I Was Yours To Hold
Escrito por Mona | Revisado por Luh
Parte do Projeto Songfics - 6ª Temporada // Música: Skillet - Yours To Hold
I wonder why you've been hurting,
I wish I had some way to say.
Ali estava ela, sentada com seu livro no canto mais escuro do parque. Como sempre.
Desde o acidente, ela passara todas as tardes lá. Lendo o mesmo livro, com a cabeça baixa e os cabelos lhe cobrindo o rosto.
Era triste vê-la assim, mas o que eu poderia fazer? Ela nem mesmo lembrava do meu nome.
E eu não poderia apenas falar "Oi, . Eu sou , você não me conhece mas você foi meu primeiro amor", não é tão fácil assim.
E o fato de ela ter perdido a memória não facílitava nada.
- E então, , como ela está? - eu perguntei assim que a vi sair do quarto onde estava.
- Ela perdeu completamente a memória, . - eu vi as lágrimas rolarem pelo rosto de e então a abracei. - Ela não se lembra de mim, ! Não lembra de nada! - ela fungou contra a minha camisa.
- Mas... Ela vai ficar melhor, não vai? Me diz que isso é temporário, por favor... - eu deixei a frase morrer. Não podia ser real. Minha havia esquecido tudo. E tudo por causa de um acidente que eu poderia ter evitado.
- Não, isso é... - ela não conseguiu completar a frase e fungou novamente. Mas ela não precisava completar a frase para que eu entendesse que a perda de memória era definitiva. nunca mais se lembraria do que já viveu. Nunca mais se lembraria de mim. - Ela só lembra... - recomeçou, pegando um pouco de ar e muito de coragem. - Só se lembra dos pais.
- Alguém já contou para ela? - se desvenciliou de meus braços e andou até uma das cadeiras daquele grande hospítal.
- Não... - ela suspirou pesadamente. Droga.
Eu poderia ter evitado que ela fosse para uma clínica. Quem sabe ela não estaria assim.
Mas ela tinha seus motivos.
Hoje fazia três anos em que seus pais haviam morrido em um acidente de carro. Acidente esse que lhe tirou todas as memórias e só a deixou sofrimento.
Hoje fazia três anos que ela não sabia quem eu era.
Eu terminei de vestir o terno preto e me arrastei até o meu carro. Dirigi lentamente pelas ruas vazias daquela cidade e parei na frente do cemitério. Ele estava cheio. Muitas pessoas conheciam o casal que havia falecido há um mês.
Dentre todas as pessoas que estavam lá, uma em especial era a que mais perecia abalada.
estava sendo abraçada pela melhor amiga, que a consolava sem parar. logo cruzou seu olhar com o meu e deu um meio sorriso.
Aquele sorriso era o convite para que eu chegasse perto e ajudasse á consolar . Mas eu não o faria.
Eu fiquei até o fim do velório, escondido bem ao fundo de todas aquelas pessoas que nem ao menos me conheciam. Eu era o garoto invisível dentre elas.
Quando tudo aquilo acabou, os avós de e ela ficaram em frente á fila para receber os pesames. Eu não me julguei bom o suficiente para que ela olhasse nos meus olhos novamente.
- Ela precisa de você. - disse, parando logo atrás de mim.
- Eu não tenho coragem, . - eu suspirei e então a olhei. - Não fale de mim para ela, não quero que ela me conheça outra vez. Não aguentaria fazer ela sofrer novamente.
- Você pretende a fazer sofrer, ? - os olhos de estavam vermelhos. Ela se importava realmente com á ponto de chorar só de pensar na amiga sendo ferida novamente. Eu apenas suspirei e dei um passo para trás.
- Não. - olhei para uma última vez e logo voltei meu olhar para o de . - É exatamente por isso que eu vou sair da vida dela, definitivamente. - logo aquele primeiro passo para trás havia virado mais três, até que eu me virasse de vez e seguisse até meu carro.
Desde aquele dia, nunca mais falei com nenhuma das duas.
Hoje, com 20 anos, eu ainda não estava pronto para falar com ela. E nem acho que vou estar amanhã ou depois.
Eu ainda me lembrava de tudo.
- ! - gritou e então eu olhei para trás. Lá estava ela, com o uniforme da nossa escola, parada na frente da minha casa. A maquiagem dela estava borrada e com certeza não era por causa da chuva.
- ? - eu a encarei enquanto ela dava pequenos passos até a porta da minha casa, onde eu estava parado. - O que aconteceu? Seu rosto, você... - eu deixei a frase morrer. odiava que falassem dela quando ela estava chorando. Na verdade, ela odiava que alguém a visse chorar.
- ... - ela fungou e então parou na minha frente. - É verdade que você e Effy estão namorando? - era por isso que ela estava chorando? Por que eu estava namorando? Isso não faz sentido algum.
- É eu á pedi em namoro ontem, no cinema... - eu passei a mão no meu cabelo. A garota da qual eu gosto desde os 11 anos está mesmo chorando porque eu estou namorando? Surreal. Até porque ela tem um namorado.
- Você gosta mesmo dela? - eu mordi minha língua. Effy era a pessoa mais incrível que eu já havia conhecido. A garota perfeita. Eu estava apaixonado por ela. Mas, era o meu primeiro amor. E dizem que o primeiro amor é inesquecível. Então eu não poderia dizer que o olhar de não me abalava. Só que ela nunca demonstrou nada por mim. Nunca.
- Sim. - ela abaixou a cabeça. sempre fora um mistério para mim. Quando eu estava jogado aos pés dela, nesses últimos 6 anos, ela nunca nem olhara para mim. Agora que eu estava namorando, ela estava assim. - Por que?
- Nada... - ela fungou, novamente. - Eu terminei com Travis. - é, ainda um mistério.
- Ele era um cara legal. - eu dei de ombros. Eu o invejava por essa frase ser a mais pura verdade.
- Mas eu gosto de você. - eu franzi o cenho. - Sempre gostei, . - ela esticou a mão para tocar meu rosto e eu a segurei.
- Seis anos, . - eu suspirei. - Eu passei seis anos correndo atrás de você, tentando ser o melhor possível, tentando te impressionar. E, agora que eu consegui seguir em frente, você diz que sempre gostou de mim? - eu falava alto. Eu não queria ser frio com ela.
- Me desculpe. - ela soltou como um suspiro. E no instante seguinte ela já estava correndo para longe da minha casa.
Aquela fora nossa última conversa. Uma semana depois fiquei sabendo que ela desistira do acampamento de verão para ir com os pais até a casa de praia com eles.
E enquanto eles iam para a praia, o carro bateu contra outro.
A única sobrevivente do acidente ficou sem memória.
- Bom dia. - eu ouvi uma voz estranhamente famíliar falar atrás de mim. Eu me levantei do banco e paralisei assim que vi quem estava ali. Rapidamente eu tirei meus óculos escuros para a olhar melhor.
- Bom dia. - eu cumprimentei , com difículdade. A voz dela ainda era a mais linda de todas.
- Você sabe que horas são? - ela enclinou a cabeça levemente para o lado. Seus braços estavam abraçando o livro em frente ao corpo. Logo eu consegui entender o que ela havia perguntado e peguei meu celular. Ela deu um pequeno sorriso ao ver meu plano de fundo. - Garota bonita. É sua namorada? - eu a olhei e sorri de lado.
- É sim. - olhei para a foto em que Effy me abraçava e logo voltei meu olhar para .
- Ela é uma garota de sorte. Você parece ser um garoto legal. - ela sorriu e logo voltou para o banco onde estava sentada á pouco. E eu botei meus óculos novamente, voltando a me sentar.
Effy sabia sobre tudo. Ela sabia sobre e sobre tudo que eu sentia por ela. Mas ela não ligava. Ela estava disposta á me ajudar a esquecer o meu primeiro amor. E eu estava disposto á ser ajudado.
Eu olhei uma última vez para por trás dos meus óculos escuros e sorri de lado, percebendo uma coisa óbvia.
Eu havia saído da vida dela. Mas ela nunca iria sair da minha.