I Don’t Wanna Say Goodbye

Escrito por Isabella | Revisado por Lelen

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Música: Goodbye, por Miley Cyrus

  - Vamos , acorde. – minha mãe começou a me balançar. Eu já estava acordada há horas, na verdade nem havia dormido. A única coisa que eu fiz foi chorar. Eu não queria me mudar pra tão longe dele, mas minha mãe não entendeu isso e aceitou uma transferência pra Londres, onde nós estamos agora, mesmo eu dizendo pra ela que não queria ir. Eu tinha um motivo pra não querer: . Eu o deixei lá no aeroporto chorando. Eu destruí o coração dele ao dizer que eu teria que me mudar e agora eu estou ME destruindo. – Ei... Que carinha de choro é essa? – ela segurou meu rosto fazendo com que eu olhasse pra ela. – Nem pense que, só porque chorou a noite inteira, você não vai pra escola. Você vai sim! Agora levanta, se troca e passa uma boa maquiagem. A primeira impressão é a que conta. Vai que você encontra um gatinho lá. – me cutucou. Eu já tinha encontrado o meu gatinho e o deixei chorando no Brasil...

  Me levantei depois de perceber que ela realmente não ia deixar eu faltar na escola, entrei no banheiro, fiz minha higiene matinal, tomei um banho demorado com direito á sessão mais choro, me maquiei um pouco pra esconder aquelas olheiras horríveis e coloquei aquele uniforme ridículo. Não é que ele seja tão ridículo, é que, no Brasil eu não tinha que usar uniforme, podia ir de calça jeans e regata pra escola que ninguém brigava, mas aqui tenho que usar essas saias curtas com babados, meias até a coxa e camisa social com um blazer. Até que não era tããão ruim, mas...

  Peguei minha mala e dentro dela coloquei a foto dele pra poder olhá-lo a hora que eu quisesse. Desci as escadas correndo e minha mãe logo me advertiu, pois se eu caísse seria ela que teria que me levar pro hospital. Resolvi ficar quieta, não estava afim de bater boca com ninguém, só queria ir logo pra aquele colégio, voltar logo pra casa e me afogar nas minhas lágrimas.

  - Sabe filha... Você deveria tentar fazer novas amizades, se divertir e parar de ficar pensando nesse o tempo todo... – onde ela queria chegar com aquela história. – Por isso, ontem eu conversei com a vizinha e ela tem uma filha da sua idade que estuda no mesmo colégio que você, então, como eu deduzi que ela seria da sua sala, perguntei pra ela mesma se ela poderia ir a pé com você e ela concordou. – tive vontade de socar minha mãe. Como ela pôde fazer isso comigo? Eu sou completamente tímida e não sei puxar assunto com ninguém! Aposto que até chegar nessa escola (que fica a duas ruas atrás da minha casa) nós não vamos nem conversar. Foi o que eu disse pra minha mãe, mas ela só deu de ombros e falou que eu tinha que começar a soltar mais a língua. Senti tanta raiva que levantei bruscamente da mesa onde nós tomávamos café da manhã, peguei novamente minha mala e saí de casa batendo a porta com força sem nem dizer tchau pra minha mãe. Se ela quer que eu solte a língua, então ela tem que deixar que EU faça as MINHAS amizades e não que ela faça por mim. Já estava virando a rua quando escutei uma garota gritar com aquele sotaque inglês estranho:

  - HEY MENINA! VOCÊ QUE É A VIZINHA NOVA? – olhei pra trás e percebi que a garota corria em minha direção. – Puxa... Não sirvo mesmo pra correr! – ela tossiu um pouco e voltou a olhar pra mim. – Você é a... né?! – respondi que sim. – Prazer, sou . Não sei se sua mãe te avisou, mas eu sou sua nova vizinha e ela me disse pra eu te acompanhar até a escola. – começamos a andar. – Ela não te falou nada. – er...
  - Falou, é que eu saí de casa e vi que não tinha ninguém me esperando então resolvi ir sozinha pensando que você tinha desistido. – falei e ela balançou a cabeça mostrando que tinha entendido.
  - Pelo jeito seremos da mesma sala. Se você for daquele tipo de garota que é popular e só esnoba as pessoas, já vou avisando que eu não sou desse tipo e se você quiser eu posso te apresentar pra essas nojentas se você se sentir melhor. – sim eu era desse grupo, mas só por causa de . Eu odiava (corrigindo: ODEIO) aquelas garotas que se achavam AS tais e tratavam as pessoas como se fossem lixo e por causa disso eu nunca tive uma ou um amigo de verdade que não fosse desse grupo porque as pessoas deduziam que, por eu também ser desse grupo, eu também seria nojenta, mas eu não era.
  - Na verdade... Eu odeio esse tipo de gente e se quer fazer um favor pra mim, não me apresente á essas pessoas. – disse e ela riu provavelmente pensando que nós andaríamos juntas. E nós realmente andaríamos juntas, pois eu já a adorei.
  - Que bom! Já chega de mais garotas nojentas pra aquela classe! – ela falou e eu ri. Por incrível que pareça, chegamos na escola e não ficamos nem 1 segundo sem conversar durante a nossa ida. Descobri que a – como ela prefere ser chamada -, mora aqui desde quando tinha 7 anos e desde então nunca saiu de Londres. Ela disse que mora com a mãe e que sei pai tinha morrido quando ela tinha 10 anos. Fiquei chocada quando ela contou isso, mas resolvi não perguntar mais nada a respeito, pois seu nariz começou a ficar um pouco vermelho alertando que logo ela começaria a chorar, então mudei de assunto perguntando que matéria ela mais gostava. Ela respondeu que não gostava de nenhuma, mas tirava notas boas em todas. Comecei a contar um pouco da minha vida chata e só paramos de falar quando o professor chegou na sala e começou a dar aula. Nos sentamos no fundo, porque, como ela explicou, as bitches ficavam nas fileiras da frente e atrás era onde ficava os garotos que eram amigos dela. Não deu nem pra conversarmos com eles, pois aquele professor era o mais chato, segundo a .

  A escola era legal. As classes eram divididas em 4 casas. Na primeira ficava o maternal, na segunda ficava o fundamental 1, na terceira ficava o fundamental 2 e na quarta ficava o colegial, onde eu estava. Ao contrário do Brasil, aqui na Inglaterra os alunos do 3º ano estudam 4 matérias obrigatórias que, se eu não me engano, eram: inglês, matemática, ciências e geografia e nós temos que escolher mais quatro matérias meio que extracurriculares que mais nos agradam. Acabei por escolher música, teatro, mídia e fotografia e escolheu música, história, química e mídia, ou seja, nós só nos encontraríamos nas aulas normais e nas aulas de música e mídia. As primeiras três aulas foram matemática, inglês e geografia, ou seja, até agora não me desgrudei de . O sinal tocou anunciando o intervalo e logo ela me puxou pra conversar com os amigos dela que já estavam fora da sala.

  - Oi gente! Essa aqui é a , minha mais nova amiga brasileira. – ela me puxou fazendo com que os garotos olhassem pra mim.
  - Brasil? Como é lá? – um garoto alto (até demais, acho que 1,90 de altura) e de olhos muuuito azuis falou parecendo realmente interessado no meu país.
  - Ah legal... – respondi e ele sorriu. – O que na verdade você gostaria de saber?
  - Eu gostaria de saber... – um garoto (acho que o mais bonito e charmoso de todos eles) falou logo chamando minha atenção, pois eu não o tinha visto até agora. – Se lá no Brasil tem mais garotas bonitas como você? – ele perguntou e eu só faltei enfiar a cabeça no chão. viu que eu tinha ficado sem graça e logo o mandou tomar no cú. Ri com a tentativa dela de me “proteger”, mas eu ainda queria enfiar a cabeça no chão e nunca mais tirá-la dali.
  - Não ligue pro , . Ele não sabe controlar as tetas sabe? – um garoto atrás de falou. Ri com esse comentário e eles começaram a fazer uma mini-lutinha entre si.
  - Bom... – começou a falar quando eles pararam de “brigar”. – , esse é o Rob... – apontou pro de olho azul que tinha me perguntado do Brasil. – Esse é o Erick... – apontou pra um garoto meigo, de olhos castanhos e óculos que sorriu tímido pra mim. Devolvi o sorriso. – Esse é o . – apontou pro garoto que tinha zoado o . - Esse é o Ed... – apontou pro outro garoto meigo só que de cabelos ruivos. – E esse é o . – Ele ficou quase um século me olhando e, como eu vi que ele não iria desviar o olhar, resolvi que eu mesma teria que desviar e assim fiz. Descemos e fomos até o pátio onde tinha uma mesa vazia que, pelo o que eu entendi, era mesa onde eles sempre sentavam. Me sentei ao lado de que estava numa conversa interminável com os meninos e, como ninguém conversou comigo, resolvi brisar um pouco e levar meu pensamento até . Percebi que, mesmo depois de conhecer todos esses garotos lindos, nenhum deles fez com que meu coração pulasse sem parar só por sentir o cheiro do perfume deles como o de fazia. Nenhum garoto nunca chegaria aos pés dele. Ele era único. Único e só meu, mas o destino não acha a mesma coisa já que me levou pra tão longe dele. Comecei a pensar no dia da minha partida.

  Ele estava tão lindo, mesmo com olheiras profundas e olhos vermelhos de tanto chorar. Só um dia antes da minha viagem foi que eu contei a grande notícia pra ele. No primeiro momento ele achou que eu estava brincando e começou a rir, mas ao ver que eu não tinha me juntado a ele na risada, ele percebeu que estava a poucas horas de me “perder” e caiu no choro. Eu nunca, NUNCA o vi chorar, não daquele jeito. Ele se jogou nos meus pés e, entre um soluço e outro, implorou pra que eu ficasse. Me sentei no chão de frente pra ele e expliquei que, mesmo depois de idolatrar minha mãe pra que ela cancelasse essa viagem, ela não cancelou e disse que seria melhor pra nós duas. Ele começou a chorar mais ainda, disse que o melhor pra mim era ficar com ele e foi aí que eu, depois de relutar muito, comecei a chorar mais até do que ele e no meio do choro ele me beijou e me apertou mais contra si. Minha mãe tinha ido ao salão de cabelereiro então nós fechamos a porta do meu quarto, pois sabíamos que ela não iria reclamar já que não estava lá pra reclamar. Ele me olhou mais nos olhos e voltou a me beijar intensamente e foi me levando, sem que eu percebesse, pra cama. Foi aí que eu percebi o que ele queria. Depois de tanto tempo se segurando pra não me agarrar, ele estava decidido de que aquele era o momento. Concordei com ele e comecei a retribuir as carícias que ele me dava e sem perceber, minha jaqueta já estava no chão. Ele parou de repente de me beijar e começou a falar que não precisava ser agora, nem com ele, mas eu o puxei de novo pra mim e o beijei mais intensamente. Ele percebeu que eu agora estava decidida então, logo todas as nossas roupas estavam jogadas pelo meu quarto.

  Eu nunca senti tanta felicidade na minha vida. Eu nunca fui amada em toda a minha vida. Depois da melhor experiência que eu já senti, ele me abraçou forte e começou a alisar meu cabelo dizendo que faria de tudo pra não me deixar ir, que eu era só dele e que ninguém, nem o destino, iria nos separar... Mas ele nos separou e agora nós teríamos que continuar nossa vida... Um longe do outro.

  - Planeta terra chamando ... Tem alguém aí? – escutei alguém falar o meu nome, então sugeri que seria comigo. Olhei pro lado e me encarava atentamente. – Nossa... Você viajou legal. Sem brincadeira estou aqui há uns 5 minutos tentando te “acordar”. – ri com o comentário. Às vezes eu me desligava completamente do mundo.
  - Desculpa, eu... Só estava lembrando de umas coisas que eu tenho que fazer hoje...
  - E essas coisas podem incluir mais uma pessoa? – eu já ia responder que claro, mas aí eu me toquei que ele estava ME cantando.
  - Na verdade... Não. É que eu e minha mãe marcamos de sair só nós duas. – respondi vendo sua esperança ir por água abaixo.
  - Que pena... Queria te mostrar Londres, aliás, você está aqui há quantos dias? – eu nem me lembrava de quantos dias eu estava ali, mas poderia jurar que eram uns 5 anos já que a saudade dele era mais do que enorme.
  - Acho que faz um mês que eu cheguei com a minha mãe, mas nós ainda não fomos conhecer os pontos turísticos de Londres. – ele sorriu ao escutar minha resposta. Eu NUNCA falo e quando falo, falo mais do que a boca... Argh! Agora ele vai me pedir pra sair... Quer ver?
  - Hm... Então que tal se nós saíssemos esse fim de semana. Eu posso te mostrar TODA a Londres. Topa? – não disse? Eu queria responder que não topava, mas sei que, se eu for esperar minha mãe resolver ir andar por Londres comigo, poderia esperar sentada, então só falei que podia ser e quase beijei o sinal quando ele tocou fazendo com que todos se levantassem. Sem mais conversa com o ! Que assim seja.

  A próxima aula foi de teatro e, como o professor faltou, pudemos ficar no teatro sem fazer nada. Resolvi idolatrar a foto de ... Ele estava tão lindo naquela foto, dando aquela risada gostosa quando eu tirei a foto dele de surpresa então ficou algo bem real. Como eu sentia falta daquela boca, daquele sorriso, daqueles olhos, daquele perfume, daquela pele, daquele toque... Como eu sentia falta dele.

  - Quem é esse? Amigo da aula de yoga? – alguém falou do meu lado. Olhei pra direção da pessoa e vi que era um dos amigos de , acho que o... . Pelo susto que eu tomei, acho que mudei até de cor já que ele ficou me encarando apavorado e perguntou se eu queria um copo d’água. Aceitei e quando ele saiu, aproveitei pra guardar a foto na minha mala. – Aqui está. Mas então... Quem era aquele cara? – acho que eu fiz uma cara de quem iria começar a chorar e ele logo me abraçou forte pedindo desculpas e falando que nunca mais ia me perguntar nada sobre aquilo. Agradeci mentalmente por ser tão sensível.
  - Você gosta de teatro?
  - Eu adoro! É como se eu pudesse ser quem eu sou sem ter medo do que os outros vão dizer e no final ainda sou aplaudido. – ele falou com o olhar perdido e eu sorri pra ele.
  - Já pensou em ser ator? – perguntei e ele me olhou com uma cara de quem dizia “óbvio que sim!”.
  - Claro! Quando eu terminar o colegial, estou pensando em entrar numa escola de teatro e fazer testes para as novelas. – ele disse empolgado.
  - Tomara que você consiga. – acho que depois de dizer aquilo, me considerou a pessoa mais amada da vida dele, pois abriu um sorriso tão grande que eu achei que fosse rasgar o rosto dele. Começamos a conversar sobre várias coisas. Ele falou um pouco da vida dele, eu da minha e depois ele me perguntou sobre o Brasil. Eu não sabia o que responder. Não tinha o que responder. É como se alguém falasse “Me fale um pouco sobre você.” O que eu vou dizer? “Ah, eu acho que sou legal”?
  - Como assim, não sei? – ele perguntou depois de eu responder que não sabia. – Não tem nada de legal lá?
  - Ter até tem... Mas sei lá, não quero falar do Brasil, me trás muitas lembranças. – era isso. Acho que o meu psicológico mesmo queria esquecer o Brasil pra ter que esquecer que ele estaria lá, vivendo sem mim, crescendo sem mim, amando alguém que não seja eu. Acho que ele conciliou a minha resposta com a foto que ele tinha me visto segurar então começou a falar sobre outras coisas até que o sinal bateu e eu fui pra aula de fotografia enquanto ele foi pra de culinária.

  A aula começou bem, ah não ser pelo fato de que também era da minha sala e não parava de tirar fotos de mim mesmo eu dizendo pra ele parar. O professor – gato demais -, nos mandou tirar fotos espontâneas de todos na sala. Eu tirei de todo mundo – inclusive de -, mas claro que eu disfarcei, enquanto ele só parava na minha frente e de repente um flash tomava conta da minha visão. Como agora.

  - Será que dá pra... – parei de falar. Não era , era um garoto – outro muuuito gato -, que não parou de me olhar desde a hora que eu entrei na sala.
  - Me desculpa, achei que você não fosse se importar, é que... Você estava muito bonita se concentrando pra editar as fotos que eu não tive como me controlar. – ele sorriu tímido pra mim e eu logo senti meu rosto queimar.
  - Não, é... Tudo bem... Achei que fosse outra pessoa. – falei tentando disfarçar meu nervosismo por acabar de descobrir que um gato daqueles me achou bonita editando uma foto.
  - Posso saber o seu nome? – não, não pode! Agora para de fazer meu rosto queimar só porque você fica me olhando desse jeito tão... de ser.
  - . – respondi e ele sorriu dizendo que era um nome bonito e falou que o dele é Brad, mesmo eu não perguntando nada e nem pensando em perguntar.

  Ele começou a perguntar da minha vida, o que eu fazia, com que morava, se estava relacionada com alguém e, pela primeira vez no dia, tive vontade de abraçar o por ele ter chegado bem nessa hora.

  - , posso falar um pouco com você, claro, se você não se importar Brad. – ele colocou a mão nas costas de Brad que só negou, pediu licença e foi fazer outra coisa... Bem longe da gente.
  - , você é um anjo. – o abracei forte e ele retribuiu.
  - Sabe... – falou ao me soltar do abraço. – Estava pensando sobre te levar pra passear por Londres e o que você acha de sair comigo hoje? – não, nem pensar, of course not, ne comptez pas sur elle... Será que meu italiano ainda tá bom?
  - Ér... Pode ser... – agradeci por não seguir a resposta principal de minha consciência.
  - Legal! Vou pensar num lugar legal e depois de falo. – falei que tudo bem, o sinal tocou e eu fui procurar junto com ele, pois ele disse que eles (ele e os meninos) e ela sempre andavam juntos e que agora eu poderia andar com eles também. Agradeci por perceber que ele estava tentando de todas as maneiras não me deixar sozinha, sem conhecer ninguém naquela escola enorme e logo encontramos junto com os outros garotos. Conversamos um pouco e ela perguntou se eu já queria ir embora, falei que queria e, antes de irmos, falou que tentaria arranjar meu celular ou qualquer coisa pra avisar aonde nos encontraríamos.
  - Nossa... – começou a falar quando já estávamos fora da escola. – Nunca vi o tão... Estranho na frente de uma garota. Ele sempre tenta fazer gracinhas, como fez com você de manhã, mas depois de vocês conversarem ele ficou mais quieto, com o pensamento longe... – aonde ela queria chegar com aquilo? – E... Dá última vez que o vi assim, foi quando ele se apaixonou por uma garota que, quatro meses depois, o traiu.
  - , meu coração está fora de alcance de amor, na verdade, ele está completo de amor por um garoto que deixei no Brasil. Sei que soa egoísta, mas eu não posso ficar com só porque, em menos de um dia, ele se apaixonou por mim. Nem que fosse um ano ou dez... Meu coração é de outro.
  - Calma... Eu só contei uma história, não insinuei nada. – ela riu levantando as mãos em forma de rendimento. – Quer ir ao shopping mais tarde? – neguei o pedido dela dizendo que queria descansar um pouco, ler um livro e ela falou que tudo bem e que amanhã as sete em ponto estaria na porta da minha casa. Me despedi dela e entrei em casa sem nem falar com a minha mãe.
  - ! Como foi o primeiro dia? – ela me alcançou na escada. – Tem muitos gatinhos? Fez amizade com a vizinha? Seus professores são legais? As matérias são legais? – não mãe! Tudo foi uma merda, agora me deixa!
  - Foi legal. A vizinha se chama e é muito simpática, conheci meninos novos, não pretendo colocá-los no lugar de , os professores são legais e as matérias são legais. – resumi meu dia com apenas três vírgulas. Ótimo! Tudo que eu quero agora é ir pro meu quarto e idolatrar mais um pouco a foto de .
  - Hm... bacana. Tem uma carta pra você. Deixei em cima da sua cama. – ela disse voltando pra cozinha e eu saí correndo pro meu quarto. Eu NUNCA ganho carta, isso é um milagre! Cheguei no meu quarto, joguei minha mala em algum lugar e finalmente vi aquele papel – meio envelhecido, o que me fez achar estranho -, em cima de minha cama com um laço vermelho o fechando. Minha vontade era de rasgar logo aquele envelope, mas, como a pessoa que fez aquele envelope lindo deve ter tido um trabalho maior do que simplesmente colocar a carta num envelope branco comum, abri o mesmo com todo o cuidado. As letras estavam digitadas com um tipo de letra pra deixar a carta com um toque antigo e estava em inglês.

  “Minha princesa, coloque o vestido que irá chegar e siga as pétalas de rosa que estarão na porta de sua casa.”

  - Mãe! – gritei descendo as escadas correndo. – Você viu quem entregou isso?
  - Não minha filha. – a campainha tocou. Ela fez que ia atender, mas eu falei pra ela continuar o que estava fazendo e fui atender.

Não tinha ninguém, só uma caixa com outro laço vermelho, agora bem maior do que o outro e tinha também outro envelope. O abri na mesma hora.

  “Vista-o e siga as pétalas.”

  Continuava com a mesma letra e em inglês. Será que era alguma gracinha de , afinal, ele me chamou pra sair e disse que, de algum jeito, me avisaria aonde nos encontraríamos.
  Peguei a caixa e saí correndo pro meu quarto antes que minha mãe visse aquilo. Ela perguntou quem era enquanto eu subia e eu respondi que devia ser trote porque não tinha mais ninguém e finalmente entrei no meu quarto, coloquei o vestido, fiz um penteado e saí de casa avisando pra minha mãe que iria à casa de . Um caminho de pétalas realmente estava na frente de minha porta. Comecei a seguir o caminho que deu a um lago. Olhei para os lados, mas não tinha ninguém. De repente os acordes de uma música começaram a serem tocados e a voz dele começou a dançar nos meus ouvidos.

I can honestly say
(Eu posso honestamente dizer)
You’ve been on my mind
(Você esteve na minha mente)
Since I woke up today
(Desde quando eu acordei hoje)
I look at your photograph all the time
(Eu olho pra sua fotografia o tempo todo)
These memories come back to life
(Essas memorias voltam à vida)
And I don´t mind
(E eu não me importo)
I remember when we kissed
(Eu me lembro de quando nos beijamos)
I still feel it on my lips
(Eu ainda sinto nos meus lábios)
The time that danced with me
(A hora que você dançou comigo)
With no music playing
(Sem nenhuma música tocando)
I remember the simple things
(Eu me lembro das coisas simples)
I remember till I cry
(Eu me lembro até de chorar)
But the one thing I wish I’d forget
(Mas á única coisa que eu desejo ter esquecido)
The memory I wanna forget
(A memória que eu quero esquecer)
Is goodbye
(É o adeus)

  Ele parou de tocar e cantar, pois as lágrimas já não o deixavam. Eu também não consegui conter as minhas lágrimas e corri para os braços dele.

  - Eu vim pra você meu amor! Nunca mais me diga adeus. – ele falou me girando no ar. O beijei tão intensamente que perdemos o fôlego em cinco segundos. – Eu te amo.
  - Eu te amo mais.
  - Eu vou ficar aqui com você. Pra sempre e sempre. – sorri ao escutar aquilo e o beijei de novo.

  No dia seguinte, ele estava na minha escola, nas mesmas aulas que eu e nós não nos desgrudamos mais. Desde quando eu era pequena, eu achava que nunca poderia me apaixonar, que aquilo só acontecia nos filmes, mas fez eu perceber que o amor está ao nosso lado. Sempre. E eu o amo, como nunca amei ninguém e nunca vou amar.



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