Jinx
Escrito por Soldada | Revisado por Lelen
Capítulo 01 - Miss Fortune
| ANOS ANTES
Limbo.
tinha apenas 6 anos quando ela se perdeu na floresta.
Estava nevando, e os lobos, famintos.
•••
| AGORA
Queens, Nova York.
E se eu só roer essa mesa até ela virar um palito, hein?
— Bom dia, senhora, a senhora pegou a senha, senhora?
sente o seu olho esquerdo tremer involuntariamente, se pelo excesso de cafeína desenfreada que ela havia passado o tempo de espera inteiro tomando na sala de espera cheia de pessoas aguardando atendimento daquele maldito lugar, simplesmente porque o café era de graça, ou se pela monótona e repleta de desdém velado da atendente à sua frente, era difícil dizer. Mas o olho dela treme, e por um segundo apenas a observa com uma expressão descrente, enquanto estende o papelzinho com um número 93 para a atendente, o número espelhando no marcador à esquerda. pode ver a pura decepção da atendente, uma mulher que parecia ter 19 anos e 53 anos ao mesmo tempo, parecendo ter um desprezo nítido por , o que faz com que a garota entre brevemente em uma espiral de pânico. Ela havia passado desodorante? Estava fedendo? Merda, havia vestido de novo a blusa do avesso e saído na rua? Meu deus do céu... mas não, é só a reação natural das pessoas em relação a . É claro que Karen, a atendente, não quer atender. Com um suspiro pesado, se senta na cadeira de metal, apenas para perceber, tardiamente que a cadeira sede uma das pernas, e cai no chão. Levantando-se rapidamente como se nada tivesse acontecido, encara cinicamente Karen com sua expressão mais digna, fingindo que ela tinha muito interesse em ficar de pé.
— Qual é o seu problema, senhora? — Karen questiona com um desinteresse gritante que por um breve momento, se distrai imaginando como deveria ser a vida dela. Será que era um grito de socorro? Um grito por ajuda? Então se lembra que a atendente havia feito uma pergunta, e sente sua ansiedade subir a níveis astronômicos porque ela não havia ensaiado antes o que ia dizer, então ela simplesmente se pega dizendo:
— Heroicão invaciliar. — arregala os olhos, pigarreando, corrigindo-se imediatamente: — Invasão domiciliar. Heroica. Digo, um herói invadiu meu apartamento, por acidente, eu acho, quer dizer, meu prédio estava no meio do caminho nesta última batalha que o Clarim Diário noticiou, com o bicho que parecia uma estrela do mar com um olho só e os Vingadores...
Karen lança um olhar descrente a , que a encara de volta sem nenhum eco de pensamento ecoando por sua mente. A verdade verdadeira é que: genuinamente acredita que está mentindo para Karen por uma fração de segundos. Mas então ela rapidamente se lembra que não era mentira, porque ela estava lá. Inferno, a cabeça dela a estava matando hoje, mas quando não fazia isso, não? Tinha a sensação de que convivia diariamente com um Viking mal-humorado, uma dona de casa dos anos 40, e um veterano de guerra gay frustrado que fazia stand up comedies às custas dela e de seu sono, e o veterano e o viking eram os mais calmos. A essa altura era quase parte de sua personalidade isso.
Caramba, mas pelo menos havia feito um documento bonitinho para entregar para a atendente com todas as provas do que havia acontecido, até porque ela havia presenciado tudo. entrega a pasta com as provas para Karen, a pasta de plástico roxa sendo sua única até o momento porque ela se esquecia de comprar mais ou não sabia como ser adulta, com as fotografias de um Wong vestido em trajes avermelhados atravessando a janela dela enquanto um tentáculo destruía sua sala de estar e o sofá de segunda mão que havia finalmente conseguido comprar em prestação de quase 20 meses porque ela não era rica e muito menos tinha condições para se sustentar sozinha. E então, ela tenta se conter, mas faz aquela cara... lábios pressionados um no outro e um sorriso desconfortável no rosto enquanto observa a atendente revirar os olhos com desdém.
Cara.... sou um repelente tão grande assim para afeto?
Sem tempo para inseguranças pessoais, , foco! Foca na foca. Own, bebês focas eram tão fofinhos, maldito vídeo desgraçado do cara com o machado cortando a cabeça do...
— Olha só, senhora, a senhora precisa entender que o nosso seguro não cobre este tipo de incidente — Karen quebra o silêncio e a expressão ansiosa de imediatamente se desfaz em uma expressão desapontada e genuinamente entristecida porque seu primeiro pensamento é: como que ela ia pagar aquilo com o salário de uma estagiária?! Ela mal conseguia comprar comida e pagar as contas, como diabos ela iria pagar o conserto do sofá se ela ainda estava pagando pelo sofá? E genuinamente ela considera a prostituição como uma alternativa de ganhar dinheiro.
— Mas... mas estava descrito no contrato desde que eu o assinei que quaisquer danos causados pelos vingadores seriam cobertos, moça. Tenho pagado isso faz quase dois anos e nunca precisei usar senão agora! Era para cobrir todos os danos dos Vingadores caso ocorresse um novo... — tenta argumentar ou implorar.
Olha, para ser honesta, havia desistido da sua dignidade há um bom tempo. Como uma boa usuária de transporte público, estava fadada a não ter dignidade alguma depois de chorar no caminho de volta para casa com frequência. Seu peito se aperta, porque ela começa a ver, imediatamente, que é um caso sem solução. Merda, merda, merda...
Karen estala a língua, desdenhosa – sério, o que ela tinha contra ? – parecendo tentar conter o impulso de revirar os olhos, enquanto analisava as fotos novamente e puxava em seu computador o contrato que havia feito há dois anos, quando havia vindo morar sozinha em Nova York, em um pequeno cárcere privado que o locatário chamava de “casa moderna compacta nova iorquina estilo minimalista”, e que custava metade do salário de por algum motivo. aperta os lábios juntos outra vez, tentando não fazer uma careta, mas ela tinha quase certeza que seus músculos estavam ficando cansados
— Senhora, infelizmente o seu plano cobre apenas os Vingadores. Está vendo aqui: temos até o adicional de 5% Amigos do Capitão América, e o 12% de descontos para o ataque de Loki — Karen explica de maneira lenta demais, o que faz franzir o cenho e encarar Karen com uma ponta de irritação, porque a atendente deveria achar que ela era bem burra para não conseguir interpretar texto. Mas de novo... talvez realmente fosse! Quer dizer, ela não tinha certeza se sabia ler alguma coisa ou não, talvez ela só tivesse decorado muitas palavras e soubesse o som delas...
— Mas Wong lutou com os Vingadores, logo, ele é um, certo? — tenta argumentar, mas desiste imediatamente porque sua voz soa insegura demais, e ela não queria exatamente incomodar Karen, só queria que o seguro que ela pagava há mais de dois anos, cumprisse o contrato e evitasse que ela tivesse que pegar um empréstimo no banco porque, aí sim, ela estaria ferrada porque como ela iria pagar um empréstimo no banco com tantos juros? Ela teria que pegar dinheiro emprestado com algum agiota, mas também aí ela estaria suscetível a apanhar a qualquer hora na rua, o que, por si só, não era algo que ela tinha em seu bingo de coisas que ela queria que acontecessem com ela.
— Senhora, lutar não significa ser parte do time, senhora.
— Mas...
— Senhora! Esta é uma companhia séria de seguros. Atendemos por dia mais de duas mil pessoas com problemas sérios! Só porque uma pessoa foi arremessada dentro do seu apartamento e seu sofá ficou destruído, não significa que você se encaixa nos termos para a adesão da compensação do seguro — Karen corta a defesa de abruptamente e tenta impedir-se de dizer um “sim senhora” porque ela tinha quase certeza que se chamasse Karen de senhora, ela realmente iria voar pela janela.
Parando para pensar, não era assim tão ruim, se ela fosse arremessada pela janela, então provavelmente quebraria o braço e poderia ter um atestado de um mês para seu trabalho, mas... ah, merda, ela ia ficar sem salário, não dava para quebrar o braço agora. Talvez mês que vem.
assente, sentindo-se envergonhada, e quase pedindo desculpas enquanto Karen devolve a pastinha de com um revirar de olhos. Então, com a voz mais amigável de todas, Karen abre um sorriso que não chega a seus olhos, oferecendo um panfleto de propaganda para .
— A senhora estaria interessada em aumentar o seu seguro para o Seguro Vermelhos Unidos Premium que cobre também o Homem-Aranha e o...
não se importa em ouvir o que Karen tem a dizer até o final, apenas negando com a cabeça enquanto se retira da sala com a certeza de que aquele dia não seria um bom dia para ela – mas quando era?
Ela suspira pesado, exasperada. É claro que eles iriam tentar vender um plano mais caro para como se o fato de ela não ter dinheiro fosse apenas uma opinião desnecessária e facilmente alterável, e não uma verdade inquestionável. Só porque a conta bancária de era de apenas 8 dólares não significava que ela não poderia adquirir um plano de 200 dólares por mês em um seguro que não assegurava nada, certo? Claro, claro, se ela pudesse gritar, ela iria, definitivamente, virar uma sirene. Mas ela não podia, então tenta só não esbarrar em nenhum outro cliente sentado na salinha de espera ridiculamente minúscula e caminha para o elevador.
O caminho para fora do prédio é comum: ela aperta o botão do elevador apenas para descobrir tardiamente que estava quebrado, mas pelo menos o elevador estava funcionando, certo? Errado! O elevador não estava funcionando! E quase cai para dentro do poço do elevador quando a porta se abre – o que a essa altura já deveria ter se tornado uma conclusão lógica para ela de nunca, jamais pegar elevadores, mas ela tinha que ser preguiçosa para um caral... –, então opta pelas escadarias, não percebendo que era a escadaria de emergência, e então ela termina dentro do estacionamento do prédio, o que a faz ter que pedir informações, e ajuda para sair dali sem ser atropelada, a um segurança – Gary, alto, gente boa, gosto questionável para perfume, estava jogando jogo de aposta? – que lhe aponta a direção da saída, e quando finalmente alcança a porta para fora do maldito prédio, ela se depara com praticamente três carros de polícia do lado de fora do prédio, com alguns agentes descendo correndo e praticamente a jogando para fora do caminho.
desaba em um arbusto no canteiro da entrada do prédio, com a terrível certeza que ela havia engolido algum inseto minúsculo pelo gosto amargo em sua boca, antes de ser auxiliada por uma policial de sorriso bonito e expressão mal-humorada que poderia facilmente pisar com os saltos nela e agradeceria pelas pisadas – ela era realmente bissexual ou só compulsivamente hétero quando na realidade havia sido esse tempo todo lésbica e não havia percebido? Ou será que isso era apenas sua neurodivergência externando-se em uma crise de identidade? Ela era sequer capaz de sentir atração? –, questionando a se ela estava bem, e ajudando-a a retirar os galhos de seus cabelos. E esquece totalmente como se fala.
só percebe que a policial bonita está falando – caramba, ela não era melhor que nenhum homem, vergonha para tu, vergonha para a tua vaca... – quando ela percebe o silêncio da policial ao esperar uma resposta dela. Em pânico, e torcendo para que fosse apenas uma pergunta de sim ou não, só balança a cabeça em concordância, com um sorriso plástico em seu rosto enquanto faz um sinalzinho de paz para a policial – por que ela havia feito isso?! – seguindo seu caminho como se nada tivesse acontecido.
mal dá dois passos à frente e percebe tardiamente que seu pé havia acabado de se enroscar em um buraco, puxando a parte de trás do sapato bruscamente, e antes que ela consiga ajeitá-lo, saltando em um pé só, o sapato cai em um bueiro aberto. fecha os olhos, com pesar, praguejando até a última geração dela – ela sequer tinha alguém para praguejar? – antes de inevitavelmente seus ombros penderem para frente, em derrota completa, e a chuva outonal começar a cair, inicialmente apenas algumas gotas suaves, mas então, uma verdadeira tempestade, enquanto a sensação insuportável de sua meia dos Ursinhos Carinhosos – a amarelinha com a barriguinha de coração – se encharcava completamente.
se vê obrigada a caminhar de volta para a casa no meio da chuva, sem um sapato, protegendo-se em postes para cada maldito carro que passava por ela e jogavam a água suja das poças do asfalto em sua direção acidentalmente a enxarcando mais, enquanto temia pegar alguma infecção em seu pé por causa de Nova York.
E se ela começasse a chorar, hein?
Em algum momento, antes de chegar em seu prédio, para na vendinha de Senhor Bakir, um senhorzinho gente boa, que a xingava direto, mas que sempre deixava pronto um shawarma para ela, porque sabia que ela gostava, e sabia que era a única coisa que se daria ao luxo de gastar dinheiro com alguma coisa, era sem sombra de dúvidas com comida de rua de procedência questionável. Ela já havia ido parar no hospital por causa disso? Quase, duas vezes especificamente. Mas ela não tinha dinheiro para ir para o hospital então ela dormiu e torceu para acordar no outro dia – deu certo, aparentemente. Ela continuaria comprando? Mas é claro que sim! Não era porque havia uma quantidade absurda de queijo na comida de senhor Bakir – e ela era intolerante a lactose – que isso a iria impedir de comer aquele maldito shawarma. Pelo contrário! Ela havia decidido, quando tinha 14 anos, que, não importava a quantidade de leite que tivesse em alguma coisa, ela definitivamente iria comer por puro despeito – e se arrependeria cinco minutos depois, toda vez, mas como leite se atrevia a ficar no meio do caminho dela?! Jamais!
Era o único momento de seu dia que havia valido a pena até o momento. Então, depois de quase rasgar acidentalmente sua última nota trocada de vinte dólares, paga o Senhor Bakir com uma expressão apologética, e solta um suspiro pesado de consolo, quando apenas nega com a cabeça quando Bakir diz que estava sem troco. Talvez ele a estivesse roubando, mas bem, Senhor Bakir precisava lidar com os cinco netos que moravam pela vizinhança, dois deles mal haviam entrado no primário, então meio que não se importava em ser roubada por Bakir. Ela precisava de dinheiro? Com certeza, mas dois dólares não iriam ajudar nem faltar para ela, ao menos, não a longo prazo de qualquer jeito.
Dando uma boa mordida no shawarma, aceitando que ela não tinha outra escolha senão ir para casa a pé, com sua meia encharcada com a água suja de Nova York, uma parte de se sente nostálgica e, céus, cabisbaixa.
não era adepta da positividade, muito porque quanto mais positivo você se tornava, mais alto seria a decepção que você teria, e, bem, se você esperasse o pior, nada poderia te machucar, certo? – se algo acabasse sendo ruim, você já estaria esperando, e se fosse bom, bem, era uma boa surpresa... certo? –, e sejamos honestos, isso nunca havia funcionado, ao menos, não com ela, mas caminhar pela chuva torrencial, sem um par de seu sapato, tentando desviar dos carros que estavam jogando água suja das poças que se formavam no asfalto na direção dela, não pode deixar de sentir-se nostálgica e com saudades. Ela sentia falta de casa. Sentia falta de ouvir o murmúrio suave da voz rouca de seu pai ecoando da cozinha, enquanto ele preparava um de seus chás horríveis. Sentia falta de não ter companhia... por que todos iam embora quando realmente a conheciam?
Por que ela era tão difícil de ser amada?
Havia algo de errado com ela. Era impossível que todas as pessoas estivessem erradas e ela não. Não... havia algo errado com ela. E, ainda assim, hesitante, puxa o celular de seu bolso, prendendo a respiração, buscando pelo número com o nome “Pai” seguido de um emoji de diabinho, um soco e uma bombinha, mordendo o lábio inferior. Ela não quer sentir esperanças – ela sabe como sempre acaba –, mas, ainda assim... talvez dessa vez...
— Ei, pai... hm eu sei que faz um tempo que a gente não conversa... — começa a dizer, tentando soar o mais positiva possível e feliz, quando a ligação, como sempre, vai direto para a caixa postal dele.
Ela contém um suspiro pesado, desapontado, xingando a si mesma por ter esperado algo diferente. Verdade seja dita, ele era uma pessoa ocupada, ela que não deveria ter ligado, para começo de conversa.
— Eu consegui a bolsa! Lembra? Comentei na última mensagem que mandei para você! Deu tudo certo, igual você disse que daria! Foi difícil, mas o programa da OSCORP ajudou no fim, bastante... — solta um risinho baixo, tentando soar aliviada, mas é esquisito, sua voz soa estranha para si mesma, como se não lhe pertencesse. E ela sente uma vontade esquisita de começar a chorar, mas ela não vai, porque estava sendo idiota. Ela estava realmente triste ou era apenas sua menstruação chegando? — Eu começo semana que vem! Estou ansiosa, quer dizer, eu nunca... digo, ah, você sabe, eu só quero... — sente sua garganta se apertar, e ela se interrompe completamente, dando uma boa mordida no shawarma, como se a comida pudesse, de alguma forma, afastar seus próprios sentimentos, e de certa forma, consegue, ainda que tenha um gosto esquisito, graças à chuva.
Meio à parte, ela escuta um pequeno ronco vindo de sua barriga, mas ela ignora completamente, parando na esquina de uma das ruas agitadas de Nova York, e esperando para atravessar.
— Aqui tá tudo certo! Eu consegui um emprego legal no Brooklyn, é perto de você, caso você quiser... sei lá... hm, me ver? Talvez? Eu sei que você é super ocupado e tudo mais, mas... seria legal sabe? — diz, e faz uma careta tentando conter a esperança em seu tom de voz, mas desejando que, dessa vez, talvez seu pai escolhesse dar uma passada na Baskin e Robbins, só para dizer oi, talvez ela conseguisse algum cupom bom para ele. — Eu tenho que ir! Te amo, pai, por milhões e milhões de ano. Me liga!
desliga o celular com um suspiro pesado. Os lábios se curvam para baixo, e ela sente um aperto esquisito em seu peito, como se seu coração tivesse inchado, e agora estivesse pesando. Não era ruim, mas incomodava. Como ela conseguiria enxugar seu coração? Ela sequer se lembrava de como era a sensação de ter um coração leve?
Antes que consiga se aprofundar em seus próprios pensamentos – e um território que ela não desejava trafegar –, um Corvette Stingray C8 acelera assim que o sinal abre, jogando uma considerável quantidade de água suja em e a fazendo soltar um gritinho baixo, tendo que decidir proteger seu celular ou o shawarma e, para o completo desapontamento de , o shawarma é tristemente sacrificado, enquanto ela tenta se assegurar de que seu celular, de tela rachada, ultrapassado, se mantenha intacto – porque ele é o único que ela consegue comprar no momento.
teria praguejado, mas o ronco em sua barriga se torna mais alto, e ela sente imediatamente uma cólica de aviso. Merda! Merda! Merda! Maldita hora que ela havia comido o maldito shawarma. prende a respiração, praguejando alto, porque ela precisa muito, mas muito mesmo, correr para o banheiro. Pelo amor de tudo o que é mais sagrado! O dia não podia terminar com ela cagando em sua própria roupa porque ela havia sido inconsequente. A pior parte era que ela igualmente não poderia peidar, porque era certeza que não seria só um peido.
está quase gritando com o semáforo quando ele finalmente abre, e com todo o desespero potente em seu corpo, ela corre, literalmente corre, sentindo suas entranhas se contorcerem e um suor gelado se misturar com a água da chuva enquanto ela disparar até o prédio, xoxo, capenga, manco, anêmico, frágil e inconsistente que ela vivia no coração do Queens, torcendo para que a porta estivesse aberta e as escadas livres, porque sem chance que ela conseguiria esperar pelo maldito elevador – além disso, ela não tinha certeza, mas após ficar três vezes presa no elevador, havia assumido que seria uma péssima ideia usá-lo neste momento.
Sem cumprimentos gentis para Sra. Kyle, a síndica do prédio, sem pausas para conversar com Sr. Lee, Sra. Hughes e Sra. Lewis pelo caminho, enquanto ela corre pelas escadas até seu cativeiro alugado, sem tempo para fechar a porta de seu apartamento, enquanto ela dispara na direção de seu banheiro, desesperada para conseguir desabotoar sua calça e sentar no vaso. E então, o puro alivio, apesar da cólica horrível que estava fazendo suas entranhas se contorcerem como se fossem criaturas com pensamentos próprios e tomassem decisões sozinhas, seguida da descarga e um suspiro pesado, derrotado, enquanto ela enterrava o rosto em suas mãos.
Nunca mais ela iria comer nada com leite.
Ela não sabe quanto tempo ela fica com o rosto enterrado em suas mãos, mas o estrondo alto de uma parede explodindo à sua esquerda, fragmentos de drywall e madeira se espalham por todo seu banheiro enquanto algo vermelho e azul passa voando, rápido demais para que ela registre direito o que é, destruindo seu box, e arrancando as cortinas e se enroscando dentro da banheira dela com um gritinho baixo.
pisca, tossindo, congelada no lugar, enquanto fechava as pernas instintivamente, cobrindo os joelhos com sua blusa, enquanto franze o cenho. Há um buraco gigante no lugar que deveria estar sua janela, e a estrutura de madeira e vidro de sua janela jazia no chão, junto com os outros fragmentos de drywall e madeira completamente estilhaçados. Do outro lado, ela consegue ouvir os gritos dos pedestres enquanto algum vilão arremessava um carro pela rua. Aquele era o Rhino...?
Por quê?! Só... por quê?!
Se debatendo contra as cortinas, o Homem-Aranha arranca de seu rosto o tecido impermeável, apenas para congelar no lugar, os olhos deveriam ter se arregalado porque os olhos da máscara ficam grandes enquanto primeiro ele tenta estender a mão na direção de , e então leva em direção à boca. tem vontade de chorar – incrível como a humilhação sempre pode ficar pior – e por um longo momento, ela apenas encara o Homem-Aranha, e ele a encara.
Com um suspiro pesado, apenas encara o Homem-Aranha, em pessoa, com a certeza que não tinha mais dignidade nenhuma em sua vida. E, como sempre, , apenas aceita a situação – o que ela poderia fazer? Lutar contra Deus até a morte? não era assim tão ambiciosa...
— Pode... — ela diz, por fim, com sua voz resignada e completamente desistente, enquanto apontava na direção de um dos armários à direita dele, que ele havia destruído, com uma porta torta praticamente pendurada no canto, exibindo os sais de banhos, as loofah novas que ela ainda não havia usado, mas comprou na promoção, e os papeis higiênicos.
O Homem-Aranha permanece encarando o armário e , seguidas vezes, como se estivesse tentando formular alguma frase ou tentando ajudar, quase oferecendo a mão na direção de para segurar, para consolá-la.
— Pode me passar o papel higiênico, por favor?
CONTINUA...
Nota da Autora: essa fic é de 2020, por causa de uma trend no tiktok que eu chorava de rir, que eram as pessoas fingindo que viviam no MCU e reagindo ao Hulk quebrando o busão que você está ou arremessando o seu carro e tendo a audácia de errar o vilão. Não, não tem plot, nem o twist. Eu não sei escrever personagens que não foi eu que criei. Desenvolvimento de personagem medíocres. Mas os capítulos são pequenos, então as atts serão mais rápidas. Obrigada se você leu até aqui!
Esta fic é escrita de madrugada, quando estou sobrecarregada com estímulos externos e preciso de uma forma de me regular, portanto perdão antecipado por incoerências, erros gramaticais e algumas confusões, meu e-mail está sempre aberto para discussões e opiniões.