In Rehab

Escrito por Raisa L. | Revisado por Any

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  Amor.
  Essa é a palavra mais foda que eu já ouvi na vida, ela destrói tudo o que você pode ter como base de bom senso e egoísmo dentro de você. Vai uma dica, pra você amar, sem se dar mal no final: você tem que ter um alto nível de egoísmo dentro de você. Egoísmo que pude notar em apenas duas pessoas. Duas pessoas das quais eu amava. Duas pessoas que destruíram minha vida. Uma delas foi meu pai e a outra, a pessoa mais piranha que eu tive o desgosto de conhecer: a deusa do pop britânico wannabe, Francesca Sandford.
  Eu estava fodido desde o término do namoro, estava um caco de verdade. Eu não poderia pensar em outra coisa que não fosse praga jogada em mim. Poxa, ser um cara famoso tem seus prós e seus contras. Ah, como eu pude esquecer, sou Dougie Poynter, baixista do McFly, ou como as revistas e programas de fofocas adoram destacar: "Dougie Poynter ex-namorado de Frankie Sandford, vocalista da banda The Saturdays". Como preferir. E se quiser acrescentar o "que recentemente foi trocado pelo jogador de futebol do West Ham (timezinho de segunda divisão do campeonato inglês, que por sorte esse ano está na primeira) Wayne Bridge", você também estará se referindo a mim.
  Foram dias difíceis meus caros, difíceis como eu nunca pensei que seriam. Afinal, foi fácil substituir Louise, por que não seria com Frankie? Ela poderia ser tão descartável como as outras, ela só não foi descartada na primeira chance porque ela voltou chorando como uma criança pedindo perdão, coisa que provavelmente vocês devem ter visto nas revistas, elas sempre dava o jeitinho de provar para todo o mundo o quanto eu estava sendo idiota. Sim, agora eu percebo tudo. EU fui um idiota e mesmo com esses duros meses que estavam por vim, eu iria conseguir não ser mais o idiota, não como o que ela fez, nem que pra isso eu precise de ajuda extra. Lhe garanto, eu precisei.
  Depois de um tempo, lá pra fevereiro, conviver comigo e com minha depressão vinha se tornando insuportável até mesmo pra mim. E foi quando um dos meus melhores amigos me alertou que aquilo estava se tornando perigoso, o nome dele é Harry Judd.
  Eu estava na minha casa, pasmem ou não, assistindo "Antes Que Termine o Dia", um filme muito bom, mas muito meloso, bem diferente dos que eu costumava assistir na verdade. Quando a campainha toca, bom, eu não estava afim de abrir para quem quer que fosse, mas esse qualquer sabia que eu sempre esquecia de trancar a porta e sabia também o estado que me encontrava.
  Harry não se importou muito se iria doer ou não se ele do nada entrasse na minha casa e socasse meu rosto. Então, foi o que ele fez, me tirou do sofá agarrando minha camisa, preparou o punho direito, que acertou em cheio minha bochecha esquerda, eu caí no sofá, ele estava com raiva, eu estava tonto.
  - Você está enlouquecendo? - perguntei massageando minha bochecha - Isso doeu!
  - Jura? - ele disse com uma ironia típica, colocando a mão na cintura numa posição de macho - E você acha que não dói na gente ver você se definhando cada dia mais por causa de uma vadia? Dougie, você não está acabando só com a sua vida, seu idiota, você está acabando com a vida de todos que REALMENTE se importam com você! Acorda, não vamos ficar parados por tanto tempo, sabe Dougie, eu estava dando tempo ao tempo, mas ontem a sua mãe veio até mim... Você tem noção do quanto está a fazendo sofrer? - Harry riu sarcástico e passou a mão pelos cabelos, deu três batidinhas de pé demonstrando nervosismo - Como eu estou sendo burro! É LÓGICO QUE VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO! Você só está preocupado do quanto você foi corno do lado daquela puta. Olha, Dougie, eu vou te dar um aviso, - ele colocou o dedo bem na minha cara, eu estava ainda mais tonto com tudo aquilo - ou você esquece a Francesca ou eu faço questão de acabar com sua vida. É melhor do que ver você fazer isso por conta própria. - Harry saiu da sala, mas eu o segui.
  - Harry... - minha voz saiu meio falha, meio idiota.
  - Desculpa, dude, mas situações desesperadoras pedem medidas desesperadas.

  Dude... Aquilo foi como levar uma faca no estômago. Eu estava mal por estar sofrendo, mas saber que estava fazendo os outros sofrerem, principalmente minha mãe, a pessoa que eu mais amo no mundo, era o fim. Naquela noite eu não dormi, eu não consegui dormir, tentava encontrar uma solução para aquilo acabar logo enquanto tinha um bife na minha bochecha. Apenas uma solução vinha em minha cabeça, era o que eu faria... Como Harry disse, situações desesperadoras pedem medidas desesperadas.
  Após procurar ajuda de um profissional por um tempo, ele me indicou um centro de reabilitação para que meu tratamento fosse mais acelerado, percebi que realmente era o melhor, logo eu iria entrar em turnê e teria que estar 100% para meus fãs. Eu devia isso para eles.
  Reuni todos os que realmente importavam na minha casa para fazer o comunicado. Minha mãe, meu empresário e os meninos, ninguém mais precisaria saber dessas coisas.
  - Pessoal... - comecei assim que todos estavam reunidos na sala - Eu... Eu estava conversando com um psiquiatra ultimamente, ele me indicou uma clínica e, bom, eu achei que era uma boa ideia. Não vai ser pra vida toda, só alguns dias... Um mês, no máximo.
  A sala ficou num silêncio tenso, e odeio o silêncio, ele é tão... Assustador. Harry olhou pra mim como se estivesse orgulhoso por finalmente eu ter tomado uma atitude diante de tudo, Danny parecia pensar em toda aquela situação, eu não conseguia ver a expressão de Tom, ele estava com a cabeça baixa, apoiada nas mãos sobre o joelho. Fletch me desejou forças, seu telefone tocou e ele teve que partir.
  - Você tem certeza, Dougie? - Tom perguntou e finalmente pude ver, ele estava preocupado.
  - Sim, vamos entrar em turnê e eu não me perdoaria se não estivesse... Curado.
  - Se é o que você acha melhor pra você, estamos com você, dude.
  - Obrigado, Danny. - um dos meus poucos sorrisos sinceros, direcionei para ele.
  - Sim, estamos. - Tom me deu um abraço e foi se direcionando a porta, junto com Danny e Harry.
  - Desculpe por aquela noite... - Harry disse enquanto os acompanhavam até a porta.
  - Não se desculpe, eu que tenho que agradecer, dude, você me ajudou e muito, só me lembre de te socar depois, ok?
  - Pode deixar! - Harry riu - Seus socos não fazem nem cócegas mesmo.
  - Muito engraçado, me aguarde, deixe eu te pegar desprevenido.
  - Estarei esperando, meu amor... - Harry começou a brincar e eu tive que gargalhar. - Bom, agora eu tenho que ir, você tem que conversar com sua mãe.
  Fechei a porta e fui em direção a sala, minha mãe estava sentada na mesma posição que a deixei, sentei-me à mesa de centro para ficar frente a frente com ela, segurei suas mãos que estavam apoiadas sobre seus joelhos.
  - Então, senhora Sam Moody...
  Ela me olhou e sorriu daquele jeito que só mães sabem sorrir, acariciou meu rosto, parecia que eu tinha voltado a ter sete anos de idade.
  - Mamãe...
  - Shh... Não precisa me explicar querido, está tudo bem. Se é pro seu bem, faça o que achar melhor. Só espero que você saiba que eu sou sua mãe, eu vou estar do seu lado pra sempre, você pode brigar com o mundo, mas nunca vou te abandonar meu filho. Se você acha que a reabilitação é o melhor lugar no momento, vá e faça o que o seu coração manda. Busque a sua felicidade de qualquer forma, mas nunca se esqueça que eu sou aquela que vai te amar com todas as forças pro resto da minha vida, e até além dela.
  - Eu também amo você, mãe. Desculpe por tudo o que estou fazendo você passar, mas eu prometo que eu vou ficar bem, vou ficar por você, ok? Você que é a mulher da minha vida!
  A abracei e ficamos assim um bom tempo, minha mãe dormiu lá naquela noite, comigo, como todas às vezes que eu tinha um pesadelo e corria para que ela me protegesse do monstro no meu armário.

  A Rehab não era como um resort hotel cinco estrelas, mas também não era como um hospício ou uma clínica para reabilitação para drogados, era como um hotel, dos mesmos em que ficamos quando estamos em turnê... Era, como diria? Normal. Ao chegar fui apresentado ao meu dormitório e as regras. Sim, lá haviam regras, nada de tão pesado. Era só pra manter a ordem, a única coisa que eu não gostei muito foi ter de fazer todas as refeições no refeitório, mas o diretor alegava que era para melhor integração dos pacientes com problemas de socialização. Bom, eu aprendi a ser mais sociável graças a minha carreira, por que não ajudar as pessoas a serem sociais?
  Eu tive uma primeira sessão com um psiquiatra onde ele iria me avaliar e decidir o meu rumo naquele local. Desabafei, como de praxe, e ele me indicou a psiquiatra , minha primeira sessão com ela seria à tarde, no dia seguinte. Então eu tinha o tempo livre para andar pelas salas de interação com os pacientes, depois poderia ir para o meu quarto e enfim, dormir.

  Acordei cedo naquele dia, eu estava estranhando a cama, não estava muito a fim de sair. A verdade é que eu não estava afim de fazer nada, como sempre. Ou pelo menos até ser idiota o bastante por amar aquela... Piranha.
  Depois de um tempo fui para o refeitório, minha barriga estava gritando por comida. Não era muito ruim como comida de hospital, mas não era a comida da minha mãe, me limitei a comer algumas batatas fritas com uma carne estranha e arroz, me sentei numa mesa vazia, distante das outras. Tinha me esquecido de como eu me tornava extremamente tímido quando não estava ao lado dos guys. Os guys... Eu estava sentindo falta deles, das risadas, da companhia que eu fiz questão de desprezar por um bom tempo... Eu fui tão idiota.
  Uma mulher chamou minha atenção, ela estava de jeans e um blusa de botão branca, um casaco fino de lã cinza e uma sapatinha vermelha, falava com todos por onde passava e sorria encantadoramente. Ela não parecia ter algum problema pra estar aqui, pessoas com problemas não sorriam daquele modo, não era do modo que ela era. Fiquei observando como as pessoas onde ela sentou ao lado começaram a sorrir quando ela estava ao lado, e quando ela se retirou daquele lugar eu pude perceber algo que seu sorriso ocultava... Dude, aquela garota era muito gostosa.
  Depois do almoço fui para a sala onde ficava os consultórios, me sentei numa cadeira na recepção e esperei um bom tempo, sozinho e balançando a perna impaciente, eu não tinha saco pra ver alguma revista, ou ver o noticiário, provavelmente meu rosto estaria lá. Olhava a plaquinha, estava escrito Dra. e imaginava uma senhora de mais ou menos 50 anos, bem cuidada e com postura de mãe aparecer e me chamar, me colocar no divã de couro marrom e me fizesse a típica pergunta: "o que te traz até aqui?". Eu falaria, ela me mandaria remédios pra dormir, sairia de lá e voltaria pro meu quarto, esperaria até cair a ficha que eu não poderia viver ali pra sempre.
  Depois de dez minutos o paciente da sala da senhora saiu com um sorriso de lado no rosto e logo a secretária veio, informou que eu poderia entrar. Eu quase caí pra trás quando entrei naquele consultório. Eu quase saí correndo quando entrei lá, pra falar a verdade. Aquilo não parecia um consultório, aquilo não parecia com nada que eu já havia visto na vida. Era confortável, era como uma sala de apartamento pequeno, era como se sentir na casa da minha mãe de tão bem que aquele lugar fazia só de se entrar, mesmo com os móveis contemporâneos e o divã mais foda que eu já tinha visto, não era marrom ou preto, era um roxo forte pra contrastar com as paredes brancas e um pufe verde. Era difícil ver algo normal naquele lugar e eu percebi que realmente não estava normal quando eu vi a tal garota do refeitório sair de uma porta que provavelmente daria para o banheiro e sorriu pra mim.
  - Boa tarde! - nos cumprimentamos com um aperto de mão, ela me indicou o divã, sentei - Eu sou , e pelo que vi na ficha você só poder ser Dougie Poynter, certo?
  - Sim. Sou eu.
  - Prazer em conhecê-lo, senhor Poynter. Bom, não vou perguntar como o senhor está, por que sei que você vai mentir dizendo que está bem. Mas é lógico que o senhor não está, para o que mais você estaria no meu consultório? Ah, lógico, pra fazer cupcakes e jogar uma partidinha de pôquer, não é tão obvio? - a doutora disse revirando os olhos, eu estava pensando que a louca ali era ela. - Então, senhor Poynter, o que queres me contar?
  Ela frisou bem o quer, me dando a entender a diferença dentre ela e os outros, ela não queria que eu contasse tudo aquilo que eu já tinha falo antes me sentindo desconfortável, ela queria minha confiança, talvez.
  - Bom, o que você quer ouvir? - apoiei meus cotovelos no joelho e juntei minhas mãos. "Eu te achei muito gostosa e atraente". Era isso que passava na minha cabeça naquele momento.
  - Você tem gatos? Eu odeio gatos.
  - Não, tenho um cachorro e alguns lagartos na casa da minha mãe, gatos é com um amigo meu, o Tom.
  - Ah, legal. Meu sonho era ter um furão quando menor, mas nunca tive, quem sabe quando eu tiver tempo para cuidar de um. Sabe, tipo naquele filme, "Um Tira No Jardim de Infância". Já assistiu?
  - Ah sim, mas você não é um agente disfarçado tentando encontrar um mafioso, é?
  - Ainda não, só venho aqui ajudar as pessoas. Gosto de ajudar, e você, o que gosta de fazer?
  - Trabalhar. Meu trabalho é ótimo eu não reclamo, no palco, quando todos estão me olhando, me deixam tão confortável que eu nunca tenho vontade de abandoná-lo, eu poderia viver em turnê rodando o mundo com meus três melhores amigos, se não fosse a saudades que sinto... - meu sorriso sumiu ao lembrar quem eu sentia falta.
  - Ah, saudade é um sentimento bom, senhor Poynter, nos mostra que temos coração, que nos importamos com alguém.
  - Mas eu sentia falta da pessoa errada, eu me sinto um idiota agora em ver isso, sabe? Eu me sinto usado, triste e um lixo. E tudo porque eu amei uma pessoa demais.
  - Senhor Poynter, você não pode colocar culpa no amor, amor é um sentimento puro, como o seu para com sua mãe. O senhor não é um idiota por amar, isso só mostra o quanto o senhor é humano.
  - Eu preferia ser um extraterrestre. - sorriu enquanto eu bufava e colocava os pés cruzados em cima do divã.
  - Acredite, todos querem ser extraterrestres um dia. - um sorriso escapou dos meus lábios.- O senhor se sentiria a vontade em me contar isso... Ou podemos esperar outra sessão?
  - Não, tudo bem. - respirei fundo - tudo começou quando a vi no S club...
  A conversa fluía e sorria de algumas coisas e chegava a gargalhar em momentos engraçados e constrangedores, parecia que eu estava conversando com uma amiga, não com a psiquiatra de uma clínica de reabilitação. O incrível era que ela me fez pela primeira vez lembrar o fim do namoro sem uma única pontada forte no coração, apenas um incomodo, mas sem danos graves. Ela ficou um tempo calada, parecendo procurar algo para falar e então suspirou.
  - Sabe, senhor Poynter...
  - Por favor, doutora, me chame de Dougie, a senhorita me conhece de trás pra frente.
  - Ok, Dougie, me chame de então. Como eu ia falando, Dougie, pessoas que sofrem não são fáceis de ajudar, mas são os que eu mais gosto. Porém quando se trata de pessoas com coração partido, as coisas se tornam um pouco mais complicadas. Vou lhe confessar uma coisa, nunca falei disso com meus pacientes, corações partidos não são curados com remédios traja preta, eles só são curados com o tempo, não são meias palavras que eu diga aqui que vai como um toque de mágica curar seu ego, afinal, eu estudei em Cambridge, não em Horgwarts. Eu poderei lhe ajudar, eu poderei diminuir sua dor, mais acredite no que lhe digo, Dougie, por experiência própria, diminuir não será curar. Eu só poderei ajudar a deixar isso suportável. Eu prometo.
  Eu concordei e ficamos mais algum longo tempo conversando, ela me indicou alguns antidepressivos e outras atividades, eu saí de lá um pouco renovado.
  Mas foi voltar para aquele quarto, sozinho, que senti uma pontada forte no meu peito. Olhei pro teto e desabei a chorar como uma criancinha, como todo esse tempo, como um idiota.
  Comecei todas as atividades que faziam naquele lugar assim como mandava e minhas visitas diárias ao consultório da psiquiatra gostosa eram bem mais satisfatórias do que qualquer atividade ou antidepressivo que eu vinha tendo com o tratamento. Já estava sorrindo e até falando sobre o assunto que me trouxe até aqui com outras pessoas, sem me sentir vazio ou chorar quando ficava sozinho. Era como disse, aquilo estava se tornando suportável.

  Domingo eu recebi visita da minha mãe e dos guys que ficaram felizes em me ver, e em ver também que minha psiquiatra era gostosa e legal, não saia daqui aos fins de semana, como os outros. Quem estava ali há mais tempo falava que tinha a impressão de que ela morava aqui.
  Na segunda, ao entrar na sala de , ela me avisou que iria fazer um teste comigo e pediu para que eu sentasse em sua mesa de computador.
  - Dougie, eu quero ver se você está mais preparado para as coisas quando você sair daqui, você é uma pessoa pública, assim como a Frankie. Então, você vai estar cercado de notícias, boatos e tudo o que você tenta esquecer irá continuar lhe perseguindo. Então assim que eu ligar a tela, eu quero que você leia o máximo que você suportar, tente encontrar controle, ok? Vamos ver o quanto estamos evoluindo no nosso procedimento. - concordei quase compreendendo o que ela estava se referindo - Preparado?
  Respirei fundo e posicionei minha mão no mouse, apertou o botão onde liga o monitor e fotos e reportagens apareceram por todas as partes, elas vinham das antigas até atuais, das quais não tinha visto por ter entrado na reabilitação. A cada linha uma curiosidade misturada com outros sentimentos vinham consumindo meu corpo. Em horas era raiva, outras era dor, outras... Pena... Mas eu percebia que todas essas sensações superavam a que eu estava com mais medo de sentir: amor.
  Houve uma hora entre a raiva e o ódio em que eu explodi, bati o mouse com força na mesa e me levantei, bufando, querendo socar alguém, então me sentei no divã e tentei controlar minha respiração. "Se controle, busque controle...", era só o que eu conseguia pensar quando ao meu lado direito o divã afundou, senti braços envolverem meus ombros num abraço desengonçado, e então depois de três segundos eu encontrei meu controle, controle nos braços da doutora gostosa e louquinha.
  - Me desculpe fazer você passar por isso... - sussurrou em meio de todo aquele silêncio - Eu deveria saber que você não estava preparado para isso, foi minha culpa, perdão.
  - Está tudo bem, . - eu sorri me afastando do seu abraço, sem perceber que estava chamando-a pelo apelido - É o seu trabalho, certo? Você está apenas tentando me ajudar e, olhe só, nem foi tão ruim assim, estou pronto para outra. Podemos?
  Ela concordou com um meio sorriso e então voltei para o computador engolindo seco, agora eu não tinha mais tanta certeza, mas então sentou do meu lado com um daqueles sorrisos doces e aquilo me deu coragem, deixei que o medo me abandonasse a força e continuei a ler tudo aquilo mais uma vez, dessa vez até o final. Ao fim, pediu licença e voltou com uma bandeja com cupcakes de chocolate e mais dois copos de cappuccino, eu ri disso, mas aceitei quando ela me ofereceu um bolinho.
  - Cupcakes... Quem imaginaria. - falei analisando o alimento em minha mão.
  - Ninguém resiste a um bom e velho cupcake. Cupcake é vida, Dougie, é ótimo para qualquer ocasião.
  Eu imaginei , numa bandeja com cupcakes sem nenhum tipo de roupa, e dude, aquilo realmente me pareceu bom para aquela ocasião, mas quando minha visão se focou na realidade, eu estava com um sorriso de lado e muito safado no rosto e me olhava de forma estranha, como se não estivesse entendendo nada. Pigarreei envergonhado e tratei de mudar de assunto.
  - Sabe, , acho que estou pronto pra sair. Eu perdi o aniversário do meu melhor amigo, eu estou perdendo uma semana da minha vida por isso e não podemos mais adiar shows, acho que realmente estou pronto pra sair daqui. - sorriu de forma doce e levou sua prancheta até minha vista. - O que é isso?
  - Essas são a anotações sobre você e seu comportamento, Dougie, e aí, desde a sexta-feira estava escrito que você já está apto para voltar para casa, mas você fez exatamente o que eu esperava. - ela riu da minha careta - Eu não posso mandar na sua vida, Dougie, então estava esperando você ficar cheio de mim. Você é até que um paciente divertido.
  - Eu nunca enjoaria de você, você é a melhor psiquiatra que me indicaram... E a mais louca também. - minha vez de rir da sua careta - Obrigado, , obrigado realmente por tudo, se fosse outro não conseguiria efeito tão rápido.
  - Não fiz nada além do meu trabalho, Dougie Poynter. Bom, você pode sair por aquela porta, ligar pra sua mãe e ser livre, a hora que você quiser.
  Trocamos sorrisos felizes de dever cumprido, mas algo em mim estava meio vazio, será que era normal ter isso após um tratamento de depressão? Não era pra eu me sentir totalmente feliz? Mas então, o que eu deveria fazer?
  Me levantei seguido de e então fomos até a porta, segurou na maçaneta.
  - Sabe, Dougie, eu percebi que tudo seria fácil, mas ao mesmo tempo difícil em relação a você, você é uma pessoa movida a sentimentos, você é muito intenso, Dougie, isso é uma das coisas que mais me fascinam no ser humano, você veio até aqui se auto titulando fraco, mas você nem imagina o quão forte você é. Tenha orgulho do que você é, você não é um idiota por ouvir seu coração, continue assim e você nunca vai se arrepender de nada, você nunca vai sofrer por muito tempo. - sorri de forma agradecida e envergonhada, então ela estendeu a mão enquanto abria a porta. - Foi um prazer tê-lo como paciente, Dougie Poynter.
  Foi numa batida forte entre o sorriso de batom vermelho de e o toque de nossas mãos que eu descobri o que estava faltando, foi em segundos que eu fechei a porta, prensei na mesma, com meu corpo enquanto minhas mãos apoiadas a cada lado do seu corpo a deixava sem saída. me encarou surpresa e assustada, era incrível como ela podia demonstrar tantas coisas ao mesmo tempo em seus olhos, passei meus lábios vagarosamente nos dela enquanto ela começava a ofegar, como eu.
  - Dougie... - sussurrou de forma sofrida, enquanto fechava os olhos.
  - Por favor, não diga absolutamente nada. Foi você que pediu para que eu seguisse meu coração.
  Então eu toquei sua boca com a minha sem pressa num selinho que demorou até que toda a explosão de hormônios no meu corpo diminuíssem. Nossas bocas abriram em sincronia para que aquilo se tornasse um beijo com gostinho de glacê, não era intenso, muito menos apaixonado, mas eu percebia que era especial e extremamente perigoso, tanto para mim, tanto pra ela. Nós estávamos no limite.
  - Dougie, isso é errado! - enquanto ofegava em busca de ar, enquanto eu atacava seu pescoço com cheiro de cereja, que me inebriava, me fazia sentir uma criança que finalmente conseguira o doce mais delicioso da doceteria da esquina. - Isso não é pra acontecer. - insistia, com dificuldade em resistir.
  A olhei nos olhos, demonstrando o meu desejo por ela naquele exato momento, deixando nossa aproximação perigosa de milímetros, tentando encontrar mais sensações em seus olhos de expressões mistas, e quando encontrei o rastro de desejo recíproco sussurrei enquanto sua respiração ainda forte batia em minha boca.
  - Como pode me pedir algo que nem você mesma pode fazer? Siga seus instintos pelo menos uma vez na vida. Siga-os comigo, não temos nada a perder, você mesmo disse que nunca nos arrependeríamos do que nosso coração manda. - meus lábios já estavam novamente encostados aos delas, não tive remorso quando cravei de leve meus dentes em seu lábio inferior, ouvindo-a soltar um gemido baixo e curto - E eu sei que nesse exato momento você quer ser minha.
  Dessa vez ela me beijou enquanto envolvia meu pescoço com suas mãos, agora estava mais intenso, tão menos inocente quanto o gosto que ele tinha, gosto viciante do qual eu não conseguia me livrar, apertei sua cintura a fazendo desencostar da porta e ter o corpo ainda mais colado ao meu e com o impacto nos fazendo gemer entre o beijo, seus sapatos haviam saído de seus pés, puxei sua blusa para fora da saia de cintura alta e coloquei minhas mão por dentro, sentindo comprimir a barriga enquanto meus dedos gélidos percorriam o caminho até tocar seus seios ainda cobertos. Ela arranhou minha nuca ao sentir o toque e desceu suas mãos até meu ombros, livrando-me do casaco encanto o mesmo deslizava até meu ante-braço, e numa velocidade ainda maior retirou minha camisa que foi parar em um lugar distante que não me importou, pois já estava colando novamente nossas bocas. Caminhamos em passos lentos e desengonçados, enquanto eu desabotoava sua blusa, até sua mesa. Desci minha boca até sua mandíbula e pescoço dando mordiscadas que faziam ela segurar gemidos e se arrepiar, tudo aquilo surtia um efeito ainda mais forte em mim, até àquela hora não havia mais como ficar mais excitado. Passei minhas mãos por sua coxa, levantando sua saia até a cintura, dei impulso para que ela se sentasse à mesa e fiquei entre suas pernas, arranhando com minhas unhas curtas sua bunda e coxas. Quando meus olhos bateram em seu colo eu mal acreditei no que eu estava vendo, seus seios fartos agora estavam apenas cobertos por um sutiã com várias estampas de cupcakes e babadinhos, algo fofo e sexy, o que me fez soltar o risinho.
  - Você tinha razão... - sussurrei em seu ouvido enquanto acariciava seus seios - Cupcakes são ótimos para qualquer ocasião.
  Ela não escondeu um sorriso tão malicioso quanto o meu, dei-lhe um selinho e deslizei minha mão por seu ombro, levando as alças junto, beijei cada centímetro por onde elas passavam. Desabotoei o sutiã com uma mão, era isso o que você ganhava pegando groupies: habilidade. Minha boca fez caminho até seu colo, enquanto minhas mãos inquietas se decidiam entre coxa, cintura, bunda... Distribui beijos em seus seios antes de começar a sugar um, enquanto massageava o outro, fazendo com que ela não conseguisse mais segurar os gemidos, que começavam a aumentar o volume a cada toque, a cada mordiscada e sugada, aquilo estava me incentivando para que fosse mais além.
  Sua pele deliciosa era imã para minha boca, então não deixei de tocá-la nem por um segundo. Enquanto me abaixava, tirei sua calcinha pelo caminho quando minhas mãos deslizavam por sua perna, parei em frente a suas pernas e mordi meu lábio inferior, olhei pra cima e a vi corada. Segurei seu tornozelo e fui beijando desde sua panturrilha até a parte interna da sua coxa, virilha, dei uma segunda olhada e a vi de olhos fechados, mordendo o lábio inferior. Não acuei em tocar sua intimidade com meus lábios, a fazendo suspirar e quando minha língua a estimulava, ela começou a gemer alto meu nome. colocou seus dedos em meus cabelos, puxando de leve enquanto gemia mais alto, meu dedos ajudavam a minha boca para aumentar a intensidade, os movimentos circulares tornavam-se mais rápidos, enquanto dois dos meus dedos eram igualmente velozes em estocadas, ela puxou meu corpo para cima, mesmo que eu estivesse relutando, e grudou nossos lábios novamente, soltando um gemido longo entre o beijo, um pouco contorcida. Foi então que percebi que ela havia tido o primeiro orgasmo.
  Nos beijamos intensamente e fiquei arrepiado quando senti as unhas dela passear por minhas costas com força, me fazendo gemer numa mistura de dor e prazer.
  - Minha vez...
  Ela sussurrou em meu ouvido e mordiscou o lóbulo da minha orelha, suas unhas agora passeavam pelo meio peito e abdômen, enquanto sua boca tomava posse do meu pescoço de forma bruta e deliciosa, mordiscadas e chupões que com certeza me deixariam marcado por um bom tempo. Suas mãos brincaram com o cós da minha calça, que foi desabotoada e deslizou em minhas pernas, suas mãos passearam pela minhas coxas e subiram até minhas entradas, ela colocou as mãos por dentro da minha boxer e apertou minha bunda, soltando um riso safado. Mordi meu lábio com força, soltando um gemido de grande protesto quando ela acariciou tortuosamente meu membro e ela pareceu gostar de me ver sofrer, pois a velocidade de sua mão só foi aumentar quando implorei entre suspiros e gemidos, apertando sua cintura, e lhe garanto que tudo o que ela estava fazendo era com extrema maestria.
  Eu não iria aguentar por tanto tempo e quando falei isso para ela, me deu apenas uma resposta, da qual já rondava minha mente, desde a primeira consulta com ela: divã. Peguei minha camisinha de estimação na carteira e a desci da mesa, grudando nossos corpos, desci o zíper de sua saia que deslizou até o chão ao mesmo tempo em que ela se livrava da minha boxer, a caminho do divã. Deitei-a e vesti a camisinha, deitei por cima dela, a beijando, apertando forte sua coxa para melhor encaixe e a penetrei devagar para que pagasse pelo o que fez há alguns minutos atrás. Partimos o beijo para soltar um gemido sincronizado enquanto me movimentava lentamente dentro dela, ela implorou, arqueava o corpo numa tentativa de que a velocidade aumentasse, e aquilo estava me deixando tão tonto de desejo e prazer que instintivamente aumentei a velocidade, a fazendo gritar e fechar os olhos com força, com apenas uma palavra repetida múltiplas vezes em sua boca.
  - Mais... Mais...
  Nosso suor se misturava e nossos gemidos quebravam o silêncio da ala da clínica totalmente vazia aquele horário, intercalava as estocadas, hora fortes, rápidas, lentas e tudo aquilo fazia com que ambos enlouquecessem. Senti relaxar o corpo em um gemido alto e longo, duas estocadas fortes após uma corrente elétrica passou pelo meu corpo, anunciando o meu orgasmo. Aos poucos fui nos separando e distribuindo beijos entre seus seios, colo, pescoço e boca, colei nossas testas e selei novamente nossos lábios, sorrindo.
  - Preciso ir ao banheiro.
  - Entre ali. - ela apontou a porta além da sua mesa - A porta da direita.
  Após sair do banheiro, fui até a mesa de e anotei algo num post-it que estava por lá, voltei para o divã vestido com minha boxer e com a lingerie dela em mãos, a entregando com um sorriso.
  - Obrigada.- ela disse me puxando para deitar o seu lado - Espere só uns instantes por favor, é que... Minhas pernas ainda estão um pouco dormentes.
  Sorri daquilo e a abracei, eu estava me sentindo tão bem com tudo aquilo que se fosse assim pra sempre eu não gostaria de sair daquela rehab por tão cedo. encostou sua cabeça na dobra do meu pescoço e eu sentia sua respiração calma bater em meu pescoço.
  - Você sabe que isso foi errado, não sabe? - ela disse um pouco pesarosa - Eu posso perder meu emprego se fomos pegos, isso é tão antiético!
  - Sh... Não diga nada, mesmo que queiram eu não vou deixar que perca seu emprego... - suspirei pesadamente quando algo passou pela minha cabeça - Você está arrependida?
   apoiou seu queixo em meu tórax para poder me encarar, sorrindo.
  - Eu não me arrependo das coisas que faço porque o coração manda, Dougie.
  Ela se sentou e vestiu sua lingerie, catando suas roupas e saindo para se arrumar no banheiro. Ela veio até mim e entregou minhas roupas.
  - É melhor você ir embora... - o sorriso doce ainda estava em seu rosto - Você é um homem livre agora, mister Poynter.
  Puxei-a pela cintura e a beijei novamente, talvez pelo susto ela tenha demorado de corresponder, mas assim o fez, seus braços entrelaçaram meu pescoço e selinhos foram dados para que nosso último beijo fosse finalizado.
  - Foi um prazer, doutora .
  - O prazer foi todo meu, senhor Poynter. Literalmente.
  Ela riu enquanto destrancava a porta.
  - Bom, até a próxima.
  - Espero que não tenha próximas, Dougie.- ela disse com aquele mesmo sorriso doce de garota que gosta de cupcakes e cheira a cereja.
  - Não no sentido de consulta, doutora. - pisquei para ela, que gargalhou.
  - Se assim for, até, senhor Poynter.
  Foi com a sensação de cura que deixei aquele consultório e enquanto estava no carro da minha mãe, voltando para casa, olhando para aquela clínica de reabilitação que eu sorri verdadeiramente, me sentindo realmente diferente do que eu havia me sentido quando entrei naquele lugar pela primeira vez.

  Epílogo:

   estava sentada em sua mesa sorrindo com o que acabava de ler num blog qualquer sobre o seu mais recente paciente reabilitado, ele diz algo que ela com certeza achava o mesmo.

  "Foi uma das melhores coisas que já fiz em toda a minha vida. Continuo sendo eu mesmo, porém muito mais positivo." O garoto de 23 anos disse ao Daily Mail.

  Sim, para ela também havia sido uma das melhores coisas que havia feito na vida, algo que não desligaria da mente tão cedo.
  Abriu a gaveta de sua mesa de trabalho e pegou um bilhete que fora encontrado no dia seguinte no mesmo local, letras garranchadas num post-it azul anunciavam um agradecimento tão especial quanto o paciente:

  "Because maybe you're gonna be the one that saves me and after all you're my wonderwall...
  Thanks for everything. Dougie x"

FIM



Comentários da autora

  Então gatinhas do meu Brasil zil zil zil, minha primeira fic restrita, espero que gostem! Provavelmente, só se vocês gostarem, pode surgir uma segunda parte da fic que já está idealizada na minha cabeça... Enquanto isso, leiam ela e acompanhem California Gurls (McFly/Andamento), acho que só. Beijos, comentem/metamopau.