Jump
Escrito por Cáàh | Revisado por Lelen
- , vamos! – chamou. se virou para a parede, dando as costas para o amigo.
- Eu não vou hoje, .
- Como não, ? – puxou as cobertas do moreno que xingou. – É seu emprego, .
- E quem se importa? – se virou para o amigo de quarto e companheiro de banda. Reset.
- Todo mundo. – deu de ombros rindo. riu também. era o único cara da cidade que não irritava .
- Cara, eu cansei. Eu só quero... nem sei. Qualquer coisa, menos ir trabalhar e encarar aquele povo chato. – se levantou pegando a calça jeans e a camisa preta.
- Cara, se você não for... como vai fazer amanhã? Chegar lá e beleza? – rolou os olhos terminando de calçar os tênis.
- Não quero pensar no amanhã. – cantou gritado e calçou o all star. Foi e voltou do banheiro rápido. Seu cabelo estava horrível.
- Você é doente. O que vai fazer então? – o baterista perguntou.
- Vou dar um jeito em mim. – riu de si mesmo. Estava patético. Tudo ali era patético. Saiu indo para o salão próximo do apartamento.
Pediu para que passagem a dois em seu cabelo. Ia começar por ali. Chega de ter um cabelo todo certinho e arrumado. Ia deixar crescer um moicano. Ia encher de gel todo dia e ia deixar o mais espetado o possível.
Saiu do salão uma hora depois. Puta mulherada para falar. Parecia que não sabiam mais calar a boca. Rolou os olhos e começou a andar sem destino. Sentiu o celular vibrar e Blink começou a tocar pouco depois. Era Marcelo.
Rolou os olhos e desligou o aparelho. Não falaria com ninguém daquele lugar naquele dia. Só com que, afinal, não era daquela cidade. Não tinha ninguém legal nos Estados Unidos. Porque saíra de seu país mesmo? Ah sim, os pais de brigaram porque os dois queriam montar uma banda. Seus pais não eram os mais motivadores também e, por culpa, da internet conheceram caras dos EUA que também queriam uma banda. Estavam ferrados mesmo. Não custava nada arriscar. E agora ele estava ali, nos Estados Unidos.
Tralhando o dia todo numa loja. Onde todos eram os mais falsos possíveis. Marcelo era o principal, era o gerente do lugar e quase todo dia ligava para o dono dizendo que tinham sido assaltados enquanto pegava o dinheiro do Caixa e enfia nos bolsos.
Todos os que trabalhavam na loja, tirando , eram de alguma forma amigos de Marcelo ou parentes. Fazendo com que nenhum pio fosse dito para os chefes. E Marcelo esperava um sair de perto para descer a lenha nele para os outros.
não suportava aquela falsidade. Não mais.
A banda também o irritava. Tudo fora legal no começo. Covers, criar musicas, brincadeiras, se conhecerem. Tudo era legal. Antes. A sete meses atrás. Agora não. E eram falsos também. Havia gostado de uma loira que vira no pub e o baixista foi lá e pegou a garota. O motivo? Só jogar na cara de que era melhor que ele.
O baixista tinha namorada nesse tempo. O que o guitarrista fez? Foi lá e pegou a namorada dele. Sim, a vida daqueles caras era na base da traição. Na base de humilhar os outros.
Não suportava mais aquela falsidade. Mas também não era hora de pensar nas suas magoas.
- DESCULPA. – Uma garota de cabelo castanho pediu ao ver que tinha derrubado todo seu sorvete em . – Cara, foi mal, eu não te vi. Eu tava distraída e... Desculpa?! – Pediu de novo.
- Tá tudo, ok. – sorriu. A garota ergueu os olhos e se encararam. – Camila?
- . Idiota – rolou os olhos. Até ali ia encontrar ? Era azar demais.
- Ah sim, foi mal. Eu nunca lembro seu nome. – deu de ombros. Fazia tempo que não via aquela garota. Se esquecera como era legal ver ela ficar vermelha. Irritada. Pronta para pular em seu pescoço.
- Infelizmente seu nome é difícil de esquecer. É tipo Diabo ou Capetas, sabe? – perguntou sorrindo irônica. fechou a cara para alegria da moça que continuou seu caminho.
- Ei. Espera. – deu meia volta e correu até ela.
- Que foi? Veio perguntar meu nome de novo? – perguntou irritada. tinha aquele poder. Desde alguns anos antes. Desde que ela se apaixonou por ele e foi ignorada. Não que o garoto soubesse que ela gostava dele, mas ficou magoada. Desde aquela época seu objetivo era irritar e rir do rapaz.
ouviu boatos sobre aquilo. Mas duvidou. nunca ia gostar dele. era aquela pessoa que fazia os amigos se sentirem melhor mesmo que tivesse que pagar o mico do ano para isso.
Olhou a garota que andava rápido ao seu lado. Entortou os lábios.
Depois que começou a ignora-lo ou zuado ele descobriu que era tudo verdade. Seus amigos não estavam brincando, embora parecesse. Píer achava que era para deixa-lo sem graça perto da garota. Rirem dele e só isso. Mas um dia, quando sua prima, Anne, deixara o MSN ligado ele viu que não. Que não era brincadeira.
estava triste falando que gostava de e ele parecia gostar de vê-la sofrer. Ok, quando ouviu aquelas coisas , mesmo sem querer, ignorou , mas era por não saber como se comportar. Agora via como tinha errado.
- Morreu ai? – passou a mão em frente ao seu rosto.
- Foi mal. Só estava pensando em... – olhou para os lados, bem que podia existir placas do tipo: “pergunte isso ou aquilo.” “Aqui dicas de como puxar assunto, aperte o botão”, e essas coisas, mas não. Não tinha nada ali que o ajudasse. – O que esta fazendo aqui?
- Compras e você? – podia ser menos irônica também.
- Andando. Compras? Ah sim. – olhou as sacolas que carregava. – Quer ajuda? – Perguntou e foi ignorado.
- Como vai a vida aqui? – perguntou para quebrar o silêncio.
- Um saco. – confessou e o olhou admirada. – Que foi?
- Não sei, só... você saiu do Canadá tão animado. Ia ter a sua banda e blábláblá. – A garota rolou os olhos.
- Andou investigando minha vida? – sorriu de canto. rolou os olhos.
- Todo mundo ficou falando de você e do . Cadê ele falando nisso? – perguntou olhando para os lados, como se o rapaz pudesse se materializar ali.
- Trabalhando. – respondeu. – Mas então, a gente tem uma banda mesmo que não faz sucesso e está me irritando. Veio aqui só para fazer compras?
- Não. – riu, estavam na frente do prédio de . – Vim ver alguns estágios e faculdades, mas não decidi nada. – rolou os olhos. – Vou entrar.
- Eu moro aqui também. – sorriu abrindo o portão. passou e fechou. Não tinha nenhuma malicia naquilo, mas achou perto demais. Olhou de lado para o rapaz que a olhou. – Faz quanto tempo que tá aqui?
- Desde ontem. – respondendo tentando manter o foco. – Vim só para três dias, ver essas coisas mesmo e não decidir nada. Eu sei, sou foda. – Deu de ombros como se aquilo não fosse nada de mais e arrancou uma risada do companheiro.
- Vai embora amanhã a noite? Dá pra mim te mostrar alguma coisa da cidade, seila. – sentiu o rosto ficar vermelho. Não devia ter aberto a boca, não devia.
- Vou embora amanhã de manhã, . Sem jeito. – Mordeu o lábio tentando segurar a risada.
- Hoje a noite então? – perguntou sorrindo. Não queria saber de nada. Sua vida estava péssima, não foi trabalhar e não ia ficar mofando em casa.
- , você me da medo. – confessou ao entrarem no elevador.
- Eu me dou medo também e convivo muito bem comigo mesmo. – deu de ombros, rindo. – Vamos, larga de ser chata, garota.
- Se prometer que me trás inteira para a casa. – deixou a frase no ar.
- Combinado. Oitavo andar? – perguntou na hora que o elevador parou e a porta abriu. – Te pego as oito então.
subiu mais dois andares. O que diabos foi aquilo? E porque estava tão vermelho? E porque suas mãos suavam? E porque parecia que o coração ia rascar seu peito e pular pela janela?
deitou, estava cansando. Cansado de ser otário e com medo de se arrepender. Nunca fora amigão de . Eram colegas de turma e tinham amigos em comum, nada mais.
E ela já gostara dele. E ele só conseguia pensar nisso, terminando o pensamento sempre com: ela costumava gostar de mim, agora deve ter um namorado alto, loiro e jogador de futebol.
Acabou dormindo. Acordou e se espreguiçou ainda de olhos fechados. Nada como um bom sono, nada era melhor para dar energia e...
- CARALHO. – Berrou ao olhar a janela. Estava tudo escuro lá fora. Pegou o celular no bolso da calça e já eram oito e quinze.
- IDIOTA. – gritou para si mesma. Era uma completa idiota. Da onde tirara a ideia que realmente ia levar ela a serio? Que ia mesmo sair com ela? Burra, burra, burra, burra, campainha.
- ! – exclamou ao ver o rapaz parado a sua porta. tinha um sorriso envergonhado. Estava cansado e cheiroso.
- , me desculpa, eu acabei pegando no sono e dai acordei e fui tomar banho e quando vi estava atrasado. Foi mal. – continuou o encarando. Idiota, pensou o garoto. – Sabe. – Ele riu, falando a primeira merda que pensou. – Isso é bom para você aprender a não derrubar sorvete nas boas pessoas que só estão caminhando. – foi obrigada a rir.
Depois de todos esses anos, olhou a expressão nervosa de . Depois de todo aquele tempo e ainda sentia a respiração falhar. Burra.
- Vamos? – chamou apontando o elevador. assentiu e saíram. – Aprendeu a dirigir já? – o moreno perguntou rindo, ao entrarem em seu carro. nunca fora boa motorista. Riu, se lembrando do dia que ela enfiara o carro do pai na arvore.
- Não. – confessou envergonhada. gargalhou. Foi até o restaurante zoando a companheira. Quando pararam olhou o lugar. – É confiável?
- E eu te levaria num lugar inconfiável? – perguntou olhando para ela que riu e deu de ombros.
Passaram o jantar todo falando de suas famílias. Ok, só falava. Contou o que cada um de sua família estava fazendo e falou da família de e de também.
- Sua mãe comentou que se eu te encontrasse aqui era para te amarrar e levar pra ela. – contou quando saíram do restaurante.
- Sério? – perguntou arregalando os olhos.
- Oito meses e você nem liga para a coitada. Eu entendo. – assentiu enquanto entrava no carro.
- Então nesses oito meses você pensou em vir me buscar? – perguntou rindo. enrubesceu.
- Não. Quer dizer. Claro que... larga de ser burro, . Ela é sua mãe deve sentir saudades né. – rolou os olhos e olhou para fora da janela. O vento batendo em seu rosto era refrescante. Talvez diminuísse o tom vermelho de suas bochechas.
- Achei que íamos para casa. – comentou quando pegou uma rua toda iluminada e parou em algum tipo de Pub.
- Já a gente vai. – riu e mandou descer. – Fala, Richard. – apertou a mão do segurança na porta que riu e piscou. sentiu o rosto avermelhar mais com aquela piscadela e Pìerre compartilhou de seu constrangimento. - Aproveitem com juízo, crianças.
Ignoraram e entraram. Lá dentro estava bom. Um clima agradável. Sem o vento cortante da rua e nem quente de matar.
- Sede. – avisou e foram para o bar. deixou tomar três copos e fechou os olhos. Agora ele tinha vicio de beber? Faz favor, né.
- . Não acha que já chega? – perguntou se irritando com o quarto copo. – você disse que estava com sede não querendo encher o rabo.
- Desculpa, desculpa. – riu. Não estava pedindo bebidas fortes. Só estava querendo tomar coragem. Se fingir de bêbado para não zoá-lo o resto da vida.
- Se lembra dessa musica? – perguntou rindo. Era do Green Day. Usaram-na no trabalho de educação física.
- Como esquecer? Lembra do cantando? – Entre risadas pediu mis um copo. – .
- É o ultimo – garantiu. – E você se lembra em que ano foi que usamos ela?
- Não sei. Segundo ano? – perguntou incerta. assentiu.
- Foi um ano chato aquele, - Confessou e o olhou interrogativa. – Foi o ano que me contaram algumas coisas...
- Que coisas? – perguntou e se arrependeu.
- Me contaram que você gostava de mim. Eu não sabia o que falar ou o que fazer e me afastei. – estava vermelho agora.
não sabia disser se era do que ele falava ou se era da bebida.
- , vpcê tá ficando meio alterado. – falou sem jeito. – Vamos? – Se levantou e sentiu pegar em seu braço.
- Eu duvidei sabia? Achei que era tudo mentira deles. Que era um tipo de brincadeira. Mas depois eu descobri que era verdade.
- Eu não tenho noção do que você está falando. – confessou. Tentando desconversar.
- Não? Não se lembra de você contando pra Anne que gostava de mim mesmo, mas que eu não ligava?
abriu a boca assustada. Perdeu a voz e não emitiu nenhum som.
- Ela não me contou. Eu li a conversa de vocês. – confessou ficando mais vermelho. – Eu só queria saber, . – fechou os olhos. Devia ter voltado para o Canadá na hora que encontrara na rua. – Você ainda sente alguma coisa?
- Eu? E-eu...
sorriu de lado. Não esperou que ela parasse de gaguejar ou que se quer completasse uma frase.
Apertou sua cintura delicadamente e se aproximou. fechou os olhos. Raiva da amiga, medo, vergonha. Tudo sumiu de sua mente.
Sentiu os lábios de , não em sua boca, mas na sua orelha.
- Eu sinto. – o rapaz murmurou e mordiscou sua orelha. Fazendo arrepiar. Sorriu, satisfeito e a beijou. aprofundou o beijo passando a mão na nuca de . Que apertou sua cintura com força.
- E-er... – não sabia o que falar quando se separaram.
- Não quer ir em...
- Quero. Vamos logo – pegiu e saiu andando rápido. respirou fundo. Burro. Idiota.
Seguiu e destravou o carro. Foram ate o prédio quietos.
- Tchau – se despediu quando chegaram na portaria e correu para o elevador.
- Foi mal, hein rapaz. – o porteiro comentou. trincou os dentes.
- Que foi? – perguntou sonolento. Estava começando a dormir e simplesmente entrava destruindo o quarto?
- Preciso ver uma coisa. – disse pegando o notebook e xingando enquanto não conectava na internet.
- Que aconteceu cara? – repetiu se sentando na cama.
- Cara, eu vou arrumar tudo ok? Eu sei que você também não gosta daqui, então, quando eu chegar e arrumar tudo eu venho te buscar.
- Tá falando do que, animal? – perguntou irritado.
- Que eu não vou esperar chegar o dia que eu vou me lembrar de hoje e me arrepender, entendeu? Vai ser tarde demais, vai ser tipo hoje... Podia ter sido diferente. Podia ter sido melhor e vai ser assim agora.
Decidido começou a arrumar suas coisas respondendo rapidamente uma pergunta ou outra de .
ouviu a ultima chamada para o seu voo e pegou sua mala. Eram só três dias tinha vindo com uma mala só. Agora levava duas. Tinha que comprar menos coisas. Mas... bem, não era só para ela, estava pensando em jogar pela janela o que comprara para Anne, mas ainda pensava nisso. Talvez a amiga não tivesse tido culpa de ler seu MSN.
- EI. – se virou assustada. Era seis horas da manhã. O aeroporto estava vazio e silencioso. Aquele grito. Tinha ouvido o mesmo no dia anterior. Só que mais baixo.
- . – chamou com a voz falha. sorriu se aproximando.
- Nossa ultima chamada né? – o moreno perguntou sorrindo.
- V-você v-vai...
- Claro. – sorriu e abraçou a garota, pegando uma de suas malas. – Você não faz questão de me amarrar e levar com você. Bem, eu vou por bem mesmo. – Deu de ombros e limpou uma lacrima que derrubava. – Eu não estava bêbado ontem, . – pararam atrás de um senhor que ia embarcar também. – Eu só queria que você pensasse isso. Parecia mais fácil para falar. Eu sei tudo o que eu disse e o que eu fiz e não me arrependendo.
- De nada? – perguntou insegura olhando para baixo.
- De nada. – sussurrou em seu ouvido.
- Você ficou lindo raspando o cabelo, sabia? – comentou bobamente olhando abobada para o moreno que sorriu e a beijou delicadamente.
Ele não se importava com seu serviço ou com os amigos que tinha feito. Só queria pular. Sentia uma vontade imensa de cantar e pular como sempre fazia com .
Sorriu quando embarcaram. Ele continuaria tendo uma banda, mas seria melhor que Reset. E seria no Canadá. E lá teria verdadeiros amigos. E já tinha a primeira musica toda em sua cabeça. Jump. As vezes era preciso pular. Pular algumas regras. Alguns compromissos. Era preciso pular de braços abertos nas chances que apareciam.
- Sabe no que eu pensei agora? – perguntou.
- “Larga tudo e vem correndo?” – repetiu a frase de seu horoscopo do dia. riu alto.
- Não, . – rolou os olhos deitando a cabeça no ombro da garota. – Pensei em nós. Tipo, foi preciso a gente se encontrar em outro país pra ficar junto.
- A gente não está ‘junto’. – fez aspas. Se arrependeu na mesma hora, ficando vermelha.
- Sua família sempre foi mais formal, né? – riu pensando em chegar na sua cidade e ir direto pedir para namorar ao seu pai. A família da garota sempre fora formal e ‘severa’. O pai de ficaria nervoso sem duvidas. O avião decolou ao som das risadas de ao imaginar a cena dele pulando do pai da futura-namorada.
n.a.: E eu termino a fic pensando nisso também. Em como seria engraçado. E lindo, porque tipo, é o Pierre *.*
(Pierre que jajá vai ter uma criança para cuidar, mas...).
FF feita no maior momento: não creio que só tem *negritouma */negrito*fanfic do SP no site –todoshora-
Agora, eu estou deitada aqui, escondida do papai (souninja #fuckyea), congelando em tipo 3º. No verão eu vou entrar aqui e comentar: saudades de quando eu estava morrendo congelada :*

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