Jack To The Future

Escrito por Gabrielli Salviano | Revisado por Mandyy

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  ’s POV:
  Tudo começou quando eu deixei minha cidade. Ou melhor, quando deixei minha cidade, minha família, meus amigos e meu namorado. Tudo para seguir o meu sonho, que só podia se tornar real se eu fosse para Los Angeles.
  Meu sonho era ser colunista de alguma revista de música. Eu sempre gostei de escrever e sempre tive um bom senso crítico sobre as bandas que eu costumava escutar. Meu namorado tocava guitarra em uma banda independente e sempre procurava minha opinião. Normalmente dava certo, e talvez fosse por isso que sua banda não parava de crescer.
  Só que eu deixei Baltimore. Deixei Jack. E a partir daí minha vida começou a fugir do meu controle. Eu saí de Baltimore, mas ela nunca havia saído de mim. O que me esperou na California foi um estágio na Alt Press, o que é ótimo, perto do que eu queria. Perto, por que eu não tinha minha coluna, não tinha voz nem nada. O máximo que cheguei perto de um músico foi no corredor da redação, onde tive de servir café para Joel e Benjamin Madden e disse “Hey caras, sou de Maryland também!”. Meu chefe me mandou para sua sala imediatamente.
  Fora da redação eu tinha uma vida bem sem graça. Não tinha amigos na Califórnia, só conversava com minha melhor amiga, , através do skype, pois ela prometeu que não sairia de nossa cidade. Eu estava saindo com um cara, que se chamava Todd. OK, eu namorava Todd, até porque estava saindo com ela há um ano. Todd tinha uma banda independente como Jack, Todd gostava de tudo que eu gostava como Jack, Todd tinha um cabelo engraçado como Jack, só que Todd não era Jack. Todd era estúpido. Saía com qualquer fã de sua banda desconhecida, mesmo tendo uma estúpida aliança em seu dedo. Conviver com Todd era difícil, pois ele era mesquinho, teimoso e mimado. Achava que era um rockstar, mesmo sendo um perdedor.
  Concluindo, eu me martirizava todos os dias por ter deixado minha cidade, meu emprego no jornal local e todos que me amavam. Principalmente Jack.

  Jack’s POV:
  A minha vida saiu dos trilhos quando minha namorada me largou por Los Angeles. Eu não a culpava, também tinha meus sonhos, mas queria ter tido a chance de levá-la comigo, quando minha banda fizesse mais sucesso.
  Eu tinha a vida perfeita, amigos incríveis, uma banda incrível com fãs incríveis e a melhor namorada de todas. Ela me entendia, me apoiava e para mim era a garota mais linda daquele país. Para Alex era , já que eles estão juntos há um tempão. Mas para mim, era única, mesmo com todas aquelas garotas gritando meu nome da plateia.
  E então ela partiu. Eu me tornei um idiota. Aguentei mais seis meses na banda, até meus amigos me mandarem procurar ajuda. O motivo: eu perdia ensaios, não conseguia me concentrar nos shows e em meus momentos sozinho eu me divertia com uma garrafa de vodca. Em um período de seis meses eu perdi minha namorada e minha banda.
  Como eu não sabia fazer mais nada além de tocar guitarra, um belo emprego na loja da minha mãe me esperava. A minha parte favorita era quando precisava entregar coisas e fazia isso com meu skate. Até eu derrubar a mercadoria de uma velha irritante e minha mãe me proibir de fazer isso. Até meu skate eu perdi. Eu era o cara mais perdedor do mundo. E essa é minha vida há um ano.

  ’s POV:
  Mas um dia estúpido começava. Sinceramente eu só me levantei e fui para a redação porque eu iria servir café para Tom DeLonge e o resto do Angels and Airwaves. Tom era meu maior ídolo, e foi por causa de Blink que Jack e eu começamos a nos aproximar. Depois da minha rotina matinal segui para a redação. Ao abrir a porta dei de cara com Todd chegando a minha casa. Eram sete horas da manhã e ele nem morava ali. Para completar tinha uma marca no pescoço, provavelmente ele tinha se divertido na noite anterior.
  - Tem comida na geladeira. Tchau – disse somente isso e segui até o elevador.
  - Eu não mereço nem um beijinho de bom dia? – ele disse. Eu dei meu olhar mais cínico na direção de Todd.
  - Não! – foi o suficiente para ele me beijar a força. Ele cheirava a bebidas e aquilo me nauseou. – Todd, me deixa em paz, eu preciso trabalhar. – e o elevador chegou, com alguma benção divina.
  E eu peguei o metrô, que estava lotado. Tropecei na escadaria pela qual tinha que passar. Cheguei atrasada. Fiz o que me pediram como tirar cópias, responder emails e atualizar o site da revista. E quando eu ouvi o rumor “Tom está chegando” também ouvi a voz de meu chefe “, na minha sala agora!”. Olhei para meu roteiro de entrevista inútil para o AVA que jamais seria usado e segui para a sala de meu chefe.
  - Sente-se. Primeiro, volte para sua casa, você está de férias. – minha raiva se tornou intensa, quer dizer que nem ver Tom eu podia? – Segundo, li o roteiro que estava em sua mesa e adorei, daqui a vinte dias, quando você voltar, quero que vá para a Warped Tour e escreva uma matéria que me impressione. – engoli a raiva momentânea e assenti. Era o que eu precisava. Uma promoção. Assinei os papéis e fui para minha casa. Com muita sorte, Todd estaria dormindo e não me incomodaria.
  Pensei o dia inteiro em Tom DeLonge, que me levava para Jack e para Baltimore. E foi quando tive a melhor ideia da minha vida. Eu passaria os próximos dias em minha cidade. Comecei a arrumar minhas malas, escrevi um bilhete para Todd dizendo que ele era um imbecil e que eu não queria vê-lo nunca mais. Deixei minha aliança estúpida perto do bilhete. E então peguei o primeiro avião.
  Eu sei que uma pessoa normal pegaria um táxi e iria para casa ver sua mãe e seu pai, mas eu tinha certo remorso no meu coração. Jack. Fui direto para sua casa. Eu poderia pegá-lo com outra garota, mas aquilo não importaria, só precisava vê-lo e saber que estava bem. Eu sabia que os garotos da banda estavam firmes sem Jack e aquilo partiu meu coração. Sabia que era minha culpa. Eu só queria voltar no tempo. Minha vida estava horrível, eu suportava aquilo, mas não suportava pensar isso de Jack. Ele não merecia.
  Assim que paguei o motorista desci do carro. Tudo estava igual, a loja da sua mãe estava aberta, ainda tinha a mesma fachada. Dali conseguia ver a janela do quarto dele. Segui para o interior da loja, assim poderia perguntar dele.
  Um garoto estava sentado atrás do balcão com fones nos ouvidos e um livro nas mãos. Estava de costas. Não reconheci.
  - Hm, desculpe? – falei. Burra, ele não iria te escutar. Cutuquei seu ombro. – Ei, por favor, você poderia me responder uma coisa? – o garoto virou. O cabelo preto caia nos olhos. A barba estava por fazer, ele estava boquiaberto. - Jack?
  - ? – ele sorriu. E aquela foi a coisa mais linda que eu havia visto no último ano e seis meses.
  - O que aconteceu com seu cabelo? – seu cabelo que costumava ter uma mecha loira no topo estava completamente escuro.
  - Você voltou! – ele falou de forma boba. – Ei, May, cuide de tudo por aqui. Eu tenho que sair. – Jack me puxou pelo punho e me levou até uma praça próxima dali.
  - Jack, me manteve informada. Desculpe, foi minha culpa, eu estou tão arrependida de minhas escolhas! – comecei a chorar. Ele me abraçou, e pela primeira vez nesses meses me senti segura.
  - Eu que fui fraco. – ele beijou o topo da minha cabeça. – Eu perdi o controle de tudo, eu fui um estúpido, eu não te mereço.
  - Eu perdi o controle, eu estraguei sua vida, minha vida, tudo. Mas eu te amo Jack, mais do que qualquer outra coisa!
  - Eu também te amo, diz que você voltou para ficar! – mordi meus lábios.
  - Eu não posso. – expliquei para ele de minha promoção relâmpago. Ele me perguntou de como estava minha vida, contei de Todd, de toda minha infelicidade, de tudo de ruim que acontecia comigo. Jack me contou da saída da banda, de como os garotos se saíram bem como um trio, de como ele havia se tornado um perdedor, das garotas com quem tinha saído, e do quanto sentia minha falta.
  - Mas eu nunca te esqueci, nunca te culpei, e continuo te querendo de volta! – uma lágrima escapou de meus olhos.
  - Vem comigo, Jack!
  - O que eu vou fazer em LA, sendo que não sei fazer nada?
  - Eu queria que tivesse uma saída simples... Como voltar no tempo, eu não teria saído daqui! – de repente o dia ensolarado foi interrompido por um raio estrondoso.
  - Eu te levaria comigo caso o All Time Low fizesse sucesso por lá. – dei um sorriso para ele. Ele retribuiu. – Eu queria voltar no tempo. – o raio reapareceu. – Acho que vai chover. - nossa conversa ininterrupta de uma hora de repente se tratou sobre o clima, eu ri daquilo. E o silêncio se instalou entre nós. Jack olhou nos meus olhos e disse: - nós podíamos fazer tudo diferente. Pena que não é tão simples. Eu só queria voltar no tempo. – o raio estrondou novamente. Jack tocou meu rosto e se aproximou. Tecnicamente eu ainda estava com Todd, mas achei que ele merecia aquilo. Aliás, eu merecia aquilo. Jack me beijou.
  A sensação foi estranha. Meu corpo começou a formigar, e não era algo do tipo borboletas no estômago. Claro que tinha isso, mas o formigamento me incomodou bastante. Fora aquilo, era a melhor sensação do mundo, que me fazia querer estar em Baltimore para sempre. Quando abri meus olhos, algo estranho nos cercava. Era como estar de volta ao passado.
  Estávamos na mesma praça, com as mesmas roupas, mas elas não combinavam com o cenário. Como se estivéssemos de volta ao início da faculdade, ao início do All Time Low. Ao início do nosso namoro. As pessoas que passavam falavam gírias que eu não escutava há quatro anos. Vestiam roupas horríveis.
  - Isso foi incrível – Jack falou, e se aproximou novamente. Só que eu o impedi. – O que foi? Não gostou? Você realmente mudou, não é mesmo?! – ele tinha sarcasmo e tristeza na voz.
  - Não, Jack, olhe em volta. – ele olhou. – Hm, eu adorei a propósito! – ele riu. Até se assustar.
  - O que aconteceu? Parece que nós voltamos no tempo. Olhe essas pessoas. Espere. A gente voltou no tempo. Mas é impossível. O que faremos? Como voltamos.
  - Jack, espera. Precisamos de um jornal. - Atravessamos a praça à procura de uma banca de jornal e lá marcava, dia 10 de julho de... 2005. - Como nós conseguimos voltar no tempo?
  - Eu não sei, precisamos voltar agora! Minha mãe vai me matar! – eu ri.
  - Era isso que a gente estava pedindo! Eu não quero voltar para minha vida medíocre. – ele pareceu pensar naquilo.
  - Eu também não. Então vamos agir como se estivéssemos no passado.
  - É como se você fosse o Marty e eu Jenny! – rimos.
  - Jack to the future! – rimos de novo.
  - Então vamos seguir as instruções do Doc.
  Começamos nossos planos. Algo básico: Não poderíamos ver nossos “eus” do passado. Mas tínhamos de mudar nosso futuro. Mudar a ordem cronológica da história. Pensei que para ficar em Baltimore eu precisava que Jack me impedisse. Só que ele foi o que mais me pediu para ir. Pensei então que tínhamos de fazer o All Time Low crescer. Ir para LA. Eu os ajudaria por lá. Faria o mesmo que fiz para entrar na Alt Press. Expliquei tudo isso para Jack. E ele tomou a iniciativa.
  - Nosso casal favorito nos ajudará. Precisamos de Alex e do passado.
  - Eles não vão acreditar em nós.
  - Eu só preciso que eles prendam nossos ”eus” do passado no porão da minha casa. Ninguém entra lá há anos. – ri daquilo. – Então nós entramos em cena, como nós do passado. Eu farei do All Time Low a melhor banda da cidade. Você lutará por uma coluna de música no jornal da cidade.
  - Eu estou no começo da faculdade.
  - Faça o mesmo estágio. Mas lute por uma coluna. E então quando formos para LA, você estará apta para um emprego melhor na Alt Press.
  - E minha matéria na Warped Tour?
  - O All Time Low estará nessa Warped Tour. Você sabe como nos entrevistar, vai estar à vontade e vai conseguir seu espaço na revista.
  - Nós ficaremos presos aqui por quatro anos?
  - Quer voltar para seu estágio estúpido e para o imbecil do
seu namorado bêbado?   - Não, meu namorado de Baltimore é mais legal. – ele sorriu.
  - Então vamos começar do zero. Quem tem essa chance? – nos beijamos. E então seguimos para a casa de Alex.

  A casa de Alex deveria continuar a mesma no futuro. O mesmo jardim extremamente colorido, a mesma fachada branca com telhado negro e provavelmente seu quarto continuava com a mesma bagunça. Quando a senhora Gaskarth nos mandou esperar por Alex em seu quarto eu relembrei daquele chiqueiro. Tinha uma caixa de pizza em cima da cama, as paredes eram completamente cobertas por pôsteres de modelos da Victoria’s Secret e bandas de pop-punk. Eu percebi que não sentia falta dali quando vi sua cueca pendurada na fechadura da porta. Estava suja.
  Mas Alex era meu melhor amigo e eu adorava sua companhia. Achava que era o melhor cara para , apesar de tudo. Ele conseguia ser um idiota quando estava com Jack, Rian e Zack, mas era extremamente meloso com minha amiga. Percebi o quanto senti falta de ter os dois por perto. Até sermos interrompidos no quarto por um casal se agarrando. Era o casal ternurinha.
  - Hm... Alex? – Jack pigarreou. O casal se desgrudou e deu um grito de susto. Pensei em como ela reagia ao ver tantas mulheres na parede do namorado. Jack não era assim. Pelo menos escondia suas revistas de baixo da cama.
  - Acho que minha mãe queria me avisar da visita. – Alex informou a namorada com um sorrisinho meigo. – Cara, que roupa maneira! – troquei um olhar com Jack “deveríamos ter passado em casa antes e trocado de roupas”.
  - Eu vim do futuro. – Jack falou. Alex riu.
  - Cara, já falei para você parar de usar drogas!
  - Da onde você acha que nós encontramos essas roupas? E esses celulares? – falei pela primeira vez. Percebi um choque no casal ternurinha.
  - E nós precisamos de sua ajuda. Achem nossos eus do passado e nos tranquem no porão da minha casa. Eu e do futuro iremos nos passar por nós do passado até tudo no futuro voltar aos trilhos.
  - Se nós trancarmos vocês no porão, vocês vão morrer de fome. Então vão morrer no futuro. Mesmo que se alimentem de luz, vocês vão modificar nossas vidas de agora e tudo vai dar errado no futuro, porque seus eus do passado não vão entender nada do futuro. Que tal voltarem para onde vieram e consertar a merda que vocês fizeram e ainda não descobrimos? – disse.
  - trabalha na Alt Press no cargo mais baixo e está prestes a conseguir uma promoção. Só que namora um babaca. Vocês me expulsaram da banda e eu me tornei um perdedor. Eu quero consertar tudo isso. Quero estar na banda, ir para LA e levar minha namorada comigo, assim ela vai trabalhar na Alt Press, vai nos entrevistar na Warped Tour e vai conseguir sua promoção e vai fazer com que todo o país conheça nossa banda. Tudo vai dar certo, vocês precisam nos ajudar.
  - Jack, as pessoas não podem saber muito de seu futuro. – eu disse.
  - Foi necessário!
  - Eu preciso ajudar vocês! – Alex falou num tom de voz que parecia que iria chorar. Meu espírito nerd me lembrou da mitologia grega, em que quando as pessoas encontram sereias ouvem coisas tão sinceras a respeito do futuro que querem se matar. Rezei para aquilo ser real apenas na mitologia.
  - Conversaremos com vocês do passado. – disse.
  - Mas não deixem ninguém saber dessa história surreal! Enquanto vocês fazem isso por nós, iremos descobrir como isso ocorreu.
  - Achei que teríamos tempo para nos divertir... Sabe, um ano e meio longe, saudades... – dei um tapa nele.
  - , não me deixe ir para LA até o All Time Low crescer o suficiente para fazer isso antes! Alex, convença Jack a não me deixar ir.
  - Deixem conosco! – Alex falou e em seguida deu uma piscadela.
  - Vou confiar em você, cara!

  Jack e eu saímos da casa de Alex, e queríamos ficar a sós. Aproveitar nosso relacionamento reatado. O problema era que nossa situação era tão surreal que precisávamos primeiro resolver nossas vidas e depois aproveitar tudo sem preocupações.
  Estávamos no carro do Jack do passado, enquanto Jack e do passado estavam no cinema. Jack do passado tinha sérios problemas para lembrar-se de fechar o carro, então deixou para nós um esconderijo perfeito. Tivemos tempo para aproveitar nosso namoro recém-começado até eu interromper tudo.
  - Tive uma ideia.
  - Garota, qual seu problema? - Jack parecia revoltado, por isso não parou de beijar meu pescoço. Foi difícil me concentrar no plano.
  – Então... Você... Jack.
  - Fala logo. – ele riu.
  - Fica quieto! Então... Dê-me um papel, porque tenho um plano mais prático e eficaz. Só preciso de uma caneta e um papel para isso.
  - O que você tem em mente?
  - Eu não conheço ninguém, mas tenho números. Vou pedir para a do passado enviar uma demo da sua banda para a universal.
  - Alex do passado vai engajar a banda nessa tarefa. – eu concordei.
  - Nós só precisamos voltar para o futuro para saber se deu certo.
  - E esse é o problema! – ele me estendeu um bloco de papeis que estava em minha mochila do passado. Achei aquilo um tanto indiscreto da parte dele, ainda era meu. – Mas pensa: nós desejamos voltar para o passado e voltamos para o passado, agora basta desejar voltar para o futuro.
  - Então vamos terminar nossa missão por aqui! – peguei um papel e escrevi uma mensagem que me convencesse. “Quando você sentir que a banda de Jack está preparada, mande uma demo para esse cara: número xxxxxxx” e deixei na página do livro em que eu estava lendo no passado, como marca-páginas. Aquele ainda era meu livro favorito, e meu Deus, como eu desejei viver aquela época de novo.
  - Vamos voltar para a casa de Alex? – concordei. Então voltamos. Senhora Gaskarth nos mandou esperar na sala dessa vez, pois o quarto de Alex estava trancado. Imaginei que os pombinhos estavam finalizando um assunto mal resolvido antes de ajudarem seus amigos.
  E então Alex desceu com . Jack não deixou que o amigo se explicasse, queria nos poupar dos detalhes que não precisávamos saber. Só foi breve e explicou o que tínhamos feito, qual era a missão do Alex para fazer a demo e a de para me convencer de mandar a demo. Agora precisávamos voltar para o futuro, e usaríamos a mesma técnica.
  - Hm... Alex, você poderia nos emprestar seu quarto? Precisamos voltar para o futuro da mesma forma que viemos parar aqui. – Alex ficou com uma cara engraçada, era um pervertido sem cura, mas acabou cedendo seu quarto. Aquilo seria bem desagradável, mas eu queria voltar para casa e ter Jack comigo em LA.
  Fomos para o quarto e fiquei imaginando que eu teria que beijar meu namorado olhando para uma modelo da Victoria’s Secret de biquíni. E teria que pensar em como eu queria voltar para o futuro. Precisava me concentrar e aquele era o pior lugar para aquilo.
  - Eu quero mais que tudo voltar para um futuro em que eu levei a demo e que tudo deu certo para vocês. – um raio soou, bom sinal, sorri. - Quero voltar para o tempo em que vocês estão na Warped e que estou prestes a entrevistá-los e mudar minha carreira.
  - Eu quero a mesma coisa! – Jack sorriu. – Quero voltar para esse futuro. – enquanto o segundo raio estrondava fora do quarto, Jack se aproximou e me deu um beijo. Primeiro, não contive as borboletas, pois eu era imensamente apaixonada por ele há alguns anos, então era inevitável. Segundo, o formigamento recomeçou e aquilo era bastante incômodo. Aquilo levou mais algum tempo e eu fiquei com medo de abrir os olhos. – Isso é realmente chato, esse formigamento incomoda. – Jack falou.
  - Já abriu os olhos? – eu perguntei.
  - Já. Estamos no mesmo lugar! – ele disse. Abri meus olhos num impacto com medo de não ter dado certo. Estávamos em um quarto luxuoso, com uma TV enorme em nossa frente. Coisa que não existia em 2005. Nem em meu apartamento.
  - Seu estúpido! – ele gargalhou.
  - Curiosamente eu me lembro de como viemos parar aqui. – me lembrei da festa no andar de baixo. Os caras estavam um pouco bêbados e felizes por terem terminado de gravar um álbum novo.
  - E de como Alex comprou essa casa. – foi quando o dinheiro do contrato com a gravadora caiu na conta dele. Jack tinha uma casa tão legal quanto essa. E eu morava com ele.
  - E de como minhas fãs te odeiam. – eu sorri. Bom, ele era um astro agora.
  - E algo me diz que tenho um trabalho agendado para semana que vem. Warped Tour. A primeira de vocês.
  - Agora precisamos saber se tudo realmente deu certo.

  Descemos daquele quarto que eu sabia de alguma forma que era o de Alex. Pensei nas coisas desagradáveis que antecederam nossa estadia lá. No fim do corredor de quartos havia uma escada, daquelas típicas de casas luxuosas. Só que Alex tinha um bom gosto como sempre. Na parede existiam quadros legais, e não era só ali.
  Conforme descíamos as escadas, a música se tornava cada vez mais alta e o fluxo de pessoas se tornava maior. Eu me lembrava de como conheci aquelas pessoas que foram convidadas, e elas eram membros de bandas que faziam sucesso naquele momento. Eu me assustei quando dei de cara com Pierre do Simple Plan, porque eu costumava escutar em meu quarto suas músicas e já tinha ido a alguns shows de sua banda com Jack. Eu também me lembrava de que ele vinha se encontrando com Alex para sessões de composição, e que eles se davam bem musicalmente. Eu senti orgulho do All Time Low.
  - O que vocês estavam fazendo naquele quarto até agora? – Zack pulou no pescoço de Jack. Era óbvio que ele estava um pouco bêbado. Ou até demais. Aquilo me lembrou de Todd. Aquele Todd que graças a nossa viagem ao passado eu não conheci.
  - Nada que casais de longa data não fazem – Jack disse. – Cadê e Alex?
  - Bom, Alex está ali com aquela garota, Ashley. provavelmente está em Baltimore, trabalhando nas organizações dos eventos daquela empresa chata que ela jurou nunca fazer parte. Sabe, não quis vir para Los Angeles com nossa banda e isso esperou por ela... – ele falou como se fosse normal. Jack e eu trocamos um olhar completamente assustado, do tipo de olhos arregalados. – Porque vocês estão agindo assim, como se não soubessem disso há meses?
  - Nós precisamos ir para Baltimore agora! – Jack falou.
  - Nós precisamos primeiro espancar o Alex. – eu disse. – Ele é o culpado, sabia do que estava por vir e não fez nada para intervir.
  - Vocês estão loucos? O Alex agora é vidente? – vidente não sei, mas guardou segredo muito bem... – Aliás, Alex foi o que mais sofreu com a mudança. Quase saiu da banda para ficar com sua amiga. Ela prometeu que não sairia de nossa cidade.
  - E porque ele não a trouxe conosco? – Jack perguntou.
  - Você está com amnésia? – Zack perguntou com um riso sarcástico. Jack poderia ter soltado laser com os olhos, pois Zack resolveu nos contar a história novamente. – Ele tentou, ela veio, mas não conseguiu se adaptar como . Ela iria ser da nossa equipe, organizar as turnês, os shows, mas não suportou o assédio, as fofocas, as groupies. Ashley é uma delas, na primeira oportunidade saiu com Alex, mas é óbvio que ele não gosta dela. odeia essa garota mortalmente. Nem quero pensar em como seria se elas se vissem.
  - Cara, eu e vamos para Baltimore agora! Avise Alex e Rian que fomos, mas não diga o porquê, nós vamos trazer para cá, ela não deve estar melhor por lá. – Jack informou.
  - Cara, não se mete! – Zack avisou.
  - Você não tem ideia do quanto isso é pior do que parece! Eu não sabia que se nossa banda ficasse famosa seria tão ruim para todos os lados. – fuzilei meu namorado com os olhos. Ele parou com aquelas dicas de “nós fomos ao passado e a culpa é nossa de tudo dar errado sempre”.
  - Nós temos Warped Tour em três dias.
  - Que bosta, eu me esqueci disso. – eu me revelei alto demais.
  - Você? A que mais está ansiosa por isso? – Zack estava atônito.
  - Nós vamos voltar para Baltimore, vamos chegar a tempo e eu vou conseguir minha promoção.
  - Claro que vai, esse roteiro está pronto há anos! – rimos. Digamos que eu havia me preparado bem para isso e que estava confiante. – Mas vocês não podem voltar para Baltimore.
  - Mas nós vamos – eu disse.
  Saímos com nossas roupas do corpo, com cartões de crédito e celulares. Tudo que pessoas precisam para sobreviver. Pegamos o primeiro voo para casa. Muito cansativo, mas extremamente necessário. Ela voltaria com a gente, e veria como nossos garotos estavam crescendo e se tornando a melhor banda do país, graças a nossa ajuda do começo. Claro, ela precisava voltar com Alex, porque simplesmente deveria estar tão mal quanto eu estava durante o tempo que fiquei longe de Jack. E Alex pelo jeito estava sendo um estúpido da mesma maneira que Jack foi. Eu queria que aquilo não fosse suficiente para ele ser expulso da banda por ser um idiota.
  - Mayday situation overload, I’m restless, obcessed with your future – Jack cantarolou versos que pareciam ter sido criados naquele momento.
  - Isso é bonito! – falei. Eu era a maior fã deles e adorava quando presenciava novas criações.
  - I don’t wanna say goodnight, the city comes alive, when we’re together, why can’t Thursday last forever? – eu estava encantada. – I don’t wanna say goodnight, I’ve never been so sure. Just do it for the memories, do it for Baltimore, do it for me.
  - Isso combina exatamente com esse momento, e eu espero que você se lembre disso quando estiver com Alex.
  - Ah, eu vou! – ele sorriu e pegou minha mão. – Nós vamos consertar isso, para variar um pouco! – dessa vez eu sorri para passar a Jack a segurança que ele me passava. Mais algum tempo e chegamos a nossa cidade.
  E aí pegamos um taxi, o que foi difícil, visto que ainda estava amanhecendo. Eu queria ir para o futuro só para conseguir aquilo mais fácil. E esses meus desejos estavam ficando perigosos, pois por culpa deles aquilo estava dando errado.
  - E se nós voltássemos para o passado de novo? – o raio chicoteou assim que eu disse.
  - Eu não quero. – Jack disse. – Quero tentar até meu último fio de cabelo. Em ultimo caso faremos isso.
  Eu concordei. Era perigoso. Se voltássemos para o passado e fizéssemos com que e Alex estivessem juntos, talvez o próximo a ter problemas com o passado seria Rian ou Zack, e eu queria poupá-los daquilo. Acho que Jack sentia o mesmo, afinal, se tratava da felicidade de seus melhores amigos.
  - Mas às vezes parece ser a única solução... – Jack falou. E assim que disse o motorista do taxi estacionou na frente da casa de . Fazia algum tempo que eu não pisava ali.
  O que chamou atenção foi que tudo continuava igual, calmo, sereno. A não ser pela aflição que a casa de passava para nós. Era quase dia, mas ainda estava escuro. Tudo apagado, menos a luz da sacada do quarto de sua mãe. Ela parecia estar preocupada, olhava a rua vazia com uma xícara na mão, que deveria ter café dentro. Olhou para nosso taxi com curiosidade e pareceu decepcionada com nossa aparição.
  - Vocês viram minha filha? – ela perguntou aflita. – Entrem, por favor. – Jack abriu a porta da casa de minha amiga e entrou. Mas antes sussurrou para mim:
  - Tem algo muito errado aqui e eu estou preocupado.
  Ela desceu as escadas e se encontrou conosco. E então nos contou uma história horrível. Minha melhor amiga estava sofrendo daquilo que eu sofri na minha história que não aconteceu. Só que foi mais urgente e radical. Roubou o carro do irmão mais velho. Deixou um bilhete dizendo que havia se demitido daquele emprego imbecil. E que estava dirigindo para LA. Ela iria recomeçar do zero, assistir Alex realizar seu sonho, pedir desculpas e voltar a fazer parte de nossa gangue. E claro, voltar para Alex, porque ela se sentia um lixo sem ele. Sentia-se sem função na vida. Achei bem depressivo. E quando a primeira lágrima escapou de meus olhos, Jack me disse:
  - Precisamos voltar para casa!
  - Jack, eu estou cansada, precisamos achar ainda... – pensei no que dizia. Meu raciocínio estava lento naquela hora da madrugada. – Ela foi para LA, nossa casa... Oh shit, Alex e Ashley.
  - Quem é Ashley? – a mãe de pareceu preocupada. Contamos que Ashley é uma das culpadas por tudo ter dado errado. E que Alex andava se esfregando nela. E que se soubesse daquilo um crime seria realizado. Do tipo homicídio.
  - Nós voltaremos para casa, mas nós deixaremos você informada! Tudo vai dar certo! – Jack disse para a mãe de nossa amiga. – Só que ela ficará conosco em LA! – ela sorriu.
  - Só não deixem minha menina fazer nenhuma besteira... – ela disse. E então nos despedimos. Já do lado de fora, nós retomamos nosso plano:
  - Se encontrar Ashley e voltar para cá eu juro que volto para o passado. – e o raio cortou o céu de verão recém-amanhecido novamente.
  - Não vai ser preciso.

  E então tudo recomeçou. Mais duas passagens de avião no cartão de crédito sem limites de Jack. Mais algumas horas sem sono, mais um pouco de dor nas costas. Só que isso parecia ótimo, diante do que estava por vir. Basicamente, minha melhor amiga agora estava tendo sérios problemas emotivos que poderiam desmoronar quando ela visse Ashley pendurada em Alex.
  E Jack cismava em querer resolver aquilo da maneira convencional, sendo que bastava desejar com todas nossas forças voltar para o passado, dar um beijo e passar por uma sessão de formigamento corporal. Depois era só bolar um plano maluco e torcer para que tudo desse certo no futuro.
  Mas não, era teimoso e mimado, ou seja, eu tinha que passar pela falta de sono e dores nas costas. Mas como nós éramos um casal do tipo Hollywood, nós nos completávamos de algum jeito, e meu defeito era o orgulho. Eu não queria admitir que ele estava certo. E ele estava.
  Algumas horas mais tarde, chegamos a LA. Jack ouviu certos berros do empresário da banda que implorava para que os meninos descansassem. Eu ouvi meu berro na minha cabeça, já que eu deveria fazer o mesmo, sendo que esperei quatro anos por aquilo.
  De repente vi toda nossa expectativa ruir em nossa frente. Jack estaria se apresentando morto e digamos que é importante um guitarrista ágil em uma banda de rock. Alex afetaria tudo caso visse a ex. E ela faria alguma espécie de escândalo quando soubesse do fim da história. Eu teria que fazer um roteiro de entrevista as pressas, para perguntar do show de estreia que foi um fiasco. Se essa matéria me ajudasse na promoção, afetaria a banda. Mas eu jamais escreveria isso. Ou seja: fim das nossas carreiras.
  Só que não tinha chances deles faltarem nesse show. Era nosso sonho há quatro anos. Para variar, eu e Jack teríamos que resolver tudo.

  E então se passaram aqueles dois dias antes do primeiro show da Warped Tour, que começou em Malibu. No dia derradeiro, tudo parecia lindo: sol, praia, gente estilosa, bandas legais. Os meninos (inclusive Jack e o coxinha do Alex) não paravam de dizer o quanto achavam legal tocar para garotas com decotes, mesmo se dizendo apaixonados por suas namoradas (no caso de Alex por sua ex). Fora esses detalhes que nos agradavam, Jack e eu pensávamos na catástrofe interna que estava para eclodir. ainda não tinha dado sinal de vida, mas sentíamos que ela não perderia aquilo.
  - Por favor, se empenhem. Eu tenho que ir com a equipe da revista, nós temos nosso lugar apropriado de imprensa. – Jack fez bico. – Mas tem a boa notícia: é bem na frente do palco e nos veremos logo após o show!
  - Eu estou tão ansioso que acho que vou vomitar em você.
  - Estou indo com minha equipe! – ele riu. Mas foi coisa rápida, já que ele estava uma pilha de nervos. Nervosismo pré-show importante, Mark Hoppus estava lá e nossa melhor amiga voltaria a tempo de ver uma groupie se esfregar em seu ex.
  - Eu prometo que o show não vai ser uma catástrofe como você prevê! – eu dei um sorriso amarelo. – Mas não pense duas vezes antes de me chamar para ver novamente.
  - Certo! Mas nós vamos com certeza nos encontrar antes para escrever uma matéria que mudará a carreira do All Time Low. Ok, a minha também. – ele riu. Eu me inclinei para lhe dar um beijo de despedida. – Boa sorte querido. Confio em você!
  - Não vai não! – quando você, leitora, conhecer a fofura chamada Jack Barakat através da Alt Press vai saber o quanto foi difícil resistir a sua carinha de cachorro sem almoço.
  - Eu não quero ir, mas você disse que vai vomitar em mim. – ele gargalhou. Novamente coisa rápida, o que me preocupou. – Jack, você ainda se lembra do primeiro acorde de Weightless?
  - Estou começando a achar que não. Desse jeito Mark nunca vai aceitar participar do clipe.
  - Querido, nada de pensamentos negativos, é tudo que não precisamos. – sorri tentando encorajá-lo. – Vocês conseguirão fazer o melhor show da banda hoje! – ele sorriu largo e me deu um ultimo beijo. – Boa sorte!
  - Obrigado. Para você também, afinal, você vai chutar todos os traseiros gordos da Alt Press com essa matéria! – ele é um amor mesmo.

  E então minha equipe e eu contornamos a multidão de pessoas e chegamos àquela área reservada à imprensa. Era o melhor show da minha vida no melhor lugar da multidão. Perto do palco, perto dos Vips, perto do povo. Dava para pular, gritar, dançar, tirar fotos e enxergar as bandas sem cabeças em minha frente.
  Minha equipe era somente uma garota chamada Patty que teria mil funções naquele dia, eu só gostava do status que me passava ao falar “tenho uma equipe”. Enfim, Patty fotografaria o All Time Low, visto que eu ia me preocupar mais em pular e cantar durante o show. Caso eu pensasse em fotos, é claro que Jack seria o alvo das lentes. Mas faltariam os outros caras, então era melhor ir com alguém. Claro, eu queria companhia também!
  - Patty, você vai ver, o Jack é ótimo! A banda dele é incrível! As músicas são incríveis, Alex tem uma voz tão agradável... Todos os meninos são ótimos em seus instrumentos e eles são super engraçados! – Patty escutava minha sessão “mamãe orgulhosa” com cara de tédio. Eu não iria parar tão cedo. – Na verdade eles só não são mais engraçados que o blink! De qualquer forma, Jack tem as melhores piadas de masturbação! – eu gargalhei.
  - Eu ouvi boas coisas dessa banda. – não era Patty falando. Ela só concordava. Patty gostava de metal, então estava deslocada naquele show. Essa voz parecia um blink recitado. Uma voz grossa. E era comigo. Virei para trás e me deparei com um cara de cabelos grisalhos espetados, sorriso perfeito, olhos azuis com algumas rugas, mas que ainda estavam atentos. Era tipo...
  - Mark Hoppus? – eu estava com o queixo no chão.
  - Prazer! – ele se inclinou para beijar minha bochecha. – Esse é Pet...
  - Pete Wentz, socorro! – interrompi Mark. – Eu amo tanto vocês dois! Ah meu Deus, Jack vai vomitar quando pisar nesse palco! Por favor, escutem com carinho, eles são ótimos e convidaram vocês para participar do clipe!
  - Calma! Fico feliz por isso, mas relaxa, acredito que eles sejam bons! – Mark disse. Sempre ouvi boatos de que ele era um amor de pessoa, o mais simpático do blink. – Você parece ser minha fã! – ele riu.
  - Blink é minha banda favorita desde sempre e é por causa de vocês que eu estou com Jack há quatro anos! – eu ri. – Posso tirar foto? Com os dois? – e então tiramos fotos. Patty parecia tão desinteressada que me senti envergonhada. Era impossível rejeitar uma foto com aqueles dois. Fiquei conversando com os dois, ou falando o quanto ATL era legal ou o quanto eu era fã dele e de Pete, ou o quanto eu precisava de promoção na Alt Press. Mark me deu seu telefone e disse que se eu precisasse de sua ajuda, ele assim faria sem titubear. Quase chorei. E então ouvi um acorde.
  - Vai começar. – Pete Wentz, disse e finalizou a frase com aquele seu sorriso que me fez esquecer que eu tinha um namorado de longa data.
  E o show começou com Six Feet Under The Stars. Os meninos surgiram e muitas garotas começaram a berrar. Curiosamente eu não me sentia incomodada com aquilo, inclusive ficava dizendo para estranhos: “aqueles são meus amigos”.
  Tirando as piadinhas do meu namorado, a parte mais engraçada do show foi quando ele me procurou na multidão e me achou do lado de nossos ídolos. Seus olhos saltaram e seu sorriso abriu como eu nunca tinha visto. Dei um tchauzinho e ele mandou um beijo do palco. Seus olhos brilhavam tanto que eu quase subi lá só para dar-lhe um abraço. Mas eu estava mais preocupada em gritar o quão orgulhosa eu estava.
  E se a parte mais engraçada foi essa, a parte mais linda foi quando eles tocaram Remembering Sunday e todos cantaram naquela plateia. E eu pensei que aquilo seria algo legal para citar na minha matéria “Get ready for All Time Low” e que seria algo que Mark e Pete achassem muito legal, o suficiente para os convencerem a dar um gás na banda.
  Num desses meus devaneios escutei a voz de Mark berrando no meu ouvido:
  - Você tem razão, me convenceu. Eles são ótimos! – com ênfase na ultima palavra. – É claro que vou ajudá-los!
  Olhei para Mark com vontade de chorar de novo. Então lhe dei um abraço. Só não fiz o mesmo com Pete porque ele estava um pouco longe, mas ele olhou para mim, sorriu (socorro) e fez um “joinha”.
  É claro que procurei por durante o show, mas falhei nessa missão. Jack parecia fazer o mesmo, porém eu poderia estar errada, já que ele deveria estar marcando os rostos presentes.
  Quando o show acabou, eu não sabia o que fazer: se chorava de emoção, se corria para abraçar Jack, Alex, Rian e Zack, se iria com Patty para o backstage para trabalhar, se dava o milésimo abraço em Mark e Pete, ou se procurava por .
  Então chorando eu dei o telefone do empresário dos garotos para Mark e Pete e eu os agradeci com um abraço de quebrar costelas. E arrastei Patty para procurar .
  - Seguinte, Alex namorava minha melhor amiga, só que ela não aguentou a pressão e voltou para Baltimore! Só que a vida dela saiu do rumo por lá e ela voltou, para ver os meninos na Warped e para voltar com Alex. – Patty continuava desinteressada. – Mas Alex está mais ocupado com uma groupie, e se minha amiga vir isso vai ser uma catástrofe entre nós.
  - E você quer procurar essa menina antes da entrevista?
  - Claro, preciso vê-la, Jack quer vê-la e ela quer ver a entrevista há quatro anos!
  - Como ela sabe dessa entrevista há tanto tempo? – o-oh, falei demais.
  - Hm... É... Sou muito confiante, sabe? – como ela era desinteressada em tudo apenas concordou e seguiu em frente, olhando a multidão, tendo em mente a descrição da minha amiga.

  Depois de procurar por uns quinze minutos – sem sucesso – senti meu celular vibrar no bolso de trás da minha calça jeans. Tocava Going Away To College do blink – o toque de Jack. Fora isso, ele apareceu fazendo careta no visor e um apelido tosco que não irei compartilhar. Decidi parar de observar e atender ao telefone.
  - Hello baby! Parabéns pelo show, vocês foram lindos! Com certeza o melhor show! Ah, tenho boas notícias!
  - , vem para nosso camarim agora! Eu não tenho boas notícias! Onde você está?
  - Estou procurando pela , não dá pra ir agora...
  - Ela está aqui, corre! Alex não, mas venha logo!
  - Ah não... Eu estarei ai em segundos! Peça para ela não arruinar minha carreira! – e então desligamos. Arrastei Patty-sem-expressões pela multidão novamente e chegamos ao camarim.
  Se eu não estivesse tão perturbada, eu teria achado legal o fato de apresentar minha credencial de imprensa e entrar onde eu queria. Mas eu agora sentia tudo que meu namorado sentiu horas antes. Medo de a entrevista dar errado, pelo fato de todos estarem sem ânimo para qualquer coisa, depois de uma briga daquelas. Quem sabe aquilo seria o suficiente para fazer Alex surtar ainda mais como Jack fez no passado que não aconteceu.
  E então ao abrir a porta me deparei com uma imagem linda: , sendo cercada pelo ATL, que fazia festa, com exceção de Alex, que estava do lado de fora fazendo imprensa. Então fechei a porta, abandonei Patty e fui ao encontro de Alex:
  - Cara, preciso falar com você! – interrompi uma repórter mesmo. Ele levantou o olhar e pediu licença.
  - Ah, , obrigado por tudo, por ter confiado em nós! – e me deu um abraço que eu me lembrava de não receber a algum tempo. A repórter ficou na merda porque Alex a abandonou completamente.
  - Já ficou sabendo de Mark e Pete? – ele me soltou e me olhou nos olhos.
  - Não. Quer dizer... vi vocês da plateia, mas o que você aprontou?
  - Eu nada. Mas vocês são ótimos, eles adoraram! E eu conheci meus ídolos! – nós rimos e nos abraçamos novamente. – Eles vão aceitar aparecer em Weightless! Mas não é isso que quero falar com você.
  - O que foi? – ele me soltou novamente.
  - Fora que estou orgulhosa! – ele sorriu de um jeito grato que me fez ter vontade de abraçá-lo novamente. Era um idiota, mas era meu melhor amigo. – Bom, viu o show e está no camarim.
  - Ah meu Deus! – ele ficou desesperado, talvez saudade, uma euforia sem limites. – Eu preciso vê-la.
  - Não, Alex, olha para mim e me escute! – peguei em suas mãos, o forçando a ficar parado e me escutar. Ele fixou os olhos em mim e ficou atento. – Some com a Ashley, eu preciso que você me ajude! a odeia, vocês ainda se amam, não quero que nada dê errado nesse momento que eu tentei refazer muitas vezes. – ele concordou.
  - Será que ela ainda quer ficar comigo? – ele sorriu de um jeito triste meio sem esperanças.
  - Eu não vejo porque não, Jack deve ter contado como foi em Baltimore! – ele concordou.
  - Você tem razão, vou resolver isso.
  - Ei, para, quero saber seus planos!
  - Vou terminar com Ashley, entrar naquele camarim e pegar minha namorada. Nunca mais vou deixá-la. Ou deixar que ela fuja.
  - Parece bom. Vamos resolver isso e começar logo a entrevista? – ele me deu um sorriso largo, tipo aquele de tocar campainhas e fugir, como se terminar com Ashley fosse divertido. Ele realmente não gostava dela, como Zack havia dito.
  E a próxima cena que eu assisti foi engraçada. Ashley veio de encontro a Alex toda saltitante, ele a esquivou e disse algo como “você está arruinando minha vida, está querendo se aproveitar do meu momento próspero, fez minha namorada me largar e eu te odeio”. Ela deu um tapa na cara de Alex, e aquilo me fez entrar na briga e dizer para ela sumir de nossas vidas e procurar outra banda para ser groupie, eu sempre fui péssima em brigas. Alex a pediu novamente para sumir e reafirmou que a odiava. Ela derramou uma lágrima de raiva e aquilo me fez sentir pena. E então ela disse: “vocês pensam que vai ficar assim, mas eu vou me vingar.”. Alex apenas riu irônico e disse: “que medo eu tenho de você!”. Depois que ela saiu pisando fundo, ele disse que se sentia tão bem, que não se lembrava daquela sensação. E claro, me arrastou para o camarim, a fim de ver a namorada e começar a mudar nossas histórias. Com a entrevista eu teria minha promoção e faria a banda ter mais destaque ainda.
  - Voltamos! – Alex parecia outro. E anunciou nossa chegada com aquele berro. Estávamos abraçados, como naqueles finais de coreografia de Dancing with the stars, com os braços erguidos e rostos alegres. Então fui surpreendida por Jack e um de cada lado, me sufocando. Ela dizia que sentia saudades, e ele me agradecia como Alex havia feito. Depois Rian e Zack me deram um abraço, tão sufocante quanto, e tão bom quanto. Disseram mais obrigados, até congelarem. Acompanhei os olhares.
  O antigo casal ternurinha estava lá, parado de mãos dadas, se encarando. Uma conversa telepática se instalava ali e eu podia ler, pois tinha tido uma com Jack no passado que visitamos. “Eu não vou mais te deixar”, “quero ficar com você para sempre”, “não vou te abandonar”, “eu te amo”. Movi instantaneamente para o lado de Jack, e ele, com o triplo de altura que eu tinha, inclinou a cabeça na minha. Zack e Rian estavam do outro lado se abraçando, fingindo choros dramáticos e olhares apaixonados. Alex e finalmente se beijaram e então Patty entrou na sala, atrapalhando tudo.
  - É sério isso? , você quer ou não quer fazer essa entrevista logo?
  - Ah, cala a boca! – Jack falou um pouco alto demais. Eu ri daquilo. Alex e se largaram um pouco e disseram que já era tempo, pois havíamos esperado quatro anos por aquilo.
  Patty preparou o equipamento de filmagem, pois teria um vídeo exclusivo para o site, além da entrevista física. Deu um microfone para mim, um bloco de folhas – o roteiro – e, depois de alguns minutos, estávamos prontos. sorria para mim com orgulho, da mesma forma que eu podia jurar que ela estava no show e que eu estava também.
  Eu estava entre Alex e Jack – que estava sorrateiramente me abraçando, mesmo eu implorando para ser uma relação profissional. Zack ao lado de Alex, e Rian ao lado de Jack.
  Nessa entrevista, eu quis apresentar meus meninos para o mundo, então fiz com que eles contassem o quanto eles eram incríveis e o quanto já haviam feito por ai. Meu furo de reportagem era: o clipe de Weightless contará com a participação de Mark Hoppus e Pete Wentz.
  Claro, fiz questão de dizer para o mundo que o show foi um sucesso, visto que uma multidão cantava com a banda, mesmo ela tendo contrato com uma gravadora há pouco tempo. Fiz uma pequena entrevista com os garotos, perguntando da Warped, de como eles estavam se sentindo, como é o CD novo, e essas coisas e no fim Patty finalmente tinha uma expressão.
  - Acho que terminamos! – falei sorridente para os meninos. E claro, desmoronei em Jack finalmente, que continuava ao meu lado. Ele me deu um beijo em seguida.
  - , eu estou em choque! – Patty resolveu falar. Parecia bem concentrada durante nosso trabalho. – Se eu fosse o Paul te dava essa promoção! Sabe, eu posso ver a revista vendendo, esses caras têm bastantes fãs... E como você os conhece não falou nenhuma merda durante ela, e cara... Eu iria adorar continuar te ajudando nisso!
  - Patty, o que deu em você?
  - É sério! Você é ótima, não sei por que ainda mandam você servir café! Aquele dia dos Madden Brothers foi chato! – algumas coisas não mudaram no futuro que consertamos. Fui servir café para os Madden Brothers e disse “ei caras, sou de Maryland também! Meu namorado tem uma banda de rock, e eles são muito influenciados por vocês!”. Benji deu um sorriso, Joel disse que era um prazer saber disso, e eu escutei a voz de Paul, meu chefe: “, quero você na minha sala agora!”. Praguejei, porque eu queria uma foto para fazer Jack ter inveja de mim. Então Paul me deu uma bronca por tietar no trabalho, disse que eu estava de férias, e quando voltasse deveria ter um roteiro para a Warped Tour. Aquilo definiria minha situação na Alt Press – promoção ou rua!
  - Ela é tão modesta, você deveria se acostumar com isso Patty! – Rian disse.
  Ficamos mais um tempo conversando e atrasando o cronograma da banda, já que havia mais entrevistas a caminho. Eu estava do outro lado, já que agora estava sendo super paparicada pelos meus garotos. estava super bem com Alex, mas acho que pela noite eles teriam uma conversa digna. Só que fomos interrompidos por um baque na porta, ela se abriu e apresentou uma pessoa bem descontrolada. Ashley!
  - Olha quem voltou, a namoradinha do Alex! – ela sorriu irônica para .
  - Garota, você tem um problema sério! O Pete Wentz tá lá fora, tenta algo com ele! – Jack disse. – Aproveita e dá o fora daqui, você não é bem vinda! Nunca foi, exceto quando fazia favores sexuais para Alex, desculpe ! Mas é isso, saia daqui agora!
  - É sério que você quer deixar isso com o Pete Wentz? O cara vai nos odiar para sempre! – Alex disse rindo. – Ashley, eu já te disse que eu não te quero mais, eu amo , eu sei que tenho que ficar com ela para sempre!
  - Ah, mesmo depois de eu falar algumas coisinhas para ela? – ela foi desafiadora. Tentei imaginar os motivos, mas achei que seria melhor tentar não descobrir.
  - Por favor, vai embora! – Zack pediu. – Afinal, se você se importa tanto com Alex, não iria gostar de vê-lo sofrer tanto, ver partir de novo.
  - É tão sério assim, para eu querer voltar para minha vida sem graça em Baltimore?
  - Patty, por favor, pode nos deixar a sós? – ela deu um riso torto, provavelmente queria ver um barraco se instalar. E claro fotografar. Eu construindo a carreira dos meus meninos e ela querendo colocar na capa da Alt Press “Astro de All Time Low se envolve em escândalo sexual”. Mas mesmo assim ela saiu, tinha um resto de bom senso nela. Eu agradeci com um sorriso e ela foi.
  - Bom, acho que sim! – Zack disse sincero. Meio a contragosto, diria eu.
  - Vá em frente, Ashley. – parecia desafiar também.
  - Não, você vai embora! – eu nunca havia visto Alex tão furioso. Aquela garota era a personificação de Todd, caso ele não existisse.
  - Quando você estava preocupada em bolar a estrutura de cenário perfeito, o contrato perfeito, o show perfeito, a casa perfeita, seu namorado perfeito estava comigo.
  - Você é muito mentirosa! – Rian disse rindo. Alex estava quieto. Até que resolveu se defender:
  - Eu não fiz nada, ! Você que naquele dia entendeu tudo errado! Eu só estava conversando com ela.
  - Você ia beijá-la.
  - Eu a beijei quando você disse que eu era um idiota, como Jack havia sido no passado! E quando você disse que deveria ter feito o que pretendia desde o começo, ficar em Baltimore. Eu fiquei com raiva!
  - Eu não sou obrigada a aturar groupies!
  - Eu não posso fazer nada, eu estou numa banda de sucesso!
  - Contente? – Zack perguntou a Ashley.
  - Porque vocês me meteram nisso? – Jack perguntou indignado. – Eu fui um estúpido, mas eu consertei, e olhem para mim, estava tentando fazer o mesmo agora, e você estragou tudo! – ele apontou para Ashley. – Tem outras bandas famosas lá fora, aproveite!
  - Nós podemos fazer isso de novo! – disse eu. – Vocês querem voltar ao passado novamente? Querem consertar isso? Nós podemos voltar para quando Alex conheceu Ashley, você faria tudo diferente, certo cara? – ele concordou.
  - Não! – gritou. – Vocês não entendem! Primeiro mexeram no curso natural da história, poderiam ter feito tudo da maneira convencional! Você poderia ter terminado com o Todd, ter largado a Alt Press, ter voltado para Baltimore e trazer Jack a seu estado natural! Mas não... Preferiu ser egoísta, transformar sua vida em perfeição e virar seu destino azarado para mim e Alex. Eu não quero voltar ao passado e jogar minha bomba no colo de Zack ou Rian.
  - Do que vocês estão falando? – Rian perguntou. Mais perdido impossível.
  - O que vocês tomaram? – Lisa perguntou.
  - Por isso você e Jack estavam tão perdidos na festa? – Zack perguntou. Jack apenas concordou em silêncio. – Mas como isso é possível?
  - Foi sem querer! Nós não quisemos voltar ao passado e virar nosso destino em vocês! E eu não pensei em mim, eu pensei no Jack, pensei no All Time Low! Eu não conseguia viver sabendo que Jack estava mal! – eu disse.
  - Então voltasse para casa e resolvesse tudo da maneira que devia! – parecia nervosa.
  - Era o que eu estava fazendo!
  - Mas você não planejava largar Los Angeles. – Jack se intrometeu.
  - Isso antes de a gente voltar no passado, mas você realmente acha que eu queria voltar? Para Todd, para meu emprego sem graça?
  - Você iria ter promoção!
  - E iria continuar levando minha vida daquele jeito!
  - Ei parem, isso não é mais sobre vocês, vocês consertaram seus passados insignificantes. O problema é aqui, no presente! – Alex disse.
  - E no que você fez no passado! – disse irônica.
  - Eu não fiz nada!
  - Você acabou de assumir que a beijou porque sentiu raiva de mim! – deu um berro. Pude imaginar que tinha pessoas colando os ouvidos nas portas. – OK, Ashley, vai embora, suma! Eu vou continuar com Alex, vou confiar nele! Você está apenas querendo desestabilizar nossas vidas, eu não vou deixar. Quanto a você , pense nisso, tente resolver seus problemas por aqui, como eu pretendo fazer agora! Garotos, terminem o que vocês têm a fazer, está tudo bem!
  Eu suspirei. Uma parte de mim queria socar , pois ela havia dito que eu fui egoísta ao tentar mudar o passado (o que eu fiz para salvar a banda, ok, e um pedaço da minha carreira) e largar meu destino nas mãos dela, sendo que não era verdade, pois foi um caso experimental, nós não planejamos voltar. A outra parte queria admitir que ela estivesse certa, pois aquilo era minha culpa (em partes, pois Alex ficou com Ashley por vontade própria).
  Fiquei devaneando e, enquanto isso, um silêncio se instalou na sala, já que os garotos haviam saído. Jack passou reto por mim, apenas me deu um olhar “quero conversar mais tarde” (sim, ele que gosta de discutir relação) e foi terminar de dar entrevistas e fingir uma cara de felicidade sem preocupações. Agora naquela sala só estava eu e .
  Ouvi um rangido de dobraduras, a porta havia aberto de novo. Era Ashley novamente.   - Ah não, sai daqui garota! – eu fiz questão de quebrar o silêncio. – Se sua intenção era acabar com a vida de Alex e , parabéns, você conseguiu fazer com que Jack ficasse com raiva de mim, tipo, o Jack! Isso é impossível! Reza para eu estar deprimida o suficiente para não quebrar sua cara agora!
  - Desculpe, eu pensei que... – ela parou e olhou para nós duas, que estávamos sentadas uma de frente para a outra sem nos encarar. – O que vocês disseram sobre estar de volta no passado e depois no futuro? Isso não é possível!
  - É tão possível quanto Jack enxergar o quanto sua namorada é egoísta! – disse.
  - Eu já falei que eu fiz tudo para ajudar o All Time Low. Foi acidental, e eu resolvi seguir a maré. Jack fez a mesma coisa!
  - Como se volta ao passado? – ela perguntou.
  - Não te interessa, isso é algo que deveria nunca ser descoberto! – disse.
  - Eu preciso resolver algo na minha vida! – Ashley implorou.
  - Que tal fazer isso no presente? – continuou com seu discurso radicalmente contra viagens ao passado.
  - Antes de vir para LA, eu tinha um namorado em minha cidade natal, e assim como você, , minha vida saiu dos trilhos, eu queria consertar isso. Não sei do paradeiro dele, mas sei que ele não está muito melhor do que eu. E olha o que eu fiz, estraguei um monte de vidas.
  - Eu queria poder te ajudar! – sorri com sinceridade. – Mas a principio, eu voltei para Baltimore para tentar ajudar Jack. De algum modo voltamos ao passado, porque desejamos aquilo imensamente, mas eu queria ter refeito tudo sem ter estragado tantas coisas agora. Quem sabe essa viagem acabou afetando sua vida também. Ou de mais pessoas por aí...
  - Seu nome era Todd, ele me lembra de Alex! Talvez por isso eu não queira deixar Alex. – bufou.
  - Alex é meu. E ele não é Todd!
  - Espere, quando eu estava em LA, numa história que não pôde acontecer, eu namorei um cara chamado Todd. Ele era um estúpido. Ele era assim? – comecei a descrever Todd para Ashley. Curiosamente, era do mesmo cara que falamos. – Cara, vocês dois se merecem! Quer dizer, não sei como ele está depois da minha viagem, achei até que ele não existisse, e que fosse você...
  - Me ensine a voltar e eu os deixo em paz.
  - Não, é perigoso demais, você pode afetar mais pessoas!
  - Eu falo com o Jack, ele vai voltar para você. – pensei naquilo. Tudo que eu odiava era ficar longe de Jack, ou saber que ele me odiava, ou que eu havia feito algo de ruim para ele (mesmo nunca sendo minha intenção, por favor, eu amo aquele cara). Eu quase a ensinei a voltar.
  - Não , você está sendo egoísta de novo! – berrou. Pensei que sua garganta podia estar doendo e que mais tarde ela estaria rouca. – Ashley, isso serve para você: garotas, se vocês fizeram algo de que se arrependem, tenham coragem de admitir e consertem o erro. Não queiram voltar para o passado, isso requer cautela e nunca dá certo! – ela estava calma pela primeira vez depois daquela briga. – Até parece que você nunca assistiu De Volta Para o Futuro e não é louca por esse filme, ! Sempre dá algo errado! Pensa na vida do Biff, como ficou ruim depois que ele virou o empregado do George! Ele realmente merecia aquilo? Às vezes ele podia se arrepender de ter sido um idiota em toda a trilogia! – eu ri. Aquilo era impossível. O cara usou a mãe no Marty quando pôde! Mas por outro lado...
  - Ela tem razão! Tente consertar, caso não dê certo, bola para frente! – eu sorri para Ashley. Ela me deu um abraço, nunca me imaginei fazer aquilo, há alguns minutos eu queria fazê-la engolir seus dentes. Ashley se virou para para abraçá-la, mas disse:
  - Não, eu ainda te odeio! – eu ri. Ela apenas concordou e foi embora. Talvez quisesse nos deixar em paz.
  - Eu prometo que nunca mais vou voltar ao passado. Ou querer visitar o futuro. Digamos, estou curiosa para saber o resultado da minha matéria.
  - Finalmente estou ouvindo isso! – ela sorriu. Depois me abraçou. – Ei, que tal irmos assistir mais shows? Ou ficarmos na cola dos garotos até o fim da noite?
  - Jack me odeia nesse momento!
  - Tente consertar isso, pois vocês se amam tanto, vão conseguir ficar bem! – sorrimos.

  Ao sairmos do camarim, ouvimos do empresário dos garotos algumas reclamações: “Aquele não é o camarim de vocês, saiam daí, como são folgadas, Pete e Mark estão esperando vocês desocuparem esse camarim para conversarmos”. Rimos daquilo, por favor, somos Mrs. Barakat e Mrs. Gaskarth, respeitem-nos.
  Jack, Alex, Rian e Zack estavam alguns corredores à frente, dando entrevistas para a Fuse. Estavam sorrindo, por mais que nós soubéssemos que eles queriam gritar de raiva. Tentei de algum modo chamar atenção do meu namorado, então subi nas costas de e ficamos passando atrás da câmera, os garotos riram daquilo. Em mímica e conversa telepática falei para Jack: “nós precisamos conversar”, “eu te amo”, “Ashley já era”, “vamos ver shows juntos”, “vamos para seu quarto depois”. Em resposta ele fez um joinha para mim e uma cara pervertida. Achei graça daquilo, pois ele estava sendo filmado.
  Quando todos os repórteres estavam satisfeitos. Os garotos vieram ao nosso encontro. Percebi Alex e seguirem para um rumo oposto, provavelmente estavam tentando fazer aquilo dar certo de novo, tão certo como era em Baltimore. Zack e Rian entenderam o recado e foram em direção à multidão, queriam ver as bandas que estavam por vir no festival. Jack me abraçou por trás e disse em meu ouvido:
  - Eu já estava me sentindo o pior cara do mundo em ter brigado com você, precisava de álcool! – eu ri. Virei-me para ele e lhe dei um beijo rápido.
  - Você sabe que eu não pensei em mim quando resolvi ir para Baltimore né?
  - Claro! Você queria me ajudar e essa foi a atitude mais nobre que você já tomou. – falei para ele que estava errado, pois ajudei Ashley a reformular seu destino da maneira convencional e consequentemente ajudei Alex e . – É por isso, que eu te amo! Eu faria a mesma coisa, é como me namorar, isso parece masturbação!
  - Eu não sou tão nojenta assim!
  - Claro, precisava ter resquícios de mulher! – ele riu.
  - Foi um dia longo! – eu disse e em seguida o abracei. – Você por acaso gosta de New Found Glory, baby?
  - Talvez mais do que chocolate.
  - Então vamos assistir ao show deles! Preciso desfilar com meu namorado rockstar! – ele gargalhou. E eu o conduzi através da multidão novamente.

  O que se sucedeu após essa história? Nós nunca mais voltamos ao passado, nem mesmo quando queríamos repetir certos momentos. Era difícil conter essa vontade quando nos beijávamos.
  E o tempo se encarregou de resolver as coisas. estava mais firme do que nunca com Alex, resolveu voltar à equipe do ATL e era minha melhor amiga novamente.
  Ashley nunca mais voltou para nos perturbar. Ela havia me mandado um email, no meu contato da revista. Todd estava mais gato do que quando nos conhecemos e ainda tinha uma banda. Claro, estava com Ashley, e tinha um foto do casal em anexo. Fiquei feliz por eles. Pensei em entrevistar o cara. Jack disse que jamais me deixaria ficar a sós com ele.
  All Time Low? Eles gravaram o clipe de Weightless que era muito engraçado e contava com uma participação de segundos de Pete e Mark... Claro, tem um momento que várias garotas levam Jack para um banheiro, eu odeio essa parte! Jack continuava com piadinhas no palco sobre o que fizeram com ele no camarim como handjobs e blowjobs, mas todos sabem que isso é mentira, já que eu sou uma garota de família.
  A música de Alex e Pierre estava pronta e ele me mostrou com exclusividade, se chamava Time Bomb, era linda e estaria no próximo álbum deles: Dirty Work, que sucederia Nothing Personal. Sem contar que estava na cara que era para !
  A música que Jack estava esboçando com Alex (aquela que ele havia pensado do nada no avião com destino a Baltimore) não estava pronta e levou muito tempo para parecer boa para eles. Mas tinha nome, seria For Baltimore e para variar era para . Eu estava começando a reivindicar meu direito a ser musa do All Time Low, sendo que eles me deviam alguns favores!
  Então Alex escreveu uma chamada No Idea, que estaria no Dirty Work, e descrevia a fase dark de “Jack”: eu estava longe, ele ainda me amava, sonhava acordado, era um bobo de tão apaixonado. Só que Alex passou pela mesma situação, então não me contentei com aquilo e desafiei Jack a escrever algo mais pessoal.
  Ele disse que esquematizou algo, mas não vi nada. Anos depois ele disse que Somewhere in Neverland era só minha e que eu era sua Wendy. Eu precisava casar com aquele homem logo...
  Quanto a mim. Eu consegui minha promoção na Alt Press. Meu trabalho era perfeito: tinha matérias quinzenais, que se tratavam de mostrar bandas novas do cenário do rock. Patty se mostrou uma ótima parceira e éramos a equipe perfeita! Uma dupla infalível. Agora devido ao status de Jack (bff dos rockstars) eu era a namorada do bff dos rockstars e quando passava pelos corredores da redação sempre via um conhecido. Todos me invejaram quando Mark deu um berro chamando pelo meu nome e me deu um abraço, tínhamos virado amigos. E eu (euzinha) escrevi uma matéria principal na Alt Press quando o blink voltou do hiato. Os Madden Brothers me adoravam e pediam para Paul trazer cafés para nós três.

Agora você entende como era difícil não querer reprisar certos momentos?

FIM



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