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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Love On The Brain

Escrita porRay Dias
Editada por Lelen

Capítulo único

Tempo estimado de leitura: 20 minutos

“And you got me like, oh … What you want from me? And I tried to buy your pretty heart, but the price too high.”

  Berlim chovia como se o céu se desfizesse em cinza. As luzes dos bares refletiam no asfalto molhado, transformando cada poça em um espelho turvo de néon e silêncio. Camila atravessou a rua com o casaco colado ao corpo, o vento cortando as pernas cobertas por meia-calça. O número 37 piscava em azul na porta do prédio dele, e ela observava o pisca-pisca daquela fachada, pensando: “quantas vezes prometera não voltar ali?”.
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  Subiu sem pensar. Tocou o interfone e, por um segundo, desejou que ele não atendesse. Mas a voz dele veio, arrastada, num inglês rouco que ela conhecia demais.
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  — Camila?
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  Ela não respondeu. O som do “bip” abriu a porta.
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  O corredor tinha cheiro de cigarro e café velho. Quando ele abriu a porta do apartamento, o ar quente a envolveu, junto com aquele olhar que misturava curiosidade e culpa.
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  — O que você quer de mim? — Ele perguntou, meio rindo, meio cansado.
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  Camila soltou um suspiro, pendendo a cabeça de lado.
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  — Você sabe o que eu quero, Lukas. Só finge que não entende.
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  Ele se aproximou, devagar.
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  — Você tenta comprar tudo, Camila. Tempo, perdão... amor.
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  Ela arqueou as sobrancelhas, ferida.
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  — E o seu preço é sempre alto demais. — respondeu para ele.
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  Um silêncio denso se instalou entre os dois. O som da chuva contra a janela parecia ecoar dentro deles, como se o mundo inteiro respirasse junto. Ela queria gritar. Queria virar as costas e desaparecer naquela cidade que nunca a acolhera de verdade. Mas ficou. Porque ele estava ali, e bastava um olhar para que todo o orgulho se desfizesse.
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“You love when I fall apart / So you can put me together and throw me against the wall.”

  Dentro do apartamento dele, Lukas acendeu outro cigarro, encostado em uma bancada minúscula demais para ser chamada de “ilha”, do que seria uma cozinha em conceito aberto. Era um loft pequeno, afinal. A fumaça formava espirais lentas, misturando-se ao cheiro de chuva que ela trouxera do lado de fora. Camila o observava em silêncio. Havia algo na maneira como ele a olhava, uma calma perigosa, como quem sabe exatamente o que causa.
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  — Você gosta disso, não é? — Ela disse, num tom quase sussurrado. — Gosta de me ver despedaçar.
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  Ele deu um meio sorriso, tragando devagar.
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  — Talvez. Mas só porque sei como te juntar de novo.
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  Camila se aproximou, parando a poucos centímetros dele.
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  — E depois me joga contra a parede — murmurou.
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  Lukas soltou a fumaça perto do rosto dela. O ar entre os dois ficou denso, quase palpável.
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  — Você sempre volta, Camila.
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  Ela desviou o olhar, mas a voz saiu firme.
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  — Porque ainda acho que, dessa vez, você vai me segurar.
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  Ele bateu as cinzas queimadas de meio cigarro, sem pressa, no cinzeiro e a mão dele encontrou a dela sobre a bancada. O toque era simples, mas tinha a força de um vício antigo. Por um instante, Camila quis acreditar que aquele gesto significava algo e que não era só o prelúdio de mais uma queda. Entretanto, os olhos de Lukas sempre meio ausentes, meio fascinantes, diziam outra coisa. Diziam “não vá”, e ao mesmo tempo “eu não sei ficar”.
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  A chuva intensificou-se lá fora. O som preencheu o silêncio deles, fazendo parecer que a cidade inteira escutava o que não era dito. E, sem saber por quê, Camila sorriu. Um sorriso leve, cansado, como quem finalmente entende que ama o que a destrói.
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  Lukas morava no mesmo apartamento desde que ela o conhecera, dois invernos atrás. Um quarto e sala, — que Camila chamava de loft, e ele, de “casulo” — de paredes brancas e janelas largas, onde a cidade parecia respirar lá dentro. Camila lembrava bem da primeira vez que entrara ali, o chão coberto de discos, o cheiro de tinta e café queimado, a música alta demais para um domingo de manhã. Ela era nova em Berlim, e ele fora o primeiro rosto que a fizera sentir menos estrangeira. Um artista que falava pouco, mas olhava como se entendesse tudo. Por um tempo, isso bastou.
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  Agora, o apartamento era o mesmo, mas tudo parecia ligeiramente deslocado. A caneca rachada no balcão, o quadro inacabado na parede, o mesmo vinil rodando em um toca-discos antigo. Só o silêncio entre eles era outro, mais espesso, mais cansado.
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  Camila se distanciou da bancada e sentou no sofá pequeno, as mãos enfiadas nas mangas do casaco.
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  — Faz quanto tempo desde a última vez? — Ele perguntou.
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  Ela deu um meio sorriso.
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  — Três semanas, acho. Ou três meses. Perdi a conta.
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  Ele riu, baixo.
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  — Você sempre volta. — Lukas repetiu quase como se estivesse tentando entender se ela realmente estava ali, de verdade, ou se era um dejavú maldito, ou kármico de sua vida.
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  — E você sempre me deixa ir — retrucou.
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  O som da chuva batendo nas janelas pareceu preencher o vazio da resposta que ele não deu. Lukas tragou devagar, olhando para ela como se tentasse decifrar um idioma que já conhecia, mas fingia ter esquecido. Camila desviou o olhar para o quadro na parede. Eram traços de um rosto feminino, metade apagado.
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  — Você nunca terminou esse retrato.
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  — Porque ela nunca ficou tempo suficiente — Ele respondeu.
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  A frase a cortou por dentro, mas o tom dele era calmo demais para ser cruel. Camila se levantou, foi até ele.
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  — Eu ainda estou tentando entender onde termina o que somos e onde começa o que você quer.
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  Lukas deu de ombros, apagando o cotoco de cigarro no cinzeiro.
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  — Eu quero ver você por aqui, mesmo que para isso, você tenha que ir para voltar.
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  Ela riu, um riso pequeno, sem humor.
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  — É mesmo isso: você ama quando eu desmorono.
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  — Porque é o único momento em que você deixa eu te tocar, de verdade Camila. — ele respondeu, quase num sussurro.
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  Houve um instante de silêncio em que tudo pareceu suspenso. O ar, a chuva, o som distante de um bonde passando na rua. Camila o encarou, e nos olhos dele havia algo como ternura, mas uma ternura que doía. E então ela entendeu: por ela, Lukas nunca a teria de verdade, mas por ele, também nunca a deixaria ir por completo. E era exatamente isso que a prendia.
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“Don’t you stop loving me (loving me). Don’t quit loving me (loving me). Just start loving me, ooh (loving me)”.

  Camila caminhou até a janela. A cidade parecia se dissolver sob a chuva — postes borrados, táxis passando lentos, o som distante de um saxofone vindo de algum bar. Berlim sempre lhe parecera um lugar onde as coisas não se fixavam. As pessoas chegavam e partiam, o calor durava pouco, e até o amor tinha sotaque. Lukas se aproximou por trás, o corpo dele refletido no vidro junto ao dela.
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  — Você não devia ter vindo, se pretende fugir outra vez... — disse, num tom baixo, quase um aviso.
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  Ela manteve o olhar na rua.
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  — Eu sei.
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  — Então por que veio?
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  Camila respirou fundo, sentindo o cheiro familiar de fumaça e tinta.
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  — Porque você nunca para de me amar — respondeu, sem ironia. — Só muda a forma.
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  Lukas encostou o queixo no ombro dela. O toque foi leve, mas bastou para o coração dela bater descompassado.
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  — E se um dia eu parar? — ele perguntou.
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  Ela virou o rosto devagar, até que as bocas ficassem a poucos centímetros.
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  — Então, a gente começa de novo.
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  A resposta ficou suspensa no ar, e por um momento parecia haver apenas o som da respiração deles. Não havia pressa, nem promessa, apenas aquele desejo cansado de quem já se conhece demais para fingir inocência. Lukas passou os dedos pelo cabelo de Camila e o gesto foi quase terno, mas havia uma sombra por trás: a consciência de que, depois daquilo, tudo voltaria a ruir. Camila fechou os olhos. Queria esquecer o quanto o amava, mas o corpo parecia lembrar sozinho. Ela sabia que, ao amanhecer, eles provavelmente voltariam ao silêncio, ao cinismo, às paredes brancas e frias, mas naquela noite, bastava o que existia entre um toque e outro. O amor, ali, era algo que queimava devagar e doía, mas também aquecia.
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  Camila encostou a testa no vidro frio. Ela lembrou novamente da primeira vez que Lukas a levara ali, o jeito como ele falava devagar, arrastando as palavras em alemão e inglês, e como ela tentava decifrá-lo, não apenas pela língua, mas pelo corpo, pelo olhar. Ele sempre falava menos do que sentia, e talvez fosse isso que a intrigava tanto. Quando o sentiu se aproximar mais, colando o corpo dele ao dela, não precisou virar. Reconheceria a presença dele até de olhos fechados, o calor exato que se aproximava do seu corpo, o cheiro de tabaco misturado a tinta e inverno. Sentiu o toque leve dos dedos dele percorrendo o contorno de seu braço, subindo até a nuca, e o arrepio que se espalhou foi antigo, o mesmo de sempre, o mesmo que ela jurara não sentir mais.
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  — Vamos ser sempre esse amontoado de pedaços estilhaçados, Lukas? — Ela perguntou. A frase ficou pairando no ar, sem som, apenas a vibração.
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  Sem aguardar mais de dois minutos por uma resposta, Camila o beijou. Não por impulso, mas por exaustão. O beijo não pedia nada, não prometia nada. Era só o reconhecimento de que, entre o que ela queria e o que ele podia dar, havia um abismo. E mesmo assim, ela saltava. Quando se afastaram, Lukas passou os dedos pelo rosto dela, como quem tenta guardar um contorno. Camila sorriu, um sorriso que era meio dor, meio rendição.
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  — Você é o meu erro favorito — murmurou.
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  Ele não a respondeu. Apenas encostou a testa na dela, e por um instante, Berlim desapareceu. Só restava o som da chuva e o amor deles, doendo em silêncio.
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“I’m fist-fighting with fire, just to get close to you. Can we burn something, babe? And I’d run for miles just to get a taste…”

  A chuva cessara, mas o ar ainda trazia o cheiro metálico do frio e das escadas externas do prédio. O quarto estava quase escuro, iluminado apenas pela lâmpada do abajur sobre o chão. As roupas espalhadas contavam a história que os dois fingiam esquecer toda vez que se tocavam. Camila acordou primeiro. Virou-se de lado e o observou dormindo. Lukas parecia em paz, a respiração lenta, o braço pendendo fora do lençol, a boca entreaberta.
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  Ela sentiu uma pontada estranha, como se a calma dele fosse uma língua que ela não soubesse mais falar. Pegou o cigarro que ele deixara sobre a mesinha e acendeu. A fumaça subiu lenta, cortando o ar espesso. No espelho da parede, ela se viu: o cabelo bagunçado, a pele marcada, o olhar cansado. Tinha a impressão de que aquele quarto era sempre o mesmo, mesmo quando o tempo passava.
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  Lukas despertou quando o som do isqueiro estalou pela segunda vez.
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  — Você ainda fuma no meu quarto — murmurou, a voz rouca.
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  — Você ainda me chama de “você” — respondeu ela, sem olhar.
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  Ele se esticou, apoiando o corpo sobre o cotovelo.
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  — E o que eu deveria te chamar?
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  Camila soltou a fumaça devagar.
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  — De qualquer coisa que soe como permanência.
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  Ele riu, mas o riso veio baixo, amargo.
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  — Permanência é um luxo que eu nunca soube dar.
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  Ela apagou o cigarro, levantou-se e vestiu a camisa dele, grande demais nos ombros.
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  — Engraçado — disse, caminhando até a janela —, você fala como se isso te absolvesse.
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  Lukas passou as mãos no rosto.
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  — Não é desculpa, é fato. Você sempre soube quem ou como eu era.
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  Ela se virou, com os olhos firmes.
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  — E mesmo assim, lutei pra ficar. É isso que o amor faz, não é? Faz a gente lutar contra o fogo só pra sentir o calor.
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  Ele se levantou, se aproximando devagar.
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  — E valeu a pena?
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  Camila demorou a responder. Observou o rosto dele tão familiar, tão estranho.
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  — Depende do dia — disse, por fim. — Hoje… talvez sim. Amanhã, não sei.
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  Lukas tocou o rosto dela com o dorso dos dedos, um gesto breve, quase inocente.
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  — Você sempre fala como se amanhã fosse outra pessoa.
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  — E não é? Te amar é como encarar um homem de dupla personalidade… — Ela sorriu, mas havia tristeza no canto dos lábios. — Cada vez que eu vou embora, deixo uma parte minha aqui. Acho que por isso você nunca me pinta inteira.
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  Ele ficou em silêncio. O relógio marcava quase três da manhã. Lá fora, um bonde passou cortando o som da noite. Camila suspirou, encostando a cabeça no vidro.
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  — A gente é tão bom juntos… E toda vez que percebo isso, é quando nosso momento está acabando.
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  Lukas olhou para ela, e por um instante pareceu querer dizer algo. Mas desistiu. Apenas assentiu, como quem reconhece uma verdade antiga. O quarto voltou a ficar quieto. Ela não sabia se ficaria mais uma hora, um dia, ou uma vida, mas sabia que, se ele pedisse, ela ficaria. E essa consciência doía mais do que qualquer despedida.
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  — O seu silêncio é pior do que qualquer coisa, sabia? — Camila falou notando que Lukas engoliu as palavras. — Você sequer ouviu eu dizer, eu confessar que te amo?
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  — Camila… — Ele suspirou — Isso… Não é algo para se apegar. Nós não temos futuro e você sabe.
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“Must be love on the brain, that’s got me feeling this way. It beats me black and blue, but it fucks me so good, and I can’t get enough…”

  O relógio marcava 4h12 quando Camila percebeu que já não sentia sono ou vontade de continuar ali. A madrugada em Berlim tinha aquela cor azulada que antecede o amanhecer, quando tudo parece suspenso, como se o mundo inteiro esperasse por um gesto que não vem. Lukas ainda estava encostado na cabeceira, o olhar perdido em algum ponto do teto. Camila ainda vestida com a camisa dele, as pernas dobradas sob o lençol, o cigarro entre os dedos, pensava em uma maneira de dizer adeus. Havia algo patético e bonito naquela cena: dois corpos exaustos tentando traduzir em gestos o que as palavras não davam conta.
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  — É engraçado — ela disse, quebrando o silêncio. — Quando estou com você, sinto como se o tempo parasse. Mas, quando você fala, ele volta a correr… e me atropela.
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  Lukas desviou o olhar para ela, e havia um cansaço humano, quase terno.
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  — Eu não sei amar do jeito que você quer. Desculpa.
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  Camila tragou devagar.
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  — E eu não sei deixar de amar você desse jeito cheio de migalhas que você me dá, mas estou cansada Lukas.  — as lágrimas começaram a cair como se automático na face dela.
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  Lukas  respirou fundo, massageando as têmporas, como quem procura algo para segurar.
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  — Você merece um amor que não doa. Eu não acho que dê para continuar tentando furar um muro de concreto à mão, Camila.
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  Ela riu — um riso curto, rasgado.
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  — E o que é o amor, então, se não essa dor que a gente insiste em chamar de outra coisa? Você conhece alguém que passou pelo amor sem dor? Ou em algum momento, você já foi até ele com uma retroescavadeira? Não é o certo: que para amar de um jeito sólido e bonito, o trabalho de quebrar os muros precise ser artesanal?
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  Lukas ficou calado, mas o silêncio dele dizia tudo. Camila apagou o cigarro, levantou-se e foi até a janela. Lá fora, o céu começava a clarear. As nuvens ainda pesavam, mas havia um fio de luz, aquele tipo de luz que não aquece, apenas anuncia o dia.
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  — Você me destrói, Lukas — ela disse, sem raiva. — Mas de um jeito que parece cura. Só que toda vez que eu tento te mostrar que essas suas barreiras não podem ser invadidas de grosso modo, você me responde com uma certeza burra de que é inabalável. Lukas… O amor não é assim… Ele não destrói tudo em volta para ficar. Ele se acomoda gentilmente, com o que tiver ao redor. Mas, eu não posso mais… O que parecia cura, está me adoecendo.
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  Ele se levantou também, ficando atrás dela, a poucos centímetros.
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  — Eu não quero te machucar. Me desculpa se eu não sou o que você pensa, ou se eu não sei fazer o que vocÊ quer.
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  — Então por que me deixa voltar? Por que me prende quando eu fraquejo? Me joga contra a parede! Me despedaça de vez para eu não voltar! — ela perguntou nervosa, virando-se para encará-lo.
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  Lukas hesitou.
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  — Porque  apesar de não ver um futuro bonito pra nós, eu também não sei ficar sem você.
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  Camila sentiu o peito apertar, uma mistura de raiva e ternura. Aproximou-se até que os rostos quase se tocassem.
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  — É isso que me mata — sussurrou. — A gente não se basta, mas não consegue ir embora.
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  O beijo veio depois, lento, cansado, quase um adeus. Era um beijo que reconhecia o fim, mas ainda o adiava. Quando se afastaram, ela manteve a testa encostada na dele.
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  — Deve ser teimosia para além do coração, é loucura no cérebro — murmurou. — Essa coisa que me faz ficar, mesmo sabendo que já acabou.
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  Lukas fechou os olhos. Não havia resposta possível. O som distante dos pássaros anunciava o dia, e a luz da manhã desenhava no chão o contorno deles, dois vultos presos entre o que sentem e o que sabem. Camila, por fim, se afastou. Foi até a mesa, pegou sua chave reserva do apartamento e a colocou ao lado do cinzeiro.
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  — Se algum dia quiser me ver de novo, vai ter que bater na minha porta. — Sua voz era firme, quase serena. — Hoje, eu saio me despedindo. Mas não fujo.
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  Lukas observou, sem tentar detê-la. A porta se fechou devagar, e o silêncio que ficou foi o mais doloroso que eles já tiveram.
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“It keeps cursing my name. No matter what I do, I’m no good without you”.

FIM.

Capítulo único
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Lelen

É estranho o quanto muitas vezes a gente acaba se envolvendo em relações que não são nada boas pra gente e simplesmente não consegue se desligar disso, né?
Mas ainda bem que a Camila resolveu se colocar em primeiro lugar e procurar por coisas que façam bem a ela sem fazer sofrer pra ter.

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