Kaze no Uta

Escrito por Li Santos | Editado por Mariana

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  O rosto preocupado do rapaz observava a tranquilidade no rosto da esposa que dormia profundamente. Ao contrário da esposa, não dormia direito há dias, aguardando por uma resposta. Uma luz que o guiasse para o caminho certo.
  — Você não foi descansar, ? - a voz grave do cunhado invadiu os ouvidos de e o fez olhar para ele.
  Parado na porta do quarto, observava o outro rapaz. estava mais magro, afinal, faz meses que não se alimenta direito, desde que tudo aconteceu. entrou no quarto e deixou a mochila que trazia em cima da mesa e sentou-se na poltrona, ao lado do cunhado, que estava no sofá.
  — Eu já ia deitar — comentou , ainda com o olhar repousado no rosto sereno da esposa.
  — Ah, ia sim — ironizou . Sabia bem que o cunhado e amigo estava mentindo. — A não ia gostar de te ver assim.
  .
  Só em ouvir a menção do nome da esposa, fez com que ele se emocionasse. Apoiou os cotovelos nos joelhos e jogou seu rosto sobre as mãos. Apertou os olhos e deixou algumas lágrimas escorrerem pelos olhos. compreendia a angústia do amigo, pois vive com ela há meses, desde o acidente.

Flashback on
  Chovia muito e tomava todo cuidado ao conduzir o carro pela estrada. Ele e sua família voltavam de férias de uma cidade do sul do país. No sentido norte, conduzia cautelosamente. Sua esposa e seus dois filhos dormiam.
  Cansado, lutava para não cochilar. Resolveu parar um pouco no acostamento para descansar, nem que fossem cinco minutos.
  Por um descuido de segundos, o homem perdeu o controle do veículo, o fazendo capotar e cair de um desfiladeiro. O carro só parou quando se chocou com uma árvore.
Flashback off

   acordou dois dias após, já no hospital. Ele se lembra de que, assim que acordou, recebeu a notícia que seus filhos estavam bem, mas que sua esposa ainda não havia acordado da cirurgia.
  Passaram-se dois meses desde então.

[...]

   deixou seus filhos na casa dos irmãos de e voltou para o hospital. A vida dele nos últimos meses tem sido essa: hospital - casa - cuidar das crianças - hospital.
  E o ciclo se repetia. De tanto ir ao hospital, todos os dias, já era conhecido dos funcionários. Assim que a porta automática se abriu, foi recebido pela enfermeira responsável pela . A moça tinha um enorme sorriso no rosto.
  — -san! — a euforia na voz dela era contagiante. O rapaz assustou-se, mas sentiu o coração acelerar. Sabia que era algo bom que iria ouvir a seguir.
  — Aimi-chan, o que houve? — questionou, aflito.
  — A senhora ! Ela acordou! É um milagre!
  Sem perder nem mais um segundo, saiu correndo para dentro do hospital. Suas pernas cansadas de horas sentado na poltrona ao lado da , correram o mais rápido que puderam. Lágrimas de alegria e alívio voavam de seus olhos, enquanto corria. Ao entrar no elevador e apertar o botão do quinto andar, se permitiu relaxar um pouco, encostando-se na parede atrás de si. O sinal indicava que seu destino havia chegado e a porta se abriu. Ao sair apressado do elevador, deu de cara com o médico que vem cuidando de sua esposa desde o dia do acidente.
  — Dr. Tanaka! — ofegante, o homem segurou os braços do médico. — É verdade que a
  — Sim. A sra. está acordada e bem, mas… — ele nem esperou a conclusão.
   invadiu o quarto da esposa e a viu, ainda deitada na cama, mas de olhos abertos. Uma enfermeira arrumava o prontuário dela. parecia confusa e olhava para todos os cantos do quarto tentando entender o que estava acontecendo.
  Quando a enfermeira saiu, se aproximou, ansioso, da cama de e segurou sua mão. O homem estava tão trêmulo que não conseguiu ficar em pé, sentando na cama, ele apertou a mão dela e começou a chorar muito.
  — … meu Deus, … — ele abaixou a cabeça e chorou ainda mais. O olhar confuso de passeava pelo rosto dele. Segundos depois, sentiu a esposa apertar suas mãos.
  — Hey… — a voz dela saiu fraca e levantou o olhar para o dela.
  — Eu fiquei tão preocupado, meu amor… — a expressão dela se franziu.
  — Amor? Você… eu conheço você?
  A pergunta dela acabou com a felicidade que sentia naquele momento. O homem enrijeceu o corpo e sentiu os lábios tremerem. As lágrimas voltaram a encher seus olhos e ele se sentiu péssimo. Um estranho para a própria esposa.
  O doutor Tanaka entrou no quarto e chamou para conversar. Já do lado de fora, o médico explicou ao homem que pelo fato de ter ficado tanto tempo em coma e pela gravidade do acidente, a possibilidade de uma perda de memória era grande.
  Explicou também que conversou com , assim que ela acordou, e que ela só se lembra de se chamar e de seu apelido. De seus irmãos, amigos, marido e filhos a moça não se lembra. Essa informação confirmou de perto, sentiu seu peito apertar novamente, seus lábios tremendo e o choro, que era um quase, agora era uma realidade.
  Doutor Tanaka conclui sua explicação tranquilizando . Disse que em breve dará alta para e que acredita que a perda de memória da moça seja temporária. O problema é que ele não sabe precisar quanto tempo durará.
   ficou muito angustiado com a notícia da perda de memória, mas aliviado pela esposa ter finalmente acordado.
  Os pensamentos do homem fervilhavam e ele queria gritar. Por que ela não se lembrava dele? Por quê? Nem de seus filhos, amigos ou irmãos. O bom sinal era ela lembrar-se de seu nome e apelido. Pelo menos isso aliviava , era um sinal de que a memória dela não foi totalmente prejudicada. Se as pessoas que a amam estimularem a moça, certamente suas lembranças retornarão. E esse é o objetivo de : ajudar a se lembrar de tudo.

[...]

  A volta para casa foi emocionante.
  Os pequenos Ichiro de oito anos e Ayumi de quatro anos, aguardavam ansiosos a volta da mãe, que por meses viram apenas quando estava em coma.
  Ao adentrar a casa, acompanhada de , observou cada canto com estranheza. O doutor Tanaka explicou para ela sobre a perda de memória e contou sobre , seus irmãos e filhos. A moça ficou incrédula inicialmente, mas, através de fotos, pôde ver que lhe falavam a verdade. Como ela poderia ter se esquecido de todos eles? Como se esqueceu de sua própria família?
  — Mamãe!!! — Ichiro e Ayumi correram na direção de a agarraram suas pernas. A moça não teve reação imediata, ficou sem graça por crianças que não se lembrava lhe abraçarem assim. — Senti sua falta, mamãe! — a pequena Ayumi disse e começou a chorar. via a cena com o mesmo nó gigantesco na garganta.
  — Hey, Ayu, vem cá com o tio, vem — , o outro irmão da , se aproxima e carrega a sobrinha e afilhada. havia contado tudo que o médico lhe contou para os irmãos dela. — A mamãe está cansada, não é mesmo, ? — olha para irmã na esperança dela embarcar na história. E dá certo.
  — Sim, sim estou cansada, meu amor. Eu vou descansar e depois brincamos, está bem?
   apertou as bochechas da menina, que concordou com um sorrisinho no rosto. sentiu-se mal por mentir para uma criança, mas não poderia dizer que não se lembrava dela. Seria muito pior.
  — Brinca comigo também, mamãe? — questionou Ichiro que ainda abraçava as pernas dela. agachou na altura do menino e segurou suas mãos, sorrindo forçadamente.
  — Claro que sim, vamos brincar muito! — sentiu que ia chorar, percebeu o esforço que ela fazia e se intrometeu.
  — Vamos deixar a mamãe descansar, está bem, filho?
  — Tá bom, papai — o garotinho tinha uma expressão não muito feliz no rosto. Saiu dali e foi na direção da outra sala.
  — Eu falei algo errado? — sussurrou para .
  — Está tudo bem, amor — disse, involuntariamente. Era difícil não tratá-la com intimidade. — Desculpe, . Ele… bom, ele é muito apegado a você e acho que notou que você está diferente.
  — , eu não queria magoar ele. Eu… meu Deus, eu quero tanto me lembrar — ela passou as mãos no rosto. abraçou ela.
  — Não se esforce tanto. — ele disse, docemente — Eu estarei aqui esperando para quando você se lembrar.
   pôde sentir que estava magoando e a todos pela sua falta de memória. Sentiu-se extremamente mal por isso.
  Três dias se passaram.
   mostrou a outros álbuns de fotos que tiraram ao longo da vida. Ambos se conhecem desde crianças, quando e sua família se mudaram para a mesma rua que a dele. Desde então, eles jamais se separaram.

[...]

   estava cansada de ficar no quarto. deixou ela dormir no quarto deles e se mudou para o quarto de hóspedes que fica ao lado. resolveu sair do quarto e andar um pouco. Colocou uma roupa melhor que o pijama que usava e saiu. Ao passar pelo quarto das crianças, que fica ao lado do de hóspedes, ela ouve uma conversa entre e o filho mais velho.
  — … isso não é verdade, filho. — dizia e ela podia ouvir um chorinho vindo em seguida.
  — É sim, papai. A mamãe esqueceu de mim! Ela nem brinca comigo — falou o garotinho e chorou mais. sentiu um aperto no peito.
  — Filho, vem cá — deduziu que abraçava o filho. — A mamãe ama você e a Ayumi, está bem? — a voz de saia embargada, notou a emoção do homem em não saber direito o que dizer para o filho.
  — E se ela…
  — Hey, não pense nisso, filho. — ouviu um estalo de um beijo. — Papai ama você e a mamãe ama mais ainda. Ok?
  — Eu sei — a voz manhosa do garotinho partiu o coração de em incontáveis pedaços.

   deixou o filho brincando no quarto e saiu. Deu de cara com parada próxima à porta.
  — ! Você…
  — Eu ouvi — deixou algumas lágrimas caírem.
   havia combinado com ela que não a forçaria a nada, deixaria suas lembranças fluírem naturalmente e não tentaria “ser o marido dela”. Era muito difícil para ele não poder tocar na esposa que ele tanto ama e tanto quer bem. E é justamente por causa desse amor que ele a deixa à vontade, nesse sentido.
  Eles caminharam até o jardim da casa que fica nos fundos, onde vivem há dez anos. conseguiu fama internacional por causa de sua profissão. é atleta de ginástica artística, mais precisamente ela usa fitas em suas apresentações. Ganhou inúmeras medalhas olímpicas e premiações diversas por seu país, individual e coletivamente.
  — Tenho uma outra foto para te mostrar, — começou , após sentarem-se no balanço que há no jardim. Exigência da , assim que se mudaram para essa casa. — Talvez te ajude de alguma forma.
   entregou uma foto polaroid a . Em seu verso tinha uma dedicatória, que logo reconheceu aquela letra como sendo dela.

"Aos meus queridos fãs número 1.
Amo vocês pela eternidade!
Um beijo,
De sua coelhinha! ❤️"

  A respiração acelerou, de repente. A moça sentiu que os olhos marejaram. Virou rapidamente a foto e aparecia a imagem de , e ela, muito mais jovens. segurava uma medalha de ouro e era beijada pelos irmãos.
  Inconscientemente, ouviu a voz dos irmãos a chamando de "coelhinha".
  — … — sussurrou , chorando e passando os dedos na imagem dos irmãos.
  — Se lembrou de algo, ? — ficou preocupado com a reação dela, que o olhou rapidamente.
  — Eu lembrei… dos meus irmãos! Eu me lembrei deles, ! — o tom emocionado de fez abrir um lindo sorriso.
  O homem a abraça e o retribui. Pela primeira vez, não se sentiu com medo de estar perto de e ter medo dela a beijar. Por muitos momentos teve essa sensação. Ela não conseguia culpá-lo, pois ele a conhece como sua esposa, companheira de anos.
  Nesse abraço, sentiu um pouquinho dos sentimentos sinceros do homem para ela. tem medo de não conseguir se lembrar dele e de magoá-lo ainda mais. Se bem que, durante esse curto período, acha que está se apaixonando por . Ele é tudo que ela sempre quis em um homem e um pouco mais.

[...]

  Não demorou muito e os irmãos de chegaram a casa da irmã para vê-la. Choraram emocionados e abraçaram a irmã por alguns minutos seguidos. Esperaram meses por aquele abraço, não queriam soltar mais. e estavam felizes pela lembrança de sobre eles ter voltado. Isso significa que a irmã está progredindo. Mais cedo ou mais tarde ela se lembraria de tudo.
  Um pouco afastado dos irmãos, observava a cena e pensava quando é que seria sua vez de abraçar sua querida esposa. Um abraço sincero da pessoa que ama desde adolescente.

Flashback on
  Era um dia ensolarado na cidade e resolveu sair para se distrair um pouco. O calor que fazia dentro de casa era maior do que o calor que está fazendo do lado de fora, pelo menos estava ventando para amenizar o calor.
  Ao descer para o play de seu prédio, logo observou uma movimentação diferente. Era sábado à tarde, quando o jovem viu um caminhão de mudança estacionado do outro lado da rua. Três homens descarregavam caixas, móveis e eletrodomésticos para dentro do caminho que levava a um dos prédios vizinhos do prédio de . Perto do caminhão, tinha um carro estacionado onde tinham dois jovens, que deveriam ter a mesma idade de , e pareciam estar conversando com alguém dentro do carro.
   resolveu se aproximar e escutou parte da conversa.
  — … Vamos lá, , você não pode morar no carro! — um dos jovens disse com a cabeça para dentro do carro e logo a retirou e bufou frustrado. — Ela não quer sair, .
  — Deixa ela aí! — o outro jovem disse e completou: — Se ela não sair, eu vou comer todos os bolos que a mamãe fizer daqui para frente e ela ficará sem nada. — todos ouviram batidas no vidro, vindas de dentro do carro. riu da reação da garota.
  — Ah, olá — disse , tímido, ao chegar perto dos outros.
  — Olá! — e seu irmão mais velho curvaram-se e disseram ao mesmo tempo, cumprimentando , que também se curvou em respeito aos novos vizinhos. — São novos aqui, certo?
  — Sim. Me chamo e esse é meu irmão mais novo, . — disse o rapaz e sorriu para o mais novo amigo.
  — Prazer em conhecer vocês! Me chamo , eu moro no prédio ao lado. Sejam bem-vindos ao bairro! - ele disse, muito educado. — Se quiserem, posso mostrar o bairro para vocês.
  — Poxa, cara, eu quero, viu? Bora, ? — disse , empolgado. olhou para carro e fez sinal para o irmão, como se dissesse “E nossa irmã?” — Deixa ela aí, a anãzinha já já muda de ideia. , — falou . Ah, mas não pode porque ela não pode comer sorvete. Não é, ? — cutucou o irmão.
  — Verdade — respondeu ele, rindo e completou: — Aquele problema de birra vai deixar ela sem sorvete nenhum. - os irmãos riam divertindo-se com a brincadeira com a irmã. De repente, a garota sai do carro e os empurra, irritada.
  — Eu quero meu sorvete, e ! — uma garota mais baixa que os três que ali estavam, aparentava ter menos idade que eles, e ser mais explosiva que os três também.
  — Ah, saiu do carro, maninha? — debochou .
  — Achei que fosse morar lá. — completou também debochando.
  — Odeio vocês! — sibilou ela, com as mãos na cintura e o cenho fechado. Ela estava de costas para .
  — -chan…
   disse, com um tom carinhoso. A garota virou-se para ele, assustada. Não havia notado a presença dele ali. Deu alguns passos para trás, parando na frente dos irmãos e segurando a camisa de , que estava logo atrás dela.
  — Você gosta de sorvete? — limitou-se a acenar que sim com a cabeça. — Eu posso te dar um sorvete bem legal, se quiser. Vem comigo — ele estendeu a mão para a garota e sorriu. ficou paralisada. Sabia que não era um maluco ou algum pervertido, pois estava conversando com seus irmãos. Mesmo assim, ela sentiu-se paralisada a ir com ele.
  — Vamos, sua medrosa. — disse ainda rindo, e empurrou para frente. A garota se desequilibrou e a amparou nos braços.
  — Você está bem, -chan? — questionou , sorrindo. achou o sorriso dele a coisa mais linda que já viu na vida.
  — Si-si-sim — gaguejou a garota, o que arrancou risadas dos irmãos. pôs-se de pé novamente e fuzilou os dois com o olhar. — Qual a graça, Akasawa’s?
  — foi o primeiro rapaz a fazer a perder a fala — brincou e concordou sem falar, pois não conseguia emitir nenhum som que não fossem risadas.
   corou, envergonhada. ainda sorria e também corou. Os quatro iniciaram ali uma grande amizade, que duraria pelo resto da vida.
Flashback off

   chorava calado e sozinho no escritório. Resolveu deixar os irmãos se redescobrirem sozinhos. Em seus pensamentos, refletia sobre sua vida ao lado de e sentia-se sortudo por ter passado pela vida dela, mesmo que agora a moça não se lembrasse dele. Ele não perdeu as esperanças da recuperação total da memória da esposa, mas, no fundo, ele tinha inveja dos cunhados por terem sido os primeiros que a moça se lembrou.
  Por um instante, lembrou-se do dia em que ganhou seu primeiro prêmio como ginasta, ainda na escola. Sorriu ao ver a foto e a dedicatória que a moça fez para ele, na época.
  Lembrou de tudo como se fosse naquele mesmo dia.

Flashback on
  O sorriso da vitória que exibia no rosto ao ouvir seu nome ser anunciado pelo apresentador, foi a melhor visão que o rapaz pôde ter naquele dia. A garota havia se apresentado graciosamente, as fitas dominadas por ela bailavam no ar no mesmo ritmo de seu corpo e em harmonia à música que tocava. Uma indicação de seu melhor amigo que foi a primeira pessoa a receber um olhar de gratidão da garota. sorriu da arquibancada e retribuiu o olhar de gratidão só por tê-la em sua vida.
  — Você é a melhor, maninha! — gritava, muito orgulhoso de sua irmã.
  — Você é a melhor, ! — gritou , acompanhando a animação e orgulho do irmão.
   mal conseguia falar nada, apesar de ter ensaiado na noite anterior e ter feito uma promessa a si mesmo, o rapaz estava paralisado. Será que deveria mesmo dizer? E se ela dissesse não? De repente, se viu tomado por uma força musical. A música que indicou para usar em sua apresentação, era também a favorita dele porque te dava força. A música que lhe colocava para cima e o fazia continuar mesmo se tudo em volta o fizesse voltar à luta.
  — Aí está a grande vencedora de todo o colégio! — enalteceu ao receber a irmã que segurava uma linda e brilhante medalha de ouro. abraçou a irmã e depois fez o mesmo.
  — Você foi incrível como sempre, minha irmã! Estamos orgulhosos! — falou o rapaz e deu mais um abraço apertado nela.
  — Obrigada! Ai, eu estava nervosa! — falou ela, suspirando ainda com a adrenalina da apresentação.
  — Nem parecia, -chan — era o único que chamava a dessa forma e ela adorava ser chamada assim por ele. Sorriu largamente ao ver o rapaz. — Parabéns, você foi incrível!
  — Obrigada, -chan! — retribuiu o sorriso.
  — Vamos tirar uma foto para registrar esse momento. Vem, coelhinha! — disse , chamando a irmã pelo apelido carinhoso.
  — Só o pode me chamar assim, . Que coisa! — reclamou ela e todos riram.
  — Se o quiser namorar você tem que saber que nós fazemos parte de sua vida. Vai ter que dividir com os irmãos também — falou e concordou plenamente. abriu a boca, ofendida.
  — Hey, eu não sou um objeto!
  — Não, mas é a nossa coelhinha teimosa e vencedora! Vem logo tirar essa foto antes que o exploda de vergonha — notou a vermelhidão intensa no rosto de que logo tentou disfarçar.
   posicionou a câmera nas mãos e tirou a foto. segurando a medalha de ouro enquanto era beijada pelos irmãos. Após a foto, olha para e sente suas pernas vacilarem. Ele precisava falar, ensaiou a noite toda, mal dormiu repetindo várias vezes o que iria dizer quando encontrasse a hoje. Enquanto brigava consigo mesmo, por sua covardia, não notou a aproximação da , só percebeu quando seus lábios estavam sendo beijados pelos dela. Os olhos de encontraram os olhos fechados de que o beijava carinhosamente. Retribuindo o beijo e fechando os olhos, o rapaz abraçou a moça acolhendo ela para mais perto. Conseguiu ouvir brevemente as vozes surpresas e de comemoração dos irmãos de que observavam a cena.
  Depois desse dia, eles jamais se separaram.
Flashback off

  Distraído em seus pensamentos, ainda sozinho no escritório, cantarolou a música. A sua música favorita, a música que une ele com a sua amada . não reparou, mas aquela altura do cantar, ele já não estava mais sozinho.
  Emocionada, esbarrou na cadeira do escritório, fazendo barulho e distraindo que logo parou de cantar e encarou a esposa.
  — ? — o coração de perdia o compasso aos poucos, só em ver a esposa parada ali na sua frente. — Está tudo bem? Precisa de algo? — ele disse, começando a se preocupar com o silêncio dela. Ainda sem dizer nada, deu a volta na mesa, sem tirar os olhos dele e o puxou pela mão.
  — … — sussurrou ela, repousando as mãos no peito dele e encostando sua cabeça ali. Sentindo os olhos arderem, começou a chorar. Sem saber o que falar, apenas abraçou ela, colocando uma de suas mãos na cintura da esposa e a outra em sua nuca. — … — fazia meses que não a ouvia chamá-lo assim. Assustado, ele afastou devagar o rosto de de seu peito e encarou ela.
  — ? — ofegante, ele pensou em perguntar se ela havia se lembrado de algo, mas teve medo. Muito medo de ouvir a mesma frase “desculpa, , eu não consigo me lembrar de você.” Frase essa que ele odiava. — Vo-você…
  — Eu me lembro dessa música. — começou ela, emocionada - Me lembro do dia que tiramos essa foto - apontou para a polaroid que estava em cima da mesa de — você estava tão bonito e seu beijo foi tão bom. — os olhos de encheram-se d’água e ele deixou derramar algumas por seu rosto.
  — Você… , meu amor, você se lembrou de mim? Você…
   assentiu, chorando, e não perdeu mais tempo. Abraçou ela novamente, segurando sua nuca e a beijando com o amor acumulado que guardou por meses, sem poder demonstrar com um beijo.
  — Eu te amo, . — ela disse com a cabeça encostada na testa dele, a erguia num abraço. — Obrigada por não desistir de mim. — abrindo os olhos, sorriu.
  — Jamais desistiria, meu amor. Jamais!
  — MAMÃÃÃE!!
  Os gritos das crianças interromperam o momentos dos dois. Ichiro e Ayumi invadiram o escritório e correram para abraçar a mãe. olhou para porta do escritório e viu os dois cunhados parados ali e sorrindo. Logo deduziu que eles tinham ouvido a conversa.
  — Meus amores! Ai, que saudades que a mamãe estava! — carregou Ayumi no colo e agachou para abraçar Ichiro ao mesmo tempo. As crianças sorriam, muito felizes em poder abraçar a mãe.
  — A mamãe se lembrou da gente, papai! Ela se lembrou! — comemorou Ichiro, eufórico.
   apenas assentiu, não conteve as lágrimas de felicidade. Sua esperança jamais havia se perdido. Ele tinha certeza de que ela se lembraria de tudo. Ele abraçou a esposa e os filhos, o abraço de família que ele tanto ansiava nos últimos meses.
  Como diz a letra da música que lhe dá forças desde que ele era adolescente: “Deixe-o ser ouvido! Uma vez que ouvirmos atentamente a canção do vento, as vozes dos nossos corações fluirão, emitindo um brilho deslumbrante!”
  E foi através da canção que habitava em seus corações, que e finalmente puderam ficar juntos novamente. Sem nenhum impedimento.

"Problemas e inúmeras dúvidas impedem o nosso progresso
Mas por sermos soprados pelo mesmo vento,
existe uma canção que somente nós podemos cantar!"
Kaze no Uta, FLOW

FIM


Nota: Nhaaa, amo tanto essa música e esse clipe ♥ Saiu exatamente da forma como eu queria!
Espero que tenham gostado ♥



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