It's Not Christimas Without You
Escrito por Carolina | Revisado por Natashia Kitamura
Parte da Promoção de Natal 2014
’s POV
- 'Cause it's christmas, and the start of something new... – Terminei de colocar o ultimo enfeite na vitrine da loja, enquanto essa música repetia pela quinta vez no dia – contando as vezes desde que eu tinha ligado o rádio -, era dia dezoito de dezembro, faltava apenas sete dias para que toda a mágica de todos anos acontecesse, o Natal!
Eu trabalhava em uma loja no centro de Londres, e dá para ter uma ideia de como está o movimento por aqui, não é mesmo? Agora vocês me perguntam, porque raios dia dezoito de dezembro eu estou arrumando a vitrine? Bem, meu chefe despensa todas essas datas comemorativas, alegando que é só uma perda de tempo idolatrar uma coisa todos os anos, sabendo que no final de tudo não existe companhia, paz, amor e nem nada, apenas uma árvore lotada de presentes, e de fato, ele poderia está certo, e eu acreditaria nisso tudo se ele fosse um cara feliz. Mas, voltando ao assunto, ele só me deixou arrumar a loja sete dias antes para que ele não precisasse ver um mês antes, todas aquelas decorações. A música ainda estava tocando e uma colega minha de trabalho a cantava alegremente.
- Vai ir pra casa dos seus pais esse ano para o Natal? – perguntou ela, enquanto terminava de colocar as bolinhas na árvore.
- Não. – murmurei. – Acho que esse ano vou ficar em casa, to sem grana pra ir para Nova York e acho que esse ano eles também não vão comemorar nada. – passei as mãos pelo meu cabelo, Cris apenas olhou para mim e soltou um riso. – E você?
- Meus pais moram aqui em Londres. – concordei. A ultima vez que vi meus pais foi a uns oito meses atrás e desde então apenas por telefone converso com eles. – E o seu namorado?
- Acho que ele não vem para Londres, de novo. – mordi meu lábio inferior e ela apenas me olhou com pena.
- Faz quanto tempo que você não o vê?
- Vai fazer um ano, já.
- Poxa, sinto muito. Mas ele nem disse se viria para o Natal? – ela pegou uma das caixas na mão e eu fui ajudá-la também, afinal, usamos muitos enfeites.
- Eu acho que não. Ele anda muito fissurado com essa história toda de cinema, que nem se quer fala comigo direito, e quando fala, o assunto é só sobre isso.
- Sinto muito mesmo.
- Já me acostumei. – soltei um riso, largando as caixas e encarando o relógio na parede. – Olha, já tá na minha hora, vou indo. Então, até amanhã. – ela concordou. Peguei minhas coisas do lado de dentro do balcão e saí.
Estava um frio infernal na rua, os pequenos flocos de neve já caiam sobre o chão deixando o mesmo todo branco. Eu amava natal, era uma das datas mais especiais para mim no ano, era onde reuníamos amigos, família e parentes muito distantes. Onde todo mundo se unia e até agora eu não entendi por que meu chefe simplesmente não gosta de natal. Me pergunto se aconteceu algo na vida dele nessa época do ano que o deixou tão “ranzinza”. As ruas estavam completamente enfeitadas, os galhos das árvores estavam cheio de pisca-pisca, vez ou outra eu via árvores de natal em algum canto da calçada, todas as lojas, cafés, restaurantes enfeitados. Isso era, de fato, o que eu mais amava no natal. A cidade estava iluminada e alegre, e isso definitivamente me deixava feliz. Eu estaria mais feliz ainda, se não fosse o fato de está afastado demais de mim. Ele estudava cinema, obviamente fora do país. No começo foi tudo a mil maravilhas, ele me ligava todos os dias para me contar sobre suas experiências, para dizer que estava com saudades, dizer que me amava ou até mesmo me ligava apenas para dizer bom dia ou boa noite. Ele mesmo dizia que precisava ao menos ouvir minha voz ao dia para se sentir completo. No começo eu achava uma melação, mas com o tempo as ligações foram diminuindo e com a falta delas, eu comecei a dar valor nisso tudo. Agora ele me liga apenas uma vez por semana, fala comigo apenas uma vez por semana; parecia que era programado, toda quarta, quase no mesmo horário, ele me ligava. Nossas conversas não eram nada mais nada menos que só cinema, só dele, ele mal perguntava se eu estava bem. Parece que o cinema virou prioridade e o que era importante para ele antes, agora virou um nada. Não, eu não estou desmerecendo o futuro trabalho dele, até porque isso é um sonho de infância, mas não custa tentar sacrificar um pouco isso para ver ou falar com a pessoa que ama, pelo ou menos eu acho que ele me amava ainda. Cheguei em casa minutos depois, fui logo preparar uma xícara de café bem quente para mim, caminhei até minha árvore de natal, colocando a boquinha do fio na tomada e vendo as luzes ligarem, logo me sentei no sofá, ligando a TV e assistindo qualquer coisa que passava no noticiário. Minha vida virou uma tremenda rotina.
[...]
- Alô? – ele perguntou no outro lado da linha, visivelmente irritado.
- Sou eu , a . – ouvi o mesmo bufar no outro lado da linha.
- Você sabe por acaso que horas são aqui? Acho que não, né? Já te pedi para nunca ligar para mim, deixa que eu ligo pra você, eu estou morto de cansado.
- Você vem para o natal? – ignorei o ataque de mau humor do mesmo, indo direto ao ponto.
- O quê? Não! Nós da faculdade vamos fazer uma mega ceia e eu preciso comparecer.
- Então você não vem?
- Acho que foi o que eu deixei claro a alguns segundos atrás.
- Eu não sou mais importante pra você!
- Vai começar com o drama?
- Drama, ? Você não me veja á meses, mal fala comigo, mal pergunta de mim, só vive em função dessa merda de faculdade, está em outro país, e daqui a dois dias é natal. NATAL , você sabe o quanto essa data significa pra mim? To achando que não mais.
- O que você quer que faça? Que eu largue meus amigos pra ficar com você?
- Eles são seus amigos, eu sou sua namorada. Sua namorada , antes deles todos, você me conheceu primeiro, eu achei que você tinha um pingo de consideração por mim.
- E eu achei que você tinha por mim.
- Se eu não tivesse, eu teria te dado um pé na bunda faz tempo, teria reclamado á meses atrás que eu estava me sentindo incomodada com suas atitudes. Você nem ao menos sabe que eu troquei de emprego, nem ao menos sabe como eu estou. Quando eu te ligo, você reclama. Mas quando você me liga, pode ser de madrugada, eu atendo com o melhor bom humor que eu posso pra tentar te agradar. Mais a primeira chance que você tem de jogar na minha cara que está cansado e mal humorado, você joga. Eu sinto a sua falta, eu queria que o natal fosse como os outros anos, amor, alegria e presentes. Mas você não faz questão nem de me avisar se vai vim ou não.
- A vida não é um conto de fadas.
- Eu já percebi isso á muito tempo atrás. E acabei de me tocar ainda mais agora. Eu achava que eu significava mais que esses seus amigos ai, mas vejo que estava enganada. Já deveria ter percebido isso há tempos também.
- Posso dormir?
- Pode! Mais primeiro decida uma coisa:
- O quê?
- Prefere terminar tudo isso que a gente tem pessoalmente ou por telefone mesmo?
- O quê? Você tá louca?
- Não posso continuar em algo que não tá fazendo bem para os dois.
- Isso tudo é carência? – e em questão de segundos, sua voz mudou de tom, e foi nesses segundos que me fizeram repensar sobre a decisão que eu estava tomando.
- Eu vou passar o Natal sozinha, , eu odeio passar os natais sozinha.
- Olha, outro dia a gente conversa sobre isso.
- Não , não vai ter outro dia. Sinto muito, mas acho melhor terminarmos.
- O quê?
- Feliz Natal e até qualquer dia. – e desliguei o telefone, eu achei que ele ligaria novamente, me mandaria SMS ou qualquer coisa, mas depois de eu cancelar a ligação, parece que tudo ficou quieto e sem som. Eu não conseguia escutar nada. Minha xícara com café estava cheia, porém, fria. Eu encarava um ponto fixo na sala, provavelmente não esboçando emoção alguma. Quando resolvi fazer algo da minha vida, já haviam se passado algumas horas. Meus olhos doíam e minha cabeça também e eu sentia um imenso vazio dentro de mim. Então era isso, acabou mesmo.
Era meio dia e meia, tinha apenas meia hora para chegar ao trabalho, calcei uma sapatilha, amarrei o cabelo de qualquer jeito, peguei minha bolsa e saí de casa. Parecia que nem aquele clima todo natalino iria me ajudar. Eu que terminei, eu deveria está bem, correto? Incorreto.
Eu achei que ele me ligaria novamente, achei que ele tentaria me dar uma explicação, achei que dessa vez seria diferente, que ele me trataria diferente, mas vejo que não foi. Há meses não está sendo.
Adentrei a porta da loja rapidamente, largando minhas coisas de qualquer jeito. Cris me encarava com espanto e com um ponto de interrogação enorme estampado no rosto.
- Um furacão passou pela sua casa? – soltou um riso e se aproximou do balcão, se escorando no mesmo.
- Acho que se fosse isso, seria melhor. – sorri amarelo, passando as mãos pelo rosto.
- Que mal lhe pergunto, mas o que aconteceu? – arqueou uma de suas sobrancelhas e eu balancei a cabeça.
- Nada não.
- Trate de colocar um sorriso no seu rosto então, dois dias para o natal. – ela falou animadamente batendo palminhas. – E as crianças vão vim para cá hoje, o chefe contratou um papai Noel. Achei estranho, mas fazer o quê.
- Beeem estranho. – mordi meu lábio inferior. – Então vamos abrir. – ela concordou animadamente, e eu soltei um riso.
A tarde foi bem longa, o papai Noel, realmente parecia um papai Noel. A loja lotou de crianças e os pais aproveitaram e compraram algumas lembrancinhas. Foi uma tarde mágica para aquelas crianças.
- , . – virei-me bruscamente para trás, vendo Cris correndo em minha direção.
- Fale. – murmurei.
- Vai fazer alguma coisa amanhã? – perguntou e eu apenas neguei. – Ótimo. – abriu sua bolsa tirando de lá, um envelope vermelho cheio de detalhes.
- O que é isso? – a olhei com duvida.
- Eu decidi fazer uma ceia lá em casa, maior, sabe? E eu queria que você fosse.
- Eu não sei se é uma boa ideia. – cocei minha nuca, logo depois abrindo o envelope.
- Faz um esforcinho para ir, sei que vai passar a ceia e o natal sozinha. Seu namorado não vai vim, então achei que seria uma boa.
- Pois então, eu vou ver o que posso fazer.
- Ok! Mas agora, infelizmente tenho que ir. Fazer algumas comprinhas.
- Certo. – ela se afastou de mim, abanando as mãos. E eu continuei minha caminhada. – Que legal isso , passa o natal sozinha, sua besta. – murmurei enquanto chutava alguma coisa que tinha ali pelo chão.
- Nunca a vi tão mal humorada. – eu havia ouvido poucas vezes aquela voz, mas a reconheceria em qualquer lugar. – Brigou com alguém? Desculpe-me está intrometendo em sua vida.
- Não, tudo bem! – sorri. – Só que esses dias de vésperas natalinas, não estão sendo os melhores.
- Uma vez eram para mim. – Tá ai, sabia que havia acontecido algo na vida dele.
- Que mal lhe pergunto, mais porque não são mais? – mordi meu lábio inferior, o encarando. Ele é o típico chefe gostosão, que usa só roupas de grife, e sempre bem perfumado. Tinha seus trinta e poucos anos, mais aparentava ter vinte.
- Eu perdi minha mulher e minha filha na véspera de natal. O que mais me deixou frustrado, é que eu nem se quer vi minha filha de perto, eu nem se quer sabia como era o rostinho dela. Elas estavam voltando da casa da mãe da minha esposa, ela havia ido viajar para lá, e acabou que a apressadinha nasceu antes. E ela estava voltando para me fazer uma surpresa, mas ai, o avião caiu, e até hoje eu não sei onde estão os corpos delas. É por isso que os natais não fazem sentido para mim.
- Eu sinto muito mesmo. – o encarei.
- Mas você não está bem. Todas as vezes que te via na loja, estava animada, saia de lá animada, cantando as músicas. Você trouxe vida para a loja, só que esses dias, ela morreu. – eu não sabia se ele ficava olhando isso pelas câmeras, ou ele estava sempre por ali, porque foi realmente assustador o jeito que ele comentou sobre isso. – Você é umas das minhas melhores funcionárias.
- Fico realmente agradecida por esse elogio. – sorri. – Só aconteceram coisas que não deveriam ter acontecido.
- Entendo. – ele encarou seu relógio de pulso, que por sinal, era de ouro. Fazendo uma careta. – Infelizmente e felizmente tenho que ir, tem uma moça a minha espera.
- Ok! – sorri, já imaginava até o que estava acontecendo ali. – Bom jantar.
- Te quero bem até o natal , vai lá que se consegue. – ele foi se afastando, e eu fiquei parada no meio da rua que nem uma idiota. Uma mulher o esperava em frente a um restaurante, assim que ele a viu, ele soltou um sorriso que eu tenho certeza que a mulher a frente dele, ficou com as pernas bambas. Nunca o vi sorrir assim. Soltei um riso, voltando ao meu caminho. O mesmo de todos os dias.
[...]
Dia vinte e cinco de dezembro, meia noite e sei lá o que, eu, Tompson, afogando as magoas na bebida, uma bêbada sentada no meio da sala, com todas as luzes ligadas, e com fotos espalhadas por todo o carpete. Eu havia me dado conta da burrada que eu havia feito. Eu havia terminado um relacionamento de alguns anos, pelo simples fato de o mocinho da história, não ligar para a mocinha. Que idiotice.
- MERDAAAA! – gritei, colocando minha boca na garrafa de vinho. – QUE DIA BOSTAAA! – levantei-me do carpete cambaleando, abrindo o vidro da minha sala e saindo para rua, ainda segurando a garrafa de vinho. – FELIZ NATAL, ARROMBADOS. – não tinha ninguém na rua, os vizinhos estavam todos comemorando, onde eu olhava tinha gente trocando presentes. – UUUUL.
- Que merda que está acontecendo aqui? – virei-me para trás.
- Acho que o vinho tá me fazendo ter alucinações. – soltei uma gargalhada, e me olhou sério. Caminhou até mim, tirando a garrafa de vinho de minha mão.
- Você tá fedendo a álcool sua louca. – ele me puxou para dentro de casa, me guiando ao banheiro. Eu estava tropeçando em tudo o que eu podia e não podia. – Vou te dar um banho.
- Para de fingir que se importa, seu babaca. Não era pra está em uma festinha com seus novos amigos?
- Depois a gente conversa sobre isso.
- NÃO! – gritei com a voz meio embargada, e ele me puxou mesmo assim para o banheiro. E a ultima coisa que eu senti, foi a água gelada caindo sobre meu corpo.
[...]
Acordei com uma tremenda dor de cabeça com as roupas totalmente diferentes do dia anterior, meus olhos estavam pesados e eu havia me dado conta que era natal, e eu estava sozinha. Saí da cama, calçando meus chinelos e indo para a cozinha. Eu jurava que estava vendo uma miragem, ele não podia estar ali mesmo.
- Por que diabos nossas fotos estão cortadas? – virou-se para trás, mostrando as duas fotos e parecia está realmente indignado.
- O que está fazendo aqui?
- Oras, o que eu estou fazendo aqui? Você ainda me pergunta isso?
- Não haja como se estivesse irritadinho, porque ninguém pediu para você vir para cá. – caminhei até ele, tirando as fotos de suas mãos. – Até a poucos dias atrás, você pouco se importava se eu estava cortando as nossas fotos. Não era pra você tá lá com seus amigos, não? – uma grande angustia se instalou em mim.
- Quando eu percebi que eu ia te perder, eu me desesperei.
- Uau, bela tentativa.
- É sério, que merda , dá pra você tentar entender? Eu sou confuso, eu nunca sei o que eu quero, eu sempre machuco as pessoas a minha volta, e sim, eu fiquei obcecado por cinema, que nem ao menos eu te dei bola, e eu só falei de mim. Sim, eu estava errado, e eu só percebi isso na hora errada. Dá pra você me entender?
- Mas do que eu já passei meses tentando? – uma lágrima teimosa caiu do meu olho, fazendo encarar meus pés. Ele levantou-se do sofá, caminhando até mim.
- Eu sei que você passou um tempão sozinha e eu quando eu te vi naquele estado ontem, eu vi a tamanha merda que eu tinha cometido. Eu vi como eu fui um besta ao ponto de não perceber que quem eu mais amava tava precisando de mim. Eu sei, eu errei, mas pessoas não merecem uma segunda chance?
- ... – eu não sabia o que falar, pela primeira vez em minha vida, eu não sabia o que falar. Foi ai que eu o vi se aproximar para colar nossos lábios. – Você acha que um beijo pode resolver tudo? – me afastei do mesmo, caminhando para o outro lado da sala. O orgulho estava me dominando e se não fosse por ele, eu já estaria nos braços de novamente. Um lado de mim, queria ele, queria desculpa-lo, queria abraçá-lo, queria beijá-lo, queria dizer o quanto ele é especial para mim e que eu poderia esquecer tudo aquilo. Porém, o outro lado não queria perdoá-lo, queria ele fora daquela casa imediatamente para nunca mais vê-lo, queria que ele nunca tivesse vindo para cá, queria que na madrugada do dia vinte e cinco, ele não tivesse aparecido e cuidado de mim. Eu não sabia o que fazer.
- Todos merecem uma segunda chance, e eu não iria desperdiçá-la se você me desse outra chance de arrumar o erro que eu cometi.
- Eu não deveria. Eu sei que fiquei sentida por uma coisa boba, mas... Ai, eu não sei o que fazer . – Encarei o garoto, que agora estava a minha frente. Me encarando atentamente. Eu tinha esquecido como os olhos dele são lindos, acho que a coisa que eu mais adorava nele, eram seus olhos. Ele aproximou suas duas mãos delicadamente em direção ao meu rosto, puxando eles para perto de si, e colando nossos lábios.
- Só me perdoa, que o resto eu dou um jeito. – concordei, ele soltou um sorriso. Logo depois me abraçando.
- Você sabe, que não é natal sem você. – ele concordou. – Feliz natal.
- Feliz natal! – e me beijou outra vez. Talvez o que eu tivesse acabado de fazer, só iria acabar comigo no futuro. Mas é melhor deixar o futuro para depois e se eu me ferrar, quem sabe até lá, eu já tivesse sido feliz o suficiente.