In My Life

Escrito por Giovanna Bem Borges | Revisado por Lelen

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N/A: Em itálico são flashbacks ou pensamentos dela, mas estará bem claro quando isso acontecer ^^.

  Sentou-se na cama, suspirando profundamente. Sentia-se mais sozinha que nunca. Tudo parecia estar desmoronando e de repente, tudo aquilo começou a ficar terrivelmente monótono. As viagens, o seu noivado, seu trabalho, tudo. Não sabia exatamente como aquilo tinha começado, mas precisava terminar. Não aguentava mais. A pressão, aquela expectativa de todos. Claro, todo mundo esperaria somente o melhor de Stonem, a grande chefe de uma das mais renomadas empresas do país. Mas não se importava mais em manter sua aparência de mulher perfeita. Não se importava com mais nada daquilo.

  Levantou-se e abriu seu guarda-roupa, procurando por algum pijama confortável. Talvez algumas horas de sono a ajudassem. Pegou uma escada para pegar seu pijama favorito em cima nas prateleiras mais altas do guarda-roupa. Esticou a mão tateando em busca do tecido familiar, mas já estava na ponta do pé. Viu, quem mandou ser baixinha?  Pensou amarga.

  Assim que encontrou, o puxou rapidamente para sair daquela posição desconfortável e perigosa.  Era um fato comprovado por dolorosas experiências pessoais que seu senso de equilíbrio era precário. Assim que puxou o tecido, a manga de sua blusa enroscou na porta do guarda-roupa, fazendo-a dar um puxão ainda mais forte, resultando em uma quase queda.

  Soltou o pijama - que fez um suave baque (que ela não entendeu muito bem) ao cair no chão - e tentou se equilibrar. Funcionou. Assim que se viu em segurança e em terra firme, pegou o pijama do chão. Um suave baque de novo. Olhou para o chão e se deparou com uma caixa de madeira escrito ‘F.R.I.E.N.D.S’ em letras garrafais.

  Pegou-a e se sentou na cama de novo para analisa-la melhor. Olhou curiosa para a caixa e a abriu. As únicas coisas dentro da caixa era um álbum de fotos surrado e alguns objetos simples: uma pedra, uma pena completamente branca, e um pequeno broche de uma folha de carvalho. sorriu ao reconhecer aqueles objetos. Pegou uma pequena pedrinha e a girou na mão.

  - Vamos , levante! Venha brincar! – gritou uma das garotinhas lá fora. Um grande sorriso estava estampado em seu rosto e sua diversão era visível. Seu vestido estava completamente amarrotado e as barras estavam sujas de lama, assim como as pontas de seu cabelo e as suas mãos. A garota dentro da casa riu.
  - Calma ! Já disse que já vou! – a garotinha desceu a pequena escada e se juntou as outras duas garotas, e . sorriu e pegou na mão das outras duas amigas.
  - Seremos sempre amigas. – disse.
  - Sempre – as outras duas concordaram. Sorriram cumplices. olhou ao redor, parecendo procurar algo.
  - O que? – perguntou confusa. A garota não respondeu. Continuou olhando em volta até seu olhar parar em três pequeninas pedrinhas na beira do pequeno lago. Correu até lá e se abaixou para pega-las. e a acompanharam, curiosas. se levantou e olhou para as amigas, com um pequeno sorriso banguelo.
  - Olha, para nunca esquecermos uma da outra – disse e colocou uma pedrinha na mão de cada uma. Elas examinaram rapidamente as pedrinhas e em seguida sorriram.

  Sorriu enquanto uma lágrima solitária escorria por seu rosto. Fechou suas mãos sobre a pedra e abriu de novo. Secou rapidamente a lágrima que rolava por seu rosto e guardou a pedra de novo na caixa. Olhou para o próximo objeto. Era a pena branca.

  - , mais rápido! – gritou para a morena rindo. estava visivelmente tendo dificuldades para acompanhar a amiga, mas tentava não reclamar muito.
  - Calma! Vamos parar para descansar um pouco , por favor. – pediu enquanto apoiava a mão em seus joelhos ofegante. atendeu ao pedido da amiga e parou um pouco mais adiante, ainda com um sorriso no rosto.
  - Vem, vamos sentar aqui sua molenga. – apontou para o banco diante de si. respirou aliviada e se sentou do lado de .  
  - Não sei como você aguenta fazer isso o dia inteiro. Eu sinceramente achei que ia morrer. – disse enquanto bebia grandes goles de água e tentava normalizar sua respiração.
  - Prática. – disse se recostando no banco. Sua respiração estava apenas levemente ofegante. – Eu jogo futebol desde pequena, estou acostumada a correr por bastante tempo.
  Ficaram em silêncio por um tempo. fechou os olhos e relaxou, apenas sentindo o Sol tocando delicadamente a sua pele e a leve brisa bagunçando seus cabelos.
  - ! – abriu os olhos ao ouvir sua amiga chamando. parecia entusiasmada.
  - Que foi? – perguntou curiosa. A amiga apenas apontou para um ponto especifico ao longe. olhou. Não viu nada no inicio; apenas a grama verde, mas depois quando se concentrou, conseguiu ver. Era uma pomba completamente branca; daquelas em que se veem somente em desenhos.
  - Vamos lá ver de perto! – levantou-se maravilhada e arrastou junto, apesar dos protestos da última.
  - , se formos lá ela vai fugir! – A morena não deu atenção. Estavam a alguns metros de distância quando a pomba se deu pela presença delas e voou para longe.
  - Eu avisei. – disse em um tom reprovador. Mas não estava prestando atenção. Olhava fixamente para o lugar onde a pomba estava alguns segundos antes, com uma expressão frustrada. Avistou dois pequenos objetos na grama e seu rosto se iluminou.
  - Olha! Ela deixou duas penas. – abaixou-se e as pegou. A garota riu. – Não é incrível quando coincidências desse tipo acontecem?
   sorriu.
  - É. – pegou uma das penas da mão da amiga e colocou no seu cabelo, como se fosse uma flor. Em seguida fez uma pose metida e falou: - Como estou?
  Elas riram.

   tocou delicadamente a pena, sentindo sua textura. Deu um pequeno sorriso e olhou para o pequeno broche ao lado da pena. Seu sorriso sumiu ao encarar o pequeno objeto metálico. Lembrava-se muito bem daquele outro dia.

  Ela e seu namorado estavam sentados em um belo jantar à luz de velas. Claro que ele ainda não era seu namorado; mas já estavam saindo há quase um mês, já podia considera-lo pelo menos seu quase namorado. Estava ansiosa com aquele encontro em particular. Achava que finalmente o garoto pelo qual fora apaixonada desde sempre a pediria em namoro. Era a única explicação para tudo aquilo. nunca fora do tipo romântico e aquele jantar era claramente uma coisa um tanto quanto fora do comum.
  Sorriu para o quase namorado, mas esse apenas encarava um ponto fixo na mesa. Parecia completamente alheio ao que estava acontecendo. O sorriso de sumiu.

  - ? – chamou. O garoto lançou-a um olhar doloroso; a deixando ainda mais preocupada. – O que aconteceu?
   respirou fundo e encarou a sua bebida. Ficou em silêncio mais alguns instantes novamente antes de finalmente tomar fôlego para começar a falar.
  - Eu vou embora . – disse levantando o olhar.
   ficou estática.
  - Para... – respirou fundo. – Para onde?
  - Londres. – o garoto a analisou. Ela parecia estar lidando com aquilo melhor do que ele esperava. – Meu pai foi transferido. “Não posso não aceitar ; está na hora de você começar a criar responsabilidades e isso vai começar a partir de agora; e uma cidade e um país novos são perfeitos para isso.” – ele disse imitando o pai.
  - Então tudo isso – apontou em volta – só para me dizer que vai embora? Achei estranho mesmo, vindo de você. – disse a garota, ignorando o aperto no coração ao pensar que não veria mais ele e usando um tom mais frio de que gostaria.
  - , por favor, não complica – suspirou e fechou os olhos, apoiando-se sobre a mesa.
   não respondeu.
  - Me leve para casa – disse evitando o olhar dele. abriu os olhos.
  - , por favor... – o tom dele era suplicante. – É a meu último dia aqui, .
  - Só... – continuou olhando para baixo – só me leve para casa.

  Ele suspirou e pediu a conta. Depois que pagou se levantou e o seguiu até o carro. O caminho até a casa dela foi completamente silencioso. Não por escolha dele, claro. Assim que estacionou em frente a grande casa branca de olhou para ela desanimado. A garota se recusava a encara-lo e logo que se viu em frente a casa, levou sua mão até a maçaneta. segurou seu pulso e ela virou-se para ele, com o rosto completamente impassível.

  - Só me escute , por favor. Eu não estou indo porque quero, meu pai me obrigou. Acredite em mim, se tivesse outra opção ficaria aqui com você; mas não tenho. Tenho que ir com eles.
  - Quando? Quando você vai?
  - Amanhã.
   o olhou incrédula.
  - Ah, claro, amanhã! – a voz dela estava carregada de sarcasmo – E você não achou que eu deveria saber ?! Por Deus, você vai embora amanhã e eu descubro hoje! Um dia antes! Claro, faz muito sentido, afinal, porque eu, a garota com quem você está saindo há mais de um mês, mereço saber que você vai embora? Não, não, me deixa ser a última a saber mesmo!
  - ...
  - Mas aposto que aquelas suas amiguinhas já souberam né?! Mas e eu? Não, me deixa saber um dia antes mesmo, que diferença faz, afinal?!
  - , me escute! – segurou os pulsos da garota e a forçou a olha-lo. – Eu quis te contar, mas eu fiquei com medo! Estávamos tão bem, você estava tão feliz! Eu não queria estragar aquilo!
   fechou os olhos.
  - Sinto muito . – ele disse a soltando. abriu a porta. – Espere.

  Ela se virou para ele, mas não estava olhando para ela. Olhava para algo em suas mãos. tentou espiar, curiosa, mas tudo que conseguiu ver foi um brilho metálico.
  Pegou a mão dela e depositou o objeto. o observou atentamente. Era um pequeno broche de prata com uma folha de carvalho metálica.
  - Para você se lembrar de mim. – disse olhando para o broche.  
  Ela olhou para ele.
  - Obrigada . – olhou de novo para o broche ainda em sua mão – É lindo.
  Em seguida o abraçou e sussurrou em seu ouvido:
  - Me desculpe.

   sentiu uma lágrima descer por seu rosto. Ainda sentia um aperto no coração ao se lembrar de .

  Deixou o pequeno broche de lado e pegou o álbum surrado.

  A primeira foto do álbum era uma velha fotografia dela pequena junto com os pais. Sorriu enquanto mais lagrimas desceram. Passou os dedos delicadamente pelo rosto sorridente da mãe e desejou mais do que nunca que ela ainda estivesse viva. Ela saberia aconselha-la. Ela saberia o que fazer.

  Virou a página. Lá estava ela com fazendo careta para as fotos no meio de um parque qualquer. Sorriu novamente e limpou mais algumas lágrimas.

  Quando virou a página novamente, uma foto caiu. a analisou, curiosa. Era uma foto dela com . Os dois sorrindo enquanto colocava um braço ao redor de seus ombros e ela usava a jaqueta de couro preferida dele. Virou a foto e se surpreendeu ao encontrar uma mensagem, escrita claramente por .

  “Eu te amo e sempre que precisar conversar, você pode me ligar. 8345-0678”.

  Olhou incerta para o número, com uma ideiazinha crescendo em sua cabeça. Não seja idiota, o número dele provavelmente nem é mais esse. Disse uma vozinha no fundo da sua cabeça. Mas talvez seja. Outra vozinha disse. deu de ombros. Pegou o celular e antes de qualquer coisa ligou para seu noivo, .

Xxx

  Sentou-se em uma mesa qualquer perto da janela e ficou observando o movimento na rua. Não demorou muito, chegou. Sentou-se de frente para ela e a observou, esperando que ela dissesse o que era tão importante que não podia esperar.
  - Eu não quero mais casar com você . – anunciou.
  O rapaz pareceu incrédulo.
  - O... O quê?
  - Isso mesmo que você ouviu – continuou tranquila. – Vamos ser honestos, eu não te amo, você não me ama, então o que estamos fazendo juntos?
  - Não sejamos precipitados, ... Nosso casamento vai ser no próximo mês, vai simplesmente jogar tudo pela janela? Depois de quase tudo pronto? Todo o dinheiro que gastamos? – pegou em sua mão.
   retirou rapidamente sua mão da dele.
  - Eu não me importo com o dinheiro. Eu quero ser feliz, e eu tenho certeza que não vou consegui-lo ao seu lado, . Adeus. – disse se levantando e lançando lhe um último olhar.
  Saiu da pequena cafeteria e pegou um taxi para casa. Mal tinha fechado a porta atrás de si sentiu o celular vibrando no seu bolso. 
  “Então, no lugar de antigamente? Xx ”.
  Sorriu. Finalmente sentia que estava tomando a decisão certa. Estava feliz.

There are places I remember
All my life though some have changed
Some forever not for better
Some have gone and some remain
All these places had their moments
With lovers and friends I still can recall
Some are dead and some are living
In my life I've loved them all
But of all these friends and lovers
There is no one compared with you
In my life I'll love you more



Comentários da autora


  Acho que esse final ficou meio confuso, é. Não ficou tão ruim, ficou?