Just a Kiss
Escrito por Beatriz Maciel | Revisado por Natashia Kitamura
Capítulo 1 - Lyin' here with you so close to me
Tic-tac. Tic-tac.
Olho para o relógio mais uma vez. Meu coração se aperta a cada "tic-tac" irritante que ecoa pela sala. Me levanto, impaciente. Começo a andar de um lado para o outro. "Por que essa demora toda, meu Deus?!"
- ! - uma voz fina gritou meu nome e antes mesmo de me virar, um corpo magro, leve e delicado pulou em cima de mim. - Que fofo, me esperando impacientemente!
- Claro, pra isso que os amigos servem, não é? - rangi os dentes ao falar. Odiava aquele termo desde o dia em que havia dito que eu era seu maldito melhor amigo.
- Melhor amigo! - ela me corrigiu e minha vontade de socar alguma coisa só aumentava, forcei um sorriso e dei um beijo no topo de sua cabeça. Olhando pelo lado bom, antes amigo do que nada!
- Como foi lá? Quando sai o resultado? Dá pra você me responder antes que eu me arrependa de ter vindo com você em um posto para fazer um TESTE DE GRAVIDEZ! - isso me enfurecia tanto!
- SHIIIIIIIIIII! TA MALUCO? - ela colocou sua mão na minha boca e eu a lambi. - Eca, nojento! - ela disse rindo e limpando a mão que antes estava na minha boca - O resultado sai daqui a pouco, escandaloso!
Revirei os olhos. Não aguentava mais ficar naquele lugar. Sentei em umas cadeiras ali perto sendo acompanhado por . Alguns minutos depois e o seu nome foi chamado. Ela bufou ao ouvi-lo e eu dei risada, ela odiava que a chamassem pelo nome completo. Ela saiu do meu lado e foi fazer não sei o que lá. Eu não acreditava que o idiota aqui não tinha sido capaz nem de tirar a virgindade dela. Fechei os olhos e respirei fundo tá foda viver assim! Senti algo bater em mim e abri os olhos. estava na minha frente com um envelope branco em suas mãos, arregalei os olhos e uma vontade de vomitar subiu para a minha garganta. Cacete, eu estava quase morrendo de tanto nervosismo desde o dia em que ela havia me dito que precisava fazer um teste de gravidez.
- Pelo amor de Deus, me diz que você não está gravida! - Fechei os olhos e juntei as mãos como se estivesse rezando.
- Para de drama que você mesmo me disse que era ateu! - ela reclamou - Eu ainda não sei... Não consigo abrir... - sim, ela estava tão nervosa quanto eu.
- 1º: sou agnóstico...
- Agnóstico ateísta - ela me cortou - Não deixa de ser ateu!
- E 2º... - ignorei seu comentário - Me dá que eu abro! - puxei o envelope da sua mão e rasguei antes que ela protestasse. Olhei para o papel em minhas mãos e quase abri um sorriso de ponta a ponta. Me contive, tinha que tirar uma onda com a cara dela.
- E ai? O que tem escrito? - ela tentava pegar o papel das minhas mãos.
- Aqui está dizendo que é um menino... - tentei segurar a risada mas foi em vão. Ela puxou o papel e me bateu com ele, passou os olhos e lá estava a salvação de nossas vidas (mais da dela do que da minha), o teste havia dado negativo.
Capítulo 2 - I've never opened up to anyone
Depois daquela pressão sufocante do teste de gravidez, estávamos tranquilos voltando para as nossas casas. Nós éramos vizinhos a muito tempo, estudamos na mesma escola e agora estamos na mesma faculdade mas em cursos diferentes.
- Você vai hoje à noite? - ela me perguntou quando paramos na frente de sua casa, olhei para ela sem entender o que diabos ela estava falando - ALOOO! A festa da Otta Range! A irmandade da sua ex... - ela fez uma careta engraçada. Minha ex... Argh! Também conhecida como um pé o meu saco. - Lembra agora?
- Uhum... - eu não estava nem um pouco afim de ir em uma festa que Marcela, minha ex, estaria. Aquela garota era o cão! Mas se iria, eu estaria lá. - Vou, te pego as 20h?
- 20:30h? - ela insistiu e eu revirei os olhos, odiava "sair cedo" porque era "chique" chegar atrasado, vai entender essa mulher.
- Tá - a puxei para lhe dar um beijo na testa - até as 20h! - vi seu olhar irritado e ri. Me despedi e fui pra casa.
20h e ainda estava se maquiando, puta merda. Para que demorar tanto? Me sentei em sua cadeira giratória e fiquei rodando até me sentir enjoado e tonto o suficiente, o que não demorou muito pra acontecer.
- , mano! Anda logo, miséria! - falei irritado, ser paciente não era meu forte. Não mesmo.
- Dá para você ter calma, meu querido?! Eu disse para você 20:30h, veio às 20h porque quis! Agora espere. - ela gritou do banheiro, a porta do lado do quarto dela. Bufei. Que demora dos infernos! Estava impaciente, nervoso e entediado, esperar é e sempre será um saco! Falou o cara que esperou sua vida toda que sua melhor amiga, por um milagre, o veja como "mais que amigos"! Revirei meus olhos e voltei a rodar a cadeira. Homens são tão mais simples! Uma blusa arrumada, uma calça jeans "nova" e um tênis qualquer e pronto.
Meia hora depois, escuto a porta do banheiro se abrir. Eu estava morrendo de sono já e sem a menor vontade de ir a qualquer festa, me contentaria em deitar na cama de e assistir um filme legal, talvez Os Vingadores... Pela milésima vez. Nós dois éramos viciados na Marvel, tinha até alguns gibis que eu fiz questão de procurar para ler enquanto ela não saia da merda do banheiro. Olhei para a porta com a maior cara de tédio e então ela apareceu... Cacete. Eu vou ter mais trabalho nessa noite do que o normal. Tomei no cu. Puta merda. Caralho. Puta que pariu. Filha da mãe. estava com um vestido preto "não tão longo" e um salto enorme, com certeza ela estava do meu tamanho agora.
- Antes de você falar um "wooow", deixa eu dar uma voltinha! - e então ela de virou e me mostrou suas costas NUAS! CARALHO, DEUS SÓ PODE TA ZOANDO COMIGO, isso é vingança por eu duvidar de você, cara? E eu estava com a maior cara de virgem nesse momento, não precisava nem me olhar no espelho pra sacar isso. - Dá pra você falar alguma coisa? - disse rindo e eu me recompus, será que um "puta merda , você tá um tesão nesse vestidinho" iria ser escroto para se dizer?
- Você só pode tá brincando comigo... - fechei meus olhos - Você tá muito... Caralho! - eu poderia falar mil adjetivos para ela agora mas nenhum seria bem visto... Abri os olhos e a vi sorrindo, sorri junto. Sempre me senti um otário por ser tão idiota perto dela em momentos como esse. Me aproximei dela e puxei suas mãos e beijei o anel que eu havia dado para ela quando éramos mais novos - Você está linda. - levantei meus olhos para olhar os dela. Ela estava vermelhinha e meus pensamentos foram os mais impróprios possíveis... Cacete, essa menina vai me deixar maluco!
- Obrigada... - ela sorriu ainda vermelha. Juro que se eu pudesse, levaria ela pra cama agora. Mas com ela era diferente, ela tinha que ser conquistada e eu faria isso. Havia decidido isso hoje à tarde, estava cansado de esperar! Agora é tudo ou nada nesse caralho!
Fomos para a faculdade no meu carro, se olhava a cada segundo em um espelhinho e eu queria rir todas as vezes em que ela reclamava de estar bagunçando seu cabelo, finamente chegamos. Só pela entrada da casa, você podia esperar uma puta festa lá dentro. O som era alto, ensurdecedor e várias luzes piscavam além dos portões da casa de Marcela. Não demorou muito para deixarem a gente entrar, seguimos de mãos dadas até a entrada e eu estava de novo com uma cara de "virjão". Assim que entramos, seguimos para o bar. Um, dois, três shots e já estava no brilho. Dançamos várias músicas, meu banho já não fazia mais efeito a um bom tempo. Encontrei meus amigos, viu sua melhor amiga e então nos separamos mas meus olhos não saiam dela e daquele vestido que deixava qualquer um excitado naquela festa.
- Desencana, ! - Parker falou se achando um dos meus amigos. Esse foi o idiota que quase engravidou . Otário de merda. Ignorei ele por completo e fui em direção do bar, precisaria beber o suficiente para poder falar tudo o que tinha que ser dito para . Eu nunca fui um cara romântico e nunca falei um eu te amo na vida, nem mesmo para Marcela quando nós estávamos namorando... Um dos motivos por nós termos terminado tão mal e ela ser um inferno em pessoa. Alguns amigos meus me disseram que Marcela não iria me incomodar muito hoje porque ela estaria muito ocupada com a festa e eu realmente espero isso. Depois de alguns shots e algumas doses de whisky me sentia leve e com vontade de rir e dançar a noite inteira. Olhei para a pista de dança e vi lá no meio, dançando e me deixando excitado a cada rebolada. Não pensei duas vezes e fui na sua direção, puxei ela por trás e começamos a dançar grudados. Depois de tanto se esfregar em mim, ela se virou e tomou um susto ao me ver.
- Oi - sorri, minha cara deveria estar péssima.
- , meu deus! - ela deu risada - Você está pra lá de bêbado! Vêm, vamos sentar um pouco... - ela segurou minha mão, me puxando para alguns bancos vazios perto da pista de dança.
- Mas eu quero dançar mais, ! - gaguejei e dei risada - ... Você está um tesão com esse vestido... - assobiei.
- ! - ela reclamou e me sentou em um dos bancos, ela sentou em um do meu lado e eu sabia que aquela era a hora de falar tudo. - Pensei que você fosse o Parker lá na pista de dança... - puta merda! Brochei no momento em que ela falou o nome daquele cretino.
- O cara quase te engravida e você ainda corre atrás dele, puta que pariu! - reclamei - Você merece coisa melhor do que aquele otário de merda.
- Não fale assim dele! Ele iria ficar comigo, se eu estivesse grávida!
- Deixa de ser idiota, ! Você acha mesmo que ele iria assumir seu filho? Acha mesmo? - ela assentiu determinada - Então por que ele não foi com você no posto?
- Cala essa boca, otário! - ela se irritou mais ainda - Você fica insuportável quando tá bêbado! - eu não estava bêbado, tinha certeza disso. Estava apenas alterado.
- Eu só estou falando a verdade, se é difícil pra você ouvir... - ... então vá embora! Não terminei a frase porque eu não queria que ela fosse.
- Continue! - ela me ameaçou com o olhar.
- Não. - eu falei, sério - , eu só não quero que você se machuque com qualquer idiota...
- E por que você se importa tanto? - ela se levantou do meu lado - VOCÊ QUE É UM IDIOTA! - ela gritou na minha cara e ia saindo quando puxei seu pulso.
- Eu me importo porque eu te amo, sua otária! - ela parou de puxar seu braço da minha mão - Eu te amo e odeio isso! EU ODEIO TANTO! Você me enlouquece, ! Eu mal consigo me segurar quando eu estou perto de você e eu não sei nem o que fazer sobre isso! E então você vem e me diz que está afim do puto do Parker esperando que eu sente e aplauda tudo isso?! CARALHO, BIA! Será que é pedir demais que você enxergue quem te ama de verdade??
- Você... Você disse que me ama? - ela estava surpresa e eu, incrédulo. Essa garota era uma cega!
- Disse! Eu te amo pra caralho! Antes mesmo de Marcela, antes de Parker, antes de tudo... Eu te amo a muito tempo e você nunca percebeu isso! Isso me emputece tanto que eu acho que a qualquer momento eu vou EXPLODIR! - eu estava puto da vida.
- Vamos para casa. - ela falou seria, nem um pouco abalada com o que eu havia acabado de dizer. Eu estava me sentindo um idiota mesmo! me puxou para a saída da festa e eu ri, típico dela, mais uma vez não fui visto.
Capítulo 3 - Just a kiss in your lips in the moonlight
voltou dirigindo, não falamos nada todo o caminho de volta. Todos os semáforos fecharam para nós, o que fez nossa viagem de volta durar mil anos. Quando estacionou meu carro na frente da minha casa, saltei para fora do carro.
- Chave. - falei sem nem olhar sua cara, não estava afim de falar mais nada. Estendi minha mão em sua direção, pedindo que colocasse a chave nela.
- ... - ela começou a falar baixo, olhei para o céu e observei a lua. Olharia para qualquer lugar menos para o rosto dela. - Olha pra mim...
- Chave.
- Só quando você me olhar!
- Então eu pego mais tarde. - me virei e segui em direção a minha porta, peguei a chave de casa que sempre fica de baixo do tapete e abri a porta antes que resolvesse me seguir. Subi direto pro meu quarto e me joguei na cama. Nada do que eu havia planejado tinha ocorrido.
- PUTA QUE ME PARIU! - urrei para o teto.
Acordei com minha mãe batendo na minha porta, pedindo para eu descer para o almoço. Minha cabeça explodia e eu mal consegui abrir os olhos sem me sentir enjoado. Eu ainda estava com a roupa de ontem então eu criei coragem e me levantei. Peguei a primeira camisa e bermuda que eu vi e segui pro banheiro.
Quando sua mãe te chama pra almoçar, na verdade ela quer um escravo para pôr a merda da mesa. Depois de tanto ouvir dicas de como pôr a mesa, segui para o jardim. Hoje teríamos visitas em casa e eu tinha esquecido completamente que era o aniversário da minha mãe, corri para dar um beijo na bochecha dela dizer um "feliz aniversário, mãe! Desculpa por ter esquecido... De novo!" Minha mãe já não ligava mais por eu esquecer seu aniversário, na verdade, ela já havia se acostumado. Perguntei pra ela que horas seria a festa e ela me disse que só seria de noite. Que bosta! Eu estava morrendo de fome, não aguentaria esperar até de noite. Corri para dentro de casa e fui comer alguma coisa. Minha família não tinha horário pra nada, almoçávamos de noite, jantávamos de madrugada e o café da manhã era de tarde. Depois de comer quase a geladeira toda, fui tomar um remédio para minha maldita enxaqueca e colocar um óculos escuros, aproveitei e coloquei um calção para tomar um banho de piscina.
17h e minha mãe gritando com meu pai e comigo porque estávamos molhados e com uma cerveja na mão.
- VOCÊS AINDA ESTÃO ASSIM? OS CONVIDADOS JÁ ESTÃO CHEGANDO! - ela disse indo em direção a porta, olhei pro meu pai que deu de ombros. Voltamos a beber e olhar o pôr do sol a nossa frente. Minha mãe gritou mais uma vez com a gente. Levantamos para cumprimentar os convidados que já haviam chegado e fomos tomar banho.
19h e a casa já estava cheia. Muito cheia. Cumprimentei mais algumas pessoas e rumei para a cozinha, tomei mais um remédio para dor de cabeça e peguei uma maçã. Ouvi a campainha tocar e olhei pelo muro da cozinha para ver quem havia chegado. e sua família sorriam e entregavam uns presentes para minha mãe. Fui para o jardim assim que nossos olhares se encontraram. Eu poderia estar com a ressaca que fosse mas lembrava de tudo da noite passada. Algumas pessoas estavam na piscina e outras dançando perto da caixa de som. Fui para o lado do meu pai que estava dando uma de "DJ" e pedi um cigarro. Eu não fumava sempre mas meu pai, sim. Ele logo me deu e ainda me ofereceu fogo, aceitei e fui para um lado onde estava mais vazio. Eu tragava a cada segundo e em vez de relaxar, só estava ficando cada vez mais nervoso. Nervoso não, puto. Puto por ter sido um idiota e ter me apaixonado por minha melhor amiga. Essa vida é um merda mesmo! Traguei mais algumas vezes e joguei o cigarro fora. Fiquei por um tempo olhando pra lua. Ouvi alguns passos se aproximando, nem liguei afinal a minha casa estava lotada de gente.
- Oi... - ouvir a voz de foi bom e ruim ao mesmo tempo. Tá, isso foi gay pra caralho. Não respondi nada e ela se juntou a mim. Ficamos ali, parados olhando para a lua. Eu sempre gostei mais da noite do que do dia. Tanto que acho o pôr do sol mais lindo que o nascer. - ... Er, sua chave... - ela balançou as chaves no ar e eu as peguei prestes a ignorá-la de novo mas eu não resisti e olhei para ela. estava linda, como sempre. Engoli em seco. Não conseguia mais me segurar perto dela e isso estava se tornando cada vez mais sufocante. Ela me olhava tão intensamente que chegava a me deixar mais nervoso. Olhei pro chão, aonde estava o cigarro apagado, precisava de mais um. - Você estava fumando? - a olhei de volta e assenti. Ela odiava que eu fumasse mas eu não ligava, não tanto. Ela pôs uma mão no meu rosto e acariciou minha bochecha, fechei meus olhos e respirei fundo. não estava facilitando as coisas pro meu lado.
- , se você não quer facilitar as coisas pro meu lado, então me deixe só. - eu disse, ainda de olhos fechados.
- E se eu dissesse que eu estou facilitando as coisas para você? - ela falou. Abri os olhos, surpreso. Quê? Ela só pode tá brincando!
- Eu diria para você dizer logo o que quer de mim! - falei me aproximando dela. Ela pôs a outra mão no meu rosto e me beijou. Finalmente, porra! Pelo menos alguma coisa no meu planejamento tinha dado certo! E se eu soubesse que toda aquela espera acabaria nesse momento, eu esperaria tudo de novo com o maior prazer. Tá, eu esperaria nervoso e impaciente, mas esperaria! Sorri assim que ela parou de me beijar, por mim eu ficaria o resto da noite ali, a luz da lua beijando .
- Apenas um beijo em seus lábios ao luar. - ela falou de repente. Ri, ela estava citando uma de suas músicas preferidas. Olhei para ela e sorri. - Só isso o que eu quero de você. - E, por incrível que pareça, aquilo também era o suficiente para mim. Beijei a ponta do seu nariz e olhei para a lua.
- So baby, I'm alright with just a kiss goodnight... (Então baby, eu estou bem só com um beijo de boa noite...) - cantarolei, sorrindo.