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Temporada #007

Strip No More
Lukas Graham



Into a Man

Escrito por Khloe Petit

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  – The Poker Dance.
  Ergui uma sobrancelha para Turman, meu melhor amigo, que mantinha um sorriso indecente no rosto.
  Estávamos sentados na mesa da faculdade. Nossa amizade vinha de anos atrás, quando ainda chorávamos ao cair, sem se preocupar com a tal da nossa “masculinidade”. As coisas eram mais fáceis naquela época. Ao invés de termos um pai ou irmão mais velho dizendo que “homens não choram”, nossas mães nos consolavam com um carinho na cabeça e um beijo no local machucado, dizendo “até casar, sara”. Apesar de casamento estar fora de cogitação para crianças de 5 a 8 anos, a promessa fazia parecer que o evento aconteceria naquele mesmo dia, já que a dor sentida já não parecia mais tão forte assim.
  – Sério? Poker Dance? - julguei o nome.
  Gosto de julgar as coisas, mas principalmente nomes. O que faz as pessoas nomearem seus filhos, objetos, animais de estimação e estabelecimento com nomes? Por exemplo, The Poker Dance. Nesse jogo não se dança, e a dança, de fato, se for baseada no jogo, é tediosa demais. Então por quê?
  – Você tem que parar com esse hábito, é muito infantil. - Kyle, meu novo melhor amigo, disse. – Daqui a pouco você completa 20, cara.
  Suspiro e deixo a cabeça encostar na mesa do refeitório. Estávamos no penúltimo ano da faculdade e a maioria da nossa turma ainda era virgem. Apesar de não me importar com títulos, a ideia, de fato, me desconforta. Por isso a ideia de visitar um bordel. Em bordéis, se você tem dinheiro, ser virgem não significa muito, não é?
  – Ouvi dizer que elas gostam dos virgens. - Kyle sorriu, como sempre, assegurando àqueles que estavam mais hesitantes, a tomar a decisão certa: a mesma que a dele. – E se você quer trepar com uma garota como um homem, por que não aprender com profissionais?
  – Tenho que concordar. - Lou disse, corrigindo a posição dos óculos em seu rosto. – Temos de 18 a 21 anos. Qualquer um de nós será julgado se não demonstrarmos uma boa performance na cama. Não estamos na idade de “perder” a virgindade.
  – Não existe idade para se perder a virgindade. - digo.
  – Diga isso para sua primeira namorada. - Lou olhou feio para mim.
  Tudo bem. Somos um bando de nerds. Falamos sobre sexo como falamos sobre física quântica. Não que física quântica nos traga o mesmo tipo de reação que o sexo, mas há coisas mais interessantes na vida do que enfiar nosso amigo na amiga de uma garota.
  Até que Pug perdeu sua virgindade e foi como se ele vivesse no nirvana.
  – É como ganhar o campeonato mundial de video-game. Duas vezes. E aí ela grita o seu nome e você é grandioso. Como Thanos.
  – Thanos é o maior vilão da Marvel. - Kyle arregalou os olhos.
  Pug riu e colocou as mãos na cintura.
  – Bem, eu poderia muito bem enfrentar qualquer herói da Marvel naquela hora.
  Desde então descobri, contra a minha vontade, que todo mundo era virgem. Ao mesmo tempo que achei bizarro, senti alívio. “Não sou o único”, pensei. “Não sou tão esquisito assim.”
  – A questão é - Lou disse, para Bruno e John, membros restantes do nosso grupo –, se Pug, sem nenhuma experiência anterior se sentiu o próprio Thanos, imagine com experiência?
  Trocamos olhares, como se fossemos cúmplices de um crime.
  Suspirei, desistindo e aceitando a nova realidade.
  Programa de quarta-feira: <s>League of Legends</s> The Poker Dance.


  O ar cheirava a tabaco e álcool.
  Não foi difícil se passar por garotos de 21 anos que finalmente podiam fazer o devido uso da maioridade. Nos Estados Unidos, não podemos beber, fumar ou fazer qualquer coisa além de tirar uma carta de motorista antes dos 21. Mas quando se tem um lugar chamado The Poker Dance, é bem capaz de você viver uma nova realidade.
  – Com certeza eles fingiram não perceber. - falei para Kyle, que riu. – Pug tem cara de bebê.
  – Quero ver você convencer alguém de que ele é o único que não é virgem de nós.
  Fiz uma careta, porque também tenho meu orgulho a zelar.
  Sentamos em duas pequenas mesas perto do palco ainda vazio. O lugar estava cheio para uma quarta-feira; inclusive, alguns rostos conhecidos da faculdade que estavam bêbados demais para perceberem que estavam sendo observados.
  Uma mulher em um conjunto de lingerie preta e colares de pérola se aproximou com a bandeja em mãos. Pedi um whisky, porque é masculino e porque é a única bebida que tenho afinidade, já que só temos dela em casa. Meu pai, filho de um escocês legítimo, não consegue beber outra coisa.
  – Bebemos isso desde jovem - ele disse pela primeira vez, quando eu tinha 15 anos –, se você não é capaz de aguentar um bom whisky, então não é um verdadeiro escocês.
  Me segurei para não lembrá-lo de que ele era metade escocês, já que havia nascido na América. Mas papai sempre foi muito apegado ao meu avô, que por sua vez, é o homem mais fanático e patriota que já encontrei.
  – Se não fosse os tempos difíceis, eu teria ficado na minha bela Escócia.
  A primeira coisa que papai fez quando se estabilizou no emprego, não foi comprar um lar melhor para nossa família, que morava de favor no bairro pobre de Seattle. Foi mandar vovô e vovó de volta para sua terra natal.
  Isso lhe custou o casamento. Para mim e meu irmão mais velho, custou uma infância e adolescência sem mãe.
  E agora estou aqui, em um lugar chamado The Poker Dance, procurando peitos onde possa me acomodar. Ótimo.

  O show começou bem antes das bebidas chegarem. Nosso grupo foi com dinheiro em mãos, pois Lou havia visto na internet que se coloca notas vivas nas lingeries das dançarinas.
  Eu não tinha tanto para gastar, então me sentei mais afastado, até perceber que não estava me divertindo como os outros. Quando Cherry, a garçonete, chegou com nossas bebidas, peguei a minha e fui para o bar.
  Afastado, vi toda a turma entrar no clima do local. O que antes era um bando de garotos tímidos, sem saber o que fazer, agora eles eram um dos mais animados do local.
  – Não faz seu tipo? - ouvi ao meu lado.
  Desviei meu olhar para a mulher que agora estava sentada no banco. Por pouco não me engasguei com o whisky. Ela se inclinou no balcão e pegou a garrafa de whisky, preenchendo o meu copo com mais do líquido. Não me importei que ela não colocou mais gelo; minha atenção estava em seu rosto.
  Era isso. Eu havia morrido e um anjo veio me buscar.
  – Perdão?
  Vi os lábios carnudos e vermelhos se curvarem em um sorriso. Sua mão encostou em meu antebraço e, por pouco, não senti uma onda elétrica subir da ponta dos meus dedos dos pés, até meu último fio de cabelo.
  Engoli seco e virei meu rosto para o show que ainda acontecia. Bebi um gole do whisky e fiz careta ao perceber que estava muito mais forte que antes.
  – É sua primeira vez. - ela afirmou tão próxima de meu ouvido, que imaginei, por um milésimo de segundo, que a moça sentiu meu corpo estremecer de prazer.
  – Não é a sua. - respondi. Ela sorriu.
  – Não… sou frequente. - ela olhou para os lados. - Bem frequente.
  Claro que não, pensei. A não ser por raras exceções, não vejo muitas clientes do gênero feminino. Muito pelo contrário. Tudo o que eu vejo de curvas está vestida de maneira adequada ao que o estabelecimento oferece. Nada de roupa.
  – Não gosto de ver clientes isolados.
  – Não sou um cliente.
  Ela se pôs à minha frente, seus seios balançando, mesmo que presos pelo pano da lingerie.
  – Você está dentro daqui, bebendo algo que servimos e com um carimbo na mão. - ela segurou minha mão carimbada e fez um leve carinho com seus dedos. – Me parece cliente o suficiente.
  – Não estou em busca de nada. - tento voltar a olhar para o grupo, porque sinto partes do meu corpo reagir como nunca aconteceu antes.
  – Não precisa ter compromisso nenhum. - sua mão livre apoiou espalmada em meu peito. – Posso te mostrar.
  Segurei seu pulso e semicerrei os olhos. Ela era mesmo teimosa. E eu também. O problema era que, mais um pouco e eu faria tudo o que aquela mulher quisesse. Ela só precisava continuar me dando atenção, como se não houvesse dezenas de outros homens ao nosso redor, só de olho para o momento em que ela se afastasse de mim.
  – É só você dizer ‘sim’. - seu corpo grudou ao meu e os braços enlaçaram meu pescoço.
  Aí já era demais.
  Beijei seus lábios como se existisse em nosso redor, um campo magnético que forçasse nossos lábios a se encostarem como se fossem de pólos opostos.
  Minhas mãos foram até sua cintura, trazendo-a ainda mais para perto de mim.
  De repente, uma confiança tomou conta de mim, como se eu fizesse aquilo todos os dias. Brinquei com sua língua e acariciei a parte do corpo que minha mão conseguia tocar. Mas não toquei as partes que me fazia parecer um cafajeste. Minha educação infelizmente não permitia.
  Ela se afastou de mim ofegante. Olhou em meus olhos e então, sem dizer mais nada, pegou minha mão e me levou para um lado mais tranquilo da casa. Subimos dois lances de escadas cobertas por um tapete de veludo vermelho. As paredes possuíam papel de parede em um tom bordô e eram interrompidas por portas pretas. Várias portas. Algumas abertas, outras fechadas. Algumas mostrando um quarto vazio, outras… bem, havia algumas cenas.
  – Lá em baixo não parece que são muitas. - comentei, deixando-me levar pelo corredor.
  – Nem todas descem. Algumas já possuem clientes fixos.
  – Eu tenho que pagar para estar aqui? - parei de supetão, vendo-a olhar para trás. Seus olhos me avaliaram da cabeça aos pés, mas a iluminação não era muito melhor que no salão de onde saímos.
  – Eu disse ‘sem compromisso’, lembra?
  – Ouvi dizer que há um limite até onde o ‘sem compromisso’ vai.
  – Isso quem decide sou eu.
  – E você irá me avisar?
  – Você veio a um bordel sem dinheiro? - ela riu, voltando a me puxar.
  – Eu disse que não sou cliente.
  Vi um sorriso convencido e malicioso surgir em seu rosto de anjo. Não disse mais nada e também não tentei voltar ao diálogo.
  Talvez seja isso o que faça com que os homens entrem em crise financeira. Uma mulher dessas deve fazer qualquer homem se endividar para ter mais dela.
  Entramos em um quarto parecido com os que vi de relance no caminho. Quando um homem vestido em um terno preto se aproximou, ela entregou uma ficha verde, que o fez me encarar dos pés à cabeça, e então estalar a língua em um tom de repreensão.
  – O que é aquilo? - perguntei, quando ela fechou a porta atrás de mim. – Algum tipo de pro-bono?
  – Tipo isso.
  Não tive tempo de me sentir ofendido ou agradecido. No ambiente quase escuro e muito sensual, vi as curvas do seu corpo se aproximarem de mim.
  – Você nunca teve uma garota.
  – Tive várias. - menti. – Mas acho que você não se encaixa no mesmo grupo que elas.
  – Ah, não? - ela sorriu. – E qual grupo eu estou?
  – A das mulheres, é claro.
  Vi um misto de surpresa e prazer em seu rosto. Porém, o corpo belíssimo parou de se mover, o que me deixou ligeiramente inseguro sobre minha resposta. Será que ela se surpreendeu tanto que desistiu de me querer?
  Querer. Não é a expressão correta, mas é a que eu prefiro interpretar. De todos os homens fortes, ricos e loucos por uma noite de sexo, ela veio escolher logo eu, um nerd magricela e obviamente - para ela - virgem.
  – Qual o seu nome? - ela perguntou.
  – Bob.
  – O seu nome verdadeiro.
  Abri um pequeno sorriso.
  – Achei que as coisas aqui fossem meio que mascaradas.
  – Faz parte da brincadeira - ela jogou os cabelos volumosos para trás -, você sabe, do lugar.
  – Bem… - insinuei que eu estava muito bem inserido dentro do jogo, obrigado. Ela podia voltar ao que pretendia fazer, se não fosse incômodo.
  Ouvi um riso e então as luzes do quarto se acenderem, quebrando, de vez, todo o encanto que alguém se preocupou em criar no ambiente.
  Talvez o encanto tenha sido quebrado por ela, mas ele não se afastou de mim.
  Para ser sincero, agora que estava claro, conseguia enxergar perfeitamente a mulher que havia me escolhido para ser seu parceiro do início da noite, talvez.
  O corpo violão, mas não tão exagerado. A barriga lisa e os seios não falsamente cheios, nem inexistentes. A pele tinha um bronzeado que só se conseguia com a luz solar real, não produzida. Os cabelos, escuros, e os olhos da mesma cor pareciam brilhar mais do que a lâmpada.
  – Caramba… - foi o que pude dizer. – Eu queria te parabenizar, mas acho que quem está de parabéns sou eu.
  Ela riu.
  – Isso é seu charme ou você está se esforçando bem?
  – Honestamente, achei que em uma situação como essa eu fosse parecer uma porta emperrada, mas até que estou lidando bem. Acho que é o whisky.
  – Acho que é seu charme. - ela sorriu. – Meu nome é ).
  Ergui uma sobrancelha e ela revirou os olhos.
  – É mesmo. de . Meu pseudônimo aqui é Lolla.
  – Eu prefiro .
  – Não é muito bom de pronunciar durante o sexo.
  – Eu acho que pronunciaria muito bem.
  – Quem sabe uma próxima vez. - ela se olhou no espelho e verificou a maquiagem.
  Abri a boca.
  – O quê? Não iremos transar?
  – Pro-bono. - ela piscou, com um sorriso. – Além disso, tenho certeza de que se transássemos hoje, você não voltaria mais.
  – Você não confia no seu serviço?
  – É exatamente por isso, amor. - ela respondeu em um sussurro.
  Meu corpo rapidamente se retraiu com o efeito que sua voz me causou. Limpei a garganta e me sentei na cama dossel.
  – Então… tenho que ir?
  – Podemos ficar por uns quinze minutos. - ela olhou em um relógio no canto do quarto.
  – Quinze? É isso o que leva para se transar?
   abriu um sorriso que queria dizer “sim, , com garotos virgens sim”.
  – O que veio fazer aqui? - ela perguntou, se sentando ao meu lado.
  – Prefiro usar quinze minutos nos amassando.
  Ela riu.
  – Não é assim que se conquista uma mulher.
  – Então você pode me ensinar. - me aproximei dela, mas senti sua mão em meu peito.
  – A começar, não pareça desesperado.
  Limpei a garganta, sem graça, e voltei a me afastar.
  – Por que me escolheu?
  – Faz parte do serviço. Você parecia entediado. Ninguém pode ficar entediado aqui.
  – Ordens do chefe?
  – É como eu trabalho. - ela ergueu os ombros, cruzando as pernas. – Não olhe, aproxime-se sutilmente até me pegar de surpresa com sua mão em minha coxa.
  – Entendi. - ergui meu olhar. – Você faz toda noite?
  – O quê?
  – Transar.
   riu.
  – É claro. Mas devo esclarecer que o ato não se resume à somente penetração. Na maioria das vezes ela nem chega a acontecer— oh! Muito bem. - ela sorriu quando vi seu sutiã afrouxar. Kyle tinha razão, as mulheres de bordel usam peças muito fáceis de serem abertas com uma mão.
  Como prêmio, toquei seus seios, que não chegaram a preencher minhas mãos, mesmo sendo de um tamanho maior do que a de uma mulher comum. Belisquei os mamilos e vi sua mão descer até sua calcinha.
  Ouvimos duas batidas na porta. Parece que não é só quem acha que transaríamos em 15 minutos.
  – Está na hora de ir. - ela se desvencilhou de minhas mãos e voltou a fechar seu sutiã.
  – Te vejo amanhã, então. - digo, tentando não parecer ansioso demais. Ela virou seu rosto em minha direção quando abriu a porta e enviou-me uma piscadela.
  – Te espero.


  Fui embora sozinho. Quando consegui encontrar o caminho de volta ao salão, nenhum dos caras estavam lá. Descobri no dia seguinte, que dois deles cumpriram o dever e gostaram tanto, que confirmaram presença na festa do time de futebol americano, conhecido por pequenas orgias dentro de carro ou no jardim escuro atrás do prédio do dormitório.
  Eu, por outro lado, não falei nada sobre . Menti, dizendo que passei mal depois do terceiro copo de whisky. Preferi ser chamado de frouxo, a dividir com os demais sobre a minha mulher.

  Como combinado, à noite, eu estava na porta do The Poker Dance.
  – Garoto da Lolla. - fui abordado logo pelo segurança. Será que ela me odiou? Será que mandou que não me deixasse entrar. – Vá por ali. - apontou para uma outra porta. Reconheci o homem de terno escuro da noite anterior. – Você não, maluco. - segurou o homem atrás de mim, que logo se pôs a me seguir, mas foi agarrado pela gola. – Você não é VIP.
  – Não sou VIP? - o homem olhou para mim, indignado. – E essa criança é? O que ele fez?
  – Pagou.
  O homem manteve-se boquiaberto e então murmurou um “riquinho filho da puta”, antes de voltar para seu lugar na fila. Apesar do insulto, meu orgulho sentiu um ‘quê’ de superioridade acima de todos os homens da fila. Talvez quinta fosse um dos melhores dias da semana no local; parecia estar três vezes mais requisitado do que a noite anterior.
  – Que adorável! - ouvi assim que entrei pela porta VIP. – Um anjinho!
  Olhei para a dona da voz e vi uma mulher enorme. Muito enorme. Apesar disso, possuía um corpo torneado e com as curvas certas. Sua voz era grave e… ah. Ela, na verdade, era ele. Seu pomo-de-adão subiu quando exclamou:
  – Você deve ser o mimo da Lolla! Meu nome é Brigitte, mas pode me chamar de Bang!
  – Bang?
  Ela abriu um sorriso convencido e cheio de malícia.
  – Faço um ‘bang’ incrível. Posso te mostrar quando quiser.
  – A-ah… obrigado, hum, pela gentileza.
  – Fofo! - apertou minha bochecha e segurou meus ombros, me empurrando para uma sala. – Fique à vontade, clientes VIP tem consumo ilimitado, querido.
  – A… Lolla. Ela está?
  – Logo estará, querido. Agora tenho que ir, é uma pena que não possa te fazer mais companhia, mas posso pedir para Gigi—
  – Estou bem, obrigado. - sorrio, vendo um sorriso quase que materno no rosto de Bang.
  Esperei por meia hora dentro daquele quarto perfeitamente ambientado. Como era de graça, experimentei algumas das bebidas que estavam ali, mas odiei todas. Na falta do bom e velho whisky - que agora valorizava muito mais - terminei com duas latas de cerveja.
  Abri a porta do quarto, sentindo calor demais. Não queria ficar ali, trancado, por isso fui em direção ao barulho. Encontrei o salão onde acontecia uma apresentação. A área VIP, apesar de ser privilegiada, estava lotada. Cheia de homens e mulheres se agarrando, explorando seus corpos, bebendo, fumando e gritando pelas mulheres no palco.
  Encostei em um pilar para assistir a apresentação. Poderia ver um número e voltar para o quarto. saberia que eu estava ali. Se encontrasse o quarto vazio, viria me procurar ou me esperaria.
  Então a vi. No palco.
  – Lolla! Lolla! Lolla! - gritavam.
  Seu número era sensual e molhado. Dentro de uma banheira transparente em formato de taça, vestia uma lingerie branca com colares de pérola. Fazia movimentos quase que obscenos, fazendo a platéia gritar por obscenidades.
  Dentro de minha calça, comecei a me sentir sufocado. Limpei a garganta, mas não consegui tirar os olhos de todo o corpo de , que rebolava e empinava sua bunda na direção do público. A parte de cima da lingerie estava quase transparente, dando um vislumbre de seus seios incríveis. Os olhos, cobertos por uma máscara branca, com penas cheias de brilho, parecia implorar por um ápice. A língua saía em uma exposição sensual e massageava o dedo de sua mão, trazendo mais reação dos homens, que jogavam notas e mais notas no palco.
  “Pro-bono”, pensei. “É por isso que ela pode dar o luxo de fazer.”
  Engoli seco quando as luzes se apagaram, indicando o fim do show. Mais mulheres entraram no salão, para satisfazer os homens que estavam pilhados de energia e dinheiro. Voltei lentamente para o quarto que Bang havia me colocado, tentando raciocinar a cena que havia acabado de assistir.
  – Gostou do show? - ouvi sua voz após um tempo.
  Ela estava parada na porta, vestida em um robe rosa claro. Engoli seco, lembrando de seu corpo agora há pouco.
  – Você devia estar aqui? - perguntei, colocando meu cérebro para funcionar, já que ele parecia ter conquistado mais do que o resto de mim. – Quero dizer, alguém deve ter oferecido muito para você agora.
  – Hoje eu só danço. - ela fechou a porta, que fez um ‘click’, mostrando que havia sido trancada. – Todo mundo sabe.
  – Então vamos sentar e conversar? De novo?
  – Você trouxe dinheiro? - ela sorriu, se aproximando.
  – Achei que tinha trazido, mas perto do que foi jogado para você lá fora, é bem uns trocados.
   sorriu e não parou de se aproximar, até seu corpo grudar no meu e nossas bocas se tocarem.
  A beijei da maneira que dava. Não parecia sensual, mas era com certeza repleto de desejo. Talvez fosse ser repreendido por parecer desesperado mas, na noite anterior, vi como elas gostam de punir os homens. Gostaria de ser punido.
  Minha mão empurrou o robe, para encontrar um corpo sem lingerie. Droga. Queria surpreendê-la de novo.
   me empurrou para a cama e sentou-se em cima de mim, bem em meu colo. Vi seus seios balançarem com o movimento e quase implorei em voz alta para que desabotoasse a droga do meu jeans.
  – Eu gosto de sua intenção. - ela mordiscou meu lábio. Fiz um carinho em sua cintura, onde minhas mãos estavam apoiadas.
  – Se você só veio para dançar, então tenho mais do que quinze minutos. - murmurei em uma quase pergunta. Senti seus lábios sorrirem ainda grudados aos meus.
  – Acha que precisará de mais?
  – Ah, sim. Finalmente uma pergunta que posso responder com certeza.
  Ela se separou de mim e tirou seu robe, erguendo uma sobrancelha.
  – Tenho algumas teorias que preciso saber se são verdade ou não.
  – Teorias?
  – É. Pesquisei sobre o ato e, como você entende bem do assunto, quero saber se tudo o que sei se trata de transar.
  Ela sorriu e tirou minhas calças, enquanto eu cuidava da camiseta. Em seguida, deitou-se em meu lugar e disse:
  – Me surpreenda.


  – Eu só queria entender - Lou disse, arrumando a armação dos óculos em seu rosto. –, como é que você arranja uma namorada linda como ela, se nem ao menos foi nas festas.
  Abri um pequeno sorriso, enquanto arrumava a alça da mochila apoiada no meu ombro. Olhamos todos para , apoiada na porta do meu carro, me esperando.
  Ela havia acabado de se formar em administração. The Poker Dance, na verdade, pertencia à sua tia, que a criou desde que a mãe sumiu com um homem rico ex-cliente do bordel. Diferente do que eu imaginava, não fazia parte da equipe do bordel, só garantia que o estabelecimento não tivesse clientes tristes.
  – Nunca transei com nenhum homem que vem aqui. - ela me disse, no dia seguinte da nossa segunda noite, quando não me permitiu despi-la. – Só ajudo minha tia no que posso.
  – Mas ninguém nunca te tocou?
  – Só quando eu estou afim.
  – E você não está afim agora?
  Ela sorriu. Um sorriso muito maroto, que dizia que eu me daria bem, mas mais tarde.
  – Você está indo nos lugares errados. - ergui os ombros.
  – E você não quer ajudar, nos dizendo aonde você a encontrou. - Pug resmungou.
  – Eu já disse, fui até a padaria e…
  – Ta, ta, ta! - o grupo inteiro falou.
  Ergui os ombros e me despedi com um aceno. Parei em frente a , que enlaçou meu pescoço e deixou ser beijada por mim.
  – Quanto tempo mais? - ela perguntou.
  – Posso apalpar sua bunda? Estava brincando! - ri, ao receber um tapa. – Eu acho que perderia meus amigos se fizesse isso.
  – E você tem mais medo de perder seus amigos, do que sua garota? - deu a volta no carro e entrou no lado passageiro.
  – Do que minha mulher, você quer dizer. - fechei a porta do carro e olhei para ela, que me encarava com um sorriso no rosto.
  – Vamos então, meu homem. Hoje é sexta.
  – E para onde vamos às sextas? - ligo o carro e saio da minha vaga, pegando o caminho para fora do campus da universidade.
  – Para algum lugar onde possamos transar dentro do carro sem sermos pegos.

FIM