Just Maybe
Escrito por Bia | Revisado por Mariana
Sexta–feira - 1 semana para o baile.
- HEEEEY! – Gritou no ouvido de , que, obviamente, se assustou.
- Ah, oi . – Ele respondeu, baixo demais. Ela percebeu que havia algo errado, exatamente o que ele queria.
- O que aconteceu?
- Nada, só mais uma briga com . – agradeceu mentalmente por ele não ter enrolado. Ok, não era difícil de adivinhar, já que a namorada dele implicava por tudo. Ele esperou um “puxão de orelha” e uma frase de efeito incluindo algo como “termine com ela” ou “ela não é boa o suficiente para você”, mas recebeu um suspiro. A menina tirou a franja de frente dos olhos e colocou o cabelo para trás.
- Qual foi a razão dessa vez? – Encostou-se ao carro do amigo e viu passar. Piscou para ela, algo que, para as duas, significava “a gente se fala depois”. percebeu o movimento, mas decidiu não comentar sobre.
- Bem, a gente estava no telefone e ela começou com um papo de “Ai amor, meu vestido é incrível, maravilhoso, perfeito e rosa, então você vai ter que usar uma gravata rosa no baile, ‘tá bom?” – Riu da imitação do amigo e pediu para que ele continuasse. – Eu falei que eu não queria usar uma gravata rosa, e, de brincadeira, eu perguntei se não tinha como ela comprar um vestido azul e ela simplesmente pirou.
- Sério? – Arregalou os olhos.
- Sério, ela começou a gritar que faltava só uma semana para o baile, que eu tinha que ser um bom namorado e usar rosa por ela, coisa e tal. E olha que eu tentei, e muito, explicar que eu estava brincando.
- Nossa. – Respondeu. Queria perguntar para o amigo o que ele estava fazendo com uma garota como ela, mas entendeu que era melhor ficar quieta. Ele estava com a garota que sonhava desde os 12 anos, que, aliás, agia como se tivesse 12, como lhe contar que o sonho estava virando pesadelo? Ela podia dizer “eu meio que gosto de você e essa menina jamais vai te fazer feliz como eu quero fazer”, mas, mesmo que não fosse uma pergunta, tinha medo da resposta dele. – E o que você vai fazer sobre isso?
- Eu vou pedir desculpas. Só isso. Não tem mais nada que eu possa fazer, não é mesmo? – assentiu e falou que ia conversar com , pois parecia que havia algo que a ruiva queria lhe contar. Entrou na escola e procurou pelo armário da amiga. Ela não estava ali. Foi para o banheiro, onde finalmente a encontrou.
- ?
- Oi, .
- Aconteceu algo? – Perguntou.
- Não. – Disse enquanto enxugava as mãos. – Só queria falar com você mesmo. E como vão as coisas com ?
- brigou com ele de novo. - Se encostou a parede do banheiro, e já é possível ter uma ideia do quanto ela gosta de se encostar às coisas.
- Previsível. – Riram.
- Temos a primeira aula juntas, certo?
- , nós temos a primeira aula junta faz cinco meses, quando você vai se lembrar? – Perguntou, lembrando a amiga como sua memória era péssima. – Ah, falando nisso, ainda tem o . – era namorado de , estava no time de futebol da escola, junto com , e era considerado um deus grego por todas as meninas.
- Ah, sim. Mas está do outro lado da escola, então não muda muita coisa para mim. – Comentou, tirando o esmalte com a unha, ainda encostada na parede.
- Por que você não conta de uma vez o que sente, ? Já parou pra pensar que eu nunca teria sequer dado um beijo no se não tivesse falado meus sentimentos para ele?
- É, mas você é diferente. Olhe para você! Você tem um rosto perfeito, um cabelo perfeito, um corpo perfeito, você é uma pessoa incrível e eu tenho um rosto aceitável, um cabelo que me odeia, um corpo estranhamente estranho e meu destino é ficar na zona de amizade por toda a eternidade.
- Exagerada. – revirou os olhos. Se dirigiram à sala em silêncio.
- Aliás, adorei seu tênis. – Falou “encarando” o All Star azul da amiga, assim que chegaram na sala.
- Ah! – Olhou para seus tênis, para se lembrar de qual estava usando e sorriu. Já disse, sua memória era péssima. – Obrigada.
Ainda faltavam alguns minutos para começar a aula, então ficaram ali mesmo conversando sobre assuntos aleatórios, incluindo uma “histeria contida” de assim que cruzou a porta. O moreno dos olhos verdes era, com certeza, muito bonito. O professor de química entrou na sala e deu um “Bom dia” enquanto todos se sentavam. abriu o caderno e começou a copiar o que o professor anotava na lousa. Não gostava de química, mas pelo menos podiam sentar em dupla, e a sua, por sorte, era . Por mais que gostasse, e muito, da amiga, não conseguia não odiar o fato de ela só falar de . Ok, ela falava de às vezes, mas não tanto. Ela deu graças por não sentar ao lado do namorado da amiga, já que os dois não paravam de se olhar.
O resto do dia passou rápido e logo estava voltando para casa, acompanhada de .
- E então, vai usar a gravata rosa? – Riu enquanto o amigo lhe mostrava o dedo do meio.
- Fazer o quê? – Riram. Por um momento, esqueceu que a mochila pesava muito e estava machucando seus ombros e parou para admirar o sorriso do garoto. Ele podia iluminar aquela cidade inteira, sem dúvidas. – Hey, por que não vamos no parque?
- Hum, ok. Acho que minha mãe não vai reclamar se eu chegar mais tarde. – Sorriu e viraram a esquina.
Andaram mais alguns minutos rindo do professor chato de matemática que não se cansava de gritar e passava as piores (e maiores) lições.
- Aí eu estava falando com o , ele me olhou com aquele olhar de “cala a boca, moleque, ou você vai pra diretoria”, com aquela veia dele saltando e eu tive que me controlar para não rir. – Diferente da menina que já estava quase caindo de tanto que ria enquanto sentavam num banco.
Ficaram ali, encarando o “nada” e jogando pedrinhas na água.
- Aposto que você não consegue jogar uma pedra mais longe que eu! – Ele se levantou e esperou que a menina fizesse o mesmo. arqueou a sobrancelha e se levantou.
- Aposta quanto? – perguntou de braços cruzados.
- 5.
- Que isso, vamos, sobe mais o valor! – Ele negou com a cabeça e ela fez biquinho. – Por favor!
- Ok, 10. Está bom para você? – Assentiu e logo jogou uma pedra. E a menina admitiu em pensamento que ele era bom. Mas, não deixou de acrescentar que ela era melhor. – Supera essa, !
- Com prazer. – Disse antes de jogar a pedra e vê-la “bater” na água, alguns poucos centímetros mais longe do a dele havia ido. Começou a fazer uma dança estranha e riu. – Me passa logo a grana!
- Ok. – Tirou algumas moedas do bolso e deu para a amiga, que olhava para as moedas e para ele com dúvida. – Pronto, 10 centavos pra você.
- Mas não eram 10 dólares?
- Não falei “dólares” em nenhum momento. – Estapeou “de leve” , enquanto o mesmo ria. – Hum, vamos? Tenho uma lição gigantesca de matemática para fazer, e se minhas notas caírem mais um pouco, minha mãe tem um treco. - Riram e começaram a andar. 5 minutos e estavam em casa.
- Tchau, , a gente se vê amanhã? – Perguntou, abrindo a porta de casa.
- Provavelmente. Tchau, . – Entrou em casa e jogou mochila em um canto qualquer.
Terça-Feira – 3 dias para o baile.
- Três dias para se declarar e nada mais. – riu com a mensagem de , mas sabia que não iria contar nada para . Era nove horas e a menina ouvia sua música favorita, do seu cd favorito, da sua cantora favorita: , que, aliás, odiava com todas suas forças. podia ouvir a música de sua casa. Abriu a cortina de seu quarto e pode ver a melhor amiga dançando animadamente. Depois de meia hora no telefone com , para tentar resolver mais um problema que ela havia inventado, aquela cena era a melhor que poderia ter.
Pegou papel e caneta e escreveu “melhor dançarina não existe” em letras grandes. Chamou a menina e levantou o papel. Logo tinha a reposta: “da próxima vez, lembro de fechar a janela”. Riram e logo fechou a cortina.
A garota passou o resto da noite decidindo o que vestir no baile. Não havia nada realmente bom ou bonito, pelo menos em sua opinião. E esse motivo foi adicionado à lista de “motivos para não ir ao baile”, junto de: “não tenho par”; “a vai com o , então vou morrer de ciúmes”; “é só um baile idiota”; “tenho MUITAS lições para fazer” e “não tenho ‘sapatos de baile’, se é que isso existe”. Esses motivos eram mais que o suficiente para que não fosse ao baile. Claro, ouviria discursos dos pais sobre como esse baile marcaria a vida dela, como não é preciso um par para ir ao baile e perguntas como “tem alguma coisa acontecendo que não sabemos?” ou “você quer que eu compre um vestido para você?”, mas preferia ouvi-los a ouvir músicas sobre mulheres descendo até o chão, bebidas ou que não falam coisa com coisa.
Sexta-feira – Dia do baile.
O baile começou cedo, às 19h. E às 22, quando já estava fazendo as últimas lições, ouviu um barulho. Não poderia ser seus pais, eles não estavam em casa. Eram pedras. Pedras na sua janela. Largou os cadernos na cama e correu para a janela, só então percebendo que estava chovendo. Olhou para baixo e encontrou . Sem pensar duas vezes, desceu as escadas, pegou as chaves e abriu a porta. No momento em que o fez, a abraçou. Ela nem se importou com o fato de que ele estava completamente molhado, só queria continuar naquele abraço apertado para sempre. Mas não foi possível. Depois de alguns segundos o menino a soltou e ela percebeu que ele estava chorando.
- , meu Deus, o que aconteceu? – Ele abriu a boca para falar algo, mas nenhuma palavra saiu de sua boca e ele continuou a chorar. Ela percebeu que algo muito ruim havia acontecido para ele ficar daquela maneira. Foram para a cozinha e ela pegou um copo de água, colocou açúcar e deu para ele. Assim que terminou de beber, ela perguntou novamente o que havia ocorrido.
- Ela me deu um fora. Na frente de todo mundo. – A menina quase caiu da cadeira quando recebeu a notícia.
- Não. Não, não, não. Você tá brincando comigo, não é?
- Não, não estou. Bem ali, na frente de todo mundo, uma hora atrás. E eu usei a gravata rosa! – se controlou para não rir, mas foi quase impossível. Logo estava ali, rindo do amigo. – Isso, ri da minha desgraça, vai! Ri!
- Calma, foi só uma risadinha. Hum, mas e o que você vai fazer sobre isso?
- Sei lá, tem sorvete? – Ela revirou os olhos.
- Querido amigo, a gente faz isso quando sai perdendo, no caso, você saiu ganhando, então deixa o sorvete para a . – Ele riu fraco.
- Ah, claro. A garota mais gata da escola me largou e eu saio ganhando? Que planeta a gente ‘tá mesmo?
- Sim. É isso aí, se livrou de mais problemas que não existem, se livrou de mais comentários sobre aquela menina que a não gosta, se livrou de ser considerado “lixo” pela namorada, e, melhor ainda, se livrou de gravatas rosas. , você realmente gostava da ou só gostava de estar com “a garota mais gata da escola”? Por favor, nós dois sabemos a verdade. – olhou para baixo, como se estivesse com vergonha dos seus atos. - Aliás, estamos no planeta Terra.
Riram e ficaram sem dizer uma palavra nos 5 minutos seguintes. O silêncio estava matando os dois, mas tinha algo a dizer.
- Hey, - a olhou. – você já parou para pensar que, apenas talvez, você pertença a mim?
FIM