I Know A Girl

Escrito por Isadora Casagrande | Revisado por Lelen

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Prólogo –

  Oi, meu nome é e eu estou aqui para contar uma historinha pra vocês. Eu sei que pode ser meio clichê, pois envolve uma paixão por um garoto popular no ensino médio. It sucks, mas é minha história. E ela começa no dia onze de Junho de 2005.

  Passei o mês de Maio inteiro me torturando e pensando naquele único dia de Junho. O dia de São Valentim, onde todas as garotas dariam um presente ao garoto em que estavam interessadas. É claro que eu ainda não tinha me dado o trabalho de me preocupar com isso esse ano, pois até o ano passado ninguém era muito fã dessa tradição. Não aqui, pelo menos. Não minhas amigas. Mas tudo isso mudou esse ano. Dizem que o terceiro ano do ensino médio muda qualquer um. Bom, deve ter sido isso.

  O caso é que agora todas namoravam. , e , todas elas namorando. E eu aqui. É claro que eu me sentia meio mal por isso, mas o que eu poderia fazer? Se ninguém ainda se interessou por mim o bastante.

  - É claro que se interessam ! Você é que se finge de besta e prefere ficar cega por causa dele!

  “Ele”. Minhas amigas não acham que ele é pra mim. E eu já acho que é ao contrário. Mas em todo caso, elas disseram “vai lá , dá alguma coisa pra ele no dia de São Valentim!”
Sim, claro, por que não? Boa ideia! Dar um presente pro garoto que eu gosto e que possivelmente vai me achar uma idiota por isso e que apesar de eu conhecer por anos e anos sei que vai fazer piadinha de mim até a minha morte se eu der um presente pra ele? Sim!

  Como eu fui cair nessa?  

Capítulo 1 –

  Como eu posso ser tão burra? Mandar um presente pra ele! Justo para quem. John O’Callaghan, vocalista de uma banda, garoto que eu sempre amei de longe, mas nunca fui corajosa o suficiente pra admitir ou demonstrar qualquer coisa. Bem, quer dizer, eu era da sala dele desde o maternal. Eu o conhecia muito bem. Moramos em uma cidade pequena, o que quer dizer que todo mundo nasceu e cresceu junto. Eu converso com ele. Mas e John O’Callaghan? Possivelmente o casal mais nada a ver do colégio.

  John é um daqueles garotos que nascem com o futuro previsto. Vai nascer em uma cidade pequena, crescer, formar uma banda muito boa, se formar no ensino médio, ser descoberto por uma gravadora e passar o resto da vida fazendo turnês. E arranjar uma namorada loira, alta e de olhos verdes como ele. Linda, que seja muito bem vista por todo mundo e que tenha um futuro promissor.

  Legal, entre esses quesitos eu me encaixo em... Um. Eu sou loira. Será que tenho chance?

  Em todo caso, nesse dia, NESSE BEDITO DIA 11 DE JUNHO, eu perdi minha razão. Perdi completamente a razão. Eu escutei minhas amigas e lá fui eu para o shopping comprar alguma coisa para dar ao John. Ache o erro nessa frase.

  - Eu acho que você deveria comprar alguma coisa original! – diz , animada. Sem noção!
  - Você precisa ser criativa amiga! Chocolate não ta com nada. – diz, a sem noção de número dois.
  - Imagina só! O John vai ficar louquinho por você depois que ele ver! Vocês vão casar e ter filhos! – fala animadamente, a mais sem noção das sem noção.

  E o pior é que eu caí nessa. Algum vírus do dia de São Valentim deve ter invadido minha mente e dado a ilusão de que eu iria fazer a melhor sacada do mundo. Que era a coisa mais óbvia a se fazer todo esse tempo.

  Mas o que dar a esse garoto? O que vem na minha cabeça quando eu penso no John? A resposta óbvia é música. E como vocalista eu tenho certeza de que música é uma coisa fundamental na vida dele. Então eu, provavelmente mais sem noção do que minhas amigas juntas e multiplicadas por mil, resolvi entrar na Best Buy. Isso, vamos comprar um cd ao O’Callaghan.

  Entrei na loja e fui à sessão dos CDs, passando os olhos por cada título de banda. Então bati o olho em uma banda que eu adorava e tinha certeza que ele também. Enquanto mexia nos CDs, vi um que até eu mesma queria. Sorri e li seu título “(What’s The Story) Morning Glory?” Fiquei encarando a capa. Era uma rua, com uns prédios, e um homem de costas e outro, que estava mais para um vulto, de frente. Peguei e fui até o caixa pagar. Quando cheguei em casa eu não sabia o que escrever para ele. Não sabia mesmo. Então, num impulso de insanidade, escrevi “Suspended clear in the sky are the words that we sing in our dreams… So, let there be Love. Happy Valentine’s Day” (Suspensas no céu estão as palavras que cantamos em nossos sonhos… Então deixe existir amor. Feliz dia de São Valentim). Guardei o embrulho na bolsa e fui dormir antes que eu me arrependesse dessa ideia idiota.

  E deveria ter me arrependido mesmo.

Capítulo 2 –

  Bem, continuando a história... No outro dia eu pensava em ir até o refeitório, com o maior sorriso no rosto e cabeça erguida entregar o embrulho a ele. Mas então algo me deu (um sinal de que a estava recuperando a sanidade, talvez?). Eu poderia entrar de cabeça erguida e com um sorriso no refeitório, mas não era garantido que sairia de lá assim. Estamos falando de um dos caras mais populares dessa escola. Aquele rodeado de vadiazinhas que ririam da minha cara. E de meninos idiotas que fariam piada dele por minha causa pra sempre. Então, me tranquei numa cabine do banheiro feminino e simplesmente assinei com um “”. Mas aonde ele iria encontrar?

  Assim que saí do banheiro (com o embrulho devidamente seguro, devo dizer), como cena de filmes, John passou por mim e sorriu. Eu fiquei meio boba, mas não o suficiente para perceber que ele tinha deixado a chave no armário. Sorri. Perfeito. E o sinal tocou. Perfeito ao dobro. Por que as coisas estavam dando certo? Onde esteve essa sorte em toda a minha vida?
  Com o sinal, não havia ninguém no corredor, mas ainda chequei outra vez para ver se ninguém estava passando ou me observando.

  Não...

  Então fui rapidamente até o armário, retirei a chave e abri. Era uma bagunça que só. Os livros estavam loucamente espalhados e desorganizados. O jaleco das aulas experimentais jogado por cima tentando disfarçar a bagunça. “Vou deixar a vista...” pensei. Coloquei o embrulho e já ia fechar quando vi um papel colorido escrito “I know a girl she puts the color inside of my world. But she's just like a maze where all of the walls all continually change and I've done all I can to stand on her steps with my heart in my hands. Now I'm starting to see, maybe it's got nothing to do with me” (Eu conheço uma garota e ela coloca cor no meu mundo. Mas ela é como um labirinto onde todas as paredes estão se transformando continuamente e eu fiz tudo o que eu podia para estar em seus passos com meu coração em minhas mãos. Agora eu estou começando a ver, talvez não tenha nada a ver comigo).

  Sorri instantaneamente. Nunca tinha percebido que ele gostava de John Mayer. Na verdade, quem sempre teve uma paixão louca pelo Mr. Mayer sempre fui eu... Eu nunca soube que ele também gostava.

  - Srta o que faz fora da sala de aula? – levo um susto. Era a inspetora de corredores.
  - Errr, vim checar uma coisa no meu armário! – falei, esperando que ela caísse nessa.
  - A aula já começou, entre! – assenti e fechei o armário, cuidando pra deixar a chave ali.

  Na aula comecei a me perder em pensamentos. E se ele não adivinhasse que fosse eu? Existiam milhares de garotas “” nesse colégio. E, convenhamos, ele poderia nem se importar, já que é constantemente atacado por esse tipo de garota. E qual seria o sentido desse presente então?

  O dia acabou, e eu não tive uma resposta. Mas consegui vê-lo abrir o armário. E pegar o embrulho. E ler o bilhete. E abrir. E antes que ele pudesse tomar alguma reação, eu saí correndo pra saída, e puxei minhas amigas junto. Não era tão corajosa.

Capítulo 3 – Final

  Eu passei mais um mês na expectativa. O mês mais longo da minha vida. O que me deixou mais brava foram as garotas que se apresentaram a ele dizendo que “só tinha assinado com um ‘’ porque ia ficar na cara se assinasse minha verdadeira inicial!”. Bando de piriguete!

  - Não deixa isso, ! Vai lá e fala pra ele que foi você! – minhas amigas diziam. Já fiz idiotice uma vez escutando elas. Não ia fazer isso outra vez. Fiquei quieta na minha esperando o White Day. O dia em que os garotos retribuíam os presentes. Quem sabe ele reconhecesse que a tal ‘’ fosse eu?

  Eu acho que não.

Epílogo –

  A questão é que... White Day chegou. Depois de um mês incansável. E minha história acaba aqui.

  “Ué, cadê o final feliz?” me perguntem. Bom, não há. White Day chegou, mas a retribuição não. Se você esperava que ele reconhecesse que a dona do presente era eu, parabéns! Você é tão iludida quanto eu. E saiba que estou muito mais triste que você. Muito mais. E agora estou escrevendo isso numa tentativa de livrar toda essa decepção. É o fim do White Day. E eu me xingo mentalmente por acreditar que esse plano fosse dar certo.

  E era o que acontecia no final não era? Você cria expectativa e na verdade nada nunca acontece. Por mais que você tente, sempre há uma força do universo que luta contra você e sua mínima chance de felicidade. E foi isso que eu aprendi hoje.

  Era 22h30min de uma sexta feira a noite, final de White Day. E eu estava me lamentando. Enquanto JohnO provavelmente estaria numa festa e nem se lembrava mais do tal presente.

  “Bom, a vida é mais justa com algumas pessoas”.

  E isso era o que eu pensava quando ouvi um barulho vindo lá de fora. Congelei de medo. Só faltava a casa ser assaltada só comigo dentro! Era bem isso que eu precisava...
  Tomando a coragem de garotas de filme de terror, desci as escadas com o celular na mão. Não sei o que eu estava pensando. Se fosse um ladrão, mais uma coisa pra ele roubar de mim. Abri a porta e fui até o quintal, onde havia a minha sacada e tive a visão mais esquisita de toda a minha vida: quatro garotos ajudando um quinto garoto a escalar minha sacada. Arregalei os olhos.

  - MAS O QUE É ISSO AGORA? – falei desesperada. Só quando o quinto garoto caiu encima dos amigos é que eu os reconheci. Aqueles eram Pat, Kennedy, Jared, Garret e bem... John.
  - Vish cara, falei que não ia dar certo, isso é coisa de filme. – diz Pat.
  - Foi você quem deu a ideia, Pat. – Garrett afirmou.
  - Não foi não!
  - Foi! – disseram os outros quatro.
  - Oi... Será que dá pra alguém me explicar o que está acontecendo? – perguntei irritada. – É dez horas da noite, o que vocês estão fazendo aqui?
  - Essa é com você John! Vambora galera! – Jared puxou os outros. Olhei para John.

  Ele bagunçou os cabelos com uma alternativa pra não se explicar. Mas acabou olhando pra mim e dizendo;

  - Bom, eu sei que eu não to errado, eu tenho certeza... Mas na verdade, e se não for? Porque eu nunca achei que fosse, mas talvez seja. E se for, não dá pra perder tempo.
  - Oi? – perguntei confusa, meio rindo.
  - , foi você que colocou o cd no meu armário? – ele perguntou. Fiquei vermelha na hora. Sorte estar escuro.
  - Quem disse isso pra você? – perguntei.
  - Não foi você?
  - Quem disse...
  - , foi você ou não?

  Silêncio. Então decidi contar. Afinal, mais estranho do que ele caindo da minha sacada não ia ficar. Pelo menos eu tinha isso pra usar contra ele.

  - Foi.
  - Por que você não entregou pra mim?
  Suspirei.
  - John, você não percebe? Não ia dar! Você ia rir de mim, ou pelo menos aquelas garotas com quem você anda, ou seus amigos. E eu não quero me humilhar na frente de ninguém. Na verdade, eu acho que essa foi uma atitude totalmente nada a ver da minha parte, porque eu, em plena consciência nunc–

  Mas não consegui terminar. Porque ele me puxou pela cintura e me deu um beijo. Simples assim. Um beijo de tirar o fôlego. E eu, inconscientemente, subi minhas mãos para o seu cabelo. Ele sorria entre o beijo, e isso me fazia nunca querer parar. Mas prefiri partir o beijo pra ele me explicar o que estava acontecendo antes de acontecer mais alguma coisa. Se é que vocês me entendem. Ele segurou meu rosto e me olhou sorrindo.

  - Mas o quê...
  - Você não sabe como eu fiquei feliz de saber disso. E na hora que vi o ‘’ foi você em que eu pensei...
  - Ah é? Acha que eu sou apaixonadinha por você, é isso? – falei brava.
  Ele riu.
  - Não, boba. Eu soube que era você, porque nenhuma garota em toda essa cidade ia pensar em trocar o chocolate pelo CD. Você é a garota mais inteligente e original que eu conheço. E mesmo que outra garota pensasse, não acertaria tão bem na escolha.

  Eu sorri, ignorando o fato que não é tão difícil pra ele conhecer uma garota inteligente e original. Afinal, os “tipos” dele são umas cabeças de vento que usam as mesmas marcas e tem o mesmo estilinho sem sal.

  - I know a girl, she puts the color inside of my world...
  - But she's just like a maze where all of the walls all continually change – completei sussurrando.
  - Eu só o escuto por sua causa.

  E assim, ele me beijou. E assim foi meu White Day. O White Day que eu vou lembrar pelo resto da minha vida. E o que eu aprendi com o John? Que apesar das nossas expectativas serem falhadas na maioria das vezes, as coisas boas vem quando você menos espera. E pode acreditar: elas vêm, e vem em dobro do que a tristeza e decepção causaram a você.

Fim



Comentários da autora


  Hey girls! Espero que tenham gostado! Eu adorei o tema do especial! Quero dizer que essa fic quer mostrar a nossa vergonha de falar com aquele garoto que a gente ama, e que quando tentamos fazer algo pra mudar isso, nunca dá certo. Mas, como podem ver, você se dá bem o Ohh nessa fic. E isso serve de incentivo: não desista, não pense que as coisas pra você não tem volta. O verdadeiro amor surge para aqueles que não procuram. Mais cedo ou mais tarde vem.
  Enfim, comentem o que acharam! ☺

  Beijos xx

  ps: Você deve ter se perguntando why the fuck eu fui tão antiga e coloquei 2005 ao invés de 2012... Bom, 2005 foi o ano que nosso caro John Cornelius Girafa O’Callaghan V cursou o terceiro grau, então achei digno. Hahaha!