I Saved Our Love

Escrito por Mary Lira | Revisado por Lelen

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Música: Made, por The Wanted

  Trinta e três horas, vinte e oito minutos e quinze segundos, este era o tempo que havia se passado desde a nossa briga. Pois é, eu estava contando. Nem sei por que ao certo, talvez fosse o fato de ainda estar irritada, ou de querer explicações, mas talvez fosse apenas saudades. Liguei a televisão e deixei num programa qualquer. Nada me distraía, tudo o que eu conseguia fazer era reviver os momentos daquela discussão idiota e sem fundamentos.
  "Você não serve pra mim" – eu dissera, e no instante em que aquelas palavras deixaram meus lábios, eu quis voltar atrás. Mas a fúria não deixou.
  "Então é isso que você pensa?" – a mágoa estava estampada no belo rosto de Cameron, mas eu não voltaria atrás. Ao menos, não naquele instante.
  "Com certeza. Não deveríamos sequer termos começado, você é um anjo negro, Cameron..." – suspirei – "E eu sou uma humana que está desperdiçando a minha vida por você".  O choque atravessou seu rosto, e sem respostas, ele saiu.

  O barulho do telefone me fez despertar. Era , minha amiga.
  - Alô. – atendi sem ânimo algum.
  - , você precisa vir ao hospital urgente! – a exasperação em sua voz me assustou.
  - O que aconteceu? – indaguei, já me pondo de pé e calçando os sapatos.
  - Cameron, ele está no hospital. – respondeu ela, e no momento eu parei o que fazia.
  - Você pirou, ? – perguntou desdenhando. – Cam é um anjo, assim como Roland. Ele não pode se ferir assim. – expliquei como se ela fosse uma criança com dificuldade de entender algo óbvio.
  - Eu sei disso, . Mas ele não é mais um anjo – foi a minha deixa para perder a fala. O ar sumiu dos meus pulmões. – , ainda está aí? – a voz de minha amiga soava longe.
  - Oi? Estou a caminho do hospital. – avisei. Eu sabia que havia algo de errado nesse sumiço de Cam. Tudo bem que toda vez que brigávamos, ele sumia. Mas nunca ficou tanto tempo sem que eu soubesse o que se passava com ele.

  Corri para a garagem, onde praticamente me joguei dentro do Chevelle 69 que um dia fora de meu avô. Girei a chave na ignição, e depois de abrir o portão eletrônico, saí em disparada rumo ao Pronto Socorro Regional de Seattle.
  Não demorei a chegar. Assim que o carro estava na vaga, saltei para fora do veículo com o coração aos pulos. Entrei no hospital e fui direto ao balcão de informações. A recepcionista me olhou como se eu fosse louca. Estava prestes a perguntar por ele, quando apareceu no corredor e chamou meu nome. Fui de encontro a ela.

  - O que foi que aconteceu com ele, ? Ele está bem? Se machucou muito? Corre risco de vida? – as perguntas salvam de minha boca com a mesma velocidade que as lágrimas de meus olhos. Eu nem havia notado que começara a chorar.
  - Se acalma, respira – disse ela pacificamente. Fiz o que pediu. – Vamos até o quarto, ele mesmo pode te explicar.
  Juntas, seguimos até o elevador, que nos deixou no quinto andar. Na recepção Roland estava sentado em uma cadeira, assistindo jornal pela Televisão. Me aproximei dele.
  - Olá, – com um cumprimento rápido, nos separamos. Não era preciso que eu dissesse em voz alta o que queria. Com um aceno de cabeça para , o próprio anjo me guiou até o quarto onde Briel estava. Depois de duas batidas na porta, eu fui deixada ali. Já que segundo Roland, isso era um assunto meu.
  Com um suspiro pesado entrei.

  Meu coração gelou ao vê-lo daquele jeito. Cameron, o anjo caído que um dia se apaixonou por Lilith, o homem sarcástico e prepotente que tanto me irritou, o meu anjo, estava pálido como nunca. Um saco com soro pendia a seu lado na cama, com uma agulha ligada a sua veia. Como se sentisse minha presença, vi-o abrir os olhos, e nos instante seguinte, ele me fitava. Temerosa, aproximei-me da cama.
  - Como você se sente? – fiz a pergunta mais idiota do mundo, e automaticamente tive vontade de me atirar pela janela, devido a minha retardadice aguda. Ele sorriu.
  - Não posso dizer que estou maravilhoso, mas ficarei bem – respondeu ele ainda sorrindo. Suspirei. Meus olhos marejaram de novo, ele notou. – Oh, você não vai chorar, não é ? Cadê toda aquela força e prepotência que você diz ter? – ele estava doente, e zombando de mim. Sorri.
  - Você é um maluco mesmo. – acusei-o. – O que foi que aconteceu, Cameron? – vi seus olhos escurecerem quando o chamei pelo verdadeiro nome. Ele avaliou as palavras, e pareceu concluir que não iria adiantar mentir. Ao menos, não pra mim.
  - Eu perdi as asas – meus olhos se arregalaram.
  - O quê?
  - Na verdade, elas foram retiradas. – meu sangue gelou nas veias – Não me olhe assim, você teria feito a mesma coisa por mim. – minhas sobrancelhas crisparam de confusão.
  (solte a música)

You could hurt with a word
You could change my life
You could tell me the truth
It would cut like a knife
But I won't let go
But I won't let go
But I won't let go
You could fall, hit the wall
You could lose your way
You could lose, you could bruise
Spend it all in a day
But I won't let go
But I won't let go
But I won't let go

  - Co... Como assim, Cam?
  - Eles… Os arcanjos, vieram a mim dizer que eu não poderia ficar com você. – tive que me segurar nas grades da cama para não desabar. – Mesmo sendo um anjo caído, isso ainda era errado. E que... Se eu não me afastasse de você, eles a tirariam daqui. – vi os olhos verdes de Cam encherem-se de lágrimas. – O único jeito de você permanecer aqui, e talvez comigo, seria me tornar um humano. E bom...
  - Foi o que você fez – balancei a cabeça, estava tudo muito difícil de tragar. – Por que, Cam? Por que depois de tudo o que eu disse? – as lágrimas vieram com fúria. Senti seus dedos tocarem os meus, e um choque delicioso atravessou meu corpo.
  - Porque eu amo você.

Cos if I had to save someone
I'd still save you
And if I had to pray for someone
I'd pray for you
Cos you know we are...
Made for each other
Can't take that away
Made for each other
Like sunshine and day
Made for each other
I'm here to stay
Cos you know we are
Made for each other
I'm made for you
Made for each other
Like stars and the moon
Made for each other we'll see it through
Cos you know we are made

  - Oh, Cam… - não consegui me conter, nos instante seguinte eu estava atirada em seus braços, ignorando o soro e aquela roupa horrível de hospital. Seus braços me rodearam, enquanto uma mão acariciava meus cabelos. – Me desculpa, eu não deveria ter dito aquilo pra você, eu jamais vou me perdoar pela besteiras que falei, mas eu não... Não poderia imaginar que você...
  - O que? A amasse? – ele me afastou um pouco, e aproveitou para sentar-se no leito. Assenti. – , eu provoquei a briga de propósito. – arregalei os olhos. – Eu precisava que você me dispensasse, antes que aqueles... Antes que eles tomassem suas próprias providências. – Jamais quis magoá-la, porém, foi preciso.

They could take, they could hate
They could break our hearts
They can try all they want
Never tear us apart
We will not let go
We will not let go
We will not let go

  Eu não sabia o que pensar, muito menos o que falar. Minha única reação foi abraçá-lo novamente, desta vez, pude sentir as cicatrizes onde estiveram as asas. Mesmo sem vê-las, notei que era longas e grossas. Cam estremeceu sob meu toque.
  - Desculpe...
  - Não doeu – sua resposta foi apenas um sussurro, mas o suficiente para aquecer meu corpo e meu coração. Afastei-me dele para fitar seus olhos, e mais uma vez, me vi perdida na imensidão verde e intensa que era seu olhar. Me lembrava um lago cristalino após uma chuva forte. Aproximei meus lábios dos dele, e me permiti sentir o calor de seu corpo novamente. Éramos imperfeitos, explosivos, incansáveis e prepotentes. Mas isso nos fazia perfeitos juntos. Isso nos fazia nós.

Cos if I had to save someone
I'd still save you
And if I had to pray for someone
I'd pray for you
Cos you know we are...
Made for each other
Can't take that away
Made for each other
Like sunshine and day
Made for each other
I'm here to stay
Cos you know we are
Made for each other
I'm made for you
Made for each other
Like stars and the moon
Made for each other we'll see it through

  Uma batida na porta nos afastou. Ao virar notei que , Roland e Ariane, que deveria ter chegado logo depois de mim, nos observava.
  - Finalmente, hein? – zombou ela, entrando na sala em seguida. Abracei-a carinhosamente, e em seguida, Ariane fez o mesmo com Cam. – Pronto, já temos dois casais lindos aqui, quando sai o casório? – arregalei os olhos e corei, não estava diferente.
  - Espera aí, casório? Mas... Mas... – vi minha amiga gaguejar, e mesmo com vergonha, não pude deixar de rir.
  - Calma, não vamos mandá-la a forca – brincou Ariane.
  - Bom, temos mais uma na lista de "Anjos Apaixonados" . Primeiro foi Daniel, depois eu, e agora Cameron... Quem é o próximo? – Roland perguntou em tom de brincadeira.
  - Não sei, mas acho que a Ari ali – Cam zombou, fazendo-a arregalar os olhos. Rimos.
  Depois de algumas piadas de Ariane, muitas vergonhas da , e umas reflexões do Roland, os três deixaram a sala. E sendo assim, ficamos a sós.
  - Então quer dizer que a senhorita está com medo de se casar? – a pergunta me pegou de surpresa.
  - O quê? Eu... Não, é claro que não, é só que... – me embaralhei com as palavras, e notei o divertimento dele com isso. – Pare de rir da desgraça alheia, Cam! – reclamei, ele riu mais.
  - Certo, certo. Mas enfim, estou feliz que esteja aqui – admitiu ele. Corei.
  - Eu também estou – confessei. – Mas, eu preciso saber, por que ficar comigo, exatamente? – praticamente grifei a palavra ao falar. – Por que fazer tudo isso por mim?
  - Porque se eu tivesse que salvar alguém, este alguém ainda seria você – eu não precisava de provas, explicações ou mais nada. Tudo o que eu precisava ouvir e ter, estava bem ali.  Trocamos um sorriso cúmplice e um último beijo apaixonado.
  - Eu também amo você, Cameron.

Cos you know we are made
You know we are made
Our love it won't fade
We just gotta be brave
You know we are made

  Epílogo:
  Uma semana depois do ocorrido, Cam deixara o hospital. Eu não precisava nem dizer que ele foi morar comigo, já que isso estava na cara. Agora estávamos decidido a começar uma nova vida, e isso incluía muitos planos. Entre eles, um futuro casamento.
  Para completar a alegria, Roland e estavam neste mesmo clima, e até Ariane decidira se deixar levar. Agora estávamos reunidos na festa de aniversário da primeira filha de Daniel e Luce, a pequena Garielle Mary Grigori. Onde acabamos por encontrar ninguém menos que Shelby e Miles, que agora estavam casados.
  Eu poderia continuar narrando os fatos, mas ainda não seria suficiente para descrever o tamanho do sentimento que nos rodeia no momento.
  - Vamos, está na hora de cortar o bolo – Cam sussurrou próximo a meu ouvido, e o arrepio fora involuntário. Ele riu. Depois de enlaçar-me pela cintura, nos dirigimos ao aglomerado, que agora esperavam para cortar o bolo. Ao ver a alegria estampada nos olhos da garota, eu me imaginei ali, ao lado de uma criança esperando que ela soprasse a velinha.
  - Em que está pensando? – ouvi-o perguntar. Dei de ombros.
  - Em como é maravilhoso um momento como este, com os amigos reunidos, a alegria estampada nos olhos de uma criança tão linda, e...
  - ... E quem sabe o próximo não é o do nosso? – suas palavras me pegaram de surpresa, fazendo um suspiro sair de meus lábios, que se abriram em um sorriso. Pois é, talvez...

Fim (?)



Comentários da autora


  Oi, oi galera! Como estão? Estou muito feliz por ter conseguido concluir esta short-fic, foi sem dúvidas emocionante escrever sobre um fandom tão maravilhoso, com uma música tão diferente (ao menos para mim). Adorei a oportunidade, e bom... É isso. Devo agradecer a vocês que leram, muito obrigada, de coração. A minha amiga e fiel escudeira, Allessandra, um valeu super especial. E a beta, que me acolheu a fanfic com tanto carinho.
  Beijos,
  Mary Lira.