I'm Yours

Escrito por Beatriz Orlando | Revisado por Francielle

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  Acho que não posso começar isso sem saberem quem sou e porque estou aqui, então vamos lá. Me chamo , ou simplesmente e, bem, estou aqui pela mulher que eu amo. Mas não, ela não está comigo agora (infelizmente). - claro que tudo isso - por culpa única e exclusivamente minha, que não tenho capacidade sequer pra expressar meus sentimentos estápidos. Devem estar perguntando quem - a mulher que eu amo, certo? , com quem eu convivo desde que me entendo por gente e amo desde quando minha memória pode alcançar (minha memória - muito boa!). Agora, imagine você que pra ter tido todo esse tempo e não ter feito nada eu sou um completo idiota, o que realmente - verdade. E agora eu estou aqui, sentado em uma mesa numa festa, acompanhado por um copo de vodka e algumas garrafas vazias de cerveja. Com os olhos fixos em um ponto específico da pista de dança, onde ela se movimenta com o corpo colado ao de seu namorado, o qual eu queria estar no lugar.
  Logo a música agitada se transformou em um som suave e lento, fazendo com que os casais apaixonados que ainda permaneciam sentados levantassem para iniciar uma dança e os que já estavam na pista (incluindo e ) grudarem-se mais ainda, acabando com qualquer espaço possível. Não posso negar que quis me suicidar diante daquela cena, seria menos doloroso do que vê-la ali, nos braços de outra pessoa.
  Assim que o ritmo agitado tomou conta do local novamente e afastaram um pouco os corpos e deram um beijo prolongado, que fez o álcool queimar em meu estámago e toda a comida que eu havia ingerido até o momento subir por minha garganta. Ok, isso foi muito gay. Mas eu realmente não me importo, esse - o menor dos meus problemas agora. Depois de sair do pequeno transe pude observar os dois se dirigindo até a mesa ao lado da minha, e então eu realmente reparei em , não que eu não tivesse feito isso antes, - que estava muito ocupado em sentir nojo daquelas cenas de casal feliz com . Ela usava um vestido vermelho justo e meio curto (já disse que tenho tara por vestidos vermelhos?), que delineava muito bem seu corpo curvilíneo e deixava suas belas pernas - mostra. Fiquei extasiado com essa visão do paraíso, mas aí lembrei que aquilo tudo não era pra mim e soltei um grunhido um tanto quanto alto, que chamou a atenção de e a fez virar pra mim, abrindo um daqueles sorrisos que me faziam derreter.
  - , eu estou indo embora. Você poderia avisar a e a pra mim?
  - Claro, aviso sim.
  - Obrigada , te amo! - ela disse e eu senti minhas pernas vacilarem, só por alguns segundos. Porque - óbvio que o amor dela por mim era de melhor amigo, como sempre foi. Ela deu um beijo rápido em minha bochecha e saiu praticamente arrastada pelo namorado, achei meio estranho porque ele era mega carinhoso e aquele ato estava parecendo meio bruto, mas tudo bem.
  Saí dali e fui procurar pelas amigas de , e ao me aproximar da saída vi uma cena um tanto quanto estranha.
  - ! , você está me machucando! - ela sussurrava enquanto ele apertava seus braços com força e tentava a beijar.
  - Ah zinha, só um beijo vai. Você sabe que eu não vou sair daqui até conseguir. - ele falou e olhou para a calça, onde um objeto de metal cintilava.
  Foi quando percebi que o tal objeto era um canivete e resolvi reagir, mas o namoradinho perfeito dela foi mais rápido.
  - ! , meu amor, ta tudo bem? Esse idiota te machucou? - ele perguntou assustado, abraçando-a e beijando-a em seguida.
  - Não, ele não fez nada. Só, vamos embora, por favor. - ela pediu com os olhos marejados e ele a tirou dali o mais rápido possível.
  Aquela cena quebrou o meu coração, fez ele diminuir. E foi aí que eu percebi que não suportava a ideia de vê-la sofrer, e que era isso que aconteceria se eu quisesse a tirar de . Porque por mais que eu odiasse esse fato, ele a fazia feliz.
  Depois disso eu não me lembro de absolutamente nada. Acordei em minha cama, cheio de olheiras, provavelmente por ter dormido pouco demais e por ter chorado muito (creio que não precise nem explicar o motivo). Levantei e fiz minha higiene pessoal, colocando uma roupa simples em seguida, já que não ia ir pra lugar nenhum com a cabeça estourando daquele jeito (bendita ressaca!). Me joguei no sofá e liguei a TV, apenas para não deixar a casa em silêncio, mesmo com a pior enxaqueca do mundo eu preciso ouvir algum barulho, mesmo que ele seja mínimo. Escutei a campainha tocar e fui atender a porta, me arrastando.
  - ?! - indaguei um pouco assustado e ela deu um sorriso torto.
  - Oi ! - ela estalou minha bochecha e adentrou o apartamento, me fazendo fechar a porta. - Eu te mandei uma mensagem avisando que iria vir. - ela falou distraída, tentando ver o que passava na televisão. - Mas pelo visto você não leu. - ela concluiu, analisando meu estado.
  - Ah, é. Eu...
  - Tava muito ocupado tentando curar a ressaca. - ela me interrompeu, brincando com os analgésicos que estavam sobre a mesa.
  - - isso. - fiz careta e ela riu, me puxando pro tapete. - O que aconteceu pra você largar o Sr. Perfeito? - disse e ela me olhou, gargalhando.
  - Aquilo lá ta muito longe da perfeição, pode ter certeza. - ela torceu a boca. - Mas eu não posso querer ficar com o meu melhor amigo mais não? - ela fez bico (o qual eu tive vontade de morder, mas me segurei).
  - Claro que pode boba. - ri e ela cheirou minha camisa, fazendo careta depois.
  - Você ta fedido. - ela riu - Também, não larga essa camisa mais. Só porque foi a que te deu. - ela fez cara de nojo e fingiu vomitar.
  - Falou a que não tira a blusa dos ramones. - apontei para a blusa que ela usava.
  - Mas quem me deu foi a , não um menino insuportável que vive dando em cima de mim.
  - Qual é? A - minha amiga. E ela não dá em cima de mim. - falei pensativo, investigando quais eram as possibilidades dela estar com ciúme.
  - Não, imagina. Só te come com os olhos e te agarra sempre que tem a oportunidade.
  Qual vocês acham que - a possibilidade de isso ser ciúme? Porque sei lá, eu to meio confiante.
  - Ow, para! Cena de ciúme barato ? Pensei que você fosse melhor que isso. - ri e ela me fuzilou com os olhos.
  - Idiota! Eu te odeio! - ela levantou do meu colo (sim, ela estava deitada em minhas pernas) e começou a dar socos em minha barriga.
  - Você sabe que isso não dái né? - ri e ela parou, pegando o controle da TV.
  "Oooh, vive num abacaxi e mora no mar?!" Click
  "Sóo três meses de férias que passam depressa, curtir - a prioridade." Click
  "Que horas sóo? - hora de aventura!" Click
  "Eles sóo seus padrinhos, padrinhos mágicos!" Click
  "Eu desejo, eu desejo, de todo o coração, voar para longe, para a terra dos dragões." Click

  - O que foi?
  - Ahn? - ela virou-se em minha direção com uma expressã confusa.
  - Você ta muito inquieta, pode falar.
  - eu... - ela respirou fundo, parecendo querer se acalmar - Eu preciso conversar com você. - ela completou e eu apenas balancei a cabeça, assentindo. - Isso não - uma coisa muito fácil de dizer, mas eu vou parar de enrolar. Eu te amo . Não como melhor amigo, nem como irmão, eu te amo como homem. Você deve estar me achando uma idiota agora né? E - claro que eu sou, porque eu poderia ter feito isso muito antes, evitado tanta coisa. Mas eu tive que sofrer primeiro pra depois perceber o que eu realmente sinto. Eu terminei com o ontem, e bem, você tem todo o direito de não me querer, não corresponder o... - a calei com um beijo.
  Dude, só Deus sabe o quanto eu esperei por aquele momento, e não foi pouco tempo não. Interrompi o beijo com alguns selinhos demorados e pude notar o sorriso escancarado no rosto dela (no meu também, obviamente). Colei nossas testas e sussurrei próximo ao seu ouvido.
  - Eu te amo.



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