Life Like This
Escrito por Jessie Prade | Revisado por Lelen
Prólogo
Ele estava ali, bem à frente dos seus olhos. Óculos de sol, o cabelo bagunçado, regata branca, e jeans pretos bastante justos. Oh, aquelas pernas magrelas... Aqueles braços, aquela barriga, aquele sorriso.
Deus, como ele era lindo!
John cantava alguma música que ela - do seu lugar ao fundo da multidão de garotos e garotas barulhentos que assistia o show - não podia ouvir, mas estava sorrindo só de imaginar.
Havia os visto antes do show. Todos estavam excepcionalmente bonitos naquele dia. O último dia. Contudo, era de se esperar que Garrett, Pat, Jared e Kennedy não passassem de borrões para ela, naquele momento.
sabia - simplesmente sabia - que John Cornelius O'Callaghan V era a criatura mais bonita na qual ela poderia por os olhos em toda a sua vida. E ela sentia que poderia olhá-lo para sempre.
Aquele mês tinha sido melhor que a viagem à Paris. Melhor que aquela vez em que ela e conheceram Johnny Depp. Melhor que todos os natais juntos numa noite só. Melhor que chocolate.
Muito, muito melhor.
Sim, seria para sempre o melhor mês da sua vida.
Pena que acabava... Agora.
Capítulo 1 - Los Angeles, CA
- De jeito nenhum!
- Mas, ...
- Esquece! Nem pensar!
, e costumavam matar tempo (e aulas) em algum lugar na West Sunset Blvd quase toda semana. The Den of Hollywood era o bar preferido das três, uma vez que ficava perto da universidade, era tão barato quanto poderia naquela área da cidade, e muito mais tranquilo que qualquer outro lugar na vizinhança.
Naquela noite em especial, elas bebiam em comemoração ao início das férias, e faziam planos para os meses seguintes. Como trabalhavam por conta própria, podiam escolher não fazer absolutamente nada até setembro, e apenas curtir as férias, se quisessem.
- Vai ser divertido, . - tentava convencer a amiga com ajuda de , que concordava freneticamente.
- Divertido pra vocês que gostam dessa bagunça! Eu prefiro passar o verão na praia, sentindo a brisa da varanda da minha casa, com uma boa quantidade de chá gelado e meu laptop. Não sei se vocês sabem, mas a editora quer um trabalho novo até outubro, e eu não sei nem por onde começar.
- Céus! Você não conhece mesmo o significado de férias. - disse, revirando os olhos. - , nós temos 21. Devíamos estar aproveitando nosso verão!!!! F-É-R-I-A-S!!
- Essa é a minha visão de férias. - respondeu, simplesmente.
A outra balançou uma das mãos com indiferença, e chamou o garçom, pedindo mais um mojito.
- Que tal fazer isso pela , então?
- É! - fez bico - Por mim?!
balançou a cabeça. Amava com todo o coração, mas um mês rodando o país junto com centenas de fedelhos barulhentos atrás de bandas "undergroundmente" famosas passava bem longe de suas expectativas para o verão.
- Pense bem, amiga. - continuou o draminha - Podem ser minhas últimas férias, você vai se arrepender pelo resto de sua vida por não compartilhar isso comigo...
A outra deu um sorriso de lado. Ela já conhecia esse jogo. Formara-se com honrarias no "Curso de sobrevivência à chantagem emocional de ", depois de quase dez anos de luta.
Agora podia dizer com muito orgulho: não, ela não aceitaria, não importava quão grandes os olhos de pudessem ficar.
Ok, talvez não fosse exatamente assim.
- Por que não podemos fazer outra coisa? - perguntou, esperançosa.
- Porque somos duas contra uma aqui, . Você é minoria. - sorriu, sapeca.
- E porque eu aposto duzentas pratas que você não aguenta o mês inteiro. - acrescentou, sorrindo sem mostrar os dentes.
arregalou os olhos.
Existiam três coisas universalmente conhecidas sobre :
Ela era alérgica a frutos do mar,
Não permitia que ninguém tocasse na sua coleção das Crônicas Vampirescas, de Anne Rice,
E nunca - nunca - recusava uma aposta.
- Ligue pra quem você quiser, e consiga esses malditos ingressos. - ela resmungou, bebendo o resto do seu drink num gole só, e levantou - Vamos ver se eu não aguento um mês, . - fazendo um gesto feio para a amiga, deixou o bar sem olhar para trás.
As outras duas se entreolharam e riram, fazendo um high-five.
Seria um mês e tanto.
Capítulo 2 - Pomona, CA
All Time Low tocava em um volume considerável no Accord EX 2.0 prateado novinho, presente dos pais de pelo seu 21º aniversário no mês anterior. cantava alto - muito mais animada do que afinada - a letra de Poppin' Champagne, e ela a acompanhava, batucando no volante, sem tirar os olhos da estrada. No banco traseiro, agradecia a Deus pela invenção do iPod, balançando a cabeça ao som de Belle and Sebastian.
Ela detestava All Time Low, e sabia que as amigas tinham plena consciência disso, mas continuavam gritando a música num volume que ultrapassava o som de seus fones de ouvido com o único e extremamente infantil intuito de irritá-la.
Estava funcionando muito bem.
- Por favor, digam mais uma vez que não estamos fazemos isso por causa daquele barrigudinho com cara de hamster. Por favor, por favor.... - Resmungou, encarando o teto do carro.
riu.
- Não estamos fazendo isso pelo Alex.
- Não mesmo. - cortou, lançando um olhar divertido para a amiga. - Estamos fazendo isso pelo Jack, mas tirem o olho que ele já é meu! - Riu, e ficou fazendo caretas para a garota no banco de trás, até levar uma cotovelada da motorista.
- Não fique provocando, ! - brigou, com ar de riso. - Estamos fazendo isso por nós mesmas. Em nome da boa música. E das minhas prossíveis últimas férias com vocês.
- E dos caras gatos de todas as bandas que vão estar lá. - acrescentou.
- Em nome disso também.
- E de todos os homens lindos e tatuados que veremos sem camisa esse mês.
- Anotado na lista.
- E da chance que temos de sair com as bandas.
- É!
- E ficar bêbadas o tempo todo...
- Isso aí!
- Exceto por você, , que vai ter que dirigir.
fez uma careta.
- Ok, dessa parte eu não gostei.
rolou os olhos.
- Por que, mesmo, eu aceitei vir?
- Porque somos suas melhores amigas e você nos ama. - sorriu largamente, e tossiu algo que soava muito como "duzentos doláres".
bufou.
- Argh, odeio vocês. - Resmungou, antes de colocar novamente os fones e virar-se para encarar a paisagem que ficava para trás muito rapidamente.
- - - - - - - -
A grande área de estacionamento do Pomona Fairplex já pipocava de gente àquela hora do dia. Técnicos de som, de iluminação, produção, merch, e até os próprios músicos andavam por aí com suas credenciais, enquanto a multidão de jovens ia se formando em torno dos palcos, esperando pela primeira rodada de shows da Vans Warped Tour daquele ano.
matava tempo com a internet no celular, enquanto e , maravilhadas, olhavam freneticamente para os lados, tentando não perder nenhum detalhe da experiência insana que era estar em uma Warped. Todas as barraquinhas das bandas que elas mais amavam estavam logo ali.
Diabos, todos os CARAS das bandas que elas mais amavam estavam logo ali.
Então, com o peso de um piano de cauda, a maior crise existencial de suas vidas pairou sobre as cabeças daquelas duas garotas.
O que fazer primeiro?
Cada uma das bandas participantes do evento tinha sua própria tenda, onde promoviam seus discos, vendiam camisetas e outros produtos, e era geralmente onde os músicos costumavam ficar. Além disso, ainda havia as barracas de marcas de roupas e acessórios, e as de gravadoras. Sem mencionar os seis palcos onde rolariam shows simultâneos de várias das bandas mais incríveis da cena alternativa dos Estados Unidos, e as pistas que davam lugar aos campeonatos de esportes radicais.
Com tantas opções, como conseguiriam escolher o que fazer naquele momento?
balançou a cabeça, e guardou o celular no bolso, já arrastando as amigas pelo braço.
- Vocês ainda vão enrolar muito tempo aí? Vamos arranjar algo pra comer, tô morrendo de fome!
Elas foram até o conjunto de tendas que formavam a praça de alimentação, lugar já bastante movimentado àquela hora. escolheu um super sanduíche, enquanto as outras duas - ainda no piloto automático - contentaram-se com alguns cookies. Baunilha para , chocolate para . E enquanto elas tentavam se enfiar no meio de todas as pessoas para irem de volta até o carro, o mundo pareceu parar.
A multidão de repente começou a se espalhar, abrindo um corredor bem a frente das três, que a princípio ficaram bastante confusas. E então surpresas. E então sem reação alguma.
No fim do corredor, Jack Bassam Barakat e Alexander William Gaskarth andavam na direção delas, o primeiro com as mãos no bolso e o segundo ajeitando o cabelo, parecendo saídos de um filme adolescente.
Antes que conseguisse pensar em dizer qualquer coisa, Jack passou direto por ela, acenando para algumas pessoas. No instante seguinte, o ar ficou respirável outra vez, e o mundo voltou a girar normalmente.
Quando Alex passou reto com Jack sem olhar para o lado, finalmente conseguiu fechar a boca, e se bateu mentalmente. Estava na Warped havia menos de meia hora, e já havia feito papel de idiota na frente de metade da sua banda preferida. Parabéns, retardada.
- Pensei que vocês tinham dito que não estávamos aqui pelo All Time Low. - revirou os olhos, mordendo o sanduíche enquanto recomeçava a andar, aproveitando o corredor recém aberto.
- E não estamos. - se recompôs, e seguiu a amiga, com vindo logo atrás.
Não mesmo.
Capítulo 3 - San Francisco, CA
Ok, aquilo tinha sido decepcionante.
Olhando para o alto do palco principal do Pier 30, tentava não pensar que por três vezes respirara o mesmo ar que aquele cara, em Pomona, e que ele a ignorara com vigor em todas as ocasiões.
Os rapazes do All Time Low tocavam Dear Maria agora, e ela passava os olhos por todos os integrantes da banda. Rian era ótimo, Jack era adorável. Zack era um fofo. Já Alex...
Balançando a cabeça, a garota puxou as amigas para longe do palco.
- - - - - - -
- Você precisa de fotos!
- Não, eu não preciso!
- Como vamos provar que você esteve aqui todos os dias?
- Só VOCÊ precisa saber que eu estive aqui todos os dias... E, olhe só! VOCÊ ESTÁ BEM AQUI NA MINHA FRENTE!
Estavam na tenda do Forever The Sickest Kids olhando as camisetas, e, pra variar, e discutiam por algum motivo aleatório.
- É claro que eu vou contar isso pra todos os nossos amigos, e como eu sei que você vai negar, preciso de fotos. - disse, e cruzou os braços na frente do peito, fazendo careta.
- Ah, mas não vai mesmo! - retrucou.
apenas encarava a cena querendo rir, segurando uma camiseta em cada mão, e esperando a discussão terminar para perguntar a alguém qual era a melhor das duas.
- Sem fotos, sem aposta!
- Isso não é justo!!!!!
- Duzentos dólares... - cantarolou, balançando a câmera fotográfica e deixando a amiga irritada.
- ÓTIMO!
arrancou o aparelho da mão dela, e começou a procurar em volta. Seu olhar parou em algum lugar, e as outras duas a acompanharam, encontrando três caras passeando pelas tendas, conversando entre si.
Um deles era ruivo, tinha a franja cuidadosamente ajeitada sobre um dos olhos, pele levemente rosada, e bochechas que davam vontade de apertar. Vestia uma camisa xadrez de mangas curtas, calça jeans, e wayfarer preto.
O outro tinha cabelos castanho-claros que apontavam em todas as direções possíveis, vestia uma v-neck branca, e jeans escuros muito justos. Tinha seguramente 1,90m de altura ou até mais, e olhos que nenhuma delas saberia dizer a cor, graças aos óculos escuros que usava.
O terceiro era o mais baixo dos três. Tinha cabelos castanhos lisos e longos, caindo até quase os ombros, e a franjinha também ajeitada sobre os olhos que, sob espessas sobrancelhas, eram da mesma cor que os cabelos. Assim como o segundo, ele também vestia jeans escuros - não tão justos - e uma camiseta cinza.
puxou as amigas até eles.
O mais alto, ao notar a aproximação, tirou os óculos e sorriu. Seus olhos eram de um verde intenso muito, muito bonito.
- Oi! Será que você poderia... - ele alargou o sorriso, já preparado para dizer sim - ... tirar uma foto nossa?
Então o sorriso sumiu, dando lugar a uma perfeita expressão de incredulidade. Ele e os outros dois rapazes se entreolharam.
- Perdão?
- É minha primeira Warped. - falou , entediada - Ninguém vai acreditar, então eu preciso de provas se quiser aqueles duzentos dólares. - adiantou-se, e empurrou a câmera fotográfica para ele - É só apertar aqui. - apontou, e deu dois passos para trás, plantando um sorriso no rosto e abraçando as amigas, as três fazendo uma falsa pose "rock 'n roll".
Assim que o momento bizarro foi eternizado, pegou a câmera de volta, virou as costas e saiu, agradecendo vagamente.
O fotógrafo improvisado encarava os amigos. Sua expressão estampava "Que porra aconteceu aqui?", palavra por palavra.
Ele se virou novamente, e percebeu que a mais baixinha das três ainda estava ali, e o encarava de forma no mínimo estranha. Então a boca da garota se abriu num perfeito O.
John sorriu.
- Hey, você não é o... - o sorriso aumentou - ... carinha do There For Tomorrow?
riu, vendo a expressão dele mudar de "Quer casar comigo?" para "Você só pode estar me zoando!!"
- Brincadeira! Eu sei quem você é, e sei do show de vocês. - deu uma piscadinha - Hoje às cinco, no palco da Hurley.
John deu um sorrisinho.
- Você vai estar lá?
já estava se afastando, mas virou, sorrindo.
- Na primeira fila.
- - - - - - - -
O segundo dia havia sido infinitamente melhor que o primeiro. Depois do show do All Time Low, e conseguiram se divertir por todo o resto do dia sem pensar se quer uma vez na banda, ou em planos mirabolantes para encontrá-los "casualmente" em qualquer lugar. As três garotas apenas aproveitaram o sol de San Francisco para desfilar por aí em seus óculos escuros e curtir os shows de Attack Attack, NeverShoutNever! (que deixara até apaixonada!), Mayday Parade, 3OH!3, Less Than Jake e The Maine.
The Maine.
Cumprindo sua promessa, havia assistido o show inteiro da primeira fila. Já gostava da banda antes, mas nunca os tinha visto se apresentarem, e - sem exagero - eles eram ainda melhores ao vivo. Durante o show, ela mal conseguira piscar. A performance da banda era ótima, as músicas eram lindas, e o som contagiante. Além, é claro, daquela criatura alta e sorridente que fazia o coração de 8 em cada 10 garotas falhar umas batidas.
- , posso te perguntar uma coisa?
Já era quase noite, e elas se empoleiravam uma ao lado da outra sobre o capô do carro de , assistindo à distância uma competição de skateboard na pista de esportes radicais.
- Claro. - ela respondeu, e fez uma careta logo em seguida, ao ver um garoto errar uma manobra e descer a rampa inteira rolando.
- Hoje cedo, quando você pediu pra um dos caras da The Maine tirar aquela nossa foto, por que você foi direto no John?
estranhou a pergunta.
- Ele estava na frente dos outros, eu acho. Por quê?
torceu as mãos.
- Só pra saber. - pigarreou - Achei que você poderia ter algum interesse particular.
A outra fez cara de nojo.
- Ele usa calças mais apertadas que eu, ! - respondeu, como se isso explicasse muita coisa.
- Então você não está interessada nele?
- Você está?
arqueou as sobrancelhas.
- Não, claro que não. - a outra tossiu - Quer dizer... - suspirando, jogou-se deitada no capô - Ah, ele é uma gracinha!
esticou o pescoço sobre o ombro de e encarou , meio chocada, meio divertida.
- Tudo bem que esse lugar é cheio de caras gatos, mas você superou o Alex bem rápido.
coçou o pescoço, pensativa.
- É, mais ou menos. Não vou ficar perseguindo um cara que, além de internacionalmente famoso, é comprometido né...
- Bem observado. - comentou , e concordou com ela.
- Também acho que eu já estou meio velha pra amores platônicos. Não vou perder mais tempo da minha vida sonhando acordada com coisas impossíveis. Quer dizer, não que eu ache que com o John seja possível.... Quer dizer, nem estava pensando nisso porque... Digo, é o John, e...
- Não vou ser presunçoso ao ponto de achar que o John de quem vocês estão falando sou eu, mas, se for, espero que seja algo bom.
ouviu aquela voz, e, num pulo, voltou a se sentar, assustada, encontrando os olhos verdes de John O'Callaghan encarando os seus.
- Oi. - ele sorriu.
- John, oi! - ela esfregou a nuca, sem jeito - Então, na verdade nós estávamos conversando sobre... Hm...
- O show! - cortou, e deu um sorriso gigante, tentando chutar discretamente a canela da amiga, mas encontrando a de no caminho, que resmungou de dor - Foi ótimo, sabe? Muito legal. Vocês são ótimos.
- Ah, que bom! Fico feliz que tenham gostado. - ele respondeu, sorrindo outra vez.
E que sorriso!
- Ah, sim, nós gostamos bastante e... OH, MEU DEUS! - apontou para um lugar aleatório perto da rampa - Não é o Pat junto com o FTSK? Vem, , vamos lá falar com eles! - convocou, puxando a outra pelo braço e se afastando com rapidez.
John deu uma olhada para trás, rindo, e balançou a cabeça. Aquela garota não era nada discreta.
espalmou a mão na testa, querendo morrer. Ou matar .
- Então... - ele se encostou no capô, ao lado da garota. - Ainda não sei o seu nome.
- . - ela respondeu, envergonhada.
- Muito prazer, . Hmmm... Posso te chamar de ?
"Me chama do que você quiser. . Gatinha. Psiu. Me chama de 'ei, você'. Me chama de sua."
- Pode, claro.
- Então muito prazer, , eu me chamo John.
Ela revirou os olhos, dando uma risada.
John pigarreou.
- E você é daqui de San Francisco?
- Não. - respondeu. - L.A.
- Wow. - ele arregalou os olhos. - Um pouco longe. Por que não esperou até chegarmos lá, no fim do mês? Ou poderia ter ido no show de Pomona ontem, era mais perto...
A garota riu.
- Eu fui, também.
John estreitou os olhos para ela, e gargalhou.
- Está perseguindo alguém, por acaso? Algum cara de alguma banda deveria ficar preocupado?
o acompanhou na risada, um pouco constrangida.
- Claro que não. - respondeu com uma verdade parcial. - Só estou aproveitando meu mês de férias.
- Então eu vou te ver mais vezes? - John perguntou sem pensar, depois se xingou mentalmente, percebendo o que acabara de dizer.
"Que legal, idiota!".
- Acho que sim... Quer dizer, se você quiser. Digo... - ela coçou o pescoço, sem graça - ENFIM, eu e minhas amigas vamos acompanhar a turnê, então ainda nos esbarramos por aí... - deu uma piscadinha, e se afastou correndo, ao ouvir gritar seu nome.
O músico balançou a cabeça e sorriu, vendo a garota - já longe - apertar a mão de Pat.
- Nos esbarramos por aí...
Capítulo
Capítulo 4 - Ventura, CA
Whoa ah oh ah oh ah oh ah ohh ah oh oh!
Whoa ah oh ah oh ah oh ah ohh ah oh oh!
One, two, one two three four!
We like to party
We like, we like to party
We like to party
We like, we like to party
We like to party
We like, we like to party
We like to party
We like, we like to party
Whooooooooooooooooooa!!!
Feito o ritual pré-show de sempre - que consistia, basicamente, em bater palmas e as mãos nas coxas alternadamente, enquanto pulavam em torno de si mesmos feito retardados e cantavam We Like To Party -, The Maine estava pronto para o terceiro dia de Warped.
Pat foi o primeiro a subir no palco. Ao som dos gritos da multidão de jovens que rodeava o palco, ele se ajeitou na bateria, e começou um solo agitado, ao mesmo tempo que Jared e Kennedy pegavam suas guitarras, e Garrett passava a correia do baixo pelo ombro.
John respirou fundo, e subiu os quatro degraus que o levavam ao palco.
O dia estava lindo, e havia uma quantidade enorme de garotos e garotas pulando e gritando seu nome. Ele deu uma risada enquanto pegava o microfone. Realmente, a vida não podia ficar melhor.
- E AÍ VENTURA, CALIFÓRNIA? Como estão todos hoje? - alguém na primeira fila gritou algo que o fez gargalhar - Ei, ei, ouçam! Eu não lembro bem a letra, então vou precisar que vocês me ajudem com essa música, vamos ver se vocês conhecem... - Pat fez a contagem, e então Jared começou a tocar a introdução de Girls Do What They Want, fazendo os presentes gritarem ainda mais alto. - Pelo visto conhecem... Ok, vamos nessa!
She's 18 and a beauty queen
She makes the boys feel so weak
It's all for her and not at all
She'll pick you up just to watch you fall
It's her hands on my hips, I can't escape 'em
It's that mouth and those lips, try not to taste them
Jared e Garrett tocavam um de frente para o outro, sorrindo. Kennedy tocava sobre uma das caixas de som, e John jogava o microfone de uma mão para outra, no centro do palco.
A multidão pulava e cantava junto, exatamente como ele havia pedido.
That's just the way things are
And the way they'll always be
Girls do what they want (Whoa... Whoa...)
Boys do what they can
Aquele sentimento era incrível.
Ter o mundo nas mãos por cerca de três minutos, centenas de pessoas cantando suas canções, seus pensamentos. Três minutos onde você - do alto do palco - olha para alguém na primeira fila, e a encontra com os olhos fechados, movendo o corpo no ritmo da música enquanto canta junto à multidão.
Você a olha, e então você sabe que a atingiu de alguma forma. Sabe que o que decidiu fazer da sua vida afetou, mesmo que minimamente, a vida dela e de todas aquelas outras pessoas, e de repente as coisas começam a fazer pelo menos um pouco de sentido.
Você sente que os conhece e que, através de suas canções, eles também conseguem conhecê-lo um pouco melhor.
É aquele conhecimento mútuo que o faz levantar da cama a cada manhã.
John sentia que cada novo dia era cheio de expectativas.
E sempre valia a pena.
- - - - - - - -
- Foi o melhor show da história! - Garrett gritou, animado, enquanto eles desciam do palco rindo e se batendo.
- Engraçado como você sempre diz isso, cara. "San Diego, vocês foram os melhores! New York, vocês arrasam! Seattle, sinto que poderia morar aqui!" - Jared respondeu, rindo, depois lhe deu um tapa na cabeça.Eles agora andavam entre as tendas, procurando a sua, onde autografariam coisas por meia hora antes de seguirem para um resto de tarde sem regras.
- Dessa vez é verdade. - ele resmungou, passando a mão onde havia levado o tapa.
- Os shows ficam cada dia melhores, ponto. - Pat se meteu, finalizando o assunto.
John não dizia nada, apenas andava na frente dos companheiros de banda, procurando o rosto de Vito para saber que estava na tenda certa.
Sem aviso algum, então, o vocalista parou, fazendo os outros quatro que vinham distraídos atrás dele trombarem um no outro, como num engavetamento de carros.
Pat subiu nas pontas dos pés para enxergar algo sobre o ombro direito de John, saindo de trás dele logo em seguida. Passou por acenando, com um sorriso, e foi logo conversar com , que estava na tenda ao lado.
- E, no final, Pattie acaba conseguindo a garota... - Kennedy comentou, com um sorriso safado.
Enquanto isso, John continuava parado em frente a uma envergonhada, com as mãos nos bolsos.
- Hey, você!
- Oi... - ela respondeu, lançando um olhar a Garrett, Jared e Kennedy, que tentavam ver alguma coisa pelos lados de John, ou sobre seu ombro.
Ele olhou para trás, confuso, e depois bateu na testa, sem graça, saindo da frente dos amigos.
- Ok. - ele riu - , estes são Kennedy, Jared e Garrett. Caras, essa é a .
Todos eles sorriram e a cumprimentaram.
- Bom, nós já vamos ali ajeitando as coisas, daqui a pouco os fãs começam a chegar. - Jared disse.- É!! Mas fica tranquilo aí, a gente arruma tudo. - Garrett acrescentou, erguendo os dois polegares de forma animada até demais.
teve que rir, e John coçou o pescoço, constrangido, vendo-os se afastarem. As amigas da garota não eram as únicas indiscretas, afnal.
- Hm, - ele pigarreou - Que coincidência legal te ver de novo assim rápido...
- É, bem, na verdade não é uma coincidência tão grande assim... - ela riu, corando, e olhou para cima.
John acompanhou seu olhar, e notou que a lona da tenda era listrada de preto e branco, com dourado na ponta e “The MAINE” escrito ao centro na mesma cor. Sorriu.
- Então você realmente é uma stalker! - viu-a morder o lábio inferior e encarar os cadarços dos tênis. - Sem problemas, não tenho nada contra ser perseguido... - parou pra pensar - Desde que você não roube minhas cuecas. Não tenho tantas assim, e terei que usar a mesma por semanas se elas continuarem sumindo.
Os dois riram.
- Anotado. - ela sorriu, arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Que idiota. - Garrett, de dentro da tenda, comentou.
Os outros dois concordaram.
- A gente se esforça pra ajudar, e ele consegue estragar tudo com um "não roube minhas cuecas, eu não tenho tantas assim" - Jared revirou os olhos - Se eu fosse uma garota, nunca mais falaria com ele depois dessa.
- Falar com quem? - Pat apareceu magicamente ao lado deles, com John atrás de si.
Jared olhou a fila de garotas, que ficava cada vez maior, e apenas balançou a cabeça.
- Vamos começar isso de uma vez.
A 'meia hora' já se transformara em um par de horas, mas os garotos não pareciam se importar. Eles assinavam posters, fotos, encartes de CDs, pulseirinhas, camisetas e tudo o mais, enquanto sorriam para fotos e conversavam com os fãs; sem nem notarem que o sol já começava a se esconder, deixando o céu numa cor que misturava rosa e alaranjado ao seu azul natural.
- Ok. - Kennedy puxou o assunto entre um autógrafo e outro - Qual de vocês dois danadinhos foi o primeiro a convidar as garotas para a nossa festinha de hoje?
Pat e John apenas encararam um ao outro sem dizer nada.
Garrett revirou os olhos, depois fez pose para a foto com uma fã, sorrindo e conversando rapidamente com ela. Quando a garota se afastou, ele encarou os amigos, incrédulo.
- Pelo menos digam que vão ligar pra elas quando a gente sair daqui...
O vocalista apenas tossiu algumas vezes, e não disse uma palavra. O baterista, por sua vez, sorriu para a garota à sua frente e assinou com muita lentidão a camiseta que ela segurava, obviamente ignorando a pergunta de Garrett de uma forma nada sutil.
- Vocês são muito idiotas. - o baixista riu - Eu já esperava isso de você, John. Agora você, Patrick... Você me surpreendeu. Achei que só fazia o tímido pra conseguir as garotas.
Este, então, gaguejou algumas palavras, e voltou sua atenção aos autógrafos pelo máximo de tempo que pôde. Realmente, pedir o telefone da garota não teria arrancado seus braços, era ótima companhia. Devia ter sido mais esperto. Queria muito que ela fosse à festa, mas como conseguir isso?
O último na fila que as fãs faziam, Vito ria, encarando a banda com ar superior, e brandia um papelzinho branco. Quando todas as garotas receberam seus autógrafos, e ele finalmente conseguiu chegar até a mesa, encarou John com um sorriso malicioso.
- Diga que você me ama, que não consegue viver sem mim, e que vocês nunca poderiam ter contratado alguém melhor para fazer a promoção de vocês - ele disse, ainda balançando o papelzinho.
John ergueu uma sobrancelha.
- Não? Ok, então eu vou pegar esse papel com o número da Srta. Hm... - Vito apertou os olhos, lendo as letrinhas no papel - e vou jogar fora.
Numa fração de segundo, John pulara por sobre a mesa, pegando o papelzinho com muita facilidade, e já se afastava, tirando o telefone do bolso. Pat encarou Vito esperançoso, mas este apenas balançou a cabeça negativamente.
- Sinto muito, Pat, sua garota não parou por aqui, não preencheu nenhum formulário de contato.
O baterista fez careta, ao mesmo tempo em que John se aproximou novamente, devolvendo o formulário.
- Elas estarão aí em cinco minutos. - respondeu, apenas, sorrindo bobo.
- - - - - - - -
- Ok. - guardou o telefone no bolso do short, e bateu a porta do carro depois de pegar sua bolsa. - , , peguem o que for necessário, e vamos cair fora. Temos uma festa para ir.
Antes mesmo de ela piscar os olhos, já estava ao seu lado, com a mesma animação que apresentava toda vez que ouvia a palavra "festa". Então, logo atrás da amiga, localizava-se... Um grande espaço vazio.
- Cadê a ?
olhou em volta.
- Estava bem aqui há apenas alguns segundos.
- Será? - coçou o queixo - Pra falar a verdade, não a vejo desde o show do Cash Cash...
A outra fez um som em discordância.
- Ela estava nas tendas com a gente, depois disso.
ergueu as sobrancelhas.
- E você viu alguma coisa, conversando com o Pat? - riu, vendo a amiga lhe mostrar o dedo do meio - Eu não a vi depois do show, você tem certeza de que ela estava com a gente?
não respondeu. Tirou o BlackBerry do bolso, ligando para o terceiro número da discagem rápida, e esperou até que a amiga atendesse.
- Onde você está, sua vadia? - bufou - Oi pra mim também o meu cu! Cadê você? Estamos indo a uma festa com os Maines, você tem exatos três minutos e vinte e sete segundos pra chegar nessa droga de carro! - desculpou-se com ao ouvi-la reclamar sobre ter seu carrinho chamado de droga - Três minutos e vinte e cinco, três minutos e vinte e quatro...
Desligou o telefone, guardando-o na mochila, e revirou os olhos.
- Comendo, pra variar. Não sei como essa maldita consegue comer o tempo todo e ser magra.
riu.
- Olha quem fala.
Cerca de dois minutos depois, apareceu, como se viesse correndo do além, e parou na frente das amigas, apoiando-se nos joelhos e respirando ruidosamente. Ela ajeitou o cabelo, e a camiseta, que estava um pouco fora do lugar, e sorriu largamente.
- Oi, gente.
revirou os olhos.
- Não suma desse jeito! - resmungou, e fez uma careta.
abanou o ar, e começou a puxar desesperadamente as amigas em direção à tenda do The Maine.
- Por que essa pressa toda? Alguém está morrendo? - perguntou, tentando desequilibradamente acompanhar , que ainda a arrastava pelo pulso.
- Ela não quer se atrasar para o encontro com o John Ohhhh, John Ohhhhhhhh.... - respondeu, gemendo de forma divertida, e provocando uma risada.... Masculina demais.
não tomava esteróides, tomava? Não lembrava da voz dela assim...
- Parece que eu sempre acabo ouvindo o que não deveria... - a voz masculina, que (obrigada, karma!) obviamente pertencia a John O'Callaghan, respondeu, com um leve tom de riso. - E aí, garotas? Vocês estavam meio que demorando, então decidi procurá-las. Os caras já foram para a festa.
, que a essa hora já havia adquirido diferentes tons de vermelho, não sabia se morria de raiva ou vergonha. Ah, isso teria volta...
- Estávamos procurando a perdida, aqui. - respondeu, ignorando o calor nas bochechas, e apontou para - Aliás, esta é minha amiga . , esse é o John.
- John, claro! Muito prazer. - ela se adiantou para apertar-lhe a mão estendida - A propósito, a foto ficou ótima. Obrigada.
Ele apenas sorriu e balançou a cabeça, indicando para que as três o seguissem.
- Para onde estamos indo, afinal?
O músico agitou a mão com indiferença, e nada disse.
Já estava bastante escuro, e poucas pessoas ainda circulavam pelo Seaside Park. A maioria havia voltado para suas casas ou hotéis, e alguns já estavam na estrada, a caminho da próximo local de show. O pessoal da produção das bandas ainda estava lá, é claro; os responsáveis pelo merch desmontavam suas tendas e começavam a guardar as coisas; e os músicos não faziam basicamente nada. Rodinhas e mais rodinhas de violão em vários cantos, e garrafas de qualquer coisa com teor alcoólico elevado os fazendo companhia.
Quando chegaram ao seu destino, Pat já os esperava bem à frente do pequeno grupo de pessoas que fazia música perto de um ônibus qualquer. Ele sorriu para e , e esta o apresentou a , animada. Os três logo apressaram o passo, andando bem à frente de e John, conversando sobre a cidade em que estavam.
- Bastante cheia essa festinha de vocês.. - disse, olhando em volta.
John riu.
- A festa começa mais tarde, e é um pouco mais particular. Por enquanto são só alguns amigos matando tempo.
observou um pouco melhor os "amigos", e parou de andar no instante seguinte, chocada.
Uma das pessoas ali ela conhecia suficientemente bem. Um rapaz de cabelo bagunçado, franja ajeitada na frente do olho, grossas sobrancelhas e os dentes da frente um pouquinho maiores que o normal.
Sim, Alex Gaskarth, é claro.
John olhou para trás ao perceber que a garota não o acompanhava, e retrocedeu uns dois passos até parar ao lado dela.
- Está tudo bem?
Ela ainda encarava Alex sem dizer nada. John acompanhou, confuso, seu olhar.
- Você não gosta de All Time Low?
- Não é isso...
John, então, pareceu decepcionado.
- Ah, entendi. Você gosta de All Time Low. - suspirou - Quer que eu os apresente?
negou um tanto desesperada, o que o deixou confuso. Ela coçou o nariz, sem jeito.
- Nós já nos conhecemos. Mais ou menos. - torceu as mãos - Não foi exatamente o que eu esperava.
O músico olhou para Alex por sobre o ombro.
- Ele não foi legal?
Ela suspirou.
- Ele me ignorou completamente nas duas primeiras vezes, e quando eu já estava quase desistindo de conhecê-lo, ele apareceu, e me abraçou enquanto sorria pra foto, depois deu as costas e foi embora. - revirou os olhos - Rian, Zack e Jack foram incríveis, mas ele parece só te dar atenção enquanto você repete o quão incrível ele é.
John pareceu pensar por um instante.
- Ok, vem comigo. - puxou-a pelo braço até o último lugar aonde ela gostaria de ir - E aí, Alex?
- Johno! Como vai?
Ele balançou a cabeça.
- Vou bem. Escuta, acho que você ainda não conhece a .
O vocalista do All Time Low a encarou da cabeça aos pés, abrindo um sorriso todo cheio de dentes.
- Não, mas será um prazer. - estendeu a mão à garota - Sou Alex.
O outro vocalista revirou os olhos, e puxou a garota, colocando o braço em sua cintura, antes que ela pudesse se apresentar a Alex.
- Bem, a gente vai pra lá. Qualquer coisa.... Estamos lá. - quando se afastaram do All Time Low, John sorriu para , apontando para algumas pessoas enquanto eles andavam. - Aquele lá é o Vito, você o conhece da nossa tenda. Tim, nosso empresário; e Max, ele organiza as turnês. Suas amigas e o Pat estão com o David e o Jimmie do Every Avenue, esses caras são INSANOS... Jared está lá com os carinhas do There For Tomorrow - John fez cara feia para ela, que riu, lembrando do episódio do dia anterior - E agora eu vou te apresentar a banda mais legal desse lugar. Quer dizer... A segunda, já que a banda mais legal desse lugar somos nós!
- Mais modesta também - riu.
John parou na frente de cinco rapazes que faziam cover de Billionaire, do Travie McCoy. Ao notarem sua presença, eles pararam de tocar, olhando para com incontida curiosidade. A garota, sem graça, acenou para os cinco, e enfiou novamente a mão no bolso do short.
- Caras, essa é minha amiga . - o vocalista do The Maine começou as apresentações - , estes são Nick, Andy, Eric e Justin, do A Rocket To The Moon. - apontou para a quinta pessoa - E esse é nosso grande amigo Dirk...
- Mai. - ela completou, alargando o sorriso - Eu conheço você. Adoro o seu trabalho!
- Obrigado. - ele respondeu.
- MAS... - continuou, fazendo-o arquear uma sobrancelha - você gosta de um preto e branco, não?
Dirk gargalhou. - Você não?
Ela pareceu pensar.
- Nada contra. - disse – Mas, na minha opinião, as suas melhores fotos são as menos editadas. Você tem uma facilidade incrível em pegar o melhor ângulo e iluminação, me deixa azul de inveja.
- Oh, temos uma fotógrafa no recinto?
A garota balançou a cabeça.
- Eventos sociais, na maioria das vezes. Casamentos, aniversários, lançamento de livros... - fez uma careta - Seu trabalho é mais divertido que o meu, tenho certeza. - resmungou, fazendo-o rir.
- Você vai continuar acompanhando os shows? - ela assentiu - Trouxe sua câmera, e tem passe para fotos profissionais, eu suponho. - fez que sim outra vez - Então é isso. - Dirk apontou para ela - Phoenix. Amanhã. Nós vamos fotografar juntos.
riu mais uma vez, concordando, e eles engataram em uma conversa animada sobre o trabalho de ambos.
John revirou os olhos. Sentia-se abandonado.
Pat imitava alguém de uma forma um tanto cômica, fazendo rir muito e bater palmas. Estavam um pouco afastados dos outros; a outra garota, , ainda estava com o Every Avenue, e agora Jared e Garrett haviam se juntado ao grupo. Não fazia a menor idéia do paradeiro de Kennedy, ou de Tim e Max. Vito conversava com duas garotas. e Dirk ainda conversavam; os garotos do A Rocket To The Moon continuavam a tocar qualquer coisa, com duas ou três pessoas por perto, cantando junto. Zack e Rian já tinham ido embora, assim como todos os caras do There For Tomorrow. Jack falava no celular, e Alex...
Bem, Alex acenava para ele.
John olhou para os lados, tentando descobrir se era com ele mesmo que o outro falava. Alex revirou os olhos, impaciente, e o chamou outra vez. Sem nada melhor para fazer, ele se levantou, e foi ao encontro do outro vocalista.
- Parece que está perdendo sua garota para o fotógrafo. - Alex comentou, divertido, indicando os dois com a cabeça.
- não é minha garota. - John respondeu, um pouco irritado, um pouco envergonhado.
Alex ergueu as sobrancelhas, surpreso e curioso ao mesmo tempo. - Então ela está livre? - perguntou, dando uma risadinha maliciosa.
O outro gargalhou, ficando muito sério no instante seguinte.
- Não. - deu um tapa na cabeça do amigo, e voltou a rir.
Logo depois, Matt Flyzik - tour manager do All Time Low - apareceu para chamar Jack e Alex. Estavam partindo em dez minutos.
Os dois se despediram de todos com acenos vagos, seguindo Matt para seu ônibus. Dirk aproveitou o embalo e também deu até logo, dizendo que encontraria a todos novamente no Arizona.
O número de presentes agora estava bastante reduzido, cerca de quinze pessoas. Nick Santino levantou de seu banquinho, guardou o violão no case, e pediu que os outros se aproximassem.
- Bem-vindos à nossa humilde primeira festa da Warped Tour desse ano!! - fez uma reverência exagerada indicando a entrada do ônibus de turnê de sua banda. - Entrem, entrem! Temos boa música, e todos os drinks na conta do Halvo!!
Capítulo 5 - Phoenix, AZ
- Acorda, dorminhoca.
ouvia vozes distantes, mas não conseguia compreender o que diziam. Uma outra, consideravelmente mais perto, chamava seu nome.
Com um pouco de dor de cabeça, mas já desperta, ela resolveu abrir os olhos, deparando-se com um par de olhos estupidamente verdes a encarando muito de perto. O par de olhos que pertencia ao rosto lindo e com algumas sardas de John Ohh.
- Bom dia! Como você dorme, huh... - ele disse, sorrindo, sentado na beirada da cama minúscula.
- O que eu estou fazendo aqui? - perguntou, depois de olhar em volta, confusa.
- Você não lembra? - John devolveu outra pergunta, estreitando os olhos.
A garota sentou na cama, e sentiu um frio estranho. Olhando para baixo, percebeu que o lençol - a única coisa que cobria seu corpo nu - agora estava embolado na altura da sua cintura. Dando um pulo que a fez bater com a cabeça no teto, puxou o lençol até o pescoço.
- QUE PORRA EU ESTOU FAZENDO AQUI????
- Você não se lembra de verdade? - ele pareceu decepcionado - Bem... Nós estávamos fazendo uma festinha no ônibus do A Rocket To The Moon; sua amiga bebeu demais e passou mal, então e Pat foram com ela para o carro, mas você preferiu ficar. Uma coisa leva a outra...
apenas o encarava, ouvindo a história, o lençol ainda a cobrindo até o pescoço. Aos poucos ela ia se situando, lembrando de algumas coisas. Ser apresentada a Alex Gaskarth, e receber um sorriso genuino vindo dele (não que ela ainda se importasse com Alex, afinal. Já havia desistido no primeiro dia de Warped). A conversa com Dirk Mai, Halvo e os outros garotos. Festa no ônibus. John com o sorriso torto mais lindo que ela já vira na vida, e um copo plástico vermelho, cheio de uma bebida que nenhum dos dois sabia dizer qual era. Tinha o gosto estranho, nem doce nem amargo. E queimava a garganta, mas de um jeito gostoso. Como beber chocolate quente no inverno, aquele calorzinho bom.
E então não se lembrava de mais nada.
A voz do rapaz a trouxe de volta à realidade. Ela o olhou mais uma vez, e não pôde deixar de notar que ele tinha os cabelos bagunçados, e que vestia apenas uma de suas famosas calças justas. E um par de sapatos pretos.
Sim, ausência total de camisa.
Ohh, Deus...
- ...Comece a surtar, eu juro que não me aproveitei de você! Na verdade, acho que você que se aproveitou de mim...
- Não duvido. - murmurou, envergonhada, largando o corpo na cama outra vez.
- Sério, você quase me estuprou enquanto a gente tentava chegar nesse bunk. - John comentou, rindo, como se não fosse nada de mais.
A garota ia ficando mais vermelha a cada segundo. Conhecia seu eu-etílico bem demais para saber que toda a história tinha noventa e nove porcento de chance de ser total e irremediavelmente verdade.
- Os outros...?
Johno revirou os olhos.
- Eu estava meio alto, mas não sou idiota, né... Fugimos da festa antes do ônibus sair de Ventura. Os caras devem ter viajado com o ARTTM.
- E as minhas amigas...
- Foram no seu carro. - ele respondeu.
Os olhos de quase saltaram das órbitas. - QUEM FOI DIRIGINDO?
- , eu acho. Ou Pat, se não voltou para a festa depois. não tinha a mínima condição.
A garota suspirou, constatando o óbvio.
- A gente transou.
John virou os olhos verdes outra vez. - Oh, sério mesmo? - perguntou, achando graça.
puxou o travesseiro, cobrindo o rosto com ele, e deu um grito abafado. O músico mordeu o lábio, apreensivo.
- Arrependida?
- Mais ou menos. - ela respondeu, e puxou o lençol até o topo da cama, cobrindo-se da cabeça aos pés. - Pretendia ser difícil por um tempo e... AI MEU DEUS! - descobriu a cabeça, pulou sentada, batendo a cabeça no teto outra vez, e encarou o rapaz com seus olhos arregalados em terror - Eu não te deflorei, deflorei?
John gargalhou, mas não respondeu. Balançando a cabeça, ele pulou do bunk, e vestiu a primeira coisa que encontrou pela frente: uma camiseta cinza de gola V, que nem mesmo lhe pertencia.
- Já chegamos em Phoenix. - gritou, do banheiro, enquanto arrumava o cabelo. - Os caras estão me esperando lá fora. Temos uma entrevista na próxima hora, e depois show.
A garota não dizia nada. Apenas o observava andar de um lado ao outro atrás de sua carteira, dos óculos, do telefone celular. Depois de pegar tudo o que precisava, ele se sentou na beirada do bunk outra vez, com as pernas para fora, balançando no ar.
- Fique o tempo que quiser, ok? O banheiro fica ali, e o projeto de cozinha é ali. Pat geralmente tem algo comestível lá, pode roubar qualquer coisa se estiver com fome. Te vejo mais tarde. - beijou-lhe o topo da cabeça, e desceu da cama, indo em direção à saída do ônibus. - Ah! - antes de sair, John virou para trás, sorrindo constrangido - Não sei dizer onde todas as suas roupas estão, mas as minhas ficam ali na última porta do armário, se precisar de alguma coisa.
- - - - - - - -
Depois que John a deixara sozinha, saiu à caça de suas roupas. Primeiro o short embolado entre os lençóis, depois a calcinha ao pé da cama, e as meias junto aos tênis, na entrada do ônibus. Passando pela pseudo-cozinha, a garota encontrou sua regata branca, e aproveitou para pegar um bagel amanteigado que, segundo John, provavelmente pertenceria ao baterista. Pat que a desculpasse, mas ela precisava daquilo mais que ele.
Ainda catando suas coisas pelo caminho, encontrou os óculos de sol, sua bolsa, o cinto, o telefone celular (com 36 chamadas perdidas - uma de seu pai, cinco de um número desconhecido, e todas as outras de -, além de duas mensagens de texto - também da garota), mas nada de sutiã.
Absolutamente nada de sutiã.
Como ela sairia dali vestindo uma regata branca SEM lingerie?
O jeito seria vasculhar o armário de John atrás de algo que pudesse ajudá-la.
Hmm, esperar que ele tivesse um sutiã por lá seria demais, certo? E, de qualquer forma, não sabia se deveria ficar feliz, triste, ou desconfiada, caso encontrasse lingerie entre as roupas do rapaz.
O caso era que John não tinha praticamente NADA no armário. Três jeans de lavagem escura, uma regata cinza e uma colorida, uma camiseta branca de gola V, uma camiseta de baseball, uma camiseta com estampa colorida, quatro cuecas (bem que ele avisara...), algumas meias, e uma camisa de flanela. COMO ELE ESPERAVA SOBREVIVER UM MÊS COM AQUILO?
Sem muitas opções, pegou a camisa, e a vestiu sobre a regata branca, fechando quase todos os botões e dobrando as mangas até acima dos cotovelos. Ainda assim, parecia apenas um vestido nada apropriado para o verão do Arizona. Ok, ela precisava chegar até seu carro o mais rápido possível.
Assim que desceu do ônibus, entretanto, percebeu uma coisa muito importante:
Não fazia a mínima idéia de onde encontrar o automóvel.
Tirou o iPhone da bolsa, e chamou o segundo número da discagem rápida. No segundo toque, uma voz masculina atendeu:
- Alô, ? Erm.... Que ? Quem está falando?
A garota, assustada, olhou para o visor do seu próprio telefone. Não, não estava ficando louca. Discara mesmo o número de . Será que a amiga tinha perdido o telefone?
- Alô, quem é? - perguntou, desconfiada.
- Erm.... Pat? - a voz do outro lado da linha respondeu.
- Pat? - ela bateu na testa, compreendendo - Ah, oi, Pat!! É a amiga da , !
Dois segundos de silêncio.
- AH! A do John... - Pat comentou, fazendo-a corar - Não sabia que eu tinha seu telefone...
- E não tem. Eu liguei pro número da .
- Mas então como é que.... Oh! - ele riu - Nós temos o mesmo modelo de telefone, acho que acabei ficando com o dela sem querer... - pensou por alguns segundos - Bem, se eu estou com o da , ela deve estar com o meu. Posso te passar meu número e você fala com ela.
- Na verdade, eu só quero saber onde vocês estacionaram meu carro... Aliás, POR FAVOR, diga que foi você quem veio dirigindo!!!!
O baterista confirmou, rindo, depois explicou onde havia estacionado, dizendo que, quando deixara o carro, logo cedo, as duas garotas ainda dormiam. agradeceu, desligou o telefone, e foi atrás das amigas.
estava deitada no banco de trás, mais parecendo desmaiada ou morta, e nem se moveu quando ela deu três batidas no vidro. Já , dormindo no banco reclinado do motorista, deu um pulo tão grande que quase bateu a cabeça no teto, e paguejou baixinho, virando-se para ver quem a havia acordado. Sorriu ao reconhecer a amiga, mas o substituiu por uma careta confusa ao notar a roupa que a outra vestia.
- Perdi meu sutiã, e roubei uma camisa do John. É uma história um tanto longa, que eu não tenho lembranças suficientes pra contar. - resmungou, abrindo a porta do motorista e indicando para que a amiga trocasse de assento. Esta, ainda um pouco sonolenta, pulou para o banco do carona. - Quero é saber da SUA noite. Aliás, não quero saber não! - fez uma careta - Espero que você e o Pat não tenham feito coisa feia no meu banco traseiro!
- Não. - riu, e revirou os olhos - Eu teria feito as coisas mais feias do mundo sem nem me importar com o seu banco traseiro, mas Pat não é desses... Infelizmente. E, de qualquer forma, continua na mesma posição de quando a deixamos ali, noite passada.
As duas olharam para a amiga, ainda imóvel, e riram.
- Será que ela ainda está viva?
cutucou , que resmungou algo, e se virou no banco.
- Parece que sim.
- O que aconteceu, afinal? - perguntou.
- Bem...
* FLASHBACK *
- Eu tentando beijá-lo, e eu ficava rindo, e ele só ficava tipo "Nããão!!!! Sai de perto de mim!" - Pat imitava a voz de Garrett, agitando os braços como se tentasse afastar alguém, e ria muito.
conversava com os garotos do A Rocket To The Moon, fazia um esquenta com Jared, Garrett e os caras do Every Avenue, e já não parecia muito sóbria. John Ohh estava conversando com Alex Gaskarth.
E três dos caras que ela mais gostava no mundo estavam ali.
não sabia se olhava para Pat Kirch - bem à sua frente -, Dirk Mai - conversando com , Halvo e os outros - ou Jack Barakat - sentado ao lado de Alex e Johno, falando ao telefone - então tudo o que ela fez foi focar sua atenção no baterista, que contava histórias engraçadas e embaraçosas de seus companheiros de banda. Pelas coisas que Pat dizia, eles pareciam ser muito divertidos, e ela se perguntava como seria passar um tempo relativamente longo com os cinco. Desviou um pouquinho o olhar para a esquerda, e encontrou aquele garoto alto, magrelo e de olhos verdes fitando sua melhor amiga de canto de olho.
Bem, se fosse boazinha, talvez ela não precisasse ficar apenas se perguntando.
Olhou novamente para Pat, que sorria e mexia no cabelo.
Oh, Deus, ela queria TANTO que fosse boazinha...
percebeu que sua mente vagara por tempo demais ao notar que Pat a encarava curiosamente, e que várias pessoas já tinham ido embora - incluindo Jack e Dirk. Antes que um dos dois pudesse dizer qualquer coisa, entretanto, ouviram Nick Santino convidá-los para a festa que estava finalmente começando. Eles foram os últimos a entrarem no ônibus do ARTTM, que já tinha música alta e gente bebendo.
- Posso te oferecer algo pra beber? - Pat perguntou, envergonhado.
A garota sorriu. Ele gaguejava de um jeito muito fofo. - Vodka com gelo, por favor.
Ele assentiu, e se afastou rapidamente em direção ao fundo do ônibus. virou-se para o lado, e deu de cara com , Jared e Justin bebendo.... Tequila.
Uh-oh.
- !! - ela chamou, nem um pouco feliz, não recebendo resposta alguma.
Pat voltou antes que a garota pudesse insistir em chamar a amiga, e eles começaram uma conversa sem noção sobre Dexter, fazendo-a esquecer que não podia beber tequila. Até que, cerca de meia hora depois, ouviu-se o barulho de vidro quebrando e uma risada escandalosamente alta. olhou para o lado, encontrando a amiga cambaleante e com olhos ligeiramente desfocados.
Ela sabia o que aquilo significava.
ia fazer algum fiasco em três... Dois...
- EEEEEEEEEEEEEWWWW!!!! - Justin gritou, encarando com nojo os sapatos agora decorados pela a última refeição feita por . Ela apenas o encarava, sem graça, cobrindo a boca com a mão direita, e Jared ria loucamente.
- É sua amiga, não? - Pat perguntou, fazendo uma careta engraçada. - Ela não parece muito bem...
- , sim. - revirou os olhos - E só fica pior. sabe que não pode beber tequila, ela passa tão mal que praticamente vomita os próprios órgãos. - Pat fez outra careta, e ela riu - Erm, desculpe, informação demais, não é? Enfim, lá vou eu dar uma de babá essa noite...
- Quer ajuda? - o baterista perguntou, sorrindo, fofo.
- Não precisa, Pat, obrigada. - a garota chegou até , que era amparada por um Jared risonho e um Justin bêbado e um tanto enojado - Hey, minha pequena alcoólatra, acho que a noite acabou pra nós duas... - ela tomou o lugar de Justin, apoiando o braço de no ombro - Desculpe, ela normalmente não é assim.
O guitarrista deu de ombros. - Agora já foi, né... Vou trocar os sapatos, que a festa não para!!
Jared olhou para a garota e sua amiga bêbada, depois para Justin, e o resto das pessoas no ônibus.
- A festa não para! - repetiu, e saiu atrás de Justin, deixando aos cuidados de .
Ela tentou carregar a amiga para fora, sem muito sucesso.
- Vamos, sua vaca, uma ajudinha seria legal! - resmungou, tentando fazê-la andar; mas a outra apenas ria e falava coisas sem sentido, nem pensando em sair do lugar.
Pat chegou, e tomou a garota dos braços de , rindo.
- Admita que precisa de ajuda, vai... - riu mais ainda ao vê-la fechar a cara - Ok, pra onde vamos levá-la?
- Carro da . - resmungou.
- Pegue as chaves, e nos encontramos lá fora. - Pat respondeu, acenando um tchauzinho com a mão de , já semi-adormecida.
A garota não conseguiu não rir, e se afastou balançando a cabeça.
Encontrou no fundo do ônibus, junto com John, Tim e Max. Os três rapazes conversavam, e olhava de um para o outro, apenas acompanhando a conversa sem dar nenhuma opinião, enquanto bebia algo não identificado dentro de um copo vermelho. John estava atrás dela, abraçando-a pelo pescoço, curvado, com o queixo apoiado em seu ombro. Ele também segurava um copo vermelho.
- Oi gente, desculpa interromper... - disse, e se virou para a garota - bebeu tequila.
- Ah, não. - se mexeu desconfortável, e John desceu as mãos para sua cintura, prestando atenção no que elas conversavam - Onde ela está?
- Lá fora. Pat está com ela. - explicou, ao ver os olhos arregalados da amiga - Acho que vou levá-la para o carro.
O casal trocou um olhar indeciso.
- Quer que eu vá com você? - perguntou, por fim, mas John fez uma cara de cachorrinho abandonado tão bem articulada que deixou até com pena.
- Não precisa, amor. Aproveite a festa enquanto eu cuido dela, da próxima vez a gente troca. - as duas riram, e ela pegou as chaves e se despediu.
Encontrou Pat sentado na calçada. estava sentada ao lado do rapaz, com a cabeça apoiada em seu ombro, olhando para o céu e cantando "Brilha brilha, estrelinha", fazendo-o gargalhar.
- Sua amiga bêbada é muito engraçada. - Pat disse, ao vê-la se aproximar. Meneando a cabeça, ele se levantou, puxando a garota semi-acordada consigo - Podemos ir?
mordeu o lábio.
- Você sabe que não precisa fazer isso, Pat. Não quero estragar a festa pra você também.
- Você está indo embora... Pra mim a festa já acabou. - ele respondeu, simplesmente.
Muito sem graça, mas com um sorriso bobo, ela o acompanhou até o carro. Juntos, colocaram deitada no banco de trás, depois Pat sentou no banco do motorista, e no do carona. Ela sorriu.
- Obrigada, Pat.
- Não foi nada. - o baterista respondeu, envergonhado, mexendo no cabelo - Lá a gente nem conseguiria conversar direito mesmo... Posso aproveitar esse tempo muito melhor aqui, conhecendo você um pouco mais.
riu e balançou a cabeça; e então eles ficaram em silêncio por uns minutos. A garota ocupada demais contando as estrelas pela janela, Pat ocupado demais olhando para ela.
- Sabe, - o rapaz começou - eu só vou te conhecer um pouco mais se você me falar sobre você...
- Oh, bem... - ela coçou a nuca - Hmm... Tenho 20 anos, estudo arte com e na UCLA...
- Vocês são de Los Angeles?
- Bem, sim e não, na verdade. Elas são de Seattle, eu de Washington DC. Somos amigas desde sempre, mudamos pra L.A. há uns três anos.
- Ok. - Pat coçou o queixo - Você tem 20 anos, mora em L.A., estuda arte... O que mais?
- Sou professora. Mais ou menos. - riu - Dou aula particular. Desenho e pintura. - pensou um pouco - Sou apaixonada pelos filmes da Disney. Tenho um cachorro. E já conheci o Johnny Depp.
Pat gargalhou. - Deve ter sido fantástico.
- Foi épico. - ela balançou a cabeça solenemente - Roubei os óculos dele.
O rapaz não conseguia parar de rir.
- Você o quê??
- Ahh... Ele os largou no balcão, eu peguei e saí correndo. Mas voltei, depois, e devolvi. Eu só estava bêbada, mas ele deve ter me achado maluca.
- Johnny Depp não tem o direito de achar ninguém maluco. - ele argumentou.
- Bom ponto de vista.
Eles ficaram apenas se encarando por alguns instantes, ainda com ar de riso.
- Você é divertida. - Pat quebrou o silêncio.
- Obrigada. Você também é. - ela se preparou para imitá-lo - YOU'RE JUST A CUPCAKE LOVER!!
- Oh! - o baterista cobriu o rosto com as mãos, envergonhado, depois se moveu imperceptivelmente na direção da garota, sorrindo - Não, é sério, você é ótima. Eu gostei muito, muito de te conhecer. - chegou um pouquinho mais perto - Será que eu poderia...
- Sim. - respondeu.
Ele a olhou. - Sim o quê?
- Não sei. Não importa. A resposta é sim.
- Legal. - Pat respondeu, mas não se moveu, continuando desconfortavelmente no meio do caminho entre seu assento e o dela.
esperou por alguns momentos, imaginando que ele estivesse apenas escolhendo a melhor aproximação. Pat, por sua vez, não parecia capaz de se mover, como se estivesse congelado ou algo assim. Bem, ele conseguia sorrir e mexer no cabelo, na verdade, mas, tirando isso, parecia congelado.
Ela revirou os olhos, divertida.
- Você não tem nada contra garotas que tomam a iniciativa né? - e, sem esperar resposta, grudou os lábios nos dele.
O músico a princípio não sabia bem o que fazer com as mãos, apoiadas na ponta do seu assento. Alguns segundos depois, entretanto, venceu o espanto e decidiu por posicioná-las respeitosamente bem no meio das costas de , aprofundando o beijo.
* /FLASHBACK *
- Então um desses caras muito inconvenientes ligou pro Pat dizendo que eles estavam deixando Ventura. Nós tentamos falar com você ou com o John, mas, pelo visto - mexeu na barra da camisa masculina que vestia - uns e outros estavam ocupados demais pra atender o telefone, então Pat sugeriu que fôssemos no seu carro, e você e aquela lombriga ambulante que viessem andando, se fosse o caso. Brincadeira! - acrescentou, em meio a uma risada, ao notar a cara feia da amiga - Pat conseguiu falar com alguém que sabia onde vocês estavam.
- Por que você fica repetindo o nome dele desse jeito?
- Porque nos beijamos. - respondeu, com um sorriso bobo.
- E você tem o telefone dele. Tipo, literalmente. - ela a olhou sem entender, e revirou os olhos - Liguei pra você mais cedo, e Pat atendeu. Ele acabou deixando o dele aqui e levou o seu no lugar, sem querer. - lançando um olhar de cobiça ao BlackBerry largado no console do carro, acrescentou - Vamos olhar as mensagens!!
- Não! - resmungou, tentando pegar o celular, mas a outra foi mais rápida.
E antes que pudesse mexer em qualquer coisa, ouviu seu próprio celular tocando. Xingou baixinho, jogando o celular de Pat no colo da amiga.
- Salva pelo gongo. - resmungou, caçando o próprio telefone dentro do triângulo das bermudas que ela carinhosamente chamava de bolsa. - OH MEU DEUS, DIRK MAI ME LIGANDO. DIRK MAI ME LIGANDO!!!!!!!!!... Espere, como ele tem meu número?
revirou os olhos, rindo. Para ela, Dirk Mai era last week.
Bem, depois de Pat, todos os caras do mundo eram last week.
- Pare de surtar e apenas atenda de uma vez, ou vai deixar tocar pra sempre?
deu a língua, e atendeu a ligação.
- Você está atrasada! - o fotógrafo gritou, do outro lado da linha, sem nem cumprimentá-la. Havia muito barulho. Ele estava, com toda a certeza, em algum lugar entre uma multidão de pessoas barulhentas.
- Atrasada? - a garota fez uma careta de dúvida. - O quê?
- Deus, alguém tem que te ensinar a beber! Aposto que não se lembra de nada da noite passada... - ele falou, rindo, e tudo o que conseguiu pensar foi "você nem imagina" - Seguinte: pegue sua maldita câmera e venha VOANDO até o palco da Hurley. Eles já estão tocando e você vai perder por W.O. se não chegar aqui em trinta segundos!
- Mas... - então ela parou de falar, e encarou seu iPhone, perplexa. - Que rude! Desligou na minha cara... - depois arregalou os olhos, lembrando da competição com Dirk.
- Ok, preciso de um sutiã.
Capítulo 6 - Las Cruces, NM
Era horário de almoço, em uma lanchonete qualquer nos arredores do NMSU Pan American Center. Na mesa, - ainda morrendo de dor de cabeça e sem coragem de encarar Justin sentado logo ao lado - parecia ligeiramente distraída por trás dos óculos de sol. conversava com os garotos do A Rocket To The Moon, olhando o celular vez ou outra, quase que tentando fazê-lo tocar com o poder da mente. Dirk e conversavam por cima de várias fotografias espalhadas sobre a mesa.
A duas mesas de distância, LoveHateHero e The Devil Wears Prada almoçavam.
Christopher Drew e sua equipe já pagavam a conta e se preparavam para deixar o local, enquanto, ainda do lado de fora, Forever The Sickest Kids eram cercados por fãs.
E, é claro, certos garotos do Arizona estavam atrasados.
- Acho que temos que concordar que essa foto é a melhor. - Dirk disse, colocando cuidadosamente uma foto sobre as outras na mesa - E odeio admitir, mas não é uma das minhas. A verdade, Srta. Fotógrafa, é que se eu consigo o melhor ângulo e iluminação, você tem as melhores poses. Suas fotos são incríveis, você deveria largar os casamentos e formaturas, e começar a trabalhar registrando shows... Não é muito viável financeiramente, mas você vai se divertir bem mais. – os dois riram – Olha só, tenho uma exposição agendada para o começo de setembro, e como você ganhou nossa pequena competição, tem um espaço lá pra expor o que você quiser.
coçou o pescoço, corando, e ia dizer algo, quando ouviu uma voz familiar:
- Hey, uma foto minha!
A garota olhou para cima, tentando desesperadamente cobrir a foto com discrição, mas já era tarde demais.
- Não, não é. – ela respondeu, empinando o nariz.
- Bem, esse cara aqui no meio parece bastante comigo... - o rapaz comentou, apontando.
- É, ok, mas não é só você ali. - retrucou, corando mais uma vez.
Na foto, John vestia a camiseta cinza que o vira pegar no ônibus, na manhã anterior, com os óculos de sol presos na gola. Tinha uma das mãos no cabelo, e com a outra segurava o microfone. O rosto estava voltado para cima, e, de olhos fechados, ele sorria.
Era definitivamente uma foto só dele, e ela não tinha como negar.
- Tem razão. - John coçou o queixo, apontando um canto da fotografia - Estou vendo um braço do Pat, ali.
gaguejou, sem jeito, fazendo-o sorrir, convencido.
- Que bom que vocês chegaram! Cinco minutos a mais e eu não teria forças nem pra segurar os talheres. - Halvo exclamou, aliviado, e todos riram.
- Eu sei! - Pat revirou os olhos, exasperado - Foi quase impossível chegar do ônibus até aqui dentro. Garotas demais gritando "Kyle, Kyyyyle! JCook! Caleb!!!". Uma verdadeira loucura lá fora. - abaixou-se ao lado de e deu-lhe um beijinho leve no pescoço - Oi, .
Sucedeu-se, então, um coro de Oh's e Aww's - com direito a 100% de entonação de voz gay - que deixou o novo casal muito sem graça. E em meio às piadinhas, John - já acomodado na cadeira ao lado de - aproximou-se do ouvido da garota.
- Tive essa estranha sensação de que você fugiu de mim o dia inteiro, ontem.
realmente havia sido um pouco escorregadia, em Phoenix. Precisava recuperar seu sutiã, ou nunca mais seria capaz de encará-lo outra vez sem morrer de constrangimento.
Contudo, apesar de ser total e completamente verdade, ela balançou a cabeça.
- Por que eu faria isso?
- Foi o que eu me perguntei o tempo todo.
E não conseguiu evitar o sorriso ao senti-lo segurar sua mão sob a mesa.
- - - - - - - -
Depois do almoço - que consistia, na verdade, em sanduíches de frango nada saborosos - o grupo ficou jogando conversa fora e tirando fotos, até Max aparecer.
- Temos que ir, pessoal. A abertura dos portões é, em quinze minutos.
Todos levantaram instantaneamente, e foram pagar suas contas.
- O que vocês vão fazer hoje? - já do lado de fora, Pat perguntou às garotas.
- Sem planos. - respondeu - Acho que já vimos todos os shows que queríamos, não é, ?
- Faltou Jeffree Star, eu acho. - ela disse - E You Me At Six, mas se eu não me engano eles só tocam quando chegarmos a Chicago...
- Então Jeffree Star será. - deu de ombros. - E vocês?
- Qualquer coisa com o Buzznet daqui a pouco, e nos apresentamos no palco da Hurley às quatro.
John veio correndo até o grupo.
- Vamos lá, Pat, antes que o Max venha te puxar pelo cabelo... - acenou com a cabeça para , e - Desculpem, garotas. Compromissos, compromissos. - depois se aproximou da primeira, todo sorrisos - Te vejo mais tarde, ou você vai sumir por aí de novo?
- Bem, me ligue quando estiver livre, ok?
- Perfeito. - ele pôs as duas mãos no ombro da garota, puxando-a para perto de si - Até mais. - beijou-lhe o canto da boca, e saiu correndo desengonçado, gritando despedidas para e sem se virar.
- Acho que ele está um pouco agitado hoje. - Pat riu. - Bem, meninas, vou nessa. Não quero ninguém me puxando pelo cabelo. Tchau pra vocês... Tchau . - olhou para os lados, para ver se tinha alguém olhando, e deu um selinho discreto na garota, antes de sair correndo atrás do companheiro de banda.
Elas mal esperaram Pat ganhar uma certa distância para começarem a rir e cutucar a amiga.
- tem um namorado, tem um namorado...
Ela revirou os olhos.
- Quantos anos você tem, ? Doze?
- e Mr. Kirch, numa árvore... - cantarolou com a amiga.
riu - Oh, calem a boca.
- Se B-E-I-J-A-N-D-O...
e dançavam e faziam sons de beijo ao redor dela, que, terrivelmente constrangida, ria e empurrava as amigas.
- Nada a ver! - ela resmungou, depois deu um sorrisinho bobo cheio de esperanças, e encarou o chão, mordendo o lábio inferior - Será?
- AAAWWWWW!!!!!!!! - as duas pularam sobre , terminando as três no chão do estacionamento, num desajeitado montinho.
- - - - - - - -
- E então, Jeffree Star? - perguntou, observando a movimentação, de frente para a longa extensão de grama mal cuidada do NMSU Pan American Center.
deu de ombros.- Acho que não estou na vibe hoje.
- Sei bem qual é a sua vibe hoje, ... - a primeira riu, parando para dar uma boa olhada no gatíssimo C.Drew, que passava por elas mais uma vez naquele dia - Acho que hoje poderia ser um dia de apreciação de toda a beleza que nos cerca...
fez uma careta, discordando.
- Não sei onde vocês vêem tanta beleza por aqui... Eu só vejo garotos estranhos, com cabelos estranhos e roupas estranhas.
As outras duas a encararam como se ela tivesse duas cabeças.
- Você que tem um gosto muito estranho! - falaram, ao mesmo tempo. revirou os olhos.
- Uma gostava de um garoto-hamster barrigudinho, e agora sai com um cara que mal cabe nas próprias calças de tão apertadas. A outra fica tarando um pseudo-árabe...
- Libanês. - cortou, emburrada, corrigindo a amiga.
- ... que cai matando em qualquer coisa, não necessariamente do sexo feminino, que caminhe. - a outra continuou, como se não tivesse sido interrompida. - E eu realmente não me importo se ele é árabe, libanês, palestino ou iraquiano. Eu não me importo.
- Ok. - prevendo uma discussão, desviou o assunto rapidamente, olhando em volta - Ok, certo. É humanamente impossível não encontrarmos pelo menos um cara que te agrade aqui. Sério. Quel tal o Chris? Você gostou da música dele.
- É, a música agradou. Uma pena eu não poder dizer o mesmo das roupas.
- Argh. - fez uma careta, e apontou para Kyle Burns, logo a frente, na tenda de sua banda. - E aquele ali? Kyle, baterista do Forever The Sickest Kids.
Por um segundo, pareceu considerar. Depois, não surpreendendo a ninguém, balançou a cabeça em negação.
- Não preciso de nenhum cara roubando meus produtos para o cabelo.
revirou os olhos.
- Ok, e o Caleb?
- Ruivos me broxam, não sei.
- Max, do Escape The Fate?
Ela fez cara de nojo.
- Uma palavra para a banda toda: EW! Não vou nem perguntar quem é quem.
coçou o queixo, pensativa. Ela se recusava a desistir. Isso era totalmente impossível! Encontraria um homem atraente aos olhos de , ou não se chamava .
Iam passando pelas tendas das bandas, e ela apontava para todos os músicos que via na frente.
- JP? - perguntou, em dúvida, recebendo um não da amiga. - Matthew Leone?
- Bizarrisses são coisa da .
riu e piscou um olho, sugestiva. - É, mas ele tem um irmão gêmeo...
- Argh! - resmungou, mostrando o dedo para a amiga, e seguiu andando.
- Que tal um dos caras do Bad Religion? - perguntou, e as três caíram na risada.
- Não aconselho. - respondeu - A banda começou quando ainda nem éramos nascidas. A maioria deles já deve ter doenças de velho, e, sei lá, impotência sexual.
- Não curto necrofilia. - respondeu, rindo.
- Você poderia sair com o Se7en, do BrokeNCYDE das drogas...
Houve mais uma rodada de risos.
- Ok, corrigindo: Não curto necrofilia nem zoofilia.
gargalhou. - Hey, ele é até bem bonitinho quando quer... Ou quando não está drogado.
- Então você quis dizer NUNCA.- respondeu, sem parar de rir.
- É sério...
- Não. - cortou, já com os olhos cheios de lágrimas de tantas risadas - Eu te perdôo porque sei que você não quis dizer isso.
- AH! - a outra gritou, num momento de desespero. - Estou quase desistindo! Não posso acreditar que não tem nem um único cara que desperte algum tipo de interesse em você, . Seja sincera, ninguém aqui faz seu tipo?
- Bem, - coçou o pescoço, parando o olhar em algum lugar mais à frente - eu até perderia alguns minutinhos com aquele ali...
Ela indicou um moreno alto, vestindo camisa xadrez azul, Wayfarer Clear de armação branca e boné virado meio pra frente, meio para o lado. Ele vinha andando com mais três caras e uma garota.
Aquele era Gabe Saporta, com os outros integrantes de sua banda, Cobra Starship.
estalou a língua.
- Erm.... Escolheu bem, e muito, muito mal ao mesmo tempo, amiga. Esse é gay, sinto muito.
A outra fez um bico decepcionado. - Tem certeza?
- Tanta certeza quanto a de que eu sei meu nome...
- Bem, você já errou isso uma vez, ... - riu para a amiga - Mas o que eles estão fazendo aqui, afinal? Só devem tocar a partir da semana que vem... - balançou a cabeça - ENFIM, é verdade, . Eu sei, também fiquei deprimida, mas ele e Bill fazem um bom casal.
- ELE TEM UM NAMORADO? - perguntou, os olhos quase saindo das órbitas.
- William Eugene Fucking Beckett Jr., vulgo Bill, vocalista do The Academy Is... - revirou os olhos - Ok, não é oficial, mas todo mundo sabe o que rola entre eles; ou pelo menos tem uma forte suposição.
- Eu prefiro viver no meu mundo onde ele é hétero. - respondeu - Você pode viver no meu mundo comigo, se quiser, . É mais feliz lá.
deu um pequeno piti, parecendo extremamente ofendida.
- Gabilliam existe e é lindo, ok?
e se encararam com o mesmo semblante pesaroso.
- Cruel. Este é um mundo cruel.
- - - - - - - -
As garotas já estavam havia um bom tempo naquele "dia de apreciação de toda a beleza que nos cerca" quando, por volta das três e pouco da tarde, sentiu o celular vibrar, e, no segundo seguinte, tocar abafado, saindo diretamente do bolso traseiro do seu short. Ela pegou o aparelho, e encarou o visor com os olhos arregalados.
- Pat. - murmurou, em choque.
revirou os olhos.
- O que você está esperando para atender?
- Oi, Pat. - ela disse, após apertar o botãozinho verde.
- Oi, . Onde você está? - o baterista perguntou, do outro lado da linha.
- Andando por aí, meio sem rumo. Estamos perto do palco principal, e você?
- Acabei de descer do ônibus do A Rocket To The Moon. Vou tocar daqui a pouco; topa ir comer alguma coisa antes?
- Claro!
- Ótimo. - ele sorriu - Só vou trocar de camiseta, e te encontro em quinze minutos na entrada, ok?
- Certo. - ela sorriu também. - Pat?
- Fala, .
- John está com você?
- Hmm, não. Estava entrevistando o Santino para o Buzznet, não faço idéia de onde os caras estão. Devo ir à caça do vocalista?
- está aqui comigo, mais vermelha do que nunca, negando desesperadamente.
Pat gargalhou.
- Ok, vou atrás dele então.
- Perfeito. - Guardando o celular no bolso outra vez, ela se virou para as amigas - Vamos comer.
- Vamos nada, vocês vão. - resmungou - Vocês duas com John e Pat, até parece que eu vou junto para iluminar o caminho né!
- E o que você vai fazer, então? - a outra perguntou, com uma cara óbvia.
- Sei lá. - deu de ombros - Mas prefiro ficar sentada exatamente aqui pelo resto do dia a passar a tarde segurando vela pra vocês. Eu me viro. Aliás, - olhou o relógio - vou ver algo pra comer. Até mais tarde. - virou-se, e se afastou rapidamente.
encarou as costas da amiga, e girou o dedo indicador ao lado da cabeça.
- Essa sua amiga fica mais estranha a cada dia. É, fica sim. Maluquinha, maluquinha.
- Minha amiga né? Anda logo. - riu, empurrando a outra.
Cerca de meia hora depois, chegaram à entrada da arena, encontrando Pat e John escondidos, sentados no chão, escorados no portão aberto. Logo ao lado deles, jaziam cookies, muffins, brownies, bagels e latas de refrigerante.
- Ainda bem que vocês chegaram, Johno queria comer tudo e estragar todo o trabalho que eu tive arrumando as coisas.
riu, deu um selinho no baterista, e foi sentar ao seu lado. sentou de pernas cruzadas, do lado da amiga, frente a frente com John.
- Vocês, garotas, demoram demais pra tudo. - o vocalista riu - Temos só vinte e cinco minutos até o show. Tratem de engolir tudo. - ele se esticou um pouco, dando um pedaço de brownie na boca de .
- Qual a ocasião para o banquete? - perguntou, e a outra, de boca cheia, apenas balançou a cabeça concordando. - Sei que vocês, assim como a gente, vêm comendo nada melhor que sanduíches nojentos há dias.
- Bom, é tudo por conta da Warped. - John respondeu, divertido, oferecendo refrigerante às duas.
gargalhou.
- Imaginei. - virou-se para Pat - Como foi a entrevista?
- Boa. - ele respondeu, com a boca cheia de cookies - Nick gosta da Demi Lovato, levaria a nossa banda para uma ilha deserta e queria ser a Taylor Swift por um dia.
- Parece interessante.
- É. E o dia de vocês?
- Estamos tentando encontrar um homem para . - respondeu, bebendo um gole de coca-cola.
- Ouvi dizer que Kenny ficou interessado. - John comentou.
- Kennedy não faz o tipo dela. - a garota disse.
- Aparentemente ninguém faz. - completou, revirando os olhos. - Aliás, ela gostou do Gabe Saporta.
Os dois músicos gargalharam.
- Ótima escolha.
- Não é? - ela concordou, também rindo.
- Na verdade, acho que ela já encontrou alguém. - comentou, pensativa, arrancando um pouquinho de grama do chão - Ela anda muito estranha. Vive distraída, fica sumindo o tempo todo...
- Mas por que ela não nos conta? - perguntou, também pensando no assunto.
- Pode ser um cara muito feio.
- Ou um bonito até demais.
- Ou ela virou lésbica.
Os quatro riram.
- Improvável, mas não impossível. - balançou a cabeça.
- Bom, - John se levantou, e limpou a sujeira da calça - com ou sem amiga lésbica, a vida continua, e nós temos que estar no palco da Hurley em... - olhou o visor do celular - Sete minutos e trinta e dois segundos.
Os outros três também se levantaram, e o ajudaram a arrumar tudo. Pat pegou pela mão, e o casal saiu na frente, rindo e brincando de mãos dadas, deixando John e para trás.
Ele pigarreou, as mãos nos bolsos.
- Tá afim de ver o show?
A garota sorriu, e balançou a cabeça em um engraçado desinteresse exagerado.
- Já assisti vários shows de vocês essa semana. - olhou as unhas, fazendo-o o rir.
- É, mas aposto que você nunca assistiu um show do palco... - deu uma piscadinha, mexendo no cabelo.
Chegaram ao palco da Hurley, onde os outros integrantes da The Maine já se preparavam para a apresentação.
- Tudo o que você tem que fazer é agir naturalmente, como se fizesse isso o tempo todo. - John explicou - Os caras da segurança não vão nem notar que você não faz parte da equipe.
encarou a grande placa escrito "SOMENTE PESSOAL AUTORIZADO" com um certo receio.
- Tem certeza? Eles não olham as credenciais ou algo assim?
Ele riu.
- Você acha mesmo? - ergueu sua própria credencial até a altura dos olhos de . Era a foto de uma garota bonita de bochechas salientes e olhos castanho-esverdeados. Logo abaixo, escrito em itálico, "Sierra Kusterbeck", e em negrito, "VersaEmerge". - Troquei com ela no primeiro dia de turnê, e até agora ninguém me perguntou nada...
A garota riu e concordou, seguindo-o pela escadinha que dava no palco. Como esperado, ninguém barrou sua entrada, e ela suspirou aliviada. já estava lá, conversando com Tim e uma garota de cabelos castanhos muito lisos, e o maior sorriso que já vira na vida.
- O que você está fazendo aqui, Ash? - John perguntou à desconhecida, agradavelmente surpreso, e se adiantou para abraçá-la.
- Estava por perto, visitando alguns parentes, e aproveitei pra dar uma checada no meu homem. - ela riu, e abraçou Tim, que, também rindo, deu-lhe um beijo na testa.
- Vamos lá, Johno, os outros só estão te esperando para o pré-show.
- Ok. - ele assentiu, depois se virou para - Te encontro aqui depois. Não suma! - beijou-a no rosto, e sumiu por um outro lance de escadas, o empresário logo atrás de si.
Com os garotos já fora de vista, a desconhecida sorriu para as duas.
- Eu apanhei um pouco, mas aprendi a lição. Esse tipo de turnê é sempre cheio de vadias, uma vez ou outra você tem que marcar presença para mostrar a elas que não é boba e cuida do seu homem bem de perto. - riu um pouco, mas as garotas perceberam que não era brincadeira. - Sei que, se conselho fosse bom, a gente vendia ao invés de dar, mas é uma dica importante para o futuro do relacionamento de vocês com músicos: eles não precisam de liberdade, só precisam pensar que são livres. Deixem a guia um pouco solta, mas sempre ao alcance dos olhos. Ninguém aqui quer ser a próxima Lisa Noel.
e assentiram, um pouco assustadas. Ela se virou para a primeira, sorrindo outra vez.
- Sou Ashley. - estendeu a mão direita - Você é amiga do John?
A garota assentiu com a cabeça, apertando a mão de Ashley.
- . Mais ou menos. Acho que sim. Nos conhecemos na semana passada.
- Você vai se apaixonar por ele. Por todos eles, aliás. São adoráveis. - virou-se para , incluindo-a na conversa - Já conheceram o resto da gangue? Max, Aaron, Eric, Justin, e os outros?
- Sim. - respondeu, animada - Teve essa festa no ônibus do A Rocket To The Moon há uns dois dias, e eles estavam todos lá.
Ashley riu.
- Eles não perdem tempo mesmo. - balançou a cabeça - Mas vocês estão em ótimas mãos, e vão se divertir como nunca. Eles são literalmente a alma da festa. Principalmente Justin, antes de virar A-Alma-Da-Ressaca-No-Dia-Seguinte, o que geralmente acontece bem rápido. Quem caiu primeiro?
- Nossa amiga . - explicou, com uma gargalhada - Mas ela estava bebendo com ele.
- Não me surpreende. Justin faz umas misturas que ninguém sabe nem como ele mesmo aguenta...
Naquele momento, a banda passou pelas três, indo em direção ao palco. Elas murmuraram desejos de boa sorte, e se apertaram um pouco mais no canto, escondidas pelas cortinas laterais.
Começaram o set com Girls do What They Want, depois tocaram The Way We Talk, Count 'Em 1 2 3, Daisy, e Everything I Ask For.
observava a tudo boquiaberta. Realmente, assistir o show do palco era infinitamente melhor. Claro que tinha alguns contras também, como poder ver o rosto de todas aquelas garotas que gritavam e faziam corações para o seu John. Mas sentir pelo menos um pouquinho do que os músicos certamente sentiam, quando paravam para pensar na quantidade de jovens que estava lá por causa deles, era maravilhoso.
, por outro lado, não conseguia ver nada que não fosse seu baterista. Seu Pat. Deus, era perfeição demais para caber em uma pessoa só! Os braços aparecendo na camiseta sem mangas, o sorriso, o jeito como o cabelo lhe caía na frente dos olhos quando ele se balançava. Tudo era perfeito demais, o que a deixava um pouco preocupada. Quanto tempo mais aquele sonho lindo ainda duraria? Realmente não via uma vida feliz depois de Pat. Bem... Talvez ninguém sentisse falta do baterista se ela o sequestrasse. Sim, problema resolvido. Será que ele gostaria de Los Angeles?
Into Your Arms era a próxima música, seguida de We'll All Be, e o cover de Pour Some Sugar on Me. Os fãs - em sua maioria garotas de 15 a 19 anos - cantavam todas as letras, gritando muito nos intervalos entre uma canção e outra. John acenou para , fazendo-a quase invadir o palco e pular no colo do cantor.
- Ok, essa é nossa última música. - a pequena multidão gritou mais ainda, agora em desaprovação - Eu sei, eu sei. Ficaríamos aqui o dia inteiro, mas precisamos liberar o palco para a próxima banda. Scary Kids Scaring Kids. Eles são do Arizona, como a gente, e são legais, como a gente. Quer dizer, não sei, são uns caras estranhos. - Johno riu - Não, eu não sei, não os conheço. - trocou um olhar divertido com Garrett - She only comes to me in my dreams, so sleep becomes routine, it's not healthy, it's what make you right, it's not healthy, it's what make you... - cantorolou um pedaço de The Deep End completamente fora do ritmo, voltando a rir em seguida - Certo, isso foi horrível, espero que eles ainda não estejam por perto. É, ok, foda-se. Obrigado New Mexico!!!! Essa é nossa última música e se chama I Must Be Dreaming. Por favor cantem comigo se souberem as palavras.
- - - - - - - -
- Ew! Sai daqui, você está nojento!! - gritou, rindo, quando um suado John Ohh veio a seu encontro, também rindo, e a abraçou pelos ombros. - Sai, sai, saaaaai!!!!!
The Maine havia acabado de sair do palco, que agora era preparado para a próxima banda. Scary Kids Scaring Kids, diretamente de Gilbert, Arizona.
- Você estava certo. - ela falou, observado a multidão se dispersar - Assistir shows daqui é muito melhor.
- E vocês foram ótimos. - , abraçada a Pat, concordou.
- Você acha? - o baterista beijou-lhe a bochecha, carinhoso.
Tim passou de mãos dadas com Ash, chamando os garotos para voltarem ao ônibus. John segurou o pulso de , enquanto os amigos já se afastavam.
- Estamos saindo daqui a pouco, Jared quer chegar em San Antonio logo cedo, pela manhã. Algo a ver com o SeaWorld, eu acho... - a garota ergueu as sobrancelhas para ele - Pois é, nós nunca vamos crescer. - os dois riram - Vocês também vão pegar a estrada logo mais?
- Não, hoje não. - respondeu, distraída - Estou cansada de dirigir durante a noite. Conseguimos um hotel bem legal na entrada da cidade, e eu finalmente venci a guerra pela suíte, e...
- Espera... - ele a interrompeu, passando os braços por sua cintura com um sorriso malicioso - Você disse suíte?
- É. Nós sempre reservamos esses quartos duplos, que têm meio que uma outra suíte dentro, e então cada dia uma... - John a olhou sugestivamente, e ela espalmou a mão na testa, finalmente compreendendo. Mordeu o lábio inferior, depois sorriu - ... e é claro que você sabe do que eu estou falando, só quer que eu te convide pra ir junto.
John passou as mãos pelo cabelo de , enquanto praticamente colava os corpos dos dois. Afastou alguns fios do rosto dela, empurrando-os para trás, e plantou-lhe um beijinho na linha do maxilar.
- Se você continuar fazendo essa cara, não vou nem esperar convite nenhum.
- Mas e o SeaWorld?
John gargalhou.
- Não se preocupe, . Shamu vai sobreviver sem mim. - sentenciou, divertido, empurrando-a em direção ao estacionamento.
Capítulo 7 - San Antonio, TX
John Cornelius O'Callaghan V, a personificação do desespero, dirigia como se não houvesse o amanhã.
Ou mais precisamente: Como se não houvesse limite de velocidade.
- John, querido, vê aquele ponteiro ali? - , agarrada ao banco do carona, apontou o velocímetro. - Está muito distante de onde deveria estar.
Ele resmungou qualquer coisa, fazendo-a suspirar.
- John. John. John. Sério, se você for preso por excesso de velocidade, vai chegar ao AT&T Center muito mais atrasado.
- E se nós todos morrermos num acidente de carro, você não vai chegar lá nunca!! - acrescentou, sentada no banco traseiro.
Ele revirou os olhos e suspirou, aliviando o pé do acelerador.
* FLASHBACK *
Um baque seco e uma estranha dorzinha na lateral do corpo e da cabeça o fizeram acordar. Ele abriu os olhos instantaneamente, mas levou uns bons segundos até compreender onde estava.
- OH MEU DEUS, VOCÊ ESTÁ BEM? - se debruçou sobre ele, preocupada, conferindo cada centímetro de seu tronco nu atrás de escoriações.
- Acho que sim. - John respondeu, confuso, olhando para os lados - O que eu 'tô fazendo no chão? - passou a mão na cabeça, onde certamente havia ido de encontro ao chão acarpetado do quarto. Ainda doía. - Caí da cama?
- Não, eu te derrubei. Desculpe. - a garota confessou, mordendo o lábio - Nós estávamos dormindo abraçados, o que era muito gostoso por sinal, aí meu celular tocou, eu me assustei, pulei da cama e, bem.... Desculpe. Você está bem mesmo? Não está doendo nada, não tem nenhum machucado?
- Não, tudo bem, eu 'tô legal. - John respondeu, sentando-se no chão, e se espreguiçou. - Quem era?
- Quê?
- No telefone.
- Ah! Era a .
- O que ela queria?
- Não sei, não deu tempo de atender.
Com preguiça demais para se levantar, rastejou de volta para a cama, escalando o móvel, e, já confortavelmente deitada no colchão macio, esticou o braço até o criado-mudo, na tentativa de pegar seu telefone. Quatro chamadas perdidas da amiga, que ela muito prontamente ignorou. Estava sonolenta demais para retornar a ligação.
Olhou as horas.
Olhou novamente, para ter certeza de que não estava errada.
- PUTA MERDA!! - pulou da cama, agora totalmente acordada.
John, ainda sentado no chão, coçou a cabeça, observando a garota andar de um lado ao outro do quarto, pegando suas roupas e outros objetos pessoais.
- ? - chamou, sem receber resposta alguma - , o que...? - parou de falar ao ter seus jeans atirados no próprio rosto.
Ele segurou a peça de roupa, aproveitando para tirar o telefone do bolso. 45 chamadas perdidas (20 de Tim, 4 de Pat, 7 de Max, 2 de Vito, 1 de Halvo, 5 de Garrett, 3 de Jared, 3 de Kennedy), e as seguintes mensagens de texto:
"Cara, onde você está?" - Halvo.
"Atende o telefone!" - Tim.
"Boas notícias! Me liga" - Pat.
"Acho que você tá fodido" - Garrett.
"Atende a merda do telefone!!!!" - Tim outra vez.
"Você tá mesmo muito fodido rs" - Garrett.
"Traga essa sua bunda até aqui logo, ou as consequências serão arrasadoras." - Tim.
"E atende essa porra de telefone!" - Tim, obviamente. E a última, de Kennedy:
"Adeus, cara, foi bom te conhecer...".
Havia ainda duas mensagens de voz, que John não teve coragem de ouvir.
Esquecera o celular no modo silencioso. OK, ele estava meio incomunicável, mas por que estavam todos surtando assim? Pat sabia onde ele estava e com quem estava. Qual a razão do desespero?
Então também olhou as horas.
- PUTA MERDA!
* /FLASHBACK *
Agora ele dirigia como piloto de Fórmula Um, aterrorizando e , na tentativa desesperada de chegar ao AT&T Center antes das cinco. Já tinham perdido a abertura dos portões havia umas boas duas horas; se perdesse o próprio show, as próximas pessoas a ouvirem John cantar seriam certamente os anjos, no céu.
Tentara falar com alguém da banda durante todo o tempo, mas nenhum deles atendia o telefone. Quando faltavam apenas quinze minutos para as cinco da tarde, e eles já estavam quase chegando, Jared finalmente atendeu o celular.
- Cara, onde você está? Tim quer te matar!! - o guitarrista gritou, sem nem cumprimentar o amigo.
- Cinco minutos eu 'tô aí!
- Vem direto pro palco da Hurley, já estamos aqui te esperando.
- Beleza. - John desligou, e voltou a acelerar.
- - - - - - - -
- Boa sorte! - lhe disse, recebendo um beijo na testa em resposta. - E não morra! - gritou, com o rapaz já longe.
John apenas acenou por cima do ombro, correndo na direção da entrada do palco.
A garota respirou fundo, sentindo os pulmões doerem. Havia corrido mais de uma milha sem parar nem para tomar fôlego.
Bem, talvez não fosse tudo aquilo. Hm.
Ok, com certeza não era tudo aquilo.
E era uma corrida de mãos dadas com John Ohh, de qualquer forma. Desagradável? De jeito nenhum!
Mas se pedissem para que se descrevesse em três palavras, uma delas certamente seria "sedentária". Sua maior aventura física nos últimos meses era ter corrido até a padaria, que ficava na quadra ao lado do seu prédio, naquela manhã chuvosa e desagradável que havia sido o último dia de aula antes do natal. E isso havia acontecido mais de seis meses atrás, então já era de se esperar que qualquer esforço físico a deixasse sem ar.
Sem mencionar as reações em seu organismo que eram causadas pela simples presença de John.
- Finalmente achei vocês! - veio correndo da mesma direção para onde John se deslocava - Onde se meteram esse tempo todo?
- Acabamos perdendo a hora. - respondeu, olhando para os lados, como que procurando alguma coisa - Ok, gente, fiquem aí cuidando dos seus garotos, e eu vou arranjar algo pra comer, já que não me deixaram tomar café. - lançou a um sorriso falso, e se afastou.
- Talvez devêssemos seguir a , sabe? Pra saber o que ela tanto faz sozinha por aí. - sugeriu, coçando o queixo.
balançou a cabeça.
- Deixe-a. Você sabe o quanto ela dorme, e sabe como fica quando é acordada. - mudou sua expressão para uma maliciosa, cutucando a amiga - Quero é saber de você!
bateu palminhas.
- Foi ótimo! O SeaWorld é muito legal, eu me diverti tanto com os garotos e....
- Eu sei muito bem como é o SeaWorld, , já fomos lá um milhão de vezes. - cortou, rindo e rolando os olhos - Quero é saber como foi com o Pat!
- Ah! Ahh... - mordeu o lábio, fitando o chão - Nós... Hm... Andamos o dia inteiro de mãos dadas e... Hm... Dormimos abraçados.
A outra arqueou a sobrancelha.
- Só isso?
- Sim, só isso. - revirou os olhos, vendo que a amiga parecia querer rir. - Tinha mais uns cinco caras no ônibus com a gente, você queria que eu o atacasse no banheiro? Desculpe se eu não sou como umas e outras que saem escondidas de uma festa e vão pra um ônibus vazio com um suposto virgem fazer coisas que mal se lembram no dia seguinte... Ah! - ergueu o indicador, como se lembrasse de algo - Já que falamos no assunto... Seu sutiã apareceu.
começou a gaguejar, e se virou para o palco, aproveitando a entrada barulhenta dos rapazes para não ter que dar nenhuma resposta à amiga.
Ao fim do show, pararam perto do palco, esperando eles aparecerem.
John foi o primeiro a descer, e uma rodada de gritos o deixou surpreso. - também surpresa - olhou para o lado, e se afastou bem a tempo de não ser atropelada por meia dúzia de garotas munidas de câmeras fotográficas. A última do grupo, uma loira baixinha que não devia ter mais de 15 anos, olhou para ela, envergonhada.
- Oh, vocês estavam aqui antes da gente. Desculpem! - mordeu o lábio, e olhou para uma mulher de braços cruzados, um pouco longe - Podem ir na minha frente, se quiserem.
acompanhou o olhar da garota. Aquela mulher certamente era mãe dela, e mais certamente ainda estava louca para ir embora. Riu.
- Não se preocupe. Não temos pressa.
Ela agradeceu, e foi saltitante enfiar sua câmera no rosto do vocalista. Então Pat apareceu, e as fãs fizeram o mesmo com ele. O próximo foi Garrett, acontecendo tudo da mesma forma. Jared e Kennedy vieram logo depois, mas as garotas ainda estavam ocupadas atacando o baixista para perceberem a presença dos dois.
, fazendo um pequeno escândalo, deu um grito, e apontou para os dois.
- OH MEU DEUS, JARED, POSSO TIRAR UMA FOTO COM VOCÊ? - foi correndo até ele, e plantou o maior sorriso do mundo no rosto.
Jared gargalhou, passando um braço pelos ombros da garota, abraçando-a de lado. posicionou a câmera, pedindo que sorrissem.
- Você é muito idiota, sabia? - o guitarrista falou no ouvido de , enquanto sorria para mais uma das milhares de fotos que já tinha com ela. Haviam virado os modelos oficiais do SeaWorld, naquela manhã. - Acho que já passou tempo demais com o Pat, está ficando muito engraçadinha.
Ela sorriu inocentemente.
- Fomos feitos um pro outro.
Jared riu.
- Tenho certeza que sim.
Depois ela também foi atrás de Kennedy para uma foto, e, no instante seguinte, ambos os guitarristas eram cercados pelas fãs. sorriu para a loirinha ao vê-la outra vez, enquanto ela e faziam o caminho inverso, indo falar com Garrett, Pat, e, por fim, John. Quando finalmente chegaram ao vocalista, as outras garotas já haviam ido embora.
Era a quinta vez que repetia a mesma pergunta, mas não parecia nem um pouco menos animada.
- OMAGAAHHHH! JOHN OHH! EU TE AMO TAAAAANTO! POSSO TIRAR UMA FOTO COM VOCÊ?
Logo que tirou a foto dos dois, morrendo de tanto rir da imitação de fangirl feita pela a amiga, John se virou para ela.
- Quer uma foto também?
Ela riu, revirando os olhos.
- Não, obrigada.
- Quer que eu autografe seus peitos?
- Oh, sim, por favor, é tudo o que eu sempre quis... - respondeu, com voz de tédio, fazendo-o rir enquanto ele enlaçava sua cintura e lhe dava um dos costumeiros beijos na testa.
Tim passou por eles, mexendo em alguns papéis.
- Todo mundo pro ônibus. - ordenou, sem olhar para ninguém específico.
Garrett o seguiu, dando dois tapinhas nas costas de John ao passar por ele.
- Eu falei que você 'tava muito fodido.
e se entreolharam. Por "todo mundo", ele realmente queria dizer todo mundo? A primeira deu de ombros, decidindo por seguir o fluxo. Sem muitas opções, foi atrás.
Dentro do ônibus, o clima não estava dos melhores. Tim ainda mexia em seus papéis, sem realmente dar atenção a ninguém, enquanto os garotos tentavam ficar confortáveis, empoleirados na minúscula pseudo-cozinha. As meninas pararam à porta, observando sem dizer nada.
- Vou contar uma história pra vocês. - Tim começou, finalmente olhando para os cinco, um de cada vez, estacionando o olhar em John - Era uma vez uma banda de cinco caras, que tocava no palco da Hurley, na Vans Warped Tour de 2009. Um dia, foram convidados a tocar no palco principal, substituindo o We The Kings que tinha um guitarrista passando mal, e não puderam aceitar, porque NINGUÉM CONSEGUIA ENCONTRAR O MALDITO VOCALISTA. O empresário dessa banda ficou muito puto e matou todos eles. O resto viveu feliz para sempre. Fim.
John pensou em dizer algo, mas realmente não sabia o quê. Parecia estar de volta à quarta série, sendo pego pela professora enquanto aprontava alguma. Antes que conseguisse pensar em uma boa resposta, entretanto, o empresário continuou, num tom um pouco mais baixo:
- Sabe, eu tento não bancar a babá, ou a mãe de vocês. Tento deixá-los o mais livres que posso, mas você não pode desaparecer desse jeito, John. Eu quero saber aonde você vai, quero que atenda o telefone quando eu te ligo, E QUERO QUE VOCÊ ESTEJA AQUI NA ABERTURA DA MERDA DOS PORTÕES. - os músicos se encolheram. , escondida no cantinho, também. - Então é isso, estão liberados. E sem mais excursões noturnas pra você, garotão. - apontou o dedo no rosto do vocalista - Partimos em exatas duas horas, e se eu não te encontrar aqui, vou soltar os cães do inferno atrás de você, ok? A garota pode vir com a gente, se quiser - olhou para e , sorrindo amigavelmente - As duas podem, se quiserem, tem espaço sobrando por aqui. Mas esse ônibus só sai daqui com todo mundo dentro. Ficou claro?
- Sim.
- Como cristal.
- Sim, senhor.
Tim sorriu, satisfeito. - Ótimo. Dispensados.
Parecia haver algum tipo de vírus no ar, tão rápido os cinco saíram de dentro do ônibus, arrastando as garotas consigo.
- Ok, isso foi assustador. - Jared comentou, com os olhos arregalados.
- Achei que ele ia me bater. - John concordou, rodeando a cintura de com os braços, distraído.
- Eu estava esperando ele colocar a gente numa fila e metralhar todo mundo... - Garrett fez uma careta - Mas enfim, já que estamos todos vivos, vamos comemorar!
De mãos dadas com , Pat balançou a cabeça, concordando veementemente.
- Como Johno quase matou todos nós, drinks na conta dele hoje!
- Uma cerveja pra cada um, e olhe lá! - John resmungou, depois riu, arrastando consigo enquanto procurava um lugar para a tal comemoração.
- - - - - - - -
- Garrett! - Tim chamou, olhando em volta.
- Aqui. - o baixista respondeu, entrando no ônibus.
- Jared?
- Eu! - o ruivo ergueu uma mão, depois seguiu Garrett para dentro do ônibus.
- John!
- Presente. - ele disse, puxando pela mão.
- ... E , é claro. - o empresário continuou. - Kennedy!
Este não disse nada, apenas seguiu o casal, entrando no ônibus. Tim entrou logo atrás.
Depois dele, Pat e apareceram no interior do ônibus. O baterista, entretanto, apenas juntou algumas coisas, fazendo menção de sair logo em seguida. John o olhou estranho.
- O que você está fazendo? - virou-se para o empresário - O que ele está fazendo?
- Vou com a , de carro. - o mais baixo respondeu.
- O QUÊ?
Pat revirou os olhos.
- Já conversei com o Tim. E não reclame, estou salvando sua noite. Não fosse por mim, teria de ir dirigindo.
A garota teve de concordar.
- Desculpe, , mas não gosto da ideia de você dirigindo meu carro. E não tem licença, então... - franziu as sobrancelhas - Aliás, onde ela está?
, mesmo ofendida com falta de confiança em suas habilidades de direção, ergueu o telefone celular.
- Acabei de falar com ela. Ao que tudo indica, já está no estacionamento, esperando a gente. Esperando a mim. Sei lá, esperando alguém.
- E onde ela estava? Sério, essa garota 'tá cada vez mais estranha. - comentou, pensativa.
- Você sabe o que eu acho. - a outra respondeu.
riu. - não virou lésbica, .
- Nós nunca vamos saber sem uma pequena investigação.
- Lésbicas são sexy. - Kennedy comentou, e os outros garotos concordaram.
- Enfim, estamos indo. - Pat cortou, despedindo-se dos amigos - Nos vemos em Houston, pessoal.
Logo que o casal deixou o ônibus, John encarou Tim, indignado.
- Achei que seu "todo mundo" era todo mundo mesmo. Por que ele pode sair e eu não?
O empresário revirou os olhos.
- Pat sabe o que fazer com a liberdade. Ele é pontual, e sempre atende o celular. Além disso, se não seguir minhas exigências, posso usar minha condição de irmão mais velho pra dar umas porradas nele.
John falou qualquer coisa, e saiu resmungando em direção a seu bunk, encontrando já muito bem acomodada, lendo e ouvindo música.
Ela, por sua vez, sentiu o colchão afundar no pequeno espaço ao seu lado, e ergueu os olhos de seu Duma Key, encarando os orbes verdes de John Ohh.
- O que você está lendo? - ele perguntou, deitando de lado, virado para a garota.
tirou os fones, erguendo as sobrancelhas. John repetiu a pergunta, e ela apenas levantou a capa do livro, para que ele pudesse ler.
O rapaz fez uma careta.
- Estou entediado.
A garota riu, voltando os olhos para a leitura outra vez.
- E como isso é problema meu, mesmo?
John a olhou indignado.
- Assim: - pegando o livro das mãos da garota, ele se esticou para largá-lo no chão, e voltou a ser deitar, distribuindo beijinhos no ombro de , deitada de frente para ele. Naquele bunk apertado, estavam quase colados um no outro - Você veio para ficar um pouco comigo, não com o Stephen King.
- Na verdade, - ela ergueu o indicador - eu vim para dar uma mãozinha a e Pat. Quem sabe, com um pouco de privacidade, eles finalmente saiam do zero a zero...
John desistiu, e virou de barriga para cima. O bunk era estreito demais para os dois, de forma que ele ficava com metade do corpo na cama, e a outra metade para fora. Fez cara de sofrimento.
- , seja boazinha! - resmungou - Tim me deixou de castigo, estou aqui deprimido e pedindo um pouco de atenção!
O drama exagerado a fez gargalhar.
- Oh, coitadiinhooo....
o abraçou como pôde, cobrindo seu rosto de beijos e tentando não o derrubar ao mesmo tempo. John riu, e, esperto, aproveitou a situação para inverter as posições: rolou desajeitadamente sobre a garota, enquanto lhe beijava o pescoço, uma mão apoiada no colchão, e a outra já fazendo seu caminho por baixo da camiseta verde que ela vestia.
- Ok, ok, você já ganhou minha atenção. - de olhos fechados, riu ao sentir os costumeiros arrepios - O que vamos fazer agora?
- Hmmm... - o rapaz murmurou, com o rosto ainda enterrado na curva de seu pescoço - Eu tenho várias ideias... - sorrateiramente, a blusinha verde subia centímetro atrás de centímetro.
revirou os olhos, divertida, e o empurrou de leve no peito.
- Johno... Seus amigos estão todos aqui do lado...
Ele murmurou algo incompreensível, parando os beijos apenas para tirar a própria camiseta, puxando-a pela parte de trás, de qualquer jeito, todo encolhido na tentativa de não bater em nada. A garota riu outra vez, empurrando-o um pouquinho mais forte agora.
- John, sério, eles vão nos ouvir... - resmungou, tentando ficar séria.
- Já estou ouvindo! - Garrett gritou, não muito longe. - Parem com isso, seus depravados!
John xingou baixinho, ainda deitado sobre a garota. Ergueu o pescoço, olhando-a nos olhos, depois virou a cabeça para a direção de onde a voz de Garrett parecia vir.
- Valeu, cara. - resmungou, alto o bastante para que o baixista pudesse ouvir. Em seguida, virou-se para novamente, estreitando os olhos.
- Qual sua sugestão, Senhorita Não-Vamos-Fazer-Barulho?
Ela abriu um sorriso enorme.
- Perguntas e respostas!
- Fala sério! - John se jogou ao lado dela no bunk, e fez uma careta.
- Primeiro de tudo: Eu estava aqui primeiro, então chegue mais para o lado, antes que eu caia. E segundo: É legal, ok? Assim ficamos sabendo um pouco mais um do outro...
O músico a olhou. Incrível como seus olhos pareciam ficar maiores e mais brilhantes, sempre que ela tentava convencer alguém a alguma coisa. Mais incrível ainda como havia funcionado com ele em todas as vezes que ela tentara.
Suspirando, puxou a garota mais para perto, fazendo-a apoiar a cabeça em seu peito, enquanto ele próprio passava seus braços ao redor dela, num meio-abraço carinhoso.
- Você começa.
- - - - - - - -
fechou a porta do quarto, observando Pat sem conseguir parar de sorrir. Ele olhava em volta com curiosidade quase infantil, como se essa fosse sua primeira visita a um quarto de hotel.
- Ficamos tanto no ônibus de turnê, que já tinha me esquecido de como é isso. - Pat confessou, antes de sentar em uma das camas de solteiro que havia ali. Forçou seu peso contra o móvel, sentindo a maciez do colchão. - Sério, como vocês conseguem trocar isso tudo por um ônibus cheio de caras que não tomam banho, com comida ruim e camas que, além de pequenas, são mais duras do que dormir direto no chão?
Ela sentou ao seu lado na cama, balançando as pernas. Encarou-o por alguns segundos, depois ergueu o rosto para o teto.
- Por certas pessoas que dividem com a gente aquela cama pequena e dura, naquele ônibus com comida ruim e caras que não tomam banho...
- ... Regularmente. - o baterista acrescentou, pensativo. - Kenny acho que toma um por semana.
gargalhou.
- Viu? Melhor do que eu imaginava.
Ele concordou, já deitado na cama.
- Não vi sua amiga desde que paramos na lanchonete ali da esquina para o jantar. Será que está tudo bem?
- tem um horário diferente do nosso. Além de enjoar em viagens muito longas, ela não consegue parar sentada por muito tempo, então passa as noites acordada fazendo qualquer coisa, e quase sempre dorme enquanto estamos na estrada. - a garota explicou, e apoiou os cotovelos no colchão, inclinando-se para trás - Acho que ela mencionou algo sobre ir ao bar; o que nos dá umas três horas até ela voltar quebrando coisas pelo caminho e acordando o pessoal dos outros quartos. - virou o rosto para encará-lo - O que quer fazer?
- Não sei. - Pat murmurou, distraído, fazendo carinho no braço de apoio dela - Podíamos ver um filme, ou sei lá, fazer outra coisa.
- Um filme. Legal. - levemente desapontada, se sentou ereta novamente, e pegou o controle remoto, ligando a TV e deixando no primeiro canal de filmes que encontrou - Olha, Pearl Harbor.
Ele riu das feições nada animadas da garota. Sentou-se atrás dela, passando os braços por sua cintura.
- Sabe, - plantou-lhe um beijo na nuca - eu não gosto de filmes. - mais um beijinho, agora na lateral do pescoço - Nunca gostei. - mais um, atrás da orelha - Não tenho paciência... - a trilha de beijos subiu agora para o maxilar, enquanto Pat tirava o controle da mão dela, largando-o em qualquer canto, e segurava novamente na cintura de , com delicadeza.
girou o corpo, parando de frente para Pat, e passou uma perna por cima das dele, sentando em seu colo. Correu os dedos pelos cabelos lisos e macios do músico. Uniu seus lábios com os dele sem pressa.
Trocaram carícias leves por algum tempo, entre sussurros e risadinhas.
A saia que a garota vestia já havia subido um pouquinho, e ela tinha as mãos pela altura do tórax do rapaz, rumando sutilmente ao zíper dos jeans que ele vestia.
Ouviram o barulho da fechadura, e pararam, olhando um ao outro. Num pulo, saiu de cima de Pat, e o puxou consigo até a porta que levava ao quarto interligado àquele. Já do lado de dentro, ele riu, apoiando-se na porta fechada, exatamente ao mesmo tempo em que abria a porta de entrada, no quarto adjacente.
- Eu ouvi vocês saírem correndo! E, oh, olhe só, você esqueceu sua camiseta, Patrick!!! - ouviram a voz enrolada de reclamar, abafada pela porta - Obrigada por usarem meu quarto, casal! Ainda bem que tem uma cama livre aqui. NOJENTOS!!
e Pat se entreolharam, caindo na risada logo em seguida. A garota olhou o relógio.
- Ok, isso foi rápido. com certeza bebeu tequila, e daqui a pouco vai... - foi interrompida pelos palavrões abafados proferidos pela amiga, e, dois segundos depois, ouviram a porta do banheiro ser fechada com força - ... É, pois é. Acho que eu tenho que... - tentou passar por Pat, mas este a guiou alguns passos para a direita, e apoiou-se na parede atrás dela, deixando-a presa entre seus braços.
- Ela sobrevive. - cortou, passando uma mão nos cabelos dela, e sorriu docemente. - Onde estávamos, mesmo?
riu, e colou os lábios nos dele outra vez, empurrando-o até a cama.
- - - - - - - -
- Cor preferida?
- Azul-claro. - ele respondeu. - Sim, azul-claro, não faça essa cara. - revirou os olhos - Comida favorita?
- Lasanha. Filme favorito?
- Não tenho um filme preferido. Hm... Jogos Mortais. - disse, ao que ela fez uma careta, e riu - Chocolate preto ou branco?
- Sei que nem é mesmo chocolate de verdade, mas branco. Jack ou Johnnie?
- Jack. Detesto qualquer variedade de Johnnie Walker. Copo meio cheio ou meio vazio?
- Tanto faz. Meio cheio, meio vazio... Eu sempre completo com vodka. - respondeu, espirituosa, fazendo-o rir. - Verão ou inverno?
- Verão, sempre. Praia ou campo?
Ela fez uma careta.
- Não existe a opção "morte lenta e dolorosa"?
O casal riu. Estavam naquilo havia algumas horas, e já não conseguiam mais pensar em perguntas criativas, apelando para o típico. As perguntas clássicas. Logo um deles soltaria a pérola "lençol liso ou estampado?", e seria o fim. Adeus, conhecimento mútuo, foi bom enquanto durou.
- Paixão por celebridade? - perguntou.
- Essa é fácil. - John coçou o pescoço - Hayden Panettière. E você?
Ela arregalou os olhos.
- Pensei que tínhamos combinado em não repetir as perguntas.
- Apenas responda. - John retrucou, divertido.
- Não. Não foi o que combinamos. Pergunte outra coisa.
- ... Querida ... - ele juntou as mãos - Quem é a celebridade por quem você tem uma queda?
- Nós. Decidimos. Não. Fazer. As mesmas. Perguntas.
John suspirou.
- Minha comida preferida também é lasanha e eu gosto de chocolate meio-amargo. Meus copos estão sempre meio-cheios, é o modo otimista de ver as coisas. E eu prefiro a praia. - revirou os olhos - Agora apenas responda a maldita pergunta! - insistiu, rindo.
A garota continuou calada, o que o fez parar de rir e começar a pensar em algumas coisas.
- Sou eu? - perguntou, erguendo as sobrancelhas.
gargalhou, lançando-lhe um olhar divertido.
- Pensei que tivesse dito celebridade...
John não conseguiu não rir.
- Outch! - colocou as mãos no peito, como se tivesse sido atingido.
- Alex Gaskarth. - ela respondeu, depois de um tempo, ainda relutante.
John explodiu em risadas. Seu tronco nu e cheio de tatuagens sacolejava de forma engraçada, os ombros balançando e os olhos fechados enquanto ele gargalhava gostosamente.
- Essa é boa... - continuou rindo, parando apenas alguns instantes depois, ao notar que ela não o acompanhava. - Espera aí. - encarou-a com a testa franzida - Meu Deus, você está falando sério.
- Bem, sim. - respondeu, envergonhada.
- Ok. - ele adquiriu uma postura mais ereta, sem abandonar completamente o ar de riso - Então, como eu disse aquele dia, você realmente gostava do Alex, e decidiu seguir a Warped por causa dele... - a garota já estava pronta para contestar, mas ele prosseguiu – Mas aí o destino foi muito bom com você, e te deu a chance de me conhecer. E você mudou de ideia ao ver que eu sou bem melhor que ele, meus olhos são mais bonitos, não tenho aquele cabelo horroroso, minhas tatuagens são muito mais legais, não tenho aquela barriga, nem aquele sorriso de porquinho-da-índia...
- ... E é tão humilde quanto Noel Gallagher e o projetista do Titanic juntos. - ela o interrompeu, rindo.
- Bem, - John deu seu famoso sorriso torto - isso também.
- Entendo...
- Ok, ok, o cara é bonito. - admitiu. - Mas eu não estou com ciúmes dele, se é o que você está pensando. Aliás, eu SEI que é exatamente isso que você pensa agora, mas não fique muito convencida, porque eu não estou. - deu o assunto por encerrado.
Ainda assim, muitas horas mais tarde, já em Houston, quando passaram pelo ônibus do All Time Low, e Alex os acenara sorridente, John não conseguiu evitar fazer cara feia, e puxou a garota mais para perto de si, segurando-a pela cintura de forma possessiva.
Capítulo 8 - Houston, TX
Com algumas semanas de convivência quase constante, e as amigas já estavam mais à vontade com os garotos da The Maine.
continuava com seus periódicos sumiços secretos, mas, quando estava presente, já não parecia tão contrafeita. Conseguia interagir com todos normalmente, e alguns já até se atreviam a dizer que ela estava realmente gostando daquilo.
ficava muito bem com os garotos quando não estavam em público. Nesses casos, ficava um pouco retraída, o que eles achavam engraçado.
Já , a mais espontânea e agitada das três, sentia-se em casa. Ela e Pat já tinham um relacionamento um tanto público, e basicamente tratavam-se como namorados, muito embora não fosse oficial - ainda. A garota parecia conhecer todos eles desde a infância, com exceção de Kennedy, com quem não conversava muito. Zoava John o tempo todo por causa de , trocava confissões com Garrett, vendo nele um possível melhor amigo, e - principalmente - brigava com Jared como se fossem irmãos.
- PB&J!
- Nutella!
- PB&J!
- Nutella!
Naquele dia, os dois discutiam na minúscula pseudo-cozinha do ônibus, cada um segurando nervosamente um sanduíche. No dele continha manteiga de amendoim e geleia de amora; no dela, creme de chocolate com avelã.
- Tá falando sério? De que planeta você vem?
- Daquele em que chocolate é a melhor coisa do mundo!!
Jared revirou os olhos.
- Ok, . Não podemos concordar em discordar?
- Claro que não! - ela balançou o sanduíche - Nós dois sabemos que Nutella é muito melhor, você só precisa admitir isso.
O guitarrista ergueu o queixo, desviando o olhar do dela.
- Prefiro a morte.
Ela riu. - Sério, Jared, não estou dizendo que manteiga de amendoim é ruim... Só que chocolate é melhor. O mundo sabe. - apontou o pedaço de pão no rosto dele, balançando a cabeça solenemente - O mundo sabe.
- Isso é o que vamos ver. - Jared resmungou, segurando firmemente seu sanduíche com uma mão, e arrastando a garota para fora do ônibus com a outra. - VOCÊ! - gritou para uma garota que passava. - PB&J ou Nutella?
Ela o olhou, assustada. Jared Monaco estava falando com ela? E perguntando sobre sanduíches?
- Manteiga de amendoim... Eu acho.
Jared se virou para , vitorioso. - AHÁ!
Ela revirou os olhos.
- A garota está deslumbrada com você, não é justo! - andou até Kent Garrison, encostado perto do ônibus do Forever The Sickest Kids - Kent, experimente isso.
- O que é-- mfhdsgh. - resmungou algo impossível de se compreender no final, quando , sem o menor aviso, enfiou o sanduíche em sua boca. - Hmmmmm. Nutella. - sorriu, ainda com a boca cheia, mostrando pedaços de pão mastigados e os dentes um pouco sujos de chocolate.
- Ok, cara, agora prove o meu, e diga qual é o melhor. - Jared se aproximou, estendendo o sanduíche.
- Wow, wow, espera aí. - Kent esticou os braços, impedindo-o de se mover mais para perto - O que é isso?
- PB&J.
Ele fez uma careta. - Desculpe, amigo. Sou alérgico.
Foi a vez de dar encaradas vitoriosas. Jared fez careta para ela, e virou-se para Kent.
- Sério? E come avelãs?
Kent deu de ombros. - Somente 10% dos alérgicos a amendoim também têm alergia a outros tipos de amêndoa, sabia?
O outro o olhou como se ele tivesse duas cabeças.
- Nerd. E alérgicos obviamente não contam! - resmungou, fazendo careta, e puxou para longe dali.
Os concorrentes passearam pelo Sam Houston Race Park por um bom tempo, empunhando seus sanduíches mordidos como se fossem armas, e forçando várias pessoas a comerem um pedaço de cada um e escolherem seu preferido. Depois de Jack Barakat, Lights, Dennis Wilson e David Blaise, ainda precisavam de alguém para desempatar.
- ! - chamou, assim que a viu conversando com Vito, na tenda da The Maine. Andou até ela, seguida de perto por Jared - , minha amiga, eu sei que você é uma pessoa esclarecida. Diga a esse pobre coitado que o pão fica muito melhor com Nutella do que com PB&J!
A garota a olhou, incerta, mordendo o lábio inferior.
- Não sei, , é uma decisão realmente difícil. Os dois são ótimos.
Garrett apareceu na tenda, e, ao passar entre Jared e , tirou de suas mãos os minúsculos pedaços de sanduíche restantes. Olhou para um, olhou para o outro, juntou-os numa coisa única e amassada, e, sem a menor cerimônia, enfiou tudo na boca de uma vez só.
- Ficam ainda melhores juntos. - sentenciou, ainda de boca cheia.
Jared reclamou e saiu bravo, enquanto se indignava e gargalhava.
- Cadê seu homem? - a primeira perguntou, passado o momento de raiva.
- Na verdade eu não sei. - respondeu, pensativa - Ele sumiu faz uma meia hora. Disse que tinha um compromisso, sei lá.
- Ihh... Hoje é o dia da outra. - a amiga lhe mostrou o dedo do meio, fazendo-a rir - O que vai fazer agora?
- Ia te ligar nesse exato momento. - ergueu o telefone celular - 3OH!3, tá afim?
- Nah...! - fez bico - Até estou, mas fiquei de encontrar Pat na pista de skate. Ele vai me ensinar um pouquinho.
- Ai meu Deus, vocês já não ficaram juntos o suficiente, noite passada? - ela abriu a boca, lembrando-se de algo - Aliás, o que rolou ontem?
apenas sorriu.
- Tchau, . Até mais tarde. - disse, afastando-se.
- ! ! - gritou, enquanto ela caminhava até a parte dos esportes radicais - , volte aqui!!! !!!
- - - - - - - -
Depois de um tempo, ela acabou desistindo de tentar encontrar companhia para ir ver o 3OH!3. estava por aí com Pat, fazendo coisas de casal. continuava em seu universo paralelo onde ninguém a encontrava, e John ainda não havia dado sinal de vida. Resmungando sobre como o mundo era ruim com ela, pegou sua câmera, e rumou ao show sozinha.
Caminhou por cerca de dez minutos, sem muita pressa, e, ao chegar ao palco principal, arrependeu-se totalmente de andar tão devagar. Seria praticamente impossível encontrar um espaço confortável para assistir o show e tirar boas fotos, uma vez que o lugar estava completamente lotado. Fileiras e mais fileiras de garotos se amontoavam junto ao palco, pulando e gritando o nome da dupla. Quando a música começou a tocar, eles surtaram mais ainda, fazendo o símbolo da banda com as mãos.
Se não estivesse ocupada demais tentando tirar boas fotos, estaria fazendo a mesma coisa.
Sean Foreman e Nathaniel Motte subiram ao palco, pulando e falando com o público.
Sean vestia uma camiseta regata do We The Kings, o que fez sorrir. Havia reconhecido a estampa por ter comprado uma igual para o seu irmão, naquele mesmo dia.
Já Nat estava um tanto... Diferente. Parecia um pouquinho mais magro, e aparentemente encolhera quase um palmo, da noite para o dia. O cabelo também estava um pouco mais curto, e mais claro. Obviamente não era Nat, mas estava tão longe que só pôde reconhecer o substituto quando ele começou a falar. Sim, reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
John.
Gargalhando da atuação, ela se lembrou de mais cedo, naquele mesmo dia, quando Nat subiu ao palco junto com o resto da The Maine para cantar Everything I Ask For, fingindo ser John. Tinha sido uma imitação bem gay, com aquela mão se agitando loucamente, e o movimento dos quadris, e havia feito a garota rir demais. Tudo bem que John realmente cantava daquele jeito (muito embora a atuação de Nat tenha sido infinitamente mais desafinada), e aquela coisa de colocar a mão atrás das costas era bem verdadeira, mas o resto era tão exagerado que chegava a ser hilário.
Agora John estava apenas dando o troco, agindo como Nat. Ele balançava o braço como se fosse um rapper, xingando e gritando enquanto o público pulava com ele ao som de Punkbitch.
Verdade seja dita, os dois deveriam apenas ficar cada um com sua banda. Nat não conseguia cantar como John, e, mesmo que conseguisse, o estilo não era exatamente a praia dele. Já John fazendo rap, por sua vez, mais parecia o personagem de Eminem no começo de 8 Mile.
De qualquer forma, era engraçado vê-los tentando.
Depois de gritar, xingar, pular, dançar, e até levantar a camiseta; o Nat-de-segunda-mão finalmente desceu do palco, eufórico, e tropeçou no último degrau, quase indo de encontro ao chão. , que já estava por perto, não conseguiu não rir.
- Você andou bebendo? - perguntou.
Ele se aproximou, extremamente animado, e apoiou as mãos nos ombros da garota.
- E aí? Como eu fui? - questionou, ignorando totalmente a pergunta feita por ela.
- John! - chamou. - Você está bêbado? - perguntou novamente, achando graça.
- Talvez. - o músico deu de ombros, depois apontou para o palco atrás de si, onde 3OH!3 ainda tocava - Mas então, o que achou?
A garota gargalhou.
- Fantástico, B. Rabitt.
- Também não precisa zoar né... - o rapaz resmungou, decepcionado com o balde de água fria.
- Oh, John, você tinha que ter visto a si mesmo... - passou os braços ao redor da cintura dele - Você xinga tão engraçado... E aquela dancinha, o que foi aquilo?
- Nossa, você é muito estraga-prazeres. Eu mandei super bem, lá, ok?
- Se serve de consolo, - rindo, ela subiu na ponta dos pés para beijar-lhe a bochecha - Eu acho o John-John muito mais sexy que o Nat-John, ou o John-Nat, ou sei lá o que vocês fizeram hoje. - levou as mãos até a nuca do rapaz, puxando o elástico que lhe prendia os cabelos, e os bagunçou bastante, fazendo-os apontarem em todas as direções.
- Serve. - John respondeu, beijando-lhe o rosto, depois o pescoço, depois o ombro, e a empurrou numa direção qualquer.
- Sabe, eu realmente queria voltar para o show... - brincou, agarrando as costas dele.
- Não queria não... - John respondeu, já colocando as mãos para trabalhar.
- John, as pessoas vão nos ver...! - ela resmungou, divertida, tirando as mãos dele debaixo da sua blusa.
O músico parou no lugar, inclinando a cabeça e a olhando divertido.
- Sou um indicador de popularidade tão ruim assim que você não quer nem ser vista comigo? - perguntou, rindo.
revirou os olhos, olhando em volta. - Não quero que suas fãs me matem.
John gargalhou, e balançou a cabeça.
- A gente anda por aí normalmente, . Não somos tão grandes assim. Se quer somos famosos!
- Não? - ela apontou para nenhum lugar específico - Você já viu quantos cartazes de "John can make the girls go Ohh" existem por aí?
- O quê? - ele riu - Um? - arriscou. - O seu?
- Bem que você queria né... - revirou os olhos - Enfim, não quero que fãs loucas surtem por eu estar saindo com o futuro marido delas. - fez uma careta.
- Não foi você que tirou uma com a minha cara ontem, praticamente dizendo que eu era um Zé Ninguém?
- Acho que eu me enganei. - ela riu - Quer dizer, você acabou de descer do palco principal da Warped Tour, certo?
- Como convidado. - ele acrescentou, erguendo o indicador
- Tanto faz. Não quero que suas fãs me persigam por aí, sou nova demais pra morrer.
- Ok. Vamos provar que você está errada. - John disse, e a puxou pela mão através do amontoado de pessoas em frente ao palco principal. Quando chegaram ao outro lado, ele sorriu, fazendo-a dar uma voltinha - Viu? Sem nenhum arranhão. Nem unzinho. Nem um bem pequeno. Nem grande. Nem....
- Deus! - a garota olhou para o céu - Por que eu sempre acabo tendo que cuidar de bêbados chatos o tempo todo?
- Na última vez que chequei, EU é que fiquei aguentando uma -pós-tequila enquanto você e Mr. Ohh curtiam a festa. - Como se tivesse aparatado, surgiu na frente deles no meio do caminho, de mãos dadas com Pat, e com um curativo enorme no joelho.
- ! - John se adiantou para abraçá-la.
- Oh, oi! - um tanto confusa, ela o abraçou de volta, encarando a amiga que ria - Ok. - deu dois tapinhas nas costas dele, que não parecia interessado em se afastar. - Ok, John, pode me soltar agora.
- Certo. - ele se virou para Pat - Patrick, amigão! - abraçou-o também, dando-lhe alguns tapas nas costas.
- Quantas cervejas você bebeu, cara? - o baterista deu um pequeno empurrão no amigo, rindo, e deu um passo atrás.
- Não contei. Umas quatro, ou seis, ou dez. - ele riu - Fiquei na van do Sean e do Nat, esperando a minha deixa, e vou te contar: o estoque deles é ainda maior que o nosso, e, tipo, porra! Eles são só dois...
Pat virou-se para .
- Ele subiu ao palco?
- Imitando o Nat. - ela balançou a cabeça rindo - Parecia possuído.
- Não acredito.
- Ele dançou.
Pat abriu a boca num perfeito 'O' - Não!
- E mostrou os peitos pro baterista. Achei que só garotas fizessem isso... - adicionou.
- Não!
- Sim!
- Nããão!
Pat, e riram.
- Não se preocupe. - a última ergueu sua câmera, com um sorriso malvado no rosto - Você poderá ver e rever esse momento quantas vezes quiser. - virou-se para , baixando o olhar para o joelho ferido da amiga - O que aconteceu?
- Aparentemente skateboarding não é pra mim. - deu de ombros - Acho que o seu garoto precisa de um banho. Vamos voltar para o ônibus? Te conto no caminho.
Os quatro deram cerca de dez passos, mas foram abordados por um pequeno grupo de adolescentes antes que pudessem chegar ao estacionamento. Três rodearam Pat, uma foi falar com John, e duas pararam em frente a e , enquanto outras quatro observaram de longe. Uma das duas garotas se aproximou de .
- Você é namorada do John?
Ela balançou a cabeça. - Somos grandes amigos. Mas esta aqui - apontou para - é namorada do Pat.
encarou a amiga, mortalmente envergonhada - Não, não sou.
- Como não? - Pat se aproximou, com as três garotas o acompanhando - Meninas, esta é minha namorada . E vocês são...?
- Zooey.
- Kat.
- Amber.
- Hope.
- Violet. - todas se apressaram a dizer seus nomes - E aquela ali, fazendo papel de idiota na frente do John, chama-se Paige.
Eles se viraram para a garota, que encarava John sem dizer uma palavra. Ele a encarava de volta, curiosamente, a cabeça pendendo levemente para a direita e os olhos verdes bem abertos.
- Oi. - ele começou, sorrindo - Eu sou o John, e você? - Paige apenas continuou a encará-lo silenciosamente - Não quer falar? Você não fala? - ela empurrou um papel no rosto do músico - Isso é pra mim? Olha, é um desenho... Hey, sou eu! Você é talentosa, ficou demais! - sorriu - Posso ficar com ele? Quero dizer, você não o quer de volta? - Paige negou com a cabeça, e John deu um passo adiante, abraçando-a apertado. - Obrigado. Obrigado.
O músico se juntou a , e Pat, e tirou fotos com as outras adolescentes que faziam fila para falar com ele, autografando camisetas e encartes de CDs logo em seguida. No fim da fila, lá estava Paige novamente.
- Oi de novo. - John riu - Você vai falar comigo de verdade agora?
Paige sorriu. - Será que você poderia autografar isso? - perguntou, esticando uma nota de 20.
John a olhou.
- 20 pratas? Sério?
Ela deu de ombros. - É a única coisa que eu tenho.
O rapaz pensou um pouco.
- Ok. - fechou a mão da garota em volta da nota outra vez - Com esse dinheiro você pode comprar 4 CDs nossos. Fique com um para você, se ainda não tiver, e dê os outros aos seus amigos que não conhecem a gente, ok? - vasculhou os bolsos atrás de algum papel, encontrando uma nota fiscal do McDonald's - Qual é o seu nome?
- Paige.
- É bonito. - John disse, erguendo os olhos do que escrevia no papel por dois segundos - Aqui. - largou o papelzinho na mão da garota, e a abraçou outra vez, afastando-se em seguida.
Quando ele deu as costas, Page olhou a nota fiscal. No verso, havia três frases escritas, além do desenho de um hamburger.
"Obrigado pelo desenho incrível, Paige.
Ronald McDonald aprova.
JohnO"
Quando o rapaz se juntou aos amigos, o encarava, sorrindo.
- Você acabou de tirar fotos com dez fãs apaixonadas. - ela disse - O que estávamos falando sobre ser famoso, mesmo?
John riu. - Cala a boca.
- Mas para uma quase-celebridade, você até que é legal. - admitiu, enquanto eles começavam a andar.
- Legal? - ele passou um braço sobre os ombros da garota, puxando-a para mais perto - Eu sou demais!
- - - - - - - -
- Claro que não!
- Como não? - Pat a olhou - Como não?
revirou os olhos.
- Não ficou bem claro. Você sabe que não ficou.
- Eu te convidei para passar o feriado comigo, lá em casa, com a minha família. Mais claro que isso, impossível.
Ela coçou a nunca. Bem, aquilo era verdade.
Verdade também era que ela tinha declinado educadamente.
- Você ainda não sabe o que quer, a gente se conhece há um mês e pouco. - mudando de estratégia, apontou o óbvio.
O baterista ergueu as mãos para o céu, inconformado.
- E não é o suficiente para você ver que eu sou um cara legal? Porque eu vi isso em você, tipo, no primeiro dia.
sorriu, lembrando do dia em que se conheceram.
* FLASHBACK *
Ela e as amigas estavam conversando, sentadas no capô do carro de . Esta, pra variar, falava de algum cara de banda por quem tinha uma paixão platônica avassaladora. A novidade é que, pela primeira vez em semanas, não era Alex Gaskarth.
- ... Quer dizer, nem estava pensando nisso por que... Digo, é o John, e...
- Não vou ser presunçoso a ponto de achar que o John de quem vocês estão falando sou eu, mas, se for, espero que seja algo bom.
virou-se na direção de onde vinha a voz. Sim, era mesmo John Ohh parado na frente delas, com as mãos nos bolsos, encarando de forma bonitinha.
Diabos, aquele garoto sabia como ser fofo.
- John, oi! - coçou a nuca. Sempre fazia isso quando estava nervosa - Então, na verdade nós estávamos conversando sobre... Hm...
Além de coçar a nuca, também falava demais quando ficava nervosa. Na verdade, "falar" não era exatamente a melhor classificação, aquilo estava mais para vômito de palavras. Principalmente com rapazes na jogada. Ela acabava falando algo idiota, que a deixava tão envergonhada a ponto de nunca mais ter coragem de falar com o cara outra vez.
fechou os olhos por alguns instantes. Como aquilo não podia acontecer com a amiga na frente de John e seus olhos tão verdes, decidiu que era hora de intervir.
- O show!! - cortou, tentando chutar a canela de para que ela calasse a boca - Foi ótimo, sabe? Muito legal. Vocês são ótimos.
John comentou qualquer coisa que ela não ouviu, ocupada demais pensando em um jeito de deixá-lo sozinho com . Podia quase sentir as engrenagens trabalhando em seu cérebro, enquanto olhava em volta atrás de uma desculpa para sumir dali com .
Foi quando o viu.
Próximo dali, vestindo agora uma regata branca, e de chinelos, Pat Kirch conversava com os garotos do Forever The Sickest Kids, lindo demais para seu próprio bem. Lindo demais para o bem de qualquer pessoa.
Tudo o que sabia era que num instante estava sentada no capô de um carro, e no outro encarava Pat a uma distância de dois passos. A única coisa com a qual ela não contava era que não saberia o que dizer, uma vez que estivesse parada na frente dele.
Deveria dizer "oi"? Ou talvez um "oi, eu te amo!"? Ou "AI MEU DEUS, ME DÁ UM ABRAÇO"?
olhou da amiga para Pat, e revirou os olhos. Puxou-a pelo braço, vencendo a distância que faltava para chegarem aos rapazes.
- Oi! Essa é minha amiga . - disse, empurrando a garota até ela parar bem próxima a Pat - , esse é o...? - acenou para que ele se apresentasse.
- Pat-- Patrick... Só Pat. - o rapaz disse, olhando para os amigos, um pouco confuso.
- Pat! - falou, como se soubesse o tempo todo, depois se virou para , e apontou para o garoto - Esse é o meu amigo Pat. - sorriu - Pronto, agora vocês já foram formalmente apresentados.
olhou para a amiga, sem acreditar, depois se virou para Pat, que tinha o sorriso mais adorável da face da terra e a olhava curiosamente.
* /FLASHBACK *
Olhando para o baterista agora, que tinha o mesmo sorriso fofo e olhar interessado do primeiro encontro, ela percebeu que um mês e pouco era, na verdade, mais do que suficiente. Antes que pudesse responder qualquer coisa, contudo, eles perceberam um som alto vindo do interior do ônibus da The Maine.
Aproximaram-se, e pararam perto da porta, observando cinco garotas risonhas descerem de lá.
- John Ohh, que visão! - uma delas, loira e alta, se aproximou - Queria te conhecer, mas achei que você não viria mais, já estava indo embora...
Sem saber o que dizer, o cantor apenas sorriu, olhando de canto de olho, sem graça.
Uma outra garota passou reto por eles, parando em frente a Pat. Ela também era loira, mas baixinha, e sorria bastante.
- Já eu prefiro os tímidos. - disse - Você é uma gracinha, Pat, e eu adoro bateristas. Se importa em autografar minha camiseta? - ergueu uma caneta hidrocor preta, e estufou o peito, deixando a entender exatamente onde queria que o rapaz autografasse.
a olhou, incrédula. A maldita garota realmente estava fazendo isso na frente dela? Sério?
- Err, claro. - contornando a situação, ele pegou a canetinha e deu a volta na moça, assinando bem no meio de suas costas - Aqui está. - devolveu a hidrocor, sorrindo amarelo.
sorriu, vitoriosa. Contornou a garota, passando reto pelas outras três que esperavam mais atrás, e subiu no ônibus. Pat gaguejou algumas desculpas, e a seguiu rapidamente.
John conversava com a mesma loira de antes, meio que sem conseguir fugir. Ela sorria e o tocava o tempo todo, deixando louca de ciúmes, mas ela nunca demonstraria isso. Por mais que quisesse pular no pescoço daquela oferecida e arrancar todo aquele cabelo oxigenado, fio por fio, não podia fazer uma cena. Assim, respirou fundo, e cutucou o músico.
- Hey, John, vou dar uma olhada nessa bagunça lá dentro, nos falamos depois. - sussurrou, tentando soar o mais indiferente possível.
Sabia que tinha falhado, mas esperava que ele não percebesse.
- , espera! ! - o cantor chamou, tirando as mãos da loira de cima de si - Me desculpe, hm, como disse mesmo que é o seu nome?
- Scarlett. - ela respondeu, aborrecida.
- Scarlett, isso! - John sorriu - Obrigado pelo carinho, Scar, foi um prazer te conhecer. - passou pelas outras garotas - Foi um prazer conhecer todas vocês, agora preciso ver qual é o estrago que estão fazendo no nosso ônibus novo. Obrigado, até mais.
Despediu-se de todas elas, encontrando ao subir no ônibus.
- Hey, não precisa ficar brava...
Ela se virou, olhando-o com certa superioridade, e uma indiferença agora um pouco mais convincente.
- Não estou.
- Olha, é sério, a culpa não é minha. - John argumentou - Não podia ser rude com elas, não é?
- Eu não disse nada, Johno, você é que está se defendendo antecipadamente. - olhou em volta.
- É, mas... Espera aí, você está me confundindo.
- Não sei porquê. - ela deu alguns passos adiante, encontrando e Pat, e ao telefone mais atrás. - ! - chamou, passando o casal e se aproximando da última - O que está fazendo aqui?
- Como assim? - a amiga a olhou estranho. Cobriu o telefone com a mão antes de continuar - É uma festa, o que acha que eu estou fazendo aqui?
- Como você veio parar aqui? E quem são essas pessoas?
se apoiou no ombro de , apontando distraidamente para frente.
- Se você for reparar bem, a maioria são garotas. - disse. - E tem o Jared, ali. E o Kenny. E... É o Caleb?
John as alcançou, olhando o ônibus cheio.
- , sério, deixa eu-- Espera, quem é essa gente toda?
- Você não os conhece? - ela o perguntou.
- Quase ninguém... Garrett! - chamou o amigo, que passava por eles naquele instante - O que está acontecendo aqui?
O baixista coçou a nuca, sem jeito.
- Você vai acreditar se eu disser que não sei exatamente?
- Como assim não sabe exatamente? Nosso ônibus está cheio de desconhecidos!
- É, - Garrett riu. - essa parte é engraçada. Sabe, não tenho certeza de onde veio toda essa gente... Eu só queria agitar um pouco as coisas, então convidei alguns amigos...
- Hm.
- ... Que convidaram alguns amigos, que convidaram alguns amigos... Quando vi, já estava assim. - concluiu, sorrindo amarelo.
- E as garotas com decotões e saltos altos? - perguntou, com um sorriso falso. Que tipo de pessoa aparecia numa festival vestindo aquele tipo de roupa e calçando saltos altíssimos? Odiava groupies baratas. Se elas ainda tivessem algum estilo...
- Culpado. - uma outra voz masculina disse, entrando na conversa, ao mesmo tempo em que e sentiam um braço sobre seus ombros. - Elas são minhas amigas.
encarou Jack Barakat com desdém.
- Por que eu não estou surpresa?
- Porque eu sou o máximo.
- Há controvérsias.
- Não acho.
- Ok! - interrompeu, tirando o braço dele de cima de si, e o empurrando levemente para longe de - Você trouxe groupies?
Jack ergueu o indicador.
- Amigas. Eu trouxe amigas. - coçou o queixo - Mas acho que não conheço você... Fui eu que te convidei?
- Eu não sou uma groupie idiota. - ergueu o queixo - Vim com a banda.
- Claro que veio. - ele fez um gesto qualquer com a mão que não segurava nenhum copo - Agora estou me lembrando... Vi você e o Pat andando de mãos dadas por aí, algumas vezes. Estão namorando? - olhou-a com um pouco mais de atenção - Seria um desperdício, sabe...
A garota não sabia se o abraçava ou se o socava no nariz. Jack estava sendo um idiota, mas ainda era um de seus caras preferidos no mundo todo.
- Por que está desperdiçando nosso tempo, Jack? - perguntou, entediada - Vai lá, circulando, circulando... - agitou a mão, tentando afastá-lo.
- Estou procurando o resto da minha banda, achei que você talvez soubesse de alguma coisa.
- Por que eu saberia onde a sua banda está?
- Bom, talvez porque....
- Não os vi. Tchau, Barakitty. - puxou para longe, acenando para Jack.
Foram até o canto, procurar algo para beberem.
- Nunca vi tanta gente apertada num ônibus só - riu - O que quer beber? Tem praticamente de tudo nesse balcãozinho.
Rian passou pelas duas, acenando. balançou a cabeça discretamente em resposta, e virou-se para as garrafas outra vez, concentrada em fazer um drink forte para a amiga.
a olhou. Alguma coisa ali não estava certa.
- De onde os conhece? – perguntou.
- Os Maines? - a outra se quer se virou para ela - Minha melhor amiga namora o baterista.
- Não. - revirou os olhos, aceitando o copo que a outra oferecia - O All Time Low. - ergueu as sobrancelhas como se não soubesse do que ela estava falando, o que a deixou irritada - Rian acenou para você.
- Para nós duas, mas você sempre foi mal-educada mesmo... - ela agora se concentrava em montar um drink para si.
- O Jack veio te perguntar se você sabia onde estava o resto da banda...
- O que eu não sabia, por sinal.
- ... E você o chamou de Barakitty.
parou o que estava fazendo, e fechou os olhos por alguns segundos. Virou-se para a amiga, que sorria vitoriosamente. Suspirou. Estava sem saída.
- Fiquei sozinha por muito tempo enquanto vocês saíam por aí bancando as Mainettes, ok? Tinha que me enturmar!
- Quem está se enturmando? - chegou às amigas, abraçada com John, já segurando um copo plástico vermelho. - E nada de tequila hoje, .
- Ok, mamãe. - ela riu, e tratou de ignorar a pergunta - Você é que pelo visto está começando com tudo hoje. O que está bebendo?
- Não sei...
- Ninguém sabe. - John respondeu, rindo - Aqui. - esticou o próprio copo para .
- Talvez não fosse uma boa. Se tiver tequila nessa mistura, vai estragar a noite de todo mundo. - segurou o braço dele de brincadeira, rindo.
- Obrigada, , você também é minha melhor amiga. - deu a língua, e pegou o copo. - Hm, é gostoso. Vamos lá pegar um pouco disso para mim também.
- Kenny trouxe um balde cheio, eu acho...
Foram atrás de Kennedy, que conversava com Jared, Caleb e JCook. encontrou Pat na sua caminhada rumo ao fundo do ônibus, e eles não largaram mais um do outro. e John ficaram de mãos dadas o tempo todo, conversando com os outros ocasionalmente. Já , por sua vez, olhava o telefone celular de cinco em cinco minutos, sem realmente prestar muita atenção na conversa que rolava.
- Eu acho que os primeiros dias foram os melhores, até agora. - Caleb disse, dando um gole em sua bebida - Nada como a Califórnia... Nunca ganhei tantos sutiãs na minha vida.
- Jared que o diga. O que sua garota acha disso, amigo? - Kennedy perguntou, e todos riram.
- Você deveria trazê-la junto um dia, Jared. - Caleb sugeriu - Kyle traz a namorada dele o tempo todo.
- Ficou doido? Ela me mata só de sonhar com todas as festas que a gente faz aqui.. E você deveria parar de rir, Kenny. Cadê a Gabi?
- Segura. Em casa. - eles riram.
revirou os olhos.
- Garotos são tão bobos... - comentou baixinho com , que sorria para o celular - Ei, está tudo bem?
- Hã? Está... Quer dizer, acho que não. Mais ou menos. - guardou o aparelhinho no bolso - Acho que eu não estou me sentindo muito bem. Se importa se eu ficar no seu carro um pouquinho?
- Imagina, vai lá. - estendeu a chave do carro para a amiga, e a acompanhou até a porta do ônibus - Você tá legal?
- Só um pouco cansada.
- Quer que eu vá com você?
- Não! - apressou-se em recusar - Não precisa, . Eu vou só dormir um pouco, enquanto vocês curtem a festa. Amanhã já estou zerada outra vez.
- Qualquer coisa me liga, então.
- Pode deixar.
Quando se afastou, e se virou outra vez, deu de cara com John a olhando.
- Pra onde ela foi?
- Dormir. - a garota respondeu - deve estar sobrecarregada mesmo, nunca teve o mesmo pique pra festas que e eu.
- Principalmente . - John apontou, rindo.
olhou na direção em que o rapaz apontava. Sentada perto das bebidas, ela e Kyle Even, do Breathe Carolina, competiam pra ver quem conseguia beber mais doses de vodka seguidas. A julgar pela quantidade restante na garrafa de cada um - e não era de se surpreender -, estava ganhando.
- O que eles apostaram? - perguntou.
- Se vencer, eles vão tocar Single Ladies no palco, amanhã. - o cantor respondeu, rindo.
- E se ela perder?
John riu mais ainda - Se ela perder, vai ter que fazer um strip show aqui.
A garota arregalou os olhos.
- Ela disse pro Pat não se preocupar, porque ela não vai perder. - John explicou.
- Sei que não. adora esse jogo, e, até hoje, nunca a vi perder. - sorriu - Mas tenho certeza que ela vai querer fazer o strip show mesmo assim, a diferença é que vai ser só pro Pat. fica desinibida demais quando bebe.
- Você também fica... - ele riu, puxando-a pela cintura, e deu-lhe um beijo na testa - Lembra quando...
- Cala a boca. - ela resmungou, mas riu também.
Juntaram-se ao grupo a tempo de verem Kyle cair no chão, levando sua vodka junto. A maioria comemorava a vitória feminina, gargalhando, enquanto David ajudava o companheiro de banda a se levantar, xingando-o de todos os nomes que conhecia, e dizendo que ele não podia meter a banda numa aposta da qual não tinha certeza se sairia vitorioso.
- Ah! - bebeu o último gole, deixando a garrafa vazia sobre a mesa - Não se esqueçam dos collants. E eu estarei lá pra conferir, e vou levar a e sua magnífica câmera fotográfica pra eternizar o momento.
- Ei, não me envolvam nisso! - balançou a cabeça, depois coçou o queixo - Se bem que eu posso estar por perto na ocasião, assim, por coincidência... E filmar, e jogar acidentalmente no YouTube...
- Vamos comemorar! - se levantou, e foi até a amiga - Tragam o whisky!!!!
Ela saiu enchendo os copos de todo mundo com o amigo Mr. Daniel's, e, ao chegar ao copo de , acabou virando a bebida na camiseta da garota.
- Ai meu Deus! Desculpa, , errei o copo...
As duas riram.
- Tudo bem, , acho que alguém aqui já bebeu demais né? - tirou a garrafa de whisky das mãos da outra, deixando-a com Kennedy. - Meu carro está estacionado aqui perto. Vou lá trocar a camiseta rapidinho, e podemos continuar nossa comemoração.
- Sério, , me desculpe. - choramingou, segurando o braço da amiga.
- É só um pouco de Jack Daniel's numa regata branca, relaxa. Além do mais, ainda lembro quando vomitei naqueles seus Jimmy Choos, no casamento do meu irmão...
- É verdade! - ela gargalhou - Estou totalmente perdoada.
- Bom, já volto.
Ela desceu do ônibus, e caminhou por cerca de dez minutos, pensando em qual blusa vestiria, até encontrar seu carro.
Que tinha os vidros embaçados.
E balançava um pouquinho.
- Cansada, né? Vadia mentirosa, safada, biscate... - foi se aproximando do carro, rindo, até se lembrar de uma coisa. - EI, SEUS NOJENTOS, SEM SAFADEZA NO MEU BANCO TRASEIRO! - deu duas batidas na janela, antes de abrir a porta para ver quem era o tal namorado (ou namorada, segundo as suspeitas de ) secreto, e se deparou com uma cena que não imaginaria nem em um milhão de anos. - Puta que pariu! - fechou a porta com uma batida forte, e se afastou do carro, chocada, sem nem lembrar o que tinha ido fazer lá.
- - - - - - - -
- Então, quais são os planos pra hoje? - , sentada no colo de Pat no fundo do ônibus, perguntou, enquanto distribuía beijinhos pelo pescoço do rapaz.
- Não sei. - ele riu - Você 'tá bêbada demais pra fazer qualquer coisa.
- Ah, mas não mesmo... - ela sussurrou, descendo a mão dos ombros do baterista para o cós de sua calça - Tem coisas que quanto mais bêbada melhor...
- Hmmmmm, sério?
Lá ia Pat com suas mãos na barra da blusa de , quando Kennedy veio correndo, chamando o nome da garota e carregando uma bolsa vermelha que vibrava e soava como Toxic, da Britney Spears.
O baterista ergueu as sobrancelhas para ela.
- Hey, não fala da Brit, ok? - disse, vasculhando a bolsa atrás do telefone celular. Ao ver o nome de no visor, fez cara feia. - Meu Deus, essa desgraça de garota foi abençoada com o dom da inconveniência!! - respirou fundo, e apertou o botãozinho verde - Melhor pra você que seja importante, porque eu estava meio ocupada aqui!
- Você não vai acreditar na cena bizarra que eu acabei de ver! - a garota gritou no outro lado da linha. Muito barulho no fundo, e a voz entrecortada da amiga levou a acreditar que ela estava correndo.
- Bono Vox dançando nu? - perguntou, indiferente.
- O quê? Não! Que nojo! - continuou - Saca só, vem aqui fora ver a maior bizarrisse da história... Depois da imagem do Bono Vox dançando nu, que acabei de criar na minha mente por sua causa, obrigada.
- O que é?
- Sai daí logo ou você vai perder...
Xingando todos os ancestrais da amiga, saiu do colo de Pat, que não ficou satisfeito.
- Onde você vai?
- Dar umas porradas na . - ela respondeu, se afastando sem olhar para trás.
desceu do ônibus a tempo de ver uma cena que seria mesmo engraçada, se não fosse tão estranha.
Claro que Zack Merrick correndo sem camisa não era nada estranho. Todos sabiam que ele tinha alergia a qualquer tipo de tecido cobrindo-lhe o peitoral.
A parte realmente bizarra era vê-lo sem camisa, correndo e gritando o nome de - que, por sua vez, corria e tentava vestir o short ao mesmo tempo, gritando o nome de - que, por sua vez, corria segurando o iPhone e gritando "Puta que pariu"! repetidas vezes.
A última chegou ao ônibus, e parou na frente da amiga, respirando ruidosamente e apoiando as mãos nos joelhos.
- , espera, eu posso explicar! - vinha logo atrás, abotoando o short a ajeitando os cabelos conforme diminuía a velocidade.
- , o que 'tá pegando? - o baixista do All Time Low, ainda segurando os sapatos, finalmente alcançou as garotas, e as olhou, perplexo.
- Zack Merrick? Sério? - perguntou, e encarou seriamente.
- Eu te disse que era bizarro. - se intrometeu.
- Eu posso explicar, gente. - suspirou - Zack é legal.
- Obrigado. - ele sorriu, fazendo-a sorrir de volta.
- Bebeu, foi? - ergueu os braços em frustração - Ele é do All Time Low!
- Eu sei, eu sei! - a outra respondeu - Mas o que eu posso fazer? A gente tem que se contentar com o que consegue, não é?
- Hey! - Zack resmungou, ofendido.
- Shhhh! - as três fizeram ao mesmo tempo, e ele se encolheu.
- Desde quando? - questionou.
olhou para baixo, muda.
- Há quanto tempo vocês estão saindo? - insistiu.
- Garotas, eu realmente acho que... - Zack tentou outra vez.
- SHHHHHHH!
- Foi em Ventura, enquanto vocês estavam na tenda da The Maine...
- Oh, nossa, no terceiro dia, QUE LEGAL! - gritou, depois continuou num tom mais controlado - Você podia ter nos contado, ao invés de dizer que estava com fome, que precisava ir ao banheiro, que ia visitar a avó, que ia plantar uma árvore, tinha que salvar o mundo, que ia fazer sei lá o quê...
- Sério, , eu achando que você tinha virado lésbica e estava saindo com a Sierra, e você comendo Zack Merrick esse tempo todo.
- Oh, wow. - o baixista se meteu outra vez – A Sierra? Isso seria uma boa. Talvez a gente devesse...
se virou para ele com um olhar sério.
- E você realmente acha que a gente ia lembrar de você? Ficaríamos tão interessadas uma na outra que esqueceríamos completamente da sua existência.
- Ok, já entendi. - Zack riu - Essa é a minha deixa para calar a boca né?
concordou, fazendo as amigas rirem.
- Mas sério, por que não nos contou? - voltou ao assunto.
- Por causa de toda a situação com o Jack e o Alex. Achei que não fosse legal contar que eu estava saindo com um amigo deles, tive medo que vocês ficassem magoadas, ou sei lá.
- Pat meio que me pediu em namoro. - disse.
- Alex? Quem? - sorriu - Nós estamos bem, .
- Na verdade, estamos ótimas.
- Isso.
- Ooooook. - as olhou estranho, depois meneou a cabeça - E só pra constar, continuo achando ATL uma droga.
- Verdade. - Zack puxou-a para perto de si - Ela não cansa de me dizer isso o tempo todo, alto e em bom som. É péssimo para o ego. - olhou o relógio - Ah, merda! Tenho que ir... Vamos pegar a estrada daqui a pouco. Tchau, garotas; não fomos oficialmente apresentados, mas é um prazer mesmo assim.
- Hey, Zack! - chamou, quando ele já estava distante - Agora que vocês não precisam mais se pegar escondidos, por favor, por favor, nunca mais usem o meu carro, ok? E eu quero um estofamento novo, você sabe, só pra garantir.
O rapaz riu, e fez sinal de positivo.
Quando ele já não estava mais lá, deu um sorriso amarelo para as amigas.
- Vocês algum dia vão me deixar em paz sobre isso?
e se entreolharam, abrindo sorrisos igualmente grandes e maldosos.
- Nem fodendo.
Capítulo 9 - Cleveland, OH
- Vem com a gente! - Pat pediu, puxando pelo braço até a porta do ônibus.
- A gente não pode, já te expliquei o motivo. - ela suspirou, querendo muito muito ir.
- E o que você vai fazer quando eu for embora?
- quer visitar o Hall da Fama do Rock, e planejamos uma tarde inteira no jardim botânico, além do mais, eu preciso ir até a The Q.
O baterista fez biquinho.
- Ok.
- O que você achou que eu ia fazer?
Ele a olhou meio incerto.
- Esperar eu voltar?
- Ah tá, Bob Esponja. - gargalhou - Entra logo nesse ônibus, antes que eu te tranque no porta-malas do carro da .
Eles trocaram um abraço apertado.
- Estou tentando não soar desesperada demais aqui, então vê se me ajuda, viu? - a garota respirou fundo - Você vai me ligar?
- Depois de cada show. - Pat respondeu - E em todas as festas que eu for, só pra te jogar na cara tudo o que você estiver perdendo. - acrescentou, levando um tapinha no ombro.
- Vai me deixar falar com o Simple Plan?
- Se eu conhecer algum deles. - o baterista deu de ombros.
- Você é o melhor! - ela passou novamente os braços pelo pescoço do garoto, beijando-o carinhosamente.
- Então, acho que é hora de ir. - John começou, recostado à lateral do ônibus, com as mãos no bolso.
se encostou de lado perto do músico, encarando-o enquanto ele olhava para nenhum lugar específico.
- Acho que vou sentir sua falta... - disse baixinho, envergonhada.
Ele gargalhou e também se virou de lado, encarando-a nos olhos e cruzando os braços. Ergueu uma das sobrancelhas, depois abriu seu costumeiro sorrisinho torto.
- Eu sei.
A garota revirou os olhos, empurrando-o no peito.
- Sabia que não devia ter falado nada. - resmungou, e riu, estapeando-o e o abraçando ao mesmo tempo.
O riso foi sumindo aos poucos, enquanto eles apenas se encaravam, até ficarem em completo silêncio. Os dois queriam saber a mesma coisa, mas nenhum deles queria fazer a pergunta.
Era como um jogo. E aquele que pedisse a maldita definição primeiro, perdia.
- O que nós temos? - tomou coragem, e finalmente perguntou, arrependendo-se logo em seguida.
Eles não precisavam de um rótulo. Nem mesmo queriam um.
Diabos, ela não podia querer. Não agora.
- Bem... Na verdade eu não sei. - John passou as mãos pelo cabelo dela. - Mas admito que nunca tive tanta vontade de ficar em Cleveland como agora.
riu e fungou ao mesmo tempo, o que o fez estreitar os olhos, e aproximar o rosto do dela.
- Oh, você não está chorando, está? Assim vai parecer que gosta pelo menos um pouquinho de mim...
- Idiota. - o chutou de leve na canela, mostrando a língua e ganhando mais um abraço apertado.
- São apenas dois dias, . É só você não me esquecer enquanto eu estiver fora, que fica tudo certo.
- Torça para não aparecer ninguém mais bonito, então...
John gargalhou.
- Está vendo? Essa é a minha garota...
- Ei, Johno! - Max o chamou. - Estamos de saída.
O músico assentiu.
- Nos vemos em Hartford, . Daqui a dois dias.
- Dois dias. - ela repetiu, e ele encostou levemente seus lábios nos dela.
No segundo seguinte, se afastou, arregalando os olhos de forma exagerada.
- Oh, meu Deus! John Ohh acabou de me beijar em um lugar público?
- Cala a boca, vai. - ele revirou olhos, rindo, antes de puxá-la para um beijo de verdade.
- Se você olhar para qualquer loira peituda, eu vou ficar sabendo, ok?
A cada palavra, cutucava o peito de Zack, que se encolhia, enquanto o resto do All Time Low observava tudo, rindo bastante.
- Acho que eu gostava mais quando a gente só se pegava escondido. - o baixista disse, emburrado - Você está destruindo a minha moral na banda.
- Que moral? - Rian perguntou, ainda rindo.
- Sabe, , - Jack começou - eu acho muito legal que você não possa ir com a gente para o Canadá porque bateu num cara que vai estar lá.
- Eu não bati nele. - fechou a cara - E achei essa ordem de restrição muito injusta, se você quer saber. Ele invadiu a minha casa!
- Você só esqueceu de comentar que ele tinha a chave, foi te implorar por perdão segurando um buquê de rosas, e você o ameaçou com o atiçador de chamas da lareira... - comentou, chegando com .
- Detalhes. E, de qualquer forma, eu estava só de toalha, não conseguiria atacá-lo de verdade nem se quisesse...
Jack fechou os olhos, abrindo um sorriso sacana.
- Espere aí. Estou começando a criar imagens na minha cabeça. - encarou a garota - Você estava MESMO só de toalha? Ela caiu?
As três apenas o olharam feio.
- Ok, ok, já parei com o filme imaginário...
bufou, revirou os olhos, e atirou nele a garrafinha de água que segurava.
- Seu doente.
- Otário.
- Você é nojento, Jack, alguém já te disse isso?
Ele riu.
- Várias vezes.
- Ok. - Zack interrompeu - Todo mundo circulando que eu quero conversar com a minha garota, pode ser?
Quando todos saíram, o baixista segurou as mãos dela
- Você sabe que não precisa se preocupar com loira peituda nenhuma, certo?
o encarou, mordendo o lábio.
- Será? Elas são o seu tipo preferido...
- Você é o meu único tipo desde o dia em que nos conhecemos. - Zack falou, olhando-a nos olhos.
Ficaram se encarando por alguns segundos, sem dizer nada, até que a garota quebrou o silêncio e o contato visual, explodindo em gargalhadas.
- Você não espera realmente que eu caia nessa, não é Zack?
Ele suspirou em frustração, e revirou os olhos.
- É a mais pura verdade, eu juro. Mas entendo que você precise de algo mais sólido, então lá vai: - respirou fundo - Rian disse que eu finalmente conheci uma garota legal, e que vai arrancar minhas bolas se eu te sacanear.
riu.
- Rian realmente disse isso?
Zack balançou a cabeça - Cada palavra.
- Eu acredito nele.
- Eu também. - o músico fez uma careta - Então, se você não acredita na minha palavra, acredite que, por amor às minhas bolas, eu não vou te sacanear.
Ela fez uma careta pensativa, antes de balançar a cabeça afirmativamente.
- Ok, acho que nisso eu posso confiar.
Zack apertou os olhos numa expressão ofendida, depois começou a rir.
- Você é inacreditável! - exclamou, cutucando-a na barriga enquanto ela ria e tentava fugir.
- - - - - - - -
Elas observaram os ônibus se afastarem com certo desânimo.
Não necessariamente pelos rapazes - apesar de eles também terem sido um fator importante -, mas pelas novas amizades também. ficara um pouco mais próxima do All Time Low - principalmente do fofo Rian Dawson -, e e já adoravam os companheiros de banda de Pat e John. Sem mencionar as outras bandas, e todas as pessoas legais que as três haviam conhecido durante as semanas na Warped Tour.
Realmente, dois dias sozinhas em Cleveland seriam um saco.
- Ok, o que vamos fazer primeiro, amanhã? - passado o momento nostálgico, puxou as amigas até o carro.
- Eu quero ir à The Q. - respondeu, entrando no banco do carona, enquanto já colocava o cinto de segurança no banco de trás.
- Por quê? Você nem torce para os Cavs! - a terceira apontou.
deu de ombros vagamente. - Eu gosto de basquete, me processe.
- Não. - fez careta - Amanhã vamos ao Hall da Fama.
- Não se preocupe, - a primeira retrucou - As coisas não vão sair de dentro do museu...
- Nem aquela quadra idiota vai ser demolida em um dia! - foi a resposta.
- TÁ LEGAL! - cortou, empurrando de volta para seu assento, enquanto balançava a cabeça e imitava a voz da amiga dizendo "Oi, meu nome é , e tudo sempre tem que ser como eu quero" - Já que vocês não conseguem concordar, eu escolho a programação de amanhã.
As outras duas se entreolharam.
- Basquete parece legal...
- Hall da Fama está ótimo.
e começaram a falar ao mesmo tempo, cada uma aceitando a sugestão da outra, enquanto ria. Ela ligou o carro, colocou um CD antigo do Good Charlotte para tocar, e deu a volta no estacionamento, procurando a saída mais próxima.
- Incrível como sempre funciona. - pensou alto, rindo. - Que bom que você se entenderam. Pena que é tarde demais, - falou para as amigas, pegando a estrada - amanhã faremos o que eu quiser.
- Se for mais uma daquelas sessões de filmes do Nicolas Cage, juro que te estrangulo enquanto você dorme. - resmungou, cruzando os braços no peito.
- A Lenda do Tesouro Perdido é muito bom, ok? - a motorista a olhou - Mas não se preocupe, só fiz isso aquele dia pra te irritar.
gargalhou no banco de trás.
- Se sua intenção era limpar a sua barra, , acho que não funcionou...
- Nah! - a outra agitou uma das mãos - me ama, não ama?
bufou.
- Tanto que vou te fazer ouvir Breathe Carolina comigo até a hora de dormir, hoje. - sentenciou, entre dentes.
revirou os olhos e riu, perguntando a Deus o motivo de ter sido agraciada com amigas tão vingativas.
- - - - - - - -
Ela sorria dormindo, observou. Devia estar tendo um daqueles sonhos em que depois você se decepciona ao acordar por perceber que não era real.
E o sonho era mesmo bom. Tão bom que se assustou ao abrir os olhos e encontrar o rosto da amiga bem próximo do seu.
- JESUS! - gritou, pulando sentada na cama com a mão no peito - Por que todo mundo faz isso, hã?
- Deve ser porque é realmente divertido ver a sua cara. - riu. - E você tem sono pesado mesmo, não? Devia trabalhar nisso, sabe. Se eu fosse um assaltante ou estuprador, você estaria ferrada.
revirou os olhos. - O que, diabos, você está fazendo aqui?
- Vim te buscar para tomar café. Cheguei aqui e você estava tão bonitinha que fiquei com pena de te acordar. - a outra apertou os olhos numa encarada penetrante e maliciosa - Tinha um sorriso enorme estampado nessa sua cara amassada. Estava sonhando com o quê? Aliás, com quem?
ficou subitamente vermelha. - Ninguém. - disse, caçando algo para vestir após o banho, e se encaminhando ao banheiro logo em seguida.
- Deixa pra lá. - gritou para que a amiga ouvisse - Não quero ter que imaginar um "ninguém" magricela e de olhos verdes pelado mesmo, então é bom que você esteja poupando os detalhes.
Ela foi pegando o celular e outros pertences da amiga e jogando tudo na bolsa preferida da garota, enquanto esta tomava banho. Cerca de quinze minutos depois, saiu já completamente vestida, terminando de pentear os cabelos.
- John não estava pelado, ok?
largou a bolsa em cima da cama, e se levantou, caminhando até a porta do quarto. Abriu-a, e ficou esperando a amiga pegar suas coisas.
- Então você realmente sonhou com o John...
- Cala a boca. - largou o pente no criado mudo, ajeitou a alça da bolsa no ombro, e passou por na porta - E como você entrou aqui, afinal?
- Secretamente eu sou uma ninja. - explicou, fazendo-a rir, e elas foram encontrar do lado de fora.
Diferente das outras cidades, as garotas não tiveram sua dose habitual de sorte em Cleveland.
Todos os bons hotéis estavam lotados, ou eram caros demais, e, quando se está no meio de uma longa viagem de carro, a regra é: gaste o mínimo possível. Nunca se sabe o tipo de imprevisto que pode surgir no caminho, e certamente nenhuma delas tinha garantia contra problemas inesperados.
Desta forma, ainda meio sem saber como, as três amigas acabaram num motel barato, com cheiro de mofo e o papel de parede manchado, e agora precisavam caçar uma cafeteria para o desjejum.
As garotas ainda discutiam o assunto O'Callaghan ao atravessarem o estacionamento, em direção ao Accord Concept de , onde certamente as estaria esperando. Uma apenas ria, enquanto a outra tentava explicar que não alimentava nada além de um leve e despretensioso interesse no músico.
- Aham, e eu sou virgem. - debochou.
- Da orelha, e olhe lá... - recostada ao carro, riu, e tirou os óculos de sol - por acaso está tentando convencer alguém de que não está apaixonada pelo garoto-espantalho?
gargalhou com a comparação, e fechou a cara.
- Eu não estou. - desligou o alarme do carro, e elas entraram. - Para onde vamos?
- Qualquer lugar perto. Estou morrendo de fome.
A motorista olhou para trás com as sobrancelhas erguidas.
- Quando você não está com fome, ?
- Quando está fazendo sexo com Zack Merrick, o rei da bomba. - respondeu.
deu de ombros.
- Isso me dá bastante fome DEPOIS, se vocês querem saber.
- Ew, informação demais! - resmungou, fazendo careta, e as outras riram.
- - - - - - - -
No fim da tarde, elas estavam jogadas na grama do zoobotânico, com sanduíches e latinhas de refrigerante espalhadas sobre a toalha estirada na grama verdinha. rabiscava coisas no seu caderno de desenho, tirava fotos de tudo e todos, e , deitada de olhos fechados, apenas sentia o vento quente do verão bater no rosto e bagunçar-lhe os cabelos.
- Acho que estou com saudade do Zack. - a última disse, para ninguém em específico.
- O negócio de vocês é sério? - perguntou, ainda desenhando.
deu de ombros.
- Não tenho como saber, mas suponho que sim. E vocês?
- Pat acha que estamos namorando. Eu acho que não.
olhava na câmera as fotos que havia tirado. Colocou cuidadosamente o aparelhinho ao seu lado sobre a toalha, e se virou para a amiga.
- Como se você tivesse coragem de dizer não, caso ele pedisse.
- Com certeza não, por isso estou tentando desencorajá-lo. - respondeu - Não quero nenhum namorado rockstar.
As outras duas deram suspiros irônicos.
- É exatamente o que você quer, ...
Elas riram.
- E você, , já contou ao John? - perguntou, mudando nada sutilmente de assunto.
- Hmmmmmmm... Não.
- Ok, e quando pretende fazê-lo? - a primeira insistiu.
- Hm, essa é uma pergunta difícil. - fingiu pensar - Olha, acho que.... Hmm... Provavelmente nunca, é.
e pararam o que estavam fazendo, e encararam a terceira garota.
- Então você vai simplesmente desaparecer da face da Terra quando as férias acabarem? - ergueu as sobrancelhas.
- Não exatamente da face da Terra... Mas essa é a ideia principal, sim. - bufou ao perceber as encaradas furiosas das amigas - Olha aqui, gente: diferente de vocês e seus príncipes encantados, eu e John não estamos nos encaminhando a um relacionamento, ok? Nos conhecemos, gostamos de cara um do outro, e estamos nos divertindo muito, mas é só isso. Não estamos juntos.
- Diz isso você ou ele? - ergueu novamente as sobrancelhas.
- Não estamos juntos. - ela reafirmou. - Muito. - fez uma careta - Ok, talvez estejamos um pouco juntos. Mas tem data de validade, e ele sabe disso. A vida é minha, ok? Quando a Warped terminar, eu vou para o meu canto, John vai para o dele, e é exatamente por isso que eu não preciso contar nada a ninguém sobre coisa alguma.
- Ok, ok, não atire. - ergueu as mãos em rendição, fazendo-as rirem.
se deitou sobre a toalha, e esticou o braço, mexendo na grama ao lado.
- Já que minha vida amorosa não é exatamente uma vida amorosa, que tal falarmos de algo real? Tipo a sua, ... Como estão as coisas entre você e o Pat? Só se atreva a poupar os detalhes se eles forem quentes demais!
fez uma cara maliciosa, e deitou ao lado da amiga, largando o caderno de desenho longe.
- Sinto muito, mas os detalhes são quentes demais até para você, , o tempo todo. - brincou, girando o lápis entre os dedos.
pulou sentada outra vez, e esbugalhou os olhos.
- Patrick Kirch? Sério? - perguntou.
- Seríssimo. - deu uma piscadela.
- Você só pode estar me zoando.
Ela encarou a amiga, muito séria. - Você acha que eu brincaria com isso?
- Não, você nunca. - fez uma careta incrédula - O Pat, sério mesmo?
- Você não acreditaria se ninguém mais te contasse, não é?
A fotógrafa concordou com a cabeça.
- Acho que você tirou a sorte grande, . Eu não daria um ovo frito por aquele garoto...
As outras duas gargalharam.
- Não sou eu que estou saindo com John-sou-virgem-e-estranho-O'Callaghan, ok? - ainda rindo, jogou seu lápis na amiga - Fala sério, só olhe o corpo daquele rapaz! É óbvio que ninguém nem nunca o havia tocado antes!
também riu, e deu a língua para a amiga, virando-se para em seguida.
- Pelo menos ele não toma bomba...
- Ei! - a última fez cara indignada - É mito essa história de bomba, ok? Zack é muito satisfatório, se vocês querem saber.
- Satisfatório? É ESSA a palavra que você usa?
já tinha lágrimas nos olhos de tanto rir.
- Satisfatório quanto? Numa escala de zero a dez, sendo zero um poodle toy e dez o nosso vizinho de 83 anos em L.A..
ergueu o queixo.
- Zack é vinte, sendo zero Pat Kirch e dez o deus do sexo.
- OOOOOOOOHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!
- Ele é baixista ok, é só isso que vocês precisam saber.
- - - - - - - -
Saindo do zoobotânico, naquele dia, as três decidiram esticar em algum bar da cidade, e, após a terceira rodada de tequila, nem , ou sabiam dizer como a noite havia terminado.
O fato era que, quando acordou - no chão do banheiro, ainda vestindo a roupa da noite anterior -, o sol já começava a se esconder. Ela olhou o relógio em seu pulso, constatando que já passava das seis da tarde, e levantou. Lavou o rosto, escovou os dentes, deu uma boa olhada no espelho. Estava péssima, é claro. Esticou o pescoço para fora do banheiro, e procurou as amigas.
, sempre a mais resistente do trio, dormia muito bem acomodada em sua cama, de pijamas. estava deitada praticamente dentro de sua mala, perto do criado mudo, apenas de sutiã e samba-canção. Tinha um cara na cama dela, bem bonito até, e graças a Deus completamente vestido.
tentou fechar a porta em silêncio, mas a dobradiça definitivamente precisava de lubrificação, e fez rangidos absurdos. Ela fez uma careta.
Como ninguém pareceu se mover, a garota andou na ponta dos pés até sua própria mala, tirando uma muda de roupas e uma toalha cor de rosa.
Ela não sabia que horas haviam voltado do bar, mas não conseguia acreditar que perdera um dia inteiro na cama. A boa notícia é que no dia seguinte encontraria Zack em Hartford. Ah, Zack... Sentia uma falta danada do músico. Mais até do que gostaria de admitir. Ele era lindo, fofo, engraçado e-- Distraída, e com os pensamentos no Canadá, chutou o pé da cama.
- Puta que pariu! - gritou, acordando e o homem desconhecido.
- O quê? Não fui eu! - levantou, olhando para os lados, zonza.
- Puta que pariu, puta que pariu... - pulava num pé só, segurando o outro, o dedinho ferido parecendo em chamas.
O homem pigarreou, fazendo as duas o olharem, confusas.
- Acho que eu peguei no sono. - murmurou, sorrindo sem graça, ainda sonolento.
soltou o pé machucado, e o encarou. - Quem é você?
- Oh. Oh! - apontou para ele, com a boca aberta, depois se virou para a garota - Ele é o Keith, estava com a gente no bar, lembra? - Não, não lembrava, mas assentiu mesmo assim - Ele está no quarto ao lado, mas ficou sem água quente, aí veio perguntar se podia tomar banho aqui, mas você estava morrendo no banheiro por causa da tequila, então pedimos para ele esperar e...
- ...E eu acabei dormindo na sua cama, me desculpe. - o rapaz disse, encarando o rosto de , depois baixou os olhos para algum ponto logo abaixo da linha dos ombros da garota.
Ela acompanhou o olhar, finalmente percebendo a falta de blusa, e se enfiou dentro da mala outra vez, caçando uma camiseta qualquer, vermelha feito um pimentão.
Keith pigarreou novamente.
- Então, garotas, acho que eu já vou. A essa altura a água quente do meu quarto já deve ter voltado...
- Não, não, por favor. Desculpe por ter monopolizado o banheiro ontem. - o interrompeu, sorrindo, e apontou a porta do banheiro - Fique a vontade.
- Bem, ok então. - ele deu de ombros, e cruzou o caminho até o banheiro em três passos, tirando a camisa no percurso.
Ele era alto, com costas largas e tatuadas, e braços bem definidos. Quando o rapaz fechou a porta atrás de si, encarou a amiga com o queixo caído.
- Nossa, , onde você encontrou isso?
riu.
- Ele que encontrou a gente. Aliás, encontrou você.
- Quem encontrou quem? - ouviram a voz sonolenta de perguntar, abafada pelo travesseiro.
- Nosso vizinho extremamente gato, e .
- Ah! - ela pulou sentada na cama, esfregando os olhos e arrumando o cabelo - Ele pagou nossa primeira rodada de tequila, então, tecnicamente, é o culpado por você ter dormido no banheiro...
lançou um olhar ao banheiro, depois voltou-se para as amigas.
- Então quer dizer que... Digo, nós não... - fez gestos sem sentido, confusa - Ele sabe que eu tenho um namorado né?
riu outra vez.
- Nem eu sabia que você tinha um namorado, mas se você está falando do Zack... - ela deu de ombros - Bem, ele deve saber que você tem um Zack, porque você não calou a boca sobre isso a noite inteira...
A escritora soltou um suspiro aliviado.
- Menos mal. Vai que ele é um maníaco, um estuprador? - as outras duas a encararam incrédulas, mas ignorou - É sério, gente! Estamos hospedados do mesmo hotel, e ele com certeza nos seguiu até o bar ontem... Como ia aparecer no mesmo lugar que a gente?
- Dã! É o bar mais perto daqui. - revirou os olhos - Mas se ele for mesmo um maníaco, pode me sequestrar quantas vezes quiser que eu não ligo... - completou com um sorriso malicioso.
- Shhhhhhhhhhh! - a outras duas fizeram juntas, indicando a porta do banheiro.
- OH, MEU DEUS, ELE ESTÁ AQUI?
- Shhhhhhhhhhhhh! - e repetiram.
- Como vocês me deixam vestir esse pijama ridículo com um cara gostoso assim no recinto? - resmungou, baixinho, puxando o lençol até o pescoço.
As garotas ouviram o som do chuveiro sendo desligado, e ficaram instantaneamente caladas, olhando umas para as outras, sem saber o que fazer. Cerca de dois minutos mais tarde, Keith abriu a porta, e saiu do banheiro segurando suas roupas, com a toalha enrolada na cintura, e notou as três moças estáticas o encarando.
- Demorei demais? - perguntou, sem graça.
- Não, está tudo bem. Tranquilo. - acenou, sorrindo bobamente, perdida no tronco do rapaz - Tudo certo. Tudo ótimo...
- Ok. - ele vasculhou os bolsos da calça que segurava, tirando a carteira - Se eu bem me lembro da noite passada, vocês mencionaram que estão partindo hoje, certo? - elas assentiram, e ele pegou um cartão de visitas dentro da carteira, e o entregou a , olhando-a diretamente nos olhos - Se algum dia vocês resolverem passar por Mansfield, é só me ligar.
Dizendo isso, ele se despediu das garotas, e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
- Nossa senhora e todos os santos dos caras gatos! - soltou, assim que o rapaz sumiu de vista - Que homem é esse?
- Abençoa e multiplica, Senhor! - concordou, enquanto se abanava.
O celular da última apitou, e ela o pegou com um sorriso estampado na face.
- É uma mensagem do Zack. - pelo mesmo motivo que o sorriso apareceu, ele então sumiu no instante seguinte - Oh, meu Deus é o Zack! Ele sentindo a minha falta e eu aqui olhando as costas maravilhosas de outro cara. Sou uma pessoa horrível mesmo...
As outras duas gargalharam.
- Relaxa, . Você não fez nada de errado, a gente tem olhos exatamente pra essas coisas.
a encarou, confusa.
- Pra secar os homens bonitos que pedem pra usar o nosso chuveiro?
- É... Não especificamente, mas com certeza está na lista. - consertou - Leia a mensagem de uma vez! O que diz?
- Eles já estão a caminho de Hartford. E ele sente minha falta. - sorriu bobamente com a última frase, ao mesmo tempo que os celulares de e tocavam.
- É o Pat/ É o John! - as duas disseram juntas, rindo em seguida.
- Oi, querido. - atendeu, sorrindo, e ficou surpresa com a resposta - OH, MEU DEUS, SEB? - deu alguns pulinhos, e se afastou, fazendo gestos exagerados que as outras duas não entenderam.
balançou a cabeça, rindo, e atendeu sua ligação.
- Sei que faz dois dias, e você provavelmente já conheceu algum cara mais bonito, mas ainda reconhece a minha voz? - John perguntou, do outro lado da linha, e pelo tom de voz, ela percebeu que o rapaz sorria.
- Mesmo que eu tenha conhecido, e não estou dizendo que conheci, sua voz é inesquecível, Johno. - ela respondeu, e ouviu-o gargalhar.
- Boa resposta.
- Mentira, vi seu nome no identificador de chamadas. - John soltou um "ah, ótimo" no outro lado da linha, e ela gargalhou - Você sabe que é brincadeira, não é? Como estão as coisas por aí?
- Tudo bem. - ele respondeu. - Estamos nos preparando para partir, devemos estar em Hartford pela manhã.. Vocês já estão aí?
- Ainda não, vamos sair de Cleveland daqui a pouco.
- O que vocês fizeram de bom por aí? Cleveland é um saco.
riu.
- Você sabe, o mesmo de sempre. – emprestar o chuveiro para um desconhecido super gato, pensou - Visitar lugares, tirar fotos, beber até cair... Bem, até cair.
John a acompanhou, rindo também.
- Por que vocês insistem em dar tequila à garota? - ouviu-se um barulho ao fundo, e o nome do músico sendo chamado - Droga, tenho que desligar. O pessoal já está pronto e dentro do ônibus, e eu não terminei de arrumar minhas coisas ainda.
- Ok. - sorriu - Boa sorte com isso. Boa viagem.
- A gente se vê amanhã. Beijo!
Ela desligou o telefone, e sorriu. Sentia falta do rapaz, e gostava muito da ideia de vê-lo novamente, pela manhã, em Hartford.
O aparelhinho recomeçou a tocar, e ela gargalhou. John era realmente adorável.
- Já está com saudades? - perguntou, assim que atendeu a ligação.
- Não posso dizer que não. - respondeu uma voz masculina, que não pertencia a Johno, e ela não ouvia há algum tempo.
- - - - - - - -
estava estranha, ele podia sentir. E estava estranha desde que chegara a Hartford.
A princípio, John imaginou que ela estivesse apenas com sono, afinal, já convivia com ela havia tempo suficiente para conhecer seus hábitos. Era normal ela não se comunicar muito pela manhã, ele já havia se acostumado com isso, mas agora passava das três da tarde, e a garota continuava distraída.
Talvez fosse apenas cansaço, pensou, olhando-a vestida apenas em lingerie e sua camisa xadrez preferida. Com toda a energia gasta nas últimas horas, ela podia estar cansada, não podia?
Mas não parecia cansada. Ela estava distante.
Definitivamente, algo estava errado.
- ? - John chamou, fazendo um carinho de leve no braço da garota. - Está tudo bem?
- Claro. - ela respondeu rapidamente - Os garotos ainda vão demorar?
- Acho que devem estar chegando daqui a pouco. Aliás, talvez fosse interessante você vestir alguma coisa - o músico riu - Não quero que eles entrem aqui e vejam minha garota só de roupa de baixo no sofá.
Num pulo já estava de pé, enfiando as pernas no minúsculo short jeans que vestia quando entrara naquele ônibus, algumas horas atrás.
Geralmente a garota faria alguma brincadeira ou piada, praticamente desafiando John a fazê-la se vestir, mas lá estava ela, agindo como se tivesse cometido um crime. estava decididamente diferente, não era paranoia nem nada do gênero.
O que, diabos, havia acontecido em Cleveland?
- , o que tá rolando? - John perguntou, com a testa franzida.
- Rolando? Nada. - ela respondeu, sem olhá-lo, tentando sem sucesso abotoar o short com mãos apressadas. - Deixe de besteira, não está rolando nada.
John levantou e em um passo venceu a distância que os separava, abotoando o short da garota, sem esforço algum.
- Tem alguma coisa, sim, eu só não consigo entender o que é. E é engraçado, sabe, porque dois dias atrás você me perguntou o que a gente tinha, e hoje, quando eu uso uma merda de um pronome possessivo, você parece estar tendo algum tipo de alergia. - segurou-a pelos ombros - Você de repente ficou maluca, e isso está me deixando maluco, então não venha dizer que não é nada porque isso não é nem um pouco parecido com nada!
encarou o chão, mexendo na barra da camisa que era grande demais para ela.
- Ok. - suspirou - John, precisamos conversar.
- - - - - - - -
Pat e andavam de volta ao ônibus, de mãos dadas, em silêncio. Pat brincava com os dedos da garota, enquanto ela digitava uma mensagem de texto para com a mão livre.
- Sabe, , eu estava aqui pensando... - o baterista começou, quando guardou o celular no bolso - Suas férias vão até setembro, certo?
- Certo. - ela repetiu.
- E terminando a Warped, eu tenho um mês e meio de folga antes da tour com o Boys Like Girls... - Pat soltou, como quem não quer nada.
- E...? - a garota incentivou. Tinha entendido muito bem, mas queria que ele falasse mesmo assim.
- Achei que a gente pudesse passar um tempo juntos lá em casa e...
- Você está me convidando para conhecer a sua família. - cortou.
- Estou te convidando para conhecer a minha família. - ele acenou afirmativamente. - De novo. - acrescentou, revirando os olhos.
- Por que você acha que eu devo conhecer a sua família? - ela perguntou, divertida.
- Porque você precisa conhecer a minha e eu preciso conhecer a sua, talvez?
- Por quê? Não somos namorados.
- Não somos... - Pat parou de andar - Espera, o quê?
revirou os olhos.
- Você nunca me pediu em namoro.
Pat suspirou, exasperado.
- Você realmente quer começar isso de novo?
- Não somos namorados. - ela repetiu, séria.
- Mas eu achei que...
- POR DEUS, PATRICK! - ela deu um tapinha na testa do rapaz - Só faça esse maldito pedido de uma vez!
O baterista riu, e balançou a cabeça. Ele deu de ombros, pegou a mão da garota, e, com pompa exagerada, ajoelhou à sua frente.
olhou para os lados, envergonhada, e se inclinou um pouco para ele.
- Não precisa de tudo isso, Pat. Eu realmente não estava falando de um pedido de casamento. - falou, sem graça.
- . - ele disse, com um sorriso fofo - Querida , você é a garota mais incrível que eu já tive o prazer de conhecer. Por favor, você me daria a honra de ser seu namorado?
Ela cobriu a boca com as mãos, em falsa surpresa, rindo. Olhou o rapaz, e lançou-lhe um sorriso, que sumiu logo em seguida.
Logo atrás dele passava correndo sua melhor amiga, carregando a bolsa e os tênis desajeitadamente, e chorando muito.
Ao ver a expressão da quase-certamente-futura-namorada, Pat olhou para trás, confuso.
- É a ?
- É... - com a testa franzida, olhava do garoto para a amiga, que já se distanciava - Eu tenho que ir. - inclinou-se sobre Pat, dando-lhe um beijo rápido - A resposta é sim, mas voltamos a falar disso mais tarde, namorado. - beijou-o outra vez, e saiu correndo, gritando o nome da amiga.
Quando ela já achava que suas pernas pediriam demissão, finalmente parou.
- Eu sou uma vadia. - ela disse, sem se virar.
- ... Mas eu te amo mesmo assim. - cantarolou, batendo na testa logo em seguida, ao notar que a outra não ria - O que aconteceu?
- Tive aquela conversa com o John. - respondeu, encarando-a com os olhos marejados.
- E como ele reagiu?
- Não quero falar sobre isso.
esticou os braços para a amiga.
- Um abraço, então?
- Por favor.
Capítulo 10 - Hartford, CT
- Então você contou tudo a ele. - constatou, recebendo seu cachorro-quente.
- Não tive outra opção. - pagou a atendente, e também recebeu seu cachorro-quente. - John presta bastante atenção aos detalhes, e eu não consigo disfarçar nada, ele logo percebeu que havia algo errado.
- E você contou tudo a ele. - a primeira repetiu.
- Não acredito que você contou do Adam. – disse, enquanto elas caminhavam de volta para o estacionamento do Meadows Music Theater, cada uma segurando seu jantar.
- Não é como se eu quisesse contar - respondeu, de boca cheia - Mas você conhece o vômito de palavras.
- Não interessa. - ela cortou - Você nunca menciona o ex. Não importa o que aconteça, nunca mencione o ex. - revirou os olhos - O que Johno respondeu?
- Nada bom, é claro. - interferiu - Você não pode dizer "Hey, vou para a Austrália morar no hotel do meu ex", e esperar que ele fique feliz com isso.
a encarou, ofendida.
- É claro que não foi assim que eu falei!
- Oh, que ingênua. - riu - Não importa como você tenha dito, amor, é exatamente a frase da que está ecoando na cabeça dele até agora. - lançou à amiga um olhar de apoio - Como ele reagiu?
- Err...
* FLASHBACK *
John a encarou sem expressão por um tempo, até finalmente rir sem humor nenhum, e balançar a cabeça, parecendo decepcionado.
- E eu achava que caras é que eram filhos da puta egoístas e desalmados.
Aquilo soou como uma bofetada. ergueu rapidamente o rosto, espantada com a acidez de seu tom de voz, e a escolha das palavras. Em todo o tempo que passaram juntos, ele nunca havia sido grosseiro.
- John, vamos conversar com calma e esclarecer as coisas, não é bem assim...
- Não, é exatamente assim. - ele a cortou - Exatamente assim. - suspirou, e se afastou da garota o máximo que pôde, indo se apoiar de costas para ela, no minúsculo balcão da cozinha improvisada do ônibus - Ou vai me dizer que decidiu isso tudo hoje, ou noite passada? Eu não sou idiota, . Você já tinha tudo acertado antes de me conhecer, só preferiu não falar nada, não é? - John se virou para encará-la, e desviou o olhar sem lhe dar resposta alguma - Sabia. Bom, obrigado pela consideração.
- Ok. - ela se rendeu - Esse intercâmbio já estava todo planejado mesmo, mas eu não achei realmente que fosse tão importante mencionar que... Quer dizer... - começou a se explicar rapidamente, agitando os braços e se atrapalhando com as palavras - Não achei que você estivesse... Que quisesse um... Achei que a gente estava curtindo e...
- Depois de passar todo dia o tempo todo comigo, sair em público com a minha banda, e dormir no meu bunk comigo... Com tudo o que a gente vivenciou nas últimas semanas, você realmente não achou que fosse importante mencionar que ia se mudar para a Austrália com outro cara?
abriu e fechou a boca algumas vezes, pensando no que dizer. Sentia que tinha muito que explicar para consertar aquela situação, mas não sabia como.
- Não, John, o Adam...
- Não. - ele interrompeu outra vez, esticando a mão na direção da garota para que ela se calasse - Não fala. - fechou os olhos, e pressionou-os com o polegar e o indicador, cansado. - Engraçado que vocês, garotas, acham que, por sermos caras, não temos o direito de nos sentir usados. - parou por alguns segundos, e balançou a cabeça, desistindo de argumentar. - Quer saber? Espero que você tenha os melhores momentos da sua vida em Sydney. E fico lisonjeado em ser o seu casinho de verão, mas acho que nesse ano o outono chegou mais cedo. - concluiu, passando reto por e descendo do ônibus.
A garota ficou olhando o nada, tentando processar o que havia acabado de acontecer, quando John reapareceu, dividido entre constrangido e revoltado.
- E que se dane, também! - disse, apontando o dedo no rosto dela. - É o meu ônibus, então, se você não se importar em dar o fora, eu quero ficar sozinho agora.
* FIM DO FLASHBACK *
- E então você saiu correndo de dentro do ônibus, eu te encontrei e agora estamos aqui. - constatou.
- Exato.
apontou para ela.
- Isso explica a roupa.
olhou para baixo, percebendo que ainda vestia a camisa preferida de John - uma cinza, xadrez, comprida o suficiente para cobrir seu short jeans por completo. Camisa esta que ainda tinha o perfume dele. - e se xingou mentalmente. Isso significava ter de falar com o rapaz outra vez.
Elas sentaram no capô do carro de , ainda comendo o jantar.
- Só não consigo entender qual é a do Adam. - comentou, pensativa.
- Não consegue mesmo? - revirou os olhos. - Está na cara que ele ainda não superou. Aliás, desculpa , mas nenhum de vocês dois superou.
A fotógrafa ergueu o rosto chocada.
- Do que você está falando? Eu estou ótima, obrigada.
- Claro. - a outra riu. - Se você seguiu em frente, por que disse sim a ele?
- Eu disse que ia pensar. - corrigiu, de boca cheia. - Mas não vejo muita escolha... Ele disse que falou com a minha mãe, e vocês conhecem a figura que é aquela mulher.
- Deus no céu, e Adam Sherwood na Terra. - e falaram ao mesmo tempo, arrancando uma risada da amiga. - A essa altura ela já ligou para a dona da república cancelando o seu quarto, e voltou a tricotar o enxoval de vocês dois. - continuou sozinha, tentando não rir.
- Não duvido. - gargalhou. - Ela chorou mais que você com o último rompimento...
- É verdade! - não conseguiu se segurar, caindo na risada com a outra - Era toda vez a mesma coisa... "Pobre Adam, um garoto tão amável... O que há de errado com você, minha filha?" - imitou perfeitamente a mãe da amiga, entre gargalhadas.
- Eu só não sei como ele descobriu que você vai pra Austrália, nem como ele tem seu telefone novo, ... Err, ?
As garotas encararam o lugar vazio onde deveria estar sentada, e começaram a olhar em volta, procurando possíveis locais para onde a amiga poderia ter ido. Não foi difícil descobrir o destino dela, ao verem um rapaz alto e excessivamente magro desfilando por ali com seus cabelos desalinhados e as famosas calças justas. Cerca de dez metros mais atrás, refazia seus passos, num esforço enorme de tentar alcançá-lo.
- Por que eu sinto que isso não vai prestar? - bufou, levantando e largando seu cachorro-quente ao lado do lanche também abandonado por , no capô do carro, seguida por .
- John, espera! - gritava, tentando acompanhá-lo, mas era simplesmente impossível. Cada novo passo de John equivalia a dois dos dela, e ele se distanciava cada vez mais, sem olhar para trás. Irritada, a garota correu até ele e segurou seu braço, quando ele virava à direita, entre o ônibus do Attack Attack! e o do Jeffree Star. - Será que dá pra me esperar?
O músico revirou os olhos.
- Mais alguma bomba para jogar no meu colo, agora que surgiu essa sua necessidade súbita de contar cada mínimo detalhe da verdade? Você tem meia-dúzia de filhos, ou é dependente química, já foi stripper, ou sei lá?
suspirou.
- O humor estranho ainda está exatamente onde eu deixei. - balançou a cabeça. – Eu ainda não tinha terminado de me explicar, mas você me chutou meia hora atrás para ficar sozinho. Já cansou?
- Não mesmo, só vim comemorar com uma cerveja. - John ergueu o copo vazio num falso brinde, largando-o no chão logo em seguida.
- É, o sarcasmo também está exatamente igual a antes...
- O que você quer, ? - ele interrompeu, desconfortável.
- Conversar.
- Não tenho nada para conversar com você.
- Ótimo. - bufou. - Então cale a boca e apenas escute. - aproximou-se e apontou o dedo no rosto do cantor, ficando na ponta dos pés para tentar se igualar à altura ele. - Você, entre todas as pessoas, eu achei que seria o último a me julgar, mas a cada hora que passa eu vejo como me enganei mais e mais sobre você! Achei que a gente tinha algo especial, pensei que você me entendesse, mas tudo o que você fez foi --
Estavam próximos demais, e, num impulso, John puxou a garota pela cintura, colando os lábios nos dela. A princípio, correspondeu - porque seu corpo reagia ao dele antes mesmo de fazer qualquer sinapse nervosa - mas, assim que seu cérebro voltou a funcionar normalmente, empurrou-o para longe, como se tivesse levado um choque.
- Não! - espalmou a mão no peito do rapaz, quando ele tentou se aproximar novamente. - Você perdeu o direito de fazer isso quando me chamou de filha da puta egoísta e desalmada.
- Olha, eu... - John parou o que ia começar a dizer, e a olhou, franzindo a testa - Você roubou minha camisa?
ficou desconcertada por dois segundos, olhando para a roupa que vestia.
- Claro que não, retardado! - respondeu, em seguida, agitando os braços, indignada - Eu estava assim quando você muito delicadamente me expulsou do seu ônibus, e não deu tempo de trocar. Mas pega essa porcaria de volta, porque eu não ligo! - ela gritou, começando a desabotoar a camisa.
- OH MEU DEUS! Você bateu a cabeça ou algo assim? - o músico agarrou os pulsos da garota com uma das mãos, tentando manter a camisa dela fechada com a outra. Aquele pedaço de sutiã preto aparecendo estava começando a desconcentrá-lo - Porque olha, impossível alguém ficar tão maluco assim da noite pro dia. - ela se debatia, tentando soltar os braços, e ele aumentou a força do aperto. - Quer parar?
deu um último puxão, libertando os braços, e voltou a abotoar a camisa, deixando apenas os três primeiros botões abertos.
- Você entendeu tudo, tudo errado, John. Mas eu não estou mais disposta a tentar explicar. - disse, dando as costas e voltando pelo mesmo caminho.
Sozinho novamente, John passou a mão pelos cabelos, frustrado e sem saber o que fazer.
e procuravam a amiga, que havia desaparecido no meio das pessoas circulando por ali.
- Onde essa vaca se meteu? - a primeira resmungou, olhando em volta - Quer dizer, ela estava exatamente aqui, há dois segundos. Não pode ter ido muito longe.
- Não vi em que direção ela foi. – respondeu, olhando para os dois lados.
Como resposta divina, logo em seguida, veio andando diretamente até elas, mas sem realmente vê-las. Passou reto pelas garotas, fungando e enxugando os olhos.
- Merda! - e gritaram ao mesmo tempo, olhando uma para a outra, e para as costas da terceira amiga, já distante. - Vai atrás dela. – continuou, de cara fechada.
a olhou.
- Aonde você vai?
- Arrebentar a cara daquele otário.
Sem esperar resposta, ela andou decididamente até o ônibus da The Maine. Sabia que havia errado, mas não conseguia não ficar com um ódio cego de John, sabendo que a amiga estava magoada.
Assim que encontrou o ônibus, começou a esmurrar a porta com toda a força que conseguia.
- ABRE ESSA PORTA SEU MAGRELO IDIOTA! EU VOU ACABAR COM VOCÊ!! ANDA, APARECE AQUI, VEM!!!
Assim que a porta foi aberta, ela se jogou para dentro do automóvel, sendo arrastada para fora logo em seguida.
- , o que está acontecendo? - Pat a segurava pela cintura com dificuldade, pois ela se debatia e esperneava. John a encarava a uma distância segura, assustado, e a garota gritava palavrões e frases desconexas. - , meu bem, acalme-se, sim?
- Eu não quero me acalmar! Quero matar esse imbecil! - ainda se debatendo, ela gritou para John. - Eu vou matar você!
- Maluquice é contagioso agora? - o vocalista gritou em resposta.
- EU VOU MATAR VOCÊ!!!!!! MAGRELO IDIOTA, PAU-DE-VIRA-TRIPA, ESPANTALHO IMBECIL! VOU ARREBENTAR A SUA CARA SEU PALITO!
- Ok, ok. - percebendo uma pequena aglomeração começando a se formar ao redor deles, Pat a puxou um pouco para longe, cobrindo sua boca com uma das mãos. - , o que, diabos, foi isso?
Ela bufou, ainda olhando para o ônibus por cima do ombro do namorado, raivosamente. Quando Pat a soltou, ela cruzou os braços.
- está chorando, de novo. E por causa dele, de novo. - respondeu, finalmente baixando o tom de voz.
O baterista suspirou. Seu melhor amigo, e a melhor amiga de sua namorada. Como conseguiria dar uma de Suíça numa situação daquelas?
- , não me leve a mal, mas eu acho que entendo o John...
- O QUÊ? - ela arregalou os olhos.
- Espera, espera. - o rapaz a segurou pelos ombros. - Analisa tudo isso pela perspectiva dele, como eu fiz. Imagina se fosse com a gente? Imagina se, depois de mais de um mês, eu resolvesse te dizer que vou deixar o país com a minha ex-namorada?
revirou os olhos.
- Eu diria que você é maluco ou suicida, porque a sua ex é uma terrorista. - Pat bufou, e ela suspirou, arrependida pelo comentário. - Desculpa. - coçou a nuca, sem jeito - Ok, acho que eu não ficaria muito legal.
- Exatamente. - ele deu um sorriso compreensivo. - Eu entendo as últimas atitudes dele. John está frustrado, bravo, magoado... Ele se sente usado. Eu me sentiria assim, e sei que você também.
- É. - ela concordou a contragosto - Mas foi atrás dele, tentar conversar, e ele só foi grosseiro e não a deixou falar... Eu deixaria você se explicar!
- Deixaria? - Pat ergueu as sobrancelhas.
- Claro! - mordeu o lábio. - Provavelmente... Eu não sei!
Ele passou os braços em torno da cintura da namorada, beijando-lhe o rosto.
- Vamos fazer o seguinte... - sorriu. - Que tal a gente não se meter, e deixar que eles resolvam os próprios problemas?
Ela pensou por um segundo, retribuindo o abraço em seguida.
- Ok. - sorriu também. - Você é muito especial, alguém já te disse isso?
Pat gargalhou.
- Você dizendo soa bem mais importante.
deu um selinho no rapaz, e se virou, indo na direção oposta ao esperado.
John, que observava a cena de testa franzida, arregalou os olhos ao vê-la se aproximando de cara fechada, e Pat já a segurava pelo pulso, mas ela apenas sorriu para o namorado, murmurando um "está tudo bem", e subiu um degrau na porta do ônibus, ficando cara a cara com o vocalista.
- Vou te deixar viver mais um tempo. - ela disse. - Mas faça minha amiga chorar só mais uma vez, por qualquer motivo que seja, e eu juro que volto e arranco a sua cabeça.
Antes que John pudesse processar a ameaça, ela desceu da entrada do ônibus, deu outro selinho em Pat, e foi embora, sem olhar para trás.
Cerca de cinco minutos depois, chegou ao carro de , encontrando as amigas sentadas no chão, com as costas apoiadas na lateral do automóvel.
- Ok. - sentou-se de frente para as duas, com as pernas cruzadas - Quer me contar o que aconteceu? Sei que a pode dar conselhos péssimos de vez em quando... - brincou, recebendo um sorriso fraco de e uma canelada de .
abraçou as pernas, e apoiou o queixo nos joelhos.
- A gente se beijou. Quer dizer, não sei o que aconteceu. Ele me beijou e acho que eu correspondi.
socou o ar.
- Sabia que deveria ter quebrado a cara dele quando tive a chance.
- Ele está mexendo com a minha cabeça, eu não sei. - continuou, falando mais para si do que para a amiga - Me sinto muito idiota por ainda sentir falta dele, quando ele claramente me odeia e não quer mais saber de mim.
- Você sabe que isso não é verdade. - argumentou, tocando o joelho dela de leve.
- E me sinto mais idiota ainda porque, mesmo sentindo falta dele, estou com raiva demais. - revirou os olhos - Quer dizer, quem ele pensa que é para me julgar? Nós não tínhamos compromisso nenhum, não é minha culpa se ele não sabe lidar com garotas!
- O idiota é o John. – corrigiu - E eu sei que é muito mais fácil falar do que fazer, mas você deveria deixar pra lá, e ficar em paz consigo mesma. Você tentou explicar, se ele não quer te ouvir, então quem sai perdendo é ele.
a olhou como se ela tivesse acabado de dizer que Trace Cyrus era lindo e talentoso.
- Como é que John sai perdendo sendo tão bonito, e cheiroso, e incrível, e...
- Espera aí que eu fiquei perdida. – a outra cortou. - Você está com raiva do cara, ou apaixonada por ele?
- Eu não sei! - encostou a cabeça na lataria do carro, frustrada. - Acho que um pouco dos dois.
- É o seguinte, - interrompeu, levantando, e puxando as amigas para que também ficassem de pé - John O'Callaghan perdeu a chance de passar momentos ótimos com uma garota incrível, fim da história. Agora ele é página virada... Aliás, - corrigiu a si mesma, enfiando metade do corpo para dentro do carro, pela janela, e voltando com a mochila de - nada de página virada, nós vamos é trocar o livro inteiro. Esse cara já era, você consegue coisa muito melhor que esse espantalho metido a cantor. E agora vai trocar de roupa, que Maryland nos espera!
- - - - - - - -
Estavam numa estrada deserta, à noite, no meio do caminho até Columbia, com o carro estragado.
revirou os olhos. Aquilo realmente parecia um filme água-com-açúcar, dos bem ruins ainda. Impossível que TUDO resolvesse dar errado naquele dia. Para completar, só faltava que a única pessoa que parasse fosse a última de quem ela gostaria de aceitar ajuda. Ou talvez um serial killer, já que, ao invés de uma comédia-romântica boba, o filme de sua vida estava mais pra terror mesmo.
Observou a fila de ônibus passando por elas, até que finalmente um deles acabou parando no acostamento, um pouco à frente.
"Por Deus, que não seja o John. Que não seja o John, que não seja o John..." implorou a garota, descendo do carro ao ver a porta do ônibus ser aberta.
Quase comemorou o fato de que realmente não era a The Maine, mas como nem tudo são flores, para melhorar o enredo de filme clichê, certamente não podia ser alguém agradável. A primeira pessoa a descer do ônibus foi o All Time Idiota, Alex Gaskarth.
- Você não podia ser legal comigo pelo menos uma vez, e mandar gente legal e bonita pra me socorrer, né Amigão? - a garota perguntou aos céus, enquanto saía do carro com as esperanças renovadas.
- Graças a Deus, Alex!
- ? - ele a olhou, surpreso - O que aconteceu? Estão com problemas no carro?
- Não, querido, parei aqui no meio da noite pra apreciar a paisagem - resmungou, baixo o suficiente para que ninguém ouvisse, e se aproximou dos dois. - Aparentemente sim. - respondeu, agora mais alto.
- Explica pra ele, . - se virou para a amiga, e apontou para Alex.
Jack e Matt também saíram do ônibus, tentando descobrir o que influenciara Alex a fazer com que parassem o automóvel.
- Oi, . - Jack cumprimentou, depois olhou para a outra garota. - E... , não é? A garota do John Ohh?
Ela fechou a cara.
- É . E eu não sou garota de ninguém.
- Ok, alguém está meio nervosa hoje. - Alex riu - Tudo bem, - enfatizou o nome - diga qual é o problema do seu carro.
- Eu não sei. Ele começou a soltar fumaça, eu me assustei, e estacionei aqui.
- Já ligou para o seguro? - Matt perguntou, entediado.
- Ainda não. – respondeu, juntando-se ao grupo - Esperávamos que não fosse tão sério.
- Claro, não deve ser grande coisa, carros costumam soltar fumaça o tempo todo... - Jack brincou, mas ninguém lhe deu atenção.
- Bom, eu não entendo nada de carros. - Alex deu de ombros.
- Nem eu. - Matt balançou a cabeça. - Joey! - gritou na direção do ônibus.
O tal Joey - aparentemente o motorista - desceu do ônibus, seguido por Zack e Rian, com suas caras amassadas e expressões confusas, que indicavam que os dois haviam acabado de acordar.
- ? - Zack foi até ela, coçando a cabeça - Gata, que aconteceu?
- O carro dela quebrou. - Alex explicou, indicando com a cabeça, depois perguntou ao motorista - Será que você pode dar uma olhada e tentar descobrir o que é?
- Sem problemas. - ele respondeu, indo até o carro, seguido de perto por Alex e - O que aconteceu, moça?
Ela parou para pensar por um tempo.
- Começou quando pegamos aquele engarrafamento na saída de Hartford. Vi fumaça saindo do capô, e parei assim que pude.
Todos agora cercavam o carro. Depois de abrir o capô, e olhar todo o interior com o carro ligado e desligado, Joey voltou a fechá-lo, lançando um olhar de pena à garota.
- É a ventoinha.
- Droga. - reclamou.
- O que diabos é isso? – perguntou baixinho à amiga.
- Não faço a menor ideia, mas é sempre a ventoinha...
Alex pediu o número de telefone da seguradora, e fez a ligação. Cerca de uma hora mais tarde, quando Flyzik já ameaçava largar as garotas sozinhas, o pessoal do guincho apareceu. O mecânico fez sua análise, e concluiu que era realmente o problema que Joey havia detectado.
- Não é um conserto demorado, só precisamos trocar a ventoinha, mas tenho que levar o carro.
- De volta para L.A.? – perguntou, decepcionada.
- Ou Orlando, que é o posto de atendimento mais próximo que temos.
- Orlando, sério? Era só o que me faltava mesmo. – suspirou - Ok, esquece, só leve meu carro de volta pra Los Angeles de uma vez. - virou-se para as amigas, fazendo bico - Acho que a nossa aventura terminou, garotas...
- Não, espera! - Zack se pronunciou - Temos uma data em Orlando na semana que vem, por que vocês não vão com a gente até lá?
Jack e Alex se entreolharam, Rian encarou Zack surpreso, e Matt fez cara feia. tentou parecer indiferente, e foi totalmente contra, mas certamente havia gostado da ideia.
- Eu realmente não acho que... - começou, mas se meteu na frente da garota.
- Tá brincando? Isso é ótimo! - sorriu para Zack.
- Não vamos atrapalhar mesmo?
- Claro que não! - ele respondeu, olhando para os companheiros de banda - Já temos sobrando aquele bunk de cima que é um pouquinho mais espaçoso, posso mudar para lá e ficar com a . Aí uma de vocês pode ficar com o meu bunk, e chutamos o Vinny pro sofá da salinha, e a outra fica com a cama dele.
- Ouvi meu nome em algum lugar? - Vinny surgiu, de bermuda camuflada, camiseta branca e cara de sono.
- Você acabou de ser transferido para o sofá da sala. - Rian respondeu, e ele arregalou os olhos.
- O quê? Por quê?
- Estaremos com visitas até Orlando, pelo que parece. - Jack se pronunciou - Mas você pode ficar no bunk do Matt com ele, se quiser...
Vinny fez um careta.
- O sofá da sala está ótimo, obrigado.
Zack então se virou para o tour manager da banda, sorrindo.
- Então está tudo certo?
Matt deu de ombros, revirando os olhos.
- Que seja. - apontou para as garotas - Saímos em quinze minutos, estejam lá ou ficam para trás. Esse episódio já nos atrasou umas boas duas horas.
- Ok, obrigada. E desculpe o incômodo. - murmurou, contrariada.
Exatamente doze minutos mais tarde, elas seguiam Jack pelo interior do ônibus, enquanto ele fazia a apresentação do local.
- Aqui é o espaço particular do Joey - ele indicou o assento do motorista, com o próprio sentado lá acenando para as garotas, e foi caminhando em direção ao fundo do automóvel - Aqui é nossa espaçosa pseudo-sala, que na próxima hora servirá de palco para a performance das incríveis Innochka e Zhannochka, as gêmeas russas contorcionistas. - as garotas se entreolharam, mas o músico as ignorou, continuando o tour sem pausa para perguntas - Aqui são os bunks. Esse é o que você vai ficar com o Zack, . Aquele, e aquele, são os que estão livres - apontou as camas, fazendo uma careta para a última - Esse era o antigo bunk do Zack, e aquele logo acima, como vocês podem ver pela quantidade perturbadora de Mickeys de pelúcia, é o do Matt. - aproximou-se das três amigas, continuando num tom mais baixo - Ele ronca, então talvez vocês queiram se revezar. Eu iria ainda mais adiante, e diria que ele solta gases durante a noite, mas todos nós fazemos isso, então não deve influenciar na escolha das camas, não é? - deu uma risadinha - Seguindo em frente, temos o banheiro...
olhava a tudo assustada. Eles eram diferentes demais da The Maine. Mais bagunceiros (se possível), e pouquíssimo preocupados com a higiene, pela quantidade de embalagens com restos de comida espalhadas pelo ônibus.
Ela queria a semi-organização de Tim e Max de volta. Queria os garotos do Arizona de volta. Queria John de volta.
Ainda pensando naquilo, acabou pegando qualquer uma das camas livres, jogando-se lá sem cerimônia, e fechando os olhos por alguns minutos. Quando os abriu novamente, Vinny Vegas a encarava.
- Só vim pegar meu travesseiro, que esqueci. - ele deu de ombros, e esticou o braço para pegar o que procurava. Antes de se afastar outra vez, ele pigarreou, e indicou a sala com a cabeça - Você vai perder o show.
desceu, e o seguiu até a sala, onde encontrou , , e os garotos - menos Alex e Rian.
Innochka e Zhannochka eram, na verdade, o vocalista e o baterista, respectivamente, usando perucas com longas madeixas castanhas, e roupas de ginástica. Eles fizeram números de contorcionismo - que considerava meras tentativas de alongamento - por cerca de cinco minutos, até Innochka alegar dores na coluna e ter de deixar a apresentação, abandonando sua irmã mais baixa e barbuda, e causando um adiamento no show.
não queria admitir, mas aqueles haviam sido os cinco minutos mais engraçados do que pareceu ser o dia mais longo de toda a sua vida. O fato de estar se divertindo sem seus amigos na The Maine a fez pensar um pouco, e chegar a uma decisão importante sobre o resto de suas férias.
Nada, nem ninguém estragaria seu verão.
John que ficasse bravo o quanto quisesse, ela iria se divertir.
Capítulo 11 - Camden, NJ
- Ok, chega. - Garrett colocou uma mão sobre o ombro de John, e deu leves chacoalhões - Ou você muda essa cara de quem comeu pizza de espinafre com cebola e agora tá com dor de barriga, ou me conta de uma vez o que tá acontecendo!
Estavam todos em volta do ônibus da banda, esperando o pessoal da equipe montar a tenda, e observando o movimento de início de dia na Warped. Técnicos de som e iluminação andavam de um lado ao outro no vasto espaço do Susquehanna Bank Center, preparando os quase dez palcos para mais um dia de turnê, que começaria em cerca de meia hora.
The Maine tocaria pela manhã, naquele dia, e o vocalista estava tão animado quanto um domingo chuvoso. Todos conversavam sobre os assuntos mais aleatórios possíveis, e John apenas permanecia encarando um ponto fixo distante, sem nem prestar atenção aos amigos. Garrett acompanhou o olhar do rapaz, encontrando sem dificuldade o que o outro tanto vigiava.
Vestindo skinny jeans, regata vermelha e chinelos da mesma cor, devorava um pacote de Doritos, sentada no chão, próxima ao ônibus do All Time Low. A julgar pelo modo como se concentrava no salgadinho, não esperava companhia; e, mesmo com os óculos de sol que escondiam boa parte de seu rosto, não parecia no melhor dos dias.
- Eu não sei como ela faz isso. - John resmungou, sem tirar os olhos da garota - Ela só pensou nela mesma, e me usou o tempo todo. Eu deveria estar aliviado agora, mas tudo o que eu fiz nos últimos três dias foi me sentir um cuzão por tê-la tratado daquele jeito em Hartford.
- Talvez você devesse ouvir o que ela tem a dizer... - Garrett sugeriu.
- Ah, se fosse assim fácil... - John balançou a cabeça - Agora não deve querer me ver nem banhado em chocolate. E o engraçado é que, de alguma forma talvez até não-intencional, ela fez todo mundo acreditar que é minha culpa não estarmos mais juntos. E quando eu digo todo mundo, estou falando até de mim.
- Qual é, cara, não pode ter sido tão ruim. - o baixista sorriu, dando leves tapinhas nas costas do amigo.
- Eu a chamei de filha da puta egoísta e desalmada.
- Oh.
John rolou os olhos, e nada respondeu.
Kennedy se juntou aos dois, e rapidamente se inteirou do assunto.
- Você devia ir conversar com ela. - opinou, por fim.
O vocalista lhe lançou um olhar irritado.
- Você não ouviu nada do que eu acabei de dizer? Ela me odeia.
Kennedy balançou a cabeça.
- Ela é uma garota, John. Garotas não odeiam caras legais de bandas, como a gente. - passou um braço pelos ombros do outro - A menos que você a tenha chamado de gorda. Aí, meu amigo, acredite quando eu digo que você não quer ir por esse caminho. Mas em qualquer outro caso, ela está aberta para conversas. Vai lá.
- Aproveite que ela está sozinha. - Garrett incentivou, indicando a garota com a cabeça.
John assentiu, e começou a se preparar.
Como um belo chute na bunda dado pelo karma, entretanto, assim que Kennedy e Garrett o empurraram na direção de , Alex e Jack desceram do ônibus do All Time Low, parando ao lado da garota e iniciando uma conversa animada.
- É... - Kennedy puxou o amigo de volta pelo ombro, com uma risada sem graça - Quem precisa discutir relação quando se está prestes a completar 21 anos, huh? - passou o braço pelos ombros de John novamente, guiando-o para dentro do ônibus deles - Dane-se a garota. O que importa é que a vida é linda, seu aniversário é em três dias, já preparamos tudo, e vai ser é-pi-co.
John se deixou carregar, olhando para trás a tempo de ver seguir Jack para dentro do ônibus do All Time Low.
- Vocês não acham que está um pouco cedo para isso? - ergueu as sobrancelhas - Quer dizer, acho que ninguém além da Amy Winehouse começa a beber logo no café da manhã...
- Nunca é cedo para festejar. - Jack corrigiu - É nosso único dia livre até o fim da Warped, e é tudo sobre dominação alcoólica, cara Srta. . Vamos nos enfiar no ônibus do Less Than Jake e só sair de lá quando o Alex começar a cantar I Will Survive.
O vocalista chutou Jack, e plantou um sorriso no rosto, virando-se para a moça.
- Vai ser divertido, . Tirando a parte do I Will Survive, é claro, que obviamente não vai acontecer. - revirou os olhos - Jack é um idiota. Mas vai ser mesmo legal.
- E se você não for, não podemos ir. Combinei com a que só apareceria lá com você, e depois de toda aquela história de ordem de restrição eu tenho muito medo dela. - o guitarrista se ajoelhou na frente de , agarrando-lhe os joelhos - Por favor, por favor, não deixe sua depressão por causa do John Ohh estragar nosso dia de folga!
Alex riu sem graça, puxando o amigo pelos ombros.
- O que ele realmente quis dizer foi que queremos mesmo a sua companhia lá, não que estamos nos revezando em turnos para não te deixar sozinha, e agora é a nossa vez...
Jack se soltou, encarando Alex como se ele fosse retardado.
- O que eu disse realmente não tinha nada a ver com isso, mas agora você contou que estamos nos revezando em turnos pra não deixá-la sozinha.
- Eu estava tentando fazer com que ela pensasse o contrário, Jack, e você acabou de estragar tudo.
- Mas foi você quem disse que...
- Ok, ok! - interrompeu a discussão, enfiando-se entre os dois rapazes. - Vamos logo, antes que eu mude de ideia.
O libanês rapidamente a abraçou de lado, guiando-a para fora do ônibus outra vez.
- Eu juro que você não vai se arrepender. Ou se lembrar de algo que possa te deixar arrependida.
- - - - - - - -
Ou ela já estava vendo dobrado, ou aquilo era um estudo científico desafiando a física e dizendo que dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. não sabia dizer se era apesar da bebida ou por causa dela, mas, a seus olhos, aquele ônibus tinha gente demais. E ela não conhecia a maioria das pessoas, mas todos estavam definitivamente se divertindo. Com exceção de , que ainda nem estava bêbada quando um emburrado Patrick Kirch apareceu para buscá-la, antes do meio-dia. Depois disso, Jack já havia desaparecido, Rian cuidava das bebidas, e ... Bem, estava aproveitando bastante.
- , que bom que você veio! - ela abraçou a outra, rindo sozinha.
- Você já me disse isso umas três vezes só na última hora, . - riu também.
- É que todo mundo é tão legal...
- Você nem gosta de Less Than Jake. Nem de A Day To Remember. Nem de...
- Mas eles são tão legais que eu não me importo com a música ruim - interrompeu - E eu estou tão, tão feliz que você está aqui, e bem, e sem o John, e... - interrompeu a si mesma, coçando o queixo - Só precisamos achar alguém para você... Ouvi dizer que o Alex aqui está disponível. - puxou o vocalista, que passava por elas - Alex, deixa eu te apresentar minha amiga , ela está solteira.
O rapaz riu, segurando a garota bêbada pelos ombros e virando-a na direção oposta, dando-lhe um leve empurrãozinho.
- Vai com o Zack, vai....
Sem nada responder, ela caminhou até o baixista, jogando-se em seus braços em seguida. Alex e riram.
- Certeza que ela vai passar da conta, já, já...
- Zack está cuidando dela. - Alex argumentou - E ele já presenciou pirotecnias estomacais o suficiente para saber o que ela pode ou não beber, então acho que estamos todos bem. Tequila? - sorriu, erguendo a garrafa de Don Julio Reposado.
olhou da garrafa para o músico, em dúvida. Já passava de três da tarde, e ela estava bebendo desde às dez. Talvez não fosse uma boa ideia.
- Qual é! - ele a puxou para um sofazinho, já abrindo a garrafa - No turno dos outros você pode fazer o que quiser, mas no meu você vai beber e se divertir, porque eu sou o cara, e eu mando.
A garota ergueu a sobrancelha.
- Vocês realmente inventaram essa história de turnos pra cuidar de mim?
- Você dá um gole, e eu respondo uma pergunta. - Alex estendeu o braço em sua direção - Vamos, abra a boca.
- Sem sal e limão?
- Macho que é macho toma puro. Anda!
abriu a boca, e Alex derramou nela uma pequena quantidade de bebida, que desceu queimando. A garota sacudiu a cabeça, fez uma careta, e apertou os olhos. Quando os abriu novamente, estavam cheios de lágrimas. O músico deu uma risada, e também bebeu um gole da tequila, fazendo a mesma careta em seguida.
- não quer que você fique sozinha, então nos últimos dias temos nos revezado para que você sempre tenha companhia. - ele explicou - E ela pode ser bem aterrorizante quando quer. Jack quase teve um ataque quando saiu do banheiro, hoje cedo, e você não estava mais no ônibus. - fez uma cara surpresa, e o rapaz gargalhou - Fala sério! Três dias e você nem notou que tem seguranças te acompanhando pra todo lugar que vai?
balançou a cabeça.
- Isso não é por causa do John, é? - perguntou.
Alex balançou a garrafa na frente dela, sorrindo. A garota revirou os olhos, e bebeu um gole, passando pelo mesmo processo de antes.
- É mais uma medida preventiva, pra quando vocês se encontrarem não acontecer o apocalipse. - o músico explicou, depois de também beber uma dose de tequila - Elas estão preocupadas com você, as garotas.
- Pois não precisam, porque eu estou ótima. - largou-se no encosto do sofá, e olhou para o lado, encontrando Alex a encarando, na mesma posição - Sabe, estou feliz em estar errada sobre estar errada na primeira impressão que tive de você.
- É? Que bom. - o rapaz sorriu, depois fez uma careta de confusão - Espera, o quê?
- Bom... - ela se virou completamente de lado, olhando para ele - Quando a gente se conheceu pela primeira vez, você não foi exatamente o tipo de pessoa que eu esperava.
Alex continuou a encará-la com a mesma expressão confusa de antes.
- Nunca entendi porque você parecia não gostar de mim, então vamos aproveitar e esclarecer isso agora. Achei que a gente tivesse se conhecido naquele dia que o John nos apresentou.
bufou à menção do nome.
- Não. Foi, hm... Na primeira parada. Em Pomona.
- Oh, nossa, que droga... Nem sei o que dizer. - ele fechou os olhos, pressionando-os com o indicador e o polegar - Eu realmente não estava no meu melhor, aquele dia. Sinto muito. - suspirou - Lisa tinha terminado comigo. Por telefone.
A garota pareceu surpresa.
- Por quê?
- A mesma baboseira de sempre, você sabe. Distância, falta de tempo... Eu quase nunca ligo, não me importo o suficiente... - rolou os olhos - Estou meio cansado desse vai-e-vem.
pensou por dois segundos.
- Sabe do que eu não estou cansada? - perguntou, sorrindo para ele. - Tequila! - pegou a garrafa das mãos do rapaz, e foi descer do ônibus, seguida por Alex, que ria.
- - - - - - - -
- Você vai ficar com essa cara de bunda pelo resto do dia? – perguntou, fuzilando o namorado com o olhar.
Estavam numa roda de violão improvisada, ao lado do ônibus da The Maine, no estacionamento. Jared e Kennedy tocavam violão, e John cantava, enquanto Garrett inventava coreografias para as músicas, auxiliado por alguns fãs que também estavam por ali. Pat, que deveria estar batucando em alguma coisa, apenas olhava os próprios pés, sem dizer nada.
- Se você vai ficar assim, eu deveria é ter ficado na festa do Less Than Jake mesmo. - a garota insistiu.
- Com o Jack Barakat, não é? Porque ele é a alma da festa. - o baterista resmungou, sem a olhar.
apertou os olhos.
- Eu vou fingir que você riu depois de dizer isso, porque com certeza foi uma piada.
- Não, não foi. E os últimos três dias foram uma droga, se você quer saber. - Pat ergueu o rosto para ela - Já não basta vocês viajarem com eles, - apontou para o ônibus do All Time Low, cerca de quinze metros mais adiante - você ainda precisa passar todo o tempo lá?
John tentava atrair a atenção dos presentes para si, cantando mais alto e dançando junto com Garrett, mas ficava difícil competir com o casal que discutia a relação a dois banquinhos de distância. A princípio ele tentara distrair as pessoas, mas, ao ver que não surtia efeito, apenas os dispensou, adiando a jam para uma outra oportunidade.
- Você está com ciúmes dos meninos do All Time Low, Pat? - perguntou.
- Eu tive que ir te tirar de uma festa onde não era nem meio-dia ainda e você já virava doses de vodka com o Jack. Tudo bem que você está de férias, mas isso já é um pouco demais. - o baterista reclamou.
- Você está com ciúmes dos meninos do All Time Low. - ela repetiu, mas agora o tom não era de dúvida, e sim constatação.
- Claro que eu estou! Você passa mais tempo com eles do que comigo. - Pat resmungou, triste.
Aquilo foi o suficiente para que a garota sentisse o coração doer. Adorava Pat - talvez já até o amasse -, mas não se sentiria mal por algo que não era sua culpa. Fez uma careta, e pegou a mão do namorado.
- Você sabe que não tem nada a ver com eles, ou com você, querido. Tem a ver com o seu amigo idiota fazendo minha amiga sofrer. - apertou a mão dele com um pouquinho mais de força - Preciso cuidar da , só isso.
- É, mas parece que não precisa de mais ninguém cuidando dela!
John se esforçava ao máximo em seu papel de samambaia, tentando não se meter na conversa do casal ou mesmo prestar atenção no que eles discutiam, mas ao ouvir sobre si, junto ao nome de , não pôde evitar. Virou-se para Pat bem quando o amigo apontava na direção do ônibus do All Time Low.
A uma certa distância deles, Alex Gaskarth guiava pela cintura, enquanto ela segurava uma garrafa de alguma coisa, e os dois iam na direção da porta do ônibus, conversando e rindo.
Então, num instante John permanecia estático observando a cena, e no outro já desaparecia para dentro do ônibus da The Maine. O resto da banda o acompanhou, e Pat fez menção de segui-los, mas Jared indicou para que ele ficasse, e tentasse resolver o seu caso primeiro.
- Será que ele vai ficar bem? - perguntou, quando finalmente ficaram sozinhos - Quer dizer, acho muito difícil que e Alex estejam saindo, mas, se estiverem, John vai levar numa boa?
- Não gosto de brigar com você, . Não quero mais brigar. - Pat a ignorou. Não queria falar de John e , ou de Alex, ou de Jack e o All Time Low. Naquele momento, a única coisa que ele queria era fazer as pazes com a namorada. - Me desculpe por hoje. Eu gosto demais de você pra perder tempo com besteiras, como ciúme, ou sei lá. Vejo o que John e estão fazendo um ao outro, e não é certo. Não é certo, e não quero que a gente passe por nada parecido com isso, nunca. Vamos continuar sendo honestos um com o outro, certo? - puxou mais para perto, envolvendo-a com os braços - Promete pra mim que vai me contar sobre tudo, sempre?
A garota beijou-lhe o rosto, e se aconchegou mais em seus braços.
- Prometo.
Jogado em sua cama, com o iPod ligado e os braços cruzados atrás da cabeça, John tentava não pensar na cena que acabara de presenciar, mas a imagem das mãos de Alex na cintura de não saía de sua mente.
Quanto mais a garota parecia ter seguido em frente, menos preparado para esquecê-la ele se sentia. Para sua própria sanidade, precisava saber se já estava em outra. E precisava saber logo.
- - - - - - - -
O balanço do ônibus a fez acordar. A julgar pelo silêncio, e a fraca iluminação, já era noite, e eles deviam estar na estrada há umas boas horas. se mexeu, mas não foi capaz de levantar devido ao peso extra sobre seu corpo.
- Alex, acorda... - sussurrou, tirando uns fios de cabelo do rosto do rapaz.
- Lisa? - não inteiramente acordado, ele devaneou, sorrindo de olhos fechados.
- Hmm...Tente de novo. - respondeu, um pouco sem graça.
O sorriso sumiu, e o músico abriu os olhos, encontrando-se literalmente em cima da garota.
- ! - ajeitou-se no sofá - Desculpe.
- Tudo bem, acho que ambos pegamos no sono. - ela também se endireitou, e pigarreou - Escute, obrigada por hoje. E me desculpe pela choradeira. - fez uma careta.
- Sem problema, é para isso que servem os amigos. - Alex pensou por um segundo. - Quer dizer, somos amigos agora, certo, ?
- Sim, somos. E você pode me chamar de . - a garota sorriu. - Agora eu acho bom irmos para a cama, esse sofá minúsculo vai nos render uma bela dor nas costas.
Ele assentiu, e se levantou, beijando-a no rosto antes de sair.
- Boa noite... .
Alex deitou em sua cama, e dormiu pelo que pareceu ser apenas alguns minutos, sendo acordado com chacoalhadas nada gentis vindas do tour manager da banda.
- Tá legal, tá legal, já acordei! - afastou as mãos de Matt de si, e abriu a cortina do bunk, sentindo a claridade lhe queimar os olhos. O dia estava bastante luminoso, e o ônibus não se movia, então na verdade os "minutos" de sono haviam sido horas, e eles provavelmente já estavam em Virginia Beach. - Bom dia pra você também, amigo.
- Você dormiu com a garota do John Ohh? - Matt soltou, sem o cumprimentar.
- O quê?
Flyzik revirou os olhos.
- A festa com o Less Than Jake deve ter sido ótima. Quando eu cheguei, tinha gente caída por todos os cantos. Aí vim pra cá, e encontro agarrada a uma garrafa de tequila, e você agarrado a ela! E ela até me deu bom dia, hoje cedo, veja que estranho! - cruzou os braços, e fuzilou Alex com o olhar - Enquanto vocês festejavam, ontem, eu passei três horas numa reunião com o pessoal da 8123 Management, que não terão adiantado de nada se você tiver comido a namorada de um dos caras da banda principal deles.
- Primeiro: não diga “comer”, é muito rude. Segundo: não é namorada de ninguém, e terceiro: nós somos só amigos. - Alex tentou explicar.
- ... Com benefícios. - Matt completou.
- Não. - ele balançou a cabeça - Nós apenas ajudamos um ao outro, ontem.
- Sexualmente?
- Não! Por Deus, Matt, não! - o músico esfregou o rosto, e desceu da cama. Abriu a boca duas vezes, sem dizer nada, e suspirou. - Eu contei a ela sobre Lisa, ela me contou o problema com John. Ela chorou por umas duas horas sem parar, nós conversamos, acabamos pegando no sono, e foi só isso.
Matt o olhou desconfiado.
- Por que eu não consigo acreditar?
- Porque você é idiota. - Alex respondeu, passando reto por ele e saindo.
- - - - - - - -
- Xbox. - o vocalista disse, empurrando o copo para a garota ao lado.
- Tourbus. - foi a vez de responder, e passar o copo para Matt.
- Warped. - ele deu de ombros, com uma cara óbvia.
- Férias? - Rian disse, meio incerto.
- Verão. – sorriu.
- Hmmmm. Picolé. - Jack respondeu, recebendo olhares estranhos - Qual é, eu tô com fome! - passou o copinho com o líquido fedorento adiante.
- Picolé. Picolé. - Zack coçou o queixo. Não sabia se era o excesso de bebida no dia anterior, ou de uso das palavras, mas aquilo estava começando a ficar difícil - Estou pensando em várias coisas aqui, mas é tudo inapropriado para esse horário do dia. Ok, vamos lá... Picolé me faz pensar em.... Açúcar. Sua vez, gata.
- Ai meu Deus, eu não quero beber essa coisa nojenta, mas não consigo pensar em nada! - vasculhou a mente atrás de algo relacionado - Ok, açúcar é... Doce.
- Dã! - Alex revirou os olhos - Gostoso.
- Johnny Depp. - respondeu sem pensar, e todos a olharam rapidamente, caindo na risada em seguida.
Era fim de tarde, e eles matavam tempo com um jogo qualquer, enquanto a equipe se preparava para deixar Virginia Beach. Com o estrago feito no fígado de todos ali presentes no dia anterior - com exceção de Matt, que não participara da festa com o Less Than Jake -, eles concordaram em dar um tempo nas bebidas alcoólicas, trocando o shot de tequila - tradicionalmente usado no jogo - por um copinho cheio de uma mistura estranha, que continha chá de boldo, xarope para tosse e coca-cola.
- Temos companhia. - Vinny interrompeu o jogo, chegando com, ninguém mais, ninguém menos que John Cornelius O'Callaghan Quinto.
- Johno! - Jack cumprimentou - Estamos jogando CS, quer se juntar a nós?
- É bem fácil. - Zack acrescentou - Você só tem que dizer uma palavra relacionada à anterior que... Outch! - fez uma careta de dor - ... Que não comece com C nem S, e se errar você tem que... Outch! - virou-se para , fazendo cara feia - Gata, para de ficar me chutando...! - ela revirou os olhos, e indicou com a cabeça - Oh. Então, na verdade a gente nem tava fazendo nada não, sabe...
John o olhou estranho, depois balançou a cabeça.
- Quero falar com a .
A garota já se preparava para se levantar quando Alex tocou seu joelho.
- Deixa que eu resolvo. - e se aproximou de John, passando um braço por seus ombros e guiando-o para fora do ônibus. - Não é uma boa ideia, cara. Ela está chateada.
- Exatamente por isso precisamos conversar.
- Não agora.
John estreitou os olhos.
- Você vai impedir, Gaskarth?
- Johno. - Alex apoiou as duas mãos nos ombros do vocalista da The Maine - Adoro você, e você sabe disso, mas admita que estragou as coisas. Dê um tempo à garota, ela está chateada.
O mais alto bufou, e soltou uma risada irônica - Você pode falar muito, não é? Foi um otário com ela sem nem a conhecer.
Alex pareceu um pouco sem graça, a princípio, mas recuperou rapidamente a compostura, e ergueu as sobrancelhas para o outro vocalista.
- Eu sei do que você está falando, e ok, eu posso ter sido um babaca. Mas e você, que foi mais babaca ainda, mesmo sabendo a garota incrível que ela é? Qual de nós dois é pior?
John pensou por alguns minutos, depois relaxou os ombros, derrotado.
- Eu sinto a falta dela... Só queria saber como ela está, ok? Certificar-me de que ela está bem. - pensou por um instante - Ela está bem?
- Sim, está.
O rapaz assentiu com a cabeça, e ficou ali parado, com as mãos para trás, encarando o outro sem dizer nada. Alex rolou os olhos.
- Vai, pergunta de uma vez. - disse, rindo.
John baixou os olhos para os chinelos, depois ergueu o rosto novamente, e lançou a Alex o olhar "não sei do que você está falando".
- Perguntar o quê?
- Ora, por favor, John. - o vocalista do All Time Low balançou a cabeça - Nós dois sabemos o que você realmente veio fazer aqui, mas eu não vou te dar a informação que você quer se não me perguntar.
- Eu não quero informação nenhuma.
- Então por que ainda está aqui?
John não respondeu.
- Só pergunte, Johno. Não vai doer... - Alex insistiu - Vamos. Diga. - pigarreou - "Você e estão juntos?" - imitou a voz do outro - Vamos, pergunte.
John coçou a nuca, sem graça
- Bem... Vocês estão?
Alex fez cara de desentendido. - Estamos o quê?
- Juntos. – mais alto suspirou - Você e estão juntos?
- Não. - ele respondeu, simplesmente, e voltou para dentro do ônibus.
John sorriu sozinho. Talvez não tivesse seguido tão em frente assim, afinal.
Capítulo 12 - Charlotte, NC
Assim que o ônibus do All Time Low parou no estacionamento, as garotas desceram como se suas vidas dependessem daquilo, desesperadas por ar fresco. A banda saiu em seguida; Rian, Zack e Jack tentando passar um por cima do outro para sair primeiro, e Alex por último, sorrindo sem graça.
- Desculpa, gente, foi sem querer...
- Sem querer? – Zack lhe lançou um olhar fulminante - Você tentou matar a gente!!
O vocalista coçou a nuca.
- Eu falei que parar no Taco Bell não era uma boa ideia...
- Ter você na banda é que não é uma boa ideia! - retrucou, abanando o ar na frente de si.
- Você fica quieta, sua desagradável. Namoradas não opinam, ok? - Alex deu a língua, e recebeu uma careta e um gesto feio da garota como resposta.
- Ainda bem que depois de amanhã pegamos seu carro de volta, não aguento mais dividir o ônibus com esses... Esses... Não consigo nem classificar o que eles são. - disse à .
Jack ouviu, e apontou o dedo no rosto da garota.
- Hey, não generaliza!
- Ok. - ela coçou o queixo - Zack e Rian são exceção. - falou, com um sorriso enorme, e todos, menos os revoltados Jack e Alex, gargalharam.
- O que vocês vão fazer hoje? - Rian perguntou, um tempo depois, enquanto eles observavam a movimentação dos ônibus e vans com as outras bandas chegando.
- Eu acho que vou dar uma volta por aí, tirar algumas fotos - disse - E não preciso de nenhuma babá. - acrescentou, ao ver que todos encaravam .
- Ok. - ela ergueu os braços em rendição - Já que tenho o dia de folga, hoje, vou passá-lo com o meu baterista lindo. - sorriu, mas se lembrou de algo no instante seguinte - Ai meu Deus, , me desculpa - fez uma careta - Eu sou uma idiota mesmo. Desculpe, fiz você pensar em você-sabe-quem, não fiz?
- Voldemort? - a fotógrafa brincou, e os outros deram risadinhas nervosas e forçadas. Ela revirou os olhos - Você pode dizer o nome dele, , não é como se John fosse, sei lá, o Anticristo. - ergueu o queixo - E eu estou ótima, então vocês não precisam se preocupar.
, que pressentia um silêncio longo e constrangedor entre o grupo, aproximou-se de , e passou um braço por seus ombros.
- Já que todo mundo tem planos, vou aproveitar o ônibus vazio, silencioso, e sem o cheiro de repolho estragado do Alex - lançou um olhar sugestivo ao vocalista - para trabalhar no meu próximo plot.
As outras duas garotas instantaneamente viraram o rosto para ela.
- Você já decidiu então qual vai ser o seu próximo trabalho? - perguntou, interessada.
- Mais ou menos. - deu de ombros - Tive uma ideia, mas é bem diferente do que eu costumo escrever, então vou mandar um esboço para a editora, e ver o que eles acham.
- Eu te desejaria sorte se você precisasse disso, mas sei que você é incrível, então vai dar tudo certo - sorriu para a amiga - E eu adoraria ficar e conversar, mas meu homem já chegou, então tchau pra vocês, fracassados. - mandou beijos, e saiu saltitante até o ônibus da The Maine, que havia acabado de estacionar.
John abriu a porta e colocou a cabeça para fora. Ao ver quem esperava na saída, arregalou os olhos, e puxou Pat pela camiseta, empurrando-o para que saísse primeiro e melhorasse o humor da garota, antes que ele se arriscasse a colocar os pés naquele estacionamento. Precisava se manter vivo, se quisesse acertar as coisas com .
O baterista desceu, e rapidamente se pendurou no pescoço dele, beijando-lhe o rosto inteiro.
- Nossa, que recepção calorosa! - riu, abraçando-a de volta.
- Eu recebo boas-vindas assim também? - Garrett foi o segundo a descer, abrindo os braços para a garota, mas recebendo um soco de Pat no lugar. Em seguida desceram Jared e Kennedy, também cumprimentando , e John por último, protegendo discretamente algumas partes fundamentais do corpo, só pra garantir.
Ainda pendurada no pescoço do namorado, olhou o vocalista com certo desinteresse, e voltou sua atenção a Pat outra vez.
- Fechamos o Clube da Luluzinha por hoje, então posso passar o dia todo com você.
- Onde estão as garotas? - John perguntou, mas ela não respondeu nada - Pat, uma ajudinha aqui, por favor?
O mais novo suspirou.
- ...
Bufando, ela pôs as mãos na cintura, e disse, sem olhar para ele:
- Não que seja da sua conta, mas saiu para tirar fotos, e está no ônibus.
John encarou a porta aberta do automóvel da outra banda.
- O All Time Low vai tocar daqui a pouco, não? Ela está lá sozinha?
revirou os olhos.
- O Papai Noel está lá com as renas, esperando o natal chegar e... - sentiu um cutucão de Pat, e bufou outra vez - Sim, ela está sozinha. - completou, com voz de tédio, mas John nem estava mais prestando atenção.
Havia acabado de ter uma ideia brilhante.
- - - - - - - -
ouviu o barulho de alguém entrando, e ergueu os olhos do laptop apenas para identificar o visitante, concentrando novamente toda a atenção no seu trabalho, em seguida.
- não está, e eu tenho bastante certeza que não é pra você deixar recado. - disse, sem olhá-lo.
John deu mais um passo incerto na direção dela.
- Eu sei. Vim falar com você.
A garota quase derrubou o computador, tão rápido se endireitou no sofazinho, e o encarou com os olhos quase saltando das órbitas.
- O que você quer comigo? - perguntou, desconfiada.
- Sei que nunca nos falamos muito, e até imagino que no momento eu não esteja no top 10 caras com quem você gostaria de fazer amizade - ele enfiou as mãos nos bolsos, balançando o corpo para frente e para trás, claramente desconfortável - mas também não anda presidindo meu fã-clube ultimamente, e, entre as duas, você me parece menos agressiva ou indisposta a me dar informações.
- e Alex não estão juntos. - respondeu, mecanicamente, já voltando a digitar alguma coisa no MacBook.
- Eu sei. - John balançou a cabeça. - Quero saber do outro cara. O ex.
A escritora fechou o laptop, e o deixou ao seu lado, no sofá. Apoiou-se nos joelhos, e encarou o rapaz diretamente nos olhos.
- Por quê?
Ele não se deixou intimidar, e a encarou também.
- Porque eu a quero de volta. - respondeu, simplesmente.
largou o corpo no sofá outra vez, gargalhando.
- Não é tão fácil assim, raio de sol.
John revirou os olhos.
- Sei disso também, mas não estou preocupado com o esforço. - suspirou - Olha, esse não é o lugar certo para a gente conversar. Tem uma cafeteria logo no outro lado da rua, saindo daqui.
- Você paga? - ela perguntou.
O músico assentiu com a cabeça, e rapidamente pegou o celular e se levantou, passando por ele e descendo do ônibus.
Eles andaram por alguns minutos - com paradas ocasionais para fotos e autógrafos, da parte de John - e encontraram a saída do Verizon Wireless Amphitheatre sem muita dificuldade. O café que o rapaz mencionara ficava mesmo logo no outro lado da rua, e nesse percurso digitou uma mensagem para Zack, avisando aonde ia, e com quem.
Depois de escolherem a mesa, fazerem o pedido, e receberem suas bebidas em silêncio, ela apoiou os cotovelos na mesa, e o queixo nas mãos entrelaçadas, esperando que John começasse a conversa.
E agora que estava ali, frente a frente com a melhor amiga de , podendo perguntar o que quisesse... Ele não sabia o que dizer. Reconhecia que precisava falar algo logo, uma vez que o silêncio já começava a ficar desconfortável, mas tinha de pensar nas palavras adequadas. O começo, no ônibus do All Time Low, tinha sido péssimo. "Porque eu a quero de volta", pff, francamente. Com certeza não podia ter soado mais idiota e confiante. Como se só fosse necessário isso, mesmo, querê-la de volta.
Não. Não era só isso. Ambos estavam magoados, e deveriam discutir o assunto juntos, para que um perdoasse o outro. Mas, antes, ele precisava saber de uma coisa.
- Sinto falta de . - confessou, após alguns minutos de reflexão - Muito. Até demais. E gostaria que as coisas voltassem a ser como antes, mas antes de tentar qualquer coisa, preciso saber.
- Sim. - incentivou.
- Esse cara que ela mencionou, esse tal Adam, o ex. Ela ainda o ama, ou sei lá?
A garota bebeu um gole do seu smoothie de morango com banana, pensando na resposta. John já estava tendo um ataque de ansiedade quando ela suspirou, e se preparou para responder.
- e Adam se conhecem praticamente desde que nasceram, e já eram um casal quando os conheci, uns dez anos atrás, em Seattle. - sorriu, lembrando-se da época em que tinha onze anos, e os garotos estavam apenas começando a ficar interessantes - Adam foi o primeiro melhor amigo, primeiro beijo, depois o primeiro (e único) namorado... Na verdade eles foram os primeiros um do outro em muitas coisas. Talvez por isso tenham ido e voltado tantas vezes no relacionamento, e exatamente por isso posso dizer com certeza que nunca vai deixar de amá-lo. - John fez uma cara de dor que a deixou com pena. - Mas eles não estão mais envolvidos romanticamente. - acrescentou, com um sorriso suave - Ela está apaixonada por outra pessoa.
- Quem? - John perguntou, recebendo um olhar bem óbvio em resposta. - Por mim?
- Não, babaca, por mim. - revirou os olhos - Quem você acha?
O rapaz coçou os cabelos, confuso.
- Se ela gosta de mim, por que mentiu? Por que vai embora com outro cara?
bufou, e jogou um sache de adoçante no rosto do rapaz, irritada.
- Ok, antes de tudo, vamos esclarecer isso de uma vez por todas. não mentiu. Ela apenas omitiu, e não estou dizendo que foi certo, - acrescentou, ao ver a expressão de indignação no rosto do músico - mas é bem diferente de mentir. E ela também não está indo viajar com outro cara, ele é que vai com ela.
- Como assim? Que diferença faz quem...?
- Olha, chega. - a garota o cortou - Não cabe a mim responder, então não vou falar sobre essa parte. Se você quiser saber disso, vá e pergunte diretamente à .
John abaixou a cabeça, e pensou por dois segundos.
- Ok, e o resto? - ergueu o rosto novamente, e lhe lançou um olhar acusador - Você concorda que ela foi um tanto egoísta, não concorda? Devia ter me contado que estava de malas prontas antes de eu ter me envolvido tanto.
concordou, mexendo o canudinho no smoothie já derretido.
- Eu queria que ela contasse. Tentei fazê-la falar várias vezes, mas estava convencida de que você não se importava com o que aconteceria quando a Warped terminasse.
- Como não? - o músico passou as mãos pelo cabelo, frustrado, e riu sem humor - Eu sempre estive interessado em cada parcela mínima da vida dela: o trabalho, a faculdade, a família, tudo! Como ela pôde pensar que eu não me importava?
- Você nunca falou sobre o futuro, John, então ela achou que vocês não tivessem um! - a garota retrucou, e ele se calou instantaneamente.
Seguiram-se alguns minutos de silêncio. John absorveu a última frase de , e pensou em uma resposta à altura, mas a verdade era que ela estava certa. Mais de um mês convivendo diariamente com , e nenhuma vez ele manifestara o desejo de transformar aquele rolo em um relacionamento sério.
Em sua defesa, as coisas rolavam tão naturalmente com , que ele realmente não parou para analisar a situação. A seus olhos, era bem óbvio que eles continuariam a se encontrar quando a turnê tivesse fim, mas - ficava claro, agora - até garotas diferentes como ela precisavam de promessas. Talvez se ele a tivesse pedido em namoro, ou pelo menos mencionasse a intenção de se comprometer a ela, teria contado sobre a viagem à Austrália, ou até mesmo mudasse de ideia quanto àquilo. Mas as coisas tinham acontecido de forma diferente, e ele não podia chorar sobre o leite derramado.
Agora que sabia que a sua parcela de culpa na história era maior do que imaginava, podia pensar em uma forma de consertar a situação.
o tirou da nuvem de pensamentos ao tocar-lhe braço, e o rapaz balançou a cabeça, focalizando os olhos nela e seu sorriso compreensivo.
- Metade da minha consciência diz que eu não deveria ter te contado tudo isso, mas a outra metade é a que tenta distrair todos os dias, e bola planos mirabolantes e itinerários bizarros para vocês não se esbarrarem por aí, mas que sabe que ela sente sua falta. E como você é um filho da puta de muita sorte, essa metade é mais forte que a outra. - apertou o braço dele com um pouquinho mais de força - Ainda não sei o que ela viu nesse seu corpo magrelo e seu jeito esquisito, mas ela gosta de você. - lançou-lhe um olhar divertido, que no instante seguinte foi substituído por um mais sério. - É a última semana de Warped, John. O que vai ser?
O músico coçou a nuca, e mexeu com a colher no café intocado, ensaiando um sorriso tímido. Encarou com esperanças renovadas.
- Então você acha que eu não estraguei tudo?
- Oh, não, você estragou tudo sim. - ela sorriu - Mas é fã de idiotas e segundas chances.
- Então eu tenho mesmo sorte. - Os dois riram. - Obrigado por aceitar conversar comigo, . Sem isso eu ainda estaria correndo em círculos.
- Não se preocupe. - deu de ombros - Só estou cuidando da minha amiga.
John assentiu com a cabeça - Sei que ela reconhece isso, e vai sentir falta de vocês quando estiver em Sydney.
- É. - a garota fungou, depois agitou uma das mãos - Agora vá. Vocês vão tocar daqui a pouco, e ouvi dizer por aí que tem uma festa de aniversário te esperando depois. Eu vou ficar aqui e pedir outro smoothie, já que esse aqui virou vitamina - balançou o copo, sorrindo.
- Beba quantos quiser. Por minha conta. - ele largou uma nota de cinquenta dólares sobre a mesa, e se levantou. - Obrigado outra vez.
piscou para ele - Feliz aniversário adiantado. - o rapaz fez uma careta, e ela riu - Não se preocupe, não dá azar.
John sorriu, e ainda acenou uma última vez antes de sair, muito mais animado do que quando entrara naquele lugar.
- - - - - - - -
No dia seguinte, no almoço já em West Palm Beach, as garotas discutiam o que fazer primeiro.
- Hoje tem Lights. - sugeriu - Acho que até gosto um pouco dela...
- Oh, meu Deus! - e gritaram em coro, erguendo os braços - gosta de alguém aqui!
- Idiotas. - ela resmungou, puxando os braços das amigas - Eu também gostei daquele Christofer Drew, e dos Runner Runner... - coçou o queixo, pensativa - Daqueles ingleses com sotaque delicioso que a gente viu ontem...
- You Me At Six. - disse. - Nem curto a banda, mas super comeria o Dan.
- Ok, informação desnecessária. - riu - Enfim, concentração, gente. Temos Lights na lista, o que mais? Ainda não vimos Every Avenue, nem o VersaEmerge.
- Every Avenue, e VersaEmerge. Anotado. - repetiu, escrevendo os nomes das bandas na listinha de coisas que elas ainda precisavam fazer naquela última semana. Odiava admitir, mas estava gostando mesmo daquilo, e sentiria falta quando terminasse. - O que mais?
- Para hoje temos Forever The Sickest Kids, às quatro, e Meg & Dia logo depois. - disse, listando as bandas nos dedos.
- The Maine vai tocar daqui a pouco... - comentou, como quem não quer nada, recebendo olhares surpresos das amigas. - Hoje é aniversário do John. Achei que talvez, assim, de repente, eu pudesse ir dar os parabéns a ele. - acrescentou, sem muita certeza.
- Eu acho uma boa ideia. - concordou, e recebeu uma olhada feia de - Aliás, você deveria ir também, o pobre garoto está morrendo de medo de você. É, é isso aí! - ergueu da cadeira, pegando suas coisas - Engulam seus sanduíches, vadias, estamos indo ver a The Maine.
e terminaram de almoçar, e logo em seguida o trio foi diretamente ao palco da Hurley, no Cruzan Amphitheatre, chegando ao mesmo tempo em que a banda subia ao palco.
O primeiro a se colocar em seu lugar foi Jared, seguido de Garrett, Pat, e Kennedy.
De óculos escuros, carregando um banquinho de madeira, e parecendo um tanto acabado, John foi o último a aparecer. Ele posicionou o banco próximo ao microfone, arrumou a altura do pedestal, e se sentou.
- Olá, Palm Beach! Nós somos a The Maine, meu nome é John Cornelius O'Callaghan, o Quinto, e completo vinte e um anos de idade hoje. - todos gritaram, e ele riu - Sim, parabéns para mim. E sim, estou na minha primeira ressaca legal, então me perdoem se a minha performance não for o que vocês esperavam, mas vou tentar fazer o meu melhor. - trocou um olhar com Jared, e riu outra vez - Essa música se chama Everything I Ask For, e eu sei que vocês sabem a letra, então cantem comigo, por favor!
Depois daquela canção, a próxima a ser tocada foi Pour Some Sugar On Me, com Daisy logo em seguida.
Durante We'll All Be, o vocalista aproveitou um para tagarelar um pouco, e antes de começar a próxima, reconheceu esmagada no meio de uma porção de gente na terceira fila.
- Essa música é muito especial. - ele deu um sorriso tímido para a garota. - Se chama I Must Be Dreaming.
She thinks I'm crazy
Judging by the faces that she's making
And I think she's pretty
But pretty's just part of the things she does that amaze me
Ela se balançava no ritmo, enquanto cantava junto com o rapaz e as outras centenas de pessoas que assistiam o show. John sorria no meio da canção, e gargalhou quando lhe deu uma piscadinha e ergueu os polegares, incentivando-o.
O set ainda contava com Count 'Em 1 2 3, The Way We Talk, e Into Your Arms, e a banda encerrou a apresentação com Girls Do What They Want, seguindo direto para a tenda para falar com os fãs.
- Vamos lá! - disse, puxando as amigas.
não sabia exatamente o que fazer, então apenas se deixou levar.
John estava sentado à uma mesa, junto com os outros integrantes da banda, autografando CDs e camisetas. Ainda de óculos escuros, usava uma coroa com pluminhas cor-de-rosa, com os dizeres "Birthday Princess" no topo. Ele alternava sorrisos e caretas para as fotos com as fãs, e recebia vários presentes por conta do aniversário.
As garotas esperaram a multidão de fãs ir embora, e finalmente se aproximaram da mesa. se distraiu olhando as camisetas, e foi diretamente à ponta da mesa, onde Pat estava, dando-lhe vários selinhos. parou em frente a John, na outra ponta, e agora que estava ali, as palavras não pareciam dispostas a sair. Ele se levantou, e tirou os óculos.
- Oi. - disse, com um sorriso discreto.
- Oi... - respondeu, com as mãos nos bolsos - Hm... Feliz aniversário.
- Obrigado.
- Desculpe, não comprei nenhum presente. - fez uma careta engraçada.
- Já ganhei o meu. - John respondeu - Foi aquele sorriso, no meio de Into Your Arms, meia hora atrás.
Ela mordeu o lábio, e baixou os olhos paras os tênis, lembrando do momento. Logo na primeira estrofe da canção, quando cantava a parte que dizia "She had the most amazing... smile", John sorriu para ela, e não conseguiu não sorrir de volta, porque, por mais que não quisesse admitir, sorrir para ele já havia se tornado automático.
- Então... Bom, só vim dar os parabéns... É que... Então, é, parabéns! Acho que eu já... - ela apontou vagamente em direções aleatórias, e retrocedeu uns dois passos, virando-se para ir embora.
- Não, espera! - o músico deu a volta na mesa, e parou na frente da garota, encarando-a meio triste – Só quero saber uma coisa. Você sente a minha falta, ? Porque eu sinto a sua. O tempo todo. - como ela não respondeu nada, John deu mais um passo em sua direção, tocando-lhe o braço - Olha, foi tudo muito louco aquele dia. Eu falei coisas demais, coisas que não deveria e nem queria ter dito.
- É, você falou. - respondeu, olhando-o nos olhos, sem se mover.
- Mas é que... Eu não sei! - ele esfregou o rosto - Eu nunca tive um relacionamento antes, e quando finalmente achei que a gente estava indo por esse caminho, você me jogou aquele balde de água fria, e eu meio que pirei.
- Eu não sabia que a gente estava indo por caminho algum... - ela murmurou, desvencilhando-se discretamente, e dando um passo atrás.
- Eu sei, eu sei, eu sei. - O rapaz se aproximou outra vez, e passou as mãos pelos cabelos dela, fazendo sentir as pernas moles - me ajudou a entender o que exatamente aconteceu, e agora eu já sei que fiz uma porção de coisas erradas desde o começo. É só que... Sei lá, eu sinto a sua falta, e queria que as coisas voltassem a ser como eram antes. - segurou o rosto da garota próximo ao seu, olhando-a nos olhos - A gente consegue fazer isso? As coisas podem voltar a ser como antes?
suspirou, e fechou os olhos. John não havia soltado a sua nuca, e ainda estava bastante próximo. Ela não conseguia pensar assim.
Tirou os braços dele de si, mas não quebrou o contato, segurando-lhe ambas as mãos.
- Não acho que as coisas possam voltar a ser como antes, John, sinto muito. - sorriu de leve - Mas eu sinto a sua falta, e acredito que podemos recomeçar nossa amizade, da maneira certa dessa vez.
O músico ficou em silêncio por um tempo.
- Ok, vamos começar de novo. - soltou as mãos dela, virando-se de costas por cerca de dois segundos. Depois, virou-se de frente para a garota outra vez, estendendo a mão - Prazer, meu nome é John O'Callaghan, e o seu?
riu, e o empurrou de leve no ombro.
- Você é bem idiota, sabia?
- Vem cá. - John puxou a garota para si, esmagando-a num abraço apertado.
ficou naquela mesma posição por um bom tempo, de olhos fechados, apenas sentindo o perfume do rapaz e seu rosto prensado contra o peito dele. Ainda estavam abraçados quando e se juntaram a eles, fazendo um coro desafinado de aleluias.
- Que bom que vocês finalmente fizeram as pazes - disse, enquanto cutucava nas costelas.
- É, eu já estava meio cansada de odiar você, John. É muito mais legal quando eu posso te zoar. - acrescentou, rindo, e se apoiou no ombro dele.
O rapaz a olhou, em dúvida.
- Então estamos bem?
- Se não quer mais que você morra, eu não tenho mais motivos para querer te matar. - deu de ombros vagamente.
- Que bom. - John riu – Fico feliz, eu acho... - recebeu um beijo no rosto, seguido de um soco muito forte no braço. - Ouch! Por que fez isso, sua maluca? - resmungou, esfregando o braço dolorido.
- Pra você lembrar do que vai sentir se fizer minha garota chorar mais uma vez. - respondeu, trocando um olhar com , que sorriu.
Então as duas começaram a socá-lo repetidamente em todas as partes possíveis e alcançáveis do corpo, enquanto John tentava se defender, gritando feito uma garotinha, e ria.
Capítulo 13 - San Diego, CA
- Fala sério!
Ele riu.
- Eu não brincaria com uma coisa dessas...
Já estavam de volta à California, e San Diego era a última parada antes do encerramento da turnê. A Warped Tour era o paraíso tanto para músicos quanto para seus fãs, e quando terminasse, no dia seguinte, em Los Angeles, deixaria um clima de nostalgia que duraria até o próximo verão. Desta forma, todos tentavam aproveitar ao máximo os dias restantes daquela semana.
havia prometido fazer um desenho de Pat, e depois eles dariam mais uma chance às habilidades da garota com o skate, então provavelmente estavam na pista, naquele momento.
, sem sombra de dúvidas, estaria comendo em algum lugar. Com Zack a tiracolo, é claro. Agora que o relacionamento não era mais secreto, ela gostava de exibir o baixista musculoso por aí.
e John estavam no carro dela, no estacionamento do Cricket Amphitheatre, bebendo café e conversando.
- Eu te disse que tinha sido um pouco constrangedor. - o rapaz fez bico, vendo que ela não parava de gargalhar.
- John, por favor. Um pouco constrangedor é quando você se declara pra uma garota e ela te diz que é lésbica, ou quando você sai dizendo que o teste foi ridículo de tão fácil e depois descobre que tirou C. - ergueu as sobrancelhas - Passar um show inteiro cantando de costas para o público não é um pouco constrangedor, é tão absurdo que chega a ser engraçado. - concluiu, voltando a rir.
- Foi o primeiro show da minha vida, e eu estava apavorado, ok? - ele resmungou - Foi bem no começo, antes mesmo de Jared e Kennedy entrarem na banda. - bebeu o último gole do café, amassando o copo e o largando no chão do carro em seguida - A gente ainda nem tinha muitas músicas, então tocava basicamente covers, e praticamente ninguém já havia assistido um ensaio, ou algo assim, tirando as nossas mães. Aí o irmão do Garrett, Trey, conseguiu esse show num clube em Phoenix, e eu fiquei tão nervoso no dia que achei que ia desmaiar. - riu com a lembrança - O único jeito de eu ficar no palco foi fingir que a gente estava num ensaio normal, então eu cantei olhando o tempo todo pro Pat, como a gente fazia na garagem da casa dele.
ficou em silêncio por cinco segundos.
- Imaginar o público de roupa de baixo não resolveu? - finalmente perguntou, divertida.
John revirou os olhos.
- Você é insuportável, , alguém já te disse isso? - falou, fazendo-a gargalhar mais ainda - Agora é minha vez. - fingiu-se de pensativo, mesmo já sabendo o que queria perguntar - Hmmm... Qual é a sua com esse cara, o Adam?
Ela parou de rir instantaneamente.
- Longa história. - disse, apenas.
O músico reclinou o banco, e se deitou de lado, encarando-a com um sorriso simples.
- Eu tenho tempo.
- Tem mesmo? Você não tem que ir fazer um show, ou algo assim?
- Não vamos tocar hoje - ele respondeu - Kenny teve de voltar pra casa, e vai nos encontrar amanhã em L.A.
franziu a testa. - Por quê?
- Ele andou fazendo besteira, e agora tem uns problemas para resolver.
- Que tipo de problemas?
- Do tipo pessoal. - John disse, em tom de quem encerra o assunto - Para quem não gosta de dar respostas, você faz perguntas demais, não acha? - ergueu uma sobrancelha, recebendo um sorriso sem graça da garota - Qual é, é tão difícil assim me contar um pouco sobre a sua vida?
- É estranho falar sobre isso com você. - admitiu, sem o olhar.
Ele riu.
- Você já me viu nu, , nada fica mais estranho que isso.
A garota riu também.
- Sabe, nem achei tão estranho assim...
John a olhou sem acreditar.
- Você não achou tão... Oh meu Deus, não sei se fico lisonjeado ou muito ofendido com esse comentário... - balançou a cabeça, e sorriu - E você está tentando me distrair, garota esperta. Não mude de assunto!
suspirou, e o rapaz percebeu que ela ia começar a falar.
- Na verdade a história não é tão longa assim. - disse, finalmente, dando de ombros - Conheço Adam a minha vida toda. Ele era meu vizinho, em Seattle, e nós éramos realmente inseparáveis. No meu aniversário de 10 anos eu percebi que gostava dele de uma forma diferente, e devia ter uns 11 quando nos beijamos pela primeira vez. Todo mundo achava que era mesmo só questão de tempo, então não pareceram surpresos quando começamos namorar.
- Quando foi isso? - o rapaz perguntou, atento.
- No verão de 2002, dia 16 de junho. - rolou os olhos - Eu achei que seria tudo perfeito o tempo todo, já que ele já era meu melhor amigo e me conhecia melhor que ninguém. E por um ano e meio até foi. Mas como nenhum dos dois era realmente bom em relacionamentos, acabamos caindo nesse ciclo vicioso de terminar, fazer o máximo possível para irritar e magoar o outro, e depois voltar. Isso durou mais ou menos cinco anos.
- Não sou ninguém pra julgar, já que nem nunca tive uma namorada, mas... - John coçou o pescoço, fazendo uma careta confusa - Sei lá, parece doloroso. Valeu a pena?
Ela sorriu.
- As partes boas superavam as crises, então sim, valeu. Mas começamos a ter muitos conflitos de opinião. Finalmente, quando fui aceita na UCLA, e ele decidiu que não viria comigo, achei que estava na hora de terminar de vez. - suspirou - Viu? Falei que não era uma história tão longa.
O músico ficou em silêncio por alguns instantes, parecendo conflitar consigo mesmo. Por fim, encarou-a curiosamente.
- falou que ele é quem vai para a Austrália com você, e não o contrário. - disse, e ela assentiu - O que ele vai fazer lá?
- Olha, eu gostaria de saber. - riu – Adam sempre foi o típico filho de pais separados que recebe dinheiro ao invés de atenção, sabe? Ele é o único neto do dono de uma rede hoteleira, passou a vida inteira fazendo um nada bem grande, passeando de cidade em cidade e ficando nas propriedades da família. Provavelmente quer ir a Sydney para surfar, ou algo assim. Eu nem lembrava que os Sherwood tinham um hotel lá, até Adam me ligar na semana passada, depois de quase dois anos sem dar notícias, para me oferecer um quarto no Observatory.
- E você aceitou, sem mais nem menos?
A garota deu de ombros.
- Vai parecer estranho, vindo da garota que largou tudo por um estágio de seis meses do outro lado do mundo, mas eu não sou grande fã de mudanças. Achei que seria mais fácil se tivesse alguém conhecido por perto.
John ainda pensava no que responder, quando ouviram batidas na janela. Ele se virou, e abriu o vidro do carro.
se apoiou na janela.
- Max está te procurando.
- É. - Pat se juntou a ela - Você e Jared vão tocar um set acústico rapidinho, e depois nós vamos dar o fora daqui. Ele disse que se pegarmos a estrada em menos de duas horas, podemos dormir em um hotel essa noite.
- Graças a Deus! - o vocalista comemorou, já abrindo a porta e descendo do carro. - Não aguento mais dormir naquele ônibus.
Já se encaminhavam à tenda da banda, e notou que a amiga andava de um jeito estranho.
- Você está mancando, ?
- É. - a outra sorriu sem graça - Agora ficou decidido que skate definitivamente não é pra mim. Mas vamos tentar snowboarding no fim do ano, não é, Pat?
- Tudo o que você quiser. - o baterista a abraçou de lado, beijando-lhe o rosto.
- Acho que eu vou vomitar. - John fez careta, e os outros três riram.
- - - - - - - -
acordou sorrindo. A primeira constatação do dia era que estava abraçada a um travesseiro que tinha o cheiro de John. Depois abriu os olhos, surpresa com a segunda constatação, que era o fato de reconhecer o perfume que ele usava.
E a terceira constatação era que John não estava lá.
Na verdade, aquela cama parecia mesmo grande demais, só pra ela.
A garota sentou. Vestia apenas as roupas de baixo, e o quarto estava uma bagunça. Quarto este, por sinal, que não era o dela.
De olhos novamente fechados, pressionou as têmporas, tentando juntar os pedaços do quebra-cabeça da noite passada.
Era por volta de dez da noite. Ela estava saindo do banho, e já se preparava para se jogar na cama e dormir até a manhã seguinte, quando ouviu o telefone tocar. "Você tem cinco minutos para aparecer no bar do hotel, ou vamos aí te buscar!", alguém disse, no outro lado da linha, e ela soube no mesmo instante que não deveria duvidar. Vestiu qualquer coisa, pegou o celular e a chave do quarto, e foi até o elevador.
No bar, já a recebera com um copo de Mojito na mão. Elas não tinham concordado em cortar a bebida depois da festa matadora com o All Time Low e o Less Than Jake? Sim, tinham. Mas era Mojito, e o código de honra das três amigas dizia que era praticamente um crime recusar aquele drink.
E um ou dois não fariam muita diferença, certo?
Na hora seguinte já não havia mais ninguém sóbrio.
Garrett conversava com ... Sobre... Zumbis? Não, eles estavam discutindo. tinha dito que preferia histórias de vampiros.
Tim não estava lá. Max e Jared dormiam no sofá da recepção. Vito tentava cantar a garçonete, que só tinha olhos para John, que, por sua vez, apostava com em quem cairia primeiro. Ele apostava em , que pelo histórico parecia ser uma aposta segura, e apostava no próprio John, cujos olhos estupidamente verdes já pareciam meio pesados.
e Pat passaram por eles, ocupados demais um com o outro para notarem qualquer coisa, e iam em direção ao...
Oh.
Então o resto da noite voltou em um flash.
O casal certamente estava indo para o quarto que as garotas dividiam, e e ficariam na rua. Não que se importasse, já que o assunto "vampiros x zumbis" com Garrett parecia ferver, e eles provavelmente não iriam a lugar algum nas próximas horas. , entretanto, precisava de uma cama.
E John havia oferecido a dele. Inocentemente, é claro. Ou será que não?
Ela se lembrava de entrar no elevador lado a lado com ele num clima tenso, e sair de lá, cinco andares acima, sem saber onde terminava o corpo de um e começava o do outro, numa confusão de braços e pernas que os levara diretamente à cama do rapaz.
Um barulho no quarto a fez despertar dos pensamentos. Era John que saía do banheiro, descalço, vestindo jeans, sem camisa. Ele ainda esfregava a toalha de banho nos cabelos, e a encarou curiosamente.
- Ainda tá dormindo, ? - perguntou, rindo, e largou a toalha sobre os ombros, indo abrir a porta.
Então era esse barulho que a havia acordado. Batidas na porta.
John voltou em seguida, trazendo uma bandeja com muffins, e dois copos de suco de laranja.
- Remédio universal para a cura da ressaca - disse, sorrindo, e apoiou a bandeja no criado-mudo ao lado da garota, antes de estender um dos copos para ela, e se sentar na cama segurando o outro.
bebeu um gole do suco, e descansou o copo na bandeja outra vez, ajeitando o lençol para que permanecesse cobrindo pontos estratégicos. Queria conversar com ele. Precisava conversar com ele.
- Er, John...
O músico fez uma careta bonitinha.
- Por que eu acho que não vou gostar do que você está se preparando para me dizer?
- Porque é sobre o que aconteceu ontem à noite.
- Vou supor que você não estava bêbada demais ontem, e de fato lembra o que aconteceu. - disse, num tom divertido, e ela assentiu, sem graça - Oh, ok, você realmente lembra. Então lembra também que eu tentei me comportar, e você que me beijou, no elevador. - acrescentou, com um sorriso vitorioso.
- É, eu sei, mas eu acho que....
- , relaxa. - ele a cortou uma risada - Eu já sou grandinho, tá legal? Isso não muda nada. Sei que os nossos planos nos levam em caminhos diferentes, - disse, concentrado no interior de seu copo de suco - mas isso não quer dizer não podemos aproveitar o tempo que ainda temos, não é verdade? - ergueu os olhos verdes para ela, animado - Esse pode ser nosso universo paralelo, então vamos nos divertir porque é Warped Tour e estamos em Los Fucking Angeles! - concluiu, erguendo o copo em um brinde.
Ela pegou o copo no criado-mudo, e brindou com o rapaz, sorrindo. John se curvou sobre a garota, beijando-lhe o rosto, e pegou um muffin. Ouviram novas batidas na porta.
- Você abre. - ele disse, de boca cheia.
apenas balançou a cabeça negativamente, rindo, e mostrou que não estava vestida adequadamente. Vendo isso, John não pensou duas vezes antes de largar o copo e o bolinho na primeira superfície plana que encontrou, e se deitar sobre a garota, voltando a beijá-la no rosto, pescoço, ombros, e descendo gradativamente.
As batidas soaram novamente, dessa vez mais fortes.
- Não, não, não, não... - ele gemeu, com o rosto contra a barriga de - Vá embora, por favor vá embora....
- Johno? - a voz no corredor perguntou, incerta, acompanhada de mais batidas na porta - Você está aí?
O músico largou o corpo ao lado de , na cama, e xingou baixinho, fazendo-a rir.
- Que é, Max? - perguntou, cheio de frustração.
- Levanta o rabo dessa cama, partimos em vinte minutos! - um instante de silêncio - Você viu Pat? Ele não estava com o Garrett...
- No quarto das garotas!
- Com todas elas? - Max perguntou, soando chocado - Sempre soube que os quietos eram os piores...
- Moose? - John chamou, ainda deitado de barriga para cima, com o rosto virado para a porta - CAI FORA!
- Vinte minutos, não esqueça!
Quando o ambiente voltou ao silêncio anterior, o rapaz tateou a cama atrás de , mas ela já estava de pé, e se dirigia ao banheiro.
- Vou tomar um banho. - anunciou, já com a mão na maçaneta.
Ele pulou sentado na cama.
- Precisa de ajuda?
já estava no banheiro, mas se virou para olhá-lo.
- Talvez...
John sorriu, e se levantou.
- - - - - - - -
Ele estava ali, bem à frente dos seus olhos. Óculos de sol, o cabelo bagunçado, regata branca, e jeans pretos bastante justos. Oh, aquelas pernas magrelas... Aqueles braços, aquela barriga, aquele sorriso.
Deus, como ele era lindo!
John cantava alguma música que ela - do seu lugar ao fundo da multidão de garotos e garotas barulhentos que assistia o show - não podia ouvir, mas estava sorrindo só de imaginar.
Havia os visto antes do show. Todos estavam excepcionalmente bonitos naquele dia. O último dia. Contudo, era de se esperar que Garrett, Pat, Jared e Kennedy não passassem de borrões para ela, naquele momento.
sabia - simplesmente sabia - que John Cornelius O'Callaghan V era a criatura mais bonita na qual ela poderia por os olhos em toda a sua vida. E ela sentia que poderia olhá-lo para sempre.
Aquele mês tinha sido melhor que a viagem à Paris. Melhor que aquela vez em que ela e conheceram Johnny Depp. Melhor que todos os natais juntos numa noite só. Melhor que chocolate.
Muito, muito melhor.
Sim, seria para sempre o melhor mês da sua vida.
Pena que acabava... Agora.
Eles haviam terminado a última música do set, e desciam do palco.
Aquela edição da Vans Warped Tour havia finalmente acabado, agora era hora de ir embora.
deveria estar se despedindo de Zack, em algum lugar próximo ao palco principal. estava ao alcance dos olhos, mas não se despedia de Pat, já que aceitara ir conhecer a família Kirch, e voltaria para o Arizona com os garotos, para passar uma semana lá. apenas observava a multidão se dispersando, e pensava no que dizer a John.
Depois de um tempo, caminhou até a lateral do palco, onde a banda estava, e parou em frente ao vocalista. O rapaz sorriu, e a puxou para um canto mais discreto, onde teriam ainda que só um pouquinho mais de privacidade.
Apenas se encararam por alguns instantes.
- Então... - ele coçou o pescoço - Posso te ligar qualquer dia desses?
- John...
- Ok. - o músico riu, mais para aliviar a tensão do que por estar se divertindo - Entendi. Não vou forçar nenhuma situação.
suspirou.
- Você sabe que não é isso...
- Tudo bem, tudo bem. A Warped acabou, nosso universo alternativo também. Eu sabia que hoje seria o último dia. - suspirou - De qualquer forma... Te vejo por aí?
John estendeu a mão direita, que simplesmente ignorou, preferindo vencer os dois passos de distância que os separavam, e passar os braços em torno da cintura do músico, apoiando a cabeça em seu peito. Ele sorriu, e a abraçou de volta.
- Foi um mês e tanto. – sussurrou no ouvido da garota.
- O melhor da minha vida - ela respondeu contra seu peito.
se despediu dos outros garotos, agradecendo por tudo, e a acompanhou até o estacionamento.
- Você vai se comportar nessa semana longe de mim?
ergueu uma sobrancelha.
- Eu sempre me comporto, .. - abraçou a amiga, rindo - Se alguém te maltratar lá, você liga que eu vou te buscar!!
riu, e garantiu que não seria necessário.
Quando chegaram ao carro, encontraram Zack e de mãos dadas.
- E agora? - a escritora perguntou, encarando-o nos olhos.
- E agora o quê? Você quer continuar me vendo, não quer? - ele perguntou.
- Claro!
- Ótimo. - Zack sorriu - Porque eu também quero.
fez bico.
- Mas como a gente vai fazer?
- Você esqueceu que eu também moro na California?
- Zachary, por favor. Você passa quanto tempo por ano em casa? Uma semana?
- Ok, ok. - Zack riu - Você está ciente que nosso relacionamento será cheio que pontes aéreas e sexo virtual, certo?
- Desde que nenhuma das minhas fotos vá parar no "Is Anyone Up?"... - deu de ombros, e o baixista gargalhou, cutucando-a nas costelas.
Assim que a brincadeira virou uma sessão de amassos, pigarreou.
- Podem ir parando com essa pouca-vergonha aí, vocês dois, eu quero ir embora! - brincou, fazendo uma careta.
se juntou ao casal, segurando duas notas de cem dólares.
- Você conseguiu, amiga. Um mês e meio de Warped Tour. E você gostou.
revirou os olhos, e recusou o dinheiro.
- Quem disse que eu gostei? - Zack colocou as duas mãos na cintura da garota, puxando-a para mais perto, e ela deu uma risadinha - Ok, talvez eu tenha gostado um pouquinho...
As outras riram, e foram para o outro lado, para que pudesse se despedir do namorado mais à vontade. Depois de Zack ir embora, as três se abraçaram, e pegou suas duas malas, acenando para as amigas enquanto elas entravam no carro.
deu a partida, e olhou para a garota no banco do carona.
- É, , estamos voltando para casa.
Capítulo 14 - Los Angeles, CA
- Então, estão te tratando bem aí? - ela perguntou, enquanto apoiava os pés na mesinha de centro, segurando uma caixinha de comida chinesa com uma mão e puxando o laptop para o colo com a outra.
- Demais! - respondeu, do outro lado da linha, animada - Os outros irmãos do Pat são muito legais, e o pai dele é incrível. A mãe eu ainda não conheci, ela chega de viagem só amanhã...
- Legal. - já com o laptop no colo, apoiava o telefone no ombro, e comia seu yakisoba - O que vocês têm feito de bom?
- Na verdade, ainda não fizemos muito. - a garota bufou - O vôo atrasou, e passamos a noite no aeroporto, então quando chegamos todo mundo estava podre. Só descansamos um pouco, depois Pat e os meninos me levaram para conhecer a cidade. E vocês?
encarou a tela do seu MacBook, depois a TV, que estava ligada no mudo. Era um clipe da Lady GaGa passando na VH1 Mega Hits, e a loira parecia ainda mais estranha dançando sem música.
Ela enfiou mais yakisoba na boca.
- Nada interessante. - respondeu, de boca cheia - chegou e se enfiou no quarto para trabalhar no tal livro dela. Eu dormi praticamente o dia todo, e agora estou organizando minhas fotos, e escolhendo o que vai para a exposição.
- Nervosa?
- Demais. - ficou um tempo em silêncio - Você vem, certo?
- E você acha que eu perderia a primeira exposição da minha melhor amiga? - riu.
- Não é minha exposição. - a outra corrigiu, sem graça.
- Tanto faz. - respondeu, e não podia ver, mas sabia que a amiga estaria rolando os olhos naquele momento - Você vai colocar fotos da Warped?
A fotógrafa respondeu que usaria algumas, e ouviu barulhos de conversa e um “sai daqui!”, do outro lado da linha.
- Pat perguntou se tem alguma foto dele, esse convencido. - disse, rindo.
gargalhou.
- Mande-o esperar até o fim de semana para ver.
- Ele está pior que criança aqui, curiosidade pura! - a outra disse, e ela pôde ouvir mais vozes ao fundo - Ok, amiga, tenho que ir. Vamos jogar boliche hoje, e amanhã o plano é andar de caiaque no Salt River e fazer um piquenique depois...
- Ai quanto mel, que nojo de vocês. - fez uma careta, e ouviu a risada de - Então até Sexta?
- Até sexta. - a outra confirmou - Te amo, já estou com saudades.
- Aproveite bastante aí, que o fim de semana logo chega. Te amo bem mais.
- Impossível. - ainda disse, rindo, antes de desligar.
largou o telefone no sofá, e encarou a televisão.
Estava sozinha outra vez.
- - - - - - - -
A semana realmente passara num pulo. Com no Arizona, preparando tudo para a exposição, e trabalhando no seu próximo livro, quando elas se deram conta já era sexta-feira.
A fotógrafa andava de um lado para o outro, no quarto, procurando o que vestir. Não tinha ideia do traje ideal para uma exposição, quando se era um dos artistas. Deveria vestir calça, vestido, saia? Vermelho era chamativo demais, bege era sem-graça demais, rosa patricinha demais, branco noiva demais...
- Meu Deus! - entrou como um furacão - Logo você vai fazer um buraco no chão, e cair no andar de baixo, de tanto que anda pra lá e pra cá!
- Não sei o que vestir! - admitiu, e se jogou na cama, derrotada.
abriu a porta do guarda-roupa e no mesmo instante tirou de lá o vestido perfeito. Era um tomara-que-caia azul marinho, com a saia rodada na altura dos joelhos, e uma fita de cetim vermelho abaixo do busto. Em seguida, vasculhou os sapatos, e jogou na amiga um par de peep-toes, também vermelhos.
- Agora vá tomar banho, antes que chegue atrasada à própria exposição.
Com a ajuda providencial de , conseguiu se arrumar à tempo, e chegou ao Espaço Annenberg ao mesmo tempo que o colega de exposição, Dirk Mai.
- , você está fantástica! - ele sorriu, e se aproximou para beijar-lhe o rosto - Meu amigo vai morrer quando te ver...
A garota, que já acompanhava Dirk ao interior do local, parou de andar.
- Amigo?
- John! - o rapaz rolou os olhos, como se fosse óbvio - Ele até já deve estar por aí... - acenou casualmente para algumas pessoas - Vem, vamos entrar.
O lugar estava mesmo lindo e muito bem organizado. Logo na entrada havia o livro de visitas - que os dois fizeram questão de assinar - e um grande banner com o nome da exposição, “O Mundo em Preto e Branco”.
O caminho continuava em um largo corredor, com fotos emolduradas nos dois lados das paredes, os registros das várias viagens feitas pelo fotógrafo.
foi observando as lindas fotos de Dirk, e cumprimentando algumas pessoas, enquanto se encaminhava ao fim do corredor, onde encontraria os trabalhos assinados com seu nome.
O acervo era na verdade pequeno. No fim do caminho havia uma sucessão de cerca de dez fotos com molduras coloridas, e o nome da pequena exposição - “Color” - grafitado no chão com spray de tinta verde. Os trabalhos, assim como nas fotos de Dirk, também eram editados em preto e branco, mas com um elemento de cada imagem em sua cor original. Estava tudo perfeito, exatamente como ela imaginava que ficaria.
ainda admirava o resultado de sua primeira exposição, quando o viu.
Parado em frente a uma foto de si mesmo, John sentiu o olhar de alguém sobre suas costas, virou-se, e sorriu. Ele estava lindo.
balançou a cabeça.
- Vai ficar aí se admirando por muito tempo, Johnny Bravo? - perguntou, divertida.
John gargalhou.
- Estou admirando o seu trabalho, na verdade, mas o modelo ajudou bastante, não acha? - ele se adiantou para abraçá-la - Parabéns, as fotos estão incríveis.
- Obrigada. Onde estão os outros?
- Por aí. - ele deu de ombros - O casal 20 está ali, sendo o centro das atenções. - apontou para um canto.
Pat e pareciam duas estátuas, imitando a pose da fotografia onde apareciam. A garota estava parada, com as mãos no ombro do namorado, que, inclinado sobre ela, beijava-lhe a testa. Garrett fotografava o casal, com o quadro deles mesmos ao fundo.
sorriu.
- Como você escolheu as fotos? - John perguntou, atraindo a atenção dela toda para si.
- São todas dos últimos meses. - ela deu de ombros - Não há exatamente um padrão, são pessoas e situações que são ou foram importantes para mim.
O músico assentiu, e voltou a fitar a foto de si mesmo, na parede à frente. parou ao lado dele, também observando o quadro.
- Sabe, - começou, sem o olhar - Por causa dessa foto é que todas as outras estão aqui hoje.
- Eu sei. - John esticou o braço, procurando a mão da garota.
Ouviram uma voz firme chamando o nome de , e ela soltou a mão de John, sem precisar olhar para ver quem a chamava.
- Você está ainda mais linda, se é que isso é possível. - um rapaz se aproximou, carregando um buquê gigante de rosas vermelhas, e a abraçou.
John o olhou atentamente. Roupas de marca, cabelos louros cuidadosamente ajeitados para parecerem em desordem, corpo de desportista, sorriso branco. Mesmo nunca o tendo visto, teve certeza que aquele era Adam Sherwood.
E ele não parecia nem um pouco o tipo de .
Adam olhou da fotografia para o rapaz, e novamente para a foto na parede.
- Você deve ser tal cantor de quem eu ouvi falar. John, não é? - estendeu a mão - Sou Adam. Adam Sherwood.
- Ah, o ex! - o músico se aproximou e apertou a mão dele – Muito prazer, é bom finalmente conhecer alguém do passado de ...
- Calças legais. - Adam apontou - Pegou emprestado com a sua irmã?
John olhou as próprias pernas, e ergueu novamente o olhar, plantando um sorriso no rosto.
- Não. Não, na verdade acho que elas são suas, não são, ? - olhou as pernas outra vez - Devo ter me enganado na última vez que a gente...
- JOHN! - ela apertou o braço do músico - Nos dá licença um pouquinho, Adam? Acho que você ainda não viu a e a , elas estão por aí.... - apontou para qualquer lugar, e puxou John na direção oposta - Vem cá, vocês têm o quê, doze anos? - perguntou baixinho, irritada.
- Qual é, , ele me provocou! - o rapaz se defendeu - Não sei como você o namorou por tanto tempo, o cara é um idiota!
- Não, ele é bem legal, só está com ciúmes. - a garota sorriu - Almoçamos juntos ontem, e eu contei a ele como foi a Warped.
- Ah, é? - John abriu um sorriso convencido - E como você descreveu a sua experiência na... Espera aí. - franziu a testa - Vocês almoçaram juntos?
rolou os olhos.
- Não foi nada de mais. Fizemos os últimos acertos da viagem, e conversamos um pouco sobre nossas vidas nos últimos anos. Foi bem normal.
Ele a encarou, magoado.
- Você nem me convidou para a exposição, e saiu para almoçar com ele?
- Eu não te convidei porque sabia que Dirk falaria com todos vocês. - era mentira, mas John não precisava saber que ela estava tentando evitá-lo, antes que começasse a repensar a ida à Austrália - E fui porque precisava definir as coisas para a viagem, ou você esqueceu que vou me mudar no mês que vem?
John encolheu os ombros.
- Não, eu não esqueci. - suspirou - Desculpe, .
O músico ouviu alguém chamá-lo, e se virou, encontrando Jared junto a ele e .
- Oi, . - o guitarrista a beijou no rosto - As fotos ficaram ótimas, parabéns! - sorriu, e se virou para o companheiro de banda - Ei Johno, tem uma revista aí querendo fazer uma foto nossa.
- Ok. - ele deu de ombros - Nos vemos depois. - sorriu para , e saiu atrás de Jared.
se juntou a Adam e , e ficaram conversando por um tempo, até que, cerca de vinte minutos depois, se juntou a eles, de mãos dadas com Pat.
- Olha quem resolveu aparecer! - abraçou Adam - Como vai, Sr. Sherwood?
- Odeio quando você me chama assim! - Adam riu, sem desfazer o abraço - Não te vejo há décadas, parece até que você ficou mais alta, !
- Cale a boca, Adam, não faz tanto tempo assim! - ela se afastou, também rindo, e puxou Pat pela mão para que se juntasse a eles - Esse é meu namorado, Patrick Kirch. Pat, esse é meu amigo Adam Sherwood.
prendeu a respiração, esperando que Adam fizesse alguma piada grosseira sobre as calças de Pat, mas ele apenas sorriu, e cumprimentou o rapaz com educação. Logo em seguida alguém se aproximou, avisando que Dirk faria a apresentação das suas obras, e eles se juntaram aos outros na pequena multidão que se formava na entrada.
John parou discretamente ao lado de , e se aproximou do ouvido da garota.
- Quanto tempo você tem que ficar aqui?
- Não sei. - ela respondeu, baixinho - Acho que já falei com todo mundo que precisava falar...
- Ótimo. - o músico segurou-a pela mão, e falou novamente em seu ouvido - Pegue suas coisas, vou te levar para jantar.
- - - - - - - -
Na manhã seguinte, lá estava ela à sua escrivaninha, respondendo os e-mails com um olho no laptop e o outro nas costas nua do rapaz praticamente desmaiado em sua cama.
John ocupava quase todo o espaço da cama de casal, dormindo de bruços, todo esticado, e respirando pesadamente.
Lindo.
quase riu, lembrando do jantar da noite anterior. Como haviam saído à francesa, e como estavam vestidos exageradamente para o hambúrguer com fritas do Micky's. E como todos olhavam para eles enquanto comiam. E como, quando algumas fãs reconheceram John, ela servira de fotógrafa por um bom tempo, mesmo quase morrendo de ciúmes.
Ainda não acreditava na própria sorte. John era tão incrível, e estava interessado nela. NELA! Era fantástico.
Contudo, não podia acreditar em seu azar, também. Conhecer alguém tão especial quando estava prestes a se mudar para o outro lado do mundo era completamente injusto.
Parecia que de qualquer forma ela sairia perdendo, mas tudo acontecia por uma razão, acreditava. Aquele mês incrível era como um teste, uma prova do quanto ela queria aquele estágio em Sydney. E ela queria aquilo demais.
O som da campainha a fez pular na cadeira.
Quem quer que estivesse à sua porta, tinha pressa, e se continuasse a apertar a campainha daquela forma, acordaria o prédio inteiro.
saiu do quarto, fechando a porta e a chaveando cuidadosamente para que John não surgisse seminu no meio de sua sala de estar enquanto ela recebia alguma visita. Correu até a sala, e colou o rosto na porta, vendo Adam pelo olho-mágico.
- Oh, meu Deus, o que você está fazendo aqui? - resmungou, baixinho, antes de respirar fundo, e abrir a porta. - Adam, oi! - deu um sorriso forçado - Está meio cedo, não acha?
Adam beijou-lhe o rosto, e passou por ela, entrando na sala de estar.
- Não te vi ir embora ontem, e você não atendeu o celular... - ele deu de ombros - Achei que deveria vir dar uma checada, apenas conferir se você estava bem...
- Estou... Ótima. - ela deu outro sorriso forçado, já apontando a porta outra vez.
- Seu porteiro me ajudou bastante, eu não sabia o número do seu apartamento.
- Cara legal, huh? - bufou discretamente.
- Sabe. - Adam continuou andando pela sala, indo em direção a um dos sofás - Queria ter te levado para jantar ontem, mas você sumiu... Então eu achei que a gente poderia ir tomar um café agora, falou de um expresso ótimo, logo ali na outra esquina. - sugeriu, sem perceber o mau humor da garota, ou apenas o ignorando.
- Pois é.... Não vai dar. - o impediu de sentar no sofá, e o guiou novamente para a saída do apartamento - Sabe como é, calendário apertado pré-mudança. Estou respondendo alguns e-mails, acertando tudo para poder viajar.... Estou bastante ocupada.
- Mas...
- Eu te ligo, tchau! - fechou a porta na cara do ex, e suspirou aliviada.
A fotógrafa andou calmamente até a porta do quarto, e virou a chave com todo o cuidado do mundo. Quase teve um ataque quando abriu a porta, e deu de cara com John sentado na beirada da cama, virado de frente para a porta. Ele tinha as mãos apoiadas no colchão - uma de cada lado do corpo - sustentando seu tronco ereto, e os pés descalços para fora da cama, no chão acarpetado.
- Johno! Já acordou? - sorriu culpada - Bom dia!
Ele a encarou com a testa franzida.
- Você me trancou aqui? - perguntou, confuso.
- Perdão? - perguntou, ainda segurando firmemente a maçaneta da porta.
- Quem estava aí? Eu ouvi a campainha. Até tentei sair para ver o que estava acontecendo, mas você me trancou no quarto. Por quê? - estreitou os olhos - Quem era? Era o tal de Adam, não era?
A garota não respondeu.
- . - ele se levantou - Eu quero que você olhe nos meus olhos e diga que não era o seu ex, na sala, e que você não o expulsou daqui o mais rápido possível, tentando não me acordar, para que um não descobrisse a presença do outro. Diga. - ela apenas mordeu o lábio, e John bufou - Nossa, eu sou muito idiota mesmo em vir correndo feito um cachorrinho toda vez que você fala meu nome daquele jeito...
- John...
- É, desse jeito mesmo. - suspirou - Eu não mereço isso. Você precisa parar de me fazer de otário.
- Mas eu não... Você disse que a gente podia aproveitar o tempo que...
- É, eu disse, mas não sabia que você estava segurando o cara de estepe! - ela abriu a boca para responder, mas o rapaz continuou - Qual é, , eu não sou burro! Vi muito bem o jeito que ele te olha, e como toca em você. Ele tem certeza que vocês vão voltar!
Ela abriu a boca, indignada.
- Eu nunca disse a ele que íamos reatar!
- Mas também nunca disse que não iam! - ele suspirou outra vez, e começou a caçar suas coisas pelo quarto - Olha, pra mim já deu, tá legal? Já deu.
- Hey, , que barulho é... - uma descabelada e com cara de sono colocou a cabeça para dentro do quarto da amiga, e arregalou os olhos ao ver o músico calçando os sapatos - Oi, John, não sabia que você estava aí...
- É, aparentemente não era para ninguém saber. - ele respondeu, dando uma olhada feia para .
As garotas ficaram em silêncio, observando-o pegar o celular, e passar pela porta ao mesmo tempo em que vestia a camiseta.
John cruzou a sala de estar em três passos longos, e saiu, deixando a porta da frente aberta.
e ainda encaravam uma a outra quando ele voltou, sem graça.
- Esqueci minha carteira. - resmungou, pegando o objeto no aparador, e saindo outra vez.
- Ok. - coçou a cabeça - O que, diabos, acabou de acontecer aqui?
não soube o que responder, mas dessa vez parecia definitivo.
John não iria mais voltar.
Nunca mais.
Ela sentou no chão, e se pôs a chorar.
Capítulo 15 - Los Angeles, CA
- Tem certeza que quer fazer isso, ? - perguntou mais uma vez.
Estavam paradas no saguão do Aeroporto Internacional de Los Angeles, rodeada de malas, e as amigas a encarando apreensivas.
- Claro. - ela respondeu, apertando mais a mochila contra o peito.
- Então por que nós temos a sensação de que você está fugindo do país feito uma criminosa? - perguntou.
- Eu não estou.... - suspirou - Eu não estou fugindo.
- Você vai viajar duas semanas antes do planejado, sem avisar ninguém, inclusive sua própria mãe. - a escritora rolou os olhos - Nãããão, é claro que não está fugindo...
colocou a mochila nas costas, e começou a puxar as malas, indo até a fila do check-in. e se entreolharam, e foram atrás da garota, insistindo que ela não precisava ir.
- Gente, sério. O que eu fiz na última semana? Absolutamente nada. - bufou - Eu não estou trabalhando, e já não estou mais indo para a faculdade. Tudo o que eu faço é ficar em casa comendo e assistindo televisão; e, enquanto vocês ficam na minha cola o tempo todo achando que eu estou sofrendo da síndrome do coração partido, eu atrapalho a vida de todo mundo!
As outras duas a olharam, indignadas.
- Você não atrapalha a... - começou, mas a interrompeu.
- Você e Pat são tão grudados um no outro que dá até nojo, . E eu sei que você está louca pra matar aula perseguindo a turnê da The Maine, mas fica em casa mofando porque acha que tem que cuidar de mim. - rolou os olhos, virando-se para - Você tem três semanas para terminar o esboço do seu livro, , e, honestamente, não vi muitos avanços com você no meu rabo dia e noite.
Elas ficaram em silêncio. Aquilo, de certa forma, era verdade.
- Eu estou ótima. É sério. - reforçou, ao ver o olhar descrente das amigas - Vou aproveitar essas duas semanas para conhecer a Austrália. Talvez ir à praia, sei lá.
a olhou como se ela fosse idiota.
- Você odeia praia.
deu de ombros, com um sorrisinho simples.
- Quando em Roma, faça como os romanos.
As outras duas ficaram em silêncio, como se estivessem esperando mais explicações, e já começava a se irritar.
- Meus amores, é a última vez que eu vou dizer isso: John é um cara, só um cara. - ela começou, falando lentamente - Vocês me conhecem desde os dez anos. Quando, na vida, eu sofri por causa de algum cara?
tinha uma resposta pronta, é claro. Warped Tour, menos de um mês atrás.
Obviamente, ela nunca diria isso.
- É, você está certa. - respondeu, balançando a cabeça para espantar os pensamentos - Você está certa.
fez bico.
- Realmente não há nada que a gente possa fazer para você ficar, não é?
imitou a expressão da amiga, e negou com a cabeça.
- Então vamos te enfiar nesse avião de uma vez.
fez o check-in, e despachou as malas, enquanto e tentavam descobrir em qual dos quinze portões elas encontrariam o avião que levaria a amiga até Melbourne, e depois Sydney.
Não estava sendo uma tarefa nada fácil, e elas ainda andavam como baratas tontas pelo terminal 4 quando o vôo de foi anunciado.
“Atenção passageiros do vôo 7356 com destino a Sydney e conexões, o embarque terá início dentro de quinze minutos no portão 46B. Atenção passageiros do vôo 7356 com destino a Sydney e conexões, o embarque terá início dentro de quinze minutos no portão 46B.”
- 46B, foi o que eu disse. - ergueu o queixo, lançando a um olhar superior.
- Não, você disse 48B. - ela retrucou, checando os vôos no painel pendurado no teto - Se fosse por você estaria indo para o Japão, agora...
mostrou a língua para a amiga, e as duas acompanharam até a entrada do portão.
- Então é isso... - ela sorriu sem graça, ajeitando as alças da mochila nos ombros, sem saber o que dizer.
- Cuide-se por lá, sis. E é bom você começar a usar o twitter com mais frequência, quero saber cada passo seu na Austrália! - começou, falando de uma forma rápida e meio desesperada, apontando o dedo no rosto dela - E mande e-mails, e ligue quando puder. E nós vamos te skypear todos os dias! E...
deu dois passos rápidos e atirou os braços em volta da amiga, abraçando-a apertado. , que já chorava antes mesmo do monólogo de , soltou um palavrão, e se juntou ao abraço. Elas se apertaram naquele bolinho por uns bons minutos, chorando e soluçando, e murmurando coisas que ninguém entendia.
- Amo vocês, garotas. - fungou, soltando as duas, e deu um passo para trás - Prometam que não vão colocar ninguém no meu quarto agora.
- Nem agora, nem mais tarde. - disse, limpando as lágrimas - e eu já conversamos sobre isso. Seu quarto vai ficar exatamente do jeito que está até você voltar.
ficou uns instantes em silêncio, incerta do que dizer, e suspirou.
- Vocês sabem que, se as coisas derem certo, existe a possibilidade de eu não voltar... - respondeu, depois de um tempo.
- Bom... Nesse caso vamos precisar de um quarto vago para quando você vier nos visitar, não é?
- Ahhh eu vou sentir tanto a falta de vocês! - ela deu um gritinho, e abraçou as amigas outra vez.
O embarque foi anunciado, e a cutucou nas costelas.
- Vai logo, vagabunda, antes que a gente se arrependa de te deixar ir!
- Ok, ok. - ela riu, e tirou as chaves do carro do bolso, entregando-as para a amiga - Estou te dando esse voto de confiança, cuide do meu bebê! - virou-se, então, para - Não deixe ninguém mexer nos meus CDs, nem nos álbuns de fotos. - apontou para as duas - Não vivam de McDonald's e comida japonesa só porque não estou aqui pra cozinhar para vocês, ok?
- Tá bom, mamãe....
- Comam algumas proteínas e vitaminas de vez em quando, ou sei lá. E não bebam demais! E continuem indo para a aula!
riu, e a empurrou no ombro.
- Cala a boca, sua idiota. Quem vê até pensa que você é a mais responsável de nós três...
Elas riram, e se despediram mais uma vez. entregou sua passagem à moça de uniforme, sorrindo fraco, e ainda deu um último aceno para as amigas, antes de entrar no corredor, e sumir completamente de vista.
A cada passo dado, ela sentia uma pontada no peito. Não era justo ter que abrir mão de coisas tão importantes para poder ganhar outras. Por que não podia ficar com tudo?
Não queria deixar as amigas para trás. Queria poder colocar e em uma mala, e levá-las consigo para Sydney. Elas eram melhores amigas desde sempre. Parceiras de crime. Irmãs. Não conseguiria curtir a Austrália tanto quanto gostaria, sem a presença delas.
Também havia seus pais. Agora a distância até Seattle havia aumentado de 2:35h para o cansativo montante de mais de vinte e quatro horas, com escala em duas cidades. Não poderia mais sofrer pelos Seahawks no estádio junto com o pai, ou fugir para tomar café da manhã em casa, uma vez ou outra, nos fins de semana. Sentiria falta da comida da mãe. Será que algum dos cozinheiros do restaurante 4 estrelas do Observatory conseguiria fazer panquecas tão boas quanto ela? duvidava.
E, finalmente, John. Não que acreditasse que as coisas poderiam um dia ficar bem entre eles, a essa altura, mas apesar de não admitir, sentia falta absurda dos bons momentos que passaram juntos. A mágoa nos olhos estupidamente verdes dele, na manhã em que deixara o apartamento das garotas pela primeira e provavelmente última vez, era algo que ela não esqueceria tão cedo. Se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.
Mas o fato é que ela não podia, então era hora de seguir em frente.
A garota encontrou seu assento - 18F, na janela, ao lado de dois italianos que vestiam ternos, e falavam alto e rápido. Ela guardou a mochila, e pediu licença, acomodando-se em seu lugar. O homem ao lado dela a olhou, notando o nariz vermelho. Apresentou-se como Gregório, e sorriu, amável. Maldito sorriso branco. Malditos olhos verdes.
Sim. Malditos olhos verdes.
- Deixou um pedaço do seu coração lá fora? - ele perguntou, em um inglês capenga.
deu um sorriso triste.
- Deixei todo o meu coração lá fora.
Ele assentiu, pensando por alguns instantes, depois disse que podia doer, às vezes, mas que mudanças geralmente eram coisas boas.
- Eu sei. - a garota respondeu, olhando o céu escuro, pela janela.
Gregório não tornou a falar, então ela encostou a testa no vidro, e ficou pensando no que deixaria em Los Angeles, e em como seriam as coisas dali para frente. Quando deu por si, já haviam decolado há um bom tempo, e seu simpático vizinho de assento dormia com o rosto virado para o lado dela e a boca levemente aberta.
olhou o relógio: 2:10h da manhã. Duas horas e quarenta minutos já tinham se passado, ainda faltavam mais doze até a parada em Melbourne.
Ela colocou os fones de ouvido, e ligou o iPod. Mayday Parade e sua "You be the Anchor" quebraram o silêncio, e a música mais depressiva do mundo era tudo o que ela precisava, naquele momento. O Sr. Shuffle certamente sabia das coisas.
suspirou, e fechou os olhos.
- - - - - - - -
Acordou com cutucões no ombro, e esfregou os olhos.
A primeira coisa que fez foi olhar o relógio, que marcava dez para o meio-dia. Olhou pela janela, e o céu ainda estava escuro. Franzindo as sobrancelhas, olhou o relógio outra vez. Nove para meio-dia.
- Esse negócio de fuso-horário bagunça a cabeça da gente, não é? - ouviu, e deu um pulo, assustada. - Agora são quase seis da manhã de Segunda-Feira, aqui. Tecnicamente, você dormiu mais de um dia inteiro, mesmo que na realidade estejamos voando há apenas doze horas. - o olhou. Era o italiano simpático do inglês capenga. Como era mesmo o nome dele? Giuseppe? Giovanni? Não.... Gregório, sim - Desculpe te acordar, mas achei que talvez você quisesse comer alguma coisa antes de pousarmos.
Ela negou, agradecendo em seguida.
Notou que ainda tinha os fones do iPod, mas som nenhum saía deles. Provavelmente o aparelhinho ficara sem bateria. Deveria tê-lo carregado antes de sair de casa. Tirou os fones, guardando o iPod no bolso, e colou o rosto na janela outra vez.
Ela passou o tempo alternando-se entre conversar com a dupla de italianos ou olhar as nuvens no lado de fora. Olhava o relógio, vez ou outra, mas saber que horas eram nos Estados Unidos não ajudava muita coisa.
Não soube quanto tempo exatamente havia passado desde que acordara, mas o céu já estava claro quando uma voz feminina surgiu nos autofalantes, avisando aos passageiros que o avião já se aproximava do Aeroporto Tullamarine, além de informar as condições climáticas, e outras coisas nas quais não prestou muita atenção. Apenas afivelou o cinto, e se preparou para a aterrissagem.
Pousaram em Melbourne às 7:55h da manhã, horário local. Ela pegou sua mochila, e acompanhou os vizinhos de poltrona para fora do avião. Quando pisaram na sala de desembarque, Gregório parou de andar.
- Você está indo para Sydney, certo?
Ela assentiu, fazendo uma careta.
- Não aguento mais voar. Acho que vou beijar o chão quando chegar lá.
O outro italiano - Lorenzo - riu.
- Bem, nós ficamos por aqui. Espero que você esteja se sentindo melhor. - ele disse, e a garota balançou a cabeça afirmativamente. - Boa sorte no seu estágio.
- Boa sorte na reunião. Arrivederci! - ela fez outra careta, e riu - Falei certo?
- Si! - os dois responderam juntos, sorrindo animados - Sim, bela, está certo. - Lorenzo continuou - Arrivederci.
O tempo em que se distraíra com os dois rapazes, tanto durante o vôo quanto no desembarque, havia sido de certa forma proveitoso, mas agora que estava sozinha novamente, voltava a pensar em tudo que havia ficado nos Estados Unidos. Os olhos começaram a arder, e ela sentiu aquela mesma dorzinha no peito e vontade de chorar de quando deixara as amigas no aeroporto de L.A.
Balançou a cabeça para afastar os pensamentos, e ouviu o ronco do próprio estômago, decidindo que era hora de comer alguma coisa.
Ela andou a esmo pelo saguão, parando na primeira cafeteria que encontrou pelo caminho. Pediu um cappuccino e pretzels, e se sentou à uma mesinha no canto, olhando o grande relógio pendurado na parede. Eram oito e meia, o que significava que ela ainda tinha uma hora livre, antes de pegar o avião para Sydney. Talvez fosse bom dar algum sinal de vida, pensou, ligando o iPhone.
No outro lado do mundo ainda eram duas da tarde de domingo, e, se ela bem conhecia e , as duas ainda estariam dormindo.
Optou ligar para a primeira, já que não ficava muito amigável quando era acordada. Digitou os números, tendo alguns problemas para lembrar os códigos e tudo mais, e após algumas tentativas falhas, finalmente conseguiu completar a ligação. Um, dois, três toques. Mais um. Mais um.
já estava quase desistindo, quando a amiga atendeu.
- Tá bom, tá bom, já acordei. - resmungou, no outro lado da linha, com voz de sono.
- Aqui quem fala é sua vadia preferida, diretamente do futuro. - ela respondeu, risonha.
Silêncio.
- O quê? - a outra perguntou, depois de um tempo.
- Na Austrália já é Segunda-Feira, então estou te ligando do futuro. - falou, a voz mostrando tédio. Ela mordeu um pretzel, e mastigou devagar.
Mais um instante de silêncio. Aparentemente já tinha acordado, mas os neurônios ainda não.
A garota rolou os olhos.
- Ô idiota, fala alguma coisa, ligação internacional é cara, sabia?
- ? - arriscou, sem muita certeza.
- Não, besta, Marty McFly!
- Marty Mc.... Puta que pariu! ? OH MEU DEUS, SUA VACA, QUE SAUDADE! - ela berrou, no outro lado da linha, parecendo finalmente ter acordado - , , acorda! Acorda, é a ! Ela já chegou! Acorda bicho-preguiça!!!!!
riu da animação da amiga.
Elas trocaram palavras rápidas, e logo se despediram, antes que a garota pisasse em Sydney já falida. Ela terminou de comer, pegou suas coisas, e rumou ao portão de embarque.
O trajeto entre Melbourne e Sydney foi consideravelmente mais rápido, mas muito - MUITO - menos agradável, uma vez que, ao invés de italianos lindos e simpáticos, seus companheiros de vôo agora eram uma velha chata e seu neto chorão.
Pousaram no Aeroporto Internacional Kingsford Smith por volta de onze da manhã, e, apesar de ter sido uma brincadeira com Gregório e Lorenzo, realmente quis beijar o chão, quando desceu da aeronave. Mais cinco minutos lá dentro, e ela daria um motivo verdadeiro para aquele garoto chorar.
Ela pegou sua bagagem, amontoando com certa dificuldade as duas malas enormes em um carrinho só, e puxou suas bugigangas como pôde através do portão de desembarque. Parou e olhou em volta, meio perdida, até ler seu nome em uma folha de papel que era segurada por um rapaz. Ele era jovem, tinha cabelos e olhos claros, vestia um terno escuro riscado, e também olhava em volta. Quando notou a garota andando em sua direção, guardou o papel no bolso, e foi até ela.
- ? ? - perguntou.
- Sim...
Ele sorriu, animado.
- Sou Noah Davis, gerente do Observatory. - disse, num forte sotaque australiano - Bem-vinda a Sydney!
Capítulo 16 - Sydney, AUS
A vida na Austrália era muito diferente da rotina de Los Angeles, mas de um jeito agradável.
Apesar dos australianos serem muito amigáveis, contudo, ainda não conhecia muita gente além do pessoal do hotel. Dentre os funcionários, seu preferido era Noah Davis - o melancólico viúvo de vinte e cinco anos que gerenciava o Observatory.
Eles haviam desenvolvido uma forte amizade durante as primeiras semanas de em Sydney - enquanto Adam ainda resolvia suas questões nos Estados Unidos e ela não tinha muito para fazer, já que as aulas e o estágio ainda não haviam começado.
Desta forma, desde que se instalara no hotel, acordava às sete da manhã todos os dias, e acompanhava Noah - e sua filha de cinco anos, Abigail - até Manly Beach. Enquanto o rapaz surfava, ela tirava fotos dele e da paisagem, e brincava com Abbie, que adorava fazer castelos de areia.
Aquele momento de descontração era ótimo para todos os três, e rapidamente havia se tornado um hábito diário, mantido mesmo com a chegada de Adam, que sempre se juntava a eles quando não estava viajando.
Ah, sim. Adam Sherwood.
Quase dois meses já haviam se passado desde que se mudara para a Austrália, e ainda não sabia como deveria se sentir toda vez que pensava nele.
Desde o primeiro dia, notou-se que havia algo estranho entre eles, e não demorou muito para que passassem a primeira de várias noites juntos. Sempre acabavam na mesma cama quando bebiam.... E, bem, costumavam beber bastante.
Não era apenas um casinho qualquer, disso ela sabia, mas também não era como se tivessem qualquer tipo de compromisso. Eram mais que amigos com benefícios, entretanto, não chegavam a ser namorados. Não pediam permissão para nada, tampouco davam explicações um ao outro. Moravam no mesmo lugar, mas não juntos.
E ela o amava, mas não estava apaixonada.
- Um dólar por seus pensamentos. – Noah chamou a atenção da garota, revezando o olhar entre ela e a estrada enquanto dirigia de volta para Sydney. Abbie cantava alguma coisa da Demi Lovato (ou Selena Gomez... Ou Taylor Swift, realmente não saberia dizer, detestava todas elas igualmente) e olhava pela janela, prestando atenção na paisagem.
- Não é exatamente difícil de saber, Noah... – ela riu.
- Adam?
assentiu.
- Ele me ligou de Roma ontem, avisando que chegará hoje no fim da tarde. Aparentemente a reunião com o avô dele correu bem. – ela franziu as sobrancelhas – O que ele tanto viaja nessas últimas semanas, huh?
- Não sei de nada. – o rapaz respondeu rapidamente, com uma risadinha que indicava que ele sabia de tudo.
- Vai, me contaaaaa! – reclamou, cutucando o braço do amigo.
- Eu não sei do que você ‘tá falando! – Noah respondeu, rindo, e ambos ficaram em silêncio por um tempo – Ele está bem diferente, sabe? O Adam.
- Também notei. – a garota comentou – Acho que ele finalmente percebeu que não temos mais dezesseis anos, e está escolhendo um rumo para sua vida.
Noah assentiu, com um sorriso.
- Se ele finalmente está tomando jeito, boa parte é graças a você. – disse, divertido, e riu.
Já chegava perto das nove da manhã quando deixaram Abigail na escola, e se dirigiram novamente ao hotel, onde subiu para o quarto e Noah iniciou seu dia de trabalho.
A garota passou o dia mexendo nas fotos que havia tirado na praia e trabalhando num álbum de um evento que havia feito no fim de semana, e, quando notou, já eram duas da tarde. Ela pegou os óculos de sol, a bolsa e o celular, e desceu para o Hall do hotel, encontrando Noah lá, parecendo bastante ocupado.
- Posso buscar a Abbie na escola hoje? Queria levá-la para tomar sorvete.
- Você só pode ser uma bruxa. – ele respondeu, erguendo os olhos do amontoado de papéis que analisava, parecendo espantado e aliviado ao mesmo tempo – Eu não poderei ir buscá-la, e ia agora mesmo te pedir para fazer isso por mim, mas achei que você iria trabalhar hoje.
- É, eu só vou dar uma passada rápida na revista, mas até as três já estou liberada.
- Tudo bem, então. Divirtam-se, e não mate minha filha de overdose de sorvete de chocolate. – Noah disse, já com o olhar novamente nos papéis, e deu a língua.
- Você sabe que o preferido dela é flocos. – ela respondeu, divertida, antes de sair.
O tão sonhado estágio que a havia levado até Sydney era na Triple J Magazine, uma revista jovem focada em música e cultura popular. cobria shows, festivais e eventos que aconteciam na cena musical de Sydney e região, e, apesar de ser diferente do que estava acostumada, ela adorava aquilo.
Não era uma Rolling Stone da vida, é claro. Triple J era uma revista pequena e cheia de falhas, mas comparado aos fins de semana horríveis cobrindo casamentos e festas de debutantes nos Estados Unidos, aquele estágio era o paraíso. Sem contar que ali já era quase verão, ou seja: Homebake Festival, com Jet, The Vines, Short Stack, Kaiser Chiefs, CSS, Jarvis Cocker, The Killers e várias outras bandas. Seria o primeiro evento realmente grande onde trabalharia, e uma ótima preparação para o Soundwave, no começo do ano seguinte. mal podia esperar.
Ela ainda pensava naquilo quando, uma hora mais tarde, parou em frente à escola de Abigail.
- Oi, tia ! – a menina veio correndo até ela, que se abaixou para abraçá-la.
- Oi, meu bem. Como foi a aula? – perguntou, apertando o nariz da criança.
- Legal. – Abbie deu de ombros – David comeu chocolate demais na hora do almoço, e vomitou bem no meio da aula. Sujou a sala todinha, foi demais!
- Que... Interessante. – respondeu, incerta, e balançou a cabeça – Escuta, ‘tá afim de tomar um sorvete?
Os olhos de Abigail se iluminaram por um instante, depois foram tomados por um olhar confuso.
- É meu aniversário?
riu.
- Não que eu saiba.
A garotinha pensou um pouco, depois, com uma careta, apontou o dedo no rosto da mais velha, acusadoramente.
- Você está indo embora, não está?
- O quê?
- Papai disse que você mora na América, que não é daqui e não vai ficar aqui pra sempre. Você está indo embora, não é? Pode me falar se for isso, já estou acostumada.
abriu e fechou a boca algumas vezes, sem saber o que dizer. Aquela menina era desconfiada demais para uma criança de cinco anos.
- Bem, eu realmente não sou daqui, nem sei quanto tempo vou ficar, mas não estou indo embora. Só quero te pagar um sorvete, deixe de ser tão malvada comigo! – resmungou, dando um tapinha na nuca de Abbie, e as duas riram.
Elas foram de mãos dadas até a sorveteria, no outro lado da rua, e fizeram seus pedidos, sentando-se a uma mesinha na calçada em seguida.
Abigail já tinha sorvete nas mãos, no cabelo e no nariz, enquanto apenas brincava com o conteúdo de sua taça, empurrando-o para cá e para lá com a colher. A garotinha bufou, e limpou as mãos com um guardanapo, entrelaçando-as e apoiando o queixo ali.
- Pode falar.
ergueu o olhar para a garota.
- Falar o quê
Abbie rolou os olhos.
- Aquilo que você quer falar, que te fez ir me buscar na escola e tentar me comprar com sorvete. – abriu a boca para contestar, mas a garota continuou – Estamos só nós duas aqui, não se preocupe. E eu não vou contar pra ninguém, será uma conversa de mulher para mulher.
Aquilo fez a mais velha rir.
- De mulher para mulher?
- É.
permaneceu em silêncio por bom tempo, e Abbie pareceu se cansar daquilo.
- Você não me chamou aqui pra conversar? Não quer falar nada? Não tem nada para falar?
- Não. – a outra deu de ombros.
- Então eu falo. – a pequena pigarreou, e acrescentou num tom de voz mais baixo, meio sem graça, meio curiosa – Você vai casar com o meu pai?
, que estava com a primeira colherada de sorvete a meio caminho da boca, derrubou tudo em si mesma, manchando sua blusa branca. Ela tossiu, e começou a se limpar freneticamente, revezando o olhar entre a garotinha à sua frente e a sujeira que havia feito.
- O quê? Não!
- Então você vai casar com o tio Adam. – Abbie continuou, num tom óbvio.
- Abigail, de onde você tirou isso? – a olhou, chocada – Eu não vou casar com ninguém, por que você está dizendo essas coisas?
A pequena deu de ombros.
- Tio Adam foi lá em casa antes de viajar. Depois que ele foi embora, papai veio falar comigo, e perguntou o que eu achava de você. Ele estava feliz, então eu achei que era porque ele gostava de você. – ela apertou os lábios, em dúvida – Eu sinto saudades da minha mãe, mas você é legal, pode ir morar com a gente lá em casa, se quiser.
riu.
- Eu não gosto do seu pai, querida. Não desse jeito. – deu de ombros – E ele também não gosta de mim assim, somos só amigos. Agora, já que você falou no Adam...
- Ahá! – Abbie bateu palmas, e apontou o dedo no rosto da outra, com um sorriso vitorioso – Sabia que você queria falar sobre alguma coisa, ninguém dá sorvete para uma criança em dia de semana sem querer nada em troca!
A mais velha riu, e cobriu o rosto com as mãos, sem jeito.
- Ok, você venceu. Quando foi que ficou tão esperta, mocinha?
- Nasci assim. – Abbie respondeu, dando de ombros. – O que tem o tio Adam?
- Você não acha que ele está estranho?
- Ele está trabalhando, isso já é bem estranho.
fez uma careta.
- Além disso. Você acha que ele está aprontando alguma coisa?
A garotinha saltou da cadeira, arrumando os cabelos loiros, e ajeitou as alças da mochila nos ombros.
- Ele sempre está aprontando alguma coisa. – disse, por fim - Vem, podemos continuar essa conversa enquanto você me paga uns chocolates.
- Sua monstrinha interesseira! – resmungou, divertida, enquanto a menina a rebocava pela calçada
Nada do que ela e Abigail pudessem ter conversado naquela tarde, contudo, a prepararia para o que estava por vir.
Assim que pisou no hall do Observatory, por volta das seis da tarde, sentiu que havia algo diferente. Havia um certo clima de ansiedade no ar, e os funcionários a olhavam de forma quase perturbadora.
- O que está havendo? – perguntou, assim que se juntou a Noah, no balcão da recepção.
- Como assim? – ele devolveu com outra pergunta.
- Todo mundo está me olhando estranho. – ela resmungou, fazendo cara feia para uma das recepcionistas, que a encarava sem nem disfarçar.
- O mundo não gira ao seu redor, . Se estão te olhando estranho, deve ser porque você está cor de rosa. – Noah respondeu, apontando distraidamente para a mancha de sorvete na blusa branca da garota.
fez uma careta, olhando para a própria roupa.
- Certo, vou para o meu quarto trocar isso.
- Seria bom. – ele disse, ocupado com algo no computador – Talvez você devesse tomar um banho também, está fedendo a café e tutti-frutti, é uma mistura bem estranha.
- E você é encantador. – ela respondeu, mostrando-lhe o dedo do meio enquanto se afastava.
Noah riu.
- Eu sei, minha esposa dizia isso o tempo todo.
Quando a garota abriu a porta do quarto, havia uma caixa relativamente grande com um bilhete sobre a cama. Ela primeiro leu o pedacinho de papel com a letra de Adam.
“Como prova de que estive o tempo todo pensando em você, um presentinho da Itália. Vista-o hoje à noite, vou te buscar às oito. Jantar importante, fique bem bonita. xx”
Deixando o bilhete de lado, abriu a caixa, ansiosa, e tirou de lá um vestido curto, vermelho.
Na verdade, não era apenas um vestido normal, estava mais para deus dos vestidos, na opinião da garota.
Era um Valentino.
- Oh, meu Deus.
Abraçada ao vestido, ela ficou andando em círculos por um tempo, imaginando o que havia feito para ganhar um presente daqueles. Depois parou no meio do quarto, e fez uma careta.
Talvez ela não tivesse feito nada, e sim Adam. Talvez ele estivesse indo embora, e aquele fosse um presente de despedida.
Quer dizer, até fazia sentido, pensando bem. Adam havia ficado dois meses inteiros na administração do hotel, e isso era mais do que ele já havia trabalhado em toda a sua vida. não estranharia se ele tivesse ido até Roma só para avisar o avô de que brincar de administrador havia sido divertido, mas que agora ele iria atrás de uma ilha paradisíaca qualquer para surfar por uns tempos. Provavelmente algum lugarzinho no Havaí, ou na Indonésia, ou qualquer outro lugar onde fosse possível encontrar boas ondas, bons drinks e boas garotas.
Já se preparando para o tal “jantar importante”, a garota tomou um longo banho e secou os cabelos, prendendo-os numa trança. Em seguida, enfiou-se no vestido vermelho, fez uma maquiagem básica, e escolheu sapatos e acessórios que combinassem. Às oito e vinte, ouviu batidas na porta.
- Você está atrasado. – disse, abrindo a porta para Adam.
- E você está incrível. – ele respondeu, beijando-lhe o rosto. Segurou a garota pela mão, e a fez dar uma voltinha. – A vendedora me disse que você ficaria ainda mais linda nesse vestido, e eu achei que não fosse possível.
- Cantada barata... – disse, dando a língua enquanto saía do quarto.
Adam, que a seguia para o corredor, deu uma risada.
- Barata? É um Valentino!
- Vestido caro, cantada barata. Você é um pedreiro muito rico, Adam, só isso. – ela falou, divertida, já chamando o elevador.
Quando chegaram ao Hall do hotel, teve uma surpresa. Os pais de Adam os aguardavam ali.
Juntos.
Eles haviam se divorciado há quase dez anos, e um mal conversava com o outro. Aquilo apenas confirmava as suspeitas de que Adam provavelmente estava indo embora.
- , que prazer! – Peter Sherwood, pai do rapaz, se adiantou para cumprimentá-la.
- Tudo bem, Sr. Sherwood? – perguntou, apertando a mão dele.
Antes que o homem pudesse responder, Martha – a mãe – se aproximou dos dois, envolvendo a garota num abraço caloroso.
- Como vai, querida? – perguntou, sem a soltar.
- Bem. – respondeu – Surpresa, na verdade. Não esperava visitas, ainda bem que acabei de ganhar um vestido novo.. – as duas mulheres riram – Você já sabia disso, Adam?
O rapaz apenas deu de ombros, cumprimentando o pai com um aperto de mão e a mãe com um beijo no rosto.
- Vamos comer? Tô cheio de fome. – disse, indicando o restaurante a todos.
- Um perfeito gentleman, esse meu filho. – Martha resmungou, e riu.
Uma mesa relativamente grande fora arrumada para eles, num espaço reservado próximo à janela. Alguns convidados já estavam acomodados lá, entre eles Noah Davis e sua filha Abbie – que, extremamente fofa num vestido cor de rosa, acenou animadamente – e algumas pessoas que não conhecia, mas pareciam amigos da família.
O jantar foi tranquilo e divertido. estava sentada entre Abbie e Martha – de frente para Adam – e passara a noite toda cochichando com a garota, às vezes opinando na conversa das mulheres, e fazendo piadinhas sobre o papo de negócios dos homens.
Assim que a sobremesa foi servida – com direito a uma careta de Abigail para seu vol-au-vent de frutas vermelhas e um “cadê o sorvete?” resmungado – Adam deu duas batidinhas com o garfo em sua taça, chamando a atenção de todos.
- Primeiramente, gostaria de agradecer a presença de vocês. Algumas pessoas fizeram uma longa viagem, - ele ergueu a taça na direção do pai e da mãe – e essa é uma noite importante para mim, então obrigado por estarem aqui.
- Ai, fala logo! – Abbie reclamou, cutucando a framboesa de seu prato com um garfo – Eu adoro uma fofoca, e meu pai logo logo vai dizer que está na hora da gente ir embora.
Noah, muito sem graça, deu um cutucão na filha, mas os outros apenas riram da espontaneidade da garota.
- Certo, Abbie. Por você, e só por você, minha princesa, vou cortar meu discurso pela metade. – Adam piscou para a menina, rindo – Enfim, como a maioria de vocês já sabe, eu acabei de voltar de uma viagem à Itália, e posso dizer para todo mundo aqui que finalmente tomei um rumo na vida. – disse, e bufou, divertido, ao ouvir os assovios e a comemoração dos amigos – Sim, sim, finalmente virei gente, eu sei que já estava na hora. Estive em reunião com o meu avô, em Roma, e é com orgulho e imensa satisfação que eu anuncio a você, Noah, e aos demais colaboradores desse hotel maravilhoso, que assumi permanentemente a administração do Observatory. Agora vocês não se livram mais de mim. – completou, divertido, erguendo a taça.
Eles brindaram, e houve muitas piadinhas sobre Adam finalmente estar virando um homem de verdade, tomando responsabilidade e assumindo compromissos como adulto.
- Falando em compromissos, - o rapaz continuou, após beber um gole de seu champagne – a vida é muito curta, vocês não acham? Quer dizer, estou com vinte e três anos, e tenho esse hotel inteiro para mim – disse, erguendo os braços vagamente – mas e se eu morrer semana que vem, ou sei lá?
- Adam! – sua mãe brigou, chocada com o rumo da conversa.
- Sei lá, mãe, pode acontecer. – Adam brincou, mandando um beijo para ela – O que eu quero dizer é que grandes poderes exigem grandes responsabilidades...
- Tá legal, Spiderman. – disse, e ele riu.
- Cala a boca, . – apontou para ela, que lhe mostrou o dedo enquanto cobria os olhos de Abbie com a mão livre - Enfim, como eu estava dizendo antes da chata no vestido vermelho me interromper, - o rapaz prosseguiu, com uma careta engraçada - grandes poderes realmente exigem grandes responsabilidades; eu estava pensando nisso ultimamente. Minha vida é ótima, mas não adianta eu ter tudo isso se não tiver com quem compartilhar. – como ninguém disse nada, ele continuou – Aprendi muito nesse último ano, e acho que estou pronto para começar minha própria família.
- Família? – Martha franziu as sobrancelhas – Querido, você vai se casar?
- Sim, mãe, é a intenção. - Adam sorriu – Eu quero me casar.
gargalhou.
- Tá, e quem é a maluca? – perguntou sem pensar.
Todos a olharam, estranhando.
- Você, ué. – Adam respondeu, com simplicidade.
A garota viu uma caixinha preta ser aberta à sua frente, revelando um anel de ouro com uma pedra grande que ela não reparou muito qual era, e então tudo ficou escuro.
Capítulo 17 - Boston, MA
John e Kennedy estavam largados em suas respectivas camas no quarto 315 do The Lenox, enquanto Jared tomava banho. Era o último dia da turnê de um mês e meio com o Boys Like Girls, e já estavam todos um pouco cansados e com saudade da família.
Mais do que todos, John queria muito voltar para casa.
Kennedy estava deitado confortavelmente. Ele tinha o laptop no colo, e postava qualquer coisa no Twitter, aproveitando o tempinho livre para atualizar os fãs e responder algumas perguntas.
O vocalista, por sua vez, estava sentado na beirada de sua cama, com os pés no chão, e um caderninho de capa preta apoiado nas coxas. Havia comprado aquele caderno na primeira parada de turnê, em New York, e desde então o amontoado de folhas presas em um espiral de plástico havia se tornado seu melhor amigo.
Quando não estava fazendo shows, nem dormindo, John escrevia.
E escrevia.
Sobre tudo e nada, basicamente. Grande parte eram poemas, ou letras de músicas que provavelmente nunca conheceriam a luz do dia. Era tudo melancólico demais.
A maioria nem fazia sentido, na verdade. Ele apenas escrevia porque o fazia se sentir melhor. Liberava uma frustração que John nem sabia existir dentro de si, e ele se sentia mais leve. Mais livre.
E estando mais livre, ele pensava melhor. Na banda, na família que deixara no Arizona, nos amigos que havia feito pela estrada. Em alguém que estava muito, muito distante.
- Licença, gente, to chegando. – Garrett anunciou, adentrando o quarto sem cerimônia, com o celular em uma mão e uma lata de Coca-Cola na outra.
Kennedy ergueu o olhar da tela de seu laptop por dois segundos.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou, voltando a digitar freneticamente.
- acabou de chegar, e se instalou no nosso cafofo – disse, referindo-se ao quarto que dividia com Pat – Ela foi tomar banho, e Pat decidiu que ela precisava de um par de mãos extra para se ensaboar, se é que vocês me entendem, então eu saí de lá antes de começar a ouvir o que eu não queria. – concluiu, atirando-se de bruços na única cama livre do quarto, que pertencia a Jared. – Sério, aqueles dois não se desgrudam pra nada, ficar perto deles me dá até vontade de vomitar.
John nem prestava atenção, com os olhos presos no caderno e uma caneta girando entre os dedos. Ele escrevia, riscava, escrevia, riscava, escrevia, e riscava novamente. Vez ou outra levava a ponta da caneta aos lábios, pensativo, ou coçava os cabelos, e depois voltava a fazer anotações.
- ... Coisa errada à garota certa - murmurou lentamente para si, enquanto escrevia. Parou para observar o que havia feito, e balançou a cabeça - Diversão... Diversão? – fez uma careta, e riscou a palavra – Diversão não, aventura... Caso? – pensou mais um pouco, e rabiscou algumas coisas no papel - Fiz a coisa errada à garota certa, blábláblá... Eu era estúpido - escreveu - e burro, não...
- Na verdade você fez a coisa certa, a garota é que era a errada. – Garrett opinou.
John parou, e ergueu o rosto, surpreso pelo amigo estar ali. Parecia não ter notado a presença dele no quarto até aquele momento.
- Sério, quando você vai parar de escrever músicas e poemas para a ? Ela não tinha nenhuma intenção de continuar com aquilo, e teve a decência de deixar bem claro desde o começo. – o baixista fez uma careta – Ok, não desde o começo, mas ela te deu a oportunidade de pular fora enquanto ainda era tempo.
John franziu a testa.
- Mas eu não...
- Eu acho que essa fase depressiva do John é ótima para a composição. Ele tem criado coisas incríveis. – Kennedy se meteu, jeitoso como só ele, enquanto fechava o laptop e o colocava no criado-mudo – Um coração partido é o maior segredo dos melhores compositores do mundo. Ele eventualmente vai superar, e nós saímos dessa com músicas ótimas para o novo álbum.
O vocalista fechou o caderno com força, e bufou.
- Eu não tenho um coração partido, nem estou escrevendo músicas para a !
- Ah, não? – Garrett levantou da cama, indo até John e pegando o caderninho de suas mãos. Abriu em qualquer lugar, e voltou algumas páginas - Estou numa viagem, não consigo sair, não consigo esquecer - virou mais algumas páginas - Você diz que não me quer, eu acho que você é uma mentirosa... – a cada folha que Garrett virava, os olhos verdes de John ficavam mais arregalados - Eu ainda lembro o gosto dos seus lábios... Hm, vamos ver... O que eu posso fazer pra você ficar? Isso é bastante profundo... – correu os dedos pela página, procurando algo específico – Cadê, cadê, cadê...? Ah, aqui, minha preferida! Amantes perdidos no espaço, estamos procurando nossa salvação. – balançou o caderno na frente do outro – Amantes no espaço procurando salvação? Sério?
John arrancou o caderno do baixista, um pouco constrangido, e visivelmente furioso.
- Você andou mexendo nas minhas coisas, Garrett?
- Isso não vem ao caso. – ele respondeu – Meu ponto aqui é que...
- Que porra você acha que está fazendo? – o vocalista aumentou o tom de voz, apertando o caderno com tanta força que as veias de seu braço ficaram mais salientes – Ainda não estão terminadas, é particular!
Jared saiu do banho com uma toalha enrolada na cintura, e sentiu o peso do clima. John e Garrett pareciam tão bravos que seus olhos praticamente faiscavam.
- O que tá pegando, gente? – o ruivo perguntou, confuso.
- Vou tomar banho. – o mais alto anunciou, sem olhar Garrett, agitando um caderno na mão direita – E estou levando isso comigo! – entrou no banheiro batendo a porta, despiu-se, ligou o chuveiro, e ficou lá por um bom tempo.
- - - - - - - -
- O quê? – perguntou, andando em círculos no minúsculo banheiro do camarim da The Maine no Showcase Live de Boston. Ela mexia nos cabelos enquanto falava com ao telefone, incrédula a respeito das novidades que a amiga trazia – E o que você respondeu?
- Que eu precisava pensar... - a voz da garota soou incerta no outro lado da linha.
- Pensar? O cara te pede em casamento e você diz que vai pensar?
- Na verdade eu desmaiei e acabei não falando nada na hora mas--
- , escuta. Não, não, me escuta! – aumentou o tom de voz até a outra parar de falar – Você não tem que pensar, você tem que dizer não.
- Bom, eu ainda não sei o que vou responder...
- Sabe sim. É um grande. E gordo. NÃO. – disse, pausadamente – Qual é, , é do Adam que estamos falando, ele não faz planos pra nada! Daqui a seis meses ele só vai lembrar que te pediu em casamento se você socar a cara dele usando o anel de noivado!
- Você está exagerando, . - resmungou - Adam mudou. É sério, ele está diferente, mais responsável. Ele está até trabalhando!
- Oh, meu Deus, é o fim do mundo! – ela brincou, e afastou o aparelho do ouvido quando começou a gritar – Ok, desculpe, vou falar sério agora, mas minha opinião continua a mesma. Você não o ama, e será infeliz se levar isso adiante.
- Oh, wow, obrigada pelo apoio.
suspirou.
- Eu te amo e não quero que você se machuque, só isso. Além do mais, e o John?
ficou em silêncio por uns instantes.
- O que tem ele? - perguntou, por fim.
- Está miserável, é isso que tem ele. – soltou uma risada irônica no outro lado da linha, fazendo-a bufar. – Olha, eu não devia estar te dizendo isso, mas conversei com o cara por quinze minutos e já percebi que não é o mesmo John que eu conheci na Warped.
- E você está vestindo sua camiseta Team O’Callaghan enquanto me diz isso, certo?
- Ai, sua idiota, realmente não tem como conversar com você né? – resmungou, fazendo caretas para o espelho, depois abrandou o tom de voz – Pense mais um pouco, e a gente discute esse assunto de novo mais tarde, tá? Meu namorado vai subir ao palco a qualquer momento, e eu ainda não dei o beijo de boa sorte.
Elas se despediram, e guardou o BlackBerry no bolso outra vez. Ela abriu a porta e saiu do banheiro, deparando-se com todos os rapazes olhando dela para John, que tinha o olhar fixo no interior de seu copo vermelho.
- Ai, vocês ouviram tudo, não ouviram? – perguntou, sem graça.
- É, tanto faz. – John levantou do sofá, e bebeu todo o conteúdo do copo de uma vez só, fazendo uma careta em seguida – Vamos nessa pessoal, temos um show para fazer. – largou o copo vazio na mesinha de centro, e saiu do camarim, sendo seguido pelos garotos, um por um.
Por fim, restaram apenas Pat e no camarim.
- Eu sou muito sem noção, né? – a garota choramingou, fazendo um biquinho.
- Não se preocupe, ele vai ficar bem. – Pat disse, puxando a namorada para si – John ainda não admite que ficou triste por ter ido embora, o que está mais do que óbvio para todo mundo. – deu de ombros – Acho que ele não está acostumado a gostar de alguém assim. Rejeição, então, nunca ouviu falar. Mas vai ficar tudo bem.
se encolheu no abraço.
- Você acha?
- Eu sei. Agora cadê meu beijo de boa sorte? – aproximou o rosto da garota, que uniu os lábios com os dele por um instante – Mais um. – Pat fez bico, fechando os olhos. riu, e repetiu o gesto – Mais um. Mais um.
Depois de vários beijinhos, eles trocaram um abraço apertado.
- Vamos, ou você vai se atrasar. – a garota disse, cutucando o namorado nas costelas.
- Eu não ligoooo.... – Pat cantarolou, voltando a apertá-la contra si – Estou feliz por você estar aqui. Mais feliz que eu estive esse mês inteiro.
- Estou feliz em estar aqui. E a gente ainda tem mais dois dias inteiros de pura felicidade, então vamos fazer com que você não seja morto pela sua banda esta noite, sim? – ela riu, e o empurrou para fora do camarim.
Foram andando de mãos dadas até a entrada do palco, onde o resto da banda já esperava pelo baterista. Pat deu um selinho na namorada, e se juntou aos garotos na rodinha de aquecimento para o show.
Whoa ah oh ah oh ah oh ah ohh ah oh oh!
Whoa ah oh ah oh ah oh ah ohh ah oh oh!
One, two, one two three four!
We like to party
We like, we like to party
We like to party
We like, we like to party
We like to party
We like, we like to party
We like to party
We like, we like to party
Whooooooooooooooooooa!!!
os observou pularem e baterem palmas enquanto cantavam aquela música brega dos Vengaboys, e riu. Aqueles garotos eram incríveis, e ainda fariam muito sucesso, ela tinha certeza.
Kennedy foi o primeiro a subir ao palco, seguido de Pat, Garrett, Jared, e, por fim, John. O vocalista já tinha um novo copo vermelho em mãos, de onde bebeu um longo gole antes de começar I Must Be Dreaming, sob os gritos da multidão de jovens barulhentos na plateia.
A música seguinte foi o cover de Pour Some Sugar On Me, e depois eles tocaram The Way We Talk e Count ‘Em One Two Three.
Se ainda havia algum clima ruim entre Garrett e John, ninguém saberia dizer. Eles interagiam bastante um com o outro, mas poderia ser apenas o profissionalismo... Ou o álcool nas veias do vocalista, que estava muito mais falante que o habitual.
Qualquer que fosse o motivo, contudo, a energia da banda estava incrível. Nem parecia que há apenas algumas horas estavam todos se matando no hotel.
, escondida entre as coxias, observando o show, sentia ainda mais a falta das amigas. Estar ali com tantas bandas que fizeram a Warped a fazia lembrar o verão incrível que passara com e , bebendo todos os tipos de álcool, respirando música e se divertindo como ninguém. Era uma droga que estivesse em Huntington Beach aproveitando a folga do All Time Low com Zack, e provavelmente estivesse planejando o maior erro de sua vida em Sydney, enquanto ela estava presa com um bando de rapazes – e duas garotas chatas – em Boston.
Elas deviam estar juntas, as três, como sempre. Aquilo simplesmente não estava certo.
Já no palco, a banda finalizava o show com uma música nova chamada Life Like This, que ironicamente falava de um amor fadado ao fracasso, ou algo assim.
Sob os gritos do público, os garotos deram espaço ao A Rocket To The Moon, e Pat veio dar um abraço na namorada.
- E aí, o que achou? – perguntou, ofegante e suado, mas feliz.
- Incrível, como sempre. – respondeu, com um sorriso, e recebeu um beijo no rosto.
Um pouco mais à frente, John tentava se secar com uma toalha branca, sem largar o copo que tinha em uma das mãos. Ele bebia um gole de tempos em tempos, fazendo careta depois. Garrett se juntou a ele, segurando uma toalha idêntica.
- Hey, Johno. – chamou, soando um pouco ansioso.
- Garrett. – o outro respondeu, após beber um gole do copo, olhando para ninguém específico.
- Sobre hoje mais cedo... Me desculpe, ok? Eu fui um idiota.
- Tudo bem. – John deu de ombros, enquanto eles se encaminhavam novamente ao camarim da banda.
- Não, é sério. – o baixista insistiu – Eu não deveria mexer nas suas coisas, e não tenho nada a ver com o jeito como você está lidando com essa história. Já passei por uma situação parecida, lembra? E como seu melhor amigo, eu estou preocupado, mas não vou mais interferir. Você sabe o que é melhor para você, e pode contar comigo e com os caras para qualquer coisa, ok?
John parou de andar, colocou a toalha sobre o ombro, e apertou o ombro do amigo com a mão livre.
- Eu sei. Obrigado.
Garrett se mexeu no lugar, ansioso.
- Então... Estamos bem?
- Sim, estamos bem.
- Legal.
Eles ficaram sorrindo um para o outro, parados no corredor, até Pat passar abraçado à , e dar um tapa na cabeça de Garrett.
- Vocês vão se beijar de uma vez, ou o quê?
Garrett pensou por um segundo, depois se lançou sobre John, tentando beijá-lo.
- Ah, vem cá, seu gatão! – ele gritava e mandava beijos enquanto agarrava John, que, rindo, pedia socorro e tentava afastá-lo.
Eles ficaram um tempo no camarim, trocando de roupas e tentando se fazer apresentáveis. Quando o show do ARTTM terminou, eles foram com a banda de Massachussets encontrar o VersaEmerge nos camarotes reservados para as bandas de abertura. De lá assistiriam a apresentação do Cobra Starship, e, por fim, do Boys Like Girls, banda principal da turnê.
O show do Cobra foi extremamente divertido. John, do Boys Like Girls, substituiu Nate na bateria, em algumas músicas, enquanto Blake gritava o nome de Gabe como uma fangirl louca, e Nick e Jared tentavam aprender com a coreografia de Guilty Pleasure, para que pudessem dançar quando a música fosse tocada.
Como as outras três bandas anteriores, tocaram apenas sete músicas, mas o set cheio de energia deixou o público numa expectativa ainda maior para o último show da turnê. Quando a banda de New York deixou o palco, e as luzes se apagaram, os jovens na pista foram à loucura. Grande parte deles estava ali pelo Boys Like Girls, afinal, Boston era a cidade natal deles.
Martin, Paul, Bryan e John entraram no palco, um por um, e o público ficou ainda mais barulhento. Fizeram uma pequena introdução com I Gotta Feeling, e começaram com Love Drunk, fazendo todos os presentes cantarem junto, animadamente.
A banda tocou mais oito músicas e deixou o palco, retornando alguns instantes depois com Heels Over Head no bis. Quando o ritmo diminuiu com, Thunder, John sentiu a presença de alguém ao seu lado, e suspirou.
Halvo bateu seu ombro de leve com o dele, e deu um sorrisinho.
- Como você está?
- Bem. – John respondeu, simplesmente, sem deixar de olhar o palco.
- Que bom... – Eric disse, mas não saiu do lugar.
Ele revezava o olhar entre o show e o rapaz ao lado, e isso já estava deixando John desconfortável.
Quando o BLG começou Someone Like You, John suspirou, rolando os olhos verdes.
- Desembucha, Halvo.
- O quê?
- Fala de uma vez o que você quer me dizer desde que parou aqui do meu lado e começou a me olhar feito um retardado.
O baixista deu uma risada sem graça.
- Não sou muito sutil, não é?
- Você não para de me olhar desde que o Boys Like Girls subiu ao palco – O outro deu um sorriso divertido – Achei que viria se declarar pra mim em Two Is Better Than One.
- Ah, bem que você queria, não é? – Halvo deu um empurrão no amigo – Quero falar com você sobre a garota...
- . – John corrigiu.
- Isso, quero conversar com você sobre . – Halvo repetiu – Pat me contou tudo.
- Bicha fofoqueira. – John resmungou.
- Ele está preocupado com você. Todo mundo está.
O mais alto bufou.
- Quantas vezes eu vou ter que dizer que estou bem? Estou ótimo, na verdade. – rolou os olhos – Ela foi embora porque quis.
O outro fez uma careta pensativa.
- Bem... Você não a pediu para ficar, exatamente, pediu? – John o olhou como se ele fosse louco, e Eric ergueu as sobrancelhas – Qual é, Johno, eu não a conheci o suficiente, mas vi vocês dois juntos na Warped, lembra? Se você tivesse manifestado o menor desejo de que ela ficasse, teria olhado nesses seus lindos olhos verdes e feito qualquer coisa que você pedisse!
- E você queria que eu dissesse o quê? “Olha, , eu não sei como isso vai funcionar entre a gente, mas por favor desista do seu futuro na Australia e fique aqui para a gente tentar se ver uma vez a cada dois meses ou mais!”?
Halvo pensou por alguns segundos.
- É... Mais ou menos por aí.
John deu uma risada sem humor.
- Tá, como se isso fosse acontecer. – balançou a cabeça – Aquele estágio era importante para ela, mais importante que eu.
- Agora você nunca vai saber. – a voz de Pat soou atrás dos dois. John olhou para trás, e o viu de mãos dadas com a namorada, ambos o olhando seriamente.
- Ela vai casar com o tal Adam, não vai? Pra mim isso já é um indício forte o suficiente. – abriu a boca para falar, mas John continuou – Não, gente, esse assunto está fora de discussão a partir de agora.
- Mas...
- Chega, eu não vou mais falar sobre isso. – John esfregou o rosto, cansado – está feliz em Sydney, eu vou tratar de ser feliz por aqui. – ouviram palmas e gritos lá embaixo, e depois o som foi diminuindo. O show havia terminado – Vamos, gente, vamos bater um papo com nossos incríveis fãs.
Naquela noite, John conheceu uma garota.
Hope era uma ruiva bonita, simpática e divertida, e tinha os olhos mais azuis e o sorriso mais branco que ele já vira na vida. Ela tinha ido até o cantor – com segundas intenções ou não, mas isso realmente não importava –, e não fora muito difícil conseguir o telefone dela, ou convencê-la de que uma visita ao confortável quarto 315 do Lenox poderia ser interessante.
E John tinha um sorriso nos lábios quando ajudou Hope a entrar na van da banda, com destino ao hotel.
Já havia convencido , Pat e todo mundo, podia convencer a si mesmo também.
E então ela não faria mais falta.
Capítulo 18 – Tempe, AZ
Pat estava sentado na beirada da cama de casal de seu quarto, inclinado sobre a namorada que ainda dormia, jogada de bruços ocupando praticamente todo o espaço da cama. Ele alternava beijos entre a nuca e os ombros da garota, chamando o nome dela suavemente. , por sua vez, nem se mexia.
- Inacreditável. – o rapaz resmungou, depois de um tempo – Eu aqui, cheio de amor pra dar, e você dormindo feito uma pedra. – inclinou-se mais sobre a garota, sussurrando em seu ouvido – . . Acorda, dorminhoca. , meu bem? Tá na hora de levantar.
A garota se remexeu na cama, mas não pareceu disposta a acordar. Pat rolou os olhos, depois se aproximou do ouvido da namorada outra vez, dando-lhe um beijo estalado ali.
Da cozinha, os Kirch ouviram um grito, depois o barulho de algo caindo, e por fim risadas.
- Patrick! – a mãe do garoto gritou, enquanto terminava de montar a mesa do café.
No instante seguinte, Pat e apareceram no alto das escadas, trocando cutucões e risadinhas.
- Bom dia, mãe. Bom dia, pai.
- Bom dia, Sr. e Sra. Kirch.
- Que barulho foi esse, filho? – a mãe perguntou, com uma careta, depois se virou para , sorrindo – Bom dia, querida. Dormiu bem?
- Se ela dormiu bem? Essa mulher não dorme, ela hiberna! – Pat rolou os olhos, e levou um cutucão da namorada – E além de tudo fica me agredindo, me derrubando da cama... Eu não mereço isso.
- Ah, coitadinhooo! – o abraçou rindo, e beijou-lhe a bochecha – Dormi muito bem, Sra. Kirch, obrigada.
- Garrett ligou. – o pai de Pat disse, depois de beber um gole de café – Disse que eles vão se atrasar, aparentemente algum deles ainda não está pronto. John, eu acho.
- Se tem alguém atrasado, certamente é o John. Jared e Kenny nunca se atrasam, e Garrett não gasta tempo nem pra tomar banho...
- Ew! – fez uma careta. – Mas isso é bom, assim eu tenho mais tempo de me arrumar. – disse, enquanto eles desciam as escadas e iam até a cozinha – O que eu devo vestir para hoje?
Pat a olhou como se ela tivesse duas cabeças.
- E como eu vou saber?
- Ai, besta. – a garota deu um tapinha no braço do namorado, e se sentou à mesa, já sendo recebida com uma xícara de café – Não sei quais são os planos.
- Se eu bem conheço esses garotos, vocês vão parar no meio do nada antes da hora do almoço... – Matt, irmão mais velho de Pat, disse erguendo ligeiramente os olhos do celular – Isso e pular de telhados são as atividades favoritas de todo mundo aqui, pelo menos até alguém quebrar um braço. – brincou, e o mais novo atirou-lhe um pedaço de pão no rosto em resposta. – Você sabe que é verdade, Pat, e também sabe que provavelmente vai ser o primeiro. Ou Garrett, aquele garoto também tem um parafuso solto.
deu uma risada.
- Como eu tenho todos os meus parafusos nos lugares certos, vou ficar longe dessas atividades loucamente radicais, obrigada. MAS – acrescentou, ao ver o namorado abrir a boca para responder – posso tirar fotos de vocês. Ou, você sabe, ligar pra Emergência, se necessário...
- Engraçadinha. – Pat resmungou, de boca cheia – Coloque qualquer coisa confortável, e leve outra muda de roupa na bolsa. – deu uma piscadinha, animado – Vai ser um dia incrível.
Se aquela era a visão de Pat de incrível, então ele precisava rever seus conceitos, a garota pensou, enquanto tentava se esconder atrás de um cacto particularmente grande. Até alguns minutos atrás ela estava adorando atirar em todo mundo; então John foi atingido, e Halvo e Garrett capturados, e ela ficara completamente sozinha contra Kennedy, Pat e Aaron naquele campo de batalha enorme. E agora que não tinha mais nenhum parceiro, aquela situação havia ido de diversão a terror psicológico. sentia como se estivesse em uma guerra, olhando para os lados freneticamente enquanto se esgueirava através dos arbustos e pelos carros abandonados, para dentro do galpão daquela fábrica desativada, nos limites de Phoenix, que agora servia como cenário de jogos de paintball.
Ela sabia que estava se metendo em encrenca por entrar naquele prédio sozinha, mas era a única opção. Aaron era ok, mas ela jamais aceitaria perder para Pat ou Kenny. Não mesmo.
Pensava naquilo enquanto se encaminhava para dentro do galpão mal iluminado, mas congelou ao sentir um marcador encostado bem no meio de suas costas. E um beijo no pescoço.
- Acho que você perdeu, meu bem. – Pat disse no ouvido dela, num tom divertido. – Kenny! Kenny! – chamou. Ao não obter resposta, franziu a sobrancelha – Kennedy?
avaliou rapidamente a situação. Provavelmente Pat e Kenny eram responsáveis por cuidar da própria bandeira e dos reféns, enquanto Aaron saía para procurar a do adversário. Eles tinham sido espertos em montar sua base num beco sem saída, mas eram muito ruins de estratégia. Aaron certamente seria pego em uma das armadilhas que John havia montado – antes mesmo de encontrar a bandeira inimiga –, e Kennedy não dava qualquer sinal de estar por perto, então ela tinha apenas que lidar com Pat. E sabia muito bem como lidar com ele.
- Parece que você me pegou. – virou-se para o rapaz, fazendo um biquinho engraçado.
- Kenny achou que você ia desistir assim que pegamos Garrett. Eu sabia que ele estava errado.
- Você me conhece melhor que ele, querido. – deu um sorriso provocante, e Pat a acompanhou – Já que o jogo acabou, o que você acha de procurarmos um lugar mais reservado para um tempinho a sós antes do almoço?
Patrick mordeu o lábio, pensativo, depois sorriu.
- Claro, só preciso achar o Kenny. – deu um passo atrás, e se virou – Kenny! Kenne--
Ele sentiu algo nas costas que o fez parar de andar. Com a testa franzida, passou a mão no local, e a luva que usava ficou verde. Pat se voltou para a namorada, estreitando os olhos.
- É, sinto muito, mas eu acho que você morreu... – ela disse, com uma piscadinha, antes de cair na risada.
No piquenique de almoço, no Encanto Park, algumas horas mais tarde, o tópico principal ainda era a vitória – talvez um pouco desleal – de equipe de John, , Garrett e Eric.
- Você é uma megera manipuladora. – Kennedy resmungou, bebendo um gole de sua cerveja.
Deitada na grama, com a cabeça apoiada nas pernas do namorado, a garota riu.
- Isso é butthurt porque a equipe de vocês tinha um jogador a mais e ainda assim perdeu. Para uma garota, diga-se de passagem.
- Fala sério, o Gibbs nem conta! – Jared apontou Austin, que lhe mostrou o dedo médio – Ele praticamente se suicidou pra poder sair logo da arena e ficar cantando a instrutora!
Austin deu de ombros.
- Perdi o jogo, mas consegui o telefone da gata. Quem saiu ganhando nessa história?
Todos riram.
- Você não presta, Gibbs! – apontou para ele, rindo.
- Você que não presta. – ele respondeu – Enrolou seu namorado direitinho e ainda atirou nele pelas costas. Um verdadeiro absurdo, se quer saber...
- Cala a boca! – ela devolveu, divertida, atirando uma bolinha de guardanapo no amigo – Pat não era meu namorado naquele momento, era o inimigo. – virou-se para o baterista, e se esticou para lhe dar um beijo – Desculpe, querido, mas agora você aprendeu que não se deve dar as costas a seu oponente...
- Bros before hoes, é assim que se fala, parceira! – Garrett, deitado na grama ao lado da garota, ergueu a mão, e eles comemoraram a vitória num high-five.
Pat olhou do amigo para a namorada.
- Então eu sou a sua vadia, , é isso? – os dois assentiram, e ele deu uma risada – Não sei se eu devo ficar ofendido com isso ou sei lá.
- Claro que não. – ela respondeu – Ser a minha vadia é uma honra inigualável e extremamente rara, você deveria é se orgulhar disso, com certeza.
Rindo, Pat se inclinou até a namorada, e eles iniciaram um beijo cinematográfico.
- EW! – Garrett resmungou – Arranjem um quarto!
O casal se separou, rindo, e lhe mostrou o dedo.
- Vá arranjar uma namorada, seu recalcado!
- Já que entramos nesse assunto... – Eric começou.
- Do Garrett ser um recalcado?
- Não, apesar de ser verdade - ele rolou os olhos, divertido – De vocês arranjarem um quarto. Quer dizer, não isso. – tentou consertar, ficando vermelho – Não foi o que eu quis dizer, a vida sexual de vocês não me interessa. Quer dizer... – começou a rir, e Halvo deu um longo suspiro antes de continuar – Enfim, estou falando sobre você se mudar, .
A garota ergueu as sobrancelhas.
- Mudar?
- É, quero dizer, L.A. é um tanto longe.
- Hmmm, não realmente. – ela retrucou.
- Mas você poderia vir para o Arizona, ficar mais perto e tudo mais. – Jared argumentou.
- Aw, que bonitinho – brincou – Eu nem fui embora ainda, e vocês já estão com saudades??
- Claro que não. – Garrett fez uma careta – É que quando você está por perto Pat tem outra pessoa para perturbar, e a gente se livra dele um pouco.
- Cuzão. – ela resmungou, e o baixista lhe mandou uma piscadinha – Agradeço a consideração, gente, mas existe muita coisa na California que eu não posso simplesmente abandonar.
- Tem uma faculdade de arte bem legal aqui em Phoenix... – Pat soltou, como quem não quer nada.
- Patrick, querido. – o olhou – As coisas estão ótimas exatamente do jeito que estão. Eu venho pra cá quando posso, você vai a L.A. quando tiver tempo, e fica tudo certo, não é?
- É. – ele se abaixou, e a beijou na testa – Por enquanto fica sim.
- Que nojo de vocês. – Garrett falou, levantando-se da grama – Vem, gente, vamos arranjar alguma coisa mais interessante para fazer do que ficar olhando o ritual de acasalamento desses dois.
Jared, Kennedy, Austin e Aaron o seguiram, deixando apenas John e Eric com o casal. O baixista concentrado em algo em seu celular, e o outro parecendo completamente desligado do ambiente.
- Garrett é mesmo um recalcado. – Pat comentou, apoiando os antebraços na grama, e erguendo o rosto na direção do sol. O inverno se aproximava, e Phoenix podia ficar relativamente fria naquela época do ano, então ele sempre tentava aproveitar os dias agradáveis ao máximo.
- Cadê a novidade nisso? – Eric perguntou, deitado, de olhos fechados – Você não concorda, Johno? – como não ouviu resposta, ele abriu os olhos, virando-os na direção no amigo, recostado a uma árvore ao seu lado – John?
- Oi? – ele se virou, parecendo notar só naquele momento que alguém o chamava.
- Está tudo bem? – perguntou – Você está tão quieto, não falou praticamente nada desde que chegamos aqui.
- Está tudo bem. – ele respondeu com um breve sorriso – Só estou pensando um pouco.
- No quê?/Em quem? – Eric, Pat e perguntaram ao mesmo tempo.
John deu uma risada.
- Não sei. Nos últimos meses, nos próximos meses, na banda, na vida... – deu de ombros.
mordeu o lábio, pensando por alguns segundos.
- Eu sei que nós supostamente não deveríamos voltar nesse assunto, mas eu acho que você está pensando na . – John abriu a boca para responder, mas ela continuou – Eu sei que você ainda gosta dela, e também sei que ela gosta de você.
- Belo modo de demonstrar. – ele rolou os olhos.
- Honestamente, não sei por que ela se meteu nessa confusão toda, mas é minha melhor amiga, então acredite quando eu digo que sei do que estou falando. Ela gosta de você.
John suspirou audivelmente.
- Ok, , ok. Agora que eu sei que ela é completamente louca por mim, o que exatamente você quer que eu faça sobre o assunto, ó grande fonte de sabedoria?
A garota rolou os olhos.
- Você é muito idiota, alguém já te disse isso? Muito idiota.
- Não, é sério! – ele ergueu os braços, fazendo uma careta – Eu realmente não entendo a posição de vocês nisso tudo. – reclamou, aumentando o tom de voz gradualmente – Se alguém acha que eu poderia ter feito alguma coisa que não fiz, sinta-se livre para compartilhar com o resto do grupo!!
- Bem, - Eric começou, calmamente – há algo que você ainda pode fazer...
John abriu a boca algumas vezes, sem dizer coisa alguma. Por fim, rolou os olhos.
- Por favor, ilumine-me.
Halvo ergueu as sobrancelhas.
- Essa atitude não vai te levar a lugar algum, rapazinho.
Eles trocaram farpas por algum tempo. Quanto mais nervoso John ficava, mais Eric parecia se divertir. Não perdia o bom humor e a serenidade por nada, não importava que tipo de insulto o amigo lhe dissesse. Quando John finalmente esgotou todo o estoque de grosserias, o outro deu de ombros.
- Bem, você poderia tomar uma atitude radical...
- Radical. – bateu palminhas – Adoro atitudes radicais!
John lançou um olhar incrédulo ao amigo.
- Você não está falando sério. – franziu a testa – Você está falando sério?
- Mortalmente sério. – Eric respondeu.
Ele então olhou para Pat e .
- E vocês concordam com ele?
Pat apenas deu de ombros, enquanto sua namorada assentia com a cabeça.
Depois daquilo, John não disse mais nada. Os quatro ficaram naquele silêncio constrangedor por um bom tempo, e o ar de desconforto não melhorou muito quando os outros rapazes retornaram. Garrett notou o clima estranho, e tentou melhorar o astral, convidando todos para um jogo de mini golfe, que tomou o resto da tarde e rendeu várias piadas sobre a habilidade de Jared – ou a falta dela – no esporte.
De volta à van, no caminho para casa, eles discutiam sobre o que fariam no curto período de férias antes de entrarem em estúdio para a gravação do novo CD.
- Eu não quero nem ver a cara de vocês por um bom tempo. – Aaron disse, e eles riram.
- Eu vou viajar com o meu irmão. – Kennedy sorriu – Nós vamos pra Las Vegas.
Houve uma rodada de oh’s e ah’s, e mais risadas.
- Eu vou ficar um tempo em casa, ajudar minha mãe com as roseiras dela ou sei lá – Pat começou, e alguém no fundo da van gritou “gay!” – E depois vou passar um tempo em L.A., – continuou, um pouco mais alto, puxando para perto - com a minha namorada. Supera essa, perdedor! – brincou, lançando um olhar divertido para trás.
- Eu tenho uns shows marcados agora para o fim do ano. – Austin disse, olhando pela janela – Sabe como é, ainda não bebi de graça em todos os bares e pubs da região... – acrescentou, com um sorriso divertido.
- Eu ainda não sei. – Garrett deu de ombros – Provavelmente vou assistir alguns filmes, Star Wars ou sei lá. Jogar um pouco de videogame. Começar a me preparar para um apocalipse zumbi. Algo assim.
- Esquisito. – disse, e recebeu do garoto o dedo do meio em resposta. – Sortudos são vocês que estão de férias, eu tenho um trabalho de história da arte para essa semana e duas provas para semana que vem, preciso estudar.
Houve um instante de silêncio, e então:
- NERD! – os garotos gritaram ao mesmo tempo, de brincadeira.
Continuaram falando besteiras enquanto a van atravessava a cidade. O primeiro destino era o aeroporto de Phoenix, onde pegaria seu voo de volta para a California.
Chegando lá, todos desceram para as despedidas. Depois de vários abraços e beijos, Pat puxou a namorada pela mão, ficando alguns passos distantes dos outros.
- Desculpe por hoje. – ele fez uma careta – Foi um fiasco, não foi? – a garota riu, e ele balançou a cabeça – Não era exatamente o que eu queria fazer com você no seu último dia aqui comigo, mas tinha gente demais pros meus planos...
ergueu as sobrancelhas.
- Hm, isso soou safado, adorei.
Pat deu uma gargalhada.
- Você precisa de terapia. – abraçou a garota de lado, puxando-a para perto de si – Los Angeles é muito longe sim. Já que você não quer se mudar para cá, talvez a gente devesse montar um QG exatamente no meio do caminho.
- Sim, senhor. – ela concordou, coçando o queixo – Três horas de direção pra mim, três pra você. Parece justo.
- Muito justo.
Eles sorriram um para o outro, e trocaram um beijo rápido. o abraçou apertado.
- Já estou com saudades. – ela resmungou – Quanto tempo até o natal?
- Hm... – Pat pensou por uns segundos – Umas três semanas, eu acho.
- Droga.
- É.
Foram juntos até o portão de embarque. Pat respirou fundo, sorrindo em seguida, e segurou as mãos da namorada.
- Boa viagem, querida.
- Obrigada. – ela o beijou no rosto – Mande um beijo para todo mundo, e boa sorte com as roseiras.
Os dois riram, beijaram-se mais uma vez, e atravessou o portão, acenando para o rapaz.
Pat então se juntou aos rapazes, e eles se prepararam para deixar o aeroporto.
- Gente, espera. – Kennedy começou, quando já estavam todos dentro da van, olhando em volta – Cadê o John?
De fato, o rapaz não estava ali.
Eles desceram outra vez, e procuraram pelo amigo no saguão do aeroporto. Nem sinal dele.
- Quando foi a última vez que vocês o viram? – a atendente do balcão de informações perguntou, olhando-os um por um.
- Não faço a menor ideia. – Jared respondeu.
- Uma meia hora atrás, talvez. – Pat deu de ombros – Eu realmente não sei dizer. Estávamos nos despedindo da minha namorada, e ele simplesmente desapareceu.
- O celular está desligado. – Eric fez uma careta, erguendo o próprio telefone. A atendente chamou o nome de John nos autofalantes, e alguns minutos depois o telefone do baixista tocou. – É ele!
- Atende de uma vez! – Gibbs ordenou.
- John? – Halvo chamou – Que porra você está fazendo?
- Estou tomando uma atitude radical. – ele respondeu, no outro lado da linha.
- Ficou maluco????? – o outro gritou.
- Não, sou radical. – John repetiu – Estou fazendo exatamente o que você e queriam que eu fizesse.
- Mas--
John desligou. Eric olhou os amigos, ainda segurando o telefone ao ouvido, sem saber exatamente o que lhes dizer.
- Fala logo, Halvo. O que ele está fazendo?
O rapaz suspirou. Depois de alguns instantes de reflexão, ele balançou a cabeça.
- John vai até Sydney.
Capítulo 19 – Sydney, AUS
Dezoito horas e nove minutos. Esse era o tempo total de voo de Phoenix até Sydney, contando as quase duas horas de escala em San Francisco. Dezoito horas e nove minutos de pura agonia, medo, dúvidas e insônia, enquanto John discutia consigo mesmo sobre o que fazer logo que chegasse à Australia.
Agora, dezoito horas e meia depois, ele finalmente estava ali, e, bem... Ainda não fazia a menor ideia.
Parado no saguão do aeroporto, o músico respirou fundo. Tudo o que trazia era a carteira, o celular, e seu kit de sobrevivência – uma mochila que sempre carregava consigo, contendo alguns artigos considerados de primeira necessidade: uma camiseta extra, o iPod, carregador de telefone, o passaporte, um par de óculos escuros e seu caderninho de composições.
Talvez aquele momento em especial – um domingo à tarde, depois de um jogo de paintball e um piquenique no parque – não fosse a melhor hora para resolver ser radical, John avaliou, enquanto se encaminhava ao café mais próximo naquela praça de alimentação. Não tinha roupas, não tinha um lugar para ficar, não tinha muito dinheiro, e nem uma droga de um plano que o ajudasse naquele momento. Estava completamente despreparado.
Aquela tinha sido uma ideia imprudente e idiota, uma aventura que tinha tudo para se tornar um completo desastre, mas ele sabia que não poderia conviver com a sensação de que não fizera tudo que estava ao seu alcance. Não por aquela garota. A maldita garota que em apenas cinco meses transformara sua vida numa verdadeira bagunça, do tipo que ele sabia que não queria consertar. Então ali estava John O’Callaghan, basicamente do outro lado do mundo, pensando em como levar de volta para casa.
- Posso te trazer alguma coisa? – perguntou uma voz feminina à sua direita, e John ergueu o rosto do celular, que jazia sobre a mesa, para olhá-la. Uma garota de uns dezoito anos o encarava, com os olhos verdes apertados. Ela tinha cabelos escuros e pele bronzeada, vestia um avental preto com o nome Gloria Jean’s Coffee bordado no peito, e segurava um bloquinho de anotações, batendo o pé no chão com certa impaciência.
- Ah, um café, por favor. – ele pediu, com um sorriso educado.
Ela assentiu com a cabeça, e se afastou rapidamente. Quando retornou com o pedido dele, o rapaz já encarava o telefone outra vez.
- Sabe, - a garota começou, enquanto colocava a bandeja sobre a mesa – você não vai conseguir fazê-lo tocar só com o poder da mente.
- Desculpe? – John ergueu o olhar outra vez, confuso, depois balançou a cabeça – Oh, não. Não estou esperando ligação nenhuma.
- Ah, você que supostamente deve ligar. – ele assentiu, e a garçonete pensou um pouco antes de perguntar – Namorada?
- Não... – John respondeu.
Ela então o olhou de alto a baixo.
- Namorado?
- O quê? Não! – ele fechou a cara – Não!
- Desculpa, foi só uma pergunta. – ela riu, e deu de ombros, depois olhou no relógio – Certo, meu turno acaba agora às oito, você vai querer mais alguma coisa ou posso fechar a sua conta?
- Jesus, você é uma vendedora e tanto... – John balançou a cabeça, incrédulo e ao mesmo tempo divertido – Só o café, obrigado.
- São dois e setenta e cinco.
Ele estendeu uma nota de cinquenta dólares, e a garota ergueu as sobrancelhas, depois deu de ombros.
- Já trago seu troco.
Quando a garçonete saiu, John bebeu um gole de café, e pegou o celular. Ficou olhando o protetor de tela por um tempo; uma foto dele tirada por na Warped. Ele suspirou, e começou a procurar um número nos contatos do telefone.
Conseguir completar a ligação foi uma tarefa difícil, mas depois de errar os códigos duas vezes, ele finalmente conseguiu. Fora da área de cobertura ou desligado. Desapontado, o músico descansou a testa na mesa, e fechou os olhos.
Alguns minutos depois, a garota retornou com o troco, e John notou que ela carregava uma mochila, e não usava mais o avental da cafeteria.
- Você deveria ter procurado uma casa de câmbio antes de viajar, – ela disse, deixando o dinheiro sobre a mesa – nem todo mundo aceita dólar americano por aqui. – mordeu o lábio - Sou Katie, a propósito.
- John. – ele se apresentou também, e foi guardando o troco na carteira – Não foi exatamente uma viagem planejada...
- Isso eu pude perceber pelo sotaque combinado com o tamanho da mochila. – Katie apontou, enquanto se sentava à mesa junto com o rapaz – Ninguém vem parar do outro lado do mundo, miserável desse jeito, e carregando apenas bagagem de mão. – John fez uma careta enquanto guardava o telefone e a carteira na mochila, e a garota estreitou os olhos – Vejo que resolveu o problema da ligação.
O músico deu de ombros.
- Fora de área ou desligado.
A garçonete apoiou os cotovelos na mesa, descansando o queixo sobre as mãos cruzadas.
- Certo. E você quer me contar sobre essa sua grandiosa aventura?
John pensou por alguns segundos.
Talvez fosse bom ele conversar sobre o assunto com alguém que não conhece nenhuma das partes envolvidas, alguém imparcial, que não se importasse em dar sua opinião honestamente. Ou quem sabe Katie até conhecesse , e soubesse lhe dizer como a garota estava, ou onde estava, se estava de casamento marcado ou não, se sentia falta dele...
- Certo. – começou, depois de beber um gole do café, que já estava começando a ficar frio – Tem essa garota...
- Oh! – Katie o interrompeu – Então há, de fato, uma garota... – John a olhou de cara feia, e ela riu – Ok, desculpe. Continue.
O rapaz olhou o telão que mostrava os próximos voos, e o relógio no topo marcava 8:29h. Ele estreitou os olhos para a garota.
- Você não deveria estar indo pra aula nesse momento?
- Deveria, mas não quero. – Katie fez biquinho – Desculpe, não vou mais interromper. Por favor, por favor, continue a sua história?
John respirou fundo, e então começou a falar. Contou a história desde o início, com a Warped Tour, e de como acabou conhecendo e as amigas, das festas, dos shows, da primeira briga, de quando fizeram as pazes... Tudo. Contou sobre a exposição, sobre o ex-namorado da garota, sobre seus amigos, e as músicas que vinha escrevendo. Katie manteve a promessa; apenas concordava com a cabeça, e soltava um oh ou um ah de vez em quando, mas não interferiu na narração.
Ao terminar de contar tudo, o rapaz se sentia aliviado.
- Eu sei quem é essa garota de quem você está falando. – Katie falou, pensativa.
- ? – John se ajeitou na cadeira – Você a conhece?
A garota balançou a cabeça.
- Conheço o dono do hotel, Adam. – ela passou a mão nos cabelos – Minha mãe trabalha no Observatory, ela me falou sobre o jantar de noivado.
O músico fez uma careta.
- Então eles estão mesmo noivos?
- Isso eu não sei. – Katie deu de ombros – Ele fez o pedido, ela desmaiou. – acrescentou, com uma risada – O que ficou decidido depois que ela acordou eu não faço a menor ideia.
John pensou por alguns segundos.
- Você poderia ir até o hotel comigo, não é?
- Ficou maluco? – a garota balançou a cabeça – Se a minha mãe descobre que eu ‘tô matando aula ela me mata! De qualquer forma, - olhou no relógio – talvez você devesse almoçar primeiro, já é quase meio dia.
- Já?
- Você fala bastante, querido. – ela se levantou, e ajeitou a mochila em um dos ombros – Tenho que ir, tinha combinado de encontrar uns amigos no píer e já estou bem atrasada. Tem um restaurante mexicano legal aqui no segundo piso, se você quiser. – tirando uma caneta da mochila, ela se inclinou sobre a mesa, e pegou um guardanapo – Meu telefone, pra, você sabe, caso a sua garota esteja noiva. Boa sorte, John.
Depois de dar um beijo no rosto dele, Katie se afastou, olhando para trás uma vez ou outra. Quando ela desapareceu de vista, John olhou o guardanapo que ela havia deixado na mesa: continha o nome da garota, um número de telefone e um coração desenhado torto. Ele riu e se levantou, guardando o papel no bolso. Havia decidido não prolongar o sofrimento, então ao invés de procurar o tal restaurante mexicano, ele foi direto para a saída do aeroporto, entrando no primeiro taxi que viu.
- Bom dia! – o motorista o cumprimentou, num inglês capenga com sotaque latino. – Pra onde vamos?
- O Observatory.
- O hotel? – John assentiu, e ele deu a partida no carro – É perto do porto, tem uma ótima vista do Opera House e do mar. Você vai gostar de lá.
O trânsito de Sydney era caótico, cheio de desvios e engarrafamentos, principalmente na hora do almoço. Quanto mais tempo passava dentro daquele carro, mais John pensava no que diria quando encontrasse . E mais nervoso ficava por não saber o que dizer.
Ele pigarreou para chamar a atenção do motorista.
- Qual o restaurante mais perto daqui? Acho que quero almoçar antes de ir ao hotel.
- Tem o Fortune of War. – o outro respondeu – É um pub, na verdade, mas tem comida boa e barata.
E álcool, John pensou, o que seria bom para ele ficar um pouco mais... Confiante.
- Excelente. É para lá que vamos.
- - - - -
- Talvez eu devesse cantar uma música para ela... – ele sugeriu para si mesmo, depois focalizou o olhar na bartender, os olhos verdes apertados, parecendo finalmente ter notado algo importante – Por que todo mundo aqui é bronzeado desse jeito, huh?
A garota rolou os olhos, sem parar de passar o pano no balcão. Depois de cinco cervejas, e já estando na metade da sexta, aquele cara não dizia mais coisa com coisa. Já tinha elogiado o filé com fritas duas vezes, contado toda a história de sua vida, e pelo amor de Deus, se ele falasse na tal outra vez, ela seria obrigada a expulsá-lo a pontapés.
- O que quer que você decida fazer, - ela começou, indo lavar os copos – é importantíssimo que faça o mais rápido possível. Ficar aqui é perda de tempo.
John balançou a cabeça, e bebeu um longo gole de cerveja.
- Ela vai me achar maluco por ter vindo até aqui atrás dela.
A bartender deu uma risada.
- Você é maluco por ter vindo até aqui atrás dela. Mas foi uma maluquice bonitinha. – admitiu, dando de ombros – Se eu fosse você não perderia mais um minuto aqui. Corra atrás da sua felicidade, amigo.
Claramente, o incentivo era mais um “caia fora daqui de uma vez e me deixe em paz” do que preocupação com a felicidade do rapaz, mas John sorriu, enquanto tirava a carteira da mochila.
- Sabe, você é legal. – ele disse, enquanto deixava o dinheiro sobre o balcão – Como é o seu nome?
- Bridget. – ela falou, segurando o riso. Era a terceira vez que ele perguntava, e o terceiro nome diferente que ela respondia. John se quer havia notado.
Enquanto ela o acompanhava para fora do pub, o músico parou na entrada, e bateu na própria testa.
- Flores!
- O quê?
- Para a . – respondeu, como se fosse óbvio – Eu devia ter trazido flores para a .
- Aqui. – a garota arrancou uma margarida do canteiro e lhe entregou – Agora vá embora, por favor. Quer que eu chame um taxi?
Ele balançou a cabeça.
- Prefiro caminhar. – depois fez uma careta – Para que lado é o hotel?
- É aquele prédio azul lá, está vendo? O de vidro. – ela apontou – Vá pela praia, a vista é legal e vai te ajudar a não morrer atropelado.
- Ok. – franziu a testa, e se voltou para a bartender – Mas sério. Por que todo mundo aqui é tão bronzeado?
John se despediu – chamando-a pelo nome errado – e a deixou ali, rindo sozinha.
Ele decidiu seguir o conselho da garota. Pisou com cuidado na areia, e ficou contemplando o mar por um tempo. Sydney era mesmo linda, não era de se estranhar que as pessoas levassem uma vida tão diferente ali, que os horários de trabalho se ajustassem aos de lazer e não o contrário.
O rapaz se distraiu tanto com a paisagem e as pessoas de divertindo na praia que sua jornada levou muito mais tempo que o normal, de modo que, ao chegar ao hotel, o relógio já marcava mais de quatro horas da tarde. Ele entrou, ainda levemente embriagado, e foi direto ao balcão de recepção.
- Boa tarde, senhor. – a atendente o olhou de alto a baixo. – Em que posso ajuda-lo?
- Estou procurando uma pessoa. – John respondeu. – .
Ela digitou algumas palavras no computador, e, passados alguns instantes, balançou a cabeça.
- Sinto muito, não temos ninguém registrado com esse nome.
O músico se inclinou no balcão, tentando ver a tela do computador.
- Como assim? Ela está morando aqui há uns três meses!
- Não consta nos nossos registros, senhor.
- Ela tem que estar aqui, você só não está procurando direito. Tente de novo.
- Senhor, não--
- Eu quero falar com o gerente. – John a cortou, irritado.
Bufando, a garota saiu, os saltos das botas fazendo barulho no piso de mármore. Quando retornou, instantes mais tarde, trazia Noah consigo.
- Pois não? – o gerente perguntou.
- Eu quero falar com a . Sei que você sabe quem ela é.
Noah discutiu internamente do assunto.
- Infelizmente não é possível. – anunciou, enfim.
Eles se encararam.
Noah sabia quem ele era. Pelo sotaque, e pela descrição física, aquele só podia ser o famoso John O’Callaghan. Não parecia tão idiota quanto Adam descrevera, nem tão legal quanto via. No momento só parecia irritado, desesperado, e certamente um pouquinho bêbado. Ele instantaneamente sentiu certa pena do rapaz, por ir tão longe apenas para voltar com as mãos abanando.
- Você quer que eu repita a pergunta? – John perguntou, sério.
- Não, eu entendi. – o gerente deu um breve sorriso – Se você puder aguardar um instante--
- O que, diabos, você está fazendo no meu hotel? – Adam apareceu no hall, olhando surpreso para o músico.
- Quero falar com a . – ele exigiu.
- Não. – foi a resposta, simplesmente.
- Não vou pedir outra vez.
- Você não pode falar com ela. – Adam disse, em tom de quem encerra a conversa.
John deu duas voltas no lugar, resmungando um palavrão.
- Quem você pensa que é, porra?
- O dono desse lugar, que pode chutar sua bunda até a rua a hora que quiser!
Derrotado, o rapaz suspirou.
- Olha, eu só quero falar com ela, tá legal? Vim de Phoenix até aqui por um único motivo, e não vou embora enquanto não fizer o que eu vim fazer. – deu de ombros – Só preciso de cinco minutos, ou você quer que eu durma aqui no lobby do seu hotel para sempre?
Adam olhou para os lados, e coçou a nuca, um pouco sem graça.
- Você não pode falar com a porque ela não está aqui. – admitiu.
John achou que não tinha ouvido direito.
- Não está aqui? Como ela não está aqui?
- Não estando. – o outro rolou os olhos – Ela juntou suas coisas e foi embora há uns cinco dias.
- Pra onde?
Adam deu de ombros.
- Não faço a menor ideia.
Aquilo não fazia sentido. Se não estava ali, então onde estaria?
Johno coçou os cabelos, pensativo.
- E ela não deixou endereço, telefone?
- Nada. O telefone está desligado há dias, inclusive.
Os dois tinham praticamente a mesma altura, mas o músico era mais magro. Eles ficaram se encarando por um bom tempo sem dizer nada, avaliando um ao outro, cada um imaginando porque a garota teria escolhido o outro. Por fim, Adam deu uma risada nasalada, e John franziu a testa.
- O que foi?
- Eu a pedi em casamento, você sabe.
Ele fez uma careta de desgosto.
- É, eu sei.
- E ela disse não.
- Disse? – John perguntou, sem acreditar, com as sobrancelhas erguidas.
O outro assentiu.
- Quando recusou, pensei que fosse por sua causa. Então ela foi embora, e eu tive certeza que ela iria te procurar.
- Bem, - John ergueu os braços, depois os largou ao lado do corpo – obviamente não foi o que aconteceu.
Adam concordou com a cabeça, rindo desacreditado.
- Eu achei que ela não me quisesse porque ainda gostava de você, mas no final das contas ela não queria nenhum de nós dois.
- Parece que sim. – John deu de ombros – Bem, obrigado pelas informações. – ele enfiou as mãos nos bolsos, e se preparou para sair.
Quando já estava quase na porta, Adam o chamou.
- O que você vai fazer agora?
- Vou para casa. – ele nem precisou pensar para responder. – Não tenho absolutamente nenhum motivo para ficar aqui.
Várias horas mais tarde, finalmente de volta à Phoenix, John ligou o celular.
Ele ignorou todas as mensagens e ligações dos amigos. Dormira um pouco no avião, mas estava há tanto tempo sem descansar de verdade que não conseguia nem pensar no que dizer a todos, então decidiu que só lidaria com o assunto depois de um banho e um bom sono. Primeiro ligou para o pai e pediu que o buscasse no aeroporto. Depois, enquanto esperava a carona, ficou passeando pela agenda do telefone. Encarou as informações de contato de por um bom tempo antes de finalmente ligar. Ainda fora de área ou desligado. Com uma careta, ele apagou o contato da agenda, e então procurou uma outra pessoa, que não demorou a atender.
- Alô?
- Oi, Hope? É o John.
Capítulo 20 – Los Angeles, CA
Era bom estar em casa.
Não que a casa dos pais em Seattle não fosse sua casa também, ou que ela não tivesse sido bem recebida em Sydney, mas seu lar – seu verdadeiro lar – era Los Angeles. Ela gostava do clima da California, das pessoas, do ritmo da cidade. Tudo ali exalava conforto e familiaridade, e era delicioso poder sentir isso outra vez, levando em conta que estivera fora por quase um ano.
E pelo visto as coisas permaneciam iguais, observou com alegria, enquanto arrumava suas duas malas enormes num dos carrinhos. Ela caminhava pelo aeroporto olhando freneticamente para os lados, tentando registrar qualquer mudança que pudesse ter ocorrido no tempo em que vivera na Australia. Parecia uma vida inteira desde que estivera ali pela última vez.
Logo ao sair da sala de desembarque ela o reconheceu, apesar dos óculos escuros e... O que quer que fosse aquilo que ele usava na cabeça. O rapaz estava sentado em um dos bancos perto da porta, digitando freneticamente algo no telefone celular, e nem viu quando se aproximou.
- Oh meu Deus! – a garota exclamou, e ele deu um pulo no banco – Você é O Zack Merrick, do All Time Low??
- Você é insuportável. – Zack se levantou, rindo, e a abraçou.
- E você está usando uma camisa! – ela ergueu as sobrancelhas, surpresa, e deu dois tapinhas no peito do rapaz – Tudo isso só pra mim? Estou lisonjeada.
- e estão meio ocupadas, e como elas não poderiam vir te buscar, sobrou pro namorado, é claro.
assentiu.
- Você é um ótimo pau mandado, Zacky.
- Cala a boca. – ele deu um cutucão nas costelas da garota - Como estava Seattle?
- Bem, você sabe... Jazz, uma Starbucks em cada esquina, muitas camisas xadrez por cima de camisetas do Nirvana... – ela deu de ombros. – O mesmo de sempre. E a minha bela California?
- Quente como o inferno, como você já deve ter percebido. – o baixista a empurrou para o lado, pegando o carrinho com as malas, e os dois se encaminharam para a saída do aeroporto.
Foram até o estacionamento, e deu um gritinho animado quando viu seu carro parado ali, correndo até ele e o abraçando.
- Ah, bebê, de tudo o que eu tive que deixar aqui, você foi do que eu mais senti falta... – sussurrou para o Accord, fazendo carinho na lataria.
- Suas amigas vão adorar saber disso... – Zack falou, divertido – Imagino que você queira dirigir, certo? – ele jogou as chaves para a garota, e ela deu a volta no carro, sentando no banco do motorista, enquanto o rapaz guardava as malas.
Quando Zack se acomodou ao lado dela, o olhou.
- Certo, para onde vamos?
- Solomon’s Book Store.
Durante o caminho, a garota foi se atualizando sobre a vida de e , e um pouco sobre o All Time Low, além de contar um pouquinho sobre tudo o que andara fazendo na Australia.
- Já que entramos nesse assunto... – Zack começou, e o olhou de lado – Alex e Lisa voltaram... Mais uma vez... – ele rolou os olhos – Então seria bom se você não mencionasse nada do que aconteceu no Soundwave...
deu uma risada. Aqueles tinham sido os dez dias mais loucos de todo o verão.
- Ok, não falo nada. – ela deu uma piscadinha - Mas não posso prometer o mesmo quanto às fotos comprometedoras...
O rapaz a olhou, chocado, depois estreitou os olhos.
- Eu acho que você não sabe disso, – Zack começou, falando arrastado e num tom malicioso – mas nós também temos fotos comprometedoras suas...
Ela abriu a boca em um perfeito O, depois caiu na risada.
- Ah, droga! – resmungou, fingindo arrependimento – Sabia que aquela bebedeira em Perth voltaria para me assombrar. – ela pigarreou, e continuou, imitando a voz de Jack – “Vamos, , é o último dia, solte-se um pouco, vai ser divertido...” papo furado! Só papo furado, seus sacaninhas!
Zack apenas deu de ombros.
- Acho que agora preciso arranjar um emprego, já que não vou ficar rica chantageando vocês... – disse, divertida, enquanto se aproximavam do estacionamento da Solomon’s.
Dentro da livraria, o clima era de nervosismo. nunca tinha feito um lançamento de livro antes, mas Maggie – sua agente – insistira tanto que ela acabara aceitando. Era um evento pequeno, claro; apenas a família e os amigos mais próximos, e uns poucos convidados da editora e da própria livraria. Ainda assim, a garota sentia o coração na boca. E se não gostassem do livro? E se achassem a trama sem graça? Se os amigos ficassem ofendidos?
Talvez fosse melhor ter continuado com as histórias infantis.
- Está pronta? – Maggie perguntou, e ela apertou seu próprio exemplar contra o peito.
Não, não estava nada pronta.
- Zack foi buscar a no aeroporto. – disse.
Maggie fez uma careta, insatisfeita com o atraso.
- Se não chegarem em dez minutos teremos que começar sem eles.
Por sorte, no instante em que a agente se afastava, Zack e entravam pela porta. deu um gritinho, e correu até a amiga.
- Que saudade de você, sua vadia! – exclamou, enquanto a esmagava em um abraço apertado. – Você precisa me contar tudo sobre essa viagem!
- Claro. – a outra riu – Mas hoje é o seu dia. – quando o dono da livraria anunciou o nome de , ela segurou a mão da amiga, apertando os dedos finos entre os seus – Boa sorte!
caminhou hesitante até o tablado de madeira, com uma única cadeira ao centro e uma pilha de volumes de sua mais nova autoria, um espaço montado exclusivamente para ela em frente a todos ali presentes. Primeiro ela passou por , abraçada a Pat, e os dois lhe acenaram com animação. Depois os pais, com sorrisos orgulhosos, alguns amigos da faculdade, e os companheiros de banda de Zack. Ainda abraçada firmemente ao livro de capa dura, ela cumprimentou o pessoal da editora, algumas pessoas que ela não conhecia, e o restante da The Maine, parados ao lado do tablado.
A escritora deu uma leve tropeçada ao subir, e riu, acompanhada pelos convidados.
- Acho que deu pra perceber que eu não sou muito boa nisso né?
O dono da livraria deu espaço para ela passar, e a garota se posicionou de pé na frente da cadeira.
- Bem... Escrever, para mim, sempre pareceu um tipo de processo calmante. – ela começou, meio sem jeito – Desde pequena esse foi meu passatempo preferido. Eu adorava inventar nomes e histórias diferentes para os meus amigos, minha família, o pessoal da escola, ou até desconhecidos que eu via na rua. – ergueu o livro, balançando-o no ar – Esse é um salto totalmente diferente na minha carreira, então eu gostaria agradecer às pessoas que de alguma forma tornaram isso possível.
“Começando pelas minhas melhores amigas, que me carregaram para uma viagem que mudou completamente a minha vida e rendeu inspiração para essa história que me é tão querida. Meus pais, é claro, pelo amor e pelo apoio que vem desde o meu primeiro conto publicado no jornal da escola.
A Zack, o homem da minha vida, que me aguenta até quando nem eu mesma consigo. Maggie, que faz um ótimo trabalho vendendo as minhas ideias sem noção, e todo mundo na editora... Enfim, vocês são todos maravilhosos.”
Ela ergueu o livro outra vez.
- Ok, vamos lá, então. – passou a mão pela capa com carinho – Meus bons amigos na The Maine estiveram aqui em Los Angeles gravando seu novo cd, em janeiro, e em uma conversa regada a bastante cerveja eles permitiram que eu usasse uma de suas músicas no título do livro. Para o azar deles, eu me lembrei disso no dia seguinte, então aqui está Life Like This. – todos riram, e John balançou a cabeça, divertido – É a história de Claire P. Hayden, de 21 anos, que sai com as duas melhores amigas em uma viagem de carro pelo país, seguindo um certo festival itinerante de música e documentando tudo em um diário. Antes que vocês me perguntem – sorriu – sim, é livremente baseado em fatos reais. Bem livremente.
- Ferrou. – Jack disse, e Alex gargalhou alto ao lado dele.
- São personagens originais, mas quem tiver bom olho ainda pode descobrir um ou outro podre do Jack – apontou para ele, com um sorriso – e outros amigos que fiz no verão mais incrível da minha vida.
- Você vai ler o primeiro capítulo disso aí, não vai? – Garrett perguntou, animado.
balançou a cabeça, concordando, e se ajeitou na cadeira livre, abrindo o livro.
As palavras entravam e saíam pelos ouvidos de John sem fazer o menor sentido. Apesar de estar no grupo mais próximo à , ele havia parado de prestar atenção logo no começo, quando finalmente notara a presença de , parada ao fundo do salão com Zack Merrick.
Mesmo já esperando encontra-la ali – afinal, a autora do livro era sua melhor amiga –, vê-la com os próprios olhos despertava um choque para o qual ele ainda não estava preparado. Já fazia quase um ano que a havia conhecido, mais de seis meses desde que ela fora embora. E, ainda assim, John se lembrava daquele verão como lembrava o próprio nome.
Longe, mas ao alcance dos olhos, se concentrava no livro, e acompanhava a leitura de mexendo os lábios junto com ela. O músico só notou que a encarara por tempo demais quando ouviu as palmas da plateia, e sentiu uma cotovelada nas costelas.
Tão logo as pessoas começaram a se organizar na fila dos autógrafos, John saiu discretamente.
o viu deixando o local, mas tentou não pensar nisso. Já imaginava que uma hora seus caminhos se cruzariam outra vez, mas fora uma surpresa e tanto encontra-lo ali, muito mais cedo do que esperava. Ainda não estava pronta para lidar com John. Talvez nunca estivesse.
Ela e Zack se juntaram ao restante do All Time Low, logo no início do aglomerado de pessoas. Jack e Rian conversavam entre si, e Alex batia boca com a namorada, um pouco afastado deles.
- ! – Jack a cumprimentou, com um beijo estalado na bochecha, bagunçando-lhe os cabelos.
- Como vão, rapazes?
- Muito bem. – Rian abriu o seu costumeiro sorriso maravilhoso. – E você? Como se sente de volta ao lar?
- É bom, mas um pouco estranho. – ela arrumou o cabelo outra vez – Sinto falta do pessoal de lá, mas acho que sentia mais falta daqui...
Eles riram. indicou Alex e Lisa com a cabeça.
- Quando é o casamento? – perguntou, divertida.
- Você quer dizer o próximo divórcio, certo? – Jack rolou os olhos.
- Ora, você só está com dor de cotovelo porque enquanto eles estão juntos Alex não é mais só seu...
Zack lhe lançou um olhar sugestivo, e se calou. Rian perguntou detalhes sobre a vida da garota na Australia, e eles continuaram falando de coisas genéricas enquanto a fila avançava.
Finalmente, ao parar em frente à , tinha um sorriso orgulhoso. Ela colocou seu exemplar sobre a mesa entre as duas.
- , . – disse, divertida – Sou sua maior fã.
riu.
- Para , com muito carinho... – disse, enquanto ia escrevendo – Da sua vadia preferida. – devolveu o livro para a amiga, sorrindo – Espero que goste da leitura.
- Com certeza gostarei. – assentiu – É sobre uma garota que não queria sair de férias, e conheceu o cara da vida dela lá, não é?
- Não, é tipo uma dessas histórias de anti-herói, sabe? – a olhou zombeteira – É sobre uma garota que convenceu as amigas a viajarem nas férias, conheceu o cara da vida dela lá, e fez uma porrada de besteiras depois...
- Oh. – a encarou, surpresa – E terá continuação?
A outra riu.
- Me diga você.
sabia onde o encontrar. Saiu discretamente pela porta lateral, e o avistou, sentado no chão do estacionamento, fumando. John se quer se mexeu, mas sabia que era ela ali.
- Você deveria parar com isso. – disse, apenas para se fazer notar – O cigarro faz muito mal à saúde.
Seguiu-se um momento de silêncio que pareceu horas.
- Você deveria estar do outro lado do mundo, casada. – John disse, sem se virar.
Ela suspirou.
- É, não deu certo. Achei melhor voltar para casa. – explicou, enquanto se sentava ao lado do rapaz. Depois o olhou atentamente, e não resistiu ao impulso de passar a mão pelos cabelos dele, que agora estavam mais curtos e arrepiados – Você mudou o cabelo. Eu gostei.
Ele então afastou a sua mão, segurando-lhe o pulso com firmeza.
- O que você está fazendo aqui?
- é minha melhor amiga, eu não perderia isso por nada.
John largou o braço dela, e bufou.
- Não, eu quis dizer aqui. Nesse estacionamento. Agora.
não respondeu.
John balançou a cabeça, e se levantou. Ficou andando em círculos por um tempo, enquanto tragava lentamente o cigarro e soltava o ar em longos espirais de fumaça, olhando o céu sem estrelas daquela noite.
apenas o encarou sem dizer nada. Deus! Ele era tão lindo...
- Eu fui te procurar em Sydney. – o músico confidenciou, um pouco a contragosto, e visivelmente constrangido. – No fim do ano. Você não ficou sabendo ou preferiu me ignorar deliberadamente?
Ela balançou a cabeça, surpresa.
- Não, não fiquei sabendo disso. Estive em Brisbane por um tempo, cobrindo uns festivais de verão. Meu celular não funcionava, então eu tive que comprar uma linha australiana mesmo, foi um inferno de mês.
- Por que deixou a Australia? – John se voltou para ela e perguntou, olhando-a de cima.
- Não vi nenhum canguru, fiquei decepcionada. – a garota brincou, mas ele não riu. – Sentia falta de casa, - explicou, por fim – e o sotaque australiano fica realmente insuportável depois de um tempo.
Ele jogou o cigarro no chão, e ficou em silêncio. se levantou, também sem dizer nada, mantendo cerca de dois passos de distância dele. Aquilo não estava exatamente indo do jeito que ela esperava, pensou, tentando conter o impulso de dar as costas e sair correndo. Não era justo. Por que John estava tão bravo? Ela não tinha feito nada de muito errado, tinha?
Ok, talvez tivesse. De alguma forma ela sabia que fizera pouco dos sentimentos do rapaz, mesmo que não intencionalmente. Em sua defesa, contudo, não sabia que John estivera em Sydney. Se as coisas tivessem acontecido de forma diferente, talvez pudessem ter sido consertadas em tempo.
Agora, mais uma vez, ela sabia que já era tarde demais.
- Há quanto tempo você voltou? – ele perguntou, triste, finalmente cravando os olhos verdes nos dela.
- Há, hm... Dois meses, eu acho.
John riu sem humor.
- Nossa. Dois meses, que ótimo! – ergueu os braços – E quando eu ia ficar sabendo? Se é que algum dia eu ficasse de fato sabendo, não é? Porque, ao que parece, você não se preocupa muito em atualizar as pessoas sobre as reviravoltas da sua vida.
balançou a cabeça.
- Passei esse tempo em Seattle, com a minha família. – explicou – Eu na verdade não sabia se deveria te procurar ou não. Ouvi que você estava bem, que tinha uma namorada agora, e achei que não tinha o direito de complicar as coisas outra vez.
- E por que, diabos, resolveu fazer isso agora, então? – ele quase gritou.
A garota agitou os braços.
- Eu não sabia que você estaria aqui, tá legal? Não achei que mantivesse contato com qualquer um de vocês além de Pat! – retrucou – Então eu te vi lá dentro, e achei que, já que estamos aqui, e e Pat seguem mais juntos do que nunca, seria legal se tentássemos ser amigos.
John rolou os olhos.
- Amigos...? Amigos! – exclamou, dando um passo na direção dela – Eu queria muito mais, e tinha muito mais a oferecer. Você sabe disso.
recuou, começando a entrar em pânico. Realmente não estava pronta para aquela conversa.
- Certo. Ok. Essa foi uma ideia idiota. – murmurou.
O músico a olhou.
- Sim, muito, muito idiota. Ridícula. Absurda. Péssima ideia, inacreditável! – aproximando-se rapidamente, segurou-a pelos ombros, olhando bem dentro de seus olhos – Por que você fez isso?
sentia suas pernas virando gelatina. Tudo estava correndo muito bem até John resolver ficar perto demais, e agora ela mal conseguia pensar direito.
- Eu não sei, eu --
- Por que, , você veio até aqui? – John perguntou num sussurro.
As reações involuntárias de eram verdadeiramente fantásticas. Talvez ele estivesse sendo maldoso demais, provocando-a desta forma, mas era ótimo saber que ainda mexia com ela.
Com o rosto próximo do da garota, ele desceu e tornou a subir as mãos pelos braços dela, tocando seu ombro, pescoço, rosto. Posicionou as duas mãos na nuca de , e voltou a descer lentamente, enfiando os dedos entre os cabelos dela, fazendo-a vacilar.
Ela continuava exatamente como John se lembrava. O corpo ainda era o mesmo, embora um pouco mais bronzeado pelo verão na Australia. Os cabelos, também mais claros pela exposição ao sol, e um tanto mais curtos, continuavam bagunçados naquele jeito despreocupado tão característico dela. sorriu levemente, de olhos fechados, e ele pôde constatar outra coisa: o sorriso continuava encantador.
Ainda era a mesma do último verão, mesmo tendo se passado quase um ano. E mesmo que aquela Warped parecesse ter acontecido uma vida atrás, eles ainda reagiam do mesmo jeito um ao outro.
As mãos de John haviam estacionado entre os fios despenteados de , mas ela não ousaria abrir os olhos para tentar decifrar a expressão no rosto do rapaz. Então ela sentiu a respiração dele próxima a seu rosto. Excessivamente próxima.
- John... – o nome saiu mais como um gemido do que qualquer tipo de advertência.
Com um sorrisinho satisfeito, ele depositou um beijo demorado no canto dos lábios da garota.
prendeu a respiração, apontando para si mesma o óbvio: ainda era apaixonada por John O’Callaghan.
Então ele deu um passo atrás, rápido demais, e ela franziu a testa. Não era para ele se afastar agora.
- A gente se vê por aí, .
Com essa última frase, John deu as costas, satisfeito, e voltou para dentro da livraria, deixando-a sozinha ali, com a vaga promessa de que, sim, eles se encontrariam outra vez.
… And maybe you'll be my baby, or maybe not, because I'm all choked up…
Fim
Espero que vocês estejam cientes que são as culpadas por esse moço passar mais de dois dias sem dormir e sem tomar banho, suas desalmadas ausauysgaoihsayga Gente, muito obrigada a todo mundo que lê e comenta, lê mas não comenta, que fala comigo no twitter... Enfim, vocês são umas lindas <3 o próximo capítulo é o último *lágrimas*, acho que vou precisar de terapia quando LLT terminar haha beijossss