Je t'aime vraiment

Escrito por Isadora | Revisado por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 6ª Temporada // Tema: Austrália

  Meu coração batia tão forte e rápido que era possível senti-lo em meus ouvidos. Eu achava que acabaria saindo pela boca. Aquelas malditas borboletas pareciam dançar em meu estômago.
  Eu estava nervosa.
  Na verdade, nervoso era eufemismo para a minha situação. Minhas mãos e testa suavam. O vestido me pinicava e ficava cada vez mais difícil segurar o buquê.
  Passei as mãos trêmulas pela minha testa, tentando não deixar meu suor aparente.
  Deus eu estava apavorada.
  Parada entre as árvores floridas, eu conseguia ver os convidados ao longe. O pequeno e simples altar – que na verdade não passava de uma plataforma branca, para dar um destaque a mais para o padre –, com uma mesa de madeira simples onde tinham algumas flores brancas e a bíblia. Luzes que se ligavam por fios estavam estendidas por duas fileiras de árvores, que iluminava o caminho de grama, decorado com pétalas de rosas brancas espalhadas, formando um lindo tapete, onde há alguns minutos eu passaria, até o altar, sendo sustentado por hastes.
  No caminho para o altar, tinham um tipo de lampiões, brancos, que davam um toque romântico e rústico para o lugar, ao lado deles se encontravam alguns convidados, sentados em cadeiras almofadadas brancas. Eu podia ver meus avós sentados em cadeiras mais confortáveis, algo entre poltronas e cadeiras. Era uma celebração pequena, para as famílias e nossos amigos.
  Respirei fundo mais uma vez sentindo a brisa que vinha do mar entrar. Esse foi um dos motivos para escolhermos a praia para o casamento, o cheiro da maré me acalmava. Encarei as ondas se quebrando ao fundo. Era uma tarde gostosa em uma praia calma na Austrália. Deixei a critério dele a escolha do lugar.
  Senti uma mão pousar sobre meu ombro e olhei para trás, encontrando minha irmã, sorridente e com os olhos cheios de lágrimas. Não tive tempo de dizer nada, ela já me abraçou apertado e eu a senti soluçar.
  - Ah ! – sua voz estava embargada. Ai Deus, tudo o que eu menos precisava era chorar.
  Nos desvencilhamos e senti minha visão começar a embaçar.
  - Ai merda, desculpa. A noiva não pode chegar ao altar parecendo uma emo de maquiagem borrada. – rimos uma para a outra e eu podia sentir a emoção de seu corpo vindo para o meu. Ela suspirou e me deu o sorriso mais bonito que eu poderia receber – Ai , você está maravilhosa. Parece que foi ontem que corríamos de calcinha pela casa toda. – começamos a rir e isso fez a sensação de nervoso ir embora.
  - Olha quem fala! – disse levando minha mão para a barriga, que dali alguns meses estaria enorme, e acariciando – Você vai me dar uma sobrinha.
  - É sobrinho! – Tyler disse abraçando minha irmã e pousando as mãos sobre sua barriga, não antes de depositar um longo e terno beijo em sua bochecha.
  - Tyler, cunhado querido, eu sou expert e saber se é menino ou menina, de todas as minhas amigas eu acertei. Imagine da minha irmã. – o respondi com uma sobrancelha levantada.
  - Nossa senhora, você vão discutir sobre isso até quando? – disse uma sorridente Amélia.
  - Até eu estar certa/certo! – respondemos juntos e rimos juntos. O bom de Amélia e Tyler é que independente do que acontecia, eles me acalmavam. Ouvi passos desesperados atrás de mim e me virei. Sophie, segurando o vestido, tentou correr até mim, parando logo em seguida e arregalando os olhos ao me ver.
  Sorri docemente para minha mais nova sobrinha.
  - O que aconteceu, querida? – perguntei acariciando seu rosto.
  - O tio pediu para eu ver se você estava linda e depois falar para ele. – sua voz fina e suave estava entrecortada, ela respirou fundo e sorriu – Só que eu vou ter que responder que não.
  Respirei fundo e senti meus olhos se arregalarem. Sophie tinha apenas cincos anos, mas se ela achava o vestido feio, as outras pessoas também achariam. Eu estava começando a ter uma sincope.
  - Por quê? – minha voz saiu fraca.
  - Porque você não tá linda. Tá maravilhosa! – ouvi a emoção em sua voz e meu coração aqueceu, me fazendo respirar aliviada.
  - Você gostou? – me agachei para ficar no mesmo tamanho que ela e perguntei toda derretida. Sophie era a minha paixão. Imaginem uma menininha mionzinha de cabelos claros para a cor, chanel, todo cacheadinho. As bochechas rosadas assim como a boquinha em forma de coração. Os olhos da mesma cor que os do tio.
  - Eu amei, tia! – ouvi um assobio e notei Jace se aproximando. Meu outro xodó.
  - Uau! – disse ele me ajudando a levantar e me encarando. Me fez dar uma volta – Tia você tá uma gata!
  - Obrigada, querido! – beijei sua bochecha.
  - Esse decote nas suas costas tá de tirar o fôlego! – ri junto dele, de Amélia e de Tyler.
  - Não achou exagerado? – sussurrei para ele.
  - De jeito nenhum! – disse me olhando, eu podia ver seus olhos brilhando – Tá maravilhoso, tia.
  Olhou para irmã que tinha um sorriso fofo.
  - Vamos Soph, precisamos preparar o tio . – estendeu a mão para a irmã, que apenas concordou e foi caminhando com ele de volta para o altar, os acompanhei com o olhar e assim que eles chegaram ao meu futuro marido, o vi abaixar. Consegui ver seu sorriso. Ele estava lindo. Encarei fechar os olhos e abrir um sorriso único. Àquele sorriso que transpassava o seu pensamento. Jace devia ter dito sobre o decote nas costas do meu vestido. Sorri junto a ele ao pensar, provavelmente, a mesma coisa.
  Ouvi Amélia dizendo que iria se sentar que estava na hora de começarmos.
  Respirei fundo pela última vez.
  Ouvi a coordenadora dizendo que eu entraria em poucos minutos.
  Estava na hora.
  Alguém me perguntou se eu estava bem, apenas concordei. Eu seria incapaz de responder qualquer coisa.
  Ouvi os primeiros acordes de Thousand Years e respirei fundo pela milionésima vez. A escolha da música fora minha e de , não havia dúvidas de que a música na qual dançamos a primeira vez juntos, há 2 anos. Era aniversário de um amigo nosso em comum, Loigie, nosso querido amigo francês.
  Me posicionei na entrada e um sentimento triste se apoderou de mim. Eu entraria sozinha, há muito tempo não converso com meu pai. Eu não sabia se ele estava bem, ou sequer vivo. Mas aí, aí eu vi a melhor pessoa que Deus poderia ter colocado no meu caminho. . O meu .
  Sabe quando a Jane, a personagem do filme Vestida para Casar, disse que a parte que ela mais gosta nos casamentos é quando a noiva entra e quando todos olham para a noiva, ela olha para o noivo, porque é nessa hora que você sabe se o noivo está apaixonado ou não pela moça que entra.
  E foi o que eu fiz.
  O brilho nos olhos do meu noivo era tão intenso que eu poderia viver o resto da vida olhando para eles. As ruguinhas características de quando ele sorria. A curva de seu sorriso. Tudo. Eu podia sentir o que ele sentia. Tínhamos uma conexão fora do comum. E é por essa e outras razões que eu o escolhi.
  Assim que cheguei até ele, eu pude sentir o toque suave e caloroso de suas mãos calejadas, logo as direcionando para o meu rosto e seus lábios macios em minha testa.
  O padre começou a dizer o que era para ser dito, mas nada mais importava. Eu estava com ele, nos encaramos quase por toda a cerimônia. Vi Sophie e Jace entrarem com as alianças e dei um beijo em cada um.
  Eu estava em um turbilhão de sentimentos e emoções, e a única coisa que eu pude ouvir foi o seu nome e, mesmo naquele momento, temi que ele dissesse não, mas senti a aliança deslizava pelo meu anelar esquerdo, se encaixando perfeitamente e naquele momento, eu sabia que tudo tinha acontecido, que não passava de um sonho. Mal ouvi o meu nome só sabia que naquela hora eu deveria falar sim, se pudesse eu gritaria para os quatro ventos.
  Eu já estava chorando desde o momento que Soph e Jace entraram com as alianças, a única coisa que pude ouvir com exatidão foi o “pode beijar a noiva” e logo em seguida senti suas mãos deslizando pelas minhas costas expostas e seus lábios nos meus. E seu gosto tão característico, gosto que eu nunca cansaria de sentir. Doce e carinhoso. Ouvi as palmas e assovios vindos dos meus amigos, olhei rapidamente para minha irmã, a única família “próxima” que eu tinha, e ela sorria orgulhosa, depois olhei para os meus avós, agradecendo apenas com um aceno por eles terem cuidado tão bem de mim. E finalmente olhei para seus olhos.
  Um sorriso de canto surgiu em seus lábios e eu sabia que ele falaria em francês. Ele sabe o quanto eu derreto ao ouvir seu sotaque forte e delicioso na voz dele.
  - Je t'aime vraiment. – sussurrou com seus lábios roçando nos meus.
  Eu não tinha muito conhecimento sobre francês, mas sabia como se pronunciava...
  - Je t'aime vraiment – ... e o significado, porque eu sinto o mesmo por ele. Eu realmente o amo...



Comentários da autora


Heey, gostaram da história? Bom espero que sim, porque ela escrita com muito carinho. Bom, para não ficar colocando link na fic vou deixar aqui como eu imaginei o cenário e o vestido da personagem.
Foi mais ou menos assim que eu pensei
A ideia para a fic apareceu do nada, a princípio era pra ser uma história – que eu ainda vou escrever – mas eu pensei bem e me veio essa ideia. Apesar dela se bem pequenininha, é de coração. Eu quero muuuuito agradecer à Julia Massotti, porque ter me ajudado a escolher a fic, o que você falou me deixou sem palavras, sério, muito obrigada mesmo! Se quiserem falar comigo é só me chamarem no tt e pá. Beijo no coração galerinha!!