Just a Perfect Day III – The Wedding!

Escrito por Tatye | Editado por Mariana

Tamanho da fonte: |


Parte I

  Londres, Inglaterra.
  Junho de 2023. Dia 24 às 23h57min.
  ’s POV.

  Ele segurava a pequena criança nos braços e ria brincando com a mãozinha rechonchuda dela. Era uma das cenas mais perfeitas que eu já tinha visto em toda a minha vida, era bem jeitoso com crianças e isso era extremamente encantador, porque ele não tinha só jeito, ele gostava delas, tornando tudo ainda mais mágico. Era simplesmente incrível o jeito com que ele ficava uma verdadeira Maria Mole perto delas, me deixando mais sensível do que eu já estava. Fazendo com cada sorriso daquele me atingisse em cheio. Sorrisos esses que só a pequenina tinha conseguido arrancar dele até agora, e olha que ela não tinha nem um dia de nascida ainda, mas mesmo assim era a atração do momento, inclusive da Inglaterra, onde todos se perguntavam com quem a criança ia se parecer. E sabíamos que ao sair daquele hospital, teria um bando de fotógrafos curiosos, querendo ver como ela era.
  O quarto estava cheio de pessoas, dez, para ser mais exata. Todos bem arrumados, muito bem arrumados e fazíamos um silêncio sepulcral pra que a criança não acordasse. Pois já tínhamos presenciado uma crise de choro dela há pouco tempo e digamos que não era um dos barulhos mais agradáveis. Então foi uma mobilização para todo mundo tentar acalma-la, que só parou de chorar depois que colocou-a no colo.
  Primeira etapa de padrinho concluída.
  Oh, desculpe se você achou que a filha era nossa, mas não. Quase nem deu tempo de nos casarmos direito, claro que teve toda a cerimônia, juntamente com o resto. Dissemos o sim, tudo ocorreu nos conformes, até certo ponto, porque nós quase não entramos na igreja, eu na verdade. Mas isso é outra história. Voltando a festa do casamento, estava simplesmente maravilhosa e andando no planejamento que havia sido feito, depois que as fotos foram tiradas, o buquê foi jogado para mais uma desesperada que queria casar. Se bem que eu já havia passado por isso e não estava querendo casar na época. Embora, eu tenha sérias dúvidas de que tinha jogado o buquê intencionalmente para minha pessoa, mas tudo bem.
  Ok! Estou destoando do assunto mais uma vez. Prometo que não faço mais isso. Mas onde eu estava mesmo? Ah sim, claro, contando a história de como fomos parar em um hospital e com um bebê no colo do .
  Depois de toda a correria, de falar com grande parte das pessoas, fotos e mais fotos, juntamo-nos com nossos amigos e ficamos conversando enquanto não dava a vontade de ir para o hotel que tínhamos reservado para a noite de núpcias. E eu estava tão cansada que a única coisa que eu queria naquela noite era dormir, então eu havia encostando a cabeça no ombro dele e pretendia ficar daquele jeito pelo resto da noite. Mas a Emma resolveu que queria nascer, a começou sentir as contrações no meio da recepção. Resultando em quê?
  Isso mesmo! Saímos rapidamente da festa para dar entrada no hospital. Você nem imagina como foi à correria dos cinco caras, onde quatro deles estavam mais nervosos do que o próprio pai da pequena criança. , , e chegaram ao hospital, feito quatro loucos, descabelados, amarrotados e de terno, gritando e enlouquecendo a coitada da recepcionista, que foi obrigada a gritar para que parassem. Depois me olhou com uma cara esquisita. Eu estava com o vestido de noiva, não me culpem. Mas no momento que ela conseguiu perguntar quem era o pai da criança, passou pelo meio deles, pálido e um pouco desorientado. Até que ele conseguiu fazer o registro, enquanto se encolhia a cada contração e logo após, subiram para a sala de parto. A mais nova mamãe e o mais novo papai, da Inglaterra, juntos.
  Mas bem, vamos começar pelo começo. Não o começo, começo! Porque o começo vocês já sabem. Mas vamos começar pelo início. Droga! É começo do mesmo jeito. Enfim, vocês entenderam. Se não, vão entender agora.

Junho de 2023. Dia 08 às 16h30min.
Duas semanas antes do casamento.

  Nunca imaginei que organizar um casamento daria mais trabalho do que gerir empresas. Juro que prefiro mil vezes presidir a Jones Industries e a 78 productions Limited, do que organizar um casamento para no máximo 100 convidados. Você não tem ideia de como é torturante. Escolhe comida aqui, doce ali, flores acolá, cor de cadeira, decoração, tapete, sofá, vaso, talher, cardápio, bebida e todas essas coisas. Fora que ainda tinha o meu vestido, que nunca parecia ficar bom. Daí vem àquela frase chata “Isso é drama seu!”. Não! Não é. É complicado demais organizar esse tipo de coisa e principalmente quando o não ajuda. Então o peso caía todo em cima de mim. É tanto que eu já tinha deixado às meninas, , e minha mãe, por conta de tudo, na intenção de que as coisas andassem, ou seja, elas fazerem tudo ao gosto delas, mas não deu. Eu tinha que estar metida nisso tudo junto com as duas. E era um verdadeiro enchimento de saco.
  - É o seu casamento. Queria o quê? – perguntava enquanto íamos buscar no médico. Suspirei e cocei a testa.
  Pois é, a Mrs estava grávida, na verdade prestes a ter a pequena Emma, que segundo o médico, poderia nascer a qualquer momento e por isso era necessário que tudo já estivesse preparado. Obviamente. Desde o começo da gravidez ela estava fazendo todo o acompanhamento direitinho e todos nós envolvidos nisso, afinal era o primeiro baby Direction e estava ganhando toda a atenção possível.
  - Que fosse mais fácil. – suspirei mais uma vez naquele dia, riu. – Poxa, , duas provas desse vestido em uma única semana. E nós ainda estamos no meio dela! – ressaltei com o indicador pra cima.
  - Você não leva a sério, , por isso tem que ficar voltando. – rolei os olhos. – Tenta entrar no espírito do casamento. – ela me cutucou, enquanto ria.
  - Não dá! – me exaltei, fazendo minha amiga rir mais. – Eu não vejo meu futuro marido há quatro meses. Yey! – falei ironicamente e bati a mão no volante.
  Isso! Você não leu errado, os meninos estavam em turnê há quatro meses então obviamente eu não vejo o desde fevereiro. Pois é, às vésperas do nosso casamento e ele cantando pelo mundo, trabalhando bem longe de mim e eu tendo que tomar conta de tudo, incluindo as empresas e claro, tudo que tivesse relação ao significado de matrimônio. Eu disse que não estava sendo fácil.
  - Então essa sua cara feia é saudade. – falou bem convicta, dei de ombros.
  - Exatamente! Só quero que ele me ajude. Apenas isso. – suspirei e apertei o volante acolchoado do carro.
  - querida, você vai ter que escolher. Ou o aqui, ou ele te ajudando. – falou intencionalmente confusa, me fazendo rir.
  - Idiota. – esbravejei ainda rindo e paramos em frente à clínica.
  - Hey gatas! – minha amiga grávida disse assim que fechou a porta do carro. a cumprimentou, bem enérgica e sorri sem ânimo. – O que foi, ? Com raiva da prova de novo?
  - Foram duas, só essa semana! – falei na defensiva e voltei a ligar o carro. – E olha que ainda estamos no meio dela. – vinquei as sobrancelhas.
  - Isso é falta do . – disse e acabei afirmando com um aceno. – Mas me diga . Como está a Emma? – ela virou de lado no banco pra conversar melhor com .
  - Ótima! O médico deu previsão de que na outra semana, ela nasça. – disse com uma animação estrondosa na voz, nos fazendo ficar felizes também.
  - Ai que maravilha! – quase gritei dentro do carro, fazendo-as rir. – me disse que vai trazer um brinquedinho pra ela, só não me contou o que era. – lembrei-me do que ele havia me dito.
  - Que amorzinho. estava capaz de arrancar os cabelos, porque a filha dele ia nascer e ele não estava aqui para ver tudo. Vocês sabem... o maior drama. – nós rimos e parei em um sinal.
  - Coitado, gente, deve estar comendo as unhas. – falou rindo, mas parecia com dó do .
  - Também. Primeiro filho. – falei rindo. seria exatamente daquele jeito se viéssemos a ter filhos algum dia, ou até pior. – E , nada de querer filho por enquanto?
  - Não quer? – gargalhou – A verdade é que não vem, porque os procedimentos estão sendo feitos. – ela disse nos fazendo rir.
  - Ele adora criança. Na verdade todos eles. – olhei pelo retrovisor e guardava alguns papéis, que deduzi serem da consulta.
  - Eles são quase crianças. – a baixinha disse. Senti meu estomago roncar.
  - É verdade. Vocês estão com fome? Querem passar no McDonald’s? – perguntei impaciente.
  - Sim e não. Sim, eu estou com fome.
  - Você sempre está com fome. – riu cortando a frase de . – Mas eu também estou.
  - Eu sei, mas nada de sanduíche, ou você não entra no vestido, . – me repreendeu, rolei os olhos.
  Eu precisava descontar minha raiva, ansiedade e frustração em alguma coisa. E como não estava aqui, era muito mais chato e querendo ou não, eu sentia uma grande falta dele, mais do que eu pretendia sentir, mais do que eu queria sentir. Então uma das opções plausíveis era descontar na comida. Se possível um sanduíche duplo e uma coca grande.
  - Eu quero meu noivo. – simulei choro. – Mas ele só chega dia 16. – aumentei a careta. Elas riram.
  - , você está muito carente. – disse rindo de um jeito que me fez rir também. – E criatura, dia 16 é amanhã.
  - QUÊ? – eu estava uma mistura de incredulidade, euforia, desespero e ansiedade. Resumindo, Jones estava uma grande pilha de nervos.
  - É, , hoje é dia 15. – me cutucou.
  - Estou tão cheia de coisa, que esqueço até as datas. – suspirei fazendo drama. – Coitado, ia ficar me esperando amanhã.
  - Não ia porque eles vêm todos no mesmo voo. – falou arrumando o cabelo em um rabo de cavalo, pelo que vi pelo retrovisor.
  - Está vendo! Estou tão desinformada que ai... – respirei fundo, sentindo o peito apertar com o desespero. Ninguém disse que casar era fácil.
  - Jones, você se acalme! – falou firme comigo. Ok, eu precisava daquilo sim, até porque quando eu me desesperava, era assustador até pra mim.
  - É, menina, foca no vestido. Tentar olhar o que precisa ser feito hoje, que aí você só vai provar de novo na próxima semana. – disse com a mão em meu ombro, afirmei, respirei fundo e voltei a focar no trânsito. – Quero ver como vai ficar esse corpitio maravilhoso no vestido de madrinha. – ela disse séria, passando a mão na barriga enorme e nós gargalhamos.
  - Você nem chegou a engordar, . – disse virando de lado no banco – Seu corpo está ótimo. Eu acho que vou engordar na gravidez. – ela riu.
  - Meu Deus, você é exagerada. Não vai engordar, . – riu. Estacionei em frente ao ateliê. – E você, gata? – ela apontou pra mim, quando estendi a mão a , pedindo minha bolsa.
  - Eu? Eu acho que vou ficar uma baleia de comer tanto. – falei rindo, as duas riram alto.
  - Não isso, . – ela riu e se ajeitou pra sair do carro. – Quando vem o ’s Baby? – perguntou fechando a porta.
  - Credo! – falei com um riso desesperado. – Calma, nós nem casamos ainda. – me defendi e acionei as travas do carro.
  - Não precisa casar para fazer filho, coisinha. – piscou e empurrei a porta do ateliê, ainda sem pensar muito naquela história de filho, eu mal tinha aceitado a coisa toda envolvendo o casamento, imagina filhos.
  - Vira essa boca pra lá, me deixa casar primeiro! – falei espantada.
  - Vira essa boca pra lá, nada. Do jeito que o vai chegar, tome cuidado pra não engravidar de trigêmeos. – disse me fazendo arregalar os olhos.
  - ! Pelo amor de Deus! – quase soltei um grito. riu e me empurrou para o balcão da recepcionista.
  O Sephora’s era o mesmo ateliê dos casamentos anteriores e o trabalho era simplesmente divino, o atendimento era maravilhoso. A dona então, um amor de pessoa. Sem falar que eu não ia procurar outro lugar, sabendo como os vestidos eram muito bem feitos ali. Mas só tinha um problema que atrapalhava toda a minha vida nesse ultimo mês. Eu sinceramente, não gostava daquele alfaiate e nem ele gostava de mim. Dupla perfeita para o meu vestido de casamento, não?
  - Boa tarde. – falei me recostando ao balcão.
  - Boa tarde, mrs. Jones, veio provar o vestido? – a moça perguntou simpática.
  - Sim, na verdade todos. O meu e o das madrinhas. – ela afirmou e levantou da cadeira giratória acolchoada.
  - Vou chamar o Gregory. – ela falou saindo de detrás do balcão, afirmei com um aceno e virei para as meninas, me escorei no balcão e de uma forma bem teatral rolei os olhos.
  - Eu não gosto desse cara. – falei baixo com as sobrancelhas vincadas. – E nem ele gosta de mim.
  - Também, , você coloca defeito em tudo. Ele tenta deixar tudo ao seu gosto, mas você não ajuda. – disse me repreendendo e rindo ao mesmo tempo, me joguei mais ao balcão e suspirei, fazendo as duas rirem de minha cena.
  Tudo bem, eu podia estar exagerando, mas era difícil quando o cara já olhava pra você fazendo careta, ou entortando a boca. Sem falar nas piadinhas sem graça sobre meu humor e era todo sorrisos quando se tratava do terno do . Pois é, quando o aparecia no Shepora’s, ele abria um sorriso capaz de mostrar todos os dentes, despertando em mim o mais puro tédio e talvez, só talvez, um pouco de ciúme. Ciúme do Gregory, ? Acorda pra vida, garota.
  - Eu quero o ! – falei de uma vez, suspirando fortemente.
  - Isso é falta dele, por isso você está assim, colocando defeito em tudo. – riu, apontando o dedo pra mim.
  - Não, , na verdade, é falta do que ele faz. Por isso ela está insuportável desse jeito. – acusou, arregalei os olhos.
  - Ei! Eu não sou insuportável, e isso não tem nada a ver com nada. – neguei, mas sabia que as duas estavam certas. – Eu estou assim, porque é muita coisa na minha cabeça, muita responsabilidade.
  - Então, seu belo noivinho não está aqui para te ajudar a relaxar. – voltou a falar e rolei os olhos, mas ela estava tão certa que chegava a dar raiva.
  - Vocês levam tudo pro outro lado, credo. – fiz uma careta, elas riram em deboche.
  Virei no balcão, na intenção de pedir pra ir chamar logo o alfaiate e dei de cara com um cabelo platinado, totalmente arrumado em um topete, me fazendo suspeitar que tivesse laquê envolvido naquilo. Quase arregalei meus olhos, mas me contive. Se ele já não gostava de mim, depois disso iria me odiar e acabar com meu vestido de noiva. O cabelo do Gregory estava a lá Tom Fletcher, porém estava mais gay que o do Tom na época do McBusted, até porque o costureiro era gay, mas aqueles fios platinados estavam o deixando bem mais afetado. Quando me dei conta de que estava encarando o cara e ele me olhava com uma das sobrancelhas arqueadas, parei.
  - Vamos? – ele perguntou juntamente com um aceno de mão e afirmei. – Oi, meninas! – ele falou sorridente e animado. Elas o cumprimentaram animadamente de volta e começamos a segui-lo para dentro do salão. – Mais calma hoje? – ele perguntou tentando ser simpático.
  - Na medida do possível. – respondi baixo, fazendo careta.
  - A tarde vai ser longa. – ele resmungou baixo, mas obviamente eu ouvi. Rolei os olhos pela quadragésima vez naquele dia e fiz uma careta, tentando imita-lo falando. Eu sei, eu parecia uma criança mimada. Balancei a cabeça exageradamente para um lado e para o outro e senti tapas em mim, olhei pra trás e as meninas riam.
  Assim que entramos na sala, o costureiro me encaminhou até um dos biombos e fui logo pra evitar mais piadinhas ou reclamações, o que eu menos queria era discussão naquele dia. Depois que vesti o meu vestido, que era longo e justo até o meio da coxa, em um modelo que fazia você parecer uma sereia, nas costas era recoberto por um tecido que dava a impressão de ser uma segunda pele. E bom, ele não estava terminado ainda, porque como as meninas disseram, eu estava de implicância com tudo. Na verdade eu estava insuportável nesses últimos dias. Mas eu ia melhorar, eu tinha que melhorar.
  Voltei para onde eles estavam e os três abriram um sorriso cheio de dentes quando me viram. Por certo o vestido estava deslumbrante e eu concordava com isso, tinha ficado maravilhoso.
  - Quer que eu coloque as mangas de novo? – ele perguntou com medo. Ok, vamos admitir, eu estava sendo um terror na vida daquele coitado. Respirei fundo e incorporei a garota legal que eu tentava ser.
  - Não, eu gostei dele assim, pode deixar. – falei e tentei dar um sorriso.
  - Bom, já é um começo. – ele riu e voltou a demarcar o acabamento das mangas. Olhei para aquela saia enorme e um sorriso insistiu em surgir no meu rosto. Será que finalmente eu estava entrando no espírito do casamento?
  - Cadê as meninas? – perguntei passando a mão na saia.
  - Já estão chegando, o mais tardar meia hora. – respondeu enquanto digitava no celular.
  - Tudo bem. – apoiei o peso do corpo em uma perna e o silencio reinou, me fazendo perceber que alguma musica animada, tocava no som ambiente e comecei a dançar.
  - , para. – Gregory riu. – Ou vai acabar se furando com os alfinetes. – fiz um bico, mas acabei rindo também.
  - Que horas eles chegam amanhã? – perguntei olhando meu vestido, encantada com ele.
  - Depois das 10h00min e antes das 12h00min. – falou e afirmei. Eu já poderia me programar pra acordar antes das 09h00min, como se eu fosse dormir, na verdade. Suspirei.

-x-x-x-

  Nunca, uma noite e um dia haviam passado tão devagar em toda a minha vida. Tudo bem que depois de me avisar que só riam chegar à noite, eu passei parte do dia conversando com pelo WhatsApp, mandando inúmeros áudios e fazendo a questão de dizer que sentia falta dele, que não perdeu a oportunidade de me aporrinhar dizendo que eu estava carente, mas quilo era tudo culpa do meu ilustre noivo. Porém, o mais bonitinho de tudo foi ele assumindo que também estava com saudade e não via a hora de chegar.
  Então lá estava eu, naquele aeroporto, já passava das 21h00min e nada do voo chegar. Sim, eu estava mais que agoniada, andando de um lado para o outro, sem ter absolutamente nada o que fazer, como prosseguir a minha vida naquelas horas de espera, já nem o celular eu havia levado, como também não tinha avisado as meninas que ia para o aeroporto tão cedo. Eu sei, eu não deveria ter feito isso, mas eu era uma das pessoas mais impulsivas do mundo, até mais que meu noivo se duvidar.
  Olhei meu relogiozinho de pulso e suspirei. Já começava a me arrepender da impulsividade presente em mim quando senti uma mão em meu ombro. Virei de uma vez, olhando pra trás com o sorriso maior que eu conseguia esboçar, mas encontrei minhas duas amigas, me olhando com uma cara engraçada. Suspirei e soltei uma risada frustrada.
  - Algo me diz que você esperava o . – disse rindo e balancei a cabeça afirmando. Fiz um bico e dei uma risada depois.
  Abracei minhas amigas de longa data e beijei a testa de cada uma das duas.
  - Eles não deram notícia ainda? – perguntou me abraçando de lado e neguei com um aceno.
  - Eu não sei, deixei meu celular em casa. – suspirei frustrada, abraçando minha amiga grávida, de lado.
  - Calma, . – riu. – Daqui a pouquinho eles chegam. O que acha da gente ir sentar um pouco? – ela perguntou fazendo uma mine careta, eu e afirmamos.
   estava na ultima semana de gravidez e a pequena Emma poderia nascer a qualquer momento, então a Mrs. estava com os pés inchados, um verdadeiro barrigão, cansada, não conseguia ficar em pé por muito tempo e de vez em quando sentia algumas dores, nas costas principalmente. Então procuramos um dos bancos que estivessem mais perto, sentamos por lá e ficamos conversando sobre qualquer coisa para ver se eu me distraia, já que o meu estado de ansiedade era pior que o delas.
  Sim, eu já havia passado bem mais tempo longe do , mas na época, não tínhamos um casamento a vista. Eu não tinha que resolver tudo sozinha e não estava apavorada. Eu era apenas uma pessoa normal que tinha um namorado maravilhoso. Era assim que eu classificava a minha vida. Mas a gora era completamente diferente, começando pela parte em que a minha pessoa não sabia como prosseguir com a organização de um casamento. Principalmente estando sozinha. A verdade é que eu não seria simplesmente nada sem as minhas amigas. Nada mesmo.
  E estava tão concentrada em fingir que prestava atenção na conversa, que não percebi a movimentação e quando ouvi foi um grito.
  - Ei Jones! Está fazendo o que, sentada aí? – virei de uma vez, quase caindo do banco quando ouvi a voz do .
  Abri um sorriso enorme e levantei da cadeira em um pulo, ele me esperava também sorrindo, parado no lugar e com os braços abertos. usava um moletom enorme, como de costume, com uma mochila nas costas.
  Pulei no colo dele sem me importar com absolutamente nada do que se passava a nossa volta. Eu só abracei o meu noivo o mais forte que pude, enquanto estava com o rosto escondido no pescoço dele. Senti minha garganta doer, mas respirei fundo e segurei o possível choro, eu não ia chorar. Chorar por quê? Não tinha necessidade, nem motivo pra isso. Então engoli o nó que se formava em minha garganta e segurei o rosto dele, o encarando, com um sorriso gigante.
  - Ei... – ele sorriu, segurando meu rosto. – O que houve? – perguntou manso, passando o polegar em minha bochecha.
  - Saudade, muita saudade. – respondi sorrindo. Segurei o rosto dele mais firmemente com as duas mãos e pressionei nossas bocas em um selinho apertado.
  Depois ouvi alguns gritos, que deduzi ser dos meninos, coisas como, “Estamos em um aeroporto” ou “Procurem um quarto” e até “Cadê o respeito?” Seguidos de vários tapas na cabeça de . Nós rimos e eu desci do colo dele, o abraçando bem forte, muito forte e sendo abraçada na mesma intensidade em troca.
  - Eu também senti muito a sua falta. – ele disse sorrindo e beijou minha testa.
  Falamos com os meninos. Abracei cada um deles, dando uma bronca falsa pela demora, fazendo o drama de que eles quase não chegariam a tempo do casamento, e depois rumamos pra minha casa, que era a do , mas eu tinha tomado conta dela no último ano.

-x-x-x-

  - Como está tudo? Dando certo? – perguntou assim que abri a porta de casa.
  O percurso foi rápido e não conversamos nada que se referisse ao casamento. De verdade, eu tinha gostado daquilo, mas foi só pôr o pé em casa, que ele soltou a língua.
  - Não fala nisso hoje. – fiz uma careta e apoiei o peso do corpo em uma perna, olhando pra ele. – Por favor, não pergunta nada disso hoje. – falei com uma manha gigante e soltou uma risada alta, depois beijou minha mão, que estava enlaçada a dele.
  - Por que não, ? É o nosso casamento. – disse rindo e rolei os olhos. Agora era o “nosso casamento”?
  - Agora é nosso casamento? Que eu saiba você passou um século fora e não me perguntou absolutamente nada sobre o nosso casamento. Nada, , simplesmente nada. – soltei minha mão da dele e vi arregalar os olhos.
  - Ei, , calma. – ele deu uma risada sem graça. – É só que...
  - Que nada, , não custava perguntar, mesmo que você não prestasse atenção ao que eu iria dizer. – suspirei frustrada. Ótimo, , muito bom, brigue com seu futuro marido a uma semana do seu casamento.
  - Amor. – ele largou as malas no chão e voltou a segurar minha mão. – Me desculpa, eu não achei que tivesse essa pressão toda em cima de você. – voltou a beijar minha mão. Rolei os olhos de uma maneira totalmente exagerada.
  - Não sabe, porque não se deu ao trabalho de perceber e muito menos perguntar. – falei indignada. Eu realmente não queria brigar, mas alguma coisinha dentro de mim insistia que sim. – , se não fossem às meninas, eu estaria levando tudo isso sozinha. Você tem noção?
  - , amor, olha, eu já pedi desculpas. – falou com calma, tentando me convencer daquilo. – Eu estou cansado, eu não quero brigar com você. Eu sei que fui desligado, eu deveria realmente ter tentado te ajudar com isso. Eu não estava aqui, mas agora eu estou. Ok?
  - Não, , não está tudo Ok. – cruzei os braços vincando as sobrancelhas e o vi respirar fundo, depois rolar os olhos, passando os dedos entre os cabelos.
  - , por favor, eu não quero brigar com você. Nós não merecemos isso, por favor. – ele afirmou minimamente com a cabeça, me induzindo a afirmar também e depois encostou a boca devagar na minha. O afastei pelos ombros. fechou a cara, soltou o ar pelo nariz e colocou uma das mãos na cabeça. – Ótimo, você vai brigar. – ele tirou as coisas dos bolsos do moletom e depois andou até a cozinha, fui atrás.
  - Vai me deixar falando sozinha? – perguntei indignada.
  - Não, , eu não vou. Eu só vou beber água, posso? – perguntou transbordando ironia e meu sangue ferveu.
  - Pode! – gritei enraivada. – Pode fazer o que você quiser. Até desistir desse casamento se for o caso. – ele afirmou com descaso, ainda prendendo a atenção no copo com água. – Quer saber? Eu realmente duvido que inventar de casar tenha sido a melhor escolha. – vi engasgar e percebi que eu tinha falado besteira, uma grande besteira.
  - Agora você vai levar pra esse lado, Jones? – perguntou aos gritos, largando o copo na pia e me olhando fixamente. – Você vai realmente apelar pra esse lado? Você acha que eu não me importo? – ele perguntou incrédulo. – Se eu não me importasse com o nosso casamento, eu não teria te pedido em casamento. Se eu não me importasse com nosso casamento eu não respeitaria a nós dois como eu respeito! – ele colocou os dedos entre os cabelos. – Porque se você quer saber, falta de mulher me atentando nessa viagem não foi. Mas o meu respeito por você, o meu respeito por nós dois, foi maior do que tudo!
  Apertei meus braços, como se estivesse me abraçando e senti meu queixo tremer, olhando pra ele com os olhos grandes e chorosos. respirou fundo, esfregou o rosto e depois me puxou pelo braço, me abraçando de uma forma aconchegante, enquanto eu estava com o rosto no pescoço dele.
  - Desculpa. – ele beijou minha testa. – Eu não quero brigar com você, eu não queria ter gritado, mas às vezes você me tira do sério, . – tirei o rosto do pescoço do , para encará-lo e ele segurou o meu rosto. – Eu te amo e nunca duvide disso, ok? – meu noivo perguntou acariciando meu rosto. Afirmei com um aceno, desfazendo meus braços do nó que ainda estavam em mim e o abraçando em seguida.
  - Eu também te amo. – falei o encarando, mordendo a boca de leve e encostou o nariz no meu, de olhos fechados.
  - Eu senti tanto a sua falta. – ele sussurrou, passando o nariz em minha bochecha e fechei os olhos.
  Senti a boca dele, roçar na minha, ao mesmo tempo em que a mão de subia por minha cintura, colando ainda mais nossos corpos. segurou minha nunca com uma das mãos, deu um beijo sugado em meu pescoço e logo em seguida me beijou sem dar tempo de assimilar qualquer coisa.

  ’s POV
  Acordei sentindo os lábios gélidos de , em contato com a pele das minhas costas, me mexi na cama, sentindo um arrepio gostoso tomar conta do meu corpo. Só ela sabia fazer aquilo da maneira mais efetiva possível, já fazia tanto tempo que estávamos juntos, mas cada beijo dela, mesmo sendo os mais leves possíveis, me fazia sorrir bestamente. E mesmo depois de tanto tempo fora, de uma pseudodiscussão e uma noite inteira sem dormir, ela ainda conseguia me deixar doido.
  - Acorda, preguiçoso. – ela disse baixinho e beijou o meio das minhas costas. Ri mesmo sem querer, me mexendo com a cócega boa que ela fazia em mim. Virei na cama e esfreguei os olhos, depois encarando a minha noiva. – Bom dia! – falou sorridente, abri um sorriso gigante.
  - Bom dia. - falei meio grogue de sono e me virei completamente, ficando de barriga pra cima. Ela sorriu e beijou minha testa. – Que horas são? – falei me espreguiçando na cama.
  - Nove e alguma coisa, quase dez. – ela disse apertando os dedos. – Vai tomar banho, nós vamos resolver umas coisas hoje. – fiz careta.
  - Sério? – passei a mão no meu cabelo, que estava desgrenhado, ela afirmou. – Quero você deitada aqui comigo. – falei me esticando na cama e bati no colchão do meu lado.
  - Não faz isso. – ela disse chorosa, com um bico enorme. Ri e sentei na cama, em quanto via ir pra longe de mim.
  Bocejei e esfreguei os olhos, depois o rosto. Baixei as mãos ainda com o sono tomando de conta do meu corpo e passei a observar o jeito que ela caminhava, balançando o vestido. Jones estava de vestido? Desde quando?
  Os vestidos só perdiam pra quando ela estava de saia lápis, me deixando sem entender como ela ficava tão gostosa com roupa de escritório. Sempre foi assim, desde que eu a vi usando a primeira vez. Mas aquele vestido azul escuro deixava a bunda dela maior do que o que já era. Coisa que eu nunca achei que fosse possível, mas aquela roupa conseguiu.
  - O qual o problema de hoje? – perguntei despercebido. começou a falar e eu só conseguia balançar a cabeça, sem ouvir nada que ela dizia. Na verdade eu só tentava não deixa-la sem resposta no fim das frases.
  - Porque você sabe, ou nós vamos. Ou nós vamos. - ela falou ainda de costas. Mordi a boca.
  - Uhum. - falei sem prestar atenção e ela começou a falar sobre outra coisa e de repente parou. Me aprontei e resmunguei mais uma vez. – Uhum. – respondi no automático e cocei a cabeça, ainda vidrado na bunda dela.
  - Entende? - ela disse se mexendo e puxando ainda mais minha atenção. Inclinei a cabeça pra ver melhor.
  - Uhum. - respondi mais uma vez, ao fim de outra pergunta.
  Quando tinha ficado tão grande? Eu realmente não me lembrava daquela bunda naquele tamanho, na noite de ontem. Ri e mordi a boca. Claro , você estava pouco ligando pra o tamanho da bunda da sua noiva, ont...
  - ! – gritou, me fazendo tomar um susto e pular na cama. Finalmente, conseguindo prestar atenção ao que ela dizia.
  - Oi! – falei assustado.
  - Para de olhar pra minha bunda! – disse agoniada, me fazendo soltar uma gargalhada.
  - Não dá, amor. Ela é linda, bem redondinha. - falei gesticulando e vi ficar vermelha, depois fazer careta e me mostrar a língua. Era raro eu conseguir esse tipo de coisa, mas em alguns momentos eu ainda fazia ela ficar constrangida. – Por que você está de vestido? - perguntei rindo, ela mordeu a boca. Do jeitinho que sempre fazia quando estava procurando uma resposta plausível.
  - Sei lá, deu vontade de vestir. - fez pouco caso, dando de ombros e sentou na ponta da cama.
  - Por quê? - olhei pra ela desafiador, enquanto prendia uma risada. Eu conhecia minha mulher bem demais, pra saber que tinha algo por trás daquele vestido. Aliás, deveria ter uma lingerie maravilhosa. Mas não em relação a isso, digo, o motivo por ela ter colocado aquele vestido azul escuro.
  - Sei lá. Talvez eu esteja me sentindo mais no espírito do casamento? - ela me olhou de um jeito tão duvidoso, que eu sabia que ela realmente não tinha a mínima ideia de o porquê havia colocado aquele vestido. Mas tinha a ver com a tal "magia do casamento", que fazia questão de enfiar na nossa cabeça. Só que não iria admitir aquilo, nem pra mim, nem para a .
  - Essa de noivinha preocupada não cola muito com você. – falei rindo. Ela abriu um sorriso largo e maravilhoso, que logo se transformou em uma gargalhada, me fazendo rir junto. – Pra onde nós vamos depois disso, de resolver as coisas, que eu não prestei um pingo de atenção?
  - Eu vou almoçar com meu pai, se quiser ir. - ela deixou a frase no ar. Ela ia trabalhar, por isso estava de vestido.
  - Por isso você está vestida assim. – debochei, fazendo rolar os olhos.
  - Não é isso, . É que eu vou pra resolver umas coisas relacionadas à rede de hotéis, então preciso estar com uma roupa que preste. Nada de jeans ou qualquer outro tipo de roupa normal. Tem que ser vestido ou saia lápis. - ela suspirou, passando a mão no cabelo e afirmei.
  - Você fica mais gostosa de saia lápis. Mas prefiro você sem elas. - arqueei uma sobrancelha e mordi a boca. Minha mulher rolou os olhos, bem entediada com meu comentário, o que me fez rir.
  - Leva a sério o que eu falo, pelo menos uma vez na vida! Argh. - ela disse irritada.
  - Uhum, vou levar sim. - ri me esticando e beijei a bochecha de . - Só me deixe tomar um banho. - levantei da cama, esticando minhas costas e senti o olhar de em mim. Era hora do troco.
  - Não demora. - olhei pra ela e mordia a boca, olhando pra minha bunda.
  - Para de olhar pra minha bunda, ! - falei esganiçado, fazendo-a rir e se jogar pra trás na cama.
  - Ela é enorme, . Não tem como não olhar. - ela piscou. Me joguei por cima dela, segurando meu peso com os braços apoiados na cama.
  - Quer dizer que ela é enorme? - sussurrei com a boca encostada na bochecha dela. riu.
  - Sim, ela é maior que a minha.
  - Discordo. - sussurrei.
  - Tanto faz, . Vai logo tomar seu banho. - ela me empurrou pelo peito e fiz bico. continuou me empurrando e me tirou de cima dela. Levantei da cama e esfreguei a barriga.
  - Estou com fome. – cocei a nuca, enquanto andava na direção do banheiro.
  - Depois do banho você come. – falou rindo, rolei os olhos.
  Era óbvio que ela só iria me deixar comer depois do banho. Segurei no cós da calça do moletom e tirei-a junto com a cueca. Bocejei ainda com um sono fora do comum, talvez não tivesse sido boa ideia ter acordado àquela hora. Tirei os pés da calça que estava no chão e antes de empurra-la para o canto da parede, ouvi falando:
  - Gostoso. – ri e virei de frente pra ela, vendo minha noiva arregalar os olhos. – ! – ela deu um grito esganiçado, depois passou a encarar meu rosto.
  - O que foi? – perguntei com uma falsa confusão, prendendo uma gargalhada. estava agindo como se aquilo não tivesse acontecido tantas outras vezes.
  - Sem piadas idiotas, por favor. – ela disse colocando uma das mãos na testa e soltei a gargalhada que estava presa.
  - Então pega uma toalha pra mim? – cruzei os braços na altura do peito.
  - Pego. – ela afirmou com um aceno de cabeça e levantou da cama, ajeitou o vestido no corpo e passou por mim, andando e balançando o vestido azul escuro.
  - Mulher gostosa. – falei rindo, ela se mexeu mais, balançando o vestido depois abriu o roupeiro pra pegar a toalha. – Você devia tomar banho comigo, amor. – ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas, fiz um bico.
  - Não, senhor! Não temos tempo. – fechou o roupeiro, com a toalha já na mão e veio até onde eu estava.
  - Por que não? Prometo que não demoramos. – fiz um bico maior e agarrei a toalha junto com a mão dela. arregalou os olhos, puxando a mão de volta.
  - Não, ! Já estamos atrasados. – ela disse em alerta.
  - Já? – perguntei como se aquilo não fosse tão alarmante.
  - Já! - ela respondeu de olhos arregalados. Arqueei as sobrancelhas e ela afirmou mais uma vez. Ótimo! Puxei pelo braço, agarrando-a pela cintura. – ! ! Me solta! – ela gritava rindo, o que também me fez rir, enquanto a prendia em meus braços. – Já estamos atrasados. – soltou mais uma gargalhada, jogando a cabeça pra trás e beijei o pescoço dela.
  - Sem problemas, atrasamos mais. – falei e mordi o pescoço dela, fazendo-a suspirar.
  - Não, não, não... – tentou protestar, mas foi parando à medida que eu beijava o pescoço dela com mais força, fazendo-a se segurar em mim, enquanto apertava meus ombros.
  - Toma banho comigo. – mordi a orelha dela.
  - Não posso. – ela disse chorosa. Apertei minha mulher contra mim, fazendo-a suspirar pesadamente.
  - Toma banho comigo. – falei em um sussurro, descendo as mãos pelas costas dela, colando o corpo de ao meu.
  - Não. - ela respondeu manhosa, mordendo a boca. Eu sabia que era questão de tempo, até eu conseguir o que queria.
  - Vou pedir só mais uma vez. Toma banho comigo. – sussurrei apertando o quadril dela ao meu. fechou os olhos vagarosamente e eu sentia o peito dela subindo e descendo, devido à respiração descompassada.
  - Merda. – ela esbravejou baixo.
  - O quê? – perguntei vendo de olhos fechados.
  - Você sempre consegue o que quer.
  - Sim. – disse com uma alegria fora do comum e arrastei-a pra dentro do banheiro, enquanto ríamos feito dois idiotas. Mas pelo menos éramos dois idiotas que casariam em duas semanas.

  ’s POV.
  Depois que o havia chegado, o resto das horas havia passado de uma forma rápida e louca. Ele se prontificou a ajudar com tudo que faltava ser resolvido e no sábado, em que iríamos decidir a maioria das coisas, depois da conversa com meu pai sobre algumas pendências com a rede de hotéis. Meu ilustríssimo noivo sentiu na pele o que era ter que organizar um casamento, principalmente estando acompanhado de três mulheres e meia.
  Bom e após fechar o que precisava ser fechado da decoração, nós quatro seguimos para a empresa que ficaria responsável pelo menu da festa. Aquele era o dia da degustação e eu não sabia se iria ter estomago pra comer tudo, mas se eu não tivesse, teria, nem que eu precisasse o coagir daquilo.
  - E o almoço com o sogro? – perguntou rindo, enquanto entrávamos no local. Um restaurante bastante conhecido da cidade.
  - Não tenho o que dizer do Oliver, um grande amigo. – riu também, me fazendo sorrir, afinal de contas era ótimo que a relação do meu futuro marido com meus pais, fosse das melhores possíveis.
  - E por que você está de jeans? – me perguntou e olhei pra ela, sem entender o porquê da pergunta. – Você sempre coloca um vestido ou algo do tipo quando vai resolver alguma coisa com seu pai. – dei uma risada.
  - Culpa dele. – apontei pro , que deu de ombros. As duas rolaram os olhos.
  - O que nós vamos fazer aqui hoje? – perguntou olhando pra toda a sala de espera do local.
  - Comer! – deu um sorriso largo, me fazendo rir.
  - Comer? – o garoto fez careta. – A grande missão de hoje é comer? – ele perguntou totalmente incrédulo, como se aquilo fosse uma piada. – Aquela briga toda que eu tinha que ajudar, pra chegar aqui hoje e eu ter que comer? – perguntou rindo, fechei a cara e afirmei.
  - Sim, você vai comer. E não adianta reclamar. – cruzei os braços na altura do peito.
  - Você é um chato, nunca se recusa comida, . – apontou pra ele, fingindo uma grande decepção. – Sem falar que é o seu casamento, comer hoje é o mínimo que você pode fazer, já que não moveu uma palha antes. – ela disse o encarando e arqueei uma das sobrancelhas.
  - ? – ele arregalou os olhos, pedindo por socorro, olhei pra minha amiga e ela negou com a cabeça.
  - Você foi um verdadeiro cretino, . Não venha me pedir socorro. – negou com um aceno e vi meu noivo suspirar.
  - Vocês são três mulheres malvadas. Isso é maldade comigo! – ele disse de um jeito esganiçado, como se não tivesse culpa de nada, nos fazendo rir.
  - E você é um anjo de araque. – fui irônica e puxei a mão dele. – Vamos, . Hoje você vai comer até não aguentar mais. – falei de uma forma meiga e beijei a bochecha do meu futuro marido. – E não adianta reclamar, amor. – sorri, o vendo engolir em seco.
  - Nós, nós transamos ontem, hoje, eu achei que estivéssemos de bem! – disse de uma vez, mostrando-se agoniado e dei um tapa na cabeça dele, totalmente constrangida. – Ai!
  - Você deveria filtrar o que sai da sua boca. – fez cara de nojo.
  - Nós realmente não precisamos saber o que vocês andaram fazendo noite passada. – rolou os olhos.
  - Panaca! – rolei os olhos e dei outro tapa na cabeça dele.
  - Ai, mulher! Você não estava com raiva de mim hoje de manhã. – ele disse com um sorriso idiota e rolei os olhos.
  - Eu não estou com raiva de você, acontecer que você vai degustar tudo. – abri um sorriso meigo. – Você precisa participar da preparação do casamento, amor.
  - É, amigo, acho bom você ter trazido um antiácido. – disse rindo alto, enquanto a barriga enorme dela se movimentava um pouco e respirou fundo.
  - Fighting! – passou o braço pelo pescoço dele, enquanto eu só conseguia rir.
  Depois entramos no restaurante propriamente dito, para iniciar uma tarde que seria longa. Longa para as reclamações do e longa pra degustar tanta coisa e eu realmente duvidava que iríamos conseguir degustar tudo daquele lugar, mas sempre poderia tentar.

-x-x-x-
Junho de 2023. Dia 18 às 13h33min.
Um domingo antes do casamento.

  ’s POV.
  Estávamos na casa dos ’s, o almoço daquele domingo havia sido marcado por lá. Era sempre assim, pelo menos uma vez na semana, marcávamos de encontrar todo mundo e essas reuniões só deixava a nossa amizade mais forte, muito mais forte. E se dependesse de mim, continuaríamos com aquele tipo de coisa pelo resto de nossas vidas, até os filhos dos outros aparecerem, sobrinhos que eu ia mimar o máximo que eu pudesse.
  Tudo bem. A quem eu estou querendo enganar? Todos nós, sim, eu e você que está aí, com esse celular na mão, lendo isso, pois é nós sabemos que o vai querer filhos. Ele é louco por crianças e não vai abrir mão de ter os próprios filhos, então o melhor a fazer é ir me preparando psicologicamente pra isso. Como se já não bastasse o casamento e todos os amigos que eu fui arranjar, botando pilha que eu vou chorar no dia, ainda me vem isso. Filhos.
  Sim, eles passaram a manhã inteirinha me enchendo à paciência, não que tivessem parado de fazer isso, na verdade, eles já estavam fazendo apostas. Mas até o momento, não tinha ninguém ao meu favor.
  - Duzentas libras que você chora feito uma criança nesse casamento. – disse olhando pra minha cara, com o braço estirado e deu um tapa na mesa de madeira, depois colocou um dos braços em volta dos ombros da, ainda, noiva dele. Rolei os olhos.
  O dia estava com um clima gostoso, quente e sol tinha dado as caras, o que era quase um milagre naquela cidade chuvosa. Mas tinha acontecido e era maravilhoso, com a brisa que batia no rosto, ventilando o ambiente e deixando tudo mais agradável. A enorme mesa de piquenique feita de madeira na varanda estava cheia, ocupada por nós.
  - O quê? – perguntei totalmente incrédula. Mas é claro que eu não ia chorar. – Vai perder seu dinheiro. – pisquei e todo mundo riu, como se não acreditassem em mim. Eu sabia da minha capacidade emocional. Certo?
  - Não, cara, sério! Você não pode ser tão coração gelado. você não chorou em nenhum dos nossos casamentos! – disse com uma quase indignação. Rolei os olhos. Era só o que me faltava mesmo.
  - E agora é regra eu chorar em casamentos? Eu nunca chorei nem em velório, porque raios eu iria chorar em casamento? – perguntei fazendo careta.
  - Mais duzentas libras que você chora feito um bebê com fome. - ele riu e encostou a cabeça no braço, que estava apoiado na cadeira que sentava. Rolei os olhos, beijou a bochecha da mulher e ela me olhou com um sorriso de deboche.
  - No meu foi onde começou essa palhaçada toda. - riu e apontou pra mim, suspirei e beijei a cabeça do . – Mais duzentas libras. – ele riu encostando o queixo na mão. – Quero ver você toda... - ele movimentou a mão em frente ao rosto. – Com a maquiagem borrada de chorar. – riu e afirmou.
  - Não vai borrar, uma porque eu não vou chorar. Outra que existe uma coisa chamada primer. – pisquei. riu alto, me abraçando mais forte e beijando meu ombro.
  - Estou com os meninos, . Você não pode ser tão fria. Vai chorar sim. Mais duzentas libras. - riu, olhei tediosa pra ele, me segurando pra não mandar o dedo, mas quando vi, ele já estava levantado.
  - Eu não sou fria. É que eu não sou besta ao ponto de chorar em casamentos. E eu não vou chorar. – falei segura de mim. Eu não ia chorar. – Se eu chorar, cubro as apostas de vocês. - falei sentando direito na perna de , encarando todos eles.
  - Quer saber! Eu estou com ela. é uma rocha cara. – disse também confiante em mim, pelo menos uma pessoa ali. – Ela é fria pra esse tipo de coisa. Vocês não estão entendendo, minha mulher não vai chorar. – ele disse e levantou a mão pra um high Five, completei o gesto com um sorriso superior.
  - Vocês estão confiantes demais. – disse rindo e negando com a cabeça, enquanto era abraçada pelo marido.
  - Eu já disse, vai chorar. – falou convicta. Rolei os olhos. – Imagina, ela guardou o choro todo pra agora. Acho melhor adiar o casamento pra um dia depois, , ou vocês não vão casar, só porque ela vai chorar. E muito. – ela olhou pra mim e os meninos riram, inclusive . Rolei os olhos novamente e dei um tapa na cabeça dele.
  - Ai, ! – ele resmungou esfregando a cabeça. – É o seguinte. Se ela chorar, o que eu acho a coisa mais difícil de acontecer, eu danço macarena com um vestido dela e mando pra vocês. – disse seguro. Afirmei firmemente.
  Ei, espera! Macarena?
  - De vestido?! - gritou, enquanto eu ouvia as risadas que haviam se generalizado na mesa. – FECHOU! – ela disse eufórica e estendeu a mão fechada pra ele, completou o gesto com um soquinho.
  - de vestido? – riu, colocando a mão na testa. – Eu não quero nem imaginar a palhaçada. – ela enxugou o rosto vermelho pela crise de riso. – Ou melhor, quero, porque isso vai ser hilário.

Parte II

  Londres, Inglaterra.
  Junho de 2023. Dia 20 às 09h31min.
  Última prova do paletó.
  ’s POV.

  - O que foi? – perguntei com um sorriso bobo. Completamente encantada com o sorriso do , que parecia rir pro nada, enquanto dirigia rumo ao Shepora’s, para a última prova do paletó.
  - Que foi o quê? – ele me olhou e riu, depois segurou minha mão.
  - Você sorrindo pro nada aí. – passei a mão no cabelo dele, fazendo um carinho, depois beijei sua bochecha.
  - Me lembrando da sua cara, quando descobriu que eu era o cara que queria você. – ele disse sem tirar o sorriso do rosto, me fazendo rir. – Em todos os sentidos. – completou e o olhei duvidosa. – O quê? – ele me olhou rápido e voltou à atenção pra estrada.
  - O quê?! – soltei uma risada. – Depois de você ir teoricamente, me ajudar a pegar minhas coisas no hotel, eu achei que não ia mais te ver. – dei de ombros, o fazendo rir também.
  - Ah não. – ele beijou minha mão – Mas eu te levei pra onde estava, no apartamento da .
  - Claro que levou, . – falei irônica – Eu digo depois disso, que eu não te vi mais. – expliquei o fazendo rir.
  - Eu achei que você não queria me ver mais. Tudo aconteceu meio que no calor do momento. – meu noivo coçou a cabeça, depois fez uma careta, como se reprovasse seu comportamento de alguns poucos anos atrás. – E eu não me orgulho disso.
  - Sim, foi aos atropelos. – falei rindo, passando a mão no cabelo dele e beijando sua bochecha. – E nem eu sabia o que eu queria naquela época, . – escorei a cabeça no encosto do banco. – Não precisa se culpar, a gente passa pelo que tem que passar. – sorri pra ele com os lábios fechados e o vi sorrir de volta pra mim, depois beijar o dorso da minha mão.
  - É muito engraçado como tudo aconteceu na nossa vida. – ele disse de uma vez, com um sorriso no rosto, passei a mão na bochecha dele.
  - Sim, não foi uma história muito convencional. – ri baixo.
  - Mas de todas as outras, a nossa é a melhor já vivida. – disse com um sorriso largo, sorri junto e apoiei minha cabeça no ombro dele, o abraçando forte. – Que foi? – ele perguntou rindo.
  - Te amo muito. – aconcheguei mais minha cabeça no ombro dele.
  - Eu também te amo, demais. – senti-o beijar minha cabeça e fechei os olhos.

  Flashback’s on
  Agosto de 2020 – Enfim te encontrei!

  - Senhorita Jones? – Aghata, a secretária do meu pai desde que eu consigo me lembrar, me chamou assim que sai do elevador, no ultimo andar do prédio.
  - Oi. Você me chamou? Algum problema com o orçamento? - falei passando a mão na saia e ajeitei o iPad na mão. – Eu já falei com o contador, ele disse que não tinha qualquer tipo de erro nos cálculos, sem falar que eu também revisei tudo outra vez.
  - Sim, chamei. Mas foi a pedido do Sr. Jones. - ela disse com as mãos sobrepostas a mesa.
  Fiz careta. O que tinha acontecido? Eu tinha almoçado com ele hoje, mas nada foi dito. O que meu pai queria?
  - Sabe do que se trata? – fiz uma careta, ela riu minimamente e negou com um aceno.
  - Ele não disse, só me pediu para chamar a senhorita. – suspirei frustrada.
  - Obrigada, Aghata. – agradeci com um sorriso e ela deu um aceno de cabeça, levantando da cadeira. – Não precisa, eu abro. - me referi à porta e sorri agradecida.
  Andei até a grande porta de madeira, ouvindo o barulho irritante do salto, principalmente quando você passava o dia ouvindo aquilo. Empurrei-a e assim que entrei, vi meu pai conversando com alguém por vídeo chamada, ao que parecia, pelo notebook.
  - Mandou me chamar? Aconteceu alguma coisa? - perguntei confusa e ele voltou à atenção pra mim.
  - Oi, minha filha. – meu pai sorriu, abrindo os braços. – Quero que você conheça uma pessoa. – ele apontou pra tela do computador.
  Ah claro, mais um investidor, acionista e esses velhos barrigudos que ele quer me apresentar. “Você é vice presidente da rede de hotéis.” Disso eu sei, mas eu não quero conhecer todo mundo, principalmente quando meu pai pode muito bem resolver certas coisas.
  - Pai, sem querer ser grossa. Mas eu tenho algumas coisas pra resolver ainda hoje. - coloquei o iPad debaixo do braço, sustentando o peso do corpo em uma perna.
  - É rápido. – ele sorriu. – Na verdade ele quer negociar uns investimentos e projetos com você. – meu pai me chamou com um aceno. Suspirei.
  Eu não disse? Onde foi que essa criatura veio saber quem eu era, e ainda exige minha presença? Olhei duvidosa pro meu pai, com uma das sobrancelhas arqueadas e ele riu.
  - Só venha aqui, fale de seus contatos e depois vocês conversam sobre o melhor jeito. Ele tem uma empresa tão grande quanto a nossa. – Oliver Jones conseguia ser a pessoa mais teimosa e insistente que eu conhecia.
  E sobre ter uma empresa tão grande quanto a nossa. Eu sabia que era um velho barrigudo, que além de me olhar esquisito ainda tentaria me cantar. Era sempre assim, até eu cortar o mal pela raiz e exigir o devido respeito que eu merecia.
  Mas tudo bem, . Quanto antes você for, mais cedo se livra dessa criatura. Passei a mão no cabelo, ajeitei as mangas da blusa, que estavam dobradas no cotovelo e andei calmamente até a mesa. Me pus atrás da cadeira giratória que meu pai usava e mirei a tela do computador, arregalando os olhos logo em seguida.
  - ?! – verbalizei meus pensamentos, antes que pudesse controlá-los e ele apenas sorriu.
  Um sorriso que parecia meio presunçoso e vitorioso ao mesmo tempo. Um sorriso meio "Te achei". Um sorriso lindo. Ele estava tão lindo, vestia uma camisa branca, sem nada por cima, estava de barba e o cabelo meio de lado. Nada parecido com um velho barrigudo, na verdade não parecia nem com um dono de uma grande empresa.
  - Vocês se conhecem! – meu pai exclamou e virou a cadeira pra mim, de um jeito mais largado. – Ótimo. Facilita muito as coisas. - afirmou ainda com aquele sorriso no rosto e meu pai voltou à posição que estava antes, e apoiou a mão no rosto. – Se conhecem de onde? – ele perguntou animado, diretamente a .
  - Casamento de um grande amigo meu. – falou e parecia me olhar.
  - Casamento da , pai. Da . – coloquei a mão no ombro do meu pai.
  - Ah sim, muito bom, muito bom. – ele disse e levantou da poltrona. – Vou buscar um café, você quer, querida? - ele perguntou me olhando.
  - Bem forte e com pouco açúcar. – sorri.
  Oliver afirmou e me empurrou delicadamente para sua poltrona. Sentei e me encarava com o rosto encostado na mão.
  - Então sobre o que você quer tratar? – encarei a parte profissional, mesmo querendo abrir um largo sorriso e perguntar como ele estava nos últimos meses.
  - Oi. - ele disse calmamente - Tudo bem com você? Foi difícil te achar. – o sorriso só se alargou, baixei a cabeça, negando com um aceno e também abri um sorriso, em resposta ao dele, que parecia mais galanteador do que nunca.
  - Oi. – escorei o rosto na mão. Afinal era só o . – Por que você não pediu meu número a ou ? – dei de ombros. – E eu acho que sim, estou bem.
  - Eu sei, poderia até ser mais fácil, mas eu queria pedir ele diretamente a você. – mordeu levemente a boca, o que acabou marcando seu queixo. – Então a melhor maneira que eu achei foi mexendo meus pauzinhos com a 78 Production Limited. – ele riu.
  - E você fez essa vídeo chamada com meu pai, só pra isso? – perguntei rindo.
  - Não exatamente, eu realmente quero você... trabalhando comigo. – ele ainda carregava o sorriso nos lábios e cruzei minhas pernas embaixo da mesa, o olhando com a sobrancelha arqueada. – Na verdade, você faz o que quiser, é só dizer o que você quer que nós fazemos. – ele disse e deu um sorrisinho maldoso de lábios fechados. Quase escancarei minha boca com o descaramento dele.
  Quantos sentidos aquela frase tinha? Credo.
  - No momento, eu só quero que o dia acabe. - falei esticando meus ombros, sentindo-os doer. – E uma massagem, talvez. – ele riu.
  - Sem chance de trabalhar comigo? – fez um bico.
  - Não é isso. – fiz uma caretinha. – Mas...
  - Então você vem. - arregalou os olhos, com um sorriso largo. Eu ri e meu pai empurrou a porta da sala.
  - Ir pra onde? – perguntei rindo, como se não tivesse entendido a proposta dele.
  - Londres, . Precisamos conversar sobre algumas coisas. - ele sorriu mais uma vez.
  - Se decidiram? - meu pai chegou perto de onde eu estava.
  - Não ainda, Oliver. Estou tentando convencê-la a uma reunião física, cara a cara, sem computador. – riu da maneira mais inocente. E desde quando ele chamava meu pai de Oliver? Desde quando ria inocentemente?
  - Ótimo. – meu pai me entregou o café. - Estou velho para viagens tão longas, é bom que assim, você pega logo o jeito. - ele disse e beijou minha cabeça. - Você não tinha umas coisas pra resolver?
  - Ah claro. - passei a mão no cabelo. – , vou te mandar meu telefone e email pelo chat, depois você entra em contato.
  - Com certeza. - ele afirmou.
  Mandei meus contatos e logo depois levantei da cadeira, sorrindo e dando lugar ao meu pai.
  - Foi um prazer revê-la. – se pronunciou de uma vez e quase engasguei. Tão formal que nem parecia o mesmo cara do banheiro.
  - Da mesma forma, Mr. . – sorri, o vendo fazer uma bela careta pela formalidade e peguei o iPad, juntamente com meu café.
  - Que senhor, menina? - meu pai riu - Esse garoto tem a sua idade.
  - Um pouquinho mais velho. - mediu com os dedos, os dois riram.
  E essa amizade repentina? Eu hein.
  - Não esperava você tão novo. – meu pai disse rindo.
  Me retirei de fininho da sala. Passei pela secretária, que acenou com a cabeça e entrei no elevador. Em cerca de segundos estava no meu andar, um abaixo do de meu pai. Passei direto pra minha sala e me joguei na cadeira. Olhei os papéis em cima da mesa. O que era que eu ia fazer mesmo?
  Esfreguei meu rosto de leve, pra não borrar a praga da maquiagem e tomei um gole grande de café. Eu só precisava da minha casa, meu chuveiro quente, minha cama e talvez o nela. Não, não. Você passou dois meses sem ele, consegue ficar sem. Mas o problema é que eu não queria ficar sem. Encostei a testa na madeira gelada da mesa, talvez assim esfriasse minhas ideias. me quer trabalhando com ele, mas é só isso. Apenas isso. Ele encarou tudo como sendo profissional. O fato de você ter dormido com ele não significa muita coisa, pensa assim. Dói mais, porem é a realidade. Nunca ia rolar nada mesmo.
  Meu celular vibrou na mesa, fazendo um barulho quase ensurdecedor para o silêncio que minha sala estava. Dei um pulinho da cadeira e olhei o que era. Uma mensagem de numero desconhecido. Mensagem do . O que ele queria?
  "To com saudade de você debaixo do meu cobertor. Não esquece de gravar meu número. Xx "
  Minha boca se abriu e o queixo quase foi ao chão. Praga de homem pra me tentar.
  "Não faz esse tipo de brincadeira, que eu vou acabar acreditando em você. Vou gravar. Xx"
  : A mais pura verdade. Quero sim que você acredite em mim. Inclusive que sinta dó de mim e venha curar minha saudade, ou eu posso ir até aí e cura-la do meu jeito.
  Merda. Fechei os olhos e depois tomei o resto do café de uma só vez.
  : Tenho umas coisas pra resolver. Podemos conversar depois?
  : Podemos sim. Mas deixe de fugir de mim e responda algo que corresponda com a minha mensagem anterior.
  : :) :) não estou fugindo de você. Só um pouco ocupada, até depois
  : Até.
  Novembro de 2021 – Quero passar longe desse buquê!
   estava simplesmente linda! Deslumbrante naquele vestido, o sorriso gigante em seu rosto a deixava mais bonita ainda e o modo como ela agia, me fazia perceber que ela sim, tinha nascido para aquilo. Sim, para casar! Ela e formavam um casal mais do que perfeito e que embora tivessem suas diferenças, ainda assim eram perfeitos para mim. O modo como eles se olhavam, sorriam e se completavam. Algo imensamente lindo de se ver.
  - O que você tem? – senti um beijo apertado em minha bochecha e olhei para o lado, encontrando .
  - Eu? – falei rindo e coloquei os braços ao redor do pescoço dele. – Nada, por quê? – o beijei.
  - Estava com um sorriso lindo, porém bobo, muito bobo, olhando para os pombinhos. – ele riu e meu deu um beijo, depois me abraçou pela cintura.
  - Impressão sua. Eu não estava com um sorriso bobo. – ri encostando nossos narizes e o vi sorrir largamente. Aquele sim era um sorriso bobo. – Você está com um sorriso bobo. – falei sorrindo e o beijei, enquanto nos balançávamos ao som de qualquer coisa que tocava.
  - Ah sim. Eu confirmo que estou, mas tudo culpa sua. – beijou minha bochecha e colocou o rosto em meu pescoço, me abraçando forte.
  Beijei a cabeça dele e continuamos nos balançando, até a noiva vir andando na minha direção, com um sorriso um tanto alegrinho demais, chegando a ser meio psicótico e com o buquê vermelho na mão. Se eu estava apavorada? Eu estava era com medo mesmo.
  - Vocês são muito lindinhos. – sorriu grandemente, sorri junto e levantou a cabeça olhando pra ela, ainda com o dito sorriso bobo nos lábios. – Mas posso roubar sua namorada uns minutinhos, ? – ela perguntou rindo e ele afirmou com um aceno, depois beijou minha bochecha.
  - Não vão muito longe. – beijou a bochecha de e depois foi para onde os nossos amigos estavam.
  - O que foi? – perguntei rindo. – Cadê seu marido? Vocês não iam viajar?
  - E vamos, mas antes preciso jogar o buquê pra você. – ela piscou. Arregalei meus olhos, sentindo o sangue fugir do meu rosto e o pavor me tomar.
  - Pra mim? – perguntei um tanto apavorada. – Eu não quero, joga pra outra pessoa. – dei uma risada desesperada e gargalhou. – Eu falo sério, . Eu não quero. – olhei para o buquê como se ele fosse um artefato de tortura e minha amiga ignorou minha súplica, depois saiu me puxando.
  - Vem logo, . A chance de você conseguir pegar é mínima, principalmente porque você não vai fazer esforço algum para pegá-lo. – riu. Mas eu não estava achando nenhuma graça naquilo. Eu não queria correr o risco de estar na zona de perigo quando ela jogasse.
  - , eu realmente não quero estar perto desse buquê quando ele cair. – falei já sentindo o pavor me tomar.
  Do jeito que eu era sem sorte, aquela coisa iria cair em cima de mim. Minha amiga apenas riu. Sim, ela riu, de um jeito macabro. Ali eu tinha certeza que aquela coisa ia cair plantada na minha cabeça e não adiantava pra onde eu corresse, ele ia me perseguir como um míssil teleguiado.
  - Você não vai, . – ela deu um sorriso meigo. – Relaxe. Eu só quero que você faça volume em meio às garotas. Sem falar que também é uma tradição. – dei um sorriso forçado e parecia mais que eu estava com gases.
  Chegamos onde as desesperadas estavam, mas estar naquele meio não me tronava uma desesperada, que fique muito bem claro. Eu estava sendo obrigada a estar no meio delas. riu e andou com o buquê chamativo até o pequeno palco. Enquanto eu observava tudo. Umas duas primas da já haviam tirado os sapatos, outras flexionavam as pernas para dar uma estabilidade melhor ao pular. Também havia as traiçoeiras que ficavam esperando pra dar o bote de derrubar alguém.
  E eu? Eu estava no fim, depois de todas elas, com meus braços cruzados e observando.
  O que eu ia fazer? Correr quando o buquê fosse jogado. Correr muito. Correr e puxar junto comigo. Vocês não estão entendendo, caso eu não pegue essa coisa, ia entregar a .
  Por quê? Porque ela quer que eu case, mas eu não quero casar.
  - Oi meninas! Boa noite! – a noiva disse sorrindo, elas a cumprimentaram com alguns leves gritos. – Eu vou jogar o buquê e que a sorte esteja com vocês. – sorriu e todas concordaram, continuei com minha cara de bunda e braços cruzados. Nem morta eu ia pegar aquilo.
  Mrs. ficou de costas, segurando o objeto com firmeza. Ela ameaçou jogar a primeira vez e o grupinho foi a loucura, aumentei mais a minha cara de tédio, repetiu o gesto e os gritos foram ouvidos, olhei para os lados e vi alguns namorados rirem, outros parecerem estar pálidos. E o meu? O meu ria pra mim, como se encorajasse aquele tipo de coisa. Rolei os olhos, o vendo gargalhar e quando olhei pra minha amiga, ela já ia na terceira tentativa, a de jogar. Me preparei pra correr dali e ela parou de uma vez, endireitou a postura e olhou pra elas, ou melhor, pra mim.
  - ? – me chamou meigamente e aumentei a cara de tédio. As atenções se voltaram pra mim e queria me enfiar em um buraco no chão.
  - Oi? – falei baixo, tentando sorrir normalmente.
  - Pode vir um pouco mais pra frente? – ela ainda continuava com um sorriso macabro mascarado. Ouvi a gargalhada de e me deu vontade de enfiar meu salto agulha na testa dele, mas apenas dei alguns passos até o meio das garotas.
  - Tá bom aqui? – perguntei querendo me enfiar dentro do sapato de alguém, ou morrer pisoteada. Ela negou com a cabeça, ainda sorrindo. Como conseguia sorrir daquele tanto? Andei mais alguns passos e parei. – E aqui? – ela negou novamente. Rolei os olhos e perdi a minha paciência, depois andei o pouco espaço que me restava até onde ela estava. Sim, eu havia subindo uns três degraus da escada de entrada. – E agora? – perguntei ironicamente.
  - Agora está ótimo. – ela sorriu largamente, empurrou aquela coisa cheia de flores, mais conhecida como um buquê, em minhas mãos, e depois deu um beijo na minha bochecha, estando extremamente satisfeita. Reprimi uma onda de vômitos que queriam se exteriorizar e arregalei os olhos. – Conheçam a próxima noiva, gente! – praticamente gritou, me empurrando pra frente e no reflexo segurei aquela coisa com força, arregalando os olhos. Eu não conseguia enxergar absolutamente nada a minha volta.
  Minha visão estava focada apenas no sorriso largo e bonito que esboçava.
  Março de 2022 – Você precisa me ouvir!
  - Arrumando as malas de novo, amor? – perguntou rindo, se jogando na cama ao lado da mala.
  - É, eu preciso voltar no Canadá, mas no máximo em um mês eu volto, prometo. – sorri pra ele, que vincou as sobrancelhas.
  - Um mês, ... – perguntou entristecido. – Mas eu voltei ontem, nós tínhamos planejado algumas coisas, até uma viagem.
  - Eu sei. – respirei fundo, passando a mão no rosto e sentei de uma vez na cama. – Mas minha mãe precisa de mim e eu tenho que ir. – mordi a boca, olhando de relance pra , ele colocou as mãos nos cabelos e fechou os olhos com força.
  - Você está me evitando. – ele disse convicto e deu um pulo da cama.
  - Evitando, ? – perguntei totalmente incrédula, virando o corpo na direção dele. – É sério que você acha que eu estou te evitando?
  - Não, , eu tenho certeza disso. Você está me evitando. – suspirou. – Quando se refere a conversa, você foge. E se eu toco no assunto do casamento da , você simplesmente some! – ele abriu os braços, olhei pra frente.
  - Quando você vai parar de falar nisso? – suspirei frustrada, querendo fugir do assunto mais uma vez.
  - Eu preciso falar com você, nós precisamos conversar, . – ouvi a cama mexendo e senti o olhar dele em minhas costas. – Eu necessito que você me escute.
  - . No momento não dá... – passei a mão no cabelo. – Preciso terminar de arrumar minhas coisas. Quando eu voltar a gente conversa. – levantei da cama, respirando fundo e tentando me acalmar.
  - Não ! A gente não vai conversar quando você voltar. – parecia indignado e já estava sentado na cama. – Nós precisamos resolver isso agora.
  - Para de insistir! – falei alterada, olhando pra ele. – POR QUE VOCÊ INSISTE TANTO NISSO? – perguntei apavorada, já sabendo da resposta que vinha a seguir e rezando pra que ele não a pronunciasse.
  - PORQUE EU QUERO CASAR COM VOCÊ, ! SERÁ QUE NÃO DA PRA ENTENDER? – perguntou de olhos arregalados, me fazendo estacar sem ar no meio do quarto. – Eu quero casar com você e não sei o que vai ser de mim se você disser não. – eu sentia o pavor tomando conta de mim, eu não conseguia respirar direito e também não saía absolutamente nada da minha boca. – Eu planejava fazer um pedido decente na nossa viagem. – colocou a caixinha de veludo em cima da cama. – Mas você vem me assustando, . E eu não quero te perder. – ele disse com os olhos baixos, fazendo meu corpo perder os sentidos. – Você deu um sentido diferente e maravilhoso a minha vida nos últimos anos. Eu não quero te perder, eu quero casar com você. E se eu disser que eu não estou fazendo pressão pra isso, eu juro que vou estar mentindo, porque o que eu mais quero no momento, é casar com você. – falou tudo aquilo me encarando e eu não sabia o que responder.
  Eu não ia dizer não e na verdade, nem queria dizer aquilo, mas alguma coisa dentro de mim prendia o meu sim.
  Flashback’s off

  ’s POV.
  - Quando a sua família chega? – ouvi me perguntar, enquanto eu colocava a camisa branca pra dentro da calça do paletó, trancado em um dos biombos.
  - Minha mãe disse que o mais tardar amanhã. – respondi abotoando o colete. – Por quê? Vocês vão fazer aquela coisa de jantar não sei das quantas? – fiz careta. Era coisa demais pra um casamento só. A gente decidiu casar, era só casar e pronto.
  - Não, minha mãe queria fazer, mas eu recusei. Não tenho saco pra essas coisas. – disse eu ri alto, depois a vi abrir a porta da cabine. – Quero saber mais pra organizar tudo quando ela chegar. – minha mulher deu um sorriso bonito e sorri de volta.
  - Entrega ela a sua mãe. – falei rindo e a beijei.
  - Se eu fizer isso, as duas me prendem em uma torre até o casamento. – piscou e soltei outra gargalhada. – Minha mãe já quer que eu passe o sábado enclausurada em um SPA, hotel, ou qualquer coisa do tipo, imagina se junta com a sua, as duas me deixam sem te ver por o resto da semana. – ela fez um bico e a puxei pra dentro do biombo. – ! – exclamou soltando uma risada, enquanto se segurava em meus ombros e abri um sorriso sacana, depois a beijei.
   colocou os braços em volta do meu pescoço e a segurei pela cintura, sentindo os dedos dela se agarrarem aos meus cabelos, mordi seu lábio e soltou uma risada, ri junto e me escorei na parede do cubículo, levando-a junto comigo, ouvindo o barulho de algo desmoronando logo em seguida.
  O biombo era de madeira e quando consegui me situar na situação toda, estávamos no chão, em cima de mim, se apoiando com as mãos na parede da cabine, que agora estava no chão e ríamos, nós riamos muito.
  - O que foi isso? – o grito veio desesperado, olhei e vi Gregory desesperado olhando pra nós dois. olhou pra mim depois encostou a testa em meu peito, soltando uma gargalhada, enquanto eu ainda ria.
  - Estamos bem. – tentei parar de ri e ele nos olhou como se fossemos algum casal de filme ou algo parecido.
  - Você se machucou? – perguntou beijando minha bochecha e neguei com um aceno. Ela saiu de cima de mim, depois sentou no chão, rindo. era a pessoa mais fraca pra ter crises de riso que eu conhecia. Também sentei no chão e depois levantamos.
  - Se machucaram? – o costureiro perguntou rindo.
  - Não, Greg, foi só um tombo. – ouvi minha mulher dizendo e arregalei os olhos pra ela. Desde quando ela não tinha ódio mortal do costureiro? Acho que perdi alguma coisa. – Deixa eu ver o terno, amor. – ela pediu e me afastei um pouco. abriu um sorriso grande. – Está ótimo. Lindo. – senti um beijo apertado na bochecha. – Pode deixar assim que está ótimo. – ela sorriu pra Gregory e passou a mão em minha bunda como se nada tivesse acontecido. Virei pra ela de uma vez, mostrando estar assustado com aquilo, mesmo que não estivesse, fazendo-a rir outra vez.

-x-x-x-
Junho de 2023. Dia 22 às 23h57min.
E a despedida dos “solteiros”?

  - Vocês vão inventar isso? – perguntei rindo, quando ouvi os planos das meninas.
  Estávamos todas juntas dentro de um carro grande, uma Limusine pra ser mais exata, mesmo sem entender o porquê daquele carro, enquanto íamos à um restaurante. Bom, era como eu havia sido informada, embora eu estivesse bastante suspeita do quão arrumadas elas estavam, sem falar na exigência para que eu me arrumasse também.
  - Por que não inventaríamos? É o seu casamento, você merece uma despedida no estilo Magic Mike. – disse dando uma piscadinha, com acenos encorajadores por parte das outras e arregalei os olhos.
  - Vocês bateram a cabeça? – perguntei com um grito meio esganiçado.
  Merda, aquilo ia dar uma puta confusão.
  - Claro que não. – deu uma piscadinha. – Você merece uma despedida bem feita. Inclusive, você sempre adorou organizar as despedidas dos outros. – minha amiga riu e dei um sorriso totalmente amarelo.
  - A da foi perfeitamente arquitetada, mas ela preferiu dar o cano na gente. – Valery disse rindo e a Mrs fez uma reverencia. Neguei com a cabeça, soltando uma risada. – A da Julie foi incrível, essa sim deu certo. Épica. – minha amiga disse com um sorriso maldoso e fiz uma reverencia, rindo.
  - Sinto muito meninas, mas de verdade, não vou participar disso. – ri colocando a mão na testa.
  Eu não ia compactuar com aquilo, eu já tinha brigado com no meio da semana e arranjar outra confusão àquela altura do campeonato, era loucura.
  - Sinto muito, . Mas você já está indo. – Julie deu uma piscadinha, arrancando risadas das meninas e arregalei os olhos.
  - Como? Mas... Nós não estávamos indo pra um restaurante? – perguntei confusa, eufórica e agoniada. Elas deram sorrisinhos maldosos. – Meu casamento vai acabar antes mesmo de começar e a culpa é de vocês. – apontei pra elas. deu de ombros. – Pra onde estão levando o meu marido? – perguntei séria.
  - Marido? – abriu a boca em surpresa. – Marido? O já virou marido mesmo antes de casar? – rolei os olhos.
  - Não fujam do assunto, pra onde estão levando o meu futuro marido? – corrigi a expressão utilizada anteriormente e ouvi risadas generalizadas.
  - Não sabemos. – riu. – Os meninos ficaram de arranjar isso, mas, pelo menos o , não me disse absolutamente nada sobre. – ela mordeu a boca, fingindo, sim, fingindo estar frustrada.
  - O que eu fiz pra merecer isso? – perguntei encenando um desespero gigante e arrancando risadas delas. – Vocês são piores do que eu. Depois que eu me ajeito, viro uma mulher quieta, vem esse bando de louca querer me levar pro mau caminho outra vez. Isso é tudo culpa de vocês. Vou culpar todas vocês, se der treta com meu... – parei a frase no meio, vendo quatro olhares atentos em mim. – Marido! Pronto! Marido! é meu marido, satisfeitas? – perguntei rindo, depois ouvi gritos, como se elas esperassem por aquilo há muito tempo.
  - Satisfeitíssimas! – soltou um grito e nós rimos.
  - Cuidado com a Emma. – falei rindo e negando com um aceno.
  - A Emma está maravilhosa. – ela piscou, depois vi uma movimentação um tanto suspeita dentro do carro, como se elas procurassem algo.
  - Que foi? – perguntei confusa.
  - Você vai ser vendada, dear. – pulou pra perto de mim no banco e levantou uma venda, que parecia ser daquelas de conjunto de sex shop, com estampa de oncinha e pluminhas rosa ao redor. Soltei uma gargalhada, um tanto nervosa. O que elas iriam fazer comigo?
  - Pra que me vendar? – perguntei rindo, enquanto ela colocava aquela coisinha em meu rosto. – Espera, essa é a minha? Como vocês conseguiram isso? Eu vou matar o . – coloquei a mão no rosto, negando com um aceno, como se estivesse constrangida e ouvi gargalhadas, já que eu não conseguia ver nada. – Vão me colocar as algemas também? – perguntei as gargalhadas.
  - Droga! – pela voz, Valery parecia frustrada. – Esquecemos de pedi-las ao . – soltei outra risada.
  - Ele não sabe onde eu guardo essas coisas. – ri colocando a mão em cima da venda.
  - E como ele achou essa vendinha? – perguntou em meio a uma risada.
  - Devia estar jogada em algum lugar. – dei de ombros. – Meu Deus, o que vocês vão fazer comigo? – perguntei meio incrédula e ouvi mais risadas.
  - Nós vamos te jogar no meio de meia dúzia de gogoboys suados. Louquinhos pra passar as mãos em você. – Julie disse rindo, acompanhada das meninas e eu não sabia se ria, ficava eufórica, ou vomitava. Porque na verdade, eu não queria nem pensar na briga que aquilo iria causar. Suspirei.
  - Isso vai dar merda. – soltei uma risada alta. – Se eu desistir de casar, a culpa é toda e completamente de vocês, se eu desistir dessa vida e fugir com algum deles, a culpa não é minha. – soltei uma gargalhada pelo que eu havia acabado de dizer e ouvi elas rirem junto.
  - Bebeu, ? – a pergunta veio em meio as risadas e neguei com um aceno.
  - Não se preocupa, não vai dar merda. Garanto que não vai dar chilique. – riu, vinquei as sobrancelhas, mesmo sem conseguir direito por causa da venda.
  - Por que não? – perguntei altamente confusa e pelo movimento que meu corpo tomou, o carro tinha estacionado em algum lugar. Esse era meu medo. Que lugar era aquele?
  - CHEGAMOS! – ouvi a gritaria e depois senti mãos em meus braços, me impulsionando a levantar do banco.
  - Calma! – falei rindo e levantei. – Me ajudem, eu não sei a hora de sair ou descer. – ri mais uma vez e senti as mãos de alguma delas, mais firmes em meu braço.
  - Anda, . – pediu e me apoiei nela, pra conseguir sair do carro sem cair ou me machucar.
  - Acha que isso vai dar certo? Tirem a venda, eu prometo que coloco assim que sair. – pedi como se fosse uma criança e as três gargalharam.
  - Não, sua pequena trapaceira. – Valery riu e coloquei minha língua pra fora, ouvindo outra onda de risadas. – A porta do carro, . – ela me avisou e consegui finalmente sair.
  Eu ouvia uma música eletrônica tocar, o burburinho de algumas vozes do lado de fora, as meninas estavam seguradas em meu braço e alguns flashes eu tinha certeza que percebi, aquelas luzes piscantes eram chatas e irritavam ainda mais o , quando eles focavam aquela coisa em nossa cara. Daí eu tive certeza, nós estávamos em frente a uma boate. Agora qual delas, eu realmente não sabia.
  - Vocês são piores que eu. – disse de uma vez, andando junto com elas, mesmo que não pudesse ver nada.
  - Por quê? – perguntou rindo alto.
  - Vocês me trouxeram pra uma boate, eu acho que vi flashes em minha cara, e com certeza, aí dentro devem ter caras pelados ou quase isso. – falei convicta, ouvindo-as rir mais. – Ou vocês vão arranjar uma boa briga com meu marido, ou eu nem sei. – soltei uma risada e senti alguns tapas em minhas costas, até na bunda, se vocês querem saber. – Sem me molestar, obrigada!
  Ouvi mais algumas risadas e logo a música ficar mais alta, era característica de festas daquele tipo, músicas com a letra mais carregada e inútil, sensuais e que querendo ou não, tomavam conta do seu corpo. No momento tocava alguma do FloRida.
  - Onde vocês estão me enfiando? – perguntei com certo desespero, que eu tentava mascarar pela risada.
  - Em uma boate. – respondeu o que era óbvio.
  Quando chegamos em uma parte, que eu julguei ser o fim do corredor de entrada, ouvi gritos e palmas, como se saldassem a minha chegada. Sim, aquela era minha despedida de solteira, a certeza de que todas as minhas amigas de faculdade, primas invejosas e pessoas da família, inclusive a minha mãe, que não perdia uma e até a mãe e a irmã do , estavam ali, me invadiu e ri espontaneamente, levantando os braços. Aquela festa era minha, depois dali eu estaria casada, então eu iria me divertir.
  - HELLO BABIES! – soltei um grito e ouvi gritos em resposta.
  - Se animou, besha? – perguntou rindo.
  - Claro! – gritei animada, depois segurei a venda pra tirar, mas senti um tapa em minha mão. – Ai! – reclamei virando para o lado de onde eu achava que tinha vindo o tapa. – Por que eu não posso tirar? Já chegamos, me deixem aproveitar!
  - Deixa de ser apressada, vai chegar a hora de você tirar. – Valery segurou minha mão.
  - Ou de ela ser tirada. – riu alto e ouvi barulho de mãos batendo. – Venha, queridinha, o show já vai começar. – ela me arrastou e fui numa boa, ouvindo a música anterior ser trocada por I’m an Albatraoz, mesmo aquela música sendo das antigas, comecei a me balançar ao som dela, fazendo minha amiga rir.
  - ? Quero uma bebida. – pedi e ouvi um resmungo de afirmação, ainda sentindo-a segurar meu braço. - . – gritei junto com a música, jogando os braços pra cima e ouvi a risada dela.
  - I’m an Albatraoz. – cantamos juntas e paramos de andar. – Senta aqui, ratinha. – ela riu e me ajudou a sentar em uma cadeira.
  - Vocês vão me amarrar? – perguntei receosa. – E minha bebida? – ela gargalhou.
  - Nós não vamos te amarrar, relaxa. E sua bebida, um dos garotos vão trazer. – beijou minha bochecha ainda rindo. – Fica sentadinha aí, vamos começar agora, não tira a venda, por favor, ou você estraga tudo. – dei joinha, mesmo não tendo certeza de absolutamente nada.
  - E quando eu vou tirar essa coisa? – perguntei rindo.
  - Você vai saber, não se preocupa. – foi tudo que minha amiga falou.
  - Boa noite, garotas! – Valery falou, acho que em algum microfone, pois o som ressoou em todo o lugar. – O Show vai começar, divirtam-se. Long live the bride! – ouvi ela rir e outra música começar no local. Era um remix de um grupo brasileiro, We Drink Tequila.
  Gritos enlouquecedores e até risadas, eu juro que ouvi naquele momento. Na verdade a única coisa que eu estava conseguindo era ouvir e mesmo assim ergui o punho, o movimentando ao som da música. A ansiedade me tomava e eu queria tirar a venda, mas sentia que não era a hora e também não queria estragar tudo. Soltei uma risada nervosa, fazendo parecer que eu estava bêbada, mesmo que eu não estivesse, ainda. Senti um corpo chegar perto do meu e em vez de prender a respiração, soltei outra risada completamente nervosa, as mãos do tal gogoboy, se apoiaram na lateral da cadeira, perto de minhas pernas e aquele perfume não me era estranho.
  Se ele estava perto? Eu conseguia sentir a respiração dele em meu rosto e a única coisa que fiz foi entrar em uma quase crise de riso. Eu queria sair dali e me enfiar em algum lugar, era completamente estranho ter um cara pegando em você sem que você conheça nem um pingo.
  Me encolhi completamente em um arrepio, quando senti algo gelado subindo em meu braço. Arregalei os olhos, mesmo sem conseguir ver nada. Por que estava fazendo aquilo comigo? Era loucura! Era uma fucking loucura, mas que eu pretendia fazer com meu marido e não com um stripper contratado. Soltei uma risada mais nervosa ainda, sem me conhecer, eu nunca pareci tão constrangida em toda a minha vida, eu não era envergonhada daquele jeito, mas era incrivelmente estranho saber que ali não era o . Fazendo com o que aconteceu depois, me deixasse extremamente confusa.
  As duas mãos se espalmaram em minhas coxas e antes que eu pudesse protestar ou empurra-lo, mandando ir a merda e que me respeitasse. O filho da puta me beijou. Sim, o cara se achou no direito de simplesmente me beijar e ali me caiu a ficha.
  ERA O .
  Nenhum outro me beijaria daquele jeito, mesmo que um beijo leve, mas era ele, eu tinha absoluta certeza que era e foi naquele momento que eu puxei a venda, porque eu sabia que era a hora certa, dando de cara com sim, meu futuro marido.
  Ele abriu um sorriso incrivelmente lindo, me fazendo rir alto. Coloquei a mão no rosto e depois dei um tapa em seu ombro nu. estava vestido com uma calça branca, um cinto preto e apenas isso, completando só com o quepe. Meu futuro marido era um projeto de piloto muito gostoso.
  - Eu vou te matar. – falei baixo, colocando a mão no rosto, enquanto ria e o ouvi rir alto.
  - Por quê? – ele perguntou em completo ultraje, depois me beijou.
  - Pelo puta susto que você me deu, safado. Eu estava já pra acabar com a palhaçada toda e você iria apanhar. – falei baixo e ele riu alto, depois me beijou, com as mãos ainda em minhas pernas. mordeu meu lábio, depois puxou com os dentes.
  - Preciso começar o show, amor. – ele piscou, mordeu meu queixo e soltei um sorriso bem idiota.
  Meu futuro marido voltou para o palco, que agora eu podia ver, juntamente com todo o interior do lugar, me fazendo perceber que aquele lugar era um velho conhecido meu. Foquei a visão em e vi os outros quatro em formação de dança. Eles eram o Village People! Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, os cinco vestidos com o mínimo de roupa possível, estava de cowboy, de índio, de policial e de mecânico, todos prontos para dançar.
  Soltei uma gargalhada estridente, vendo rir junto, desfazendo a pose de gogoboy que topa tudo. Eu ia fazer ele topar tudo depois, ia me prender dentro de algum banheiro com meu piloto gostoso e melhorar ainda mais a minha festa.
  A formação dos cinco era a seguinte, no meio, do seu lado mais atrás, estavam do lado direito e do esquerdo, atrás dos dois, estavam e . afirmou com um aceno para alguém que eu não consegui identificar e os cinco baixaram a cabeça, colocando a mão nas abas dos chapéus, ficando exatamente do mesmo jeito.
  - Vocês vão realmente dançar? – soltei um grito, ouvindo gargalhadas e logo a clássica musica das despedidas de solteira ser soltada.
  Não, não era YMCA, eles dançavam I’m sexy and i know it, fazendo minha boca ir ao chão de tão ensaiada que a coreografia estava, olhei pra trás, procurando e ela piscou pra mim, como se dissesse silenciosamente, “Eu pensei em tudo, meu bem”. Neguei com um aceno completamente pasma, depois passei a aproveitar o show e depois daquela noite maravilhosa e incrível, cheguei à conclusão de que a One Direction, por mais que tentassem, nunca seriam bons dançarinos, mas sabiam animar uma despedida de solteira que era uma beleza.

-x-x-x-
Junho de 2023. Dia 24 às 17h22min.
O grande dia!

  O dia havia sido extremamente estressante, completamente diferente do que sempre me diziam. Eu não aguentava ficar parada e longe das minhas coisas por muito tempo. Passar dois dias “sendo preparada pra casar”, não era algo que eu tinha em mente, quando me mandaram pra um tipo de SPA. Dois dias que eu não tinha a bagunça dos meus papeis comigo, dois dias sem ver o , até meu telefone haviam tirado de mim. Aquilo era tortura e não o dia da noiva. E o mais contraditório de tudo, eu estava estressada por não ter tido qualquer tipo de problema, porque aquilo me assustava, eu sabia que ia acontecer alguma coisa. Não com a organização, ou estrutura, tinha meu dedo no meio, então iria ser impecável. Mas algo daria errado em uma coisa que não poderia ser controlada. O corpo humano e suas fisiologias.
  Eu não era da saúde, nunca fui. Eu era das exatas, mas se tinha uma coisa que eu sabia, é que o medo e o estresse faziam coisas surreais com o corpo das pessoas, principalmente vazar pelos olhos. Vulgo chorar. E se tinha uma coisa que eu não podia fazer naquele dia, era chorar, e eu não iria chorar.
  - Querida, desfaça essa careta. – a maquiadora riu, massageando minha testa e me fazendo rir junto. – As meninas terminaram com seu cabelo. – ela me virou de frente para o espelho e abri um sorriso gigante. – Gostou?
  - Sim! – falei como uma criança animada.
  Meu cabelo estava simplesmente lindo, com a maior parte dele solta, preso apenas em pequenos cantos nas laterais da cabeça, deixando o penteado leve, porem elegante. Outra exigência que eu havia feito, era ter meu cabelo completamente natural, sem fazer ondas artificiais, ou deixa-lo totalmente liso, meu cabelo estava exatamente do jeito que eu gostava. Ele tinha ficado perfeito.
  - Está incrível, perfeito. – falei com um sorriso que não cabia em meu rosto, enquanto girava minha cabeça, analisando todo o cabelo.
  - Vamos a maquiagem? – ela perguntou sorrindo e afirmei.
  - Você viu as meninas? – fiz uma careta, enquanto via Lily, pegar os primeiros pinceis.
  - Estavam no outro cômodo do quarto, finalizando as maquiagens, já elas aparecem por aqui. – a ruiva sorriu e sorri de volta.
  Fechei meus olhos, inclinando a cabeça na cadeira, sentindo os pinceis deslizarem em meu rosto e pescoço. Se eu estava ansiosa? Sim, eu estava ansiosa pra caramba, principalmente não tendo aquelas cinco loucas e minha mãe, juntas no mesmo cômodo que eu. Meus pés haviam ganhado vida própria e toda vez que eu abria os olhos, via o vestido claro, não, não era branco, pelo reflexo do espelho. Eu realmente iria casar, claro, até porque era como se eu já estivesse casada com , mas tudo iria ser oficializado e eu não sabia se tinha estrutura para aquilo. Casamento não é brincar de casinha. Casamento é coisa séria. E perceber que talvez eu não estivesse pronta para aquela realidade, era o que me assustava.
  - Como está a nossa noiva do ano? – ouvi a pergunta vinda da , que entrava no cômodo onde eu estava, acompanhada das meninas e da minha mãe.
  Elas estavam simplesmente lindas e maravilhosas, minhas madrinhas com seus vestidos em tons de cinza bem claros, muito claros e seus cabelos perfeitamente arrumados em coques milimetricamente bagunçados. Minha mãe estava com um vestido de cor salmão e o cabelo curto solto, ela estava incrivelmente linda e eu me perguntava se chegaria a idade dela sendo daquele jeito, alegre, bonita, inteligente e totalmente otimista com a vida.
  Bati pequenas palmas, as fazendo rir e logo aquele quarto tomou vida, com conversas que me fizeram gargalhar, soltar sorrisos bobos e diminuir minha tensão, ou pelo menos parte dela.

-x-x-x-

  ’s POV
  Eu tinha certeza que estava suando na frente de todas aquelas pessoas, meu pé não parava quieto, sempre batendo no chão, como se tivesse ganhado vida própria, ou estivesse entrando em curto. Minha mãe estava ao meu lado, segurando forte a minha mão pra tentar me acalmar, enquanto esboçava sorrisos calmos, meigos e que em outra ocasião, seria reconfortante, mas ali estava complicado. Eu me encontrava uma pilha de nervos, nunca havia sido tão difícil ficar em frente a pouco mais de 100 pessoas, eu estava tão ansioso que sentia meu estomago rodar. Eu iria casar, não que eu já não estivesse casado, morava comigo há pouco mais de um ano e aquilo era casamento, pra mim era. Ela sempre havia sido mais resistente com a ideia, mesmo quando ainda morávamos juntos, mas eu sabia que ela também se sentia assim.
  O local que iria ser realizado o casamento, que não iria ser em uma igreja, porque não quis, compreendia em um espaço aberto, campal, com um gramado enorme. Eu, juntamente com meus padrinhos, madrinhas e minha mãe, estávamos dentro de um coreto bem grande pra o normal de se ver. Ele havia sido construído para dar a ideia de flutuante em um pequeno lago artificial, era de madeira escura e tinha uma rampa que dava acesso ao gramado novamente, além de estar completamente cheio de luzinhas, que seriam acesas dali a alguns minutos, já que o sol estava indo embora, e com ele a minha paciência de esperar por . Eu já estava lá plantado, todas as pessoas que tinha que entrar, já haviam entrado. Só faltava de fato, a minha noiva, e o pai dela.
  No gramado a frente do coreto, estavam as cadeiras espalhadas, sessenta de um lado e a mesma quantidade do outro, logo mais atrás, lateralizada à onde estávamos, tinha um chalé que parecia ser bastante aconchegante e eu sabia que era lá que estava, mas não tinha a menor ideia de por que ela demorava tanto. Nossos convidados me olhavam curiosos, como se eu fosse alguma atração por estar nervoso e aquele paletó não ajudava em nada a minha situação. Respirei fundo, passando as mãos nos braços, tentando não entrar em pânico.
  - , respire, querido. – minha mãe disse rindo e suspirei pesadamente, a fazendo rir. – Calma, você está meio verde.
  - Minha barriga tá rodando. – fiz uma careta como uma criança chorona e ganhei um abraço apertado, enquanto minha mãe ria da minha frase, fazendo metade das minhas inseguranças irem embora.
  - É normal, meu amor. deve estar bem mais nervosa que você. – ela disse, passando a mão em minhas costas e respirei fundo, arqueando as sobrancelhas, eu duvidava muito que ela estivesse mais nervosa do que eu.
  Beijei a cabeça de uma das mulheres mais importantes da minha vida e a abracei mais uma vez, depois vi uma movimentação estranha, uma das daminhas corria pela lateral das cadeiras, parecendo estar apavorada. A garotinha chegou perto de e puxou delicadamente o vestido dela, minha amiga se abaixou delicadamente, com um sorriso no rosto, enquanto ouvia atentamente ao que a garota falava. E juro que minha respiração faltou, quando arregalou os olhos e pareceu prender a dela, depois colocou a mão na testa, como se não acreditasse no que ouvia e negou com a cabeça, sibilando um “Eu não acredito que ela fez isso.”
  Tudo que eu havia comido durante o dia ameaçava voltar pela minha garganta, enquanto eu via a Mrs. sorrindo e acenando igual aos pinguins de Madagascar. Eu sei que é uma comparação completamente tosca, mas a minha cabeça não estava funcionando direito. Eu tinha a absoluta certeza que tinha escapado daquele lugar e isso só reafirmou mais na minha cabeça, quando saiu de onde estava, seguindo o caminho que havia tomado.
  Minha impaciência triplicou, principalmente pela demora com que as duas permaneciam lá dentro. Olhei pra minha mãe, completamente apavorado. O que eu ia fazer se ela tivesse escapado? Dizer aquele bando de gente era o de menos, eu não me importava em dizer que não iria ter mais casamento, eu só não queria perder . Era única coisa que eu não queria naquele momento e sei que não é pedir muito.
  - , respire! – foi como uma ordem, a frase falada por minha mãe, que tinha os olhos arregalados pra mim, quase me ameaçando a fazer aquilo, ou eu iria me encrencar. Levei a mão até o nó da gravata, afrouxando-o. – Pare de pensar besteira. Ela só está nervosa e você tem que se acalmar.
  - Mãe, eu vou ver o que aconteceu, eu não consigo me aguentar. – beijei a testa dela e saí pelas laterais, cego, sem conseguir ver exatamente nada ao meu lado, a única coisa que eu mirava era aquele chalé, que parecia há um quilômetro de distância de mim.

-x-x-x-

  ’s POV
  Eu não acreditava que eu estava sendo tão trouxa àquele ponto. Que merda estava acontecendo comigo?
  - Pelo amor de Deus, . O que é isso? – perguntou apavorada, segurando meus braços, enquanto eu só conseguia chorar e sentir as lágrimas escorrendo por meu rosto, como se eu estivesse derretendo a cada minuto.
  - Eu não sei! – solucei, fazendo meus ombros se moverem. – Do nada, eu comecei a chorar... e não consigo mais parar. – tentei controlar meu acesso de choro, mas a tentativa frustrada foi seguida de um soluço maior ainda.
  - Chorar, ? Por que chorar? – me perguntou preocupada. – Será que você não pode passar por aquela porta chorando? É mais fácil. Todo mundo chora em casamentos. – ela passou a mão em meu braço e neguei com a cabeça, apertando os braços contra meu corpo, aumentando ainda mais minha vontade de choro e a de bater na minha cara também. Por que eu tinha descompensado daquele jeito? Eu não era aquilo, eu não era aquela pessoa desequilibrada. – Qual foi o problema? Uma das daminhas me chamou em completo desespero. ", por favor, vai socorrer porque ela está aos prantos e ainda não vestiu o vestido." – ela repetiu a frase da garota linguaruda e meu queixo tremeu mais ainda.
  - Eu estou bem, eu juro. Só não consigo parar de chorar. – passei a mão embaixo dos olhos, sentindo o choro continuar e a vontade persistir.
  - Você não vai desistir, vai? – arregalou os olhos, se mostrando receosa. Neguei fervorosamente, quase fazendo meu pescoço sair do lugar. – Mas você está pensando nisso? – olhei-a sentindo meu queixo tremer mais. Minha amiga era louca? Por que diabos eu ia desistir de casar com ?
  - Não, ! – gritei de um jeito esganiçado. Se estivéssemos em outra ocasião, aquilo iria causar uma crise de riso na baixinha. Sacudi a cabeça, sentindo minha garganta doer.
  - Criatura, pra que tanto choro? Você precisa pôr o vestido e entrar lá. – ela apontou pra porta do pequeno chalé e neguei fervorosamente.
  - Eu não vou! – gritei e me olhou completamente confusa. – não vai estar lá! – cobri meu rosto com as mãos. Eu era patética. – E eu vou passar vergonha na frente de muita gente. – falei em desespero, sacudindo os braços, deixando-a mais confusa ainda.
  - Quê? – estava confusa e incrédula. – , coraçãozinho. – ela disse e sentou ao meu lado, colocando um dos braços em volta de mim. – Você está com medo, é só isso. – minha amiga disse com a voz mansa, me abraçando pelos ombros, enquanto eu ainda chorava. – Se eu te disser que o já está aí. Ali na frente, andando pra um lado e para o outro, quase fazendo buraco no chão. – ela riu de leve. – Você acredita? – meu queixo tremeu e neguei.
  - Ele não vem, não é? – passei a mão embaixo dos olhos. – Eu sabia. Sabia que ia ser esquecida em pleno dia do meu casamento. – funguei.
  - Hey... O que houve? – levantei a cabeça e encontrei me olhando assustada.
  - que não vem. – falei em desespero.
  - Não vem? – ela fez uma careta confusa. – Ele está ali na frente furando o chão porque você não aparece. – minha amiga riu. – Quando entrou aqui, ele só faltou cair duro no chão. Achei que ele fosse vomitar em cima da mãe, de tão nervoso.
  - Ela cismou que ele não veio. Agora não me pergunte por quê. – respondeu passando a mão me minhas costas.
  - Por que, menina? – me perguntou e tomei fôlego para responder.
  - Porque eu estou há dois dias sem vê-lo, sem falar com o . Ele sumiu. Ele me deixou. – falei em completo desespero, enterrando o rosto nas mãos, chorando mais uma vez.
  - Antes você tinha medo de casar. Agora é de não casar. - disse rindo e riu também, balançando a cabeça. Eu estava chorosa demais para qualquer tipo de protesto.
  - Eu quero ver o ! – funguei, olhando de pra , com os olhos mais pidões do mundo.
  - Quê?! Não, Jones, você não vai ver o . – levantou, tomando um porte mandão. – Você vai colocar esse vestido e entrar naquele campo! – ela gesticulava exageradamente, falando extremamente sério comigo.
  - Assim que você passar dessa porta. Você vai vê-lo. – me puxou pelo braço, me fazendo levantar do banco acolchoado. Até porque eu não poderia relutar com ela, a mulher estava prestes a ter a pequena Emma.
  - Promete que ele está lá fora? – perguntei com tanto desespero que chegava a ser vergonhoso.
  - Prometo, menina! Veste logo isso! – disse, enquanto me empurrava pra perto do vestido – chama a maquiadora pra dar um jeito nela. – ela pediu. – Aproveita e chama o Oliver também.
  - Estou indo! – disse e ouvi seu salto batendo no chão do chalé.
  Respirei fundo, secando rapidamente as lágrimas do meu rosto, tentando o deixar o mais apresentável possível. Aposto como meus olhos estavam inchados e eu iria ser morta por causa daquilo. Peguei o vestido que estava nas mãos de e antes que eu começasse a vestir, dei um tapa na minha, vendo a Mrs. me olhar completamente incrédula.
  - É sério que você está fazendo isso, ? – ela piscou algumas vezes e soltei uma gargalhada.
  Ótimo, agora eu estava a louca completa, segundos atrás eu chorava, naquele momento eu ria escandalosamente. Que tipo de pessoa entrava em desespero no próprio casamento? Sacudi a cabeça, enquanto concentrava em entrar no vestido, por cima. Olha que sorte a minha, que além de uma lingerie branca e uma liga na perna, eu ainda estava de anágua, então o vestido teoricamente tinha que ser vestido por cima. Mas iria acabar com meu cabelo, então ela iria entrar por baixo. Aproveitei que todos os botões estavam abertos e passei minhas pernas por ele, o subi delicadamente e quando chegou ao meio das coxas, me dei conta de uma gritaria na porta.
  - Eu não quero saber se ela está vestida, ou não! – a voz do estava carregada de desespero e arregalei os olhos, com um alivio e felicidade me tomando, mas também parando de vestir a roupa. rolou os olhos e eu ri, na verdade a minha única vontade era de rir alto, só em ouvir a voz dele. – Eu quero saber se está aí dentro. Porque por essa demora toda, eu acho que ela fugiu. – disse extremamente desesperado e com a voz enraivada, me fazendo rir, mesmo que eu estivesse chorando há poucos minutos. Mas agora eu ria com o desespero dele.
  - Amor! Eu estou aqui! – gritei e rolou os olhos.
  - Ei irritadinho. – disse, me fazendo rir mais uma vez. – Ela está aí sim. Até pouco tempo estava chorando em desespero, porque você, na cabeça doida dela, não tinha vindo. Que ela ia ficar sozinha e passando vergonha.
  - Quê?! Mas eu estou aqui. – ele disse agoniado. – Me deixe vê-la. – eu poderia jurar como ele estava de olhos arregalados.
  - Ah não. Volta pra lá. – disse mais uma vez.
  - Não! Eu quero ver minha mulher. – ri mais uma vez, ouvindo a conversa dos dois, enquanto segurava o vestido na metade das pernas.
  - Você não vai vê-la, . – disse autoritária. – Volta pra lá. Você está chamando atenção aqui, todo mundo achando que a noiva fugiu ou algo do tipo.
  - Eu também estou achando, . Nessa demora toda. – continuava desesperado e arregalei os olhos.
  - Você está com déficit de atenção? – minha amiga usou de ironia. – Não ouviu a voz da louca desesperada aí dentro?
  - Ouvi, mas eu só acredito vendo! Me deixa passar, baixinha, por favor!
  - Não, volta para o coreto. Vai, volta logo! , ela está apenas com a roupa de baixo. – disse alarmada, em uma tentativa de não deixá-lo entrar.
  - Não interessa. – ele gritou meio agoniado, o que me fez rir. – Eu já vi sem nada, me deixa entrar!
  - Você não vai entrar, ! – foi firme, me fazendo arregalar os olhos. – Você vai parar com essa agonia sem nexo e vai voltar pra lá. – ela disse séria e olhei pra , que deu de ombros. – Ah , e acho bom você encontrar um vestido que caiba em você. – ela disse com ar de deboche e rolei meus olhos, eu não merecia aquilo.
  - Aposta é aposta, . – disse rindo e fiz careta, terminei de vestir o vestido sem mais algum protesto na porta e virei as costas pra que ela me ajudasse a fechar.
  E como um tsunami, meu chalé foi invadido pela maquiadora, cabeleireira, Gregory e o meu pai, que parecia assustado, coitadinho. Eu merecia uma surra por ser tão idiota.

-x-x-x-

  Logo eu estava pronta, a força tarefa havida sido bem grande, mas tinha valido a pena. Nem parecia que eu tinha tido um acesso de choro em menos de uma hora, eu parecia uma noiva feliz e normal, não uma chorona que tinha preocupado todo mundo. Meu pai me abraçou forte, muito forte, beijou minha testa e deu um sorriso bonito, me fazendo o abraça-lo novamente.
  - Nervosa? – ele riu, beijando minha cabeça.
  - Muito. – falei rindo, recebendo o buquê.
   e já haviam voltado aos seus lugares, perto do coreto.
  - Vamos? Estou ansioso por esse momento da sua vida. – Oliver Jones riu, me fazendo rir e negar com um aceno. Só o meu pai, pra estar empolgado em me casar. – Quero ver a cara do quando te ver. – beijei a bochecha dele.
  Meu pai abriu a porta do chalé, ainda segurando meu braço e a música rolou, era a tradicional marcha, exigência da minha mãe. Fazer o quê? Ela, junto com as meninas e a mãe do , quem organizaram tudo, eu não poderia tirar isso dela, não poderia mesmo. Nós começamos a entrar, andar em meio as cadeiras, com duas garotinhas lindas forrando o caminho de pétalas para que eu passasse, indo na direção do coreto, que estava completamente lindo, todo iluminado. De longe eu via , que estava inquieto, impaciente, mas com um sorriso que poderia ser visto a quilômetros de distância, abri um sorriso exatamente igual, sentindo a felicidade tomar o meu ser, meu peito enchia, parecendo que iria explodir, eu não tinha mais o que chorar naquele dia, já tinha chorado toda a cota da minha vida.
   pareceu respirar fundo e mesmo de longe, percebi que ele tentava não chorar, mas foi em vão, segundos depois ele passou os dedos embaixo dos olhos, rindo, sendo acompanhado pelos meninos, que riam dele por estar emocionado, depois passou a manga do paletó nos olhos, parecendo um menininho. Aquilo era uma das coisas mais lindas de se ver, ele emocionado com o nosso casamento.
  Enfim chegamos ao coreto, eu sorria mais largo do que tudo no mundo, o vendo de olhos marejados e avermelhados, sorrindo na mesma intensidade. E como em todo o ritual a se fazer, meu pai beijou minha testa, depois apertou a mão do meu futuro marido, em um sorriso que o desejava boa sorte nessa nova fase da vida, agradeceu com o sorriso mais gigante do mundo, depois segurou minha mão, beijando o dorso dela. Soltei uma risada, que o fez rir junto e tomei a liberdade de passar os polegares abaixo dos olhos dele. soltou um sorriso bobo, depois soprou que me amava, soprei de volta.
  A cerimônia foi uma das mais lindas que eu havia presenciado nessa minha vida de madrinha, ela estava sendo conduzida de forma objetiva e curta, mas sem deixar as belas palavras fugirem. Tudo estava na mais perfeita sincronia e a cada coisa que era falada e de alguma forma se referia a nós dois, apertava minha mão, ou me olhava sorrindo, e eu respondia sorrindo da mesma forma. Ao fim de todas as palavras e conselhos embutidos a mensagem que havia sido nos passada, tentando mostrar o verdadeiro valor do casamento. Dissemos que sim, um sim que saiu tão naturalmente, mostrando que ele estava ali, preso, louquinho pra ser solto. Solto na hora certa beijou minha mão e pegou a pequena caixinha do bolso.
  - Eu, . – ele segurou minha mão esquerda, com os olhos totalmente focados em mim. – Te entrego essa aliança, Jones . – eu ri da expressão totalmente boba que ele fez, sendo acompanhada por ele e por quem estava presente. – Em nome do meu amor e da minha fidelidade. – ele beijou o anel, enquanto eu sentia meus olhos encherem. – E te recebo como minha esposa, sendo claramente o homem mais feliz do mundo. Que o nosso amor perdure para toda a eternidade em que estejamos juntos, porque você é a maior parte da minha felicidade desde que entrou na minha vida. – meu marido colocou a aliança dourada em meu anelar esquerdo. – Foi como uma chuva de verão, rápido e tomando tudo de uma vez só. Foi um pouco assustador no começo. – soltou uma risada boba, me fazendo rir junto. – Mas hoje eu digo com certeza, que você é a melhor coisa da minha vida. – ele terminou de colocar a aliança, depois beijou meu dedo. – Porque eu te amo. – me encarou e deu uma grande fungada, o fazendo rir. Peguei o anel na caixinha e também beijei, antes de segurar a mão esquerda dele, eu me tremia um pouco.
  - Eu, . – falei sorrindo e o vi abrir o sorriso mais largo do mundo. – Te entrego essa aliança, , em nome do meu amor e da minha fidelidade. – sorri ainda mais, colocando a aliança no anelar esquerdo dele. – Te recebendo como meu esposo. – nem terminei de falar direito e ouvi gritos dos meus padrinhos e madrinhas, entrei na brincadeira e comemorei com o punho cerrado, bem perto do ombro pra não fazer muito alarde, o vendo rir alto. – Porque você, o único cara por quem eu chorei, e chorei horrores, merece todo o meu amor. Você entrou em minha vida como um furacão, como nunca tinha acontecido antes e eu não quero mais você fora dela. – terminei de colocar a aliança, o vendo sorrir e chorar ao mesmo tempo. – Porque eu te amo. – enlacei meus dedos aos dele e segurou meu rosto, enquanto sorríamos largamente.
  - Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva! – a frase foi dita e nos beijamos levemente ao som de gritos, palmas, assobios e todos os tipos de comemoração.
  Abracei o mais forte que pude, sendo abraçada na mesma intensidade, com sorrisos em meio aos beijos, eu tinha certeza que naquele momento, a nossa felicidade era maior do que qualquer outra existente. Sorrimos um para o outro, largamente, ele segurou meu rosto e me deu vários selinhos seguidos, alguns flashes de câmeras e a certeza de verdadeiramente estávamos casados, nos atingiram em cheio.
  - , minha esposa. – ele pronunciou a frase vagarosamente, como se não acreditasse naquilo e uma chuva de pétalas caiu sobre nós.
  - , meu marido. – repeti a sentença e ele me beijou mais uma vez, enquanto ouvíamos mais gritos.

-x-x-x-

  Nós já tínhamos posado para todas as fotos possíveis e eu poderia jurar que iriam fazer um catálogo com todas elas. Tiramos fotos românticas, aproveitando o pôr do sol, beijinhos e testas encostadas, até ajoelhado entrou na dança; as engraçadas foram umas das mais divertidas de serem feitas, nós éramos dois palhaços por natureza, então saiu naturalmente. Ele me segurando no ombro pra eu não fugir, que inclusive, os noivinhos do bolo eram assim, pois é. se juntou com as meninas e os cinco fizeram isso comigo, como se eu tivesse fugindo de casamento. Ainda na saga de me “prender” no casamento, nós havíamos tirado uma ele prendendo meu vestido com o pé, pisando mesmo, de verdade, Gregory iria ter um treco quando visse depois, mas minhas madrinhas também entraram na onda, em uma das fotos, elas me seguravam como se eu estivesse prestes a correr e eu só tive a certeza que elas tinham adorado aquilo. também fez bagunça junto aos meninos, em uma das fotos ele foi jogado pra cima, comemorando que finalmente havia casado. Até piada com o banheiro do lugar foi incluída dentro dos registros fotográficos. Segundo , não poderia faltar, afinal tinha sido dentro de um banheiro que tudo havia começado. Coisa que eu discordo, começou mesmo dentro do quarto do hotel que eu estava, mas enfim.
  As fotos padrões, tradicionais, com família, amigos, daminhas, padrinhos e madrinhas e todas as pessoas que estavam lá e eram importantes pra nós dois, foram tiradas no coreto, por ser um dos locais mais encantadores naquele lugar. E não só as com eles, tínhamos quase um book de tanta foto lá.
  Finalmente havíamos conseguido um tempinho para sentar e conversar com os meninos, estávamos em uma mesa exatamente embaixo de uma das arvores cheias de luzinhas. Todos sorridentes, conversando animadamente, relembrando algumas coisas e alegando que não esperavam nos ver casados. Nem eu esperava, mas até o momento não me fazia ter vontade de “fugir”.
  - E o buquê? – desencostei a cabeça do ombro de , quando ouvi a pergunta, depois olhei pra o objeto em cima da mesa, que antes rodava de mão em mão.
  - Alguém ainda quer isso? – perguntei rindo, depois olhei pra Valery. Ela deu de ombros discretamente e acho que não viu.
  - Muito provavelmente sim, . – riu, enquanto era abraçada pelo marido.
  - Não vai jogar? – perguntou rindo. Fiz uma careta e neguei.
  - Como não? – o grito veio da grávida, viramos a atenção pra ela imediatamente. – Você TEM que jogar, é ritual, é tradição. Todos os casamentos têm isso! – ela falou em uma quase indignação que me fez rir.
  - Eu achei que minha mulher tinha fugido, eu chorei na hora do casamento e quem não queria casar, era ela. – enumerou nos dedos, nos fazendo rir. – Nosso casamento não é igual aos outros, . – o abracei apertado, beijando sua bochecha. Ele riu e beijou minha cabeça.
  - Você foi praticamente a noiva, . – disse sério e meu marido em vez de discordar, apenas apontou pra ele, nos fazendo rir muito.
  - Então joga você o buquê, . – apontou pra nós dois, rindo e arregalei os olhos. Aquela era uma ótima ideia. Nada mais justo que jogasse o buquê!
  - Sim, ! – Julie bateu palmas frenéticas e pela cara das meninas, elas tinham a mesma ideia que eu planejava.
  - O quê? É nós é quem vamos brigar por isso? – riu em deboche, apontando para os de sexo masculino na mesa.
  - EXATAMENTE! – o grito veio em conjunto de nós cinco.
   soltou uma gargalhada estrondosa em seguida, ao passo que arregalou os olhos, ficando meio pálido. Dos cinco, ele era o único que ainda estava enrolado, nem noivado ele tinha ainda e aquilo não era nem um pouco justo com a pobre Valery. Belisquei meu marido de leve, por baixo da mesa e por algum milagre ele não gritou denunciando isso, em vez de fazer escândalo, me olhou ainda rindo e com uma olhada de canto, indiquei . abriu um sorriso maldoso, e eu sabia que ele tinha concordado com aquilo, depois beijou minha testa. Levantou da cadeira e pegou o buquê em cima da mesa.
  - Vai jogar mesmo? – arregalou os olhos, bem surpresa com a atitude dele e como de costume, nós rimos.
  - Na verdade não. – olhou para as rosas vermelhas. – Eu vou fazer igual você fez. – ele sorriu pra , um sorriso tão inocente. Ela apontou para o peito, ele afirmou com um aceno. – Vou dar ele pro . – meu marido continuou com o sorriso esticado nas bochechas e estendeu o buquê para o amigo, que arregalou os olhos.
  - Pra mim? – arregalou os olhos, praticamente estacado e ouvimos uma gargalhada da namorada dele que estava ao lado.
  - Sim, cara, pra você. Vê se toma jeito na vida e pede logo a garota em casamento. – disse impaciente.
   segurou o buquê, arregalando os olhos e abrindo a boca, piscou algumas vezes, um tanto atônito, depois olhou pra Valery, que estava tentando conter a risada, que eu tinha certeza que era de nervosismo. Ele coçou a cabeça, riu e depois abraçou-a de lado, entregando o adereço a ela. A garota agarrou o rosto dele e deu um beijo apertado, o fazendo corar.
  - Vocês estão prontos? – perguntou de uma vez e viramos as atenções pra ela, que estava com os olhos arregalados, parecendo assustada.
  - Depende. – vincou as sobrancelhas. – Pro casamento do ? Vai demorar um pouco pelo visto. – ele riu.
  - Não! – ela apertou o braço do , que arregalou os olhos, em um estado de completo pavor. – A Emma vai nascer! – disse de olhos arregalados.
  Levantamos da mesa o mais rápido que podíamos, fazendo tudo rápido e nos organizando às pressas. Decidimos que seria melhor se metade da turma seguissem com os papais para o hospital e a outra iria pra casa deles, buscar as bolsas com todos os pertences necessários, depois nos encontraríamos no hospital. E por incrível que pareça, chegamos todos juntos.

-x-x-x-

  Depois de fazer a maior bagunça possível dentro de uma maternidade, enlouquecer a pobre recepcionista, presenciar um quase acesso de vômito pelo e uma crise de choro da pequena Emma, a noite pra mim só tinha começado, infelizmente. Naquele momento a minha única vontade era dormir oito horas seguidas sem ter ninguém me chamando, cutucando, acordando. Eu só queria uma boa noite de sono, porém, não queria.
  Nós já tínhamos ocupado a “suíte presidencial” do hotel que havia reservado pra nossa noite de núpcias. Eu sei que era loucura da minha parte não querer transar com meu marido, não me entendam mal, o sexo com ele era incrivelmente maravilhoso, mas eu estava um verdadeiro caco, um caquinho totalmente quebrado. Casar era muito cansativo, passar horas em cima de um salto andando em grama era um inferno e parecer amigável sempre, era pior ainda. Manter um sorriso esticado no rosto parecia tortura. Mas eu estava casada e era isso que importava na minha vida agora.
  - Eu estou tão quebrada. – falei tirando a maioria das coisas que pesavam, de cima de mim. – A única coisa que eu quero hoje é dormir. – estiquei meus ombros, que doíam bastante e ouvi uma gargalhada estridente de , que fechava a porta. – O que foi? – olhei pra ele. – Eu falo sério. Eu só quero dormir, minhas costas estão mais do que destruídas. – fiz bico.
  - Você não vai dormir. – me abraçou por trás, colocando o rosto no vão do meu pescoço, em um abraço gostoso e aconchegante. – Uma, que é nossa noite de núpcias. Outra, que eu posso te fazer uma massagem. – ele riu baixo contra meu pescoço, passando as mãos em meu abdome.
  - . – falei chorosa. – Eu estou quebrada, eu não quero fazer nada hoje, só quero minha massagem.
  - Mas é a nossa noite de núpcias, amor. Temos que consumar nosso casamento. - ele disse enquanto movimentava o nariz em meu pescoço. Me encolhi com o arrepio. - E depois da massagem. Você não vai querer outra coisa. - ele disse e soltou um riso cheio de segundas intenções.
  - Eu sei que eu quero dormir. - falei chorosa, fazendo uma careta.
   riu baixo, soltando uma baforada de ar quente em meu pescoço, me apertou contra ele e iniciou uma série de beijinhos leves em toda a extensão do meu pescoço e ombros.
  - E eu quero te ouvir gritando. – disse baixo, enquanto apertava meu corpo contra o dele. Não acreditei no que eu tinha acabado de ouvir e soltei uma gargalhada, seguida de um grito. deu um pequeno pulo, resultado do susto, o que me fez rir mais ainda.
  - Pronto, já ouviu. Agora me solta. – dei um tapinha no braço dele e começou a rir, me apertando mais.
  - Eu não acredito que você fez isso. – ele disse ainda rindo, me fazendo rir junto.
  - É. – virei de frente pra ele e o abracei. – Eu fiz. – encostei a cabeça em seu peito. beijou minha testa e me abraçou mais forte. – Você tem noção que agora as coisas vão mudar, não tem?
  - Mudar como? - ele perguntou confuso. Levantei a cabeça, o olhando.
  - Eu não sei. Eu sei que vão. – mordi a boca. – Nós estamos casados agora.
  - E você chorou um rio no casamento. – ele disse rindo. – Me deixou desesperado e agora quer dormir. - falou com uma incredulidade tão grande, que me fez rir.
  - Eu deixo você fazer a massagem em mim. - pisquei pra ele. - Depois a gente dorme.
  - Bem depois. Se possível só de manhã. - ele disse com um sorriso safado e piscou pra mim. Ri enlaçando meus braços no pescoço dele e me beijou logo em seguida.
  - Por que essa sua loucura por sexo? - perguntei rindo, dando selinhos repetidos em sua boca, enquanto sentia as mãos de , desabotoar lentamente cada botão do meu vestido.
  - Porque é o primeiro sexo depois de casados. - ele piscou me fazendo rir.
  Beijei a bochecha do meu marido e encostei a boca na dele. começou a se movimentar de um lado para o outro, como se estivesse dançando, e depois ouvi a voz maravilhosa dele ressoando baixa e rouca, sentindo os seus lábios se movimentando minimamente, enquanto ele ainda se ocupava a desabotoar meu vestido.
  - Then you whispered in my ear And you told me too Said you make my life worthwhile. It's all about you. – ele deu um sorriso de lábios fechados e repeti o gesto.
  Eu achava aquela música simplesmente maravilhosa, até porque a história dela também era incrível. Mas cantando era até um pouco estranho, não que eu estivesse achando ruim ouvir meu marido cantando aquela canção mais do que perfeita pra mim, só era um pouco esquisito, pelo simples fato de não nos enquadrarmos na categoria de casais românticos.
  Como se aquele dia estivesse sendo normal, pra começo de conversa.
  - Isso é tão clichê. - falei rindo.
  - Fica quieta, porque se encaixa perfeitamente aqui. – ele riu alto e abri a boca em ultraje. – Quantos botões tem essa praga de vestido, ? – perguntou impaciente, fazendo uma careta.
  - Nossa! Estou vendo o quão se encaixa nesse momento. – fingi um romantismo inexistente ao falar. – Você xingando o meu vestido por ele ter vários botões.
  - Um zíper facilitava bem mais a minha vida. – ri com a frase e com a caretinha que ele fez. – Posso arrancar? – a pergunta veio súbita e fiz uma careta confusa, depois percebi que ele se referia ao vestido.
  - Óbvio que não, . – usei minha maior expressão de obviedade. Ele riu, depois fez bico. - Você não vai estragar meu vestido.
  - Mas você nem vai usar mais. Deixa eu arrancar os botões, estou sem paciência para tanto botão. – disse impaciente e neguei com um aceno de cabeça.
  - Você não vai arrancar. – falei rindo mais uma vez e o vi rolar os olhos, suspirou e em questão de segundos, senti a peça de roupa completamente frouxa em meu corpo. Olhei para o meu marido completamente surpresa com aquilo, mais ultrajada, pra falar a verdade, enquanto ele dava um sorrisinho inocente e idiota. – Você. Rasgou. O. Meu. Vestido? – perguntei incrédula, o afastando pelos ombros. deu um sorriso trincado e amarelo, que depois se transformou em um mais espontâneo.
  - Acho que rasguei. – ele fez uma caretinha, depois deu de ombros, me puxando de volta e fazendo nossos corpos se chocarem.
  Ele segurou meu rosto, com a mão acomodada quase no vão da nuca com o pescoço e encostou os lábios nos meus vagarosamente, apenas colidindo a boca na minha de uma forma tão lenta que era agoniante e entorpecente ao mesmo tempo. Porque só de pensar que ele iria sair colidindo a boca daquela mesma maneira em meu corpo inteiro, fazia minha pele se eriçar por inteira e todo o meu ser acender.
  Logo senti as mãos dele se colocarem nas mangas minúsculas do meu vestido e fazê-las escorrerem pelos meus braços, assim como a peça de roupa e todo o seu peso decorativo se espatifar no chão como se tivesse perdido a vida. Depois se encarregou de tirar sozinho o paletó, enquanto eu desabotoava todos os botões escuros do colete que ele usava. E descartando despreocupadamente, mais uma das suas roupas, Mr. me abraçou pela cintura com força, nos fazendo dar uma intensidade enlouquecedora ao beijo. me suspendeu do chão, deixando meus saltos por lá, o que me fez rir e dobrei as pernas pra trás, ele me tirou de “dentro” do vestido, ao mesmo tempo em que eu levei as mãos até sua gravata, na intenção de tira-la, e enquanto eu afrouxava o nó, meu marido me pôs de pé no chão novamente, descendo as mãos pelo meu quadril e dando apenas uma paradinha pra dar um aperto na bunda. Mordi a boca dele em resposta, sentindo-o me apertar mais.
   subiu as mãos vagarosamente pela lateral das minhas coxas, mordendo a minha boca, puxando o lábio e me deixando com vontade daquelas mordidas em outros lugares. Minha cabeça estava louca, cheia e quando eu achei que ele fosse me morder mais uma vez, ele simplesmente parou. olhava pra minha cara, parecendo incrédulo, surpreso ou algo do tipo.
  - Que foi? – pisquei os olhos um tanto freneticamente, passando as mãos nos ombros dele, por dentro da camisa. E ainda permanecia com as mãos estáticas em minha bunda.
  - Você está usando dois vestidos? – ele soltou uma gargalhada e rolei os olhos.
  - É uma anágua, . Um tipo de roupa de baixo. – falei rindo e me afastei dele.
  Segurei na barra do mini vestido branco, pisquei pra ele soltando um sorriso safado depois mordi a boca, puxando a camisola pra cima lentamente, fazendo aparecer aos poucos, a liga e a lingerie branca que eu usava. Sim, a minha intenção era provocar o , e acho que havia conseguido, ele me olhava mordendo a boca com tanta força, que parecia querer sangrar, além de não deixar as mãos quietas e respirar pesadamente.
  - Tira logo isso. – ele tirou a camisa de dentro da calça, começando a desabotoar o resto de botões que faltavam, em uma rapidez fora do comum.
  Soltei uma risada alta, tirei de uma vez a peça de roupa clara, jogando em qualquer lugar dentro do quarto, já sem camisa, me puxou pela cintura, descendo as mãos rapidamente pelas minhas pernas e me suspendendo. Enlacei-as em sua cintura, sentindo espalhar beijos e mordidas entre meus seios, onde o sutiã não cobria, enquanto eu puxava seus cabelos, sentindo meu corpo inteiro responder àquilo.
  Ele sentou na ponta da cama me levanto junto, beijou meus lábios com urgência e meu corpo foi virado na cama, meu marido ainda entre minhas pernas começava a beijar meu corpo, quando senti algo vibrar praticamente na minha perna.
  Não, aquilo não era normal de acontecer ali. Desde que eu conheço , ele não vibra, então só poderia ser um celular. Na verdade tinha que ser um celular.
  - O que é isso? – perguntei fazendo careta, ainda sentindo os beijos misturados a mordidas, de , se concentrarem em meu pescoço e colo.
  - Sou eu, querida. – ele soltou uma risada sacana. – Achei que soubesse. – puxou minha perna e me apertou contra ele. Mordi a boca, reprimindo um grunhido e revirei os olhos.
  - Eu sei que é você, amor. – falei baixo, me segurando nele. – Mas eu digo... – desci a mão até o bolso frontal da calça dele e tirei o celular lá de dentro. – Isso vibrando.
  - Joga esse celular na puta que pariu. – disse irritado e voltou a beijar meu pescoço.
  - , é a . – ele suspirou, mas não parou. – Será que aconteceu alguma coisa com a ou a Emma? – empurrei-o pelos ombros, fazendo meu marido suspirar frustrado e rolar os olhos.
  - Eu não sei, . – disse irritado. – Atende logo isso. – ele se jogou ao meu lado na cama de braços abertos. Atendi a ligação e levantei.
  - O que houve, ? – perguntei fazendo uma careta, enquanto andava de um lugar para o outro dentro do quarto e posso garantir que olhava fixamente pra mim.
  - Você chorou. – foi tudo que ela disse e minha vontade foi de jogar o celular longe.
  Olhei pra com a maior cara de tédio possível, ele rolou os olhos e me chamou com a mão. Sentei novamente ao seu lado e ele colocou a boca perto do telefone.
  - , eu estava no caminho pra consumar meu casamento! – gritou impaciente e ouvi minha amiga gargalhar, depois coloquei no viva voz, sentindo raiva de mim. Por que eu tinha que ter chorado?
  - Vocês vão ter o resto da vida pra transar, . Vista logo o vestido e pague a aposta, honre sua palavra de homem. – ela disse rindo. – Se colocar o vestido ele vira uma moça. zombou e pegou o celular.
  - Vá à merda, . – rolou os olhos e jogou o celular em cima da cama.
  - Vai fazer o quê amor? – perguntei quando o vi levantar da cama, peguei o celular.
  - Honrar minha palavra e ver se eles me deixam em paz. – ele se abaixou pegando a anágua do chão e soltei uma gargalhada.
  - Ele vai dançar, vou filmar e mando. – falei rindo e desliguei o telefone. Olhei pra meu marido e ele estava com cara de bunda, procurando um jeito de vestir a anágua. – Amor? – o chamei rindo e ele me olhou e riu também. – Desculpa. – soltei outra risada e ele negou com a cabeça, também rindo.
  - Como veste essas coisas? – ele perguntou perdido.
  - As alças pra cima. Vai tirar a calça? – sentei ereta na cama e comecei a procurar Macarena entre as músicas.
  - Você está adorando isso, não tá? – ele perguntou rindo e o olhei. acabava de passar o vestido pela cabeça.
  - Eu não. – mandei beijo pra ele.
   terminou de vestir a anágua, totalmente sem jeito e tirou a calça. Ajeitou o mini vestido branco no corpo, ficando muito justo no quadril. Soltei outra risada. Ele me mostrou a língua.
  - Tá vendo o que eu faço por você? – riu e firmei mandando um beijo pra ele.
  - Por isso eu te amo. – ele afirmou com um aceno. – Posso começar? – perguntei rindo e acenou mais uma vez. Dei o play na música e liguei a câmera de vídeo, depois apontei pra ele. – Pronto.
  - Pra vocês que não sabem, o nome disso é amor. – ele disse rindo da própria desgraça. – Eu disse que ia fazer essa palhaçada e vou fazer. Por quê? Porque minha mulher não é uma rocha. Fazer o quê né? – ele riu e depois começou dançar, me fazendo ter uma crise de riso.
  Eu nunca imaginei em toda a minha vida que sabia daquela coreografia de cabo a rabo. Sinceramente, era a coisa mais engraçada que eu via em anos. Ele rebolava mais do que eu e a bunda dele, daquele tamanho, dava a impressão de que ele rebolava mais do que o esperado. Coloquei a mão no rosto, tentando amenizar o volume das risadas e me olhou com os olhos um pouco arregalados.
  - Parou por aqui! – ele riu e puxou a anágua fora. – Senão eu viro uma piada pra minha mulher. – subiu na cama e tirou o celular da minha mão, finalizando o vídeo, enquanto eu ainda gargalhava. Ele riu jogando o corpo por cima do meu e deitamos na cama. – Para de rir, amor. – ouvi a voz manhosa e o rosto dele sorrateiramente adentrar o vão do meu pescoço.
  - Vou parar. – falei ainda rindo e coloquei os dedos entre seus cabelos, depois senti os beijos sugados e mordidas, sendo espalhadas por minha pele, enlacei as pernas ao redor dele. – Deixa eu enviar logo isso, amor, antes que ela ligue de novo. – suspirei.
   desceu a mão até a liga que estava em minha perna, enganchou um dedo nela e depois soltou, fazendo aquele barulhinho de estalido em contato com a perna. Suspirei alto, o ouvindo rir.
  - Envia logo. – disse com a voz abafada, enquanto ia migrando a boca nervosa pra área do colo e as mãos na busca pelo fecho do sutiã.
  Arqueei as costas o ajudando a encontrar, enquanto apressava o envio do vídeo como eu podia, assim ninguém nos incomodava mais.

EPÍLOGO

  A luz passava pela janela aberta da cozinha e clareava todo o cômodo. A casa tinha sido projetada para ser sempre arejada e clara, e o verão ajudava nessa tarefa. Uma das melhores estações do ano na concepção da mulher, pois era possível andar livremente sem aqueles casacos todos, o céu ficava mais bonito, assim como os parques, os pássaros cantavam, a brisa batia no rosto e não dava tremelicas. O verão era realmente uma de suas estações preferidas e porque não dizer a sua preferida.
  A casa grande era preenchida pela música do Barney que passava na TV. Como que aquele programa tinha voltado? Não que ele fosse ruim para crianças, ele não era, mas aquela música do jingle era grudenta, parecia que pregava ao cérebro com clipes de grampeador e era difícil de ser tirada, porém tinha um lado bom naquela tortura toda, mantinham as crianças quietas e concentradas. Claro que sempre acontecia aquela espiada por parte dos pais, pra ver elas estavam vendo o programa, ou caladas por outro motivo. Até porque criança calada, é sempre indicativa de três coisas.
  Uma: só poderia estar dormindo.
  Duas: tinha algum programa infantil passando.
  Três, a mais perigosa: estava fazendo alguma teimosia.
  E essa rotina se repetia todo dia, de domingo a domingo, em todas as casas que tinham crianças e claro que podemos incluir a casa dos ’s, ’s, ’s, ’s e ’s. Mesmo os piqueniques rotineiros aos domingos, quando estavam todos juntos, só podiam ser feitos depois que acabava o programa do Barney. Era regra. Todos casados e com crianças, não os culpem.
  Todos os carros já estavam cheios de tudo um pouco que você imaginar. Crianças, comidas, brinquedos, violões, cantorias, cachorros e principalmente de amor. Os piqueniques pelo menos uma vez ao mês era obrigatório para eles, o Hype Park era um dos lugares preferidos para o feito e as pessoas nem achavam mais algo diferente em ter a One Direction e sua família brincando em um parque. Já era rotina, então não era mais estranho aos olhos de todos, na verdade era estranho quando eles não apareciam.
  Os cinco carros estacionaram e como já era costumeiro, as mulheres dirigiam, enquanto os quatro eternos garotões faziam muitos e muitos planos para o dia no parque. Eles pareciam mais empolgados do que as próprias crianças, como se tivessem passado mais de meses sem se ver.
  Depois de descarregar os carros, as crianças saíram correndo pela grama e gritando uns pelos outros, os quatro casais, saíram calmamente, pegaram as coisas necessárias para fazer o piquenique e seguiram para o enorme carvalho que havia por ali e fazia uma sombra maravilhosa. Que junto as histórias contadas para as crianças, fazia aquele dia ser o mais perfeito já existente.

FIM!



Comentários da autora