Killer

Escrito por Clara Fernandes | Revisado por Natashia

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Prólogo

  26 de setembro de 2010
  Era final de dezembro, as folhas do outono caídas em uma pequena rua no Arizona, deixavam o cenário com um leve tom de laranja.
  Na última - e maior - casa da rua, as luzes estava, acessas e era possível escutar várias vozes diferentes. As vozes eram altas, alguns sussurravam fazendo pequenos comentários. Algumas vozes vinham do lado de fora, alguns vizinhos vieram para ver o que havia acontecido.
  Dois carros de policia e uma ambulância estavam na porta, enquanto um corpo saía da casa, carregado pelos médicos, em cima de uma maca branca.
  Os sussurros tornaram-se altos, e as vozes já altas, ficaram mais altas ainda.
  - Afinal, o que tinha acontecido na casa dos - era o que todos ali se perguntavam.
  - Precisamos que o senhor nos acompanhe até a delegacia, senhor . - Um dos policiais, gordo e bigodudo, dizia anotando algo em uma prancheta - Algum problema para o senhor -
  - Nenhum problema. - O senhor alto, de meia-idade respondeu. Ele passou as mãos no terno preto, que estava manchado de um vermelho, parecido com sangue. - , eu volto mais tarde! - Levou os lábios até a testa de uma outra senhora, que estava com os cabelos loiros bagunçados e as mãos trêmulas.
  Ela nada disse, apenas balançou a cabeça positivamente.
  Um dos carros de policia continuou ali. Esperando que os peritos saíssem da casa.
  - O que aconteceu - Uma mulher gorda, com os cabelos grisalhos se aproximou da senhora , ignorando totalmente o seu estado de nervosismo.
  - Eu não sei, Mirtes. - Sua voz era baixa, como se estivesse com medo de falar. - caiu da escada, mas disseram que viram alguém. Ele era meu filho. Meu garoto. - Aquilo era muito para , que não conseguiu conter as lágrimas, ao ser abraçada pela mulher de cabelos grisalhos.
  Sem dizer uma palavra, se desfez do abraço e entrou na casa, já vazia.
  Ela sentia uma vontade de gritar, uma angustia sim fim. Era só mais um dos pesadelos que ela havia tendo toda noite com o seu filho mais velho, ou dessa vez era real -
  - Mãe, pra onde levaram ele - apareceu na escada. Os cabelos loiros, soltos e lisos, os traços finos do rosto, a expressão de preocupação.
  - Ele não vai voltar, não é mesmo - A garota perguntou, descendo as escadas. - Posso ficar com o quarto dele, sempre foi maior que o meu.
  - Você é doente - Ele era o seu irmão! - alterou a voz, olhando com raiva para a menina.
  - Sinceramente, você está assim pela morte do , ou o motivo disso tudo é por ter estragado a sua festinha chata, com os seus amigos chatos e esse vinho barato - A menina revirou os olhos, e deu meia volta, subindo as escadas. - Minhas malas estão feitas. - Ela gritou, batendo a porta do quarto.
   sentou no sofá, ainda trêmula, acendeu um cigarro. Na tentativa de se acalmar e esperar chegar da delegacia.
  - Como algo poderia ter acontecido - Era o meu filho. O meu filho, meu garoto! - Ela se perguntava, enquanto levava o cigarro até a boca. - Era o meu mais precioso tesouro. -

Capítulo 1

  O dia já estava amanhecendo e ainda não havia dormido nem por dois minutos. Ela chorava em silêncio, chorava sem parar.
  Hoje, seria o dia em que ela partiria para New York. Um colégio caro, cheio de adolescentes riquinhos e mesquinhos. Afinal, o que ela tinha a ver com esse tipo de gente, com exceção da conta bancária de seu pai -
  Em algumas horas, ela estaria embarcando na primeira classe de um avião, sem para lhe dizer - Boa sorte, pequena! Você vai gostar de lá, mas a comida não é tão boa assim. - . Era como se tudo de ruim que poderia acontecer na sua vida, aconteceu em uma noite. Uma noite fria e vazia.
  Alguns minutos depois, seu pai apareceu na porta e perguntou se ela queria ficar para o funeral.
  - Não. Quero ir logo, segunda-feira minhas aulas começam. - Ela respondeu, indiferente.
  A verdade, é que ela queria lembrar de seu irmão sorrindo, não em um caixão sendo enterrado.

  Depois uma viagem longa, chegou no campus, arrancou suspirou de caras que estavam jogando basquete em uma pequena quadra, e alguns meninas a olharam com desprezo. Talvez fosse só inveja dos seus olhos lindos, como o céu em uma manhã sem nuvens.
  Depois de se perder algumas poucas vezes pelo campus da grande High School Saint Clear, ela achou seu quarto. Era o número 201 de um prédio marrom, antigo, porém charmoso e elegante.
  A menina subiu as escadas com um pouco de dificuldade, por causa do tamanho de sua mala.
  Ela nunca havia desejado tanto que alguém aparecesse para ajuda-lá com alguma coisa.
  Depois de muito esforço, ela subiu até o segundo andar do prédio e achou seu quarto com facilidade, já que o mesmo era o primeiro quarto.
  Tirou a chave da bolsa e a colocou na fechadura. Girou a maçaneta e entrou.
  - Mas o que é isso - Ela olhava cada detalhe do quarto.
  De fato, não era nada comparado com o tamanho do seu quarto no Arizona.
  - Eu não acredito que vou morar esse...pode chamar isso de quarto - Ela pensava.
  Após colocar sua mala em cima da cama e sentar para respirar um pouco, notou que havia uma cama ao seu lado.
  A porta do quarto foi aberta.
  - Ei! - O menino que entrou parecia assustado. - Você deve ser a , certo - Não sabia que chegaria hoje.
  Ela forçou um sorriso.
  - Sim, sou eu! E você - Quem é - Ela examinou o garoto da cabeça aos pés.
  Ele era alto e magrelo, mas tinha um sorriso bonito e olhos mais bonitos ainda. Suas roupas não eram como a de um garoto rico com os que ela estava acostumada a lidar.
  - Eu sou o John! - Ele sorriu, colocando a mão na nuca, bagunçou o cabelo. - Eu vim guardar meu violão, tenho uma banda.
  - Interessante. Você é novato - Ela perguntou, sem olhar para o rosto do rapaz. encarava o nada.
  - Não. Estou aqui já tem três anos, mas houve alguma coisa que nesse ano eles mudaram meu quarto... E aqui estou eu!
  - Entendo! - Ela levantou da cama e abriu a mala. - Se não se importa, vou arrumar minhas coisas, pois elas não vão para o lugar certo sozinhas.
  Ele sorriu torto.
  Aquela menina era um pouco estranha. Pelo menos, não era como as garotas com quem ele já tinha conhecido. Ela parecia misteriosa e tão fria, como vinte a baixo de zero.
  - Tudo bem! - O garoto sorriu, tentando ser simpático. Talvez, ele conseguisse quebrar o gelo da menina, ela parecia machucada. - Se quiser, pode me chamar! Estou na entrada do prédio com alguns amigos.
   olhou para o menino e assentiu, voltou a olhar para sua mala.

  Já estava escuro quando o celular de tocou.
  A menina não atendeu, muito menos se moveu ou se interessou em saber quem era.
  O quarto estava totalmente escuro, a luz do seu notebook iluminava um pequeno espaço. E o menino novo não havia voltado, desde que havia voltado para deixar o seu violão.
  Ela deu não havia comido nada, então se lembrou que trouxera de casa um pacote de biscoito de chocolate. O preferido de .
  Ela encarou o pacote e comeu um pedaço.
  - Uma pena, - ela falava de boca cheia - que você nunca mais comerá um dos seus bicoitos prediletos. - Ela riu, agora olhando para a foto de seu irmão no computador.
  A maçaneta da porta girou e logo John entrou.
  - Ei! Posso acender a luz - Ele perguntou, vendo a escuridão no lugar.
  - Claro! - Ela respondeu, sorrindo.
  - Pensei que tivesse saído do quarto - Ele disse, observando que a menina ainda vestia a mesma roupa de hoje cedo, só estavam sem os sapatos - Não foi visitar o campus - Ele olhava alguma coisa na gaveta do único armário no quarto.
  - Não fui. - Respondeu, seca. - Quero dizer... Eu já tinha vindo fazer uma visita aqui, o diretor me mostrou o campus completo e tudo o que tem nele.
  - Entendi. - John balançou a cabeça.
  - Mas me diga, você toca em alguma banda - Ela perguntou, mostrando interesse. Não que realmente estivesse interessada, mas talvez, fazer um amigo fosse legal.
  - Toco. - Ele sorriu, parando de mexer na gaveta e olhando pra ela. - O nome da banda é The Maine. Todos são do campus. Garrett, Jared, Pat e Kennedy, você devia conhecê-los. São caras legais.
  - Quem sabe um dia - ! - Ela sorriu.
  O telefone de tocou mais uma vez.
  Ela fingiu não ouvir.
  - Você não vai atender -
  - Atender o quê -
  - O telefone. - John riu da distração da menina.
  - Ah, claro! - Ela riu e pegou o telefone, na cômoda ao lado.
  John pegou o que estava procurando na gaveta e foi em direção ao banheiro, que ficava atrás de uma porta despercebida no quarto, pois era da mesma cor da parede.
  - Alô - atendeu.
  - ! Aqui é o detetive Garry. Sua mãe te ligou hoje mais cedo, era porque nós queríamos entrar em contato com você.
  - Pode falar, detetive. -
  - Um dos meus agentes gostaria de falar com você. Agora. Ele passará no campus e o levará para uma delegacia próxima da onde você está, aí em New York. Algum problema -
  - Aconteceu alguma coisa grave, detetive -
  - São só perguntas, senhorita .
  - Se é assim, sem problemas então. Vou esperar em frente ao campus da escola.
  - Obrigada por colaborar.
  O detetive desligou.
   jogou o celular longe e colocou o travesseiro no rosto, para abafar um grito.
  Desligou o computador e calçou os sapatos. Estava tão nervosa, queria correr, gritar e fugir.

  Quando chegou na delegacia, parecia apenas mais uma indefesa inocente de um assassinato cruel, como muitas que já tinham passado por ali.
  - A menina parece uma boneca, está tão obvio que ela não fez nada. - Disse uma mulher, atrás do vidro que separava a sala em que estava de vários policias que observavam a menina.
  Um policial abriu a porta da sala e entrou, observando .
  Ele sentou no lado aposto da mesa.
  - ! - Ele era sério e era obvio que só estava ali para cumprir seu trabalho e ganhar seu suado dinheiro no final do mês. - Existe algo que queira contar para mim - Algo que queira confessar -
  - Do que você está falando - Ela mantinha a calma.
  - Acho que sabe bem do que estou falando.
  - Sinto lhe informar, meu caro, mas não sei. A única coisa que eu sei é que meu irmão foi brutalmente assassinado na noite passada e vocês estão suspeitando de mim, a pessoa que mais amava ele naquela casa. Ou melhor dizendo, inferno.
  - Então, , por que fugiu - Veio para essa escola bem no dia seguinte do assassinato e nem ficou para o enterro do irmão.
  - Acontece que eu já estava com viagem marcada e passagem comprada, você deveria se informar mais antes de suspeitar de alguém. Esse é o seu trabalho, não - Suspeitar das pessoas, mas normalmente você precisa ter provas para isso.
  Ele ficou em silêncio.
  - Posso ir embora agora -
  - Claro. - O homem permaneceu sério.

Capítulo 2

  26 de setembro de 2012

  - O show do The Maine foi incrível, John! - A garota sorriu.
  John sentou na cama e deitou na cama ao lado.
  - Que horas são - O menino perguntou.
  - 01h30 da manhã. Por quê - Ela perguntou.
  - Nada. Só não pensei que seria tão tarde.
  - Mas ainda dá pra fazermos alguma coisa. - piscou para John, que deu um sorriso malicioso em troca.
  A garota avançou para cima do rapaz e deitou em cima dele, fazendo com que ele deitasse também.
   tirou a própria blusa e tirou a dele também.

  - SOCORRO! ALGUÉM PODE ME AJUDAR - abriu a porta do quarto e saiu gritando pelo corredor do prédio. - AJUDEM! SOCORRO!
  Alguns alunos abriram as portas do quarto.
  - Mataram John, mataram John! - A menina chorava.
  Algum aluno pegou o telefone e ligou para a policia, dizendo o que a aluna havia gritado e ele pensava que ela não estava de brincadeira.
  Em menos de quinze minutos uma viatura da policia chegou ao local, junto com uma ambulância.
  Alguns alunos, amigos de John, tentaram acalmar e conseguiram, deram algum calmante para que ela pudesse dormir e assim foi feito.
  Dois anos depois da morte do irmão da pequena , outro desastre acontece. Um tanto quanto irônico, não -
  Peritos passaram a amanhã toda estudando a cena do crime e quando acordou, pensou que tudo tinha sido um sonho e os estudantes tinham contado tudo de novo para ela.
  Assim que os peritos foram embora, fizeram perguntas básicas para a menina. Coisas como - onde você estava antes de achar o corpo - E por que tinha saído do quarto -
  Nada com que precisasse se preocupar, ela era boa com mentiras. Melhor ainda, ela era boa em inventar mentiras.
  Assim que acabou de responder as perguntas, ligou para casa e pediu para o diretor deixá-la passar dois dias com os pais, ela estava um pouco confusa com tudo o que tinha acontecido e o diretor a liberou.
  Pegou o primeiro voo e chegou em casa no começo da noite, seu pai havia ido lhe buscar no aeroporto. Ela não falava com , sua mãe, desde o natal passado. Vivia apenas para estudar e ir em shows da banda do seu namorado, com quem estava desde janeiro do ano anterior. Às vezes seu pai ligava e eles trocavam algumas palavras, nada de importante.
  - Podemos não ir pra casa agora, pai - perguntou, olhando para o pai que dirigia.
  - Aonde você quer ir, querida - Ele perguntou, sorrindo para a filha que sentava no banco ao lado.
  - Eu quero ir para o cemitério, pai. Hoje fazem 2 anos, você não se lembra -
  - É claro que eu me lembro, querida. Fui ao cemitério pela manhã, com sua mãe. Mas eu pensei que não fosse o melhor momento para falar sobre seu irmão.
  - Eu só quero ir lá, está bem - Nunca fui ao cemitério, não fui ao enterro... Me arrependo tanto. Eu só não queria lembrar de em um caixão, você me entende - Mas depois de ver John daquela maneira, foi tão estranho. - Ela respirou fundo - Senti como se fosse o fim do mundo, como se fosse e eu senti vontade de me matar também.
  - Jamais fale isso, entende - Não é sua culpa se existem pessoas doentes nesse mundo, querida. Pessoas matam e machucam os outros, algumas tem motivos para fazer isso, outras fazem apenas por serem doentes, entende - Você não tem culpa de existirem pessoas ruins. Eu vou cuidar para que descubram quem foi o culpado pela morte dele e vou cuidar para que prendam o individuo.
   abriu um pequeno sorriso.
  , o senhor , dirigiu até o cemitério e entrou junto com , pois a garota não sabia aonde ficava o tumulo do falecido irmão.
  Estava tudo escuro, pequenas lâmpadas iluminavam o cemitério, mas a escuridão da noite fazia tudo ficar um pouco sombrio. E não havia nenhuma alma - viva - por lá.
  Pensando bem, seria o local perfeito para um assassinato.
  Era nítido o choque da menina ao ler a lápide o nome e a frase que ocupava um pequeno lugar ali. - Aqui jaz Campbell . -
   sentou ao lado da lápide e sussurrou algo quase inacreditável, pelo menos para uma psicopata. - Desculpa. -
  - Pai, vem cá! - Ela chamou o pai que estava parado um pouco longe da lápide.
  - Descobriram quem fez isso - Ela perguntou, quando se aproximou.
  - Não, querida. Mas não deixamos que a policia pare a investigação. Vamos até o fim.
  - Quem diria, não é - Já fazem dois anos desde que se foi. Sinto tanta falta dele.
  - Eu também sinto, todos os dias. - passou a mão no cabelo das filhas, seus olhos azuis estavam marejados - Ele era um garoto de ouro, . Eu simplesmente não consigo entender como alguém pode ter feito tamanha crueldade com um menino feito .
  - Eu também não, pai. Ele era querido por todos, tanto aqui na cidade como na escola, era dedicado e nunca arrumou briga com ninguém. Hoje fazem dois anos e eu ainda não consegui entender.
  Os dois ficaram em silêncio.
  - Venha, vamos pra casa. - levantou, ao perceber que o pai estava chorando.
  Ela a puxou pela mão e o levou até o carro, para que dirigisse.

  Quando chegou em casa, foi recebida com abraços pela mãe, mas a garota continuava fria.
  Contou o que tinha acontecido para e ela disse que iam cuidar para que o caso fosse investigado o mais rápido possível.
  , além de mentirosa era uma ótima atriz. Passou os dois dias na casa dos pais chorando e falando com a mãe de John no telefone, que era a simpatia em pessoa.
  Depois de um longo telefonema com a mãe de John, sentiu algo que nunca havia sentido antes: Arrependimento. Mas não, isso não era o suficiente para se abalar. Afinal, ela sabia que tinha matado e tinha matado John por vontade própria e agora já era tarde para qualquer sentimento inútil.
  Decidiu então, voltar bem cedo para a escola. Talvez lá, pudesse se distrair e deixar esse sentimento de culpa, no Arizona.
  (Coloque pra carregar: )
  Depois de 30 minutos de atraso e uma pequena turbulência, ela chegou em New York. Pronta para esquecer tudo o que havia acontecido, pelo menos até o próximo 26 de setembro. Pois, se ela tivesse um bom motivo, ela não precisaria esperar dois anos para matar de novo. Não mesmo.
  Saiu do avião o mais rápido que pode, odiava qualquer turbulência, por menor que seja. Ela tinha medo de avião, talvez o único medo dela fosse esse.
  O pai de havia avisado sobre o voo da filha para o detetive que estava cuidando do caso de John.
   suspeitava da própria filha.
  (Coloque pra tocar: Link)
  Um grupo de cinco policias esperavam pela menina na sala do desembarque.
  Assim que ela acabou de pegar a sua pequena bagagem, o grupo de policias se aproximou dela. Um deles mostrou o distintivo.
  - Precisamos que venha com a gente.
  - Pra que tantos policiais - perguntou, ainda calma.
  - Para o caso de você recusar o meu convite. Ou quem sabe, decidir fugir.
   olhou cada policial, estudou um por um até acompanhar um deles até uma viatura.
  Ela sabia que eles não poderiam prende-la, não sem nenhuma prova.

   estava na mesma mesa que havia sentando havia algum tempo atrás.
  Um outro policial estava sentado na sua sente, a encarando.
  - Talvez ele trabalhasse com o silêncio - ela pensou.
  - Não vai perguntar nada - sorriu sarcástica - Que tipo de detetive você é -
  - Só estou esperando você confessar, nós já sabemos de tudo.
  - Então me contem, o que vocês sabe - Já que se dizem tão espertos...
  - Você matou seu irmão. Era óbvio que ninguém desconfiaria da querida irmã mais nova que ele amava tanto, não é mesmo - Mas o que ninguém sabia, era que a pobre tinha inveja do irmão. Do próprio irmão, não é mesmo, - A garota não tinha expressão nenhuma, só se encolheu na cadeira e permaneceu em silêncio, para que o homem continuasse. - Ele era melhor que você. Seus pais nunca te deram a atenção que davam para ele, estou correto - As notas dele eram melhores, ele tinha amigos e você não, ele ia para festas enquanto os únicos convites que você recebia eram mandados por engano. E então, naquela noite, você matou seu irmão. Esperou todos estarem na festa, pois a casa estaria cheia e assim, teriam outras pessoas para que pudessem desconfiar. Lá em cima, com o seu irmão, você o abraçou e o empurrou pela escada. Apesar do garoto ser maior que você, ele estava distraído e não imaginava que a irmã seria tão cruel. - O detetive bateu as mãos na mesa.
  - Não acredito que demoraram dois anos e exato dois dias para descobrir isso. - Ela abriu um lago sorriso.
  O detetive teve nojo da menina e sua vontade era de lhe dar um tapa no rosto tão forte, que faria a menina cair da cadeira. Mas ele não podia, era seu trabalho. Permaneceu sério.
  - E John... Você também o matou. Enforcou o garoto com as próprias mãos e depois de ver seu corpo cair, o esfaqueou, até ter certeza de que não respirava mais. Isso tudo, porque na noite anterior você ficou sabendo com um amigo dele, Garrett, que ele havia ficado com uma menina do mesmo prédio que vocês.
  - Pelo menos nesse caso, vocês foram mais rápidos. Eu matei os dois. - A menina encarou o homem que estava na sua frente.
  Mais dois policiais entraram na sala.
  - Campbell , você está presa pelo assassinato de Campbell e John Cornelius O'callaghan V. Tem o direito de ficar calada e se não quiser usar esse direito, tudo o que você falar será dito contra você no tribunal.
   ficou calada e levantou da cadeira, deixando que colocassem algemas em seus pulsos.

Capítulo 3

   e observavam através de uma enorme janela de vidro. não conseguia enxergar eles, pois era muito escuro, mas ela sabiam que seus pais e outros estavam ali, para observá-la.
  - O que ela tem - O pai perguntou para um médico, que olhava a prancheta que carregava.
  - Ela vivia em um estado eterno de hiper-realidade. Ela pensava que podia fazer o que queria e o que tinha vontade. Nunca se importava com os sentimentos dos outros ou se o que faria machucaria alguém. A alto inteligente de ajudava com que ela pensasse em coisas para passar despercebida e pensar em coisas para fugir de tal situação, uma mentira ali e outra ali, uma história que não era verdade...
  - Ela sempre será assim - A mãe, , perguntou.
  - Com um pouco de terapia e uma medicação diária, quem sabe ela melhore um pouco - Esse distúrbio pode melhorar, mas ainda precisamos estudar a situação de   . É muito delicado.
  - Existe um diagnostico, doutor - perguntou, abraçando a esposa.
  - Ela é uma psicopata, senhor. Eu lamento.



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