I Know, She Knows, For Sure

Escrito por Láá Amorim | Revisadopor Isabelle Castro

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  — MÃE, CHEGUEI! – Gritei assim que abri a porta de casa e logo ouvi um barulho de panelas vindo da cozinha. Rindo, fui até lá e vi minha mãe lavando as mãos rapidamente, enquanto Denise segurava uma panela em uma mão e na outra o escorredor de macarrão.
  Mal encostei no batente e minha mãe veio me abraçar, ainda com as mãos molhadas:
  — Niall, que saudades, meu filho! – Disse com a sua voz mais calma. Passei meus braços pelo seu corpo e a tirei do chão, ela fica louca quando eu faço isso. — Menino, me coloca no chão, agora! – Sua calma se foi e deu lugar a uma mãe raivosa que só.
  — Ah, mãe, eu senti saudades!
  — Então seja um filho normal e só me abrace, não me faça enfartar, Niall James Horan! – A última parte disse dando tapinhas nas minhas costas, até que me dei por vencido e a coloquei no chão.
  Denise tinha colocado as panelas na pia e veio me cumprimentar, ao mesmo tempo que Greg apareceu com Théo no colo:
  — Hey, cara, que cabelo é esse? – Ele estendeu os bracinhos e veio para o meu colo. Theo estava enorme e nem fazia tanto tempo assim desde a última vez que o vi. Seus cabelos estavam extremamente grandes, parecia um capacete, coitado, mas ainda sim meu sobrinho estava lindo e cada vez mais a cara do meu irmão.
  Greg me abraçou e tentou tirar Theo do meu colo, mas a criança travou os braços em volta do meu pescoço e não queria soltar de forma alguma. Ri e disse que estava tudo bem, então fui com ele até o quintal e o coloquei no chão. Ele saiu andando meio torto, por causa da fralda, sua bundinha ficava maior e apesar de alguns pequenos tombos que levava enquanto corria, levantava rapidamente e voltava a correr.
  Foi até a lavanderia da minha mãe e voltou arrastando uma sacola quase maior que ele. Sentei no gramado, ele sentou (se jogou de bunda, pra ser mais preciso) ao meu lado e virou a sacola, espalhando todos os seus brinquedos.
  Pegou um carrinho para ele e me entregou outro, azul, e começou a soltar alguns sons de acelerador, como “vrummm”. Entrei na brincadeira e ficamos nisso até ouvir a voz do meu pai vindo da cozinha, meu sobrinho levantou rapidamente (na verdade ele tentou levantar umas três vezes, mas caiu de bunda), o puxei e bati a mão umas três vezes em sua calça de moletom branca, que estava toda suja de barro agora. Mamãe brigaria comigo, Denise não, ela não liga que ele fique sujo, mas minha mãe já ia começar a dizer que eu só sei brincar com ele quando nos sujamos. Ele saiu correndo, do seu jeito torto e ainda vi manchas de barro em sua calça, então levantei rapidamente e percebi que a minha não estava muito diferente da dele. Indiferente, sai andando calmamente até a cozinha e vi meu pai:
  — Filhão! – Me deu um abraço apertado e bagunçou meus cabelos. — Que saudades de você.
  Louise ficaria louca se visse isso!
  — Saudades e nem estava aqui pra me recepcionar. – Brinquei e ele riu, me abraçando mais forte.
  — Fui ajudar Oswald com a mudança. – Explicou. Oswald era nosso vizinho da frente, ele e sua família sempre foram grandes amigos da nossa família, do tipo que almoçavam juntos aos domingos. Eles tem uma filha, , que praticamente cresceu aqui dentro de casa brincando com meus bonecos dos Power Rangers e aos 16 anos, percebi que sentia alguma coisa a mais por ela. Chegamos a namorar por seis meses, mas logo fui para o programa e por fim, terminamos o namoro.
  Depois disso eu praticamente não voltei para a casa mais e, consequentemente, não a vi mais. Soube que ela entrou na faculdade e estava cursando história, de resto, mais nada:
  — Eles estão se mudando? – Perguntei como se não quisesse nada, mas meu irmão já me olhou com uma cara engraçada e percebeu que eu estava interessado demais no assunto.
  — Eles não, mas sim. Vai morar com o namorado, eu acho. – Respondeu como se isso não fizesse diferença nenhuma pra ele.
  No começo, meus pais ficaram meio bravos comigo por ter terminado com ela, mas o que eu poderia fazer? Namoros à distância não dão certo.
  Greg me olhou como se quisesse conter uma gargalhada, ele sabe de tudo, foi o primeiro a perceber que o que eu sentia por não era só amizade. Hoje em dia não sinto mais nada por ela, - eu acho - só tenho lembranças, mas isso é estranho, sempre falamos que um dia moraríamos juntos e que se ela não arrumasse alguém pra casar até seus 30 anos, nos casaríamos.
  Foi estranho ouvir seu nome e namorado na mesma frase. Na minha mente, ela ainda usa aqueles vestidos floridos, sapatilhas, tem o cabelo loiro e ainda me pedia ajuda pra fugir do garoto ruivo da rua de baixo, que a perseguia.
  Acho, na verdade, eu parei no tempo e gostaria que ela tivesse parado também.

  Theo e eu estávamos assistindo Frozen, quando ouvi a porta do meu quarto abrindo. Na verdade eu estava dormindo, enquanto ele assistia todo animado e tentava cantar as músicas junto, mas isso é detalhe.
  Meu pai sentou na ponta da cama e beliscou meu pé, ele sempre fazia isso quando ia me acordar:
  — To acordado, pai! – Falei meio mole.
  — Ele é uma péssima companhia para ver filmes, não é? – Perguntou para Theo e a criaturinha loira e cabeluda que estava deitada em mim, sentou na minha barriga e concordou com a cabeça. Gargalhamos alto e ele pareceu gostar, porque começou a gargalhar também.
  — Sobrinho traidor! – Apertei suas bochechas e ele gargalhou mais ainda. — Mas o senhor não veio aqui só pra ver se eu estava ou não assistindo filme de princesa, o que houve, pai?
  — Na verdade eu preciso de um favor seu. – Assenti e me espreguicei — Preciso que leve alguns documentos no apartamento novo da .
  Senti minha respiração acelerar, assim como meus batimentos cardíacos:
  — E o Greg?
  — Saiu com a Denise.
  — E você?
  — Não quero deixar sua mãe sozinha, você poderia levar ou não?
  Bufei e me dei por vencido. Levaria os documentos, veria e possivelmente seu namorado.

  Assim que cheguei no endereço que meu pai passou, sai do carro e entrei, passando pelo porteiro e o cumprimentando. O apartamento era no primeiro andar, claro, e elevadores não se dão bem. Ela tem claustrofobia e também não iria de escadas, é preguiçosa demais pra isso.
  Quando estava chegando perto dos apartamentos, me dei conta que não sabia o número, mas nem precisei tentar descobrir.
  Ela estava com os cabelos presos em um coque no alto da cabeça, uma camisa enorme que cobria até suas coxas e pude perceber um pequeno shorts de malha ali também. Estava descalça e dando o dinheiro para um cara que tinha uma pizza em mãos. Ele guardou o dinheiro e se despediu dela, passou por mim e saiu.
   estava quase fechando a porta, quando me viu e abriu a boca em um perfeito “O”:
  — Mas que porra? Niall? Que caralho? – Soltou todos os palavrões de uma vez e eu ri sozinho. só soltava palavrões quando estava nervosa ou surpresa.
  — Eu mesmo! – Abri os braços e ela deu um sorriso enorme, colocou a pizza no chão e correu na minha direção, pulando e me abraçando.
  Depois de tanto tempo, o cheiro de camomila que emanava daqueles cabelos ainda era o mesmo, sua pele macia continuava igual e seu abraço continuava quente e aconchegante.
  Seus braços saíram do meu pescoço e ela ficou parada, olhando pro meu rosto e sorrindo.
  — Meu Deus, você tá tão diferente... – Falou baixinho.
  — Não sou o único...
  Apesar de sua pele, seu cabelo e calor continuarem o mesmo, seu corpo estava diferente. Pude reparar que seus seios estavam maiores e suas curvas tinham aumentado. Não que antes ela não tivesse um corpo lindo antes, mas ainda era um corpo de garota e o que vejo na minha frente nesse momento é um corpo de mulher:
  — Erm... Nossa. – Ela sorriu sem graça e eu percebi que foi por culpa da forma que a olhei. — Você tá fazendo o que aqui?
  — Ah! – Bati a mão na testa. — Vim te entregar esses papéis. – Estendi o envelope pra ela, que pegou e tirou alguns papéis de dentro rapidamente.
  — Ah, é meu histórico escolar.
  Eu, curioso, estiquei a cabeça e pude ver sua pequena foto do canto do papel. Ela sorria e mostrava todos os dentes, com os olhos quase fechados por culpa do sorriso:
  — Hey, isso foi no primeiro colegial.
  — Foi? – Me olhou espantada.
  — Você está usando aquele moletom azul da Disney, olha. – Mostrei a pequena parte que mostrava as orelhas do Mickey.
  — Nossa, como você viu isso? – Riu. — Nem eu percebi!
  — Fui eu que te dei, dã! – Era tão fácil falar com ela, como se os anos não tivessem passado, como se nunca tivéssemos ficado separados e sem nos falar.
  — Ah, verdade. – Guardou o papel no envelope novamente e olhou para trás, sua porta ainda estava aberta e a pizza no chão. — Deus, quem deixa uma pizza de queijo no chão? – Acho que falou mais pra ela mesma do que pra mim.
  Então me toquei: ela estava com fome, provavelmente seu namorado estava a esperando lá dentro e eu ali a segurando, hm, hora de ir embora:
  — Bom, vai lá tirar sua pizza de queijo do chão e comer, eu preciso ir embora.
  Ela não me respondeu de imediato, mas rolou os olhos:
  — Claro que você precisa ir embora. – Deu um sorriso que na minha percepção, estava carregado de irônia, assim como a afirmação que fez.
  — Foi bom te ver. – Falei e ela deu de ombros.
  — É, também.
  — Erm... Então tá... Tchau... – Dei um tchauzinho com a mão e fui me distanciando, andando para trás.
  Ela rolou os olhos novamente e foi até a porta, pegando a pizza do chão, entrando e empurrando a porta com o pé, mas ela não fechou:
  — Arg, caixa do demônio! – Gritou nervosa.
  Me assustei com o que ouvi e parei. Depois do grito, ouvi algo caindo e depois mais um grito de raiva.
  Pensei por cinco segundos se era seguro ou não me aproximar, mas quando ouvi o barulho de um vidro se quebrando, comecei a dar passos até seu apartamento.
  Com a porta ainda entreaberta, dei três batidinhas e ela gritou “QUEM É?” não respondi e acabei entrando.
  A sala não tinha muitos móveis ainda, só uma televisão que estava no chão, um colchão no meio e várias caixas espalhadas. Procurei por e ela estava sentada encostada em uma caixa, com a cabeça abaixada:
  — ? Tá tudo bem? – Ela levantou a cabeça e me olhou assustada.
  — Tá fazendo o que aqui? Não ia embora?
  — Ouvi seus gritos e alguma coisa quebrando, achei que...
  — Ah, não foi nada! – Sorriu. — Primeiro esbarrei na caixa ali, ai ela foi pro lado e não me deixou fechar a porta, só que ela é pesada, então nem tentei mover. Depois fui procurar um prato pra comer e saiu uma barata de baixo da caixa, assustei e derrubei o prato que tinha pegado. – Ela suspirou e sorriu. — Só isso.
  — Você quer que eu tire a caixa? Ou vai esperar que seu namorado... – Deixei a frase morrer.
   levantou, com um sorriso nos lábios e veio até mim, sentando na caixa que estava ao meu lado:
  — Humpf... Não namoro mais. – Relaxou os ombros.
  — Mas você não ia morar com seu namorado?
  — Terminamos semana passada... Não contei pros meus pais porque você os conhece, se soubessem não me deixariam sair de casa. Vou contar depois que a casa já estiver arrumada e não ter mais como eles me tirarem daqui. – Explicou.
  Soltei um “Ahhhh” em compreensão e sentei ao seu lado, empurrando-a com o meu quadril. Ela riu e se afastou, me dando um pouco de espaço:
  — E você? – Perguntou sem me olhar — Namorando?
  — Nope. – Soltei um som de “ploc” com os lábios.
  Ficamos em silêncio por alguns segundos, levantou e saiu andando para dentro do apartamento e logo voltou com a caixa de pizza, guardanapos e uma garrafa de Cola Cola:
  — Me acompanha? – Estendeu os guardanapos na minha direção.
  Agradeci, pegando e abrindo a caixa da pizza. Ela sentou no chão com pernas de índio e eu fiz o mesmo, abrindo a garrafa e colocando nos dois copos de plástico que ela trouxe:
  — Acho que a partir de hoje vou usar tudo descartável. – Falou com a boca engordurada por culpa do queijo.
  — Super prático! – Concordei.
  O silêncio se instalou e os únicos sons presentes eram hora nossos suspiros pela pizza deliciosa que comíamos, hora uma risada que vinha sem razão alguma.
  Teve um hora que fui pegar a garrafa de refrigerante e ela também, acabamos tocando nossas mãos.
  Ela me olhou com olhar meio assustado e tentou tirar sua mão de baixo da minha, mas eu segurei:
  — Niall, me...
  — Você realmente nunca se encontrou em música nenhuma?
  Seus olhos miraram em mim e ficaram maiores:
  — Oi?
  Mordi o lábio inferior e ela fez o mesmo. Estava nervosa, sabia porque ela pegou isso de mim.
  — Ou você nunca ouviu nenhuma música nossa?
  — Até ouvi, mas é que por um bom tempo eu preferia evitar, sabe. Te deixar ir não foi fácil pra mim. – Desviou seu olhar do meu e focou no pedaço de pizza em seu guardanapo.
  — ...
  — Não, não me olha assim. Você sabia que eu gostava de você quando foi embora.
  Tapa na cara doeria menos do que toda essa sinceridade que ela exalava:
  — Your secret tattoo, the way you change moods, the songs that you sing when you're all alone... Your favorite band... – Ia continuar, mas ela me cortou.
  — É o que?
  — A âncora que você tatuou no aniversário de 15 anos, sua bipolaridade, a forma que você canta qualquer música do Mcfly quando está sozinha...
  Antes ela tinha uma carranca na cara, agora tinha um sorriso meio tímido. Antes que ela falasse alguma coisa, procurei na mente outra música que me inspirei nela:
  — She’s not afraid of scary movies, she likes the way we kiss in the dark...
  — Quando assistimos aquele filme cheio de demônio no cinema e...
  —... e você não me deixou ver nada do filme, porque estava quase subindo em cima de mim. – Dei o meu melhor sorriso sem vergonha e ela ficou vermelha.
  — The dimples in your back at the bottom of your spine, but I'll love them endlessly...
  — Elas são estranhas. – Disse e fez um bico.
  — I don't know where I'm going, but I'm finding my way, same old shit, but a different day!
  — Eu te dizia isso todos os dias de manhã antes de entrar na sala de aula! – Sua cara de surpresa quase me fez gargalhar.
  — Heartache doesn’t last forever, I’ll say I’m fine... - Seu sorriso se desfez e deu lugar a um sorriso pequeno e tímido no canto dos lábios.
  — E foi isso que eu te disse quando você foi embora. – Disse e deu um suspiro, antes de levantar e ir até a cozinha, que só tinha caixas espalhadas pelo chão.
  — , volta aqui. – Segurei em seu cotovelo e a puxei para mim. Senti sua respiração oscilando e no momento em que olhei diretamente para seus olhos, senti um solavanco dentro do peito, ao mesmo tempo que minha garganta secou.
  — Eu preciso terminar de arrumar isso aqui e você tem que ir embora.
  — Preciso? - Arqueei uma sobrancelha.
  — Das três últimas vezes que nos falamos você precisou. - Respondeu com certa mágoa na voz.
  As três últimas vezes que ela citou, foi no ano passado quando nos esbarramos em um almoço na casa da minha mãe, no ano retrasado quando vim ver meu sobrinho e ela estava no hospital pelo mesmo motivo e antes disso tudo, quando nós terminamos e eu fui embora para Londres:
  — Mas agora eu não quero ir embora.
  — Eu acho que dessa vez... - Ela fechou os olhos e tirou minha mão que a segurava, delicadamente e com calma. — Eu quero que você vá.
  Seus olhos se abriram e não vi apenas aqueles olhos castanhos, vi um pouco de mágoa e dor, assim como senti em suas palavras.
  Não consegui formular uma frase nem nada do tipo, então fiz exatamente o que fiz das últimas vezes que a vi: dei as costas e fui embora.

  Por duas semanas tudo o que eu fiz foi pensar em e no nosso reencontro.
  A forma que ela me disse algumas coisas, a mágoa presente em suas palavras e algumas vezes em seu olhar me deixaram intrigado.
  Eu a conhecia perfeitamente, mas será que ela ainda continuava a mesma , por quem eu me apaixonei anos atrás e possivelmente ainda nutria esse sentimento?
  A dúvida e vontade de ir atrás dela me corroriam, mas ela dizendo que queria que eu fosse embora ainda falava mais alto. No momento que ouvi, pensei que ela apenas não queria me ver mais, mas depois de alguns dias pensando sozinho pensei na possibilidade dela querer que eu me afastasse novamente para que não a fizesse sofrer, assim como fiz quando fui embora da primeira vez, sempre foi uma incognita para muitas pessoas, mas pra mim não. Pra mim ela sempre foi clara, nunca tive dúvidas sobre seu comportamento e muito menos sobre seus sentimentos, com exceção quando ela começou a dar sinais de que estava interessada em mim, hoje me pergunto se eu realmente não entendia ou queria não entender.

  Acordar com minha mãe dizendo que meus amiguinhos viriam para o almoço era algo que não me acontecia a muito tempo. Tipo, muito mesmo!
  Harry tinha ligado em casa e avisado que ele e os outros três viriam para a Irlanda no último dia das férias e que viriam me fazer uma visita. Achei engraçado isso, quando estamos em turnê vivem dizendo que eu falo demais, que minha risada irrita, inventam até calúnias a meu respeito, então ficam duas semanas longe e já sentem falta, vai entender.
  Na verdade, nossas férias tinham terminado dois dias atrás, mas como nosso empresário é gente boa demais, disse que poderíamos ficar mais dois dias. Nós amamos, mas as fãs não gostaram muito.
  Depois de minha mãe ter me obrigado a ajudá-la a descascar batatas, fiquei na sala assistindo Frozen, pela vigésima vez. De certa forma, minhas três semanas em casa se resumiram em Do you wanna build a snowman? e Let It Go. Próxima vez que eu vier para cá juro que vou trazer a coleção de filmes sangrentos do Zayn ou os de comédia do Liam.
  A campainha tocou e eu fui atender, Theo veio pulando atrás e deu um abraço apertado no Harry assim que abri a porta e eles entraram:
  — Theo, que cabelo é esse? Seu tio não te leva pra cortar não? - Bagunçou seu cabelo e ele riu, bagunçando o dele de volta.
  Depois passou para o colo de Zayn, Liam e Louis, que o colocou no chão e ele saiu correndo, do jeito dele, de volta para a sala:
  — A que devo a honra das moças? - Perguntei assim que todos entraram e fechei a porta. — Durante a turnê não me aguentam mais, agora se oferecem para almoçar na minha casa?
  — Ah, sabe como é. - Louis se jogou no sofá. — Vim visitar meu tio Elliot com as gêmeas, elas ficaram por lá e comentei com o Harry que talvez viria para cá, então ele se ofereceu para vir junto e ficar até amanhã, quando voltamos para Londres.
  — E vocês? Descobriram que eles viriam por algum site de fofoca, Twitter ou eles mesmos passaram a fofoca a diante?
  — Harry mandou uma mensagem avisando que voltaria para Londres com você amanhã e eu não aguentava mais ficar em casa com as minhas irmãs. Apenas juntei o útil ao agradável e encontrei eles no aeroporto, então, cá estou! - Explicou Zayn e se jogou na poltrona.
  Quem o vê na mídia e nas entrevistas, realmente não conhece Zayn Malik. O cara tem a maior face de mal humorado, badboy, mas quando você conversa ou se aproxima, vê o tamanho do coração desse garoto e o quão amável ele é. Se eu fosse uma fã nossa, Zayn seria meu preferido:
  — E o senhor Payne, qual a história para ter aparecido na minha humilde residência?
  — Eu estava pensando em viajar, então Zayn me avisou que todos viriam e claro que eu não perderia a oportunidade de comer o assado da sua mãe, que aliás... - Se virou em direção a cozinha e de uma respirada profunda — Maura, que cheiro maravilhoso é esse, mulher! - E foi para a cozinha.
  Logo todos também foram cumprimentar o resto da família, depois fomos todos para os fundos e ficamos conversando até dar o horário do almoço ficar pronto.
  Quando estávamos todos à mesa, Theo entre Harry e eu, fazendo uma lambança enorme com o macarrão que estava em seu prato, a campainha tocou.
  Meu pai levantou e foi até a sala, ouvimos algumas risadas e logo apareceram na cozinha Oswald e Muriel, sorridentes como sempre:
  — Eu não acredito, Niall! Você está aqui, meu amor! - Muriel veio até mim de braços abertos.
  Nos abraçamos e ela me apertava, repetindo coisas como "Você está um homem, como o tempo passa!". Quando nos soltamos, Oswald, que estava sorrindo atrás da esposa, veio me abraçar também:
  — Niall, filho, quanto tempo. - Deu três tapas nas minhas costas e bagunçou meu cabelo, assim como fazia quando eu era criança e ia na sua casa brincar com .
  — Não imaginamos que estaria aqui. - Muriel comentou, enquanto pegava um prato no meio da mesa e se servia. — disse que você tinha ido embora já.
  — Ela disse? - Perguntei confuso.
  — Comentou. - Oswald respondeu e pegou a garrafa de cerveja que meu pai o ofereceu. — Mas não disse mais nada, ela andou meio mal ultimamente.
  Pensei em perguntar o que estava havendo, então senti meu celular vibrar. O tirei do bolso e vi que era o WhatsApp, mais precisamente uma mensagem de Harry no grupo.

  " é a sua ex namorada?"

  Ter um grupo no aplicativo hoje em dia é a coisa mais normal do mundo, mas não com a sua banda, digo, a escolha de nome é uma guerra até hoje, principalmente entre Liam e Louis que mudam quase uma vez ao mês.
  Dei um sorriso amarelo e todos eles compreenderam a resposta:
  — Ela está doente? - Minha mãe perguntou para a amiga.
  — Terminou com o namorado.
  — Mas eles não estavam morando juntos? - Meu pai perguntou, depois que deu uma golada em sua cerveja.
  — Não entendemos muito bem o que houve, mas no dia seguinte que você foi entregar os papéis para ela, que te pedi... - Meu pai me deu uma olhada significativa. Desviei o olhar e o voltei para o meu prato — Ela nos ligou chorando e então Muriel foi até seu apartamento.
  — Ah, amiga. - Segurou na mão da minha mão. — Minha filha não estava bem. Ela contou que terminaram e que sentimentos que não eram para existir mais acabaram vindo à tona, não entendi patacas, na verdade.
  No dia que a vi!
  Milhões de hipóteses começaram a passar pela minha cabeça e teorias começaram a surgir, será que ela ficou assim por ter me visto? Ou será que realmente se sentiu mal por ter terminado com o namorado? A possibilidade dela estar tão confusa quanto eu no meio disso, existe?
  O sentimento que não era para existir, mas que vieram à tona, seria algo nutrido por mim?
  — A chame para vir aqui! - Meu pai sugeriu, animado. — Niall está aqui, eles sempre foram tão amigos, ver ele pode ajudar.
  Engasguei com a minha própria saliva ao ouvir meu pai dizer isso:
  — Deus, Niall, você está bem? - Denise perguntou, do outro lado da mesa.
  — Claro, claro... - Respondi, me acalmando e voltando a respirar normalmente.
  Ao final do almoço fomos todos para os fundos da casa e sentamos em roda nas grandes cadeiras de madeira da minha mãe, como costumávamos fazer depois dos almoços de domingo quando e seus pais vinham em casa.
  A conversa estava descontraída, os garotos estavam se entrosando com Muriel e Oswald com a maior facilidade, até o momento que a campainha tocou novamente e foi como se meu estômago desse um giro de 360º graus.
  Minha mãe levantou e disse que iria abrir a porta, no mesmo momento minhas mãos começaram a suar e pensei três vezes antes de levantar e ir ao banheiro.
  No momento em que passei pela sala e estava indo para o banheiro, minha mãe me chamou:
  — Niall, olhe só quem acabou de chegar! - Apontou as duas mãos para , como aquelas apresentadoras de programas com prêmios.
  A menina estava paralisada e com a boca aberta, tentando formular alguma frase, acho:
  — Filha, você veio! - Muriel apareceu, sorridente e abraçou a filha de lado.
  — Mã-mãe, você não disse e-ele estaria aqui. - tinha um sorriso amarelo nos lábios.
  — Surpresa, querida! Vai dizer que não estava com saudades dele? - Sua mãe deu um empurrão em suas costas e ela veio na minha direção, me dando um abraço tímido.
  — Parem de cerimônia vocês dois, se abracem direito! - Ouvi Oswald comentar. — Se bem me lembro, Niall, você costumava a abraçar e sair girando.
  — E depois ela o batia e dizia que iria vomitar em sua cabeça! - Minha mãe comentou descontraída, fazendo todos rirem e ficar com mais vergonha ainda.
  E depois de ameaçar a me bater, eu a agarrava em algum canto escondido e nos beijávamos.   Pensei comigo mesmo, tentando conter a vontade de a abraçar com vontade e não soltar mais:
  — E-e-eu vim só dar um oi, preciso ir embora já. - disse rapidamente.
  — Não vai matar as saudades do Niall, querida? - Minha mãe perguntou, passando a mão em seus cabelos.
  — Niall e eu já nos vimos, tia, conversamos por alguns minutos e foi o suficiente, não é? - Me olhou e novamente vi a mágoa presente em suas palavras.
  — É, claro, foi o suficiente. - Confirmei, apesar de confuso. — Eu, ér, vou ao banheiro. Tchau, , foi bom te ver. - Acenei de longe e percebi quando um lado de seus lábios se repuxou, quase formando um sorriso.
  Quase.
  Ela acenou e dei meia volta, voltando para os fundos ao invés de ir para o banheiro.
  Assim que cheguei, vi todos os garotos sentando rapidamente em suas cadeiras, quão gênio precisaria ser para adivinhar o que estavam fazendo?
  — Não precisam disfarçar, sei que estavam olhando pela janela.
  — O que foi aquilo na sala, cara? - Zayn foi o primeiro a perguntar.
  — O dia que nos vimos, ela disse que eu sempre ia embora e quando eu disse que naquele momento queria ficar, ela disse que queria que eu fosse. Ela não estava chorando pelo namorado, a vi um dia depois de terminarem e ela estava ótima. Eu acho que ela ficou daquela forma pela nossa conversa, eu...
  — Essa parte nós entendemos, cabeção, só queremos entender em que momento você percebeu que ainda é apaixonado por ela e a razão de não ter tomado atitude nenhuma esse tempo todo que ficou aqui!
  — Apaixonado? Tá maluco, Louis?
  — Eu poderia soltar um não me enrola que não sou seus beck... - Harry começou, mas parou para dar uma risada de sua piada ridícula. — Mas como sei que você não é adepto a essa moda, vou me abster disso e ser objetivo, você está tentando esconder de si mesmo o que mais quer ver.
  — Todo esse tempo escrevendo músicas que fazem menção à ela, você realmente acha que isso é atitude de alguém que esqueceu a ex? - Liam perguntou e tentei analisar o que ele disse.
  Em todos os momentos que escrevi sobre ela, tudo o que eu queria era sua presença comigo. Escrever foi a forma que encontrei de ter comigo a todo momento, em nossas músicas, em nossos shows:
  — Niall, nós vimos a forma que vocês se olharam, como ela te disse aquelas palavras ásperas lá na sua sala, é claro que a menina ainda te ama também, só que não quer admitir nem para ela mesma, já que você a deixou uma vez e poderia muito bem deixar outra.
  Ainda meio atordoado com a quantidade de informações que passavam pela minha mente, tentei lembrar do dia que ela se declarou.
  Naquele dia teríamos uma prova de física no segundo horário, então no primeiro ela disse que precisava estudar, mas fui junto. Em momento algum ela falou comigo, quando eu tentava algum assunto, me cortava e quando o sinal tocou, correu para sua sala, me deixando para trás.
  Durante à tarde, a encontrei sozinha no parque perto de nossas casas finalmente ela me disse o que estava acontecendo: estava apaixonada por mim.
  Me sentia o mesmo menino de 16 anos, porém dessa vez eu não fui atrás dela para entender o que se passava naquela cabeça, tudo que eu fiz foi me afastar e deixá-la com seus pensamentos e conclusões próprias.
  Se eu queria a de 16 anos, teria que ser o Niall de 16 anos também.
  Levantei apressado da cadeira e corri para a sala, na esperança dela ainda estar lá, porem só encontrei meus pais, Muriel e Oswald:
  — Cade a ? - Perguntei meio ofegante.
  — Foi embora, filho. - O pai dela respondeu.
  Chequei se meu celular e chaves do carro estavam no bolso, corri para fora e fui abrir meu carro, mas uma figura com os cabelos ao vento e com uma blusa azul caminhando à duas quadras me chamou a atenção.
  Então, comecei a correr.
  Enquanto corria, pude ouvir uma voz feminina dizer "aquele é o Niall da One Direction?" mas não pude dar atenção. Continuei correndo o máximo que pude, gritando seu nome algumas vezes que minha respiração permitiu:
  — ! - Puxei mais ar. — , , pelo amor de Deus, para de andar! - Apoiei minhas mãos nos joelhos e sentia meu coração batendo na garganta.
  Ela olhou para trás, assustada e parou de andar assim que me viu.
  Eu poderia desmaiar a qualquer momento por culpa de uma queda repentina de pressão ou pelo fato de não estar conseguindo puxar o ar necessário, mas consegui erguer meu tronco novamente e falar com ela.
  Quando fiz menção de abrir a boca, ela colocou seu dedo indicador à frente e me puxou para um parquinho que tinha no final da quadra. Nos sentamos em um banco e joguei meu pescoço para trás, abrindo a boca e puxando mais ar:
  — Suas bochechas estão rosadas. - Sua voz era calma, enquanto eu tentava soltar uma palavra sem ter que pausar para respirar.
  Dei uma risada fraca e puxei sua mão para meu colo, pensei que ela se soltaria ou recusaria, mas entrelaçou seus dedos nos meus e sorriu.
  Respirei mais um pouco e finalmente senti minha respiração se normalizar:
  — Melhor? - Assenti com a cabeça. — Ok, agora me explique o motivo de ter saído correndo dessa forma atrás de mim. Você não sabe correr e controlar a respiração, nunca soube!
  — Sempre fui um ótimo atleta, por favor! – Brinquei. — Mas agora preciso falar uma coisa séria para você, me ouça, ok? - Ela concordou com a cabeça e eu comecei. - Eu fiquei com mil pensamentos depois do dia que nos vimos. Pelo o que você disse, da forma que nos tratamos... No começo foi normal, mas quando tocamos no assunto ir embora você mudou, . Seus olhos e suas palavras não eram calmas e sinceras mais, elas tinham mágoa. Eu nunca quis te fazer sofrer, mas não tinha como! Era aquela oportunidade, a de realizar meu sonho e ser feliz fazendo o que eu amo, fui totalmente sincero com você quando disse que te amava muito e que esse sentimento nunca me abandonaria. - Puxei sua outra mão. — O sentimento realmente nunca me abandonou. Quando você disse para eu ir embora, senti que você não me queria por perto mais, que não sentia minha falta, que...
  — Por sentir sua falta que te pedi para ir. - Ela me cortou. — Depois que você entrou na banda, raras foram ás vezes que nos vimos ou tivemos uma conversa de verdade. Em momento algum eu te abandonei, eu sabia que tudo que estava acontecendo na sua vida, afinal, tudo se encontra na internet. Mas e eu? Você sabia que eu estava fazendo da minha? Se eu estava bem, se estava namorando, se alguém tinha dito que me amava, se tinha algum problema? Eu entendo completamente seu trabalho, Niall, exatamente por esse motivo que nesse último encontro não quis prolongar nada. Eu não posso negar que me sinto a de 16 anos quando te vejo, a mesma que disse que te amava embaixo dessa mesma casa de madeira que está em cima de nós nesse momento. Mas algo mudou e eu não me sinto sendo a sua mais. Da mesma forma que não te sinto sendo meu Niall.
  Olhei para cima e pude reparar, a casa de madeira ainda estava ali. Não tinha mais as flores desenhadas em suas janelas, agora era toda de uma só cor, mas era a mesma.
  A casa era a mesma, o parque era o mesmo, ela estava sendo a de 16 anos e o mesmo sentimento de anos atrás me invadiu de uma vez só:
  — Você sempre me pertenceu, você sempre foi totalmente minha, . Não importa agora quantos namorados você teve, nem quantos disseram que te amam. Isso realmente não valeu, desde o momento que eu te quis como melhor amiga, você já era minha e é até hoje. Existem bilhões de garotas pelo mundo, eles que encontrem outra, porque você é minha.
   se soltou de mim e levantou, encostando na árvore e fechando os olhos.
  — Por muito tempo eu não quis ver a verdade, . Eu não quis ver que todas as vezes que te coloquei em alguma música, era porque te queria por perto. Mas agora eu vi e por favor, não me peça para ir embora, só me peça para ficar e te fazer feliz.
  Ela abriu os olhos e o que vi não foi mágoa, pude perceber a mistura de sentimentos naquele olhar. sorriu e me abraçou, mas logo nosso abraço se desfez e nossos lábios se tocaram. O mesmo frio na barriga, minhas mãos suaram da mesma forma, a única diferença foi que dessa vez eu sabia para que lado mover a cabeça.
  E naquele momento eu era o Niall de 16 anos, ela a de 16 anos.
  Aqueles que queriam as mesmas coisas e sonhavam as mesmas coisas.
   era minha e a partir daquele momento, nunca mais iríamos nos separar e nunca deixaria outra pessoa levar seu amor para longe de mim.



Comentários da autora


Olá, meuzamor! Escrevi essa fic com tanto carinho, awn :( eu espero que vocês gostem e se lembrem dela com o mesmo sentimento que eu. Bjbj e espero todas no grupo. ♥
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