Just A Promise
Escrito por Sabrina Roberta | Revisado por Bella
Prólogo
"Há três meses atrás, eu e John estávamos na estrada, voltando do hospital. Eu e John ainda não acreditávamos que teríamos um filho. Eu estava grávida de quatro meses, e tinha acabado de passar por uma bateria de exames para certificar de que a saúde do bebê estava boa. E, para a minha felicidade, estava tudo correndo bem. Nós tínhamos planejado nosso futuro juntos e esse filho estava fazendo com que tudo se concretizasse.
Nós não poderíamos estar mais felizes.
E o que veio logo a seguir acabou com essa felicidade, acabou com tudo.
- Eu ainda não acredito que vamos ter um filho. - John disse acariciando minha barriga, que já estava ganhando forma. - Se for uma menina, eu não vou deixar nenhum garoto chegar há menos de cinquenta metros dela.
- John, a nossa filha não vai querer ser freira. - Eu ri, olhando através da janela do carro.
- E se for um menino, eu vou ensinar pra ele como ganhar as gatinhas.
- Isso é machismo! - Ele riu e voltou à atenção para a estrada.
- E quanto ao nome? - Ele me olhou sorrindo. - A gente poderia ir pensando em um, o que acha?
- Ainda é cedo demais pra isso, John.
- Eu gosto de Jamie.
- Temos muito tempo para pensar sobre isso, John. – Ele desviou a atenção da estrada pra mim, pegou minha mão e a beijou, em seguida passou a mão pela minha barriga, ainda sorrindo.
Quando Josh voltou à atenção para o trânsito, era tarde demais. Ele passou por um sinal vermelho, enquanto um caminhão veio em nossa direção.
Depois disso, nada mais fazia sentido para mim.”
Capítulo 1
"And I can lend you broken parts that might fit like this
And I will give you all my heart so we can start it all over again..."
Haviam se passado três meses depois daquele terrível acidente. Eu ainda não tinha superado ter perdido John, ele era parte de mim, e eu o amava.
O médico tinha dito que eu e o bebê sobrevivemos por sorte. Eu tinha sofrido alguns poucos arranhões, mas nada se comparava a dor que eu ainda sentia. Perder John não estava nos meus planos, nunca esteve. Como eu iria cuidar do nosso filho, sozinha?
- , nós temos que começar a arrumar o quarto dele. – passeou pelo cômodo vazio do meu apartamento onde seria o quarto do bebê. – Eu já disse como vou adorar ser madrinha dessa criança? – Ela sorriu, e ficou em silêncio por um segundo. – Você ainda pensa nele, né? – Ela veio até mim e me abraçou. – Amiga, você tem que superar tudo isso. Ele se foi e você não pode mudar isso. Eu sei que é difícil, mas você tem que seguir em frente. Ele não ia gostar de ver você parada no tempo para o resto da vida.
- Talvez você tenha razão. – Dei de ombros.
- Eu sempre tenho razão. – Ela sorriu convencida.
- Corrigindo: Você é sempre muito convencida. – Ela revirou os olhos e por fim também riu.
- Bom, então eu passo aqui amanhã cedo pra gente ir ao shopping começar a comprar os preparativos para a chegada do meu afilhado, ok? – Assenti, ela se despediu de mim e foi embora.
Fiquei ali, parada naquele quarto, pensando no que faria dali pra frente. Eu sei que dali pra frente tudo seria difícil, mas eu tinha uma razão para não desistir: O meu filho. Ele era um pedaço que restou de John, ele era filho de John, ele iria me ajudar a superar aquilo tudo. Ele seria como um anjo enviado para cuidar de mim.
- Atrapalho? – Me virei e me deparei com um me encarando preocupado, ele havia me matado de susto.
- Você não sabe bater na porta, não? Nunca ouviu falar que grávidas não podem levar sustos? – Ele ergueu as mãos na altura dos ombros, em sinal de defesa.
- Desculpa. Eu não quis te assustar. – Eu sorri.
era o irmão mais novo de John, mas na realidade eles eram apenas dois anos de diferença, mas John o tratava como se a diferença fosse imensa. John tinha herdado a parte responsável da família, completamente o oposto de .
era imaturo e irresponsável. Mas também era um bom amigo, ele havia ficado do meu lado durante esse tempo todo. Depois da morte de John, ele passou a ficar comigo praticamente vinte e quatros horas por dia. Eu me sentia bem com ele por perto.
Olhar para ele era, de certa forma, olhar para um John em uma versão mais descontraída e menos séria. Era realmente incrível como eles eram iguais e completamente diferentes ao mesmo tempo.
- Preparada para a chegada do meu sobrinho que vai ter o tio mais perfeito do mundo?
- Eu acho que eu tenho algum tipo de mel pra ter amigos convencidos, porque não é possível. – Ele gargalhou.
- Quando eu cheguei aqui, eu fiquei te observando por um tempo. – Ele fez uma pausa. – Você estava se lembrando dele, não estava? – Fiz que sim com a cabeça. – Você sabe o que eu acho disso, não sabe? – Fiz que sim com a cabeça novamente.
- , é impossível não pensar nele. Eu estou esperando um filho dele e eu tenho medo. Eu tenho medo de quando essa criança crescer e me perguntar onde está o pai dela. O que eu vou falar quando esse momento chegar? Eu não sei. E não é só disso que eu tenho medo, eu tenho medo de cuidar sozinha dessa criança, e se eu não for boa o suficiente pra ser mãe?
- Você vai ser uma ótima mãe. – Ele me olhou por um longo instante e abriu um sorriso. – Acho que eu tenho uma solução não só pra você, como pra mim também. – Eu o olhei desconfiada.
Quando achava que tinha uma solução, tudo o que ele tinha era um caminho para um problema maior ainda. E dessa vez não podia ser diferente.
- Eu confesso que estou com medo do que você vai falar. – Ele sorriu ainda mais.
- Você disse que está com medo do que dizer pra ele quando ele nascer, crescer e querer saber do pai, não é? – Assenti devagar. – Então, você não vai precisar passar por isso se me ouvir.
- Então me diz o que você tem para dizer, porque eu já estou começando a ficar nervosa. – Ele começou a andar de um lado para o outro sorrindo.
- Tudo bem, eu vou ser direto. – Ele parou e me olhou esperançoso. – Eu poderia assumir essa criança, eu poderia criar ele como se ele fosse meu filho. Eu sei que pode parecer loucura, mas eu quero mesmo fazer isso.
Eu estava tentando processar aquilo tudo, poderia estar maluco. Ele mal podia cuidar de si mesmo e quer tentar cuidar de uma criança? Isso era impossível!
Por outro lado, eu não poderia cuidar de uma criança sozinha, e também não acreditava que eu era capaz disso.
- Eu não posso fazer isso, . – Ele correu até mim, segurou meu rosto com as duas mãos me fazendo olhar diretamente para ele.
- Eu sei que sou irresponsável e tudo mais, mas você também é. E talvez, juntos, nós possamos cuidar direito dessa criança.
- Eu não sei, eu...
- , por favor. Eu prometi para o meu irmão que eu cuidaria de você. Eu prometi pra ele que eu cuidaria de você e do bebê minutos antes dele... – Ele fez uma pausa. – Me ajuda a cumprir essa promessa, por favor.
Eu tinha perdido a fala. Eu sabia que aquilo tudo era loucura, mas também sabia dessa promessa que havia feito com John. me contou duas semanas depois, eu achei aquilo loucura também, mas eu achei que aquilo havia sido a coisa mais linda que alguém já fez por mim. Ninguém nunca se preocupou tanto comigo como estava se preocupando agora. Pra falar bem a verdade, ele já estava agindo como se fosse o pai dessa criança, mas, agora com ele me propondo isso realmente, minha cabeça girava e eu não sabia se aquilo seria o certo a se fazer.
- Eu juro que eu vou cuidar dele como se esse filho fosse realmente meu. – Ele disse por fim.
- , você tem uma vida pela frente. Você pode esbarrar com alguém por ai e querer construir sua verdadeira família e eu não quero que esteja ligado a mim quando isso acontecer.
- Isso não vai acontecer. – Ele disse sério, como nunca tinha dito antes. – Só me deixa tentar, por favor. – Ele sussurrou.
- Obviamente eu estou ficando maluca por isso, mas ok. Eu aceito essa maluquice. – Eu disse.
Eu poderia me arrepender daquilo daqui alguns anos, mas aquilo parecia o certo a fazer naquele momento. Como ele havia dito aquilo seria bom tanto pra mim quanto pra ele, e espero que ele esteja certo disso.
Dois meses depois
e eu estávamos em um parque perto de, agora, nossa casa, tomando sorvete. Ele resolveu que moraria comigo, para poder cuidar direito de mim; antes ele morava há cinco quilômetros do meu apartamento e, de acordo com ele, isso era ruim, caso meu filho nascesse em um momento que ele estivesse longe dali para me ajudar.
Ele havia me levado lá para passar a tarde tomando sorvete. Eu não estava muito a fim de sair de casa com aquela barriga que agora parecia pesar uma tonelada. Eu estava me sentindo exausta e mais inchada que o normal. Queria ter ficado em casa como todos os dias desse ultimo mês de gestação. Eu sabia que meu filho poderia nascer a qualquer momento e isso me deixava bastante nervosa. Eu estava com medo de que tudo não saísse como eu imaginava.
- Você está bem, ? – Assenti e ele sorriu apertando a minha mão.
Na verdade eu estava sentindo um pouco de dor, mas durante essas últimas semanas eu já tinha ido parar no hospital duas vezes, porque meu útero estava se preparando para o parto, e com isso vinham algumas contrações.
Ignorando a dor que eu estava sentindo, eu pude perceber que estava se esforçando ao máximo para manter a professa para seu irmão. E eu nunca tinha visto esse lado fofo e atencioso de . Ele parecia que tinha crescido e amadurecido, e aquilo era completamente surreal, aliás, ele era um bom e velho de sempre.
- , você tem certeza de que está tudo bem? – Ele me olhava aterrorizado, eu apenas assenti com a cabeça, a dor estava se tornando insuportável e talvez se eu poupasse falar, ela pararia, mas eu sabia que esse pensamento era em vão.
Ele me guiou até o carro e arrancou do parque até o hospital, furando alguns poucos sinais vermelhos, e chegamos lá em poucos minutos.
A partir dali, eu soube que a hora realmente tinha chegado. Eu teria meu filho agora.
Depois de todo o procedimento que eu passei para dar à luz aquela criança, eu estava com dor por causa dos pontos que havia levado, mas também estava mais feliz que uma criança ganhando doces no Halloween.
Se não fosse pela dor e por eu estar dentro de um hospital, eu gritaria. Eu gritaria de alegria.
Quando a médica me entregou meu filho no meu colo, eu chorei. Ele era lindo com seus olhinhos praticamente fechados, o pouco cabelo que tinha estava todo bagunçado, e ele debatia os bracinhos com impaciência, com um choro baixinho, que, conforme o tempo, foi se cessando.
Depois, a médica levou meu bebê para fazer uma avaliação para ver se corria tudo bem com ele. Nesse meio tempo, fui transferida para um quarto normal, onde pude receber visitas. foi o primeiro a me visitar, ele tinha um sorriso de orelha a orelha, ele estava mesmo levando a sério isso de assumir a criança, o que me deixou bastante feliz e preocupada, ao mesmo tempo.
Depois de , quem me visitou foram os meus pais, minha mãe estava emocionada, não parava de chorar por um só minuto e meu pai repetia inúmeras vezes como estava se sentindo orgulhoso de mim. Minha mãe parou um instante de chorar para me avisar que lá fora uma estava impaciente querendo me ver, mas as enfermeiras não deixaram, pois tinha um certo limite de visitas por dia, e pelo visto esse limite já tinha acabado por hoje.
No dia seguinte, foi a primeira pessoa a me visitar, ela estava uma mistura de minha mãe, meu pai e , ou seja, ela estava muito emocionada - muito mesmo -, dizia estar bastante orgulhosa, e estava mais feliz do que nunca. Até parecia que era ela que acabara de ganhar um filho e não eu.
Poucos dias depois eu já tinha ganhado alta e meu bebê também. tinha ido me buscar no hospital, quando chegássemos em casa eu teria de ter uma conversa bastante séria com ele. Eu precisava saber se ele ainda estava disposto a fazer aquela maluquice, ele ainda tinha tempo para desistir, e eu temia que isso acontecesse. estava tão conectado a mim que se ele desistisse daquilo tudo, eu ficaria sem chão outra vez. Seria como no dia em que eu perdi John. Eu não queria perder também.
- , nós precisamos conversar. – Disse depois que coloquei o bebê no berço e fechando a porta do quarto em silêncio.
- É sobre o nome? Eu tenho uma lista de vários nomes que eu acho maneiro, se você quiser... – Eu o interrompi.
- Não é sobre os nomes, . Você sabe muito bem do que se trata. – Ele assentiu. – Mas, sobre o nome, ele vai se chamar Jamie, porque o John queria por esse nome minutos antes dele... – Eu respirei fundo e sorriu fraco, assentindo. – Mas, voltando ao assunto, você quer mesmo continuar fazendo isso? Quer mesmo deixar de viver a sua vida pra começar a viver a minha?
- Eu quero muito isso. E eu tenho certeza de que nunca vou me arrepender disso. – Ele sorriu. – Eu sei o que quero. E não vou voltar atrás. – Ele me puxou pela cintura e me abraçou. Eu me sentia tão segura quando estava com ele, que começava a acreditar que ele era outro anjo que haviam enviado para cuidar de mim.
Um ano depois
Eram cerca de dez horas da noite, eu estava assistindo filme com e Jamie. Jamie estava quieto, o que era algum tipo de milagre, porque desde que ele aprendera a andar ele não parava quieto.
Jamie me lembrava muito o John. Mas ele podia muito bem se passar por filho de . A semelhança também era algo realmente incrível, até porque John e eram irmãos e poderiam ser gêmeos se não fosse pela diferença de idade. E Jamie tinha os mesmos olhos e o olhar marcante dos dois.
- Você me mataria se eu contasse que ele morre no final do filme? – perguntou, me olhando e sorrindo feito uma criança que acabara de fazer arte.
Eu estava realmente surpresa com , ele tinha seguido a promessa adiante e tinha cuidado de mim durante esse tempo todo, ele cuidava de Jamie como se ele fosse seu filho biológico. Eu jamais imaginei ver deitado no sofá com um “filho” em um sábado à noite.
- Cala a boca, . – Joguei uma almofada nele e Jamie gargalhou.
- Papá... – Jamie falou apontando para , que me olhava surpreso.
Jamie havia falado poucas palavras traduzíveis desde que nasceu, e ele nunca havia chamado de pai, apenas uma vez ele havia me chamado de “mama”.
- Ele... Ele me chamou de papai! – levantou do sofá sorrindo como um idiota. Pegou Jamie no colo e começou a apertar ele.
- , você vai explodir a criança. – Eu disse rindo.
- Tudo bem, garotão. Está na hora de dormir.
subiu com Jamie para o quarto eu fiquei apenas observando os dois.
A cada dia que passava, eu e estávamos cada vez mais próximos. Nós estávamos criando algum tipo forte de conexão, e de certa forma, eu estava gostando daquilo. Eu estava gostando desse lado do que eu nunca tinha visto.
- Por incrível que pareça, hoje ele dormiu rápido. – desceu as escadas devagar ainda com o mesmo sorriso no rosto. – Devia estar cansado depois de virar essa casa de ponta cabeça.
- Você está se saindo um ótimo pai. – Ele parou há poucos metros de mim.
- Você acha mesmo que eu levo jeito pra isso? – Assenti sorrindo. – Então você acha que eu poderia ser pai dos seus futuros filhos? Mas, dessa vez eu digo pai mesmo.
- O que você está querendo dizer com isso?
- Eu posso estar enlouquecendo outra vez, mas eu gosto de você. – Ele se aproximou de mim, me obrigando a olhar para cima para poder olhar diretamente em seus olhos. – De verdade.
- Eu... – Eu estava tentando processar o que ele estava tentando dizer, mas antes disso ele me deu um beijo de surpresa.
Eu estava ofegante, eu estava sonhando. Aquele beijo era tão bom e eu não queria que tivesse fim, mas ele cortou o beijo e me encarou com um sorriso pervertido e irresistível nos lábios, o que me fez puxar o colarinho da sua camisa para outro beijo.
Eu estava maluca, eu sei. Aquilo não deveria estar acontecendo, mas era mais forte do que eu, eu não conseguia mais me controlar, e pelo visto também não.
Caminhamos devagar até o sofá, e ele beijava meu pescoço e apertava minhas coxas ao mesmo tempo, enquanto eu bagunçava seus cabelos e puxava ele para cada vez mais perto de mim – mesmo isso sendo quase impossível –, em poucos minutos nossas roupas estavam todas espalhadas pela sala, e então mais nada nos separava.
Quando abri os olhos, eu estava de volta ao meu quarto, mas não estava mais ao meu lado. Um flashback da noite passada havia passado pela minha cabeça, me deixando feliz por alguns segundos. Até que vi um bilhete em cima da escrivaninha.
“, desculpa eu não estar ao seu lado na hora que você acordou. Mas eu precisava sair e pensar um pouco sobre o que aconteceu na noite anterior. Eu estou me sentindo culpado por tudo o que aconteceu, e preciso de um tempo para pensar, espero que você não fique brava e me entenda.
E isso não quer dizer que eu não gostei de ontem, porque eu poderia repetir aquilo milhares de vezes e mesmo assim não me enjoaria. Mas foi pensando nisso que eu tomei essa decisão. Isso é errado.
Eu passei essa noite acordado apenas te observando a dormir e pensando no que acabei de fazer.
Eu realmente preciso de um tempo para pensar. Mais tarde a gente se fala, .
Beijos, .”
Senti algumas lágrimas queimarem no meu rosto.
Eu também não sabia se o que ocorrera na noite passada era certo ou errado, mas pra mim não importava.
Eu estava apaixonada por .
Aquilo era possível? Aquilo era certo? Errado? Eu não conseguia mais pensar o que aquilo poderia significar, mas eu não estava com cabeça para pensar nisso. Eu queria falar com . Eu queria conversar sobre tudo com ele cara a cara.
Tentei ligar para ele inúmeras vezes, mas sempre caía na caixa postal e eu não queria deixar nenhuma mensagem para ele. Eu queria conversar pessoalmente com ele. Queria resolver aquilo de uma vez por todas. Mas nem isso estava conseguindo me deixar triste naquele momento.
Fui até o quarto de Jamie e pude ver que ele ainda dormia. Desci as escadas e preparei a mamadeira dele para que, quando ele acordasse, já estivesse pronta.
Em um pouco mais de quinze minutos, Jamie acordou e, depois de tomar sua mamadeira, ficou na sala assistindo um desenho qualquer e brincando com seus brinquedos.
- Bom dia! Bom dia! – disse entrando no apartamento, como fazia todos os dias, me assustando.
- ! Quantas vezes eu já te disse pra parar com essa merda? – Falei rindo da careta que ela fez.
- Não posso mais ser feliz nesse mundo? – Ela foi até Jamie e o agarrou, deixando-o completamente sufocado.
- Assim você vai matar o meu filho! – Ela riu. – E posso saber o que te deixou assim, tão feliz? – O sorriso dela se alargou mais.
- Eu estou saindo com o ! – Ela sorria enquanto gesticulava tudo com as mãos. – Ele me convidou pra sair, aí nós fomos para um restaurante e depois ao cinema. E, por último, ele me beijou!
- Sua vadia! – Ela me olhou surpresa e seu sorriso sumiu.
- O que foi que eu fiz?
- O que você não fez! – Ela fez uma careta. – Você não me contou que gostava dele durante esse tempo todo! Eu pensei que fôssemos amigas! – Ela levantou a mão, se rendendo.
- Me desculpa! Você sabe que essas coisas são complicadas pra mim. – era o tipo de mulher certa que se apaixonava pelos homens errados. Ela sempre sofreu com isso. Sempre que se interessava por alguém, esse alguém a magoava. – Eu estava tentando esconder isso de mim também, eu estava tentando esconder o que eu estou sentindo por ele de mim mesma. Mas logo percebi que isso é bobagem. De agora em diante, minha vida é como uma criança aprendendo a andar de bicicleta, ela sofrerá algumas quedas, mas, sem elas, ela nunca aprenderia o certo a se fazer.
- Então eu espero que tudo dê certo entre vocês. – Ela sorriu. – Eu também preciso te contar uma coisa.
- Fale. – Ela foi até a cozinha e voltou com dois copos de refrigerante, e me entregou um.
- Eu passei a noite com o . – Primeiramente ela me olhou boquiaberta, e depois sorriu até mais do que antes.
- Então, por favor, me conte tudo sobre isso. – Ela pediu se sentando no sofá e me puxando também.
Contei tudo a ela, a cada detalhe que eu lhe contava ela sorria e começava a pular no sofá, parecendo à mesma adolescente de anos atrás.
- Um bilhete? – Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. – Ele te deixou um bilhete? – Assenti. – Ele poderia ser menos original, não é?
- Esse bilhete dizia que ele quer um tempo pra ele, ou seja, ele quer se afastar de mim. Eu prefiro que ele fale isso por um bilhete do que pessoalmente, mas na realidade eu prefiro que ele não se afaste de mim. Eu perdi o John e isso acabou comigo, eu não quero passar isso com o também.
- Eu sempre soube! – Ela ainda sorria. – Desde que ele quis assumir o Jamie. Eu sabia que isso acabaria acontecendo. Ele assumindo um filho seu, vocês convivendo muito próximos diariamente. Qual a possibilidade de uma coisa dessas não acontecer?
- Ele é irmão do John. Eu entendo por que ele se sente culpado, eu também sinto. E pra ele a culpa deve ser maior. Ele prometeu a ele cuidar de mim e não ficar comigo.
- Faz sentido.
passou o dia todo comigo, me ajudando a cuidar de Jamie, e me ajudando a não pensar em onde poderia ter se metido. Ele precisava de um tempo para ele e eu queria respeitar isso, mas eu queria saber onde e como ele estava.
- Está pensando no ? – Às vezes eu imaginava que era algum tipo de bruxa ou algo do tipo, eu nunca conseguia esconder nada dela sem que ela percebesse, e de certa forma isso me incomodava. Talvez a única explicação para isso tudo eram os anos de convivência que nós tínhamos.
- Confesso que estou preocupada com ele.
- E por que você não vai atrás dele?
- Porque ele precisa de um tempo e eu respeito isso. – Disse tomando um gole de suco.
- Quer que eu passe a noite aqui com você? Eu iria adorar ficar mais tempo com o Jamie. – sorriu para Jamie, que estava no meu colo tomando a mamadeira. – Eu passo a noite aqui e te ajudo a cuidar dele. E se até amanhã de manhã o não aparecer, você vai atrás dele enquanto eu cuido do nosso pequeno aqui, pode ser?
- Eu não sei, .
- Você sabe que vocês têm que conversar, ele não pode fugir para o resto da vida.
- Talvez você esteja certa.
Acordei no dia seguinte, fui até o quarto de hóspedes – que agora era de –, fui até a cozinha e ele ainda não havia voltado. Eu já estava pensando que alguma coisa poderia ter acontecido, porque na noite anterior eu não estava conseguindo dormir e tentei ligar para o celular dele umas cinquenta vezes e em todas elas caía na caixa postal.
Coloquei um casaco e minhas botas, e avisei que iria atrás de .
Antes dele se mudar para o meu apartamento, ele morava em outro apartamento há poucos quilômetros dali, chamei um táxi e fui pra lá.
Quando cheguei lá, percebi que a porta de seu apartamento estava destrancada e então entrei e vi que a sala estava vazia.
- ? – Chamei, mas ainda assim ninguém me respondeu. Subi os degraus e fui até um dos quartos que estavam com a porta entreaberta. Abri a porta e notei que haviam roupas jogadas pelo chão, e havia uma garota dormindo ao lado de .
- ?! – Gritei, segurando o choro.
Eu estava me sentindo idiota por acreditar que ele havia mudado. Ele era o mesmo irresponsável que John sempre tentara mudar, mas era óbvio que mudar era algo realmente impossível.
- ? O que... O que você está fazendo aqui?
A garota loira ao seu lado acordou e ficou me encarando apavorada.
- Você é um idiota, ! – Disse descendo as escadas rapidamente enquanto senti segurar meu pulso, me fazendo encara-lo.
- , por favor, me escuta! – Ele pedia desesperado.
- Eu não quero te escutar, ! – Todo o meu esforço de não chorar foi por água a baixo quando ele me encarou nos olhos. Como eu pude ser tão idiota a ponto de acreditar nele? E o pior, como eu pude aceitar o fato dele assumir ser pai do meu filho?
- Eu não queria ter feito isso, eu...
- , você pode, por favor, me explicar o que está acontecendo aqui? – A garota loira desceu as escadas, agora vestida, mas com os cabelos tão bagunçados que estava com um parecendo um ninho de ratos.
- Garota, por favor, não me complica mais do que você já complicou. – Ela olhou pra ele perplexa.
- Eu só quero saber o que está acontecendo, caralho! – Ela gritou visivelmente irritada.
- O que está acontecendo é que você tem que ir embora, porra! – Ela lançou um olhar feio para e saiu do apartamento, batendo a porta com força.
- Você não precisava ter mandado ela embora. – Eu disse depois de algum tempo. – Vocês deveriam ter feito um segundo round, se é que já não fizeram. – Minha visão estava turva, mas mesmo assim pude perceber que os olhos de estavam ganhando um tom avermelhado, mas aquilo era surreal, com certeza era coisa da minha cabeça.
- , me escuta, por favor. – Eu não queria escutar a desculpa que ele tinha pra dizer, mas eu não estava com forças para sair dali. – Eu queria esfriar a cabeça aí eu bebi, eu bebi muito e eu não me lembro de ter trazido ela pra cá, e nem o nome dela eu sei. Você tem que acreditar em mim.
Eu ri sem humor.
- Vocês, homens, são todos iguais. – Disse, limpando as lágrimas. – Por que vocês não inventam uma desculpa melhor? Por que é sempre culpa da bebida? Você é ridículo, !
- Mas essa é a verdade, . – Encarei eles por alguns minutos e a raiva dentro de mim estava crescendo cada vez mais, eu ainda não acreditava no que ele tinha sido capaz de fazer.
Então resolvi sair dali antes que eu resolvesse fazer alguma loucura.
- Como foi lá amiga? – perguntou desviando a atenção da tevê pra mim. – Ah, o Jamie acabou de dormir, e ele não parou um minuto desde que você saiu. Você dá o que pra esse garoto comer? – Ela arqueou uma sobrancelha. – Você está bem? Estava chorando?
- Como eu pude confiar no ?! Eu sou idiota! Ele é um idiota!
- , me explica o que aconteceu. – Contei tudo a ela que ficou com raiva de tanto quanto eu.
Na realidade, eu não estava com raiva de , e, sim, de mim. Eu fui idiota o bastante para acreditar nele. Eu acreditei que ele poderia ser um bom pai para Jamie. E agora estava percebendo o quão idiota eu havia sido.
- Ele é um idiota, ! – disse, andando de um lado para o outro na sala. – Mas talvez você deveria ter acreditado nele mais uma vez.
- O quê?! – Eu encarei ela boquiaberta, há poucos minutos ela estava xingando de todos os palavrões possíveis e agora ela estava defendendo ele? – Eu já acreditei em muitas coisas que ele prometeu, e olha só no que deu!
- , escuta só. – Ela se sentou ao meu lado. – O John e ele eram irmãos muito próximos e ele se sentiu um traidor pelo o que aconteceu entre vocês, e então, como você sabe, todo homem resolve esquecer dos problemas dentro de um bar, ele encheu a cara e acordou com uma desconhecida.
- , não é você mesma que há dias atrás odiava mortalmente todos os homens que faziam essas merdas?
- Sim, mas com o é diferente.
- Diferente? Você conhece o tão bem quanto eu. – Respirei fundo tentando se acalmar. – Ele sempre foi assim, e não seria eu, nem Jamie, que mudaria ele de uma hora pra outra.
- E se ele gosta mesmo de você, mas está tentando lutar contra isso?
O que estava tentando dizer não fazia o menor sentido, não estava nem pensando em gostar de mim, e, mesmo se ele estivesse, ele seria o maior canalha por dormir no dia seguinte com uma outra qualquer.
POV’s on
Desde que saiu daqui com raiva de mim, eu senti vontade de pular da janela. Eu estava agindo como um idiota das duas formas.
Primeiro: Eu estava traindo meu irmão. Eu havia transado com e estava começando a gostar dela. Isso não deveria estar acontecendo, tudo que eu tinha que fazer era cuidar dela para ele, mas não se apaixonar por ela. Mas eu estava convivendo com ela praticamente vinte e quatro horas por dia, era impossível não ficar louco por ela. O modo como ela fazia piadas de si mesma, o jeito como ela mexia nos cabelos, o modo como ela revirava os olhos quando estava irritada. Aquilo não era certo.
E, segundo: Eu estava traindo ela. Depois de passar a noite com ela, eu havia simplesmente sumido, ido para um bar qualquer e quase entrado em coma alcóolico e fodido uma garota desconhecida. Ela não merecia aquilo, mas se aquilo não tivesse realmente acontecido, eu não teria sabido que ela estava correspondendo o sentimento que eu estava tendo por ela. Mas, de toda maneira, eu era um idiota, um completo idiota.
Agora ela estava obviamente me xingando de todos os nomes possíveis e jamais iria querer olhar para a minha cara novamente. Eu tinha talento para fazer merda, eu sempre fazia.
E o pior de tudo era que eu havia me apegado a Jamie, que nem meu filho biológico era. Mas era como se ele fosse. Eu o considerava meu filho, e não queria mudar isso. Mas eu já havia mudado, eu havia acabado com tudo, era como eu sempre fazia. Merda, merda e mais merda.
- Que milagre é esse de estar em seu antigo apartamento? – apareceu na sala e se jogou no sofá ao meu lado, ligando a tevê que estava empoeirada pelo tempo em que tinha ido morar com . – Que cara de bunda é essa, ?
- Eu fiz merda, cara. De novo.
- Que tipo de merda você fez dessa vez? – Ele perguntou procurando algum canal na tevê.
- Primeiro eu passei uma noite com a , e no dia seguinte passei a noite com uma vadia que eu nunca vi na vida.
- Veja pelo lado bom, a ainda não sabe disso. Então, você tem tempo pra arrumar uma...
- Sim, ela sabe. – Eu o interrompi. – Ela entrou aqui e viu tudo.
- Puta merda! – gritou e se levantou rapidamente do sofá e me encarou. – Qual o seu problema, cara?!
- Eu não sei, porra!
- Ok, você tem que arrumar um jeito de se desculpar com ela, man.
- Eu já falei a verdade pra ela, mas ela não acredita em mim. – Fui até o armário e peguei dois comprimidos para dor de cabeça e engoli os dois de uma vez só. Minha cabeça latejava desde que eu acordara e havia piorado muito quando abri os olhos e vi uma furiosa parada na porta do meu quarto me encarando com os olhos cheios de lágrimas.
- Então você tem de tentar de novo. Eu sei que você gosta dela e por isso você não pode desistir dela.
Depois de alguns minutos, foi embora e então fiquei completamente sozinho naquele apartamento quase abandonado. Os móveis estavam começando a juntar poeira de tanto tempo sem serem limpados, a casa estava com um cheiro ruim, por ficar tempo demais fechada, e estava o maior silêncio ali.
Eu estava sentindo falta do barulho. No apartamento com , sempre tinha barulho, pois Jamie era a criança mais elétrica que eu havia conhecido, e de certa forma eu gostava daquilo. Eu sentia falta daquilo.
Decidi pegar meu celular e discar os números do celular dela. Tocou uma, duas, três, quatro vezes e nada dela me atender, tentei novamente e nada de novo. Ela sempre me atendia no segundo ou terceiro toque, mas era óbvio que ela estava me ignorando. Eu havia agido como um idiota e o mínimo que ela poderia fazer era isso. Naquele momento eu até poderia começar a agradecer por ela não ser uma mulher vingativa igual aquelas dos filmes, porque, se esse fosse o caso, eu estava literalmente e inteiramente frito.
Fiquei ali mais alguns minutos olhando para a tevê, que agora estava desligada, e pensando na merda que eu havia feito. Cheguei à conclusão de que, na próxima vez que eu estiver tentando esfriar a cabeça, eu vou fazer qualquer coisa menos entrar em coma alcóolico porque isso só ia gerar mais uma merda para a minha grande coleção.
Peguei as chaves do meu carro, e segui em direção ao apartamento de . Eu precisava resolver aquilo. Não iria conseguir ficar longe dela e de Jamie.
Ao chegar lá, peguei o elevador e ensaiei um pequeno discurso, quando o elevador parou no andar certo, fui até a porta e apertei a campainha, eu tinha a chave, mas entrar direto não ia ajudar a resolver o meu problema, talvez até pioraria as coisas.
- ?! – Ela abriu a porta com um meio sorriso no rosto, que logo se desfez quando me viu. – Você ainda tem coragem de vir aqui depois de tudo que aconteceu?
- Eu vim esclarecer as coisas. – Eu disse entrando, mesmo sem ela ter me convidado. – , eu admito que errei, mas, por favor, me escuta. – Ela colocou a mão na cintura e continuou me encarando. – Depois do que aconteceu com a gente, eu me senti culpado, eu me senti um traidor, o John... ele te amava e ele sempre confiou em mim, eu me sinto culpado pelo o que aconteceu com a gente, mas ao mesmo tempo eu não me arrependo de nada. E isso está me matando! Eu gosto de você, . Eu fui um merda, eu também sei disso, mas eu gosto de você! Mas isso acaba comigo. O meu irmão jamais me perdoaria...
- Cala a boca, ! – praticamente gritou. – Você é um idiota, eu sei. Mas eu gosto de você, e acho que tanto quanto você gosta de mim. – Ela fez uma pausa. – Eu passei todo esse tempo pensando e eu acho que a gente se gostar não é um erro. – Ela sorriu deixando sua covinha amostra. – Eu também pensei que fosse, mas não é. Eu sei que o John não ia gostar de me ver parada no tempo, ele não ia gostar que eu simplesmente parasse a minha vida por causa dele. E eu tenho certeza que isso também vale pra você. – Ela riu fraco. – Eu acho que ele iria preferir que eu gostasse de você do que de um cara que ele nunca viu na vida e não sabia se poderia confiar. – Eu sorri.
- E isso significa que você me perdoa? – Ela veio até mim e entrelaçou seus braços ao redor do meu pescoço.
- Sim, eu perdoo você. – Ela sorriu e em seguida me deu um selinho. – Mas prometa pra mim que você nunca mais vai sair daqui pela manhã e me deixar apenas um bilhete?
- Eu prometo. E prometo também que não vou mais te magoar. Eu fui um idiota em ter feito aquilo com você, eu sei.
- , para! Se você voltar a me lembrar da merda que você fez, eu vou voltar a pensar se eu devo mesmo... – Antes de ela terminar aquela frase. eu a puxei para um beijo. Eu era idiota, mas não ao ponto de fazer ela ficar brava comigo de novo.
POV’s OFF
Quatro anos depois
Eu e estávamos namorando há exatos quatro anos, e com isso ele resolveu que nós iriamos viajar para Roma. Eu sempre havia pensado em viajar para a Itália, mas jamais pensei que isso fosse mesmo acontecer.
Jamie iria ficar com e , que já estavam noivos e já moravam juntos em um apartamento perto do nosso. tinha engravidado um ano atrás, mas ela sofreu um aborto e quase entrou em depressão, mas agora ela estava mais conformada com isso, e ela e estavam planejando tentar mais uma vez mais pra frente. disse que só iria me deixar nessa viagem se Jamie pudesse ficar com ela. Desde que eu havia convidado ela para ser madrinha dele, ela nunca mais soltou dele, e agora estava mais apegada ainda com a perda de seu primeiro filho.
Agora eu estava com vinte e seis anos; ,com vinte e sete – um ano mais velho do que eu. Jamie iria completar cinco anos em alguns meses, e, não só pra mim como para todo mundo que conheceu John, ele estava muito parecido com ele, e consequentemente com o também. Com isso, várias pessoas que viraram nossos amigos recentemente acharam que era mesmo o pai biológico de Jamie.
e eu já havíamos contado a Jamie que ele não era filho de . Na verdade, nós não havíamos planejado contar tão cedo, mas durante uma briga minha e dele, Jamie me ouviu falando de John, e então nós fomos obrigados a contar a ele toda a verdade. No começo ele ficou confuso e um pouco bravo, mas no mesmo dia ele foi até o nosso quarto e abraçou dizendo que ele era o melhor pai do mundo – o que fez se achar durante o restante do ano.
- Você acha mesmo que consegue cuidar de Jamie durante esse final de semana, ? – Ela colocou a mão na cintura e fez uma careta.
- Eu já fiquei outras vezes com ele e posso muito bem cuidar disso, ok? – a abraçou de lado, a beijando no topo da cabeça.
- Relaxa, . Nós vamos se divertir muito, não é mesmo, garotão? – se abaixou até que ficou na altura de Jamie, que assentiu.
- O Jamie vai ficar bem, amor. – disse entrelaçando suas mãos nas minhas. – Nós vamos nos atrasar se não irmos logo.
Depois disso, tive uma longa e chorosa despedida. Desde que ele nascera, eu nunca tinha ficado mais do que algumas horas longe dele. E ficar um final de semana inteiro longe dele estava começando a virar tortura, mas eu sabia que ele ia ficar bem.
- Não se preocupe, , o Jamie vai ficar bem. – apertou minha mão no banco ao lado do meu no avião.
Depois de algumas horas de voo, desembarcamos e fomos direto ao hotel.
Tínhamos ficado em uma suíte não muito moderna, mas aparentava ser bem aconchegante. Tinham alguns quadros espalhados na parede, um pequeno closet, um frigobar, e uma cama que parecia ser muito confortável.
- Finalmente estamos a sós. – disse, encostando sua cabeça em meu pescoço, e me apertando contra ele.
- Confesso que eu vou amar esse final de semana só pra nós dois. – Disse enquanto ele beijava meu pescoço, me deixando levemente arrepiada.
- Prometo que você jamais vai esquecer esse final de semana. – Ele sussurrou no meu ouvido.
Me virei, e apertei minha boca contra a dele e senti aquela mesma sensação que eu sentia sempre quando eu o beijava. Ele deslizou as mãos pelas minhas costas, apertando minha cintura.
- A minha melhor promessa foi prometer cuidar de você. – Ele disse com os lábios ainda grudados nos meus.
Ele me provocava sensações que nem eu mesma imaginava que era capaz de sentir.
Passamos a tarde de sábado inteira rodando pela cidade, visitamos diversos pontos turísticos de Roma, que eram ainda mais lindos do que eu via em revistas, ou mesmo na internet. Eu estava me sentindo cansada e um pouco enjoada de tanto andar e rodar pelos museus da cidade. Precisava tomar um banho e descansar, eu estava implorando por isso.
- Cansada? – perguntou quando entramos de volta ao hotel.
- Nunca imaginei que passear por uma cidade causaria tanto cansaço em mim. – Disse, abrindo a porta do nosso quarto e me jogando na cama.
- Eu não sei se foi uma boa ideia a gente ter vindo viajar agora. – Ele disse se sentando na cama. – Esses dias você tem andado mal e então fez aqueles exames ontem, e eu acho que a gente deveria ter adiado essa viagem.
- Eu estou bem, . – Sorri fraco. Eu não estava completamente bem, mas eu estava apenas sentindo um mal estar e aquilo não ia acabar com a nossa viagem. Até porque aquilo não poderia ser nada sério, no máximo era porque eu não estava me alimentando direito. Aliás, eu estava trabalhando direto e quase não tinha tempo para comer. – Bom, eu vou tomar um banho porque eu estou cansada.
Fui para o banheiro e liguei o chuveiro na água morna, deixando que a água relaxasse o meu corpo e levasse embora aquele mal estar repentino. Demorei poucos minutos no banho e logo voltei ao quarto, já pronta para dormir.
No dia seguinte, meu mal estar já havia passado e eu me sentia melhor. Depois do almoço, fomos visitar o Coliseu de Roma, e agradeci por não ser tão cansativo quanto passear nos diversos museus que eu havia ido ontem.
- Você acha que está bem para sair daqui algumas horas, ? – perguntou, tirando os sapatos e os jogando em um canto do quarto.
- Se não for em nenhum lugar que tenha inúmeras escadas para subir, eu estou bem. – Sorri, e ele riu.
- Que eu saiba, em baladas não têm tantas escadas assim.
- Balada, ?
- Sim, nós precisamos nos divertir. – Ele disse me puxando para o seu colo. – E podemos começar agora, o que acha? – Ele sussurrou no meu ouvido com aquela voz, que me deixava completamente louca.
Eu estava com um vestido preto, e um salto alto também preto, minha maquiagem não estava nem pesada e nem leve demais, estava me sentindo com vinte anos de novo.
Estava seguindo para dentro daquela boate, que estava lotada de gente talvez mais nova do que eu, mas também pude ver alguns casais com idade para serem meus pais, o que me fez sentir mais confortável, aliás, eu já tinha vinte e seis anos e convenhamos que essa não seja a idade certa para passar a noite em uma boate dançando. Mas havia me falado que isso tudo era bobagem, e que nós ainda erámos jovens e tínhamos o direito de aproveitar a vida como qualquer outra pessoa da nossa idade.
Eu estava me sentindo menos cansada, e já fazia mais de uma hora que eu estava dançando com , e digamos que eu não seja uma boa dançarina, mas me superava, ele não sabia dançar, mas estava tentando e aquilo estava engraçado que eu me pegava rindo de cinco em cinco minutos dele.
- Você não é a maior dançarina do mundo para poder rir de mim, ok? – Ele disse com uma voz afetada me puxando pela cintura, o que me fez rir ainda mais. – Vou até o bar pegar alguma coisa pra gente beber, tá? – Assenti, e continuei me balançando sozinha no meio da pista de dança repleta de gente.
Continuei dançando sozinha por mais alguns minutos, até que me senti um pouco tonta e vi que demorara mais que o necessário, e então fui atrás dele no bar. Demorei um pouco para sair do meio daquelas pessoas, mas quando saí e fui em direção ao bar, vi uma coisa que me fez querer voltar para trás.
Ele estava conversando com uma mulher de cabelos cacheados, mas o que me incomodava é que eles estavam sussurrando no ouvido um do outro, e ainda por cima ela sorria encantada. Depois de alguns minutos ela se levantou, entregou a ele uma caixinha preta e saiu dali.
me viu me chamou ainda com aquele sorriso idiota no rosto.
- Quem era aquela mulher? – Perguntei brava, mas pelo visto ele não havia percebido porque continuou sorrindo.
- A Jenna?
- Então é esse o nome da vadia?! – Perguntei ainda mais brava do que antes, e falando mais alto por conta da música.
Eu estava me sentindo como me senti há quatro anos atrás, quando peguei ele na cama com outra. Mas agora estava sendo pior, eu e eles estávamos namorando e naquela época ainda não. E eu tinha a leve sensação de que ele podia ou tinha me trocado por alguém melhor.
- Vadia? A Jenna? – Ele riu. – Amor, você está confundindo...
- Confundindo?! , você é um idiota, sabia?! – Disse contendo as lágrimas que teimavam em aparecer. – Eu sempre soube que você jamais iria mudar! Por que você sempre me faz sentir assim? Eu acreditei em você, !
- Eu não fiz nada, . Não é nada disso que você está pensando. – Ele passou as mãos pelo cabelo, nervoso.
- Eu tenho medo, eu tenho medo de que chegue a hora em que você se toque de que não precisa de mim, eu tenho medo de que você ache alguém melhor do que eu, eu tenho medo de perder você! – Eu não queria chorar na frente dele, mas também não sabia o motivo de ter dito tudo aquilo a ele. Aliás, eu não tinha pegado ele beijando aquela mulher, mas eu estava insegura, eu era insegura.
Desde que eu havia perdido John, eu não conseguia mais acreditar que as coisas durariam para sempre pra mim, eu não conseguia acreditar que eu poderia ser feliz sem que nada me atrapalhasse e me fizesse começar do zero.
- Você não precisa ter medo de nada, você não vai me perder. – Ele disse pegando meu rosto com as mãos e limpando minhas lágrimas com o polegar.
- Então me explica quem era aquela mulher. – Eu quase implorei.
- , você precisa confiar em mim. – Ele disse olhando em meus olhos. – Se você quer manter nosso relacionamento, você deve confiar em mim. Eu sei que eu sou o cara mais idiota desse mundo, mas você precisa confiar em mim.
- Eu confio em você, mas mesmo assim eu tenho medo. – Disse, mordendo os lábios me impedindo de começar a chorar novamente. – Você sabe que não precisa de mim. Você está comigo por opção, e eu não quero que você se sinta preso a mim por obrigação e nem por causa daquela promessa.
- Eu não estou com você por obrigação. Você me conhece e você sabe que, se fosse isso, eu já teria caído fora há muito tempo. – Ele riu. – Eu amo você. – Agora ele sussurrava. A música já não atrapalhava mais porque estava tocando uma música lenta e o lugar estava em silêncio, apenas com algumas pessoas sussurrando também. – E eu vou te provar agora que a Jenna não é quem você estava pensando que ela era. – acenou para o DJ que colocou outra música um pouco mais calma que a anterior, e todos que estavam na pista de dança pararam de dançar e fizeram uma roda ao redor do bar em que eu estava com .
estava sorrindo feito uma criança que acabou de ganhar seu brinquedo favorito no natal. Eu estava confusa, não sabia o que estava acontecendo, e muito menos por que aquelas pessoas estavam em nossa volta nos observando.
- Posso te fazer um pedido? – pegou minhas mãos e me levantou da bancada e em seguida se ajoelhou na minha frente, pegando a mesma caixinha que a mulher o entregara minutos antes.
- O que é isso, ? – Perguntei, olhando para as pessoas que ainda nos observavam. – O que você está fazendo?
- Cale a boca e me escute. – Eu o encarei confusa. – Quer casar comigo? – Ele abriu a pequena caixinha e dentro dela tinham duas alianças.
- Você está... Você está falando sério? – Perguntei. Eu não sabia o que estava sentindo, eu estava surpresa, feliz e com medo. Eu nunca havia pensado que me pediria em casamento, aquele mesmo que há anos atrás era despreocupado e não fazia o estilo de cara que se casaria.
Mas pelo visto eu estava completamente errada a respeito de .
De novo.
- . – Ele riu fraco me tirando do meu pequeno transe. – Tem umas grandes dezenas de pessoas nos olhando e se você me respondesse logo, me ajudaria a não passar vergonha. – Eu ri, ele se levantou e ficou aguardando minha resposta. – E então, aceita casar comigo?
- É claro! – Pulei em seu pescoço e ele abraçou minha cintura. Vários gritos e aplausos preencheram a boate, eu teria ficado com vergonha, mas estava feliz demais para isso.
Tínhamos voltado para casa há poucas horas, Jamie tinha passado bem durante esse final de semana e até queria ficar mais um pouco com , mas a minha necessidade e saudade de mãe não deixaram.
Quando contou a Jamie que me pedira em casamento, eles fizeram um toquinho de mão complicado, coisa de garotos. Jamie me contou que estava planejando isso uma semana antes de termos ido viajar, e ele havia conseguido esconder isso de mim durante todo esse tempo. E agora fazia sentido o fato dele cochichar algo no ouvido de antes de irmos para o aeroporto.
Apesar de eu estar completamente feliz em casar com algo ainda me incomodava. O resultado do exame que eu havia feito antes de viajar. Já havia passado inúmeras doenças que eu poderia ter pela minha cabeça, e quanto mais eu pensava naquilo, com mais medo eu ficava.
Alguns minutos depois o Sr. Lincon, o porteiro do prédio, havia me entregado algumas correspondências que haviam chegado enquanto estávamos fora, e dentro de uma dessas correspondências estava o resultado do meu exame.
Subi para o meu quarto, onde encontrei Jamie e deitados na cama assistindo a um filme qualquer que estava passando na tevê. O resultado do exame ainda estava em minhas mãos, eu sei que não deveria abri-lo ali na frente de Jamie, mas eu estava ansiosa demais e precisava abrir logo e acabar de uma vez por todas com aquilo.
Quando eu abri o envelope e vi o que realmente estava escrito, eu não acreditava no que estava escrito, eu não acreditava naquele resultado.
e Jamie voltaram à atenção para mim, que estava escorada na porta e chorando. Jamie me olhava curioso, e veio até mim preocupado.
- O que foi, amor? Por que você está chorando? – Ele olhou para as minhas mãos vendo o envelope. – Esse é o resultado daquele exame? – Eu assenti ainda chorando, e ele me olhou mais preocupado do que antes. – E qual é o resultado? O que diz ai?
- Eu... Eu estou grávida! – e Jamie me encararam por alguns longos segundos e logo abriram um sorriso e correram me abraçar.
Eu estava chorando, eu tinha pensado que poderia estar com alguma doença grave, havia pensado em todas elas e imaginava que eu poderia ter uma delas, mas eu nunca tinha parado para pensar em gravidez, isso nem sequer tinha passado pela minha cabeça. Mas isso explicava os meus enjoos e tonturas que eu havia sentindo durante esse tempo.
- Eu vou ter um irmão ou uma irmã? – Jamie perguntou, pulando na cama.
- Sim, você vai, Jamie. – O sorriso de estava maior do que seu rosto, a cor de seus olhos estavam ainda mais vivas do que o de costume.
- Eu não acredito que eu vou ser mãe pela segunda vez. – Eu disse depois de algum tempo tentando processar toda aquela informação.
- Mamãe, pode deixar que eu vou cuidar muito bem da minha irmãzinha, tudo bem? – Jamie perguntou ainda pulando na cama.
- Mas pode muito bem ser um menino, Jamie. – Eu disse.
- Mas não vai ser, mamãe. Vai ser uma menina, eu sei. – Eu e rimos, ele acariciou minha barriga e em seguida me beijou. E a partir dali eu soube que não poderia ser mais feliz.
Fim.
Hey gatas! Essa não foi a minha melhor short que eu já escrevi, mas espero que gostem e comentem o que achou, e quem sabe mais pra frente ela não possa ter uma segunda parte? Pensei nisso, mas ainda não tenho nada em mente. Mesmo assim espero que gostem e comentem sobre a fic. xx