Keep it Simple, Darling

Escrito por Marcella Ribeiro | Revisado por Mah

Tamanho da fonte: |


Para Danielle Aquino, com muito amor.

   estava sentada mais pro meio do ônibus, apoiando a cabeça no vidro da janela, pouco se importando com o chacoalhar do veículo ou os tremores que acometiam o vidro e faziam sua cabeça parecer vibrar.
  Quando entrou no ônibus, como na maioria das vezes que ia de volta para sua cidade, pensou que seria incapaz de dormir. Mas daquela vez estava tão, tão cansada que apagou com menos de vinte minutos de viagem, e pra quem nunca conseguia dormir em um ônibus, aquilo era muita coisa.
  A viagem não era tão longa. Da capital onde fazia sua faculdade até a casa de sua mãe de carro seria por volta de uma hora e meia, não mais que isso, mas como era fim de ano e nem um ser vivo se prontificou a dar-lhe uma carona, teve que enfrentar o ônibus, que demorava um pouquinho mais.
  Mas estava tão cansada que nem ligou. Ir com algum amigo da faculdade de carro até sua cidade para os feriados seria uma viagem mais curta, mas ela não poderia simplesmente relaxar e dormir, porque sempre havia aquela coisa chata de ter que ficar conversando sobre os estudos e a família e os planos para o Natal no caminho e mais uma infinidade de outras coisas triviais que , se não estivesse no quinto sono, estaria levantando as mãos para o céu e agradecendo por não ter que enfrentar.
  Em algum momento de seu sono, chegou até a sonhar com enfeites e muita comida, que era sempre o que a aguardava ao voltar pra casa naquela época do ano. E afinal de contas, era mais que merecido receber esse tratamento e ter essas horas felizes pra dividir com a família depois de um ano inteirinho ralando na faculdade e quase dezembro todo trabalhando na biblioteca de lá. Não que ela não gostasse do trabalho, mas cansava demais.
  Seu sono foi interrompido quando atingira uma hora de viagem, o que logo fez com que acordasse um tanto mal-humorada, visto que parecia ter pregado os olhos por apenas quinze minutos.
  Olhou ao redor, notando que estavam parados na rodoviária de uma das cidades que estavam no caminho e muita gente subia no ônibus, quase o lotando, inclusive o rapaz alto de cabelo que a estava cutucando naquele momento.
  - Quê que é? – disse rude, a voz rouca pelo sono.
  - Hmm... Esse é o meu lugar, segundo meu bilhete – o rapaz estendeu o bilhete da rodoviária daquela cidadezinha insignificante no meio do caminho pra ela e, relutante, ela pegou da mão dele e confirmou: estava sentada no lugar dele.
  - Bom – respondeu, respirando fundo e tentando não rasgar o bilhete e jogar os restos pela janela, dizendo inocentemente um “Ooops, acho que você não tem mais lugar nenhum nesse ônibus”, e tirou sua mochila com algumas roupas do banco ao lado. – Você pode sentar aí – fez um gesto com a cabeça para o lugar, colocou a mochila no colo meio que a abraçando e voltou a encostar-se à janela, já fechando os olhos.
  Teve que abri-los novamente quando ouviu um pigarro.
  Com um longo suspiro, virou-se para o rapaz, que continuava em pé segurando sua mochila enorme em um dos ombros.
  - O que foi agora?
  - Eu paguei por esse bilhete e eu escolhi o banco da janela, não vou sentar no corredor.
   rolou os olhos, já se aprumando, pronta pra arranjar briga.
  - Escuta aqui, eu cheguei primeiro, não vou sair.
  - Então escute aqui você – o rapaz se alterou também, franzindo a sobrancelha e mudando a mochila de um ombro para o outro – eu preciso que você saia do meu lugar.
  - E eu já disse que não vou sair dessa porra desse banco, fique satisfeito com o do corredor – usou um tom de voz óbvio, como se estivesse falando com uma criança, e o rapaz bufou.
  - Moça, eu estou pedindo com educação – quase rosnou as últimas palavras, mantendo os lábios em uma linha fina e uma expressão feroz no rosto – saia do meu lugar!
  - Eu não vou sair!
  - Eu comprei o bilhete que diz que esse é o meu banco!
  - E eu comprei o bilhete que diz vai se foder!
  - Se você não sair por bem, eu vou te arrancar daí!
  A briga começou a ficar um pouco mais alta, tanto que logo os outros passageiros estavam atentos aos dois jovens, e não demorou muito pra que o motorista do ônibus entrasse e tentasse apartar a briga.
  - O que está acontecendo por aqui? – o senhor que parecia ter uns 40 anos e uma barriga de sete meses perguntou calmamente, e olhou-o furiosa.
  - Esse imbecil quer que eu saia do meu lugar pra ele sentar.
  - Opa – o rapaz se defendeu – essa louca sentou no lugar errado, que a propósito é o meu, e não quer sair dessa bosta de banco!
  - Ei, calma... – o motorista começou, apoiando uma mão no ombro do rapaz. – Como é seu nome, filho?
  - – o mesmo respondeu, rolando os olhos. Geralmente era calmo, mas aquela garota estava conseguindo tirá-lo do sério, e a voz compreensiva do motorista só piorava as coisas.
  - Deixe-me ver seu bilhete.
   entregou o bilhete a ele com prazer e um sorriso vitorioso direcionado à , e ela bufou.
  - Não importa o que esse bilhete diga – já começou, antes que o motorista pudesse dizer qualquer coisa – eu sentei aqui primeiro.
  - Garota, saia do meu lugar – também não deixou que o pobre motorista falasse, e jogou a mochila de viagem no banco ao lado e levantou-se.
  - Garota não, eu tenho um nome. E não vou sair daqui, eu sentei aqui primeiro!
  - Moça – o motorista tentou novamente, ele mesmo já perdendo a paciência enquanto os outros dois se encaravam furiosamente – Este lugar realmente é dele, receio que você terá de sair.
   olhou-o como se ele tivesse atirado algo nela, ultrajada.
  - Mas eu...
  - Sentei aqui primeiro, blá-blá-blá afinou a voz, tentando imitá-la, e alguns dos outros passageiros acabaram rindo daquela criancice, fazendo querer explodir aquele ônibus.
  - Deixe-me ver o seu bilhete, por favor – o motorista pediu, dessa vez se dirigindo à garota, e rolou os olhos novamente, emburrada. Não adiantaria ser rude com o motorista, afinal de contas, ele não havia lhe feito nada.
  Abriu um dos bolsos da mochila e entregou a ele o seu bilhete, odiando aquela ideia de lugares pré-determinados. Era tudo tão mais fácil quando não existia nada daquilo e quem quer que chegasse primeiro ficava com o lugar! O que aquela bosta de rodoviária pensava, que o ônibus era a porra de um avião?!
  O motorista leu o bilhete e olhou pra ela com pena.
  - Vejo porque não quer ir pro seu lugar – mas, mesmo assim, pegou a mochila dela e colocou no próprio ombro, apontando o caminho do corredor pra ela – Por favor, sente-se no seu lugar, não é assim tão ruim.
  O motorista a olhava com sinceridade e estava sendo educado, só por isso bufou e concordou, passando por – que estava com um olhar triunfante – ainda de cara amarrada.
  O motorista a guiou até o lugar que ela sabia ser o dela e espremeu-se no corredor pra que ela pudesse passar, sentando no banco logo ao lado do minúsculo banheiro do ônibus.
  - Desculpe a confusão, mas são as regras – ele disse pra ela. – Se ninguém tivesse comprado o bilhete daquele banco, você poderia sentar lá sem problemas.
   assentiu, conformada, e ajeitou-se em seu banco, sabendo que não adiantaria procurar por outro lugar vago. O ônibus havia lotado naquela maldita rodoviária onde o bonitão – e irritante – rapaz de olhos subira.
  O motorista voltou para a frente do ônibus, chamando o restante dos passageiros que estavam lá fora comprando algo e já ligando o motor do veículo, e antes mesmo que ele desse as costas completamente, viu esticar o pescoço por cima do banco que era dela há alguns minutos e sorrir em deboche, logo recebendo o dedo do meio que ela levantou pra ele.
  Ainda morta de raiva e bufando, pousou a cabeça no encosto do banco e tentou se acalmar. Odiava a ideia de ser tirada daquele lugar e ter que aguentar pelo menos mais uma hora e meia ao lado do banheiro mal cheiroso. Já não bastava que tivesse tido o ano mais ridiculamente horrível até ali, ainda tinha que começar a dar as boas-vindas ao Natal daquele jeito?
  Irritada, ela abraçou sua mochila e tentou ignorar o cheiro e os olhares que as outras pessoas dirigiam à ela.
  “O que é?” tinha vontade de perguntar. “Nunca viram uma fracassada antes?”.
  Aquela seria uma longa viagem.

~*~

  Definitivamente, não havia como dormir com aquele cheiro. Ainda mais depois que um menino gordinho entrara e saíra dali deixando pra trás – e para ela – um cheiro de carniça que a fazia querer vomitar.
  Na parada seguinte, já não aguentava mais. Queria descer ali mesmo e esperar o próximo ônibus que passasse por sua cidade natal. Ou que aquele ônibus capotasse e acabasse de vez com seu tormento, porque ela não achava que conseguiria se livrar daquele cheiro tão cedo a não ser que morresse.
  Mas quando aproximou-se, rumando em sua direção, foi que as coisas ficaram obscuras. Ela queria voar no pescoço dele por ter roubado seu lugar, ou, o que parecia muito mais atraente, enfiar a cabeça dele naquela privada nojenta e fazê-lo comer cocô.
  - Ei, uau – ele exclamou, logo que chegou perto pra sentir o odor que o gordinho filho da puta deixara pra trás – Como você está aguentando isso?
   ficou a pouco de atacá-lo naquele momento. O sorrisinho cínico que ele exibia fazia um par muito bonito com seus olhos enquanto ele tirava sarro dela, e ela queria realmente ter força o suficiente pra enfiar aquela cabeça idiota dele na privada. Além de roubar seu lugar e ser um irritante, o cara ainda tinha que ser bonito! Argh!
  Ela, então, apenas virou o rosto para o lado oposto, ignorando o rapaz completamente, e ele sorriu mesmo assim. Ela ficava engraçada quando estava com raiva.
  Entrou no banheiro, mas logo surpreendeu a garota quando saiu de lá cinco segundos depois.
  - Okay – ela resmungou, pra ninguém em específico – essa foi rápida.
  - Eu não vou usar essa merda, você viu o que fizeram lá dentro?! – parecia horrorizado, e ela segurou o riso.
  - Posso imaginar pelo cheiro.
  Voltou a olhar pra longe, e ele encarou-a enquanto ela fingia ignorá-lo.
  Por mais que tivesse ficado feliz de colocá-la – literalmente – no lugar dela, ele se sentia mal ao olhar do banheiro para a garota. Não era à toa que ela tinha roubado o lugar dele.
  Olhou para a frente do ônibus, vendo que ninguém novo subira, então o lugar ao seu lado continuava vago.
  Olhou de volta para e suspirou. Ela nunca aceitaria, mas não custava tentar.
  - Ei, garota. – ele chamou e ela voltou-se pra ele com raiva.
  - Já disse que tenho nome! – rosnou e passou então a massagear as têmporas, tentando controlar os nervos – , meu nome é .
  - Tudo bem, sorriu, tentando parecer amigável. – O banco ao lado do meu ainda está vago, se você qu...
  - Nem pensar – ela cortou-o e eles se encararam novamente.
  - Bem... é isso ou o banheiro – e fez uma cara de nojo que deixou suas feições engraçadas quando olhou na direção da porta.
  - Não, obrigada – suspirou. Não daria o braço a torcer por nada. – Acho que já me acostumei com o cheiro. – mentiu.
  Nesse momento, o mesmo gordinho que empesteara o banheiro poucos minutos atrás saiu correndo lá da frente até o fundo do ônibus com um olhar desesperado e trancou-se no banheiro novamente.
   e se entreolharam, e naquele momento ambos ouviram o som de, bem... gases.
  O rapaz ergueu uma sobrancelha, como quem diz “agora você vai?” e levantou-se.
  - Foda-se meu orgulho, eu sento do seu lado.
   riu e balançou a cabeça antes de seguir na frente dela, pra certificar-se de que não roubaria seu lugar e criaria confusão novamente, e sentou-se pesadamente no banco ao lado, sentindo a brisa entrar pela janela e respirando fundo quando o ônibus recomeçou a andar depois daquela parada.
  - Ah – ela exclamou, deliciada – ar puro!
   olhou-a de relance e aconchegou-se melhor no seu banco, suas pernas compridas ficando um pouco apertadas por conta do banco da frente.
  - De nada – ele disse, e quando olhou-o, ele sorriu – Por salvar o seu nariz.
  A garota revirou os olhos, mas ponderou o que lhe foi dito.
  - É, valeu – e, com sarcasmo, acrescentou: - não sei o que faria sem você.
   ignorou-a, mas ficou feliz de ter feito uma boa ação. Embora achasse que aquela garota ainda fosse achar algo com o que implicar, não se importou muito.
  Sempre tivera uma queda por encrenqueiras.

~*~

  - Não, você não pode matar o personagem principal agora! – reclamou, assim que disse a frase “E então, Elliott, o bravo herói, foi atingido por uma paulada na cabeça, teve um traumatismo craniano e morreu”. – A gente mal começou, por que você tem sempre que estragar?
   rolou os olhos e encostou a cabeça no vidro da janela em um claro sinal de “eu desisto de você”.
  A conversa sobre onde moravam, o que faziam e pra onde estavam indo já havia se esgotado, e agora estavam parados há mais de meia hora em um determinado trecho da estrada por conta do trânsito de fim de ano, e quando começou a reclamar em voz alta que não aguentava mais aquele ônibus e nunca mais viajaria em pleno dia 23 de dezembro, queria de todo jeito fazê-la parar de reclamar.
  Por isso, veio com a ideia do “continue a minha história”, uma espécie de jogo que ele lembrou na hora onde ele inventava um trecho qualquer e ela continuava e assim por diante, até que formassem uma história.
  O problema era que e eram completamente diferentes. Enquanto ela floreava as histórias ao máximo que podia, colocando detalhes e mais detalhes nela, ia direto ao ponto e gostava de simplificar.
  Por isso, a história que mais tivera conteúdo fora aquela do bravo herói Elliott, que agora se revoltava porque acabara de matá-lo.
  - Vamos começar de novo, dessa vez eu digo quando vai haver alguma morte – ela impôs e colocou a mão na testa, exasperado.
  - Por que você tem que ser tão controladora? – reclamou – era só uma brincadeira, não precisa levar tão à sério.
  - Não era só uma brincadeira, Elliott foi o personagem mais legal que eu já criei!
   pensou em responder algo bem mal criado, mas não queria entrar em outra briga “produtiva”. As últimas duas já tinham acrescentado o suficiente em sua vida. A primeira fora porque ele abrira demais a janela e estava “sufocando com a quantidade de ar que entrava”, e a outra porque ele lhe oferecera salgadinho e ela disse que ele devia ter cuspido no pacote sem que ela visse, por isso estava oferecendo.
  Não, não queria outra briga.
  Por isso contentou-se em avaliá-la novamente. Os cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo, e ela não estava usando nenhuma maquiagem, a não ser que seu olhar furioso contasse como uma.
  - O que é? – ela perguntou e ele apenas sorriu.
  - Conheço o seu tipo – o garoto respondeu, virando-se para frente, deixando de olhá-la.
  - O meu tipo? – indagou – o que quer dizer com o meu tipo?
  - Ah, você sabe – suspirou – é uma daquelas garotas que acha que se não tiver pleno controle sobre as coisas, vai quebrar a cara de novo.
   riu, debochada.
  - Você me conhece há uma hora e acha que já pode saber algo relevante sobre mim?
   olhou no relógio de pulso distraidamente.
  - Na verdade, te conheço há uma hora e vinte minutos, pra ser exato. E sim, eu acho. Você é o tipo de garota que superestima as coisas, e acaba tornando elas muito mais complicadas do que são.
  - Eu? – queria dar um soco nele por achar que tinha o direito de avaliá-la daquela forma – E quanto a você? – rebateu – mais um idiota que se acha a solução de todos os problemas do mundo quando na verdade é só isso: um idiota.
  - Exatamente – ele a olhou – somos o oposto, não vê?
  - É claro que eu vejo – rolou os olhos e cruzou os braços, como se quisesse se proteger dele – eu sou uma pessoa inteligente, você é um imbecil.
   riu, mas percebeu que não foi um riso ofendido.
  - Se você consegue ver isso, consegue ver também o que devemos fazer agora – disse simplesmente, como se aquela curta frase explicasse alguma coisa.
  - Nos ignorarmos até essa viagem acabar? – sugeriu e ele negou com a cabeça.
  - Não, porque como eu disse, nós somos o oposto um do outro. Isso significa que o que você tem eu não tenho e vice-versa.
  - E...?
  - Sou seu complemento, querida.
   ia explodir em uma gargalhada, mas a próxima frase de acabou com a sua vontade de rir.
  - Por isso eu acho que deveríamos sair amanhã.
   quase engasgou com a risada que estava prestes a sair e não saiu por culpa da surpresa.
  - O quê? – exclamou – O que te faz pensar que eu sairia com você?
  - O motivo que eu te dei não é o suficiente? – fingiu surpresa – Caramba, você é difícil mesmo!
   empurrou-o com os ombros, um gesto que queria dizer claramente “cale a merda da sua boca”.
  - Eu tô falando sério, insistiu, assim que viu que a garota não diria mais nada – eu sei que isso pode parecer estranho, mas eu acredito sinceramente que todas as pessoas que conhecemos sabem coisas que nós não sabemos, e que podem acrescentar algo novo na nossa vida – fez uma pausa, esperando alguma reação – E, de qualquer forma... Eu vou estar preso na sua cidade até a metade de janeiro. É legal conhecer alguém.
   negou com a cabeça, desacreditada.
  - O que você disse foi até bem legal, menos a última parte – avaliou – só quer sair comigo porque não conhece mais ninguém, não é?
  - Não – ele rolou os olhos – você é muito séria – pontuou – acho que eu poderia te ensinar algumas coisinhas.
  A cara de safado que ele fez foi demais pra . Socou-o com um pouco de força no braço e ele riu.
  - Você é mais idiota do que eu pensei.
  - E você ainda não me respondeu.
  - Porque eu não sei o que responder! – ela se exasperou.
  - Isso não é um não. – Ele lembrou.
  - Mas também não é um sim.
  Olharam-se por alguns momentos e disse, por fim:
  - Vou te dar um tempo pra pensar. Enquanto isso – e então, começou a falar como se estivesse recitando um poema -, o nobre herói Elliott, cujo corpo encontrava-se caído no chão, recobrou a consciência...
  - Ah não! – riu – Você matou o cara e acabou de fazê-lo ressuscitar, é isso mesmo?
   ignorou-a.
  - Sentou-se, pegou seu escudo e levantou, ainda meio tonto, surpreendendo seus adversários. Que cara incrível, esse Elliott!
   riu novamente e acabou por continuar a história dele, pensando que, talvez, sair com aquele rapaz não fosse ser assim tão ruim quanto era ter o lugar do ônibus roubado por ele.

~*~

  Quando os dois desceram do ônibus, finalmente na cidade de e a cidade da avó de , com quem ele passaria o natal, o ano novo e parte de janeiro, respiraram fundo e esticaram as pernas. Três horas e meia de viagem era mais do que podiam aguentar em um ônibus cheio de gente como aquele.
  - Nada contra crianças – disse, quando viu o garotinho do banheiro passando por ela enquanto devorava um pacote de bolachas -, mas me segura, ou eu vou pular no pescoço desse gordinho. – fingiu uma cara de brava.
  - Nossa! Ela fez uma brincadeira, minha gente! – exclamou, como se estivesse anunciando ao mundo.
  - Ei – empurrou-o – eu não sou tão séria assim. Como eu disse, você não me conhece.
  - Bom – ele sorriu – agora vou conhecer.
  - Eu nunca disse que aceitava sair com você – ela lembrou e ele ponderou.
  - No fim – respondeu, com um ar de quem sabe das coisas – ninguém resiste a mim, então você vai sim.
  - Há! – exclamou, meio rindo enquanto pegava o restante de suas malas – Porque você é tão lindo e charmoso – ironizou, se abanando como se estivesse com calor – Não sei como resisti até agora!
   riu e pegou as próprias malas.
  - É assim mesmo que acontece com as garotas ao meu redor – ele disse – mas sem a parte da ironia.
   rolou os olhos e caminharam ambos para fora da rodoviária, logo avistando sua irmã mais velha que viera lhe buscar.
  - Bom, vou indo, estendeu a mão para cumprimentá-lo depois de acenar para que a irmã esperasse.
  - Como assim, vai indo? – fingiu estar chocado e acabou rindo novamente – Achei que ia poder te levar em casa pra saber onde é e então te buscar amanhã como em um encontro de verdade.
  - Você sabe que amanhã é véspera de Natal, não sabe? – avaliou-o – E que a maioria das pessoas passa a véspera e o natal com a família?
  - Não vou tomar muito do seu tempo – ele deu de ombros – Vamos, vai ser legal. A gente fica fora só o suficiente pra não precisarmos ajudar a preparar as coisas, mas voltamos a tempo de comer.
  Sorriu como uma criança e rolou os olhos novamente.
  - Quer uma carona? – ofereceu. – Minha irmã veio me buscar, pode te levar em casa.
  - Isso foi uma forma de dizer que você vai sair comigo?
  - Não se iluda, – riram e caminharam ambos em direção à irmã de , e depois de abraçá-la e apresentar , entraram no carro e acabaram trocando telefone e endereço, com dizendo sempre que parecia hesitar quanto ao “encontro”:
  - Qual é, ! Deixa a vida te levar – e sorrindo com o melhor sorriso que possuía.

~*~

  Era uma da tarde do dia 24 de dezembro quando chegou, perdeu-se olhando a rua de e imaginando ela menor vivendo ali enquanto a garota não vinha atendê-lo.
  Imaginou aquela que vira no ônibus, com aquele ar de quem realmente nascera pra cidade grande, crescendo ali.
  Por fim, afastou o pensamento da cabeça porque não conseguia imaginá-la, e há muito tempo parara de pensar nas pessoas desse jeito. É claro que de onde vinham e a história de vida influenciavam no que a pessoa se tornava, mas não mudava nada realmente no modo como ele devia vê-las. E não conseguiria de verdade ligar a que conhecera com uma outra que ele conseguia apenas imaginar, também porque, como acontecia com muitas pessoas, provavelmente mudara durante os anos morando sozinha e estudando em outra cidade.
  Ele mesmo, independente de sua história de vida, mudara ao longo dos anos.
  Surpreendeu-se ao voltar o olhar pra casa de e vê-la andando até ele, um blusão largo, os cabelos presos de qualquer jeito e um olhar furioso.
  - O que aconteceu? – já foi perguntando.
  Ouviu bufar enquanto parava de frente a ele, cruzando os braços.
  - Eu estou aqui há algumas horas e já não aguento mais – revirou os olhos – Natal é legal, é pra ficar com a família, mas algo estressante sempre acontece e estraga tudo – reclamou.
  Com um longo suspiro, olhou e tentou sorrir.
  - Você tá bonito pro nosso encontro – avaliou-o, reparando em seus cabelos bem penteados e roupa impecável.
  - E você está... – tentou retribuir o elogio, mas quando olhou-a de cima à baixo e fez com que ela desse uma voltinha no mesmo lugar, ambos acabaram rindo.
  - É, eu sei – ela respondeu por ele – E eu não vou sair assim, só... Sei lá, achei que você não viesse de verdade – confessou e olhou para os próprios pés, ainda de braços cruzados, esperando que pouca gente saísse na rua naquele horário e a visse naquele estado.
  - Tudo bem – ele deu de ombros. – Mas você ainda vai, não é?
   revirou os olhos novamente, mas acabou por concordar.
  - Melhor do que ficar aqui... Espera só um minutinho – e então suas feições voltaram a demonstrar uma certa raiva e ela voltou marchando pra casa, saindo de lá só uns vinte minutos depois, com um shorts jeans e uma blusa branca simples, mas com os cabelos devidamente penteados e soltos.
  E foi pego por uma vontade súbita de vê-la feliz durante as horas que passariam juntos, sendo doce com ele, como se eles fossem... Namorados? Não. Companheiros, talvez. Amigos de verdade.
  - Bom – ela suspirou alto quando chegou perto dele, ainda parecendo meio relutante e extremamente entediada –, vamos lá, né.
  - Qual é, ! – ele chutou as pedrinhas que estavam no chão, sentindo-se na obrigação de pelo menos tentar fazer com que o dia dela ficasse melhor – Não sou assim tão ruim.
  - Pode não ser, mas me lembre mesmo o por quê eu vou ir com você, por favor?
  - Não é óbvio? – ele sorriu – sou a solução de todos os problemas do mundo – lembrou-lhe da frase que ela mesma havia dito enquanto “brigavam” – posso resolver os seus.
  Ela riu.
  - Não, não pode mesmo.
  - Posso te ajudar a esquecê-los, então. E agora? O que me diz?
   sorriu verdadeiramente pela primeira vez aquele dia e deixou-se levar pelo garoto.
  Acabaram conversando sobre o motivo de Dani estar tão estressada naqueles tempos, o que fez a garota sentir-se melhor. Ele era um bom ouvinte, e além de tudo, sentira-se mais leve depois de desabafar.
  Seguiram mais confortáveis um com a presença do outro.

~*~

  Os planos de eram simples, por isso estava tão chocada que tudo tivesse dado errado de tal maneira.
  E por culpa dele, depois de muito tempo torrando dentro do carro, estava sentada em um imenso bloco de concreto, nos fundos de uma fábrica de vidros abandonada, resmungando pra si mesma porque já eram 23h, o Natal estava pertíssimo e ela estava muito longe de sua cidade, de sua família.
  - Tudo bem, acho que consegui sinal! – ouviu gritar ao longe e revirou os olhos quando viu onde ele estava: no telhado do que parecia ser o começo da garagem da antiga fábrica.
  - Desça daí, ! – gritou, querendo não ligar pra ele mas sem conseguir ignorar que se ele caísse dali e morresse, se sentiria meio mal - Não acho que esse negócio vá aguentar o seu peso!
  - Tá me chamando de gordo? – o garoto gritou de volta, em meio à escuridão daquele lugar, tentando localizá-la, e ela simplesmente puxou a blusa pra cima, cobrindo a própria boca, e gritou.
  Ouviu um barulho e percebeu que derrubara com o grito, porque ele se assustou. O garoto levantou-se depressa e correu até ela.
  - O que aconteceu?
  - Estou liberando a minha raiva, posso?
  - Porra, ! – ele brigou – Você quase me matou do coração, pensei que tivessem te estuprando ou sei lá.
  - Meio difícil, né – ela voltou a cobrir a boca, querendo gritar novamente, mas desistiu – Esse lugar é abandonado, acho que nem os insetos vêm até aqui.
  - Não exagera – pediu e sentou-se ao lado dela – Vou descansar um pouquinho, tá bom? Depois eu procuro sinal no celular de novo.
   observou-o pelo canto dos olhos e se sentiu melhor ao ver que ele estava todo suado e melequento. Estivera andando pela propriedade sem parar, no escuro e no calor infernal que fazia, tentando achar sinal pra conseguir ligar pra alguém.
  - Se você tivesse ideia de pra onde estava me levando, nada disso teria acontecido – a garota relembrou e ele suspirou.
  - Não é minha culpa que as estradas daqui são tão confusas.
  Quisera levar pra uma das cidades vizinhas, uma que tinha um parque bonito e restaurantes legais, e ele calculara bem as coisas. Decorara o caminho e se certificara de sair de casa em um horário que desse tempo de buscar a garota, levá-la até lá, voltar e ainda faltar umas duas horas pra meia-noite, mas é claro, as coisas não funcionaram direito.
  Primeiro porque os celulares perderam o sinal da operadora logo que os dois chegaram à estrada, então não puderam consultar o google maps. Segundo porque realmente decorara o caminho, mas esqueceu tudo enquanto conversava com . E terceiro porque ele se meteu em uma estradinha de terra no meio do mato dizendo que tinha certeza que aquele era o caminho e então andou, andou, andou até a gasolina acabar.
  A propriedade mais próxima que os dois encontraram era aquela fábrica abandonada, e ele estava se sentindo mal de verdade ao ver no que tinha dado a “saída perfeita” que ele planejara.
   cruzou os braços e meio que sentou-se de lado, quase completamente de costas pra ele e começou a jogar algo bobo no celular. então suspirou e tentou lembrar daquela velha resolução de vida que tinha: sempre ser positivo. Se você chegou a algum lugar inesperado, é porque pode tirar algo de bom dele.
  Levantou-se então e sentou do outro lado de , pra que pudesse vê-la, e pôde observar à luz da lua a garota revirar os olhos.
  - O que foi agora?
  - Olha – o garoto começou, tentando não estragar o humor dela ainda mais. Sabia que ela estava puta da vida com ele, precisava consertar as coisas -, eu juro que não queria te fazer passar por isso, mas veja pelo lado bom: pelo menos não está sozinha aqui! – sorriu docemente e ela riu sarcástica.
  - Porque, na verdade, sozinha eu nem teria chego aqui, né, querido? – fechou a cara novamente e ele acabou sorrindo.
  - Sabe, você acha que vai me afastar com essa marra toda, mas eu gosto disso – olhou-a de forma sincera, e acabou vendo-se novamente não tão brava com ele mais. Ele estava fazendo isso desde que se conheceram – e eu tenho certeza que tem uma garota aí dentro super amável e legal.
   olhou-o com cara de tédio e acabou por rir.
  - O quê? É sério! Você é tipo a personificação feminina daquela história do “dentro de todo ogro, existe um gentleman”.
  - Tá me chamando de ogro?
  - Ogro não, ogra.
   sorriu e acabou por se render. Virou-se para ele e, então, mais uma vez estavam se encarando.
  - Vou tirar a gente daqui – prometeu e assentiu.
  - De preferência, antes da meia-noite.
   piscou pra ela despreocupadamente, mas por dentro sabia que só tirá-la dali já seria mais difícil do que ele queria admitir; antes da meia-noite, impossível.
  Recomeçou, então, a procurar sinal no celular, e como estava se sentindo não tão brava com ele mais, levantou e foi para o outro lado, tentando achar sinal na operadora do seu próprio celular.
  A coisa ficou chata antes que atingissem os cinco minutos de procura, por isso começou a cantarolar uma musiquinha do Bruno Mars, apenas para passar o tempo, e acabou por sorrir lá do outro lado. A voz dela não fora feita para cantar, e ela desafinava muito, mas só o fato de estar cantarolando já era um bom sinal, por isso ele acompanhou-a na cantoria assobiando e fazendo sons com a boca para imitar a batida da música.
  - You can count on me, like one, two three...
  - Tchutchun, tchutchun, tchutchun…
  - I’ll be there. And I know when I need I can count on you…
  - Pbum, pbum, pbum…
  - Like four, three, two. You’ll be there…
  - Tchutchun, tchutchun, tchutchun…
  - ‘Cause that’s what friends are supposed to do, oh yeah.
  Quando perceberam, já tinham cantado umas cinco músicas diferentes, revezando pra saber quem “cantava” e quem “tocava”.
  E nenhum dos dois tinha conseguido sinal o suficiente pra ligar pra qualquer conhecido.
  - Será que se ligarmos pros bombeiros, eles vêm nos salvar? – sugeriu e revirou os olhos, exausta.
  - É claro – respondeu, voltando um pouco ao seu mau-humor-que-era-totalmente-culpa-de- – Porque é para isso que bombeiros servem mesmo, ainda mais no Natal – falou com ironia.
   sentou-se em qualquer lugar.
  - Quer saber, eu desisto – levantou as mãos como se dissesse “não há mais nada que eu possa fazer” – eu me perdi mesmo, é verdade. Isso é tudo minha culpa, admito também. Mas não vai adiantar nada você ficar me olhando feio toda vez que lembra disso, tá legal? – suspirou – Se você acha que era isso o que eu queria fazer na nossa noite...
  - Nossa noite? – riu – Desculpa, , mas você deve ter algum tipo de problema, não é possível! Você que inventou essa história toda de “encontro” – fez aspas com as mãos – você que inventou de vir pra outra cidade, você que veio com toda a história de que alguém pode contribuir com a nossa vida quando entra nela e toda essa baboseira – a garota andava de um lado para o outro na frente de , fazendo o garoto ficar irritado não só com suas palavras – Aposto que você diz isso pra todas as garotas...
  - , eu nunca te obriguei a vir comigo – a interrompeu, bagunçando o próprio cabelo – você pode me culpar por ter te trazido em um encontro furado, mas não por ter vindo até aqui comigo!
  - Só vim porque eu não queria ficar em casa, só isso.
  - Bom, não fui eu quem apareci nervoso de repente e te convidei pra dentro dos meus problemas, fui? – abriu a boca por um segundo, em completo choque. Desabafara com ele e agora ele usava isso contra ela? - Para de complicar as coisas...
  - Por que você tem que estragar tudo? – exclamou, abalada. – Não te convidei para dentro dos meus problemas. Na verdade, não te convidei nem pra minha vida! Você que apareceu, estragou minha viagem, estragou meu tempo com minha família e agora quer estragar o meu Natal! – Nesse momento, se levantou sem nem saber por quê. Só não queria mais ficar ouvindo a garota falar coisas como aquela pra ele sem fazer nada - Qual a porra do seu problema, hein? Você fica aí dizendo pra não complicar as coisas, mas quem complicou tudo desde o começo foi...
  Foi interrompida de forma brusca por uma das mãos de tampando sua boca, impedindo que terminasse sua frase.
  Quando começou a protestar, lançou-lhe um olhar de aviso, levando o dedo indicador da outra mão até os próprios lábios, pedindo silêncio enquanto vasculhava o local.
  - Acho que ouvi alguma coisa – sussurrou, e acabou ficando tensa só com o tom de voz dele.
  - O que você ouviu? – a garota perguntou, assim que conseguiu se livrar da mão de , também sussurrando.
  Ele olhou para os lados novamente, e a puxou para mais perto de uma forma protetora, o que fez ser invadida pelo medo.
  - Ouvi você tagarelar por tempo demais – ele sussurrou no ouvido dela, e quando a garota percebeu o que ele fizera, quase socou .
  - Você é idiota? – ela gritou, empurrando-o para longe enquanto via ele abrir o maior dos sorrisos – Quase me matou do coração, seu... Seu...
   não sabia qual xingamento era melhor para usar, mas foi impedida de escolher qualquer um deles quando os lábios de colaram aos seus, enquanto o garoto puxava-a pra mais perto de novo, as mãos dos dois lados do rosto de , impedindo-a que se afastasse.
   não sabia exatamente por que fizera aquilo. Talvez apenas para calá-la, talvez porque fosse o que ele quisera fazer desde o começo... Ele só sabia que quando tomou o impulso, não estava pensando em nada realmente.
   até tentou lutar contra a maré no começo, mas os lábios macios de diziam para fazer o contrário.
  - Você que complica as coisas, . – se afastou apenas tempo suficiente pra sussurrar essas palavras, e então voltou a beijá-la – novamente sem pedir permissão -, com mais calma dessa vez.
  No meio do beijo, ouviram alguns fogos de artifício ao longe, o que acabou por acordá-los e fazer perceber que havia acabado de beijar o cara com quem há pouco ela estava brigando – e o pior: duas vezes!
   afastou-se dela e olhou no relógio de pulso: 00h00.
  - Sabe – ele disse, depois que mostrou a ela a hora -, dizem que se você passa o Natal beijando alguém, significa que essa pessoa vai estar na sua vida pelo resto do ano.
  - Na verdade, dizem isso sobre a virada de ano – corrigiu - Sabe, réveillon, não natal, porque não faria o menor sentido...
  - Tá vendo o que eu disse? – ele a interrompeu, com um sorriso no rosto e os olhos brilhando no escuro – você complica tudo, moça.
  - Eu não estava complicando nada! Estava te corrigindo, porque claramente você é um...
  - Burro que não sabe de nada – ele completou por ela – e um imbecil e um idiota e tudo o que você já me xingou nesses dois dias. Será que agora você pode parar de falar e só me dar outro beijo? – chamou a atenção dela e suspirou.
  Deu de ombros, com uma súbita vontade de rir da situação toda.
  - Tudo bem, né. Fazer o quê.
   olhou-a ultrajado e ela riu.
  - Desculpe senhor “eu não complico as coisas, sou a solução de todos os seus problemas” – ironizou enquanto ria - Você pode me dar outro beijo agora.
  - Agora eu não quero mais – ele mentiu.
  - Ah não? – provocou e então envolveu o pescoço dele com seus braços, ficando na ponta dos pés para alcançá-lo, sem ter a menor ideia de onde viera aquele impulso – quem está complicando as coisas agora, hein?
   empurrou-a de leve, mas logo a puxou de volta enquanto ela ria e calou-a novamente com um beijo.
  E sabia que aquilo não ia durar. Sabia que ele iria embora, e que a história de “complicar demais as coisas” poderia continuar.
  Mas ela não ligava.
  Porque a partir daquele momento, estava disposta a simplificar. Disposta a acreditar em tudo o que ele dissera com relação à mudança que cada pessoa em particular faz na vida de outra.
  Estava disposta a se deixar mudar.



Comentários da autora


Ok, eu não sei exatamente de onde veio essa ideia. Sei que eu tinha pensado em uma fic completamente diferente, cheia de “complicações e dramas”, porque sejamos sinceras: nós duas adoramos isso. Mas então vieram os acontecimentos recentes [que já nem são mais tão recentes assim], e eu pensei “cara, ela não precisa de mais complicação na vida dela”, e coincidentemente, um pouco depois que eu havia mudado a fic completamente – ou na verdade, deixado a outra de lado e começado essa nada a ver com a anterior – tivemos uma conversa exatamente sobre o tema “gostar de complicar as coisas”, que foi quando eu achei que tinha feito a escolha certa ao começar uma nova fic com esse tema, porque já que eu complico tudo e você é minha gêmea de personalidade, com certeza faz a mesma coisa, né? HAUSHAUS
E eu sei que essa “Dani mal-humorada” não combina muito contigo (pelo menos, não sempre), e que um “amor” não é exatamente o que você está procurando agora, mas eu espero ter passado pra ti o que eu quis dizer com essa fic. Que tudo o que a gente vive com alguém, acaba levando pro resto da vida de aprendizado, sendo isso bom ou ruim; que amores vêm e vão mesmo, e que não há nada de errado em se entregar um pouquinho quando algum aparecer. Que você sempre pode ter certeza que no fim, tudo vai dar certo, não importa como for esse certo, e que saiba disso mesmo quando as coisas estiverem ruins. E claro, que descomplicar um pouco sempre é bom, sempre faz bem e, aliás, te faz curtir mais as coisas, sem medo do que vem depois.
E agora deixa eu te agradecer por ser essa pessoa maravilhosa e me dar muito orgulho ganhando especiais e promoções e por ser minha gêmea de personalidade, essa pessoa linda que eu posso conversar sobre tudo e que eu sei que pode passar por tudo.
Acho que eu não tenho realmente as palavras certas pra te dizer como te admiro, Dani, e muito menos tenho as palavras certas pra dizer o tanto que eu quero que esse ano seja melhor pra você. Porque você merece demais, e não importa se for um ano bom, um ruim ou um muito fdp, a partir de agora vou sempre estar aqui pra ti, assim como eu sei que você estará aí por mim, porque afinal, “count on you” do Bruno Mars não foi uma coincidência! HAUSHAUSHAUS
Espero que goste, e obrigada por, mesmo passando pelo inferno que passou, ter feito meu 2013 um ano muito melhor. Obrigada por ser essa amiga linda, por ter sempre as palavras certas e por confiar em mim. E olha, tenho certeza que durante 2013, eu quis te dar só uns 3 milhões de abraços por ser essa pessoa linda e forte!
Obrigada por ser assim tão talentosa, criativa e maravilhosa, essa pessoa que fala palavrão pra caralho e me faz rir... não tenho realmente como te agradecer pela amizade!
Acho que o que posso dizer com certeza é isso mesmo: conte comigo para o que for. Não importa se for pra surtar/se revoltar com algo ou pra desabafar, amigos tão aí pra qualquer hora, qualquer coisa.
E, pra finalizar, eu fiz uma playlist enooooorme com músicas que me inspiraram a escrever essa fanfic (não sei se foi exatamente inspiração ou só me deixaram animada pra continuar a escrever). São todas músicas mais agitadinhas, com letras legais e que me fazem sentir bem quando escuto, então se quiser ouvir algumas também, lá embaixo tem uma listinha gigantesca pra você hehe
Então Feliz Natal (atrasado, muuuuuito atrasado) e que venha 2014! (que na verdade deveria ser “e que continue vindo 2014!”, porque né, já estamos nele!), cheio de coisas maravilhosas pra ti! :)
Amo você <3

Música (Artista): Shine (The Skies Of America); Someday (Steve Earle); Open Season (Hign Highs); She Brings me Love (Bad Company); Believer (American Authors); Fall e Everything Has Changed (Ed. Sheeran); Some Nights (Fun); 93 Million Miles e You and I Both (Jason Mraz); So Kiss Me (Katie Melua); Quero Ser Feliz Também e Andei Só (Natiruts); Live Forever (Oasis); Good Life (OneRepublic); Time After Time (Quietdrive); If I’m Gonna Fall In Love e Whole Lotta You (A Rocket to the Moon); Open Your Eyes (Snow Patrol); Should I Stay or Should I Go (The Clash); Lay Me Down (The Frames); All These Things That I’ve Done (The Killers); Shine On e Always Where I Need To Be (The Kooks); Start Me Up (The Rolling Stones); Someday e Last Nite (The Strokes); Flowers In The Window (Travis); Balada do Amor Inabalável e Vamos Fugir (Skank); Change Of Seasons (Sweet Thing); Perfect Picture (Carlos Bertonatti); Love and Memories (O.A.R.); With a Little Help From My Friends e I’ve Just Seen a Face (Original: The Beatles e cover: Jim Sturgess); Ho Hey (The Lumineers); Outtasite, Outta mind (Wilco); Keep Your Head Up (Andy Grammer); Você Me Faz Tão Bem (Detonautas); De Janeiro a Janeiro (Nando Reis); Fácil (Jota Quest).