depois foi a minha vez de sair pela porta. Sem me despedir, sem dizer nada. E aqui estou eu. A garota que se considerava forte chorava e vagava sem rumo pelas ruas.
  Quatro ruas, foi o maximo que eu poderia ter andado até agora. Um pub se iluminava a minha frente. Eu estava em um dos melhores bairros de Londres (lê-se: tudo aqui é caro), mas não hesitei em entrar no local, mesmo sabendo que não era para meu bolso. Qualquer coisa que afastasse aqueles pensamentos tristes era bem-vinda. O interior do pub era aconchegante, pouco iluminado e tipicamente britânico. O bar exibia centenas de garrafas coloridas de bebida e um barman bronzeado de olhos verdes se aproximou.
  – Eu quero a bebida mais forte que tem aqui. - meu tom era melancólico, quase corajoso. Me sentia fraca... Ele assentiu e saiu do meu campo de visão.
  Eu fitava o nada. Fefa. Aquela bobona que eu ensinava química há 3 anos atrás, aquele ser humano que conseguia ser dura e mandona e ao mesmo tempo doce e frágil. Fernanda havia me apresentado a Niall, a todos os meninos, ela havia me mostrado a verdadeira luz que mudaria minha vida e agora... Ela simplesmente diz que vai embora em dois dias? Eu sinto raiva. Raiva dela por não ter me contado antes, raiva de mim por ter me apegado tanto a ela. Droga.
  A bebida chegou e logo levei o copo aos lábios. Era forte, muito forte, levemente adocicado mas logo eu sentia o álcool se espalhando por meu corpo.
  – Álcool nas veias Mary. - disse para mim mesma e ri sozinha. Fefa costumava a falar isso para mim, Harry e Zayn. Outro gole, e outro, e outro. A bebida já congelava meu cérebro e meu corpo já estremecia. Mais um gole. Isso é bom.
  – Hey, vai com calma menina da água. - uma voz estranhamente conhecida e risonha disse atrás de mim.
  – Você? - disse ao me virar e dar de cara com um homem alto, cabelos claros e cacheados desordenados (pior que o Harry) e olhos azuis escuros. O cara da festa de sexta. Revirei os olhos. Sua expressão era divertida e ele segurava um copo. Cerveja. - Olha, não é um bom dia pra mim... - me virei de costas para ele.
  – Por que não? - ele se sentou ao meu lado e se virou para mim. Respirei fundo e tomei um gole.
  – Uma das minhas melhores amigas vai se mudar para o Brasil... - falei e tomei um gole.
  – Estive lá ano passado. É um lugar maravilhoso. - ele tomou um gole de sua cerveja. - Ela é de lá? - assenti e levei meu copo à boca mais uma vez.
  – Sendo maravilhoso ou não é longe pra caramba! Brasil! America! - suspirei e senti meus olhos arderem de novo. – Olha, eu não devia estar falando disso com você... - terminei minha bebida em um ultimo gole.
  – Por que não?
  – Porque é... Ah, eu não te conheço direito e...
  – Até que conhece... - ele exibiu um sorriso idiota que acabou me irritando.
  – Eu tenho que ir... - paguei ao barman, levantei e caminhei em direção a porta. Ele segurou meu braço. Já sentia meus olhos marejarem. Droga não chora Mary Anne!
  – Tá chorando? - ele parecia levemente preocupado. Esse cara nem me conhece!
  – Não.
  – Ta quase...
  – Entao perdeu seu tempo perguntando uma vez que já sabe a resposta... - disse meio chorosa e me bateu uma vontade enorme de abraçá-lo. Seu peito parecia aconchegante e seus braços eram fortes "Para Mary!". Meu telefone tocou no bolso. - Bom... Tchau. ele me soltou e eu caminhei em direção a porta.
  – Tchau.
  – Mary? - a voz de Niall estava baixa e chorosa no telefone.
  – Fala. - eu fazia o caminho de volta para a casa de Larry.
  – Onde você está?
  – Por ai...
  – Mary. - ele insistiu.
  – Umas quatro ruas da casa dos meninos.
  – Volta pra cá e vamos pra minha casa? - ele parecia angustiado.
  – To indo Irish baby.
  – Ok. Cya Little M.
  Eu precisava de Niall... Precisava de um abraço e a minha breve viajem no corpo do estranho do bar me confirmou isso. Mas nesse momento eu precisava dele. Niall era meu porto seguro e nos apoiávamos e confortávamos um ao outro. Ele era meu melhor amigo... 10 minutos, logo já estava em frente à casa dos meninos. Niall estava na porta da casa e eu pude ver Louis e Zayn pela janela da sala e Harry no andar de cima em seu quarto. Ele parecia agitado, andava de um lado para o outro. O que eu não daria para saber o que ele pensava...
  – Niall... - suspirei e avancei em seu pescoco para um abraço. - Fala que ela voltou lá e falou que foi um trote... - ele afundou o rosto na volta do meu pescoço.
  – Eu queria poder falar... - senti meus olhos arderem de novo. Não. Chega de chorar por hoje Mary Anne! - Vamos? - nos soltamos do abraço - Zayn me emprestou o carro dele, parece que ele vai ficar com os dois aí ou o Lou vai leva-lo.
  – Ok. - disse e entramos juntos no carro.

  Harry's POV

  – Droga! - gritei antes de jogar outro porta-retrato no chão. O som de vidro quebrando inundou o quarto mais uma vez. - Você. Não. Pode. Fazer. Isso! - eu gritava com uma das fotos do chão.
  Fernanda sorria feliz nela e eu do seu lado. Levei minha mão até meu rosto e me bati com força. Eu não poderia estar sorrindo na foto, não se eu soubesse que ela estava indo embora. E ela fez o favor de não falar em momento algum isso.
  Rasguei a foto e a joguei em um canto. Minha bochecha doía e minha mão latejava, aquelas dores não se comparavam a essa maldita dor no coração. Bufei. Me sentia patético pensando naquilo. Encarei uma das portas do armário e a soquei. Indiferente. Soquei outra vez, e outra, e outra, a dor em minha mão acentuou e sorri ao concluir que havia uma rachadura na porta.
  A abri para ver o tamanho do meu estrago quando inalei aquele cheiro. As roupas extras dela estavam ali. Outro aperto no coração, eu já o sentia minúsculo, maltratado demais. Ela não podia fazer uma coisa dequelas... Eu, Harry Styles estava me sentindo ridiculamente fraco e tudo isso por causa de uma garota de 16 anos! Bati a porta com forca e me afastei de lá. Aquele maldito cheiro me embriagava. Já sentia minha cabeça doer. Gritei mais uma vez e bati minha cabeça na parede atrás de mim, a dor piorou e gemi alto.
  Eu odiava isso, por que diabos eu tinha que me sentir assim? Não é como se nunca mais fossemos nos ver, ou é? Eu odiava o fato de ela ter deixado tudo pra ultima hora e com que objetivo? Me poupar? Porque não estava dando certo... Odiava o modo como ela saiu em lagrimas, sem dar nenhuma informação adicional. Mas e se ela tivesse me contado antes? Eu poderia ter feito alguma coisa pra ela ficar? Mas que se foda, ela não contou. Ai mas que ódio!
  Joguei o abajur que estava no criado perto da cama no chão, seguido pelo próprio criado que fez com que alguns livros, cadernos e CDs caíssem junto. Rasguei as paginas dos livros e as joguei para cima. Quebrei todos os CDs e as capas mesmo sem olhar qual era. A bagunça ainda não me satisfazia então abri outra porta do armário e comecei a espalhar minhas roupas pelo quarto.
  Não sei quanto tempo se passou mas, logo eu já estava deitado no chão, o quarto estava um completo caos. Tudo que era possível ser destruído, quebrado, jogado ou espalhado pelo quarto já estava no chão. Até minha cama king size estava virada de lado e o colchão enorme do outro lado do quarto.
  Levantei cambaleando e segui até o banheiro. Minha aparência no espelho era terrível, eu estava acabado, com as bochechas vermelhas e com as marcas de meus dedos, olhos vermelhos, minhas mãos exibiam arranhados e grandes roxos. Meu punho direito doía muito e eu até considerava a possibilidade de estar quebrado. Me olhei no espelho outra vez e ergui meu punho esquerdo. Como num ato involuntário e completamente insano soquei com forca o espelho enquanto gritava com todas as minhas forcas, ele quebrou e, um filete de sangue escorria pelo vidro. Olhei para minhas mãos. Sangue. Gritei mais uma vez, de dor talvez, o grito foi sufocante e me fez recuar do banheiro e cair num baque no chão.
  – PORRA! gritei de novo já sentindo minhas cordas vocais serem duramente sacrificadas.

  Louis's POV

  Os barulhos vindos do andar de cima não paravam e faziam minha cabeça latejar. Eu podia jurar que Harry já tinha quebrado seu quarto inteiro e nossa casa seria a próxima a ir pro chão.
  A casa som de alguma coisa quebrando eu e Zayn suspirávamos pesadamente. Ele foi o único que ficou; Niall esperou a Mary voltar e ambos foram pra casa dele; eu praticamente expulsei Liam, porque ele insistia em ficar, Zayn também insistiu, mas não consegui fazer com que ele fosse também.
  – Zayn, sério, vamos ficar bem... Você pode ir. - falei pela milésima vez.
  – Você vai... Mas e ele? - ele finalmente perguntou depois de vários minutos em silencio.
  – Eu... Eu dou conta dele. - respondi e ele apenas suspirou.
  Mais um barulho de vidro sendo quebrado.
  – Sério Lou, você da conta mesmo? - ele disse irônico.
  Não respondi e me joguei no sofá, de olhos fechados. Agora uma banda de heavy metal fazia um show dentro da minha cabeça.
  Não, tudo isso não estava acontecendo, não agora. Era apenas um pesadelo dos ruins, ou só uma brincadeira de muito mau gosto da Fefa; ela não estava indo embora depois de amanha e Harry não estava pondo nossa casa abaixo.
  Ou talvez estivesse mesmo acontecendo e no fundo eu soubesse que sim, mas eu preferia acreditar que não, doía menos assim.
  Fui arrancado dos meus pensamentos com mais barulhos vindos do quarto de Harry, mas dessa vez acompanhados por um grito estridente, diferente dos outros, esse parecia ser de dor.
  – PORRA! - ele reclamou.
  – Mas que droga, Styles! - exclamei e me levantei com passos pesados em direção ao quarto dele, mas Zayn segurou meu braço forte.
  – Calma, Lou...
  – Calma? Sério Zayn? Não, não, não... Agora vou dar conta dele!
  Subi as escadas com Zayn bufando nas minhas costas.
  Abri a porta e encontrei tudo de cabeça pra baixo. Sua cama estava fora do lugar, uma das portas de seu guarda-roupa estava aberta e quebrada, vários porta-retratos e CDs estavam quebrados, com suas fotos e folhetos rasgados pelo chão, livros destruídos e o espelho e todos os acessórios do banheiro também.
  Mas o quarto não era o mais arruinado de tudo, era ele.
  Harry estava sentado na porta quebrada de seu guarda-roupa, seus cabelos estavam todos bagunçados e ele apoiava a caneca nos joelhos. Suas mãos se fechavam em punho em alguma coisa que não pude reconhecer o que era.
  – Harry... - chamei e ele levantou lentamente sua cabeça para me olhar.
  Ele não chorava, o que teria sido um alívio se seu olhar não estivesse tão devastado, triste e distante. Seus olhos estavam vermelhos, com bolsas de olheiras, suas bochechas estavam vermelhas e com marcas de mão, e suas mãos... Puta merda, suas mãos! Tinham vários arranhões e cortes, por onde escorriam sangue. Olhei de novo para o espelho e só dessa vez percebi rastros de sangue por ele. Mais estúpido que Harry impossível! Ótimo, ele socou o espelho até quebrar...
  – Vem cá. - o chamei, mas ele negou com a cabeça.
  – Harry Edward Styles, vem cá agora! - insisti, ele suspirou e, vendo que não tinha mais jeito, veio andando lentamente em minha direção. Quando vi que ele se aproximava de mim, estendi os braços e ele se atirou neles, afundando sua cabeça na curva do meu pescoço.
  – Por que, Lou? Por que...? - ele soluçou.
  – Harry, sua mão... - Zayn falou segurando a mão machucada de Harry, que gemeu de leve.
  – Z., pega a caixinha de primeiros-socorros que tem no segundo armário da cozinha, por favor. - pedi e ele assentiu com a cabeça.
  – Harry, vem pra cá. - eu o conduzi até meu quarto e nós dois nos sentamos na minha cama.
  Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto dele e de vez em quando eu ouvia um soluço sofrido.
  – Por que ela fez isso, Lou? - ele perguntou mais pra ele mesmo do que pra mim.
  – Não sei, Hazz, eu realmente não sei... - respondi e ele deu um longo suspiro.
  – Eu odeio ela. - ele disse.
  – Mentira.
  – É serio, eu odeio ela.
  – Hmmm ta então. E quem você está tentando enganar? Eu ou você? Porque se for eu, não tá dando certo.
  – Mas eu não... - ele já tinha voltado a falar, mas Zayn entrou no quarto e Harry voltou sua atenção a ele - Zayn, depois que a Lelê te deixou você continuou amando ela?
  Zayn empalideceu e não respondeu, apenas continuou tirando os remédios e pomadas e gazes, para que fizéssemos um rápido curativo em Harry.
  – Responde Zayn. - insisti, mesmo já sabendo a resposta.
  – Sim. - ele respondeu de cabeça baixa, pegando a mão de Harry e limpando o sangue. Ele gemeu, franziu a testa e perguntou:
  – Até quando?
  – Nunca deixei de amá-lá, Harry... - ele respondeu e finalmente olhou-o nos olhos. Eu teria rido se não fosse aquela situação toda.
  – Você não odeia ela, Hazz. - falei.
  – Eu sei que não... É só que seria mais fácil se eu odiasse.
  – Lógico que não. - Zayn retrucou rápido.
  – Você ama ela Harry... - eu arrisquei a falar.
  Ele se jogou na cama, cobriu a cabeça com o travesseiro e ficou um tempinho quieto, mas depois começou a gritar de novo, batendo as pernas, que nem uma criança fazendo birra. Zayn segurou forte o braço dele, que atrapalhava o curativo.
  – Mas que caralho Harry, sossega!! - Zayn brigou com ele e eu quase ri.
  – Hazz, toma isso aqui... - estendi a ele um comprimido e ele me olhou curioso.
  – O que é isso?
  – Toma, você vai se sentir melhor.
  – Você está me drogando, Louis? - ele perguntou incrédulo.
  – Não, ele está te dopando mesmo! - Zayn respondeu ríspido, terminando o curativo.
  – Cala a boca, Malik! Você faz parecer com que seja mesmo uma droga... Não, Harry, é só pra você dormir tranquilo.
  – Não preciso disso. - ele respondeu sério.
  – Harry, por favor...
  – Não quero!
  – Toma essa merda de remédio agora, Styles! - gritei e ele se esquivou, mas mesmo contra a vontade ele tomou.
  Esperei alguns minutos até que o remédio começasse a fazer efeito e tive uma ideia.
  – Harry, vamos dar uma saída bem rápida, ok? - falei e me aproveitei quando vi que ele já não me ouvia tão bem - E vamos no seu carro, tudo bem?
  Ele murmurou alguma coisa e se enrolou nos lençóis. Chamei Zayn e antes de sairmos do quarto, falei uma ultima coisa, mesmo que em vão:
  – Por favor, não destrua a casa, e principalmente meu quarto.
  Assim que fechei a porta Zayn riu e disse:
  – Você realmente precisa rever suas prioridades, Lou... (N/A: sou Potterhead, sim ou claro?) - eu também ri um pouco - Mas então, pra onde vamos?
  – Hmmm, vamos esclarecer algumas coisas...
  Fui assim breve, preferi guardar o destino só pra mim mesmo, até que estivéssemos lá. Eu não tinha muita certeza se Zayn gostaria de estar indo para lá.

  {...}

  – Tá de brincadeira comigo, né Tommo? - ele disse se segurando para não me espancar ou alguma coisa do tipo.
  – Não... Desculpa Z., mas eu precisava vir aqui. - respondi estacionando o carro na frente daquela casa amarela e que eu já tinha vindo algumas vezes.
  – Mas tinha que ser aqui? Logo aqui? - ele gritou, cruzou os braços e fechou a cara - Não vou descer.
  – Tinha, tinha que ser aqui sim. Não seja ridículo Zayn, claro que você vai! E se não for... Bem, faço ela te tirar daqui. E ambos sabemos que ela consegue... - retruquei sua birra.
  – Ai mas que porra, tudo bem então.
  Nós saímos do carro e nos dirigimos à porta, com Zayn a alguns passos me mim. Toquei a campainha e poucos minutos depois ela abriu a porta assustada, com seu pijama de bolinhas e o cabelo bagunçado.
  – Louis e... Zayn? O que vocês estão fazendo aqui à essa hora? - ela perguntou.
  – Queremos saber uma coisa, Lelê... - respondi.
  – Ahn, tudo bem... - ela franziu a testa e depois nos deu espaço para passar - Parece ser sério... Entrem, meus pais viajaram, estou sozinha aqui.
  Nós entramos e senti que Zayn estava tenso de fazer aquilo, e ela com a presença dele em sua casa. Fomos até a sala e sentamos no sofá e ela se sentou de pernas cruzadas no chão, a nossa frente.
  – Então, em que posso ajudá-los? - ela deu um sorriso amigável.
  – Hmm, queremos saber o que está acontecendo exatamente...
  – Eu também, não é todo dia que dois membros da One Direction vem na minha casa quase de madrugada. - ela riu.
  Tive uma leve impressão de que Letícia não tinha entendido muito bem sobre o que eu estava falando.
  – Não Lelê, eu estava falando da Fefa... - expliquei.
  – Tá, o quê que tem ela?
  Eu a olhei no fundo dos olhos e ela parecia curiosa, mas nenhum sinal de tristeza, preocupação, ou alguma coisa do tipo... Olhei para Zayn, ele também encarava ela de testa franzida, mas quando percebeu que eu estava o olhando ele se virou pra mim e disse:
  – Zayn, acho que ela não sabe...
  – Não sei o quê? - ela perguntou um pouco mais ríspida a ele.
  – Da Fernanda...
  – Louis você está começando a me assustar... O que aconteceu com a Feeh?
  Puta que pariu, a Letícia não sabia... E eu deveria contar a ela. Ah não Fernanda, tantas mancadas no mesmo dia não pode...
  – Hmmm acho melhor ela contar pra você... - eu disse me levantando - Vamos Zayn?
  – Não Louis, não quero ter vindo aqui a toa. Conta pra ela, Letícia é a melhor amiga da Fefa, conta! - ele falou sem mover um único músculo.
  Suspirei fundo e me sentei de novo, apoiei minhas mãos nos joelhos da Lelê, que me olhava ainda com curiosidade, mas com preocupação dessa vez.
  – Olha, você vai esclarecer tudo com ela depois, tudo bem? Me promete que vai... - ele soltou um fraco "eu prometo" e continuei - Ela... Hoje ela nos disse... Ai mas que porra, a Fefa vai voltar pro Brasil.
  – Ah não! Não acredito que vou perder minhas ferias com ela! - ela disse parecendo chateada, mas ainda não entendo o sentido das minhas falas.
  – Não Lelê, não é isso... - comecei a falar, mas Zayn abanou as mãos chamando a atenção dela.
  – Não Letícia! Não são só as férias, a Fefa vai voltar pro Brasil de verdade, entendeu? Ela não vai mais voltar, nunca... Talvez só pra visitar a gente. Ela é menor de idade, ela não tem escolha! É pra sempre! - a cada palavra que ele falava os olhos dela mais se enchiam de lagrimas e quando ele falou "pra sempre" ela desatou a chorar.
  Zayn respirava fundo, o tom de voz dele não havia sido grosso, mas aquelas palavras doíam nela, isso era visível nos olhos de ambos.
  – Eu... Me desculpa, Lelê... - ele falou. Ela apenas acenou com a cabeça como quem dissesse que ele não precisava pedir desculpas. Ela suspirou, limpou suas lagrimas e perguntou:
  – Como vocês souberam?
  – Ela nos disse hoje. - respondi.
  – Mas ela ia contar pra você, tenho certeza. - Zayn completou.
  – Eu sei que ia... Mas... Quando que ela vai?
  – Sexta. - nós falamos juntos.
  – Ai, puta que pariu a Fernanda...! - ela falou e voltou a chorar mais que antes.
  Ficamos ali em silencio, embalados pelo som de seus fortes soluços. Eu não aguentava ver gente chorando, então eu a abracei apertado e vi Zayn desviar rápido o olhar.
  – Desculpa Lelê, você não precisava saber assim... - tratei de falar.
  – Não Lou, ta tudo bem... Uma hora eu ia ter que saber, não é mesmo? Mas que ela é uma estúpida de não ter me contado antes, ah se é! - ela deu um sorriso fraco e continuou - Vocês tem que ir, vocês parecem esgotados...
  – Ér, não foi muito fácil com o Styles... - Zayn suspirou.
  – Ele chorou mais que eu?
  – Não, ele só destruiu o quarto e a mão dele. - falei irônico - Mas ér, você ta certa... A gente tem que ir.   Dei um beijo na testa dela e a abracei uma ultima vez e então Zayn foi se despedir dela. Virei o rosto para que eles pudessem se despedir adequadamente e vi de canto de olho ele limpando as lagrimas e abraçando ela.
  – Boa noite Lelê, se cuida. - falei saindo pela porta.
  – Boa noite, e boa sorte meninos, amanhã vai ser um dia cheio e nós vamos precisar...
  Ér, ela tinha razão, amanha ia ser um dia MUITO cheio.

XVI

  Wherever you go, just always remember
  That you got a home for now and forever
  And if you get low, just call me whenever
  This is my oath to you

  Lelê's POV

  Sete e quinze, marcava o relógio. Ah ótimo, tenho só 45min para levantar, me arrumar e chegar na escola. Estou atrasada sim ou claro?
  Levantei com preguiça e fui sem vontade até o banheiro. Vi meu reflexo no espelho, e que desastre eu estava! Meus olhos estavam inchados e com olheiras pretas por baixo, por conta dos vários acessos de choro que tive ontem e mais minhas poucas três horas mal dormidas. Se a Feeh estivesse aqui pelo menos ela me ajudaria a esconder minha imagem horrorosa, mas ah filha da puta, era tudo culpa dela mesmo...
  Fiz o que pude com a minha aparência, pus uma roupa qualquer, peguei meus livros e minha bolsa e fui correndo para a escola, que era apenas dois quarteirões de distancia da minha casa.
  Cheguei lá bufando, mas ainda a tempo. Algumas pessoas falaram comigo, mas nem lhes dei atenção, eu procurava por aquela vadia de corpo alto e cabelos escuros.
  A vi conversando com Henrique e alguns outros amigos nossos e se despediu deles quando me viu acenando loucamente para ela.
  – Fala Let! - ela falou parecendo animada, embora seus olhos não me dissessem o mesmo.
  – 'Colé' Fefa! - falei com a mesma falsa intensidade na voz.
  – Hmmm, tenho que te contar sobre ontem! - ela riu um pouco - Foi inacreditável... - ela completou sem emoção.
  – Em todos os sentidos, não é mesmo? - perguntei sarcástica. Ela me olhou nos olhos e sustentei seu olhar com firmeza, mas logo ela o abaixou para encarar o chão.
  – Precisamos conversar... Qual é a sua aula agora?
  – Ah, agora a Srta. Nunca Matei Aula está virando rebelde? - ironizei e ri, mas ela manteve seu tom sério.
  – Letícia, é sério.
  – Nada que eu não possa pegar depois...
  – Lelê... - ela insistiu.
  – Tenho espanhol e você?
  – História, mas é só matéria da recuperação mesmo... E o resto do seu dia?
  – Matemática, inglês e dois horários de física, e quer saber? Não estou afim de assistir nenhuma delas mesmo, vamos embora!
  – Hmm, perder aula de física, Lelê?
  – Que se foda, já passei mesmo! Apertado, mas passei...
  – Então tudo bem, temos muito o que conversar...
  Puxei-a pelo braço e saímos da escola, depois avisaríamos para a Laine, e fomos a qualquer lugar onde pudéssemos conversar tranquilas.

  {...}

  – Tudo bem, você já pode enlouquecer, me matar ou alguma coisa do tipo... - ela falou fixando sua atenção em sua caneca de chocolate quente com chantily.
  Estávamos na Starbucks de perto da escola e, graças a Deus, ela estava vazia hoje. Nos sentamos em uma mesa no canto, iluminada por uma frestinha de luz do sol da manhã.
  Feeh tomava seu tão amado chocolate quente e eu apenas um suco de laranja, ela comia waffles com geléia de frutas vermelhas e eu comia um delicioso brownie de chocolate.
  – Hmmm, por que eu te mataria? Você só me falou a parte boa da sua noite até agora... - falei com um tom irônico.
  – Lelê, por favor... - ela disse apoiandoma cabeça em suas mãos, como se estivesse com uma forte enxaqueca - Eu sei que você já sabe, então, por favor, só fala alguma coisa.
  O que eu já sei, hein Feeh? Que você vai embora para seu país natal amanhã, Deus sabe lá que horas, e que você não fez nem o favor de contar para a sua melhor amiga? Ér, eu acho que já sei mesmo...
  – Co-como isso aconteceu? - foi a única coisa que consegui falar.
  – Não sei muito bem, meu pai só falou que ele queria se dedicar mais à filial da empresa lá no Brasil...
  – Quando você soube?
  – Sexta-feira passada.
  – E você não me contou esse tempo todo?! - explodi. Talvez uma parte de mim ainda quisesse acreditar que ela tinha descoberto há pouco tempo e ainda não havia tido a oportunidade de me contar.
  – Desculpa Lelê... Eu tentei, eu juro! Eu tentei, mas... Simplesmente não pude, não consegui.
  – Não Feeh, eu não te desculpo! Você deveria ter nos contado antes, a todos nós! Teríamos dado um jeito de você ficar, mas agora é tarde demais... - quando terminei de falar, ela deitou a cabeça na mesa, visivelmente derrotada.
  – Mas não adianta brigar por isso, não é mesmo? Até porque só temos... Espera, que horas você vai? - perguntei logo que me toquei que não sabia que horas ela iria viajar.
  – Meio dia. - ela respondeu sem levantar a cabeça.
  – Então nós temos 27 horas e... - olhei no relógio de parede da Starbucks e marcava 8h47min - 15 minutos para aproveitarmos com você aqui!
  – 27 horas e 13 minutos... - ela comentou olhando para o relógio também.
  – Já te contei que eu odeio essa sua mania de nunca arredondar as horas? - eu ri.
  – Sempre... - ela riu também - Fazer o que se eu sou meio doida, nér?
  – Não Fefa, doidas todas nós somos, você tem TOC mesmo!
  – Eu tenho TOC? - ela gargalhou.
  – Sim, você é assim toda maníaca por arrumação e tem esse treco das horas também! - falei quase sem ar.
  – Só eu nér...! Você nem tem a doidice com etiquetas pra fora e os fechos de colar pra frente, não é mesmo? - ela não parava de rir.
  – Ah, mas é que eu tenho agonia, poxa! - eu disse tentando me defender.
  – Eu também ué... Mas enfim, o que a gente faz agora? Voltamos pra escola?
  – Não, por favor, não! Vamos, sei lá, pra minha casa... Ou pra sua, tanto faz!
  – Pode ser pra sua? A minha está meio bagunçada por causa das caixas... - ela se mexeu desconfortável em sua cadeira.
  – Pode, claro! Mas ei... Os meninos já estão de ferias, não estão? Por que não vamos pra lá - sugeri dando um ultimo gole em meu suco de laranja e me animando mais um pouco.
  – Hmm, ér... Eles estão sim... - ela respondeu dando um sorrisinho amarelo e abaixando os olhos para seus waffles, claramente tensa.
  – O que foi, Feeh? Aconteceu alguma coisa entre você e... Eles? - me arrisquei a perguntar.
  – Ah, não, nada... Exceto as ligações de Louis e Niall que não atendi hoje de manhã. Mas é obvio que eles não são meus maiores fãs agora, não é mesmo?
  – O que custa você ao menos tentar falar com algum deles? Toma aqui... - dei meu iPhone a ela, que o pegou com as mãos tremulas - E põe no viva-voz.

  Ligação ON

  – Alo? Lelê? - Louis perguntou com a voz rouca.
  – Ah, oi Lou, sou eu, a Fefa.
  – Hm, apareceu a margarida! - ele riu e logo ouvimos um barulho e um xingaremento de Louis.
  – Lou, ta bem?
  – Sim, é só que... Dormir no sofá e cair em cima do Zayn não é muito legal... - ele riu sem muita graça na voz.
  – Te acordei? Ah me desculpa...
  – Sem problemas, Fefa, mas e ai, tudo bem?
  – Ah, to levando nér... E ai?
  – Estamos vivos, pelo menos por enquanto.
  – Louis, por favor...
  – O quê? Você quer que eu fale que estamos todos felizes, sorridentes e saltitantes e cheios de borboletas e arco-íris...?
  – Chupa essa, Fernanda! - ela irozinou para si mesma - Mas você também está mau humorado hoje.
  – Eu sei, me desculpe por isso, é só que... Foi uma noite difícil.
  – Me perdoa, Boo? Por favor, eu não podia contar antes...
  – Eu perdôo, Fernanda, você sabe disso! Mas se a minha casa for abaixo daqui a alguns dias, eu vou lá no Brasil só pra te matar! - ele riu debochado.
  – Co-como assim? - ela também riu, mas gaguejou.
  – Se Harry quebrar minha casa por sua casa hahaha você ta fudida...
  – O que ele fez? - ela perguntou mudando totalmente seu tom de voz. Silencio; ouvíamos apenas a respiração de Louis no outro lado da linha - O que ele fez, Tommo?
  – Destruiu o quarto dele.
  – Como assim?
  – O que você entende com isso? Destruiu ué, as únicas coisas em pé são as paredes.
  – Puta merda! - ela exclamou e largou meu celular, deixando Louis falando sozinho lá. Ela enterrou a cabeça em seus braços apoiados na mesa.
  – Louis, para de fazer escândalo! - falei pegando meu celular - Estamos em um lugar publico...
  – Lelê? O que você... Ah, esquece. Ta, foi mal.
  – Louis, erm... Ah, deixa.
  – Que foi?
  – Não, é que eu queria que fossemos ai, mas deixa.
  – Podem vir!
  – Não, ta tudo bem, a gente se vira por aqui.
  – Tem certeza?
  – Tenho sim, pode deixar... Lou, vou desligar, amanhã a gente se fala, ta bom?
  – Tudo bem... Cuida dela!
  – Vou sim... Cuida dele! Beijos!

  Ligação OFF

  Feeh continuava com a cabeça em seus braços, mas a julgar pelas gotas pretas que escorriam neles eu podia jurar que ela tinha acabado com toda sua leve maquiagem da manha.
  – Ei, vem cá, vamos pra minha casa... - eu disse levantando seu queixo.
  – É tipo minha culpa Lelê, essa merda toda é culpa minha!
  – Eu sei que é, você sabe que é, mas não adianta você ficar se torturando por isso!
  – Mas se eu tivesse contado antes, talvez...
  – Talvez tivesse sido diferente? É lógico que seria. Mas... Quando chegasse perto ele sempre teria uma reação dessas.
  – Não nessas proporções...
  – Eu sei, mas... Ah que porra Fernanda, eu não sei o que dizer! Vamos fazer o seguinte, porque a gente não finge que isso não ta acontecendo, hein? Vamos pra minha casa, a gente assiste algum filme desses bem idiotas, mas que a gente morre de rir, ta bom?
  – Tudo bem... - ela se levantou e foi até o banheiro com sua bolsa pra retocar a maquiagem. Ela voltou, pagamos a conta e fomos em direção a minha casa.

  {...}

  – Fala sério Letícia, ele é PER-FEI-TO!! - ela reclamou pela milésima vez.
  – O ator, porque o personagem é muito chato... - eu repeti.
  Havíamos acabado de ver Os Vingadores e ela achava um absurdo de que eu não gostasse do Capitão América.
  Desde a estréia, essa deveria ser a quinta vez que víamos esse filme juntas e eu era completamente apaixonada pelo Tony Stark, meu eterno Homem de Ferro, ela pelo Capitão América e recentemente descobrimos que a Laine tira uma tara incrível pelo Thor, então a chamamos pra ver o filme com a gente hoje.
  – Ah, mas o Homem de Ferro nem é tão legal assim... - ela falou dando ombros e eu fiz a cara mais chocada que pude.
  – Tá doida, Fernanda? - Laine riu - Mais legal que ele, impossível!
  – Me digam o que ele tem, por favor? Tecnologia, dinheiro e o que mais?
  – Fernanda, você é muito das antigas!
  – Eu sou! Sou clássica, gosto dos 'gentlemen', desculpa... - ela disse e eu e a Laine só rimos quando ela encheu sua boca de pipoca e ficou nos encarando com uma cara de inocente. Sua expressão me fez soltar um comentário que fez Laine morrer de rir:
  – Aham, diz isso, mas quero só ver se aparece um barman na frente dela... - ela foi rir e se engasgou com sua pipoca, o que nos fez rir mais ainda.
  – Isso é outra história... - Feeh tomou um gole de seu refrigerante e continuou - E quem disse que os barmen que eu já fiquei não eram 'gentleman'?
  – Fefa, por favor né...! - Laine disse quase sem respirar.
  – O quê? Mas é verdade!
  – Aham, ta bom...
  – Suas fudidas, nunca acreditam em mim!
  Ficamos mais um tempo ali rindo para o nada que nem três retardadas, até que a Feeh suspirou:
  – Mas ai eu com um Chris Evans ou um Jared Padalecki ou um Logan Lerman...
  – Ai eu com um Ian Somerhalder ou um Jensen Ackles ou um Robert Downey... - também suspirei.
  – Laine...? - Feeh perguntou.
  – O quê?
  – Ai você com quem? - eu falei rindo.
  – Ah... - ela pensou um pouco e depois riu - Ai eu com um Niall Horan!
  Nós três rimos, mas depois a Feeh negou com a cabeça.
  – Não, mas ele você já tem!
  – Exatamente! - ela sorriu e corou.
  – Mas não conta! - falei e Feeh concordou com a cabeça.
  – Claro que conta, não sejam chatas! - ela fechou a cara de brincadeira e voltamos a rir.
  Eu sentiria falta de tudo aquilo. Seria difícil aceitar que a Fernanda nunca mais - ou pelo menos por um bom tempo - iria voltar pra minha casa depois da escola e ligar pros pais dela dizendo "estou na casa da Lelê, não me esperem". Eu sentiria falta de ir e vir na casa dela, dela indo e vindo na minha; sentiria falta de ir no shopping pra ver um filme e acabar não fazendo nada, de ir no shopping pra não fazer nada e acabar vendo um filme; sentiria falta de suas manias irritantes, das suas caretas ridículas, da sua falta de modéstia, da sua sinceridade exagerada; sentira falta de deitar em sua enorme cama de casal num domingo à tarde e perguntar "temos dever pra amanhã" e apenas receber uma risada debochada como resposta, ou de apenas me jogar em sua poltrona rosa pink e começar a falar mal de quem viesse na cabeça. Mas tudo isso são só detalhes, eu sentiria falta mesmo é dela. Minha melhor amiga desde os dez anos. Sentiria falta da pessoa mais manteiga derretida e mandona que eu conheço, a garota de Leão mais teimosa da face da Terra, ela e suas milhares de risadas, suas pernas compridas e seu bundão. Pode parecer drama, mas vendo ela rir ali comigo fazia e saber que em algumas horas isso iria acabar me coração apertar.
  Fernanda sempre me dizia aquele clichê "Deus nos fez amigas porque nenhuma mãe nos aguentaria como irmãs", essa era a sua maneira de dizer que sempre havia um lado bom nas coisas. Mas será que havia mesmo esse lado bom em ela ir morar em outro país, outro continente, atravessando o oceano e em outro hemisfério? Eu tentava parecer forte perto dela, porque eu sabia que ela estava a um passo de desabar de novo, mas eu estava simplesmente derrotada por dentro.
  A verdade é que não quero, não suporto e não sei como será ter minha melhor amiga longe, tão longe, de mim.
  Fui arrancada de meus pensamentos quando ela exclamou chocada olhando para o relógio:
  – Meu Deus, já são 20h?
  – Por quê? A bebê já tem que ir dormir? - Laine ironizou.
  – Não, é que a bebê tem que acordar cedo amanhã porque ela vai passar uma hora daqui até o aeroporto, mais 12 horas em um avião e mais uma hora do aeroporto do Brasil até a casa dela lá. - ela falou com a voz triste, sarcástica e irritada.
  Laine respirou fundo, fechou os olhos, soltou sua respiração e disse:
  – Então já vou indo pra casa... - ela abriu os olhos e abraçou a Feeh - Até amanhã, vocês duas.
  Nos despedimos também e ela passou pela porta mais desanimada que nunca.
  – Feeh, sei que você quer dormir, mas... Vamos fazer alguns tratos?
  – Sim, vamos lá, comece.
  – Você vai entrar no Skype todos os dias, ficar sempre de olho nos seus emails e no chat do Facebook e nas suas dms no Twitter pessoal e no FC.
  – Só isso? - ela riu irônica - Até porque não preciso de vida social mesmo...
  – Fernanda, eu to falando serio. Eu, a Laine e Mary faremos tudo isso também!
  – To brincando Lelê, claro que falei isso. Quem disse que vou ter vida social lá?
  – Você? Logo você? Claro que vai Fernanda, você vai ver... Quero que você me fale também com detalhes quem são as bitches da sua escola, quem são aquelas que podem ser suas amigas, quem são os idiotas, quem são os gatinhos... Ah, é obvio, se você encontrar alguma Directioner também! Mas sem me esquecer, ta?
  – Lógico que não! Você também, ta? Ultimo ano tem mais uma turma de novatos, quero que você me fale sobre cada um deles também! Vou estar longe, mas sempre vou ser da nossa turma por alma, ok? Ah, se você resolver achar um mais sedução que o Malik me diga também!
  – Ah sempre! Você também, se tiver um mais Styles que o Harry você me conta!
  – Aham, quer que eu ache uma mais Letícia que a Lelê também?
  – O quê? Como assim? - eu ri.
  – Melhores amigos são insubstituíveis, Letícia...
  – Aaaaah sim... Mas eu não falei dele no sentido de melhor amigo. - eu lhe dei uma piscadela e ela socou meu braço.
  – Idiota! Acordos feitos? Podemos dormir?
  – Sim, let's go Fefa!

  Louis's POV

  – Você vai levantar sua bunda fodida dessa cama e vai pra porra daquele aeroporto despedir da Fernanda! - esbravejei. Devia ser minha décima tentativa de convencê-lo a ir e ele insistia em ficar em casa.
  – Eu.Não.Vou. - ele bufou e tombou o corpo se deitando.
  – Covarde. - murmurei por fim e sai do quarto.
  Depois de seu surto na quarta-feira, tivemos que contratar alguém para arrumar o quarto que acabou por ficar como antes, sem contar, é claro, os danos irreparáveis como o armário, espelho, os CDs, livros, as fotos e as outras coisas destruídas por ele.
  – O que disse? - Harry perguntou atrás de mim enquanto descia as escadas.
  – Covarde. - respondi calmamente e cheguei ao primeiro andar.
  – Covarde... Eu? - ele se pôs na minha frente.
  – É. Covarde. Não quer olhar na cara da Fernanda. - eu manti o tom calmo e percebi que começava a irritá-lo. Sorri satisfeito.
  – Eu não sou covarde porra nenhuma! - estremeci com seu tom. - Eu não vou para o aeroporto porque a Fernanda omitiu pra mim que ia embora por semanas, Louis!
  – E isso é pretexto para não ir se despedir dela?
  – É sim! Ela não me quer lá! Se quisesse, ela teria me falado essa porra toda. - ele estava (de novo) descontrolado.
  – Você está sendo idiota Harry... E dos grandes. - suspirei e caminhei (calmamente) para a sala.
  – Você não é meu pai, não te devo nada, então não fala que eu to sendo idiota! - ele gritou já na sala.
  – Ótimo! - perdi a paciência. - Eu ligo pro Des, conto a história, ai sim você vai escutar do seu próprio pai que está sendo um idiota!
  – Cuida da tua vida Louis!
  – To cuidando! - dei um passo para trás. - Ou se esqueceu que tem um fraco louco morando debaixo do meu teto?
  – Fraco?
  – É! Fraco e covarde. Acorda logo Styles! Eu sei que não é estúpido assim.
  – Não sou fraco, não sou covarde e não sou estúpido! - ele se aproximou e apontou o dedo para mim.   – Claro que não! - ri irônico. - Você não destruiu seu quarto, não ficou se remoendo por dois dias trancado lá em cima, não foi idiota a ponto de atender nenhum dos quatro telefonemas da Fernanda, ou nenhuma das batidas da Mary e da Els na sua porta e muito menos a conversar com um de nós!
  – Passou pela sua cabeça que eu to com raiva da Fernanda? Eu não vou atender telefonema dela!
  – Mas quarta você disse...
  – Aquilo do seu quarto na quarta foi uma recaída! - ele interrompeu o que eu ia dizer. - Lou, ela é minha melhor amiga e me escondeu essa droga! De jeito nenhum eu vou falar com ela agora. Ela parece não fazer questão da minha pessoa...
  – Você precisa de um médico... - suspirei e me afastei dele me sentando no sofá.
  – Não preciso.
  – Sim. Precisa! E de um psicólogo. Ninguém sabe o que passa pela sua cabeça maluca...
  – Já fez isso né? Colocando todo mundo pra bater na minha porta! Quem era pra ser? A Mary?
  – Na verdade, a Eleanor. - segurei a cabeça entre as mãos que estavam encostadas em meus joelhos. - Ela tá cursando psicologia (N/a: se não, finjam ela que está) e tal.
  – Você é inacreditável...
  – To sendo seu amigo Harry. - minha voz já estava baixa e eu sentia minha garganta arranhar de tanto gritar com ele.
  – Grande amigo... - ele ironizou.
  – To tentando te ajudar Harry! - voltei a gritar. Foda-se minha voz. - Sim. Eu sou um ótimo amigo, porque qualquer um já tinha deixado você se foder ou se matar.
  – Não sou fraco a ponto de precisar da sua ajuda. E eu tenho 18 anos!
  – Claro, porque uma pessoa forte e adulta quebra todo o quarto, soca o espelho, corta a mão, torce o pulso e ganha arranhões por todo o corpo... Sem tirar a parte que você gritou tanto que deve ter danificado suas cordas. E é ai que a coisa complica mais.
  – Que tá querendo dizer?
  – Que eu e todo mundo estamos com medo de você!
  – Caralho Louis, acha que eu to com essa tendência suicida?
  – Não acho que seja burro a ponto... - revirei os olhos.
  – Puta merda... - ele suspirou. Pela primeira vez Harry se acalmou.
  – Harry senta aqui e...
  – Não. - ele me interrompeu mais uma vez e caminhou até a mesa ao lado da porta e pegou as chaves do carro. - Eu vou sair.
  – Harry, não! Volta aqui. - corri atrás dele que já estava na garagem - Volta pra dentro Styles!
  – Não mãe. - ele soltou uma risada fraca e entrou no carro.
  – Sério Harry, volta. - eu já estava aflito.
  – Não. E... Não espere por mim Lou. - ele deu a partida. Por um momento pensei em pegar o meu e correr atrás dele. Não mesmo.
  – Harry! - esbravejei já na rua. - Volta agora e para de agir que nem moleque! Quantos anos você tem? Vai fugir agora? - ele me encarava com raiva. Cheguei a sentir um pouco de medo dele e revirei os olhos. Ao longe, avistei um homem de preto com uma câmera. Ótimo. Amanhã mesmo estou na primeira página de um jornal ou uma revista ou talvez uma matéria enorme na internet.
  – Não se preocupa comigo Louis. A última coisa que eu vou fazer vai ser dirigir até um penhasco e jogar o carro num buraco. - arrancou o carro de vez.
  – HARRY! - gritei mais alto enquanto seu carro se transformava em um pequeno pontinho.
  Eu não iria atrás dele. Não mesmo. Olhei para o paparazzi que tirava fotos de mim, mostrei-lhe o dedo sem me importar com a repercussão daquilo e entrei em casa. Foda-se Harry e sua loucura.

  {...}

  – Você é burro? - Liam subiu o tom comigo.
  Eu tomava um chá qualquer que Eleanor preparou para mim para minhas cordas vocais não ficarem danificadas demais devido aos gritos de mais cedo.
  – Não, Liam. Eu não sou burro. - respondi baixo.
  – Louis ele pode...
  – Foda-se ele e o que ele pode fazer! - bufei - Eu não sou babá de um moleque como ele! Cansei! Em dois dias e algumas horas aquele desgraçado me tirou do sério. - me mexi no sofá ao lado de Eleanor.
  Liam e Zayn estavam em pé na minha frente e Niall e Mary estavam sentados na mesa de jantar. Depois que liguei para Liam explicando a situação, 15 minutos depois, os cinco estavam na minha porta.
  – Ótimo! Então deixa um cara daquele jeito por ai. - Zayn murmurou.
  – Deixa mesmo! - subi o tom sendo repreendido por Eleanor. - Tá, parei de gritar. Olha Zayn, vocês todos podiam dividir comigo a tarefa de cuidar do Harry, né? Porque eu posso apostar que agora que a Fernanda vai pegar aquele avião as coisas vão piorar.
  – Beleza então...
  – Cala a boca vocês! - Mary gritou. - Harry tem 18 anos, ele faz a merda que quiser da vida!
  – Esse é o problema Mary... - Niall suspirou ao lado dela.
  – Ah qual é! Harry Edward Styles tem amor próprio demais pra sair por ai pra se matar ou foder com a própria vida ou imagem... - todos estávamos calados a ouvindo - Passou pela cabeça de vocês que ele precisa pensar sobre isso tudo?
  – Lá vem a menina gênio... - Zayn zombou.
  – Não zoa Zayn! - ela o fuzilou - Vocês tem pressionado ele demais, tem taxado ele de louco e descontrolado e ele acaba ficando assim! Deixa ele pensar sobre isso tudo. Sozinho de preferência.
  – O tempo todo trancado no quarto não deu? - perguntei e dei mais um gole no chá.
  – Não com todo mundo aqui embaixo Lou. - Eleanor falou. - Gente, Harry é impulsivo, ele vai acabar fazendo as coisas que vem e que não vem na cabeça numa situação assim... Tensa. O que ele fez no quarto é um exemplo, agora essa briga com o Louis e ainda ele sai assim. - ela respirou fundo - Deixem ele pensar sobre isso como a Mary falou. Ou ele vai acabar fazendo coisas que vai se arrepender depois.

  Feeh's POV

  Era isso, lá estava eu, em frente ao Aeroporto de Londres Heathrow, completamente despreparada para me despedir do lugar no qual eu amo e pertenço. Suspirei derrotada. Eu realmente estava. E para melhorar, além das várias dores psicológicas, eu sentia dores por todo o corpo, minha cabeça aparentava que iria explodir e eu provavelmente teria problemas de desidratação de tanto chorar.
  – Vamos? - Lelê perguntou ao meu lado. Ela segurava uma das minhas malas e também tinha uma expressão derrotada.
  – Você me odeia? - eu parecia uma criança boba. Isso me lembrava nossa primeira briga, anos atrás. Suspirei me lembrando dos anos anteriores. Por que toda essa felicidade tinha que se dissipar?
  – Eu não consigo te odiar sua retardada... - ela sorriu triste. - Por mais que eu queira, é complicado. Você é minha melhor amiga. - mais uma vez meus olhos se inundavam. Oh como eu amava aquela menina na minha frente. - Não chora, por favor. - ela pediu e me abraçou. Involuntariamente, as estúpidas lágrimas começaram a transbordar de meus olhos fracos. Lelê fungou em meu ombro e logo deduzi que ela também chorava.
  – Por que, hein? - falei entre soluços. Nós parecíamos duas crianças abraçadas e chorando. Justo como aquelas duas garotinhas de anos atrás que tomavam as dores uma da outra.
  – Fernanda, nada acontece por acaso. - ela se soltou do abraço e me encarou. Seus olhos estavam vermelhos. Provavelmente os meus estavam escarlate.
  – Lá vem você... - revirei os olhos.
  – To falando sério. - ela limpou uma lágrima de seu rosto. - Vai ver... tem que ser assim e talvez até alguma coisa boa aconteça.
  – Coisa boa? - sequei meu rosto. - Me diz o que tem de bom ir embora de Londres e ir para um país milhares de milhas (N/a: sim. Milhas. Na Inglaterra usa isso.) longe daqui? Lelê eu não quero isso... - voltei a chorar e deitei minha cabeça em seu ombro.
  – Olha, nem eu, ou a Laine, ou a Mary, ou o Niall, Liam,Louis, Zayn, ou a Els, nem a Dani, nem nossos amigos da escola e... Muito menos o Harry queremos isso também mas... Não tem nada que qualquer um de nós possa fazer. - ela acariciava meu cabelo de um jeito que me deu sono e uma sensação boa de proteção. Como eu iria viver sem ela?
  – Lelê...
  – Hmm. - ela ainda mexia com meu cabelo.
  – Eu to com medo.
  – Medo do quê?
  – De perder você ou qualquer um dos outros... - estremeci com a ideia e logo minhas lágrimas aumentaram.
  – Você só vai perder a gente quando... Quando... - ela pensava em alguma coisa e comecei a rir dela. - Ok. - ela também começara a rir. - Nunca vai perder a amizade de nenhum de nós. - ergui a cabeça para encará-lá e ela sorria brincalhona junto comigo.
  – Entendi... - soltei uma ultima gargalhada, limpei o rosto e repirei fundo.
  – Pronta?
  – Não... Mas eu vou mesmo assim. - sorri tristonha. - Pelo menos eu sei que as coisas nunca irão mudar...

  {..}

  – Eu prometo que vou ligar sempre Laine. - disse pela milésima vez para a menina.
  Eu já havia feito o check-in e despachado as malas. Ao caminhar para o portão de embarque com Lelê logo atrás de mim, fui surpreendida por todo o meu grupo de amigos da escola gritando e fazendo A bagunça na frente do portão. Os guardas nos olhavam feio e, mesmo naquela hora nós arrumamos tempo para zuar.
  – Não só ligar e não só sempre! - ela pareceu estar indignada. - Eu quero, no mínimo um e-mail por dia falando como foi o seu dia. Quero que a senhorita passe a usar seu twitter e postar o tempo todo o que esta fazendo e... Nunca, nunca, nunca arrume uma amiga chamada Helaine lá! - ela falava rápido e eu apenas a encarava com um leve sorriso nos lábios. - Sério. Se alguma Helaine vier abanar o rabo pra você sai fora!
  – Pode deixar! - assenti obediente ainda com um sorriso nos lábios. Impressionante como aquela menina tirava sorrisos de mim tão facilmente.
  – Am... Fernanda? - uma voz masculina disse no meio do grupo. Demorei um pouco para achá-lo, mas logo ele estava na minha frente. Com um sorriso triste nos lábios e um brilho estranho nos olhos cor de mel.
  – Henrique. - suspirei.
  – Eu... Eu queria. Não. Precisava te... te... hum. - ele parecia ter uma batalha interna - Te pedir desculpa!
  – Desculpa? - perguntei curiosa. - Mas fui eu que terminei com você.
  – É mas... Bom. Nós dois terminamos e... Eu não gostei do jeito que as coisas terminaram. Quer dizer... A gente não se falou mais, você dava um jeito de não me olhar. - ele olhava para os pés - Eu quero pedir desculpa por não tentar me aproximar de você e... Hum... Correr atrás de... Digo. Da...
  – Da minha amizade?
  – Isso. - ele ergueu a cabeça e pude ver seus olhos marejados. - Sua amizade.
  – Desculpa por ter sido idiota com você também... Sei lá. - dei os ombros. - Bem agora?
  – Claro que sim! - ele sorriu e eu também.
  Dei-lhe um abraço, mas logo o parti quando ouvi um grito. Claro que eles viriam. Sorri meio que me desculpando de Henrique e corri na única direção que meu coração mandava.
  – Louis. - pulei em seus braços. - Eu te amo Boo Bear. Não me esquece ou... Ou...
  – Hey. - ele soltou o abraço e me olhou nos olhos. - Se um dia eu te esquecer, é porque eu ando muito drogado e bêbado e... Cá entre nós, esse gatão aqui é muito certinho!
  – Claro que é... - Zayn saiu de trás dele e me ergueu no ar me abraçando. - Fefilda princesa! - ele exclamou e eu ri do apelido antigo.
  – Zayeus (n/a: Zayn+deus=Zayeus podre eu sei!) - desenterrei a piada fazendo todos os presentes rirem conosco.
  – Olha aqui. - ele me pôs no chão. - Se você achar no Brazil um topete como o meu...
  – Eu vou cortá-lo. - o interrompi. - Mas eu garanto que isso será impossível deus do topete.
  – Fefa! - Mary exclamou e me deu um abraço rápido. - Olha aqui, se você achar um brasileiro gato lá. Já sabe né? Você pergunta se ele tem irmão, primo, tio... Ou pode até ser ele mesmo. - rimos juntas e eu a abracei.
  – Quer um brasileiro pra coleção MaryMary? - zombei e ela beliscou minha cintura. - Ai! Vadia! - me separei dela e a olhei com raiva. Ela só sorriu e me abraçou de novo.
  – Fefa eu te amo. Não esquece disso nunca ta? - sua voz já vacilava. - Não pense que eu vu te abandonar porque isso é impossível! - já era possível ouvir seus soluços. Aquela não parecia a Mary que eu conheci quase quatro anos depois que vivia falando que não chorava fácil.
  – Eu também te amo M. você ta... chorando. - parti o abraço de novo encarando seus olhos que estavam vermelhos e as lágrimas que desciam. Ela apenas as limpou e sorriu triste.
  – Minha vez. - Niall disse baixo e passou para frente da Mary que correu para o abraço da Dani. - Bonequinha...
  – Fala Leprechaun. - zombei e ele riu.
  – Eu te amo. - ele sussurrou.
  – Eu também te amo. - sussurrei de volta e reparei nas lágrimas que já desciam do rosto dele.
  – Não chora... - eu já sentia minhas lágrimas se formarem também. Assistir Niall chorar era algo tão deprimente. - Ah Niall, vem cá! - o abracei tentando consola-lo. Ambos chorávamos e nos abraçávamos.
  Deixar Londres havia se tornado algo impossível. Ver Niall e os outros daquele jeito e saber que era culpa minha esmagava meu coração. Era cruel a forma como eu me sentia. As pessoas não deviam sentir esse tipo de coisa...
  – Olha aqui... - soltei do abraço e segurei seu rosto. - Eu prometo que vou aprender a fazer varias receitas brasileiras e quando a gente se encontrar de novo, eu vou conseguir engordar você menino! - rimos baixo e dei-lhe um tapa de leve na bochecha.
  – Feeh. - Liam parou na minha frente com os braços abertos. Logo tratei de me aconchegar entre eles. Nunca deixaria de gostar de abraçar Liam, sentir seu perfume, sentir seus braços fortes e musculosos me envolver... "Mais uma facada no coração de lembrança Fernanda" minha consciência falou dentro da minha cabeça.
  – Daddy, promete cuidar desse povo enquanto eu estiver fora?
  – Prometo. Mas quem vai cuidar de mim?
  – A Dani... - desviei o olhar para ela que, ainda consolava Mary. Ela sorriu para mim. - E eu sei que esta em boas mãos... Mas os outros quatro... - brinquei e rimos ainda com as expressões deprimidas. Mais tortura para ficar remoendo mais tarde...
  – Não vai causar confusão com os brasileiros ok? - ele já tinha desfeito o abraço e estava me encarando nos olhos. - Vai que você arruma de bater em um deles e dá problema pra você? - eu ri e ele exibiu (tentou) um sorriso e me deu um beijo na bochecha.
  Depois de abraçar Eleanor e Dani - Mary havia se aconchegado nos braços de Niall - fitei um ponto qualquer atrás deles. Talvez esperando mais dois braços fortes me envolvendo e dizendo que tudo iria ficar bem. Ver aquele sorriso de covinhas que, iria me fazer pular de felicidade e ficar mais melancólica. Ou, talvez, ouvir aquela voz rouca que me fazia sentir a pessoa mais protegida e feliz do mundo. Mas ele não estava ali. Meus olhos se encheram de lágrimas mais uma vez e, logo eu já estava chorando de novo. Dessa vez era pior. Harry não estava ali.
  Meu melhor amigo não estava ali. Uma das pessoas mais importantes para mim no mundo simplesmente não estava ali no aeroporto para se despedir de mim. Agora sim minha vida não faria sentido... Ele não podia fazer uma coisa daquela comigo por mais magoado que estivesse por eu não ter-lhe contado. Isso era injusto, desumano. Me provar da única coisa que me fazia ter esperança, seu abraço, sua voz, ele. Ele não estava ali.
  – Fefa. - Louis suspirou como que tentando justificar.
  – Não Louis. - balancei a cabeça negativamente e o abracei. - Era a única coisa que eu precisava agora para garantir que nem tudo estava perdido... - lamentei enquanto molhava sua camisa. Senti outros braços me envolverem. Todos os outros haviam se juntado ao abraço. Tente esboçar um sorriso, mas a única coisa que saiu foram mais lágrimas. Aquele abraço em conjunto não era a mesma coisa que abraçar Harry. Droga, como eu queria ele aqui...
  – Última chamada para o voo 32132125 com destino a Belo Horizonte, Brasil. - a voz ecoou por todo o aeroporto e outro golpe atingiu meu coração. Ele não estava atrasado. Ele não viria.
  – Última chamada? Quando chamaram das outras vezes? - perguntei confusa.
  – Devem estar chamando há uns 15 minutos Feeh... - Lelê respondeu me abraçando mais uma vez.
  – É isso então? - perguntei olhando para a pequena multidão a minha frente.
  – Claro que não! - Lelê exclamou.
  – Fico feliz por isso. - sorri triste e encarei minha pequena multidão. - Eu amo vocês... Nunca, nunca, NUNCA. Me esqueçam.
  – Nunca sua idiota! - Mary disse e eu sorri para ela.
  – Tchau minha Feeh linda! - Laine me abraçou. - Ah como eu queria ter passado mais tempo com você...
  – Hey! - a soltei. - Eu não morri tá legal? Se algum de vocês se esquecer de me notificar de cada fofoca, cada acontecimento, qualquer coisinha. Eu mato! - olhei para o portão de embarque e o segurança me encarava. Era agora. - Bom... Então eu vou indo. Meus pais estão me esperando no Brasil em doze horas... Não posso perder o voo. - todos assentiram e eu virei de costas para eles e sai andando. entreguei as passagens para o segurança e olhei para trás. Eles não estavam mais lá. Fechei os olhos desejando do fundo do meu coração que nenhum deles ficasse daquele jeito que eu vi mais.
  Abri os olhos e estava quase entrando na sala de embarque, mas dei uma última olhada para fora e, um par de olhos me fitava. Lá estava ele. Parado a poucos metros de mim, com a aparência terrivelmente bela e seus olhos verdes, meio de longe, aparentavam estar mais escuros, ele andava chorando, o que causou um aperto maior em meu coração. Até quando esses golpes baixos durariam?
  Não sei quanto tempo ficamos nos encarando mas pedi só mais alguns minutos à um dos funcionários do aeroporto e dei a passo na direção dele, mas ele logo correu na minha. Tentei um sorriso. Ele sorriu de volta. Um sorriso triste, mais uma vez, fazendo mal para mim. Ele me abraçou apertado e eu aconcheguei a cabeça no seu peito.
  – Se cuida. - murmurei contra ele - E não me esqueça.
  – Me cuido... Você também, tá? Promete?
  – Prometo.
  Ele me abraçou mais uma vez, afagando meus cabelos, até que o moço da sala de embarque tocou de leve meu braço, indicando que eu já deveria ir.
  – Tchau Harry. - falei com a voz falha.
  – Não... - ele beijou minha testa e foi se afastando lentamente - Até logo, meu amor.
  Fui andando em direção à porta da sala de embarque e virei pra trás e vi ele acenando sem emoção. Todos os outros já haviam ido embora, então fiquei imaginando se eles sabiam que Harry tinha ido se despedir de mim ou não. Entrei na sala, fiz todos os procedimentos necessários.
  Limpei uma ultima lágrima, ergui a cabeça e fui para avião. Sim. Aquelas seriam as piores 12 horas de toda a minha vida.

XVII

  I can't even find a place to start
  How do I choose between my head and heart?
  'till it ceases I never know
  How do you get up from an all time low

  Harry's POV

  - Harry? - ela perguntou confusa enquanto eu passava pela porta. - O que você está fazendo aqui?
  - Não tinha pra onde ir... - disse com a voz um pouco vacilante. Ela arregalou os olhos, provavelmente em reparar em minha aparencia.
  - Não tinha pra onde ir... - ela repetiu. - Que merda você fez dessa vez Harry? - seu tom era severo.
  - Ér...
  - Pode falar.
  - Eu meio que destrui meu quarto e tive uma briga feia com o Louis hoje de manha... - disse envergonhado e recebendo sua expressão em uma mistura de raiva, preocupação e surpresa.
  - FEZ O QUÊ? - ela gritou e eu me esquivei. - Droga Harry! O que aconteceu? Tava com raiva? Foi alguma garota ou alguma coisa?
  - Tecnicamente, sim. A gente pode se sentar pra eu te contar a história toda? - pedi e ela pareceu perceber minha expressao cansada e derrotada.
  - Bom mesmo. - Ela passou na minha frente e se sentou na mesa da cozinha.
  Nos sentamos na mesa da cozinha conhecida. Contei-lhe toda a história. Desde o dia do shopping até hoje de manha. Ela apenas me lançava olhares de compaixão, surpresa e raiva. Eu tentava ignorar seus olhares e suas interrupções que sempre eram para me dar uma bronca. Mas era impossivel não sentir medo da minha irmã mais velha...
  - É isso?
  - É. - eu olhava para baixo e brincava com a borda da toalha de mesa.
  - Você foi um idiota. Mas pelo menos apareceu lá pra ela...
  - Ér. Os outros acham que eu não fui.
  - Liga pra eles. Devem estar preocupados com você...
  - Não, eles...
  - São seus melhores amigos e estão muito preocupados com você. - ela me interrompeu e completou minha frase. - Acho que eles querem saber que não está em Londres... - Gemma deu os ombros e me ergueu seu celular.
  - Tá. Mas eu não vou ligar para os meninos. - peguei o celular com má vontade e digitei os numeros.

  Ligação ON

  - Alô? - sua voz estava tremula e baixa.
  - Mary?
  - Harry? Oh graças a Deus! - seu tom ficou aliviado. - Onde você está? Sabe o tanto que nós estamos preocupados?
  - Eu to bem Mary. Já sou grandinho... - rimos com minhas palavras.
  - Eu sei, mas... Ah porra Harry você preocupou a gente e tambem... - ela suspirou. - Não foi lá ver a Fernanda.
  - Eu...
  - Não. - ela me interrompeu. - Você não viu a cara dela quando ela percebeu que você não estava lá. Nossa Harry, ela ficou muito mal. Você é o melhor amigo dela poxa!
  - Mary...
  - Corta essa, Harry! Anyway. Onde você esta?
  - Holmes Chapel. - disse simplesmente. Não queria falar para ela agora que eu estive no aeroporto.
  - E quando você volta?
  - Sei lá... - suspirei. - Mary eu preciso de um tempo, sabe? Ficar longe dessa confusão toda.
  - Entendo... Tudo bem Harry. Olha, eu tenho que ir agora.
  - Ok. Cya Mary. Brigado.
  - Nada. Cya.

  Ligação OFF

  - E ai? - Gemma me fitava ansiosa.
  - Eles estavam preocupados. - disse envergonhado fitando a mesa. - Mas agora sabem que eu estou aqui.
  - Quanto tempo pretende ficar?
  - Eu não sei.
  - Tem mais ensaio nos proximos dias?
  - Eu não sei. - ela bufou.
  - E a turne? E não me vem com essa de "eu não sei" - ela fez aspas com os dedos.
  - Começa lá pro final de setembro aqui na Europa e acaba em Dezembro em algum lugar da América... Parece que nesse meio tempo a gente tem uma folga aqui na Inglaterra.
  - Que esclarecido você... - ela revirou os olhos.
  - Quando chegar proximo eu vou saber ué!
  - É bom mesmo! Ou a mamãe vai ter que ligar de novo para o pessoal da sua equipe pra saber aonde você esta ou vai estar... - ela riu. Foi desastroso quando ela ligou em um dos nossos shows em LA para saber onde eu estava. Os meninos e o Paul me zoaram por semanas.
  - Eu prometo que ligo e mando uma cópia da programação para vocês.
  - Bom mesmo. - ela sorria.
  - Enfim. Tem comida Styles? - perguntei e nós rimos.
  - Tem sim Styles. E a torta de limão da Anne Cox. - arregalei levemente os olhos e lambi os lábios provavelmente (com certeza) com cara de desejo. Não havia nada no mundo melhor que a torta de limão da minha mãe (n/a: isso foi inventado por nós ok?).
  - Vai ficar parada ai? - perguntei impaciente um tempo depois.
  - Por que não ficaria?
  - Ahn... Porque eu estou com fome?
  - E daí? - sua expressao era despreocupada e ironica ao mesmo tempo. Essa garota tinha o poder de me irritar.
  - Daí que eu quero torta! - ela riu debochada.
  - Querido, eu falei que tinha torta, não estava te oferecendo...
  - Gemma!
  - Harry! - sua risada debochada e irritante aumentou. Posso matar?
  - Tô falando sério Gemma! - eu estava irritado, mas mesmo assim ela conseguia tirar risadas minhas.
  - Por que eu não estaria?
  - Porque você está rindo!
  - Você tambem está!
  - É, mas... - gargalhei mais. - Droga Gemma me dá um pedaço de torta!
  - Owwn Harryzinho ta com fominha? - ela falou com sua imitação ridicula de um bebe que me deixava mais irritado e ao mesmo tempo me fazia rir mais.
  - Tô. - fiz beicinho. - Eu não como há horas! Na boa, você sabe que eu amo a torta da mamãe!
  - Ownt! - ela exclamou e apertou minhas bochechas da forma delicada como um hipopotamo que minha irmã é.
  - Gemma para! - eu tentava tirar suas mãos de meu rosto. - Sério Gemma, quantos anos você tem?
  - Sou mais velha que você!
  - Não parece!
  - Claro que não... Olha pra mim! - ela apontou para si mesma. - Eu passo por uma amiga da Fernanda facinho. - mudei a expressão. Ela tinha tocado na ferida. Fernanda. Ai droga. Já sentia meus olhos ficarem úmidos de novo. - Outch. Não devia ter falado isso... Droga Harry, desculpa.
  - Não, tudo bem. - comentei baixando o olhar para a mesa de novo. Não queria que minha irmã me visse chorar.
  - Harry, vem cá. - ela se levantou e me puxou para me levantar tambem e me aconchegar em sem abraço. - Não é o fim garotão...
  - Eu sei, mas... - as lágrimas já caiam involuntariamente. - Mas eu não quero que ela vá Gem. Quer dizer... Ela já foi né? - eu já molhava sua blusa e falava com a voz ridiculamente chorosa. - Ela já esta naquele maldito avião indo para o Brasil que, ironicamente, fica a milhares de milhas daqui.
  - Harry. - ela acariciava meus cachos e eu me sentia um bebezao estupido.
  - E alem disso eu ainda to com um pouco de raiva dela por causa disso e eu tô me sentindo pessimo por nao ter perdoado ela por não ter me falado, e eu briguei com meu melhor amigo, não consigo nem ficar na minha casa porque tudo naquele lugar me lembra ela!
  - Por isso você veio! - sua pergunta foi muito mais uma constatação.
  - Foi... E não é só em casa... Londres inteira me lembra ela, os meninos, a Mary, até o maldito do meu carro e a porra da minha cama! Aaaah a minha cama... O cheiro dela está impregnado nela! - funguei e a apertei mais. - Tudo tá me lembrando dela, Gem... E eu sou muito fraco, covarde e idiota! O Louis ta certo... - parti o nosso abraço e a olhei nos olhos. Gemma me lançou um olhar reconfortante e ela se mostrava prestes a chorar tambem.
  - Olha aqui. - ela pegou meu rosto com as mãos. - Chora vai, faz bem chorar assim de vez em quando... Descarrega tudo, tenta se revigorar aqui com a gente e depois volta pra Londres... Prometo que nós vamos comer chocolate e assistir comedias românticas idiotas todos os dias! Se quiser eu posso ligar para um deles. - sorri triste. - Agora... Vem aqui e come um pedaço da torta. Eu ja estava com fome mesmo...

  Feeh's POV

  Eu estava exausta, foram doze horas de viagem direto de Londres a São Paulo, mais uma hora até BH e mais uma hora do aeroporto de Confins até a nova casa; a "minha casa".
  Eu já conhecia o condomínio, meu avós (de ambas as partes) moravam lá desde sempre, até que o lugar era bem legal. Era grande, só de casas, com quadra, piscina, churrasqueira e todas essas porcarias que eu não estava interessada em saber. Tinham também algumas pessoas da minha idade, pelo o que nós vimos ao entrar...
  Minha casa era parecida com a de Londres: jardim na frente, sacada com armadores rede, grandes janelas e meu quarto no segund andar de frente pra rua. "Filhos da puta", pensei me referindo aos meus pais; se eles acham que me fazendo morar em uma casa parecida com a minha casa de verdade eu vou falar com eles, eles estão muito enganados!
  Subi direto para o meu quarto, só levando minha mala principal, pouco me importando com as outras. Quase sorri ao entrar nele; era rosa chiclete - exatamente o tom que eu gostava -, com um mural de fotos pink vazio pendurado na parede de canto da cama. A cama era de casal e sua cabeceira ficava na parede da janela. Na parede da porta ficava a bancada branca, com um computador, uma TV e prateleiras ainda vazias. Na parede do fundo ficava o guarda-roupas e uma porta que levava ao banheiro. Era bonito, confortável. Não perfeito.
  Pensei logo em ligar para Londres, Lelê me havia feito prometer que eu ligaria assim que chegasse e recebi uma mensagem de Harry quando estava em São Paulo pedindo exatamente o mesmo, mas já eram 2h30 da manhã lá, e por mais que eu soubesse que eles ainda estariam acordados, achei melhor deixar pra amanhã.
  Ouvi alguns barulhos vindos da rua e fui até a janela ver o que era.
  Eram quatro adolescentes, dois meninos e duas meninas. Uma delas era bem alta - talvez mais alta que eu-, branquinha e de cabelos compridos, pretos e bem lisos; ela parecia ser meio tímida. A outra era consideravelmente mais baixa que a primeira e me lembrava a Lelê, tinha cabelos castanhos levemente ondulados e era um pouco mais morena que a mais alta; ela ria de um jeito engraçado. Os dois meninos eram loiros e altos. O que estava com a alta (lê-se: me mão dadas e com o queixo no ombro dela) tinha cabelos mais escuros e era mais baixo que o outro. O gigantesco mais loiro falava alguma coisa que fazia a baixinha rir. Pareciam o tipo de pessoas que seria legal ter como amigos... Se eu estivesse procurando por algum.
  Passei algum tempo arrumando minhas coisas no guarda-roupas, na bancada e nas prateleiras e deixei pra por as fotos no mural por ultimo. Cada uma que eu pegava me dava um aperto no coração e uma saudade indescritível. Mas desandei a chorar ao pegar uma foto em que estávamos todos nós - eu Harry, Lelê, Mary, Niall, Liam, Dani, Lou, Els e Zayn - no aniversario de dezoito anos do Harry, felizes e sorridentes, como se nada nesse mundo pudesse nos parar, nos separar, nunca.
  Pus meu pijama e, ainda chorando, me deitei na cama para dormir, mas me assustei ao ver meu celular tocando. "Hazz" apareceu no visor. Rejeitei a ligação, eu não estava em condições de conversar com ele agora, e lhe mandei uma sms:

  "Já cheguei e foi tudo bem :) mas estou com muito sono agora... Conversamos amanhã, ok? Amo você xx Feeh"
  "Tudo bem Feeh, mas me liga, tá? Boa noite, love ya xx Harreh"

  {...}

  Acordei com barulhos vindos do andar de baixo e com o sol batendo na minha cara. Ah que maravilha, não tenho cortina! Nove horas da manhã e eu acordo com o sol porque não tenho cortina, mas que porra!
  Levantei e fiz minha higiene matinal, depois tomei um banho gelado pra aliviar o calor dos infernos que fazia - e olhe que era fim de Outono, quase Inverno! Pus uma regata branca e um short florido rosa, calcei meus chinelos e desci.
  Minha casa estava cheia de familiares que eu nunca vi na vida ajudando a desencaixotar as coisas. Dei um abraço apertado em meus avós e em algumas pessoas conhecidas e só falei duas das únicas quatro palavras que eu falava com meus pais diariamente: bom dia.
  - Feeh, você pode nos ajudar e jogar essas caixas fora, por favor? - minha mãe me pediu e eu bufei, mas mesmo assim concordei com a cabeça. E antes de ir em direção à pilha de caixas, perguntei à minha avó:
  - Onde eu posso jogar aquilo? Faz tempo que não venho aqui e... Bem, não me lembro. - dei uma risadinha nervosa.
  - Vá até o fim da rua e vire à esquerda, você vai chegar na área de lazer. Os camburões de lixo estão atras da quadra. - ela me respondeu, dando um sorriso terno.
  Peguei as caixas que mal cabiam nos meus braços e fui com as pernas cambaleantes em direção à área de lazer. Eu já estava quase dobrando na rua que minha avó falou, quando uma voz me assustou e me fez deixar cair tudo das minhas mãos. Ai que lindo, isso era TUDO o que eu precisava agora...
  - Você precisa de ajuda? - uma voz de menina perguntou a mim, enquanto eu me ajoelhava para pegar as caixas. - Bem, eu acho que agora sim... - ela deu uma risada nervosa e se abaixou do meu lado, pegando algumas caixas também.
  - Obrigada. - agradeci e ela sorriu como resposta. Notei que ela era a alta de ontem, a que vi com mais três.
  - Você é a menina que chegou aqui ontem, não é? - perguntou quando nós nos levantamos e voltamos a andar.
  - Sim, sou eu. - falei sem render muito assunto.
  - Legal! Prazer, sou a Maria Luisa. - ela parecia ser legal, sem tom de falsidade, então resolvi me abrir mais um pouco.
  - Nome bonito... Sou a Fernanda. - sorri.
  - Eca, não gosto dele! - ela fez uma careta divertida - Me chame de Malu. Quantos anos você tem?
  - Dezesseis e você? E... Me chame de Feeh ou Fefa.
  - Tenho dezessete. Então... O que você pretende fazer com isso? - ela disse se referindo às caixas.
  - Hmmm jogar fora, de preferencia em um lixo bem grande... - falei irônica,o que a fez rir.
  - Então estamos no caminho certo... Ei, você é daqui?
  - Sou ué, - eu ri - por quê?
  - Hmmm é que... Seu sotaque é diferente. - eu ri de novo. É mesmo, meu sotaque esta a diferente, mas é que era estranho conversar com alguém da minha idade em português.
  - É que... Eu moro, não, morava em Londres desde cinco anos e eu meio que me desacostumei de falar português direto...
  - Caralho! - ela gritou e logo tapou a boca, deixando tudo de seus braços cair.
  - Você está bem? - me assustei.
  - Ham, estou, é só que... - ela já pegava as caixas e voltávamos a andar - Minha banda favorita EVER é de lá!
  - One Direction? Coldplay? The Beatles? McFly? The Wanted? - eu ri tentando adivinhar.
  - One Direction! - em enrubesceu - Por favor, não me zoa!
  - Eu não te zoaria por gostar deles por nada nesse mundo inteiro...
  Depois que respondi, nós caminhamos em silencio até chegarmos na quadra. Correção: nas quadras. Era um campo de grama sintética - onde estavam os mesmos dois loiros e a baixinha de ontem - e uma quadra poliesportiva bem no fundo da área de lazer, passando a piscina e a churrasqueira. Os camburões ficavam atras do campo e era pra lá que estávamos indo.
  - Ei Malu, - o Loiro n° 1 gritou - vem pra cá!
  - Já estou indo, só um minuto!! - ela gritou em resposta.
  Nós jogamos todas as caixas fora e quando eu fiz menção em me despedir ela foi logo puxando minha mãe em direção à porta do campo.
  - Vem, vamos te apresentar a alguns amigos!
  - Hmmmm Malu, eu não estou muito no clima de fazer amigos...
  - Eu to vendo. - ela respondeu ainda me puxando - Por isso mesmo vou te apresentar a eles! - e abriu um sorriso vitorioso.
  - Meus fudidos... - Malu falou entrando no campo, como se sua entrada fosse triunfal.
  - Quanto amor...! - a baixinha ironizou, deitada na grama, mexendo em seu celular.
  - Essa aqui é a Fernanda... - ela ignorou a interrupção da amiga, mas logo corrigi:
  - Fefa.
  - Isso, Fefa. Ela chegou ontem e... - ela tentou continuar, mas o Loiro n° 2 falou:
  - Ah, finalmente um rosto novo! - e riu.
  - Sim... Mas ela veio de... - ela respirou fundo e tentou falar, mas foi a vez do Loiro n° 1 entrar na brincadeira de interrompê-lá:
  - Verdade, estávamos mesmo precisando de um rosto novo!
  - Mas que droga vocês! - ela explodiu com os amigos.
  - Oi, meu nome é Fernanda, mas vocês podem me chamar de Fefa, eu cheguei ontem de Londres e agora vou morar aqui. Pronto Malu, falei, simples assim. - eu ri e os amigos dela também, mas ela permanecia de cara fechada e braços cruzados.
  - Que porra... Se apresentem também, eu não vou falar mais nada! - ela falou aos loiros e à baixinha.
  - Sou a Vitória, prazer. - a baixinha se levantou, limpou o short e me deu um beijo de leve na bochecha. - Mas me chame de Vii.
  - Prazer. - eu sorri.
  - Sou o César, só César. - o Loiro n° 1 (agora César) se apresentou e só acenou com a cabeça, agora ele fazia cócegas na Malu, tentando fazer ela rir. Hmmm, esses dois, sei não hein...
  - Sou André e me chame como você quiser. - o Loiro n° 2 se apresentou e também me deu um beijo na bochecha.
  - Como eu quiser? - eu ri.
  - Sim, confio em você pra me dar um apelido bom.
  - E o que te leva a confiar em mim? - levantei uma sobrancelha, o que o fez rir.
  - Você nos ajudou a irritar a Malu, por favor, você já é uma de nós. - ele respondeu e eu gargalhei.
  Parece que meu primeiro email pra Lelê seria grande...
  - Então... Fefa, você já sabe onde vai estudar? - Vii perguntou puxando assunto.
  - Aham, é naquela escola branca e vermelha na rua de cima que eu não sei o nome. - os três riram e André falou:
  - É a nossa escola. Você vai entrar em que ano?
  - Segundo. Vocês são de qual?
  - Eu e César somos do terceiro, a Malu do segundo e Vii do primeiro.
  - Ér Vii, parece que não foi dessa vez que você deixou de ser a novinha. - César brincou e ele, André e Malu riram, mas Vii apenas mostrou a língua pra eles.
  - Vocês têm dezoito, dezoito, dezessete e dezesseis? Ou a parada das idades é diferente aqui...? - perguntei desenvolvendo o assunto.
  - Ui, a parada das idades é diferente pros gringos. - André ironizou e confesso que aquilo me irritou me leve, mas me fez rir - Não, eu faço dezoito em Novembro, César em Outubro, Malu tem dezessete e a Vitória tem quinze. - e eles riram de novo.
  - Mas que porra vocês! Vai dar o cu André! - ela exclamou socando o braço dele.
  - Relaxa Vii, eu também era a novinha do meu grupo de amigos em Londres... - eu sorri ao falar aquilo, mas logo desanimei ao lembrar deles. Eu podia estar ao meio de pessoas legais, possivelmente boa companhia e bons amigos, mas eu não conseguia evitar a saudade absurda da minha vida que eu havia deixado pra trás. Isso seria frequente a partir de agora?
  - Era mesmo? Quer dizer, o César é o mais velho e ele vai fazer dezoito e eu sou a mais nova e vou fazer dezesseis. Como vocês eram lá?
  - Eu era a mais nova e vou fazer dezessete e o mais velho vai fazer vinte e um. - eu ri sem emoção e ela arregalou os olhos - Ér, você não é tão A novinha assim...
  Eles continuaram a conversar sobre o quanto que eu ia gostar do condomínio e da escola, mas voltei a minha atenção ao meu celular vibrando em meu bolso.

  "Já acordou? xx Lelê"
  "Sim... xx Fefa"
  "Como você está? E a viagem, foi boa? Dormiu bem? xx Lelê"
  "Calma, uma pergunta de cada vez. Estou bem, foi tudo bem com a viagem e eu dormi bem, tirando o fato de que acordei às 9h porque meu quarto não tem cortina... Até conheci algumas pessoas aqui. xx Fefa"
  "O queeeeeeeeeeeee? Falei que você ia arranjar amigos bem rápido u-u como eles são, valem a pena? xx Lelê"
  "Não sei Lelê, eu acabei de conhecer eles... Mais tarde eu te mando um email contando os detalhes. xx Fefa"
  "Tuuuuuudo bem, vou esperar ansiosamente! Mais tarde eu entro no skype ou alguma coisa assim, agora vai cv com eles e ver se eles valem o cargo de seus novos amigos! Amo você. xx Lelê"
  "Hahah tudo bem... Amo você também. xx Fefa"

  - Então Fefa... - André falou assim que guardei o celular, pronunciando meu apelido de um jeito divertido - Você faz alguma coisa?
  - Alguma coisa do tipo...?
  - Sei lá, esporte, hobby, essas coisas...
  - Hmm, fiz basquete por alguns anos, mas faço dança desde pequena... E vocês? - eu perguntei. Não sei, mas acho que aquela breve conversa com a Lelê me fez repensar na minha primeira ideia de ser solitária aqui no Brasil.
  - Malu é sedentária, - ele riu - Vii joga volei, César joga futebol e eu sou o capitão do time de basquete da escola. - ele completou, estufando o peito.
  - Convencido... - Malu bufou.
  - Ah, então tá explicado a do 2 metros de altura... - brinquei.
  - Ei, para! São só 1.97...
  - Aaaaah poxa, bem baixinho você! - ironizei.
  - Cara, 'cê' é muito chata! - ele exclamou, mas riu.
  - Ah, você ainda não viu nada...
  - Não, ela não é chata... - Malu falou e todos olhamos pra ela - Sério gente, ela nem me zoou porque eu sou Directioner!
  - Ah não!! - César e André exclamaram juntos e eu ri.
  - Vocês que são muito chatos! - Vii disse rindo também.
  - É que... Bem, eu também sou MUITO Directioner, então... - me justifiquei e sorri pelo fato de a Malu não ter me reconhecido até agora, mas mesmo assim decidi não prolongar o assunto, me doía demais. - Mas e você Vii, é fã de alguém/alguma coisa?
  - Sou sim! Sou Lovatic!! - ela respondeu e abriu um largo sorriso.
  - Epa, sem papo de fandons aqui, beleza? - César bateu palmas nos fazendo rir mais ainda, mas encerrando o assunto.
  Quando meu celular tremeu em meu bolso de novo e eu saltei caindo de bunda na grama úmida, o que os fez gargalhar.

  "- Onde você está? - minha mãe falou ao telefone."
  - Já estou voltando. Respondi breve assim e tratei de me despedir deles - Gente, foi um prazer conhecer vocês... Nos falamos mais tarde, ou amanhã ou na escola segunda, tudo bem? - eu ri.
  Eles todos se despediram e prometeram me chamar para irmos pra piscina, mas não me mostrei tão animada. Voltei pra casa pensando em cada detalhe do meu email de hoje.

  {...}

  "@Laine_Cirilo: @araujoffernanda como foi a viagem, minha gordinhaaaa?"
  "@Laine_Cirilo: @araujoffernanda não se esqueça de mandar o email pra mim e pra Mary também!"
  "@LeticiaArantesV: @araujoffernanda cadê meu email?????"
  "@Louis_Tomlinson: @araujoffernanda pronto, a brincadeira foi ótima, mas você já pode voltar. xx"

  Essas foram algumas das notificações que recebi do Twitter assim que entrei em casa e a rede Wi-fi estava disponível.
  Minha avó me chamou para comer seu delicioso bolo de cenoura, mas peguei apenas uma fatia e mais um copo de coca, e subi para o meu quarto.
  Agora uma bonita cadeira giratória já descansava aos pés da bancada. Sentei nela e nem me dei o trabalho de ligar o computador, apenas fiquei girando e pensando no que por em meu email para as meninas.

  "Oi meus amores, como vocês estão?
  Então, estou cumprindo minha parte do trato, aqui vai meu email com tudo o que já aconteceu comigo até agora.
  A viagem foi incrivelmente entediante, passei doze horas terríveis no avião que ia do paraíso ao inferno, e adivinhem onde estou agora? Mas até que passou rápido, fiquei escutando Cher, Ed e Taylor - 1D nem pensar, nunca, jamais... Ainda não. - e escrevi um pouco, nada com nada, só textos soltos, mas até que ficaram bonitinhos.
  Cheguei aqui ontem a noite e fui direto dormir e aaaaaaah com eu estou com raiva dos meus pais! Ele trataram de arrumar uma casa idêntica à nossa ai em Londres e decoraram o meu quarto do mesmo jeito também, como se eu fosse me sentir mais a vontade assim... Anyway, dormi e acordei cedo por causa da merda da luz do sol batendo na minha cara porque ainda não tenho cortina! :c
  Desci pra "socializar" e vi umas milhões de pessoas não conhecidas e passei reto por elas, mas dai minha mãe me pediu pra jogar um monte de caixas fora e eu fui, qualquer coisa pra não ficar no mesmo ambiente que eles... Quando estava no caminhos o local certo pra jogar as caixas eu conheci a Malu... Ela é bem quieta, mas é legal! Ela é alta - mais alta que você, Mary!! D: -, é bem branquinha e tem cabelos pretos...
  Malu me levou até o local onde eu jogava o lixo e depois me apresentou aos seus amigos, contra a minha vontade eu devo dizer. Eles são dois meninos e mais uma menina. O primeiro menino é o César e eu desconfio que ele tenha alguma coisa com a Malu... Namorados, ficantes, amizade colorida, sei lá, mas tem! Ele é mais ou menos do tamanho do Liam, tem cabelos loiros escuros e olhos castanhos. Não sei, ele não é bonito, mas também não é feio... Ah, não sei explicar! A outra menina é a Vitória, ou Vii, e ela é bem divertida! O jeito dela me lembrou o da Laine, sei lá (NÃO ME MATE, LAINE!), só lembrou... Ela é baixinha, tipo a Lelê, e é a mais nova de todos e eles zoam ela por causa disso, mas até que é engraçado. Acho que ela é o tipo de pessoa em que vocês olhariam e falariam: sim, você definitivamente vai ser amiga dela, mas vamos ver no que vai dar... Hm e o ultimo menino é o André e ele é meio... Confuso. Também não sei explicar, ele é legal, muito legal, mas é o tipo de cara que consegue te irritar muito fácil! Ele também é loiro, mais que o César, e lembra o italiano que eu fiquei na festa da gravadora hahaha ele também é alto, muuuuuito alto e tem olhos meio acinzentados, bonitos sim... Ér, ele é bem bonito...
  Eles me convidaram pra ir pra piscina amanhã, mas eu não sei se vou... Primeiro porque acho que não estou tão em forma assim, segundo porque acho que meus biquínis já estão pequenos em mim e terceiro porque acho que não devo ir tão rápido assim com eles... Ah, eles são legais e tudo mais, mas ainda tem esse buraco colossal no meu coração e não sei se é certo tentar tapá-lo desse jeito... AH, e a Malu é Directioner e a Vii é Lovatic ((: e a Malu ainda não me reconheceu, graças a Deus!
  Acho que é só isso, minhas gordas, nada demais... Não vou dizer que estou feliz, porque obviamente não estou, nem estou acostumada com a ideia de viver longe de todos vocês, mas acho que se eu me esforçar talvez eu não tenha só memórias ruins daqui. Bem, vou tentar.
  Me contem tudo o que puderem! Eu amo vocês mais que tudo e estou morrendo de saudades!
  Beijos da Fefa linda e fofa que vocês tanto amam!"

  Terminei de escrever, reli e selecionei os contatos em meu iPhone: "Lelê A.", "Laine C." e "Mary A. W." e enviei, agora pensando em que horas eu receberia a resposta.

XVIII

  You'll always have my shoulder when you cry
  I'll never let go, never say good-bye
  You know you can count on me like one, two, three
  I'll be there

  Feeh's POV

  Acordei com meu celular gritando "Welcome To My Life" pela terceira vez só essa manhã. Essa música infeliz era a única que conseguia me acordar. Olhei no relógio: 6h15min, dia 25 de Junho, última semana de aulas do 1º semestre. Droga, dava tempo de me arrumar e ir pra escola! Ah, mas como eu queria chegar atrasada e perder os dois primeiros horários daquela aula incrivelmente chata e entediante de redação e evitar ter que ver a cara daqueles seres desprezíveis da minha escola - com exceção dos poucos amigos que me permiti fazer, é claro - logo de manhã. Resumindo minha revolta: odeio segunda-feira.
  Levantei com a preguiça exalando do meu corpo, mas tratei de me apressar ao ir para o banheiro tomar banho e me arrumar, pois daqui a pouco as bitches e os cafetões chegariam.   Essa foi a brincadeira que arrumei com a Malu, Vii, Isa, André e César. Eu e a Vii éramos as bitches do André e a Malu e a Isa eram as do César. Idiota, eu sei, mas nós nos divertíamos com isso.
  Tomei um banho, enrolei os cabelos na toalha e pus aquele uniforme ridículo da escola e mais o moletom para esconder a blusa com o meu nome. Não importava o que eu fizesse, ir com a blusa sem o nome ou ir de moletom, pois mesmo assim a maioria do 2º ano já sabia quem eu era; o que diabos eu tinha de tão legal?! É porque eu cheguei de Londres ou entrei no meio do ano? Só sei que isso é ridículo.
  Ri com esse pensamento enquanto calçava as meias e os tênis, me lembrando do dia em que conheci a Isa, no meu primeiro dia de aula aqui.

  Flashback ON

  Entrei na sala abarrotada de gente barulhenta e bagunceira, todos com aquela merda de uniforme! Consegui ver rapidamente o nome de alguns: Eduardo, Karen, Bruno, Ana Clara, Sarah, Alvaro e etc... Todos igualmente escandalosos.
  Passei despercebida na entrada, mas então vi duas meninas morenas cochichando e olhando pra mim. Poucos minutos depois mais da metade da sala já fazia uma rodinha ao meu redor, uns perguntavam como era a vida em Londres, outros estavam maravilhados por eu ter morado lá e alguns me xingavam por eu ter voltado. Como que diabos eles descobriram?! Bom, pelo menos foi só isso, Londres, e não 1D.
  Quando consegui me afastar da confusão, com sorrisinhos amarelos e falsos, me dirigi à penúltima cadeira da fila do meio, que estava vazia. A cadeira atrás de mim era ocupada por uma menina que parecia ser alta, tinha rosto bonito e longos cabelos escuros, que me impediam de ler seu nome.
  Ela não pareceu se importar quando me sentei na sua frente, estava entretida demais em algum joguinho no seu iPod e na música que passava por seus fones roxos.
– Ridículos. - ela exclamou e de canto de olho vi que ela se referia à confusão que antes fora por minha causa no tablado da sala, mas que ainda seguia.
  – Também acho... - comentei.
  – Desculpa... O que você disse? - ela perguntou e me fez olhar pra trás e encontrar seu olhar curioso.
  – Disse que também achei ridículo.
  – Você não gostou?
  – Nem um pouco. - quando terminei de falar ela deu uma risada debochada e voltou sua atenção ao joguinho, mas continuei - Por quê? Eu deveria?
  – Hmm não, é só que... Quase todo mundo desse colégio gostaria...
  – Bom, então minha mãe estava certa quando dizia que não sou todo mundo. - eu ri e ela riu também, depois disse:
  – Gostei de você... Lancha comigo e te apresento pras únicas pessoas quase decentes desse lugar. - ela sorriu amigavelmente e pôs de novo seus fones de ouvido.
  – Quase decentes? - eu ri, um pouco mais nervosa.
  – Ér, quero dizer, eles são meus amigos, então... Ah, qual é seu nome? - rimos por não ter percebido desse detalhe.
  – Fernanda, mas pode me chamar de Fefa e o seu?
  – Isadora, mas pode me chamar Isa. - ela falou e nós gargalhamos logo quando uma mulher alta, de cabelos encaracolados que necessitavam de um corte e uma hidratação e de olhos esbugalhados entrou na sala. Os veteranos nem ligaram para sua presença, mas ela logo começou a nos xingar.
  – Vish, é melhor você virar pra frente. - Isa sussurrou e pôs mais uma vez seus fones.

  {...}

  Nos sentamos juntas na arquibancada de uma das quadras da escola e ficamos assistindo ao jogo de futebol dos meninos. Eles eram divididos em times de com e sem camisa, e pelo que pude entender, o time que ganhava a partida anterior era o que ficava sem camisa na próxima. Isa estava animada porque o time "bom" era o que estava ganhando.
  Ela já começava a me falar quem era os "melhores" quando um André levemente suado apareceu na minha frente, apoiando as mãos em meus joelhos.
  – Epa, Isadora amora, já está desviando nossa nova recruta para o mau caminho? - ele perguntou rindo.
  – Recruta? - eu e a Isa perguntamos juntas, mas de maneiras diferentes; eu em tom de dúvida e ela em tom de deboche.
  – Hm, amiga soa melhor para vocês? - ele riu.
  – Como vocês se conhecem? Ou não se conhecem? - foi a vez de só a Isa falar.
  – Pelo amor de Deus, Isadora! Você acha que eu falaria que ela é minha amiga se eu não a conhecesse? Não, nos conhecemos no sábado, a Malu apresentou ela pra gente. Se você não tivesse inventado de viajar teria conhecido antes também...
  – Calma, vocês todos se conhecem? - falei dando ênfase no "todos".
  – Sim, meu amor, somos todos do mesmo bando de idiotas. - ele riu e puxou nós duas pelas mãos, nos fazendo ficar em pé. - E a Isa é uma das minhas bitches!
  – De suas bitches?! Pode ir parando por ai, bonitão, só a Vii é sua bitch, eu e a Malu somos do César! - Isa respondeu rindo, enquanto nós três caminhávamos em direção a uma mesa onde Vii, Malu e César já estavam sentados.
  – Verdade, só tenho uma bitch... - André suspirou fazendo biquinho - Que injustiça o César ter duas, eu sou muito mais gostoso que ele! Fefa, você quer ser minha mais nova bitch?
  Apenas assenti com a cabeça, ao meio de gargalhadas, e ele continuou, mas dessa vez se virando para a Isa.
  – Chupa essa agora, Isa amora, a bitch mais bonita pro cara mais gostoso!
  – Ridículo... - ela falou, mas nós três rimos.

  Flashback OFF

  Depois de arrumar meus cabelos e fazer minha leve maquiagem matinal, olhei na janela e vi que eles cinco já me esperavam em sua habitual bagunça e sorri por estarem ali. Eles faziam meus dias menos piores, mesmo que jamais viesse a ser a mesma coisa.
  Pus todos os livros na mochila, peguei minhas coisas e desci correndo sem me despedir dos meus pais, que já estavam acordados. Os cinco me xingaram um pouco por causa da minha "demora", mas logo voltaram a rir de alguma coisa que eu não queria saber o que era agora.
  Malu e César praticamente correram na nossa frente, muito vermelhos por algo que a Isa e a Vii comentavam e riam um pouco mais a minha frente. Fui andando com meus habituais passos lerdos, com André ao meu lado.
  – O que foi, Fefa? - ele perguntou em um tom levemente preocupado.
  – Nada, por quê?
  – É que você tá calada e tá parecendo um pouco... Sozinha. - ele respondeu meio receoso.
  Bem, deve ser porque estou me sentindo sozinha, era a minha vontade de falar. Estou sozinha porque estou no país que eu estava acostumada a só passar as ferias, milhas e milhas longe dos meus melhores amigos.
  – Hmm... Estou com saudades de casa... - foi só o que disse.
  – Mas você está em casa... - André riu um pouco sem graça.
  – Não exatamente...
  – Ah, você fala de Londres? - apenas confirmei com a cabeça - Seus amigos, não é? - assenti de novo.
  Ele suspirou e parou na minha frente me impedindo de andar, os outros nem notaram e se distanciavam cada vez mais de nós dois.
  – Olha, eu sei que é difícil... Acredite em mim, eu não falo isso só pra você se sentir melhor, não. Eu já passei por isso, ter que sair do lugar que eu amava, com todos meus amigos, minha ex-namorada... Eu sei que é difícil, mas uma hora a gente esquece, entende? Não, esquecer não é o termo certo...
  – Segue em frente? - sugeri sem olhá-lo. Eu sabia que era difícil pra ele falar sobre isso, Isa comentou comigo uma vez sobre a falta que ele sentia do lugar que vinha e por isso não se abria pra ninguém; mas agora ele estava fazendo isso comigo, eu sei lá por que.
  – Isso, segue em frente... A saudade não passa, nunca vai passar, e as lembranças sempre vão atordoar sua memória ou então vão te ajudar a dormir melhor, mas uma hora você aprende a conviver com isso. Não dói menos, mas é o jeito menos pior... - ele levantou meu rosto pelo meu queixo, me fazendo olhar em seus olhos - E olhe pelo lado bom, você tem pessoas maravilhosas aqui dispostas a ser suas amigas e fazer tudo isso doer menos.
  Eu sorri e o abracei. Ele se assustou no começo, mas depois me aconchegou em seus braços e afagou meus cabelos. De certa forma eu me sentia extremamente protegida estando ali com ele, sem me importar se chegaríamos atrasados na escola ou coisa do tipo, só queria que ele continuasse me abraçando.
  – Obrigada... - sussurrei em meio a curva de seu pescoço e o senti se arrepiar um pouco e sorrir.
  – De nada, estou aqui por você... Eu que eu jamais serei o... Como é o nome dele mesmo? Harry né? - confirmei de novo. Sim, eu tinha contado do Harry pra ele, mas só pra ele. Eu não aguentava mais segurar a angustia de dois meses sem nem dar um oi para o Harry e o André foi a única pessoa que percebeu isso, então não tive outra escolha se não contar para ele sobre meu melhor amigo. - Então, jamais, nunca, nem que eu queira, eu serei como o Harry pra você, mas quando você quiser, ou precisar, eu estou aqui, ok? Prometo ser um bom amigo.
  – Muito obrigada André, de verdade... - respondi e me soltei de seu abraço para olhá-lo. Ele me encarava com seus olhos incrivelmente cinzas, como se quisesse saber se eu estava melhor. Ele pegou minhas mãos e agitou meus braços.
  – Agora vamos baixinha, sorria pra mim. - fiz o que ele pediu e sorri. O que deve ter sido realmente engraçado de falso, porque ele gargalhou da minha cara e fiquei sem entender.
  – Qual seu primeiro horário? Porque vamos chegar atrasados... - ele perguntou quando já voltávamos a andar.
  – Redação! Isso, vou perder duas aulas de redação! - comemorei.
  – Sorte sua, vou perder biologia. - ele fez uma cara quase triste e eu ri. André amava as aulas de biologia, mas não por causa da matéria, é porque a professora era bonita e puxava o saco dele.
  Fiquei mais animada e feliz com nossa conversa, embora a sua simples menção no Harry fizesse meu coração apertar, mas eu me sentia de novo protegida com ele.

  {3 semanas depois...}

  Mary's POV

  – Vamos fazer alguma coisa? - a voz de Niall estava tediosa e sonolenta ao telefone.
  – Como o quê? - perguntei enquanto juntava uns documentos.
  Nas últimas semanas eu tinha me dedicado em ajudar meu pai e Dafne na empresa da família em Sheffield. Papai havia dito que nada melhor que um estágio para saber em que empreitada eu em quatro anos iria trabalhar e depois iria administrar.
  – Como... Sei lá, comer?
  – Comer, Niall? - coloquei os papéis em um envelope - São quase cinco da tarde, criança!
  – Milkshake?
  – Será que algum dia eu vou receber uma ligação ou uma mensagem me chamando para ir caminhar pela linda Londres ou ir para a academia?! - perguntei e me joguei na cama exausta. Eu havia chegado ontem de Sheffield e minha cabeça doía de tanto ler faturas e novos projetos da empresa e meu corpo também, por sempre ficar na mesma posição.
  – Não, nunca. - ele riu do outro lado da linha - Não de mim.
  – Chama a Laine, eu to cansada hoje Nialler... - resmunguei.
  – Não, eu... Ah, sei lá. Ela tá estranha comigo.
  – Estranha contigo? Como?
  – É. Desde o aeroporto, sabe, quando... A Fefa foi embora.
  – Filho, você tá bem?
  – Mary, ela tá estranha comigo, a gente fala pouco...
  – Porra, Niall, vocês chegaram no "ela não fala comigo então eu não falo com ela"? - bufei.
  – Sei lá...
  – Quantos anos você tem seu idiota?
  – Sou um mês mais velho que você, então nem vem com essa de me chamar de criança.
  – Imaturo então!
  – Mary, por favor! - ele protestou impaciente.
  – Niall, olha, eu aposto qualquer um dos meus CDs autografados que ela tá na mesma situação que você...
  – Ok, sabe tudo, - revirei os olhos com o apelido idiota - o que você me sugere?
  – Que você vá falar com ela! - disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
  – A gente tá se falando! - ele subiu o tom - Mas, sei lá... Tá estranho...
  – Larga de ser complicado, Niall!
  – Eu sou complicado?! Você nem se apega, Mary!
  – Exatamente por isso que não sou complicada... Sofrimento a menos, meu bem. - bufei mais uma vez.
  – Ótimo.
  – Ótimo! - ri.
  – Você vem? - ele perguntou depois de um tempo em silêncio.
  – Niall... Eu tô cansada! - exclamei.
  – Que bom, estou na portaria do seu prédio em quinze minutos... É bom que você esteja linda! - ele murmurou e desligou.
  – E lá se vai minha ideia de dormir a tarde toda... - suspirei e me levantei para trocar de roupa.

  {...}

  – Hey, Little M.
  – E ai, Nialler? - sorri para ele e o abracei enquanto ocupava o banco do passageiro de seu carro - O que foi? Você parece estar tenso...
  – É só que... Acabei de receber uma ligação do Lou...
  – Harry? - perguntei e ele apenas confirmou com a cabeça - O que ele fez dessa vez?
  – Nada, esse que é o problema. Ele foi pra Holmes Chapel de novo... Tá que lá tem a Anne e a Gemma, mas ele não é de morar lá. Ele não aceita sair pra se divertir, ir a festas, pra comer alguma coisa, nada! Nos palcos e na frente das câmeras ele é aquele cara animado e feliz, mas longe delas, com a gente, ele é uma pessoa totalmente diferente...
  – Sim, eu sei... Mas tem algum motivo pro Louis ter ligado logo agora? Quer dizer, não é como se ele não estivesse passando por isso antes, não é?
  – Bom, tem... Ele deixou o computador ligado antes de sair, e como ele saiu diferente o Lou achou melhor ver o que ele estava vendo e era o Twitter da Fefa, ela tinha acabado de postar uma foto dela com um loiro ai...
  – Diferente como?
  – Sei lá, triste, pra baixo... Não como das outras vezes segundo o Lou, não com raiva ou coisa do tipo, ele só estava... Triste.
  – Bem, você sabe o que eu acho que é...
  – Não Mary, ele nos contaria! Ele pode estar passando pelo o que for sem ela, mas nós continuamos sendo melhores amigos, entende? Não, ele nos contaria...
  Niall deitou a cabeça no volante quando parou em um sinal e suspirou profundamente. Ele estava passando por muito, na verdade todos nós estávamos... Ele e a Laine com essa coisa ridícula de não se falarem, Lelê com todos seus sentimentos reprimidos em relação à Zayn, Louis tomando as dores do Harry... Bem, isso do Harry que esgotava a todos nós.
  – Mas isso foi meio que bom, sabe? - Niall falou voltando a dirigir - Pelo menos ocupou minha cabeça com outra coisa senão a Laine.
  – Você não pode querer afastar ela da sua cabeça, Niall!
  – Não, eu não estou tentando fazer isso! É que... Poxa Mary, é uma coisa por vez! Um dos meus melhores amigos precisa de mim...
  – Assim como sua namorada... - resmunguei e não tive coragem de olhá-lo.
  – Você está me dizendo para deixar Harry em segundo plano? - ele perguntou quase incrédulo.
  – Não. Estou dizendo para você se focar na Laine, porque eu sei que ela precisa de você mais do que o Harry. O Harry só precisa dele mesmo e de seu tempo sozinho, se ele quiser fazer isso em Holmes Chapel, ótimo, pelo menos ele está perto da família. Ele precisa respirar, ele precisa aceitar que já vão fazer dois meses que a Fefa foi embora e não é como se ela estivesse passando as férias em um desses países paradisíacos, ele precisa de tempo para assimilar a ideia de gostar dela e...
  – Mary, de onde você tirou que ele gosta dela pra insistir tanto?!
  – Eu não sei, eu apenas sinto isso... E mais do que isso, não é deixá-lo em segundo plano, é pensar em você também... Niall, você sente falta de como as coisas eram entre você e a Laine, eu te conheço, eu consigo ver isso em seus olhos! Você, sua mente, seu corpo anseiam por ela, por isso que acho que é melhor você se resolver com ela primeiro! Além do mais, você não pode tentar ajudar um amigo se você próprio está com problemas internos...
  – Tudo bem... Laine primeiro, Harry depois. Mas e você Mary, como tá indo?
  – Estou bem ué, cansada pelo trabalho em Sheffield... Mas sei lá, to levando, de vez em quando a saudade da Fefa aperta, mas estou sobrevivendo.
  – E seu coração? - ele perguntou rindo.
  – Batendo. - ri mais ainda.
  – Idiota! Tá apaixonada Little M.?
  – Não.
  – Nunca está, não é mesmo?
  – Não, nunca estou, e quer saber? É muito mais fácil assim... - suspirei enquanto admirava a paisagem.
  – Nossa Mary... - ele exclamou e eu ri friamente porque essa era a minha triste realidade.   Ficamos em silêncio por alguns minutos e Niall parecia só rodar sem rumo pela cidade, mas não me importei então nem comentei isso.
  – Então, tinha outra coisa que eu queria falar com você... - ele disse.
  – Fale Horan! - cantarolei.
  – É sobre o aniversario da banda... Você vai nér?
  – E eu perderia a festa exclusiva de aniversario da One Direction?! Lógico que vou, meu leprechaun! E você vai chamar a Laine, não é mesmo?
  – Ahn sim... Só estou esperando a oportunidade!
  – Niall, pelo amor de Deus...!
  – Não, Mary, já discutimos isso, ok?
  – Tudo bem... Ei, lembra quando conheci vocês? Vocês tinham apenas dois dias de 1D, eram tão fofos...
  – Ei, ainda sou fofo! Mas sim, bons tempos aqueles! Vai ser estranho pra todos nós comemorar sem a Fefa, quer dizer, ela estava lá no dia em que nós formamos, então...
  – Não vamos pensar nisso, ta? Só aproveitar a noite!
  – Eita Mary, você está se mostrando mais baladeira que nunca, nér? - ele riu e eu gargalhei, apenas assentindo.

XIX

  Exorcise these demons
  But they keep talking to me
  I am no believer
  But I believe you will relieve me
  I believe you will relieve me
  And that’s what’s going on

  Laine's POV

  – Ah, olha aqui, outra foto do Niall com a Mary! - disse nervosa olhando para a tela do meu computador. Eu e a Lelê estávamos no meu quarto de bobeira na internet.
  – Laine, quer parar de "stalkear" seu namorado?! - Lelê exclamou do meu lado.
  – Ele não é meu namorado! - subi o tom - Tudo pra ele é a Little M. querida...
  – Eles são só amigos, Helaine!
  – E a Fefa e o Harry são o que?!
  – Mas eles não se gostam!
  – Que a gente saiba... E o que impede o Niall de gostar da Mary e vice versa?!
  – Hm... Não sei... Que tal você?!!
  – Está sendo uma boba... - suspirei e revirei os olhos.
  – Eu? Você tem ciúmes até do ar que o Niall respira, Laine!
  – Não é verdade!
  – Não... - ela ironizou - Cara, você nunca foi muito com a cara da Mary... A única vez que vocês agiram minimamente normal foi na festa do pijama na casa dela, isso porque o Niall não tava lá! - ela parou e respirou fundo - O que me leva a concluir que você só gosta dela quando o Niall está longe e quando os dois estão juntos você a odeia.
  – Lelê...
  – Deixa de ser boba, Helaine! O Niall gosta de você! - ela disse sem paciência e eu me esquivei. Leticia tinha um gênio forte às vezes.
  – A gente tá meio estranho um com o outro... - suspirei - Desde que a Fefa foi embora a gente anda se vendo menos, falando pouco... Sei lá.
  – Vocês têm 14 anos e estão naquela coisa ridícula de timidez?
  – Quer parar com essas perguntas?!
  – Quer parar de agir feito uma criança? Você já vai fazer 18 anos e ele tem quase 19!
  – Olha aqui...
  – Não Laine, você olhe aqui, - ela me interrompeu - você tem um namorado perfeito, milhões de garotas querem um abraço dele, um "oi" ou até uma mention no Twitter e você me vem com essa história toda?! - ela bufou e se levantou da cama - Sério Laine, ele tá com você porque ele realmente gosta de você. Você sabe como o Niall é. - sua voz assumiu um tom melancólico e caminhou até o banheiro.
  Assim que ela se fechou no banheiro eu tombei o corpo me deitando na cama. Por que a Lelê estava tão sem paciência? Por que ela ficou tão desanimada e melancólica de repente? Sem pensar, peguei seu celular e fui no histórico da internet. "Zayn Malik fala da namorada em entrevista". Bufei. Lógico que era algo a ver com ele. "Você tem um namorado perfeito, milhões de garotas querem um abraço dele, um "oi" ou até uma mention no Twitter", sua voz martelava na minha cabeça.
  Soltei o celular e voltei a me deitar na cama. O Niall era mesmo perfeito e eu ficava com ciúmes bobo da Mary, ela era a melhor amiga dele, a irmã dele, e eu sou muito idiota por não confiar nele.

  Não sei quanto tempo fiquei ali pensando em "Naine" - nome que as Directioners já davam pra nós dois - e muito menos quanto tempo a Letícia ficou no banheiro, mas acordei de meus devaneios com ela me estendendo o celular. Fiz cara de dúvida e ela me mostrou o visor sem falar nada: "Mary W. em chamada".

  Ligação ON

  – Alô?
  – Laine? - ela parecia nervosa.
  – Eu, Mary. - disse seu nome com certo desdém e ela se calou por um tempo. Lelê revirou os olhos, se sentando na minha frente e enxugando os cachos.
  – Ér... Tudo bem?
  – Ah... Sim né? - suspirei.
  – Ótimo, hm... Eu, ham, bom... Tô chamando você pra festa do dia 23...
  – 23?
  – 23 de Julho, aniversario da banda. - ela respondeu.
  – Aah sim! - como pude me esquecer?!
  – Bom, o pessoal decidiu fazer uma festa esse ano pra comemorar diferente do ano passado que eles estavam em LA... Aí to chamando as duas. - ela riu nervosa.
  – Por que você? - não consegui esconder o tom de indignação da voz.
  – Por que... Bom, - ela riu sem graça de novo - inicialmente era pra ser só para a equipe. Aí o... O... Liam me chamou e eu pensei: cara, as meninas não podem perder essa!
  – Ahn... Entendo. Então a gente não foi convidada, mas você tá chamando... - concluí e a Letícia me lançou um olhar de: você é idiota, louca ou os dois?!
  – Não... Quer dizer, sim... Mas... Olha, você é namorada do Niall e a Lelê é amiga deles a tempos! E a lista é bem limitada, entende? - ela estava realmente nervosa.
  – Mais ou menos...
  – HELAINE! - Lelê gritou e fez um sinal para eu desligar.
  – Hm, Mary, a Lelê ta me chamando aqui...
  – Tudo bem. - ela suspirou parecendo aliviada - Mas vocês vão nér? Com certeza estarão na lista.
  – Claro que vamos. - olhei pra Letícia, que me lançou um olhar muito mais aliviado e aprovador - Tchau Mary.
  – Beijo Laine. - e desligou.

  Ligação OFF

  – Qual é a merda do seu problema?! - Lelê me repreendeu - Porra, ela vem toda simpática e você só dava patada! "Por que você?", "Então a gente não foi convidada..." - ela fez uma imitação estúpida da minha voz - é Laine, o que você quer?
  – Que o Niall me chame, oras!
  – Ela tá te chamando pra meio que fazer surpresa pra ele. É pra ser uma festa pequena na gravadora!
  – Ela podia ter falado!
  – E você, parar de ser boba! - ela retrucou e eu bufei. - Mas deixa! Tem festa na próxima segunda, a gente tá de férias e a última coisa que eu quero é confusão!
  – Ótimo! - ri e ela me acompanhou - Vem, vamos comer alguma coisa.
  – Ok, Srta. Horan! - ela riu atrás de mim e saímos da minha casa.

  Lelê's POV

  Eu nunca havia ansiado tanto por uma segunda-feira... Acordei com o sol batendo no meu rosto e joguei a coberta sobre minha cabeça. Por que tive que esquecer das cortinas?!
  Fiquei mais um tempo debaixo da coberta tentando dormir de novo, mas o calor era tanto e a falta de sono também, que não obtive sucesso. Eu estava muito ansiosa e a cada segundo a festa de hoje vinha na cabeça. Zayn estaria lá, e se a Laine, a Els e a Dani como namoradas iriam, é claro que a Perrie iria também.
  Tirei esse pensamento da cabeça e desisti de dormir, mas ainda estava com preguiça de levantar, então resolvi abrir meu Twitter.

  "@araujoffernanda: Planos para hoje a noite ou vai ser skype comigo? @LeticiaArantesV @Laine_Cirilo @MaryAnnWatson"
  "@Laine_Cirilo: @araujoffernanda @LeticiaArantesV @MaryAnnWatson planos babe, sorry /: "
  "@MaryAnnWatson: @araujoffernanda @Laine_Cirilo @LeticiaArantesV mas eu tenho planos pra você! Que tal vir pra cá e ir pra festa com a gente?! (: xx"

  Apenas dei RT na conversa e mandei:

  @MaryAnnWatson @araujoffernanda @Laine_Cirilo APOIO! É Fefa, vem pra cá!

  E logo recebi:

  "@araujoffernanda: @LeticiaArantesV @MaryAnnWatson @Laine_Cirilo ooooopa, já to ai! Não me façam sofrer, idiotas /: "
  Que horas são ai, @araujoffernanda? Aqui ainda são 10 am!
  "@araujoffernanda: @LeticiaArantesV são 6 am ((: "
  ZUMBI! @araujoffernanda você acordou agora ou ainda não dormiu?
  "@araujoffernanda: @LeticiaArantesV fudida! Não dormi hahah estou de férias meu amr, semana que vem já volto às aulas, tenho que aproveitar!"
  @araujoffernanda Fefa, tenho que ir //: mais tarde a gente conversa, tá?
  "@araujoffernanda: @LeticiaArantesV tudo bem ): mas deixa que eu te chamo, ok? Vou dormir agora e depois sair com o povo!
  @araujoffernanda okay! Beijooooos, amo você!

  Antes de sair do Twitter abri a timeline pra ver se havia alguma coisa nova, mas a maioria só falava do aniversario da 1D, mas um último tweet da Feeh me chamou a atenção e de quem quer que estivesse no Twitter da banda.

  "@araujoffernanda: PARABÉNS para meus meninos perfeitos! Ainda me lembro de logo quando vocês se juntaram! Estou TÃO orgulhosa, @onedirection AMO VOCÊS DEMAIS!"
  "@onedirection: um obrigado mais que especial para a maravilhosa @araujoffernanda!!!! Também amamos você e sentimos sua falta baixinha!"

  Fiquei pensando em quem havia mandado a 'reply' para a Feeh. Achei melhor não cogitar Zayn, para evitar sua imagem em minha cabeça pelo menos até de noite; poderia ser Louis, que sempre foi apegado demais a ela, ou Niall, com sua fofura eterna; muito provável que fosse o Liam, todo meigo e o que mais entrava no Twitter da banda. Dos cinco ainda tinha a ultima possibilidade, - a mais difícil, mas nunca impossível - Harry.
  Depois de desligar o computador fui até meu guarda-roupa para decidir com que roupa eu iria hoje à noite. Não poderia ir vulgar, porque era uma festa exclusiva dos meninos, mas tinha que ir bem bonita e sexy, para mostrar para o... Bem, para mostrar pra todo mundo que a Letícia continuava firme e forte.
  Peguei um vestido preto, extremamente colado, com pequenas mangas de renda também preta. Escolhi meus meia-pata rosa, quase salmão, e que me deixava com poucos 1,70m para usar nos pés e selecionei poucas jóias, brilho demais não fazia meu tipo.
  Fui direto ao banheiro já tomar meu banho, deixando para depois o convite da minha mãe para irmos almoçar. Não acredito que já era quase meio dia!
  Em meio ao banho, deixei com que todas as preocupações que pesavam em meu corpo escorressem com a água. Eu me sentia sozinha sem a Feeh por perto e me sentia vazia sempre que via Zayn junto a Perrie. Não é que eu ainda goste dele... Ah que se foda! Quem estou tentando enganar?! Gosto sim dele, gosto pra caralho... Mas ele está com ela, não é? É ela que ele quer agora, então não estou nem ai! Espero que se casem, sejam felizes e saiam o mais rápido possível da droga da minha vida!
  Pude sentir o gosto salgado de algumas lágrimas que escorriam de raiva pelo meu rosto, misturadas com a água gelada do chuveiro.
  Após terminar meu banho, pus meu pijama mais confortável, enrolei os cabelos numa toalha e desci para almoçar com meus pais. Depois voltei ao meu quarto e sequei meus cachos, prendendo-os em bobes e fazendo uma touca que me deixou com cara de dona de casa. Coloquei um roupão de cetim rosa e deitei na cama, quase dormindo quando vi no relógio: 2h27.
  Dava tempo de dormir bastante até a hora da festa. Meus olhos já iam se fechando quando meu celular tocou e nem me dei o trabalho de ver quem era, atendi logo.

  Ligação ON

  – Alô? - perguntei com a voz soando meio rouca.
  – Oi Lelê, é a Mary, tudo bem?
  – Tudo sim e com você?
  – Também... Ah, você estava dormindo? - é lógico que ela reparou na minha voz. Eu ri sem graça.
  – Não, só quase. Mas sem problemas, você não atrapalhou nada. - fui sincera e logo evitei suas desculpas desnecessárias.
  – Ah, ok então. Hm, liguei pra saber que horas eu passo aí na sua casa pra te buscar...
  – Ham? Nós vamos juntas? - ok, agora sim eu estava confusa.
  – Sim ué. - ela riu - É que, bem, você não vai poder ir com a Laine porque ela vai com o Niall, obviamente. Liam vai levar a Dani e a Els, porque Louis vai com o Harry, você sabe, pra ele não ir sozinho... Então sobramos eu e você, e como eu não quero ir sozinha, imaginei que você também não quisesse, e daí vou passar aí pra te buscar. Tudo bem pra você? - ela falou, mas parei de prestar atenção quando percebi que ela não havia mencionado o Zayn e a Perrie, o que achei muito legal da parte dela.
  – Ah sim, claro! Eu não tinha pensado por esse lado, não imaginei que a Laine fosse com o Niall...
  – Bem, eu estava do lado dele quando ele ligou pra ela chamando e ela aceitou, então posso garantir que eles vão juntos. Espero que fique tudo bem entre eles...
  – Ah, eu também! Tenho ouvido muito sobre esse assunto ultimamente...
  – Você também?! - ela gargalhou - Fico feliz de não ser a única! Então, quinze pras dez tá bom pra você?
  – Que horas a festa começa?
  – Às dez. O lugar é longe da sua casa e nós provavelmente vamos pegar trânsito, daí pensei em ser essa hora porque nós não devemos chegar exatamente na hora porque não somos as anfitriãs da festa, mas se você preferir não tem problema, eu passo mais cedo e... - ela desenrolou a falar.
  – Calma Mary, respira! Você tem tomado muito café? - perguntei rindo.
  – Hm, estou saindo da Starbucks nesse exato momento... - eu podia jurar, mesmo pelo telefone, que ela havia ficado sem graça.
  – Tá explicado! Mas o horário tá bom sim, tenho bastante tempo pra me arrumar.
  – Ok, combinado então, te vejo mais tarde! Beijos!
  – Tudo bem, beijos!

  Ligação OFF

  Continuei rindo um pouco da Mary mesmo depois que terminamos de nos falar. Laine era mesmo uma boba de ter ciúmes dela, ela estava até tentando fazer com que eles ficassem bem de novo!
  Suspirei profundamente e resolvi voltar ao meu sono, porque a noite ia ser longa...

  {...}

  Acordei com meu celular gritando do meu lado, mas não era despertador, era chamada mesmo. 7 chamadas não atendidas da Mary! Puta merda, será que aconteceu alguma coisa?!   Olhei no relógio e logo obtive a resposta da minha pergunta... Claro que aconteceu, Letícia, já são 21h20min e você ainda está de pijama! Resolvi mandar uma sms pra Mary explicando o que havia acontecido.

  "Mary, desculpa não ter atendido, é que eu dormi demais! Desculpa mesmo! xx Lelê"

  Não esperei pela resposta parada, fui logo tirando o roupão e passando hidratante nas pernas. Graças a Deus eu ja havia tomado banho mais cedo! E lá estava eu só de calcinha e sutiã, lambuzada de hidratante, quando ela me respondeu.

  "Sem problemas... Você quer que eu vá ai te ajudar com alguma coisa? Maquiagem, cabelo, sei lá... Já estou completamente pronta. xx Mary"
  "Sim, por favor!!! Venha o mais rápido possível e obrigada! xx Lelê"

  Logo que minha pele já estava macia como a de um bebê e sequinha, pus o vestido sem nem hesitar e coloquei a chapinha para aquecer no banheiro, enquanto eu pegava minhas varias maquiagens - muitas delas eu nem sabia pra que serviam.
  Passava a base e o pó no rosto, da maneira mais desajeitada possível e meu cabelo ainda estava nos bobes quando a Mary chegou. Ela devia ter avisado pra minha mãe que era urgência, porque subiu rápido demais.
  – Vamos lá, quer ajuda com o quê? - ela perguntou jogando sua bolsa azul em minha cama e vindo em minha direção no banheiro.
  – Dá um jeito no meu cabelo, por favor?! - pedi encarando minha paleta de sombras, tentando decidir qual ia passar.
  – Quer solto? É melhor ner... - apenas assenti a cabeça e ela começou a desfazer os bobes com suas mãos delicadas e ágeis.
  Mary bagunçou um pouco meus cachos, dizendo que eles não estavam parecendo naturais, e sim de boneca. Usou a chapinha apenas para modelar as pontas e tentava fazer mil e um penteados, mas sempre acabava desistindo. Optei por uma sombra branca, com delineador preto. Bem simples mesmo, o marcante da maquiagem seria nos lábios, vermelhos que nem sangue.
  – Lelê, quer fazer o favor de respirar?! - Mary riu ao ver que eu fazia tudo apressada.
  – Mas olha só, - peguei meu celular e vi as horas - já são 22h! Vamos chegar muito atrasadas!
  – Relaxa aí... Não tem problema se chegarmos atrasadas, ninguém vai dar falta. E, além do mais, vamos estar atrasadas e gatas! - dessa vez ela me fez rir também.
  – Meu cabelo está pronto? - perguntei assim que percebi que ela havia parado de mexer nele.
  – Sim, a maquiagem também? - confirmei - Então vamos? - ela saiu do banheiro e me puxou pela mão.
  Só ai que reparei na sua roupa. Era um vestido tomara que caia, de estampa verde, azul e vermelho, beeeem colorido, mas que caiu perfeitamente em seu corpo. Usava saltos azuis, da mesma cor de sua pequena bolsa, e estava no mínimo uns dois metros mais alta que eu. Sua maquiagem a deixou um pouco mais escura do que ela é de verdade, o que dava um ar de sol de verão, e sua sombra também era azul.
  – Papagaio ou Mary? - brinquei, mesmo sabendo que ela estava deslumbrante.
  – Prostituta ou Lelê? - ela riu, olhando onde meu vestido ficava nas minhas coxas.
  – Vadia! Nem tá tão curto assim... - me defendi fazendo biquinho.
  – Eu sei que não, e eu também não estou um papagaio. Tá, talvez só um pouco. - ela falou e nós gargalhamos.
  – Estamos perfeitas, Watson! Então, vamos?
  – Só se for agora menina!

  {...}

  O local da festa era pequeno, porém elegante. Tinham dois seguranças na porta (lê-se armários) e um deles estava com a lista de convidados e o outro conferia as identidades. Mary pegou minha identidade e entrou junto a dela ao segurança n° 2 e se dirigiu ao segurança n° 1.
  – Mary Anne Watson e Letícia Arantes. Provavelmente estamos na lista VIP. - ela disse de forma bem convincente e o cara assentiu com a cabeça, confirmando que estávamos mesmo lá. Já ia entrando quando ela perguntou a ele - Você sabe se Niall Horan e Helaine Cirilo já chegaram?
  – Já sim, senhorita.
  Ela me puxou para dentro do ambiente sorridente, e antes que pudéssemos falar com alguém ela me disse:
  – Olha, hoje é o seguinte: vamos esquecer da existência do Niall e da Laine, eles não vão precisar da gente. Vamos pegar geral e ficar bêbadas até cair! - ela riu e eu arregalei os olhos - Mentira, podemos pegar, mas não muitos, pra manter a imagem... E beber com classe, sem pagar vexame.
  – Por que você está dizendo isso pra mim? Foi você que passou mal na festa da gravadora. - eu brinquei e ela abanou as mãos na minha frente.
  – Vamos esquecer isso, ok?! - e riu também - Estou falando isso pra você, mas é lógico que vale pra mim também! Vamos lá, vamos arrasar!
  Ela mal terminou de falar e já estava entrando no meio da multidão. Festa pequena e privada, aham, eu sei.
  O lugar era completamente fechado, pelo o que eu podia ver. Um lounge com algumas mesas no fundo e um bar gigantesco na lateral, o resto parecia uma imensa pista de dança. Olhei para o lado e vi que a Mary estava a alguns metros de mim, conversando animadamente com "ela". Olhei para as outras direções e vi Louis, Liam e "ele" dançando discretamente e conversando, com copos de champanhe na mão, Els e Dani andavam em direção a uma porta que pude adivinhar que era o banheiro. Laine estava sentada no colo de Niall, que estava sentado em um dos pufes do extenso lounge, ambos sorriam, conversavam e tomavam uma bebida azul borbulhante.
  Apesar de não estar muito no clima pra festa ou pra nada, resolvi ir ao bar pegar alguma bebida, pra ver se isso me animava. Ao chegar lá vi Harry com a cabeça deitada no balcão, com um copo de uísque pela metade, com os gelos quase todos derretidos. Me sentei ao lado dele, talvez ele precisasse conversar com alguém.
  – Harry... - chamei pegando em sua nuca.
  Seu olhar pra mim primeiramente foi de espanto, mas depois relaxou e deu um sorriso sincero. Ele não estava bêbado pelo menos, só parecia cansado.
  – Oi Lelê, tudo bem?
  – Sim, e com você? - respondi e ri por estarmos começando a conversa de uma maneira tão patética.
  – Também, só estou cansado...
  – De...? - o incentivei a falar comigo.
  – Voltei de Holmes Chapel essa tarde, estou cansado dessa festa, apesar de ela mal ter começado e...
  – Você pode se abrir comigo, Styles. - eu ri quando percebi que ele estava muito hesitante ao falar. Fiquei feliz por ele ter rido também.
  – E que eu estou com saudades dela. Isso você sabe muito bem como é, não é?
  – Finalmente alguém reconhece que não é só você que sente falta dela. - debochei - É, sei bem como é... Mas olha, aproveita a noite, é isso que ela quer que a gente faça!
  – É, talvez eu faça isso mesmo... - ele respondeu olhando fixamente pra frente e dando um longo gole no seu uísque.
  – Um coquetel de morango com bastante vodka, por favor. - pedi ao barman e ele logo começou a preparar me pedido.
  Dei mais uma olhada em volta e quase todos estavam dançando, mas eu ainda não estava animada o suficiente para isso.
  – Hmmm Lelê... - Harry me chamou logo que o barman pôs meus coquetel na minha frente. Dei um longo gole, saboreando o gosto doce do morango com a ardência da vodka.
  – Pode falar.
  – Quem é André? - ainda bem que eu já tinha engolido, porque se não eu tinha certeza de que tudo que estava na minha boca iria sair no momento em que Harry perguntou isso. Como diabos ele sabia quem era André?! Nem eu sabia direito!
  – Hmm, é um amigo da Feeh, por quê? - respondi e me senti a pior pessoa do mundo por ter dito aquilo. Quero dizer, eles são só amigos, mas é inegável a queda que ela tem por ele.
  – Ah sim... Nada, só curiosidade. - lógico que ele não havia sido totalmente sincero comigo, mas deixei pra lá. Ele esvaziou seu copo em um só gole e pegou meu coquetel de minha mão. Eu já ia reclamar quando vi que ele bebia tudo, mas logo que terminou ele se virou ao barman.
  – Dois copos da bebida mais forte que você tiver ai... Copos, não doses.
  – Tá doido Harry?! - exclamei.
  – Tudo bem, dois copos de uísque. - ele disse ainda se dirigindo ao barman.
  – Bebida mais forte... - zombei - Você quer me ver em coma alcoólico, Styles?
  – Não, - ele riu sem graça - só achei que iríamos precisar de uma coisa bem forte pra passar por essa noite...
  – Bem, nem tão forte assim. - rimos juntos enquanto tomávamos nossos uísques que já tinham chegado.

  {...}

  Eu já estava dançando a algum tempo e o álcool já controlava meu corpo. Eu ria e me movia ao redor das pessoas naquela pista de dança lotada, e agradeci mentalmente por todos já estarem um pouco pra lá de bêbados.
  Até Harry se animou. Depois que tomamos mais alguns copos de uísque eu o puxei para dançar e ele não reclamou, dançou um pouco comigo, mas logo foi se juntar aos meninos. Eu já ia puxar a Laine pra dançar comigo, mas vi que Mary me lançava um olhar repreendor. "Esquecer da existência da Laine hoje", isso, é isso aí. Mary também me chamou pra dançar, mas ela estava com "ela" então achei melhor não e continuei dançando com os desconhecidos charmosos.
  Um ruivo de sardas, muito fofo por sinal, havia me chamado pra dançar ao som de "Feel So Close", mas eu já me dirigia ao bar pra pegar mais uma bebida, então só fiz um sinal com o dedo para que ele me esperasse e ele me puxou por ali e descansou um beijo bem na ponta.   Fui rindo ao bar, sem prestar atenção por onde andava e já estava quase lá quando esbarrei em um homem e quase caí, mas ele me segurou com braços fortes. Meu Deus, braços muito fortes!
  Eu comecei a rir demais por causa da minha quase queda retardada e ele dava sorrisos tímidos.
  – Tá tudo bem com você?
  – Ér... Ta sim. - só ai que olhei para seu rosto e vi que o dono dos braços fortes era - pasmem - Josh Devine!
  Eu comecei a encará-lo, sem falar nada e ele começou a rir mais. Provavelmente estava achando que eu era uma louca bêbada, e olhe que ele não estaria tão longe da verdade se pensasse assim.
  – Ahn... Me desculpe. - sai do meu transe e continuei meu caminho em direção ao bar meio tonta. Ele era MUITO lindo. Fefa sempre falou que ele era mais bonito pessoalmente do que por fotos. É, ela tem razão.
  Cheguei lá e me sentei naquelas cadeiras pretas e altas, e deitei minha cabeça no balcão, assim como Harry estava quando eu cheguei, e fiquei lá delirando antes de pedir alguma coisa.   Josh era bonito, muito bonito. Além de cheiroso. E forte, muito forte. Ri quando veio em minha cabeça que ele era menor que eu de salto, mas talvez só um pouco.
  Um barman moreno que nem o... O irlandês da The Wanted, e com olhos incrivelmente azuis me chamou e estava com uma sobrancelha levantada, dizendo:
  – Você precisa de alguma coisa? Está bem? - ele me olhou curioso e eu o encarei também. Ele era outro muito bonito. Meu Deus, aquela festa só tinha homem bonito?! Mas não, barmans não fazem muito meu tipo, mas só sei que a Feeh iria pirar nesse dai. Eu ri com esse pensamento e ele riu junto. Ótimo, mais um achando que estou bêbada.
  – Hmmm, preciso... Preciso que você me dê um coquetel de morango com vodka. - falei e abri um largo sorriso e ele assentiu com a cabeça e depois se dirigiu a alguém do meu lado.
  – E você?
  – Um de uva com vodka, por favor. - a pessoa falou. Pera... Aquela voz... Virei o rosto lentamente pra ver quem era o ser humano ao meu lado. E lá estava ele de novo, Josh, mas de costas pra mim, e ele conversava animadamente com Dan.
  Quando vi que ele já ia se virar para a minha direção, imediatamente olhei para o outro lado, gargalhando de rir.
  – Aqui, morango e uva. - o barman dos olhos bonitos avisou e ele logo pegou seu copo e saiu andando com Dan, se juntando a Jon e Sandy.
  Peguei o meu e comecei a procurar pelo ruivo fofo, mas ele não se encontrava em lugar nenhum, então desisti e voltei a me sentar. Tomei um gole do meu cotequel e senti seu gosto meio... Estranho.
  – Essa festa tá boa, não tá?! - pulei de susto quando a voz de uma Mary eufórica atingiu meus ouvidos. Ela estava sorridente e parecia um pouco tonta, o que me fez rir. Ela arrumou o cabelo e o vestido e se sentou do meu lado.
  – É, tá bem legal. - respondi e tomei mais um gole. Ok, aquilo estava muito estranho.
  – Pegou muitos, Lelê? - ela perguntou, depois pediu dois Lagoa Azul ao barman e ficou encarando sua bunda quando ele se afastou para fazer seu pedido. Espera, dois?
  – Que nada, e você?   – Também não, só estou dançando... - ela disse e começou a dançar no ritmo de Fallin' In Love, que já começava a tocar.
  – E bebendo. - completei e nós gargalhamos.
  – Isso, e bebendo... - Mary concordou assim que consegui respirar.
  – Ei Mary, pra que dois copos? - perguntei curiosa.
  – Hmmm, depois eu te conto... - ela respondeu com um sorriso safado no rosto.
  – Ok então, já que você é a mestre das bebidas, me diz qual é o sabor disso aqui? - pedi e entreguei a ela o copo do meu coquetel.
  – Era pra ser o que? - ela perguntou e deu um longo gole me olhando.
  – Morango com vodka.
  – Não, não era. - ela riu.
  – Era sim!
  – Okay, mas não é... Esse aqui é de uva. - ela afirmou e minha cabeça girou e eu comecei a rir novamente. Não, não era possível que isso tinha acontecido.
  – O que foi? - ela perguntou.
  – Nada. Hmm Mary, licença, já volto.
  Me levantei e fui andando em direção ao lado oposto, procurando aquele ser de estatura baixa, braços fortes e de cheiro bom. Ele estava numa rodinha com Sandy, Dan e Jon. Eles dançavam discretamente e ele conversava alguma coisa baixinho com Sandy.
  Fui chegando mais perto, com vergonha, pensando no que eu iria falar. Quer dizer, não podia ir dizendo "ei cara, você roubou meu coquetel e estou com o seu". Quando já estava bem perto, pude vê-lo pegar seu (meu) copo da mão de Sandy e dizer:
  – Não Sandy, isso aqui não é uva...
  Dei dois leves toques em suas costas e ele se virou lentamente, e abriu um leve sorriso ao me ver.
  – Hmm, acho que isso aqui é seu... - falei perdendo a timidez ao poucos e levantando o copo em minha mão.
  – Uva? - ele perguntou rindo e eu assenti com a cabeça. Eu lhe entreguei o copo e ele levantou o meu - Então esse é seu. Morango.
  Eu peguei e dei um longo gole. Agora sim era morango! Depois olhei para o copo, o liquido ali dentro já estava menos da metade. Josh percebeu meu olhar e disse:
  – Desculpe por isso, culpa do Sandy.
  – Tudo bem, isso ai foi culpa da Mary. - falei rindo e apontando pro seu copo, que estava mais ou menos do mesmo tamanho que o meu.
  – Mary Watson? - ele perguntou e eu confirmei - Ah claro que foi... Então acho que temos que pegar mais, não é mesmo?
  Nós fomos andando até o bar e nos sentamos. Mary não se encontrava mais lá, provavelmente foi entregar o outro copo de Lagoa Azul ao seu dono.
  – Então, qual é o seu nome? - ele perguntou.
  – Letícia, mas pode me chamar de Lelê. - sorri.
  – Prazer, sou o Josh.
  – Eu sei. - eu disse e nós gargalhamos.
  – Você é amiga da Mary e dos meninos?
  – Sim, sou.
  – Ah legal... Estão todos espalhados hoje, não acha? Louis, Liam, Niall e Zayn estão com as namoradas, Mary está solta por ai e Harry também... Se bem que ele eu não culpo por isso.
  – Ér, eu também não...
  – Você a conhecia, a Fernanda? - ele perguntou e eu assenti - É, foi chato ela ter que ir embora, ela era legal...
  – Eu sei, ela é minha melhor amiga... - falei encarando o chão.
  – Ah, me desculpa... Eu não sabia, juro!
  – Tá tudo bem, esquece isso... - ficamos num silencio desconfortável, até que continuei - Então você é o da bateria?
  – Sim, sou. - ele abriu um largo sorriso - Você curte bateria?
  – Ahn não tenho muitos parâmetros, mas acho que sim...
  – Sendo assim qualquer dia eu te levo pra me ver tocar, é só me dar seu número.
  – Claro que sim! Mas... Por que não agora?! - sugeri e nós gargalhamos. Tinha certeza que já estava completamente dominada pelo álcool.
  – Por que... Espera, estamos no andar de eventos de uma gravadora, deve ter alguma bateria em algum dos andares de gravação! - ele sorriu mais ainda - Quer vir procurar comigo?
  – Você ainda pergunta?! - exclamei e ele me pegou pela mão, passando pela pista de dança em direção a uma porta que eu não tinha visto antes, só parando pra avisar ao Dan onde estaríamos.

  {...}

  – Então é isso que você sabe fazer?! - bati palmas de emoção. Ele tocava muito bem, óbvio, e ficava extremamente sexy enquanto o fazia.
  – Você gostou mesmo? - ele falou como se não acreditasse na minha reação.
  – Lógico que sim!
  – Bom, então eu te trago pra fazermos isso mais vezes e, se você quiser, posso te ensinar a tocar um pouco.
  – Ai meu Deus, sim, sim por favor! - pulei e agarrei seu pescoço, batendo meu cotovelo em um dos pratos da bateria, que fez um enorme barulho.
  – Você tá bem? - ele perguntou se controlando pra não rir e eu só confirmei com a cabeça - Ok, então o que você sabe fazer?
  – Nada.
  – Nada?
  – Nada. - repeti.
  – Não acredito.
  – Tá, eu sei desenhar, mas não é grande coisa...
  – Ah é sim, eu não sei desenhar! Ei, tive uma ideia, eu te ensino a tocar bateria e você me ensina a desenhar, que tal?!
  Eu estava me divertindo muito com Josh desde nossos copos foram confundidos mais cedo e eu definitivamente queria ter mais momentos assim, então claro que me animei com a ideia, pois ela significava mais tempo ao seu lado.
  – Eu aceito, mas com uma condição... Você vai ter que começar a me ensinar agora! - nós rimos.
  Ele começou a me explicar pacientemente como tocava alguma música qualquer, fácil demais na visão dele. Tentei repetir seus movimentos com as baquetas, mas tudo o que consegui foi um monte de barulho sem ritmo nenhum. Gargalhamos da minha falta total de habilidade e comecei a bater minha cabeça nos pratos, brincando e dizendo:
  – Eu. Não. Sei. Fazer. Isso!!!!
  – Calma Lelê! Assim você vai se machucar... Oh não faz isso! - ele tentava falar em meio as risadas. Ele me abraçava por trás, tentando me afastar da bateria, quando uma voz na porta cortou totalmente nosso clima de diversão.
  – Hmmm Josh, estão querendo tirar uma foto da banda lá embaixo e Dan me disse que você estaria aqui... Da banda toda. - Zayn disse e fez o caminho de saída dali sem nem olhar pra minha cara. Que se foda ele, Josh fazia cócegas em mim agora, enquanto dizia:
  – Temos que descer, mas antes...
  E foi ai que aconteceu o que menos esperava - e mais desejava -, ele me beijou.
  Eu. Fiquei. Com. Josh. Devine.

XX

  Cause it's you and me and all of the people
  With nothing to do, nothing to lose
  And it's you and me and all of the people and
  I don't know why I can't keep my eyes off of you

  Mary’s POV

  “Skype now. Eu, você e a Fefa. A Laine entra mais tarde...
  xx Lele”

  A mensagem apitou em meu telefone e eu abri o notebook do Niall. O namorado lindo e perfeito da Dafne migrou para nosso apartamento esses dias e a ultima coisa que eu queria era ficar lá dentro com o casal melação. Então o lindo do Niall me aceitou na casa dele esses dias.
  – HEEEY BITCHES! - ouvi o grito estridente da Fefa assim que liguei na conversa.
  – Heey!! - acenei timidamente. - Meu Deus, Fernanda! Você esta bronzeada! Que inveja!
  – Inveja? Filha o clima do Brasil não é obra de Deus não... - ela riu.
  – Oi. Mary. - Leticia disse ríspida.
  – Oi raivosa. - brinquei.
  – Não tem nada pra falar não?
  – Ahn... Talvez. - ri.
  – Hmm... Meninas? - Fefa disse. - Eu estou aqui e não aí então falem comigo! - ela protestou.
  – A Mary pegou o Tom Daley ontem!
  – COMO?! - Fefa gritou surpresa.
  – E a Letícia, o Josh.
  – MAS O QUÊ?! - ela gritou mais alto. - Ok. Calma. Respira.
  – Você podia começar explicando, Watson! - Lelê falou.
  – Eu não sou a única que deve explicações...
  – Depois de você. - ela sorriu irônica.
  – Hmm... Eu estava com a Perrie mas ela saiu então eu fui procurar alguém e acabei achando a Dani no bar. Depois nós fomos encontrar com o Liam e ele estava com o Andy e o Tom estava lá. Daí, a gente começou a conversar e ele perguntou da minha viajem e eu comecei a falar “like Mary” - fiz aspas com os dedos e nós rimos juntas.
  – Já se conheciam? - Leticia perguntou.
  – Uma vez, nós saímos e o Liam chamou o Tom. Eles se conheceram aquele dia e no outro já ficaram... - Fernanda respondeu.
  – Voce já tinha ficado com ele?
  – Não como na noite passada. - respondi tímida.
  – O QUÊ?! - elas gritaram e uníssono.
  – Gente...
  – Ta. Ok. Continua. - Lelê respondeu rindo.
  – Anyway... Daí nós conversamos, bebemos juntos.
  – Eles andavam juntos o tempo todo... - Letícia murmurou e eu rolei os olhos.
  – A gente ficou e o resto vocês já sabem...
  – Éer. Eles foram pra casa dele e... Enfim. - as duas riram.
  – Anyway. Letícia?
  – AAH Josh é um perfeito, lindo, fofo... - ela suspirou. - Eu pedi pra ele tocar bateria pra mim e nós fomos atrás de uma. Daí ele tocou um pouco e... Gosh. É muito melhor que nos shows... Enfim. Ele tentou me ensinar, mas foi um desastre só! - nós rimos. - Eu elogiei, como toda pessoa fofa e DO NADA, o Malik aparece chamando ele pra uma foto de banda.
  – WHAT?! - dissemos eu e Fefa em uníssono.
  – O Zayn apareceu lá? - Fefa perguntou incrédula. - Como assim? Como ele sabia que ele tava lá?
  – O Dan deve ter avisado, sei lá cara! - ela riu. - Mas o Z. apareceu lá e ficou com cara de quem comeu e não gostou.
  – Oh... My... God! - eu disse incrédula também.
  – ANYWAY! - Lelê tomou a palavra de novo. - Daí o Zayn chamou, foi embora e eu estava saindo também. SÓ que ele me puxou e me beijou e... Ah... Ele é todo lindo e tem um sorriso lindo.
  – E... Depois eles ficaram andando juntos e bebendo juntos e se pegando por aí... - completei e recebi um olhar desaprovador.
  – Own. - Fefa murmurou. - Mas... O que que vai rolar agora?
  – O Tom me chamou pra sair... - murmurei tímida.
  – Wow! Isso é uma tentativa de algo sério... - ela zombou.
  – É... Claro. - rolei os olhos.
  – O Josh falou que a gente devia sair... Isso não é um convite... - disse Lelê.
  – Isso é um pré-convite. - eu disse.
  – Ele está avisando que vai te chamar pra sair... O que não deixa de ser um convite... - Fefa falou.
  – Tá, mas... Enfim. - Lelê suspirou.
  – Você quer sair com ele? - perguntei.
  – Não sei... O Zayn...
  – Aaaaaaaah não! - protestou Fefa. - Deixa o Zayn pra lá!
  – Fefa, para.
  – De boa. O Josh é um fofo. Eu conheço ele. E o Zayn tá namorando agora e você devia sair com o Josh. Ficar chorando em casa não é coisa de Letícia... - Lelê sorriu.
  – This! - exclamei. - Mas... Anyway. E você Fefa? Chegou em mim uma historia de um tal de André...
  – Aaah, sim. - ela murmurou e deu um quase sorriso - Não rola nada não, eu acho...
  – Ah não nér? - reclamei.
  – Só amigos! - ela retrucou.
  – Mas rola clima? - perguntei.
  – Hmmm, de vez em quando... Mas nada demais. - ela sorriu.
  – Só não se apaixona por ele... - Leticia murumurou rindo e Fernanda revirou os olhos.
  – Anyway.
  – Gente, a Laine ta entrando, recebi uma mensagem.
  – Heeeey yo girls! - Laine entrou gritando.
  – Muito feliz Laine? - disse sorrindo
  – Hmmmm…
  – Como foi ontem Laine? - Fefa perguntou. - Até agora eu to sabendo que a Mary pegou o Tom Daley e a Lelê, o Josh.
  – JOSH?! Eu já sabia da Mary e do Tom, mas Lelê... faturou essa noite hein?!
  – Como você sabia? - perguntei.
  – Niall.
  – Como ELE sabia?
  – Vocês não desgrudavam um do outro... Ele viu e me contou.
  – Filho da mãe. - murmurei.
  – Anyway... Mary, eu não te agradeci pelo convite da festa e tudo.
  – Nada... - sorri orgulhosa.
  – Muito obrigada, minha noite foi perfeita.
  – Como que foi? - Lelê perguntou curiosa.
  – Ah nós chegamos, tomamos alguma coisa e praticamente ficamos so na área VIP a noite toda. Eu conheci o irmão dele, conversamos mais, nos beijamos...
  – Ah qual é! - reclamei.
  – Sorry girls, sem muitos detalhes. Voces já sabem que o Niall é o cara mais fofo e romântico ever.
  – Owwnt, imagino. - Lelê suspirou.
  – Que coisa meiga...
  – Ain gente, eu quero. - Fefa disse.
  – Solitária... - zombei.
  – Mary, - Niall gritou do lado de fora do quarto. - faz alguma coisa pra eu comer?
  – Tá zoando né?! - gritei de volta.
  – Sério, eu to com fome...
  – Não, eu to conversando com as meninas!
  – Você está morando na minha casa! Me paga me fazendo comida!
  – Eu limpei a casa toda!
  – E eu te ajudei!
  – Niall, sai e come alguma coisa!
  – Que ótima forma de comunicação... - Fefa resmungou.
  – Vocês ficam gritando o tempo todo? - Leticia perguntou rindo.
  – Onde você tá, Mary?
  – Basicamente Letícia eu... Eu to morando na casa do Niall... O namorado da minha irmã anda morando lá em casa e eu não curto ficar de vela.
  – Mary, - Niall apareceu no quarto. - meu computador?
  – Eu busco o meu no apartamento mais tarde, agora foi urgência...
  – Tudo bem, mas eu ainda to com fome! Dá oi para as meninas e chama a Laine. - ele se sentou do meu lado.
  – Oi meninas!
  – Heeey Nialler! - Fefa exclamou.
  – Fefinha! Que saudade!
  – Eu também!!! - ela fez biquinho.
  – Oi Niall... - Lelê disse.
  – Oi Devine. - ele brincou e todos rimos.
  – Cresce Niall! - ela revirou os olhos.
  – Juntos? - ele brincou. - Oi minha linda. - ele sorriu bobo para Laine, que ficou escarlate.
  – Oi. - ela respondeu tímida.
  – Quer sair pra comer? O serviço aqui de casa anda terrível... - ele revirou os olhos e eu dei um tapa na sua cabeça.
  – McDonald’s? - ela sugeriu. - Tem anos que eu não como lá.
  – Fechado. - ele sorriu. - Te pego em 20 minutos.
  – Ok. Vou me arrumar. Beijo gente. - ela despediu e desligou.
  – Tchau gatinhas. - ele despediu das meninas e deu um beijo no topo da minha cabeça. - Amo vocês.
  – Foda não? - Fernanda reclamou.
  – Apaixonados... - rolei os olhos.
  – Ah, deixem eles serem felizes! - Lelê sorriu.
  – Nós deixamos ué! Mas gente, tem uma coisa que eu queria saber sobre ontem também... - Fefa falou parecendo um pouco mais séria.
  – Harry? - chutei.
  – Sou tão previsível assim?
  – Não, mas sua cara te denunciou. - Letícia disse - Ah, ele tava tranquilo... Quer dizer, quando eu cheguei lá ele tava enchendo a cara, não tava muito animado com a ideia de uma festa.
  – Ér, ele tava... Estranho. Ele não agia como normalmente age numa festa.
  – Co-como assim? - ela gaguejou.
  – Bom, pra começar ele não pegou ninguém. - falei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
  – E só queria saber de beber... - Lelê completou - Dançou um pouco, mas foi só... Querem saber a minha opinião?
  – Não... - Fefa resmungou e pôs as mãos no rosto.
  – Sim! - disse autoritária.
  – Ele parecia triste e...
  – Sozinho. - completei.
  – Sim. Como você sabe Mary?
  – Niall me falou exatamente a mesma coisa dele a algumas semanas atrás... Diferente, triste, sozinho.
  – Ai merda... - Fernanda suspirou e olhou pra cima, como se não tivesse coragem de nos olhar ou evitasse um choro.
  – Tem mais, e se prepare pra essa parte Fefa... - Lelê disse meio hesitante e ela nos olhou - Ele me perguntou quem era André.
  – Puta merda, e o que você disse?!
  – Que ele era só seu amigo ué.
  – Por que, não é só isso Fefa? - perguntei curiosa e desconfiada.
  – Sim, claro, é só que... Sim, é só amizade.
  – Não, nós sabemos que não é! Pode ir falando ai, ô bronzeada...
  – Tudo bem, é que às vezes... Às vezes eu o olho e tenho uma vontade louca de beijá-lo, agarrar aqueles ombros e bagunçar aqueles cabelos! E ele é todo... Perfeito comigo.
  – Meu Deus Fernanda, eu falei pra você não se apaixonar!! - Lelê gritou e até eu me assustei.
  – Não porra, eu não to apaixonada! É mais como uma coisa... Física. Isso! O que eu sinto por ele, além da amizade, é físico.
  – Safada! - exclamei e a Lelê gargalhou.
  – Aham, falaram as que pegaram um medalista olímpico e um baterista muito dos gostosos!
  – Ai meu Deus Fernanda...! - Lelê ficou escarlate e eu sorri orgulhosa.
  – Mas não se preocupem, se acontecer alguma coisa entre nós dois vocês vão ser as primeiras a saber.
  – Tudo bem, confiamos em você. Mas e quanto ao Harry... - falei pedindo sua opinião sobre o comportamento dele.
  – Ah gente, eu não sei... Quer dizer, eu sei que é tudo culpa minha, que eu deveria ter falado antes e ter dado a chance de ele se despedir direito e tal... Eu me sinto horrível por isso, eu choro quase todos os dias com saudades de todos vocês, mas o que eu sinto por ele... Isso me mata por dentro. Eu só queria que ele me perdoasse, por mais difícil que isso seja.
  – Mas como ele vai te perdoar se vocês nem se falam, Fernanda? - Letícia perguntou, por mais que a resposta já fosse óbvia.
  – Eu não falo com ele porque... Eu tenho... Eu tenho medo de ele me rejeitar, me ignorar... Eu tenho medo de começar a conversar com ele de novo e ter que dar mais um adeus.
  – Mas essa é a questão, vocês nem deram adeus! - disse.
  – Demos sim.
  – Não, não deram. - Lelê negou.
  – Demos gente! Vocês querem discutir comigo? Ele foi lá no aeroporto e...
  – Não, ele não foi. - eu a interrompi.
  – Foi! Eu vi ele lá, falei com ele, abracei ele! O Harry foi sim se despedir de mim! Ele... Ele disse "até logo, meu amor". - ela falava já chorando.
  – Fefa, não fica assim...
  – É, nós... Nós não sabíamos. Ele nunca disse nada sobre ter ido lá a ninguém, nós achamos que ele tivesse ido direto a Holmes Chapel.
  – Olha, por favor não fica assim! Nós não estamos ai pra te abraçar e dizer que tudo vai ficar bem, o que só torna as coisas mais difíceis! Então por favor, pela sanidade de todos, não chora.
  – Tudo bem... Vamos falar de coisas felizes agora! - ela deu um sorriso fraco, mas verdadeiro.
  – Isso, coisas felizes! - Lelê bateu palmas.
  – Mas tipo o que...?
  – Hmmm que tal falarmos dos gostosões?! Começamos pelo desconhecido... Mary? - Fernanda me olhou com uma cara safada.
  – Ai meu Deus gente, não, eu já contei!
  – Detalhes, de-ta-lhes Mary Anne Watson! Quero cada palavra que ele te disse! Vamos, pode ir começando...

  Liam’s POV

  Revirei na cama mais uma vez, eu não estava contando, mas com certeza já havia mais de uma hora que eu estava acordado. Olhei para o lado, Danielle dormia como um anjo e seus cabelos cacheados estavam bagunçados o que me fez rir de leve. Ela estava calma, serena, tranquila. Tudo que eu já conhecia e amava. Eu amava aquela mulher, cada traço facial, cada curva corporal, cada loucura psicológica, cada cisma ou mania. Cada mínimo detalhe dela fazia meu coração acelerar, me fazia sentir com um adolescente bobo e apaixonado.
  Aproximei meus dedos de seu rosto e acariciei sua bochecha, ela se mexeu de leve na cama e abriu os olhos devagar. Sorri de leve e ela retribuiu meu ato com outro encantador.
  – Bom dia. - ela disse com a voz rouca e eu soltei uma risada baixa.
  – Bom dia. - aproximei meu rosto do seu e depositei um beijo de leve em seus lábios.
  – Que horas são?
  – Quem liga? - passei meus braços por sua cintura e a abracei possessivo.
  – Eu ligo. Tenho ensaio hoje. - ela disse tentando fazer uma cara séria.
  – Você tem ensaio às quatro. Não devem ser nem duas.
  – Estranho como você consegue me convencer de ficar de bobeira em plena terça-feira... - ela murmurou e deitou a cabeça em meu peito.
  – Estranho como você me faz querer não fazer nada em nenhum dia.
  – Isso é bom?
  – Talvez… Tá com fome?
  – Considerando que ontem eu só comi bobagens de festa... Sim. - ela disse preguiçosa e eu ri.
  – Eu posso fazer alguma coisa...
  – Agora não, - ela se aninhou mais em meu peito. - aqui tá bom.
  – Então... O que achou de ontem? - perguntei enquando enrolava uma mecha de seu cabelo em meu dedo.
  – Bom. A festa estava linda, meu namorado estava lindo, meus amigos estavam lá... E, - ela se virou para mim. - eu estou extremamente orgulhosa do meu namorado e da banda dele. - ela me beijou de leve.
  – Dois anos... - suspirei.
  – Parece que foi ontem que vocÊ usava aquele cabelo com chapinha... - nós rimos.
  – Para... Eu era um adolescente na época!
  – Bobo... Enfim. Os meninos se divertiram. Inclusive o Harry.
  – É. Ele andava extremamente depressivo, mas parece que a bebida o animou um pouco... - suspirei. - Eu me preocupo com ele.
  – Claro, ele destruiu o próprio quarto, fugiu para Holmes Chapel e anda meio depressivo. Vocês deviam levar ele pra uma boate ou qualquer coisa um dia desses. Só vocês, conversar sobre o que tá acontecendo... Mesmo praticamente vivendo juntos, vocês não tem muita chance de conversar sério.
  – Vou ver com os caras. Talvez nós devêssemos sair mesmo. Mas... Eu não quero falar do Harry.
  – Quer falar do que?
  – Nós?
  – Falar o que sobre nós? - ela perguntou mordendo o lábio inferior.
  – Vamos morar juntos? - perguntei simplesmente e ela arregalou um pouco os olhos.
  – Liam...
  – Olha, - a interrompi. - você invadiu meu closet, decorou minha sala, dorme aqui quase metade da semana. Por que não oficializar isso?
  – Não sei... - ela disse depois de pensar por um momento.
  – Dani... - insisti.
  – Morar aqui? Nós dois?
  – Pode ser em qualquer outro lugar. Você escolhe.
  – Liam, eu... Eu... Ah droga. - ela fechou os olhos com força.
  – Que foi?
  – Sim. - ela abriu os olhos e suspirou. - Mas isso parece errado, não sei.
  – Errado como?
  – Irracional.
  – Por que seria? - ela riu irônica.
  – Não sei...
  – Maluca... - murmurei e revirei os olhos.
  – Liam!
  – Minha maluca mais linda que todas as outras e que eu amo mais que tudo. - disse rindo e ela me acompanhou.
  – Enfim. Como agora eu também moro aqui, o que condiz que eu também sou dona. Eu quero aquele quadro horrível de deserto que fica na sala de TV... Fora.
  – Por que?
  – Porque é feio e deprimente Liam! Você tem um senso mínimo de gosto para decoração!
  – Tá, eu tiro o quadro... Mas eu não vou abrir mão da poltrona redonda... Eu sei que não combina com a sala e que você acha feio também.
  – Tá, você fica com a poltrona aqui, mas eu vou precisar de um pedaço daquela sua sala de boxe pra ensaiar.
  – Fechado. – gargalhamos juntos. – Vamos comer agora?
  – Hmm, eu quero panquecas. – ela me deu um selinho, levantou da cama e seguiu para o banheiro.
  – Ta brincando né? – gritei e ouvi sua risada do banheiro.
  Levantei sem vontade da cama, coloquei uma camisa e fui para a cozinha para preparar nosso café da manha. Com certeza, com um sorriso no rosto. Dani viria morar comigo.

XXI

  I bet this time of night youre still up
  I bet youre tired from a long, hard week
  I bet youre sitting in your chair by the window, looking out at the city
  And I hope sometimes you wonder about me

  Feeh's POV

  Acordei com meu celular tocando loucamente e piscando em meus olhos. Apenas abri as mensagens, sem me importar em ver quem as tinha mandado ou quantas delas haviam lá. Minha cabeça rodava e eu ainda confusa pelo - quase - beijo que o André havia me dado ontem.

  "Já está acordada? xx Lelê"
  "Minha princesinhaaa...aaa! Parabéns, você merece tudo de bom do mundo todoooo!! Volta pra gente, please? :3 Amo você! xx Mary"
  "Oooooooh sua gordinha, cadê você pra comemorar seu 1º aniversário ao lado da Laine perfeita???! Ah é, esqueci, você tá no Brasil --' Anyway, parabéns minha anjinha, tudo de bom sempreeeeeee! Beijos da França que te ama! Ps.: ah, e Londres tá sentindo sua falta :) xx Laine"
  "Oi, menina bonita, do sorriso brilhante e ar estressado. Ou seria sorriso estressado e ar brilhante? Oo (Af, esse Niall nem pra fazer poema presta! - Lou). Ok, esquece o poema e o Lou também! Eu, Nialler, estou aqui com o Boo, o Daddy e o Zaz pra escrever uma mensagem de aniversário pra você! Mas como de costume nós não chegamos a acordo nenhum, então nós só queríamos te dar parabéns e te desejar tudo de bom sempre!! Nós sentimos muito a sua falta! xx Nialler
  Sua nojenta, logo esse ano que íamos entrar em coma alcoólico no dia do seu aniversário você resolve ir pro Brasil, ah, sua sem graça! Eu te amo! xx Lou
  Ah Fefilds, vem pra cá bagunçar meu cabelo, vem? Ele tem andado muito arrumado ultimamente... Parabéns, te amo! :) xx Zayn
  Eu.Vou.Te.Morder! Essa foi a primeira coisa que você me disse no meu aniversário do ano passado, não foi mesmo? E até hoje não me mordeu... Estou aqui te esperando pra cumprir sua promessa no dia de hoje! Amamos você! xx Liam"

  Um largo sorriso se abriu no meu rosto ao ler as mensagens. Bloqueei a tela do meu celular e então vi: 9:45, terça-feira, 7 de Agosto. Meu aniversario. 17 anos.
  Não sei se deveria estar feliz, por a cada dia estar me aproximando da maioridade, ou triste, por ter dormido com dezesseis e acordado com dezessete. Essa seria a questão do dia: estar feliz ou triste por ser meu aniversário?
  Você pode falar que eu deveria estar feliz, porque acordei com mensagens lindas - exceto a da Lelê, porque tenho certeza que ela vai querer ligar - das pessoas mais perfeitas do mundo inteiro! Mas posso muito bem argumentar que deveria estar triste, porque não havia nenhuma mensagem, ligação, email, tweet, lembrete e nem nada ali que mostrasse que A pessoa havia se lembrado do meu dia. Mas é só uma pessoa, não é mesmo? Então está equilibrado. Por agora, meu status de humor no dia do meu aniversario é: indiferente.
  Levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal, sem me preocupar em ser rápida para não me atrasar. Graças à Deus meus pais deixaram com que eu faltasse a aula hoje. Porque ninguém merece ter que assistir uma aula de história com a professora mais entediante da face da Terra, mais uma aula de desenho geométrico - PRA QUE DIABOS ESSA PORRA SERVE?! -, um horário de geometria e cinquenta e cinco minutos de geografia com o capeta em forma de professor. Tudo bem que os dois primeiros tempos de artes salvavam o dia, mas eu não merecia tanta desgraça no meu aniversario.
  Pus um vestidinho tomara que caia azul marinho com listras brancas e calcei sapatilhas vermelhas, penteei os cabelos - que estavam milagrosamente perfeitos, ainda bem - e me olhei no espelho. Louis ficaria orgulhoso da roupa que escolhi para começar meu dia.
  Recebi uma outra mensagem assim que sai do banheiro.

  "Filha da puta, você resolver não vir na aula logo no seu aniversario, é isso mesmo?! -A"

  Ri da revolta do André e respondi.

  "Ué meu bem, hoje eu possoooooooooo! -F"
  "Lindinha você, hein? Só pra avisar que temos planos pra hoje a noite! -A"
  "Temos?! Uaaaaaaaau! O que é? -F"
  "Eu e o pessoal reservamos uma mesa naquela pizzaria que você gosta... Não é o seu presente, okay? É só porque você tinha dito que não ia fazer nada e nós achamos que essa data não podia passar em branco! -A"
  "Que perfeitooooooooooooss! Obrigada, de verdade! -F"
  "Esteja mais que linda às 20h, você vai comigo hahaha -A"
  "Ah pf, eu sou mais que linda! Mas porque vou com você? -F"
  "Okay, então esteja absurdamente mais que linda... Ué, porque sim kkkkk temos que terminar o que começamos ontem... -A"
  "Hahahahahahahahah soooooooonha loirinho, SONHA! -F"
  "Sonhei ontem e foi bom demais! Quer que eu te conte dai a gente torna realidade? -A"
  "Idiota... 20h, estarei absurdamente mais que linda, agora vai prestar atenção na aula menino! -F"
  "To no recreio bonitona! -A"
  "Vishe, seus amigos não vão gostar muito de você estar conversando comigo... -F"
  "Meus amigos não tão nem ai, agr minhas amigAs...! -A"
  "Aiai, que convencido... Vai lá, tenho que comer alguma coisa, acabei de acordar ((: -F"
  "PREGUIÇOSA! Okay, 20h, não se atrase! -A"

  Desci e vi que minha mãe tinha feito bolo de cenoura com calda de chocolate, o que realmente me animou mais ainda. Minha boca estava cheia quando recebi mais uma mensagem.

  "Parabéns pra irmã mais linda e princesa de todas!!! Eu te amo mais que tudo garota, estou morrendo de saudades de você! Faria de tudo pra estar aí com você agora, mas você sabe que é difícil... Espero que entenda. Feliz 17 anos e JUÍZO! Te amo, te amo, te amo... Amo você. xx Matt"

  Lágrimas finas rolaram pelo meu rosto quando terminei de ler. Matt havia se lembrado... É claro que ele jamais se esqueceria, mas sua mensagem me deixou realmente feliz. Extremamente feliz. Talvez meu status de humor no meu aniversário estivesse começando a mudar para feliz.

  Harrys POV

  – Ai Hazz, por favor! - Mary suplicou - Nós não saímos todos juntos há um tempão. Vamos sair, destrair... - ela me olhava com os olhos brilhando parecendo uma criança a ponto de chorar.
  – O Harry esta negando uma saída? Ainda mais para uma boate? - Liam apareceu no quarto. - Oi? - revirei os olhos. Por que ninguém me entendia?!
  – Harry, você não anda bem e isso não é de hoje... - Mary começou com sua típica voz de sou responsável e inteligente. - Mal para em casa, tem passado semanas em Holmes Chapel, não fica e nem sai mais com a gente e ainda nega qualquer contato com a sua melhor amiga!
  – Porra Mary, não passa pela sua cabeça que eu NÃO quero ficar aqui, NÃO quero sair ou ficar de bobeira com vocês e que eu QUERO ir pra casa da minha mãe e ficar por lá?! - gritei. Ela se esquivou e Liam, que estava um pouco afastado, também.
  – E a Fernanda? - ela sussurrou me atingindo no fundo e me lançando aquele olhar cúmplice.
  Desde que ela foi embora, eu tenho ao máximo tentado não pensar nela. Mas era sufocante, torturante, injusto. Eu sabia que não seria fácil depois que ela fosse, mas por que não pode se quer comentar antes para eu - tentar - me preparar psicologicamente para isso? Por que ela optou por falar que iria embora dois dias antes da partida?
  – Harry... - Mary disse se aproximando de mim. Senti meus olhos úmidos, a visão ficava meio embaçada por conta das lágrimas. Malditas lágrimas que insistiam em sair de meus olhos.
  – Que droga, Mary. - a abracei tentando preencher o vazio dentro de mim. Ela era especial para mim, uma amiga especial que sabia do meu mais profundo segredo. Eu, sem dúvida, a amava, mas não era a mesma coisa. Faltava uma magrela bobona entre meus braços... Senti Liam encostar em meu ombro de leve, mas continuei com os olhos fechados.
  Ela desfez o abraço e segurou meu rosto com as mãos.
  – Para de se fechar... É sufocante pra todo mundo te ver tão deprimido. - sorri triste e assenti. As lágrimas não desciam pelo meu rosto, mas eu ainda o sentia úmido.
  – Tá, mas... Eu posso não ir com vocês hoje?
  – Ai seu bobo, - ela bagunçou meu cabelo com um sorriso divertido - pode.
  – Mary eu já to pronto v... - Niall entrou no quarto e eu limpei meu rosto rapidamente. - Vish Styles, se continuar assim vai perder o custume... - ele brincou. Apenas sorri sem graça e me joguei de cara no travesseiro.
  – Deixa ele aí hoje... - ouvi ela responder e depois os passos dos três para fora do quarto. Olhei para o relógio do celular: 09:54pm, 7 de Agosto de 2012. Aniversario da Fernanda.

  Flashback ON - um ano antes.

  Olhei no relógio do celular: 11:59pm, 6 de Agosto de 2011. Menos de um minuto.
Desbloqueei o telefone e digitei uma mensagem rápida: “Sai na janela. Feliz aniversário. Ily xx.” Esperei ate o relógio marcar 00:00 e enviei. Logo a vi aparecer na janela e liguei as luzes. Um gigante sweet 16 Feeh estava escrito com luzes de neon em seu jardim. Ela exibiu um sorriso fofo e saiu da janela.
  – Vai acordar os vizinhos com uma luz tão forte... - ela murmurou saindo pela porta de casa.
  – Deixa os vizinhos. É seu aniversário! - sorri e a abracei. - Aposto que ganhei de todo mundo...- disse convencido.
  – É, você foi o primeiro a me dar parabéns. - ela riu e se soltou do abraço.
  – Viu? Sou o mais especial, mereço destaque no seu aniversário. - rimos juntos.
  – Brigada Harry...
  – Shhh, não acabou ainda... - disse sorrindo e me afastei indo ate uma moita e pegando um gigante buquê de tulipas vermelhas que havia deixado antes. Ela viu as flores e sorriu de orelha a orelha.
  – Awwwwwn Harry! Tulipa! Eu amo tulipa! - ela me abraçou e lhe entreguei o buquê.
  – Tem que ser especial para uma pessoa especial, não é mesmo?
  – Você quer me matar do coração, Styles?!
  – Não, não hoje. - brinquei enquanto acariciava seus rosto. Ela era tão linda... Sua pele era tão macia e delicada, seus olhos brilhavam junto às suas flores prediletas e ao letreiro neon, seu largo e feliz iluminava tudo ao redor. Tão linda. Se não fosse minha melhor amiga desde sempre... Afastei essa cogitação da minha cabeça, eu não queria voltar a pensar nisso. - Tem mais coisa programada pra hoje.
  – Tipo...?
  – Tipo, ir no Milkshake City e pedir um misto de Nutella com Ovomaltine grande e um de morango com calda de framboesa. Tipo, dar uma volta no London Eye e se sentir no topo do mundo. Tipo almoçar na sua casa porque a comida brasileira da sua mãe é a melhor EVER. Tipo terminar a noite indo pra uma boate qualquer com os amigos e beber até ficarmos rastejando pelo chão de tão bêbados. Tipo fazer com que esse seja o melhor aniversário de todos os anos. - o seu sorriso aumentou assim que terminei de falar. Eu sabia que tinha falado os programas que ela mais gostava de fazer, e juntá-los todos no dia do seu aniversario não poderia ser mais perfeito pra ela.
  – O melhor de todos... Melhor que do ano passado e pior que do ano que vem, não é mesmo? - eu apenas assenti com a cabeça e a abracei. Seu buquê de flores caiu no chão, mas nós ficamos ali nos abraçando pelos primeiros minutos de seu aniversario de 16 anos.

  Flashback OFF.

  Por que tudo tinha que mudar? Esse seria seu 10º aniversário que passaríamos juntos e era pra ser o mais perfeito até agora. E ela não estava aqui. Afundei mais minha cabeça no travesseiro derrotado. Eu sentia falta dela. Muita. MUITA.

  Marys' POV

  – Se existe um casal fofo nesse mundo, é a Laine e o Niall... - Danielle murmurou enquanto entrávamos na área VIP da boate. Niall e Laine se sentavam em uma mesa sozinhos e ela ria de alguma coisa que ele disse.
  – Por que tem que se excluir de todo mundo? - resmunguei.
  – Ciúme? - Perrie perguntou rindo.
  – Muito. Mas anyway.
  – Mary amor, você nos deve umas palavrinhas sobre o Tom... - Eleanor disse.
  – Ah gente, vocês sabem, a gente anda saindo... - murmurei tímida. - Falando nele... Cadê aqueles meninos?
  – Foram pegar as bebidas pra gente... - Perrie respondeu. - E, não muda de assunto.
  – Depois da festa do dia 23, a gente anda saindo. Mas não muito por causa das olimpíadas... Vocês sabem.
  – Ele morre de treinar... - Dani disse - Pois é. Mas ele parece gostar de você Mary.
  – Gente, não é nada sério, por favor... - exclamei e os meninos chegaram com as bebidas. Cada um se sentou do lado da respectiva namorada e Tom, do meu.
  – É estranho estar em uma festa assim sem o Harry... - Eleanor disse.
  – Verdade... Na verdade, eu acho que nós não saímos em uma festa de sexta à noite desde que a Fefa voltou pro Brasil... - disse e suspirei.
  – Festa de sexta à noite? - Tom perguntou.
  – É tipo uma tradição nossa. Toda sexta à noite temos que ir em uma festa juntos por que durante a semana era difícil por causa da escola da Fefa e dos ensaios dos meninos.
  – Falando nela... - Danielle tomou a palavra - Ele ligou pra ela hoje?
  – Não. - Louis disse num tom triste.
  – Que aconteceu com ele?
  – Ah, ele sente falta dela. Todo mundo sabe que o maior porto seguro dele era a Fernanda. - Liam disse.
  – ANYWAY! - exclamei. - Vamos mudar de assunto?

  {...}

  Umas duas horas já haviam se passado e todos conversávamos animados. Perrie e Zayn já tinham descido para a pista de dança e já estávamos todos na quarta rodada de bebida.
  – Então? - Tom disse do meu lado - Quando você vai pra escola?
  – Em setembro, depois do aniversario do Niall...
  – Animada?
  – Na verdade, eu prefiro estar em Cancun ou Roma... Não sei se aguento outra rodada do quesito escola. - resmunguei e rimos juntos.
  – E eu não sei se aguento ficar por muito tempo mais dentro d'água... - ele suspirou.
  – Aah para, você é tipo um orgulho pro país todo. Tá indo muito bem nas olimpíadas...
  – Mas cansa...
  – Para de moleza homem! - dei um tapa de leve em seu ombro.
  Ele soltou um resmungo rindo e me abraçou pela cintura e juntou nossos lábios em um beijo calmo e quase sentimental. Afastamos nossos lábios sorrindo e voltei o olhar para a mesa onde todos os quatro nos encaravam. Soltei uma risada fraca.
  – Eu... Tenho que ir. - Tom disse olhando no relógio - Treino amanhã cedo - ele explicou e se desculpou com o olhar.
  – Tudo bem cara. - Liam começou - Boa sorte amanhã.
  – Eu desço com você... Quero achar a Perrie pra pegar meu... Batom na bolsa dela.
  – Ah, ok. - Tom disse e nós levantamos da mesa sendo seguidos pelos olhares dos outros.
  – Estranho... - ele comentou rindo.
  – Muito. - ri de volta.
  Ele tomou minha mão e descemos até a boate onde contornamos até chegarmos na porta.
  – Ér, foi mal não poder ficar mais... Eu tenho treino e...
  – Hey, nada a ver. - disse sorrindo - Vai la campeão! - rimos juntos e selei nossos lábios.
  – Te ligo amanha tá?
  – Ok. Cya.
  – Cya. - ele disse e saiu. Bufei e comecei a andar pela boate a procura da Perrie.

  {...}

  – Olha quem esta aqui... - uma voz conhecida disse atrás de mim. Eu já havia desistido de achar Perrie no meio da multidão e tinha sentado em uma das mesas do bar sozinha.
  – Tá me zuando né? - exclamei quando me virei. O cara da festa da gravadora estava parado ali atrás de mim sorrindo irritantemente.
  – Eu pareço bem real... - ele disse rindo e se sentou do meu lado.
  – Não deixei você sentar aí.
  – Não sabia que mandava aqui...
  – Você me irrita! - exclamei já estressada.
  – Por que? Deve ser a terceira vez que a gente se encontra - ele disse com aquele sorriso irônico e irritante. Aquele cara era lindo, tinha um sorriso lindo, olhos irritantemente hipnotizantes e me irritava muito fácil.
  – Por que você tem um sorriso irônico irritante e fala desse jeito convencido...
  – Claro que sim... - ele murmurou - Me diz uma coisa, desde quando é amiga do One Direction?
  – Me espionando?
  – Me desculpa se eu estava perto da porta e você entrou acompanhada deles e eu vi...
  – Perdoado por me espionar... - brinquei - Conheço eles desde dois dias depois da formação da banda...
  – Que bonitinho... - ele ironizou. Me levantei do bancada e ele me acompanhou.
  – Olha, eu acho melhor eu subir porque...
  – Sabe o que ME irrita? - ele me interrompeu - Te encontrar por acaso e não saber seu nome - ele sussurrou no meu ouvido.
  – Ér... - dei um passo para trás. Estávamos na frente do bar, pessoas passavam o tempo todo e a música estava alta. Eu sentia certa tontura e, alguma coisa me dizia que a causa era aquele homem na minha frente - Eu tenho que voltar pra mesa... - me virei para a direção da área VIP, mas ele segurou meu braço.
  – Posso saber seu nome?
  – Hmm não. - soltei sua mão e me apressei para a mesa.

  {...}

  – Viram as companhias agradáveis da noite? - ouvi Louis dizer enquanto me sentava na mesa ao lado da Perrie.
  – Vi. - Zayn resmungou.
  – Não deem pretexto pra confusão tá legal?! - Liam disse.
  – Liam, você sabe muito bem que nós nunca começamos essas coisas. São sempre eles que falam da gente. - Zayn disse e tomou um gole da bebida.   – E falando no diabo... Ele aparece. - disse Louis.
  – O que ta acontecendo? - perguntei confusa enquanto os três fitavam um ponto atrás de mim.
  – Nada, - Zayn desviou o olhar para mim. - são só os idiotas do The Wanted que estão aqui hoje...
  – A banda que fala mal de vocês?
  – É. - Louis resmungou e comeu um dos pestiscos da mesa.
  Franzi a testa e virei para trás. Puta que pariu foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. Lá estava ele, alto, lindo, com um sorriso irritantemente lindo e ao lado do Max George e Nathan Sykes. Claro que eu não iria perceber isso. Minha inteligência loira não iria retirar esse fato da minha memória, eu não dava importância porque não era importante, mas estava ali, o cara que aparentemente me perseguia e me bambeava por dentro.
  – Puta merda... - murmurei e me virei para frente.
  – Mary? - Dani perguntou provavelmente percebendo meu estado de choque. - Tá tudo bem?
  – Ah? Não... Ér... Eu... Hm... - eu gaguejava o todos os olhares da mesa eram pra mim. - Eu acabei de lembrar que não enviei um documento muito importante pra universidade... - disse e me levantei.
  – Mas são quase duas da madugada.
  – Ér... Eu tenho que achar ainda... E... Eu vou pra casa agora.
  – Mary, são quase duas da madrugada, você não pode ir pra casa sozinha e além disso, você tá na casa do Niall... - Eleanor disse.
  – Mas é urgente! Ai gente, foi mal mesmo. Eu... Eu tenho que ir. Nossa, que burra eu! - disse rindo irônica tentando agir normalmente.
  – Tá bom... Até amanhã. - Perrie disse suspeita. Me despedi de todos, acenei de longe para Niall que me lançou um olhar confuso e saí da área VIP.
  Droga! Droga! Droga! Como eu sou burra! Como eu deixo passar um detalhe desse?! É óbvio que ele me irritava, que me enlouquecia. Ele era um deles. The Wanted porra!
  Eu caminhava rápido para a saída agradecendo a Deus por não ter vindo de salto. O caminho para a porta passava pela boate ou seja, milhares de pessoas passando, aglomeração, pessoas bebendo, gritando e Where Have You Been da Rihanna explodia meus tímpanos de tão alta e o ar abafado dificultada minha respiração. Já estava tonta e para minha alegria, eu já avistava a saída.
  – Ai meu Deus que droga! - exclamei para mim mesma e pulei para fora da boate. Ar. Eu finalmente conseguia respirar. Mas, chovia forte e tinha pessoas no lado de fora. Maravilha. O aquela multidão do lado de fora era da fila do táxi.
  Bufei e decidi ir a pé. Talvez conseguisse um táxi na rua ou qualquer coisa. Eu não queria ficar ali parada e, mesmo considerando que eram quase duas da madrugada e que ninguém sabe se o Jack Estripador não existe mais, eu segui pela rua.
  A chuva caía forte me ensopando e ensopando minha roupa, meus cabelos já colavam em meu rosto e o clima estava meio frio. Eu, definitivamente não merecia viver nesse mundo considerando o tamanho da minha burrice.
  – Hey! - ouvi alguém chamar atrás de mim.
  Não, eu não podia enlouquecer agora. Continuei andando na chuva e tentando reconhecer as ruas. Pelas minhas contas, faltavam uns 6 ou 9 quarteirões para chegar no meu apartamento. Foda-se a Dafne e o namorado estranho dela.
  – Hey! Espera! - a voz se aproximava e logo ele já estava na minha frente. Molhado também - Por que saiu na chuva? É doida? - respirei fundo tentando me controlar.
  – Sim! Eu sou louca, maluca, idiota, loira! - exclamei e ele se esquivou. - Pode sair da minha frente e me deixar ir pra casa?
  – Mas tá chovendo...
  – Exatamente, você devia entrar antes que pegue uma doença e não consiga mais cantar! - gritei.
  – Am... Tá tudo bem? - ele perguntou confuso.
  – Não. Não esta tudo bem James McGuiness! De boa? Dói falar o nome? É isso que as pessoas normais fazem quando se conhecem!
  – Também acho... E... Você não me conhecia? - ele perguntou surpreso.
  – Não te reconheci esse tempo todo. Só agora que os meninos comentaram que vocês estavam lá dentro...
  – Nossa...
  – Desculpa Sr. Figura Pública. - ironizei.
  – Voce tá brigando comigo por que?
  – Porque você é um dos idiotas da banda que fala mal dos meus melhores amigos.
  – Isso é motivo?
  – Sim e Argh! Você é muito chato!
  – Ta... Olha, não vou te deixar ir embora sozinha na chuva, Mary.
  – Como sabe meu nome?
  – Ouvi seus amigos te chamarem. - ele deu os ombros.
  – Vai continuar me perseguindo?
  – Eu não te persigo! - ele exclamou. - Você que sempre aparece!
  – Desculpa se eu tenho uma vida!
  – Perdoada. - ele deixou escapar uma risada. - Posso te levar em casa?
  – Não... A chuva já está diminuindo e eu não moro tão longe. - a chuva já dava sinais de que logo iria acabar.
  – São duas horas.
  – Não sou o tipo do Jack Estripador... - murmurei.
  – Claro que não. Mas caso apareça um assaltante ou um maluco estuprador, eu vou com você.
  – Tá. - desisti e saí andando.
  Quatro quarteirões e meio já tinham passado e, tudo isso, com James McGuiness ao meu encalço. Eu tentava manter o controle, mas o simples fato de ele estar próximo já me estressava. Ele estava, impecavelmente lindo e molhado e eu devia estar como um panda.
  – Você sempre persegue mulheres e paga de fodão assim ou é tratamento especial da melhor amiga do One Direction?
  – Pela milésima vez, eu não te persigo. E eu só descobri que você se quer conhecia eles hoje. Na verdade, - ele se virou para mim - a gente se conheceu só hoje.
  – Se você diz... Anyway.
  – Então... Faz o que da vida?
  – Vou entrar pra universidade mês que vem.
  – Universidade? Quantos anos você tem? - ele me olhou curioso.
  – É... Eu faço 19 em dois meses.
  – 18 anos?! Eu podia jurar que você tinha mais de 20! - Jay riu e eu acompanhei.
  – Para... Eu tenho carinha de ser nova. - disse com a voz meiga o que o fez rir.
  – Tem... Muita. - ele irozinou e riu.
  – Para! - disse rindo e dei um tapa de leve em seu ombro.
  – Mas... Vai pra qual universidade? - arqueei uma sobrancelha - Qual é! Sou uma pessoa curiosa.
  – Cambridge. - eu disse meio envergonhada e ele me fitou surpreso.
  – Wow. Essa eu, definitivamente, não esperava.
  – Ninguém espera. Mas... E você? Jay McGuiness, o que faz da vida?
  – O que parece que eu faço da vida?
  – Hmm... Nada. - disse.
  – Nada?
  – É. Você tem cara daqueles caras que só sabem jogar vídeo-game, passear com o cachorro e malhar...
  – Por que? - ele perguntou.
  – Porque sim.
  – Tá, e você tem cara daquelas patricinhas qua choram quando a unha quebra. E que são extremamente burras.
  – Wow. As aparências enganam. Eu estudo em Cambridge e... Minha unha está quebrada. - mostrei uma das unhas pra ele - Mas eu sou loira e de acordo com os meninos, isso me faz estupidamente lerda.
  – Também sou meio lerdo...
  – Mas anyway. O que você realmente faz da vida?
  – Boyband. Pensei que soubesse como é já que convive com o One Direction...
  – Viajens, estúdio, garotas, festa e bebida?
  – Basicamente - nos rimos juntos.
  – Ok... Hm. Meu apartamento. - eu parei em frente a fachada do prédio. Já não chovia mais.
  – Ok então... Boa noite. - ele se despediu e deu meia volta.
  – Hey James! - ele se virou.– Obrigada... O papo foi bom apesar de você me estressar... - ele gargalhou.
  – Nada. E... A gente se vê.
  – A gente se vê. - sorri para ele e entrei no prédio.

  Harry's POV

  Suspirei profundamente quando vi o relógio marcar 1:20am. O aniversario da Fernanda tinha e não tinha acabado. Tinha pra mim, porque já passara de meia noite, mas pra ela ainda eram 9:20pm, ela ainda tinha mais duas horas e quarenta minutos de aniversario.
  Resolvi abrir o twitter e, por mais que me doesse muito, comecei a ver como ela tinha passado seu primeiro dia com 17 anos. Haviam algumas fotos dela com pouco amigos em uma pizzaria, os mesmos de sempre das suas fotos. Seu sorriso era feliz, muito feliz, mas seu olhar era... Vazio. Como se faltasse alguma coisa (ou alguém) lá. "Você", uma vozinha sussurrou na minha cabeça, mas tratei de ignorá-la. Aquele loiro estava lá. Ele sempre estava lá. Bem ao lado dela, com um braço do redor de seu ombro numa pose possessiva e um sorriso largo no rosto. Irritante. Eu nem o conhecia, mas pra mim ele era extremamente irritante, vai entender...
  Fui tirado dos meus pensamentos sobre ela e sua comemoração do aniversário quando a campainha da minha casa tocou. Desliguei rápido o computador e desci pra ver quem era. Não podia ser um dos meninos, eles não voltariam de uma boate tão cedo, e que outra pessoa seria louca o suficiente para bater na porta da casa de outra às uma da manha?
  Assim que abri a porta encontrei uma Lelê um pouco molhada por causa da chuva que caia lá fora, sacudindo sua sombrinha preta e espirrando água para todos os lados.
  – O que você ta fazendo aqui? - perguntei sem me preocupar em ser gentil. Ela não se importaria.
  – Oi pra você também, Styles. - ela respondeu, bateu os pés no tapete da entrada e entrou, carregando uma sacola branca de supermercado cheia de coisas desconhecidas por mim.
  – Serio Lelê, não preciso de companhia... - fui logo me adiantando, imaginando que aquele fosse o motivo de ela estar aqui.
  – Ótimo. Mas eu preciso... E como todos saíram hoje e eu não quis ir, então eu pensei: por que não o Harry? E aqui estou eu. - ela abriu um largo sorriso e se sentou no sofá, deixando sua sacola em cima da mesa. Ela também carregava uma mochila rosa de florzinhas. Ótimo, ela iria dormir aqui.
  – Por que não o Josh? - perguntei fazendo-a corar.
  – Hmm, ele não me pareceu a pessoa certa nesse momento...
  – E por que não?
  – Porque você está compartilhando da mesma dor que eu. - ela falou olhando nos meus olhos e dando ênfase no "você".
  – Tudo bem, pode ficar... Mas o que é isso? - me referi à sua sacola de supermercado.
  – Aaah comprei dois potes de sorvete e aluguei uns filmes pra gente ver hoje!
  – O que?!
  – Ué, qual é o problema?
  – Sorvete? Filmes? Leticia isso é programa de menina!
  – E eu sou o que, Harry? - ela pôs as mãos na cintura e riu.
  – Uma menina! Mas eu não sou!!
  – E dai? Sei que você já fez isso várias vezes com a Fernanda quando ela estava deprimida...
  – Sim, mas...
  – Mas eu não sou a Fernanda, era isso que você ia dizer? Bom, sei que não sou, mas ainda assim estou deprimida, estou aqui com você e quero que você assista filmes tomando sorvete comigo. - ela falou teimosa e eu assenti com a cabeça, me sentando do seu lado no sofá.
  – Tudo bem... Qual filme temos pra hoje?
  – A Proposta! - eu e a melhor amiga da minha melhor amiga deprimidos, vendo uma comédia romântica e tomando sorvete. Essa sim seria uma memória para se guardar pela vida inteira.

  {...}

  – Não, para! - ela gargalhava - A melhor parte foi quando ela dançou ao redor da fogueira!
  – Tá louca?! - eu ri também - Com certeza foi quando ela quis trocar o cachorro pelo celular!
  – Não, não, espera! Foi quando ela teve que usar aquele computar fudido! - dessa vez nós dois gargalhamos. Acho que sorvete de chocolate tinha um efeito muito mais forte - e gostoso - que o álcool.
  – Nãaaaao, o melhor foi quando ela teve que pedir ele em casamento ajoelhada!
  Ficamos mais uns cinco minutos rindo e relembrando nossas partes favoritas do filmes, e já eram 3:30am quando ela me perguntou:
  – Mas e ai, me diz o que ela falou...
  – Ela quem?
  – A Fernanda ué.
  – O que ela falou quando?
  – Hoje, quando você ligou pra ela!
  – Ah, isso... - a verdade é que e ainda não tinha ligado pra ela por motivos que não sei explicar. Só eu sei o tanto que sinto falta de ouvir sua voz calma e sonolenta no telefone de noite. Mal tive tempo de bolar uma desculpa por não ter ligado pra ela, pois Letícia foi logo dando tapas no meu braço.
  – Eu não acredito Harry, não acredito que você fez isso! Na verdade, não acredito que você NÃO fez isso!
  – Você queria que eu dissesse o que?! "Ah Fernanda, sei que não nos falamos a dois meses, mas eu só liguei pra te desejar os parabéns, ta?" Você queria que eu falasse isso?!
  – Seria melhor do que não falar nada! Você imagina como que ela tá agora?! O melhor amigo dela não lhe desejou parabéns, como VOCÊ se sentiria, Styles?!
  – Você imagina como EU estou agora?!
  – Sim, eu imagino, porque, de novo, eu estou passando pela mesma coisa que você! Mas que porra Harry Styles! - ela gritou, fechou os olhos e pôs as mãos na cabeça, como se tivesse tentando pensar em alguma coisa. E ela realmente pensou, porque quando abriu os olhos me entregou o seu celular, dizendo:
  – Liga. Agora. Comigo aqui do seu lado porque eu quero ouvir.
  – Mas Letícia...
  – Mas Letícia uma porra! Você vai ligar agora Styles, ou eu mesma ligo e te faço passar vergonha por telefone!
  – Tudo bem, tudo bem... Eu ligo.
  Peguei seu celular e vi que o novo número da Fernanda estava na discagem rápida. Apenas apertei no número e fiquei olhando para a tela antes de colocá-lo no ouvido. A foto era uma dela, da Lelê e minha. Eu me lembrava muito bem quando ela tinha sido tirada, no seu aniversário do ano passado. Lembrava também do que ela havia falado antes de tiramos aquela foto "Quero uma foto com as duas pessoas que eu mais amo nesse mundo inteiro! Venham cá, meus fudidos!". Eu sentia falta dela me chamando de fudido. Eu sentia falta dela por completo. A cada toque de chamada do telefone o meu coração falhava. E quando ela atendesse - se ela atendesse - o que eu diria? Eu seria tão cara de pau de apenas dar parabéns?

  Ligação ON

  – Alô? - ela atendeu com sua habitual voz noturna. Nada parecia diferente, apenas a língua que falava - Alô? Lelê? - ela perguntou, mas dessa vez já em inglês.
  – Letícia? - sua voz assumiu um tom preocupado pelo silêncio que vinha do meu lado - Letícia! Você está ai?
  – Oi Feeh... - minha voz saiu involuntária e completamente falha. Caralho, o que eu tinha feito? Pude ouvi-la prender sua respiração do outro lado a linha.
  – Harry... - ela suspirou.
  – Ér... Hm... Você se lembra da minha voz... - QUE PORRA FOI ESSA STYLES?! Nossa cara, você é MUITO burro! Ela e a Lelê deram exatamente o mesmo riso debochado, uma de cada lado do meu ouvido. Ok, isso é telepatia.
  – Nunca me esqueci... E você, se lembra da minha?
  – Doce e rouca de sono, como eu poderia me esquecer?
  – Obrigada... - pude jurar (ou desejar) que ela sorriu - Mas... Qual é o motivo de sua ligação? Tem alguma coisa pra me falar? - estúpida, ela é tão incrivelmente metida que chega a ser estúpida. Lógico que ela sabia o porquê da minha ligação.
  – Hmmm... Ahn... Feliz 17 anos.
  – Obrigada, achei que você não fosse falar isso nunca ou... - ela hesitou ao falar e engoliu seco.
  – Ou o que?
  – Ou que tivesse me esquecido. Quer dizer, esquecido do meu aniversário.
  – Não, não me esqueço de nada. Parabéns, parabéns, parabéns... - fui repetindo até ouvir seu riso.
  Não sei quantos minutos ficamos calados, apenas ouvindo a respiração um do outro. Meu Deus, como eu tinha saudade daquela garota!
  – Harreh? - ela me chamou pelo meu apelido tão... Dela, e pude jurar que meu coração derreteu. Não sei de onde tirei forças para responder com um simples:
  – Hmm?
  – Ah, só queria ter certeza de que você não estava me fazendo segurar o telefone a toa. - nós rimos juntos.
  Pedi licença silenciosamente para a Lelê e ela assentiu com a cabeça, então subi para meu quarto, com o telefone ainda no ouvido, e me sentei na minha poltrona na frente da janela e fiquei encarando a lua sem falar nada.
  – Feeh? - foi a minha vez de chamá-la.
  – Sim?
  – O que você está fazendo agora?
  – Só deitada na minha cama, conversando com você e encarando o teto. - ela riu - Por que?
  – Tem alguma janela ai perto?
  – Tem sim, por que?
  – Vai pra ela...
  – Pronto...
  – Agora olha pra Lua... O que você vê?
  – Lua cheia, por que?
  – Eu também. Sinto como se estivéssemos mais próximos agora... - falei pensativo e ela soltou um suspiro sofrido do outro lado. Mas eu podia jurar que ela, assim como eu, ainda olhava pra lua.
  – Harry?
  – Oi.
  – Eu... Eu estou com saudades. - sua voz estava mais baixa e melancólica.
  – Estou morrendo sem você aqui, Fernanda. - acho que, em dois meses, essa foi a coisa mais sincera que eu disse. A que falei de coração, mente, corpo e alma.
  – Por favor, não diga isso... - ela falou e soluçou. Não Fernanda, você não pode chorar quando eu não to ai pra te abraçar e dizer que vai ficar tudo bem.
  – Então por favor não chora...
  – Tudo bem, vou tentar... - ela disse contendo mais um soluço.
  – O que foi Feeh? - perguntei reparando na mudança de sua voz. Agora não era mais melancólica, era triste.
  – Como assim?
  – Você parece triste...
  – Bom, já disse que estou com saudades, muitas saudades...
  – Tem mais alguma coisa, me diz o que que é.
  – É que... Bem... Nos anos anteriores... Todos os anos desde que nos conhecemos você sempre foi o primeiro a me dar os parabéns. - ela não chegou a dizer, mas eu entendi muito bem o motivo de sua tristeza. Dessa vez eu fui o último, e quase chego a não dar.
  – Mas dessa vez eu fui o último... - repeti meu pensamento em falas - Não deixei de ser o mais importante.
  Ela sorriu e bocejou e eu também. Então olhei rapidamente para o relógio: 4am.
  – Pronto, quatro da manhã e meia noite, agora sim seu aniversario acabou oficialmente.
  – E estou com 17 anos e um dia, me sinto uma velha. - ela riu alto.
  – Nossa, então eu com meus 18 e alguns meses sou um idoso. - eu ri e bocejei - Bem, acho que tenho que dormir...
  – Eu também... Me liga amanhã? - ela pediu e não pude evitar que um sorriso se abrisse no meu rosto. Claro que eu ligaria, a hora que ela quisesse.
  – Sim, com certeza. Boa noite, Feeh.
  – Boa madrugada Harreh. Eu amo você.
  – Eu também amo você, só que muito mais. - ela sorriu, mandou um beijo e desligou. Agora eu estava feliz. Não completo, porque ela não estava aqui, mas ainda assim feliz. E percebi que o que eu havia dito a alguns minutos atras era realmente verdade: sinto como se estivéssemos mais próximos, de novo.

XXII

  Let's play a love game
  Play a love game
  Do you want love?
  Or you want fame?
  Are you in the game?
  Through the love game
  Let's play a love game
  Play a love game
  Do you want love?
  Or you want fame?
  Are you in the game?
  Through the love game

  Mary's POV

  - Mary, como você me manda uma mensagem falando "SOS Starbucks" e para de responder?! - Perrie entrou afobada na loja e se sentou na cadeira a minha frente.
  - Foi mal... - respondi em um tom relativamente baixo e beberiquei um pouco do meu suco.
  - Foi m... Mary, tá tudo bem? - ela se preocupou.
  - Não sei...
  - Como assim?
  - Eu tô... Confusa.
  - Pois é. Eu também! - ela disse impaciente e eu revirei os olhos.
  - É o Tom.
  - O que tem o Tom?
  - Já tem umas quatro semanas que a gente tem saído e eu acho que ele tá gostando de mim... - respondi me esquivando.
  - Am... Pera. - ela balançou a cabeça tentando entender. - Vocês tão saindo a quatro semanas. Fazendo coisas como andar no parque e não fazer nada na casa um do outro. Fora que sempre que ele não está treinando, vocês estão juntos, inclusive você vai assisti-lo nas olimpíadas. Você quer que o cara não sinta nada com você?
  - Perrie não seja boba! - disse tentando esconder minha vergonha. - Ele anda ficando mais fofo e sentimental comigo! - bati as mãos na mesa.
  - Mary, onde...
  - Puta merda Perrie! - a interrompi impaciente. - Você é mais loira e lerda que eu! - ela me lançou um olhar assustado. - Eu não sou de me apegar. Você me conhece desde quando eu tinha 14 anos e me mudei pra Londres, garota! - ela concordou a cabeça em entendimento. - Eu não sou de me apegar. O Thomas foi um avanço e tanto e a gente tem saído por menos de um mês apenas. - respirei fundo e percebi que ela finalmente entendia tudo que eu falava. - Eu tô com medo de ele estar gostando de verdade de mim porque eu não gosto dele desse jeito e a última coisa que eu quero é magoar alguém.
  - Calma. - ela tomou a palavra. - Eu não duvido que ele goste assim de você porque isso tá meio claro no olhar dele. - ela respirou fundo e era visível sua luta para achar as palavras certas. - Eu só não entendo o porquê que isso é ruim. Quer dizer, você pode estar gostando dele e apenas estar negando isso pra sim mesma.
  - Não Perrie. - neguei com a cabeça. - Eu não sinto nada por ele. Nada. Nem faíscas ou arco Iris ou chuva de purpurina...
  - "Chuva de purpurina"? - ela riu e lhe lancei meu olhar assassino. - Tá, ok, parei. Você não gosta dele. Mas me conta, por que tá saindo com o cara até hoje?
  - Porque ele é um cara legal... - respondi envergonhada.
  - Mary, não se usa as pessoas. Nem você que tem um coração de pedra faz isso...
  - Eu não tenho um coração de pedra! - reclamei.
  - Você não chorou no final de "Um Amor Pra Recordar"!
  - Desculpa se eu não me emociono com ficção!
  - Beleza!
  - Anyway! - disse nervosa. - O que eu faço P.?
  - Seja sincera com ele.
  - Hey, eu não gosto de você, mas aceitei sair contigo por quatro semanas. Iai, como vai ser agora? - disse alterando minha voz e assumindo um tom irônico. - Que tal?
  - Hmm... Me emocionou. - ela limpou uma lágrima inexistente. - Sem coração! - Perrie voltou com o tom sério e me lançou um olhar nervoso. Dei os ombros.
  - Acho que vou terminar com ele... - conclui mordendo meu lábio inferior em dúvida.
  - Faça o que fizer, finja ter um coração. - revirei os olhos para uma Perrie orgulhosa de si. - Mas eu vou sentir falta, você tem andado fofa ultimamente.
  - Sem purpurina voadora lembra?
  - Anyway. - ela suspirou e deu os ombros. - Comida.

  Três cookies, alguns cupcakes e dois sanduíches já haviam passado da mesa para nossos estômagos e riamos como hienas. Já havíamos passado do assunto "vida real" onde discutimos sobre seu trabalho e minha escola e agora nós comentávamos das pessoas que estavam na loja. Nós riamos como hienas e fazíamos imitações estúpidas. Obviamente nos chamávamos muita atenção e eu jurei ter sentido um flash de câmera em nós.
  - Olha o bigode daquele cara Mary! - ela falou um pouco alto demais.
  - Shh fala alto mesmo celebridade! - bati em seu braço enquanto nós duas riamos como bêbadas. Eu começava a questionar se eu só havia tomado um café hoje.
  - Eu falo mesmo! - ela gritou e abaixou a cabeça assim que a lanchonete toda voltou os olhares para nós duas. Eu apenas levei minhas mãos para a boca na tentativa de abafar o riso.
  - Vamos parar de rir? - eu disse levando minhas mãos para minha barriga que chegava a doer.
  - No três. - ela respirou fundo. - 1... 2... 3! - paramos subitamente de rir.v   - O que a gente come? - perguntei olhando para o balcão.
  - Mais?! - ela perguntou assustada e eu ri um pouco de sua expressão. - Não. Ria. Mais! - ela disse me dando um tapa no braço a cada palavra.
  - Ta. Parei. - respirei fundo e voltei a olhar para o balcão. Eu não estava com fome. Estava com vontade de comer. Foda-se meu peso. A academia era perto da minha casa.   Croissant? Não. Mais um cupcake? Chega de doce pra você M.A. Talvez bolo... Hmm, o bolo de limão daqui é muito bom. Minha vontade de me bater cresce. "Quanta obsessão por comida Mary Anne." Maldito Niall Horan! Dou uma leve risada dos meus pensamentos e volto a concentração para o balcão de comida. Mas o que chama minha atenção não é a comida e sim costas que eu conheço. "Maldição!"
  - Oh droga. - exclamei e voltei o olhar para Perrie que me olha confusa.
  - Perrie! - James se aproxima da nossa mesa com dois copos de cappuccino nas mãos e um sorriso simpático. Sorriso irritante. Perrie sorriu para ele com aquele jeito doce dela.
  - Jay! - ela disse simpática levantando e lhe cumprimentando com um beijo na bochecha. De onde eles se conheciam?! - Wow! Não te vejo desde o ano passado.
  - Trabalho... - eles riem juntos. - Parabéns pelo single. Pelos dois. - ele ainda sustenta aquele sorriso "estou bambeando suas pernas". Será que o idiota não desconfia que o namorado dela não gosta dele?
  - Awn, brigada. - ela responde fofa. Que conversa bizarra é essa?! - Am... Jay essa é minha amiga, Mary Anne Watson. - ela aponta para mim.
  - Mary Anne Watson. - ele repetiu meu nome e eu me segurei para não revirar os olhos. - Prazer. - ele respondeu com um sorriso sapeca e eu me levantei com um falso e o cumprimentei como se tivéssemos acabado de nos conhecer.
  - Fiquei sabendo que vão lançar um novo single... - Perrie disse cortando nossa troca de olhares de fúria/sarcasmo.
  - Ah! Sim, mês que vem. - ele sorriu. Por que eu me apoiei na cadeira?!
  - Que ótimo! Nosso álbum sai em três meses.
  - Ah... A doce expectativa do primeiro álbum... - os dois riram e eu apenas observava aquele show de horrores.
  - Wow. Eu definitivamente sou uma inútil no mundo. - suspirei e os dois artistas riram de mim.
  - Nhoom minha Mary! - Perrie fez aquela voz ridícula e me sufocou com aquilo que ela chama de abraço. Meu olhar achou o de James que nos encarava divertido.
  - Perrie! - a afastei de mim e eu podia jurar a mim mesma que estava meio corada.
  - Fofo. - ele disse ainda divertido e eu rolei os olhos. - Enfim. Eu tenho que ir... - James apontou para a saída.
  - Ok. - Perrie disse e se despediu dele com um beijo na bochecha.
  - Foi um prazer novamente Miss Watson. - ele sorriu encantador e eu apenas lhe lancei uma expressão entediada.
  - Igualmente McGuiness. - me despedi dele e ele saiu.
  - Ele ficou a fim de você. - Perrie disse com exatidão e se sentou.
  - Claro que não! - respondi ofendida e me sentei no meu lugar.
  - Nãão... Ele ficou te lançando um sorriso atraente e você até que ficou balançada com o cara...
  - Perrie cale a boca ou eu mesma faço isso! - disse já começando a ficar estressada.
  - Anyway... - ela deu os ombros. - Vamos? Eu tenho que ir pro estúdio.
  - Já parou pra pensar que todos os meus amigos são cantores? - disse indignada dando ênfase no "todos". - Nunca sobra ninguém pra sair comigo. Eu sou uma plebéia sem talento e sozinha!
  - Deixa de drama Mary!
  - Tinha a Fernanda... Mas ela mudou para o Brasil! - subi o tom.
  - Shh! Sem crises agora! - ela tirou algumas notas da carteira e pós na mesa. Fiz o mesmo e sai do Starbucks com ela. - Eu tenho que ir. - ela beijou minha bochecha.
  - Tchau. - fiz bico.
  - Cya! - ela gritou da porta de seu carro. Coloquei as mãos no bolso de trás do meu short e segui pela rua.

  Feeh's POV

  O relógio ao lado da minha cama apitou. 10h de um sábado, 25 de Agosto. Mas dessa vez ele não me acordou, eu já estava acordada a mais ou menos uma hora, conversando com o Harry por mensagem. Conversas por mensagens, ligações com horas de duração, emails gigantes e, algumas vezes, chamadas no skype com Harry vinham virando rotina desde meu aniversário e nada poderia estar melhor.

  "O que você está fazendo? xx Harry"
  "Estou deitada e você? xx Feeh"
  "Também hahahah xx Harry"
  "Você reparou que essa foi a quarta vez que você perguntou isso e nós dois respondemos a mesma coisa?! kkkkkk xx Feeh"
  "Hmmm, na verdade não... Ah, mas fazer o que se somos preguiçosos, nér? xx Harry"
  "Exatamente! Meu Deus Hazz, somos tipo duas metades da laranja! xx Feeh"
  "Somos tipo panela e tampa. xx Harry"
  "Somos tipo carne e unha. xx Feeh"
  "Somos almas gêmeas! Hahaha xx Harry"
  "Somos irmãos gêmeos de idades e mães diferentes! xx Feeh"
  "Porra"
  "O que foi?!"
  "Você acabou com a graça da brincadeira, Fernanda! xx Harry"
  "Não acabei não! xx Feeh"
  "Acabou sim! A graça era ficar cada vez mais forte e você me vem com 'irmãos'?! Ah sua vadia... xx Harry"
  "kkkkkkkkkkkkkkkkk você queria que eu falasse o que exatamente?! xx Feeh"
  "Sei lá cara, tipo marido e mulher, sei lá... xx Feeh"
  "Aaaawwwwwn que bonitinho! Você, Harry Styles, aceita se casar comigo, Fernanda Araújo? xx Feeh"
  "Não. Porque eu que deveria fazer essa pergunta! xx Harry"
  "Machista! xx Feeh"
  "Cavalheiro*! xx Harry!"
  "Então faz logo a porra da pergunta, Styles! xx Feeh"
  "Ui, GROSSA! Eu, Harry Styles, te recebo Fernanda Araújo, como minha mulher e te prometo ser fiel, amar e respeitar, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a morte - ou a distância do Brasil e da Inglaterra - nos separe. Você aceita se casar comigo? xx Harry"
  "Harry... Faltou o 'na alegria e na tristeza'... xx Feeh"
  "Fernanda. Não. Estraga. O. Momento! xx Harry"
  "ACEITO! Hahahaha eu nos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. xx Feeh"
  "Liga o skype. xx Harry"
  "Por que? xx Feeh"
  "LIGA!"

  Apenas larguei o celular de lado e peguei meu notebook, mas fiquei deitada mesmo. Pareceu demorar séculos apenas para ele iniciar, mas logo quando fiquei online no skype, Harry veio logo me chamando.

  - Você tem um papel ai? - ele perguntou mexendo no criado mudo do lado de sua cama. Eu ri pelo fato de ele também estar deitado e de pijama, assim como eu.
  - Pra que?
  - Pega um papel, Fernanda! - ele falou autoritário. - Um papel, um adesivo, uma tesoura e uma caneta.
  - Harry, o que exatamente você pretende fazer?
  - Já?
  - Sim.
  - Agora corta o papel em um quadrado pequeno... - ele falava enquanto fazia o mesmo. Fui seguindo seus passos. - Agora torce o papel e enrola no seu dedo, quando tiver certinho corta e cola com o adesivo. Merda, vamos precisar de cola também...
  A essa altura eu já percebi o que ele queria fazer, mas apenas sorri e continuei fazendo o que de falava.
  - Já torceu o papel no dedo? - confirmei com a cabeça - Agora corta um pedaço que caiba dentro da parte torcida e escreve "Harry Styles" e cola lá.
  - Pronto. - sussurrei sorrindo e pus meu anel improvisado no dedo anelar, ele também fez o mesmo. Ficamos alguns segundo em silencio, só olhando para as nossas mãos, até que ele disse:
  - Percebi essa grande falha no nosso casamento por mensagens... Não se pode casar sem alianças. - e abriu aquele sorriso que mostra todos seus perfeitos dentes, suas lindas covinhas e que deixa seus olhos espremidinhos.
  - Duvido que você vá mesmo usá-la... - brinquei.
  - Claro que vou! Bem, exceto hoje a noite...
  - O que tem hoje a noite que é mais importante que a fidelidade a sua mulher?
  - Festa surpresa do Liam.
  - Vish Styles, tira isso do seu dedo agora! - falei e ele gargalhou. - Serio, eu sei que você tá na seca e você não vai pegar ninguém com uma aliança de papel, escrita "Fernanda Araújo" no dedo!
  - Quem disse que eu to na seca?!
  - Além de todo mundo? Ah, pera... Todo mundo!
  - Isso não é tão verdade assim... Tá, é verdade, mas antes que você venha tirar uma com a minha cara é bom saber que estou "na seca" por opção, e não porque perdi a capacidade de seduzir alguém! - ele disse muito na defensiva e eu ri.
  - Tudo bem, eu acredito em você. Mas me faça só um favor? Pegue uma loira bem gostosa na frente de todo mundo e nem pergunte o nome dela! Por favor, não aguento mais reclamações do "Harry depressivo", "Harry mudado", "Harry que não sai" e blá blá blá. E ah, dê os parabéns adiantado pro Payne! Fala pra ele que eu queria MUITO estar lá, mas...
  - Pode deixar comigo senhorita, seu pedido é uma ordem! - nós rimos e ele bagunçou/arrumou os cabelos daquele jeito moleque e absurdamente sexy. - Mas e você? O que vai fazer nessa bela noite de sábado?
  - Vou jogar futebol. - falei com o peito estufado e ele arregalou os olhos.
  - OI?!
  - Serio, os meninos daqui do meu condomínio vão me ensinar a jogar futebol! - eu ri e ele balançou a cabeça, como quem dissesse "isso não vai dar certo".
  - Aquele André vai também? - ele perguntou com um ar ligeiramente curioso, o que me assustou.
  - Como você sabe quem ele é?
  - Ele vai?
  - Hm, vai ué, ele vai ser um dos que vai me ensinar...
  - E vocês?
  - E nós o que?
  - Quando vão se pegar?
  - Não vamos nos pegar.
  - Duvido.
  - Ué, mas por que?!
  - Tá na sua cara que você quer pegar ele!
  - Mentira! E mesmo se eu quisesse, de que adiantaria se ele não quisesse também?
  - Ele não seria estúpido ao ponto de desperdiçar você!
  - Harry, meu Deus!! - gritei e olhei para a pequena caixinha onde ficava a minha imagem e tampei meu rosto ao ver que eu estava muito vermelha.
  - Tudo bem, parei. - ele disse com a voz risonha e uma feição marota. - Hm, vou comer alguma coisa aqui e acho que você deveria também... Amanhã nós conversamos mais. Beijos e bom jogo!
  - Okay então, beijos e boa festa!

  {...}

  - O que você quer de mim, André?! - perguntei rindo, mas com um tom curioso.   Ele riu e jogou a cabeça pra trás, se deitando em minha cama, o que fazia com que eu o olhasse de um angulo totalmente novo e interessante.
  - Quero tudo.
  - Ooops, só que não...! - gargalhei e me sentei na minha cadeira giratória, mas quase cai quando ele a puxou para a beirada da cama, fazendo com que eu ficasse de frente pra ele.
  - E por que não? Você sabe que nós... Combinamos. - ele disse com um olhar desafiador. De alguma forma os seus olhos acinzentados me prendiam e eu não conseguia olhar para outro lugar.
  - E isso significa que deveríamos estar juntos?
  - Sim! E além do mais... Eu sei que você quer. - ele deu uma risada marota e me olhou com diversão nos olhos.
  Então era isso? Estávamos brincando um com o outro? Flertando talvez... Ah quanto tempo que eu não flertava com alguém, havia me esquecido o quanto que essa sensação era boa. Então resolvi incrementar mais nossa "brincadeira".
  - Você quer tudo, não é mesmo?
  - Sim, quero. - ele assentiu.
  - Tenho um trato a fazer... - comecei, mas ele logo me cortou.
  - Não, sem tratos. Ou é, ou não é... E ai, o que vai ser, inglesinha?
  - Você não me deixa terminar... Trato não, né? E que tal um jogo...? Ouvi dizer que você é um jogador, que tal jogar um jogo comigo?
  - Hmmmm interessante... Mas esse seu jogo tem regras?
  - Lógico que sim!
  - Então faça o favor de explicá-las, dona Fernanda!
  - Vamos ser fofos um com o outro, vamos brigar, vamos conversar 24h por dia, vamos passear juntos, vamos sair com os amigos do outro, vamos nos dar apelidos, vamos ficar a noite toda no telefone, vamos nos dar bom dia e boa noite, vamos apoiar o outro, vamos em encontros, vamos nos beijar e nos abraçar...
  - Ah sim, MUITO interessante... - ele deu um sorriso torto - E quem ganha?
  - Ah não, nesse jogo não tem "quem ganha"... Só quem perde.
  - Que seja, quem perde?
  - Perde quem se apaixonar primeiro. - sussurrei em seu ouvido, já começando a jogar e ri quando vi que ele se arrepiou.
  - Então, topa?
  - Topo! E que o melhor jogador... Não perca. - ele falou acariciando minha bochecha e me lançando olhares suaves e carinhosos. HA, como se eu não estivesse preparada para minha disputa...
  Mas de uma coisa eu estava certa, eu não havia entrado nessa pra perder.
  Ele ficou me encarando por alguns segundos (lê-se: encarando os meus lábios) e depois abriu um sorriso sedutor, deixando parecer seus dentes perfeitamente alinhados e brancos. André me puxou para a cama, fazendo com que eu ficasse sentada na sua frente. Ele continuava acariciando meu rosto e mantinha o sorriso no seu, sorriso esse que me prendia. Seus lábios eram levemente carnudos, perfeitamente desenhados e tão convidativos, que a vontade de beijá-lo só crescia cada vez mais em mim. A única coisa que pude dizer à medida que ele se aproximava foi:
  - André...
  - Que os jogos comecem, Fefa. - ele suspirou e colou seus lábios nos meus e não hesitou em pedir passagem para a língua e não neguei.
  Nosso beijo era intenso, quente, como se fosse fruto de desejo reprimido a algum tempo. Minhas mãos bagunçavam seus cabelos que precisavam de um corte, mas que estavam perfeitos pra mim, e as dele exploravam minhas costas, que estavam em parte nuas por conta da blusa tomara que caia que eu usava. Ele finalizou o beijo com uma leve mordida no meu lábio inferior e me olhou com uma expressão curiosa.
  - E ai, sentiu alguma coisa?
  - Ha, vai sonhando... É preciso muito mais de que um beijo para de fazer sentir alguma coisa, bonitão! - ele riu e me deitou em seu peito, levantando a minha cabeça para mais alguns selinhos.
  - Não se preocupe, eu ainda vou ganhar...
  - Ou não. - foi a minha vez de rir e beijar a curva de seu pescoço, sentindo novamente ele se arrepiar.
  - Isso... É golpe baixo.
  - Isso o que?
  - Você vai direto no pescoço porque sabe que é meu ponto fraco! - eu gargalhei e ele ria de leve - Não vale!
  - Lógico que vale, se não estava nas regras que nós inventamos...
  - Idiota!
  - Sou linda!
  - Convencida, isso sim! - ele riu - Mas talvez só um pouco linda... Mas me diz Fefa, o que aconteceu?
  - Como assim?
  - Você parece mais feliz...
  - Eu não deveria estar? - falei sorrindo meio sem graça e empurrei de leve seu peito, para indicar a situação em que nos encontrávamos.
  - Não, não por isso... - ele riu e ficou super vermelho - Falo desde seu aniversario, você parece muito mais feliz do que estava quando chegou aqui... Tenho certeza que não foi a pizzaria que fez isso.
  - Hmmmm, ér, meu aniversario foi legal... - fui breve assim e sorri me lembrando das conversas com Harry naquele dia e todos os dias desde lá.
  - Me diz o que aconteceu. - ele apertou minha barriga.
  - Eu, hmmm... Voltei a falar com o Harry. - disse meio hesitante, porque não fazia a menor ideia de qual seria a reação dele.
  - Isso é bem... Legal. - ele falou e eu levantei uma sobrancelha, então ele continuou - Serio, de verdade, ele é seu melhor amigo e vocês estavam a um tempão sem se falar e tal... É legal.
  - Eu sei. - e um sorriso involuntário se abriu no meu rosto.
  - Mas, hmm, é frequente? Quer dizer, vocês se falam com frequência?
  - Sim, todos os dias.
  - Hmmmm, não tão legal assim... - ele resmungou.
  - O que foi?
  - Ele pode tirar você de mim. - ele disse fazendo cara de cachorro que caiu da mudança.
  - Ah, não esquenta com isso não...
  - Não?
  - Não... Sou muito mais dele do que sua. - brinquei.
  - Ah filha da puta!
  - O que?! Mas é verdade! - gargalhei com a sua revolta.
  - Ah, por favor, sei que sou muito melhor que ele!
  - Em que quesito?
  - Hm, deixa eu ver... Vocês já ficaram? - assim que ele perguntou eu fiquei ligeiramente seria e calada. Não, eu não lhe contaria isso.
  - Não.
  - Não, não acredito em você... Assim, não que você esteja mentindo, mas...
  - Mas...?
  - Aos dezessete anos todo mundo já ficou com o melhor amigo, Fernanda. - ele disse como se aquilo fosse a coisa mais obvia do mundo.
  - Bom, eu não... Até porque eu só tinha dezesseis quando ainda morava lá. - menti de forma bem convincente. - Mas esquece isso, por favor?
  - Tudo bem, pelo menos por enquanto. Vamos, o pessoal tá esperando a gente na quadra. - ele deu um beijo estalado na minha testa e me puxou pela mão em direção à porta. Eu poderia conviver com esse "por enquanto".



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