I Don't Know What We Are
Escrito por Thaís M.
Chadwick. O que dizer dessa pessoa que logo que entrei na escola me fez ter uma queda por ela? Uma maldição. Por que ser tão intocável? Já estudo na mesma escola que ela há dois anos e não tivemos nada mais do que "amizade". Isso mesmo, amizade entre aspas porque na maioria das vezes não passou de conversas direcionadas aos estudos. era bem reservada, ficava mais no canto dela e para fazer amizade com ela era preciso "invadir" seu espaço e puxar uma conversa. E claro, esse não era meu forte.
Como eu poderia impressionar essa garota? Nada parecia realmente entretê-la.
Estávamos no final do nosso último ano escolar era agora que finalmente eu conseguiria ou talvez perderia totalmente o contato com ela. Mas eu iria conquistá-la, eu tinha certeza ou quase isso!
– Já tá viajando, cara? - pergunta dando um tapa em minha cabeça.
– Tu enche o saco, hein!
– Pensando na loirinha?
– Que loirinha, cara?
– Nem sei por que ainda pergunto...
A conversa acabou quando o professor começou a explicar a matéria. não tinha vindo hoje e tempo parece que estava descansando das horas que passou correndo, só podia ser segunda-feira!
Quando o sinal da última aula toca me sinto como um detento finalmente em liberdade. Saio correndo, mas me para no meio do caminho.
– Quem tu vai convidar para o baile?
– Eu sei lá cara, só quero ir pra casa agora.
– Ei, não fica estressado não. Vai que a loirinha finalmente te dá uma chance?
– Você tá implicando hoje, viu? Vai atrás da sua garota e me deixa.
– Esse estresse todo é porque ela não veio hoje? Meu Deus! Preciso te ajudar e você sabe disso.
Estava no meio do caminho para casa quando olho pra sorveteria do outro lado da rua e vejo sozinha na mesa comendo um sorvete. E num simples impulso eu já estava parado na fila da sorveteria, estava tudo bem, até me lembrar de que tinha gastado todo meu dinheiro na cantina da escola. Droga!
– O que vai querer moço?
A voz da atendente me tirou dos meus pensamentos e acabei entrando em uma crise nervosa. Odiava entrar numa loja e sair de mãos vazias, principalmente quando uma vendedora está atrás de você oferendo seus serviços. Mas, melhor sair de mãos vazias do que ter a cara de pau de pedir para comprar fiado. O pior era ter que passar por isso na frente de .
– Nada não moça. Só tô vendo os sabores pra comprar mais tarde.
Aliviado, já estava me virando para ir embora quando chama meu nome. Me virei e sorri indo em sua direção.
– Oi. – Disse assim que cheguei até sua mesa.
– Oi. Foi para escola hoje?
– Fui sim. Tu que resolveu faltar pra comer sorvete.
– Quase isso mesmo. Perdi muito coisa? - sorri e quase não presto atenção em sua pergunta.
– Não que eu tenha prestado muita atenção hoje, mas acho que nada.
– Por que não senta e toma um sorvete comigo?
Não era possível que o único dia que eu resolvo gastar todo o dinheiro na cantina isso me acontece. Não sei onde enfio minha cara. É nessas horas que eu acredito no milagre de aparecer dinheiro no meu bolso do nada.
– Então, acabei meio que gastando todo dinheiro na cantina da escola hoje. - Falei passando as mãos em meus cabelos nervosamente.
– Que isso, . Pega um sorvete aí que eu pago.
– Sério, não precisa!
– Você já tá aqui mesmo e depois eu que te convidei, eu pago. Mas é claro, se o problema for esse, eu te cobro sem falta depois.
– Acho que não tenho como negar.
– Não mesmo.
Acabei pegando um sorvete de cupuaçu cheio de leite condensado por ser o mesmo que o dela. Na real nem era muito fã.
Sentei em sua frente e finalmente começamos a ter a nossa primeira conversa fora da escola. Não sabia muito sobre , acho que na verdade ninguém da escola sabia, sempre quieta e fechada no seu canto ficava difícil descobrir muita coisa. Isso que sentava sempre na carteira que ficava bem em frente da minha.
– Sabe , acho que nunca tivemos uma conversa bacana assim.
– Também acho, . Principalmente pelo sorvete de graça. - Falei sorrindo feito um bobo.
– Não vai achando que eu não vou te cobrar, hein...
– Topa um sorvete esse final de semana então? Dessa vez eu pago.
– Opa, topo.
Nos despedimos e seguimos caminhos opostos. Eu já conseguia sentir o cheiro de esperança.
Cheguei em casa e passei o resto da tarde pensando em como eu fui burro de não ter pego o número de , mas ainda veria ela na escola e teria oportunidade. Ainda haveria muitas oportunidades...
Terça chegou e finalmente consegui o número do celular de . E assim o resto da semana passou-se... Conheci melhor a garota que sempre quis saber mais. Sorrisos de madrugada foram ficando cada vez mais frequente, minhas piadas sem graça que sempre ria como se fossem as melhores, meu coração já não aguentava mais a ideia de ficar longe dessa garota e confesso que amava isso.
estava enchendo meu saco para convidar para o baile da escola no final do mês, até acho uma boa ideia, mas falta coragem ainda. Sempre me faltou coragem na verdade. Sou apenas mais um garoto incapaz de demonstrar seus sentimentos, aquela covardia que chamamos de timidez.
Estava na sorveteria esperando chegar, perdido em pensamento não percebi que a garota já se encontrava em minha frente.
– Hey, tudo bem? ?
– Ah, oi. Tudo bem.
– Tá com o pensamento longe hoje né?
– Um pouco.
– Sei. E aí, hoje rola um sorvete de graça pra mim?
– Claro.
Enquanto eu conversava com minha mente achava alguma solução para o problema de "Como chamar a garota que tu tá a fim para o baile da escola?". Não encontrei nenhuma forma de não acabar levando um belo de um fora. O baile não fazia muito o estilo de e não acho que eu seria um bom motivo para fazê-la ir. Mas, como o diria, um não é o máximo que eu posso receber certo? Eu esperava que sim.
– Er... Tu tá sabendo do baile que vai ter final do mês né? - faço a pergunta mais estupida possível. Claro que sabia do baile seu idiota.
– Lógico. As meninas da sala não deixaram ninguém não ficar sabendo. Por quê?
– Você vai?
– Nem sei. Meus pais querem viajar no domingo cedinho para o interior. Talvez eu vá, mas preciso ter que voltar cedo pra casa. E você vai?
– Na verdade estava esperando uma resposta sua pra isso. Quer ir comigo ao baile ? - fazer essa pergunta fez com que meu coração disparasse ansioso por uma resposta.
– Uau. - fala surpresa e desviando nossos olhares. - Você sabe que eu vou precisar estar cedo em casa certo? Não vou acabar estragando o resto da sua noite?
– Que isso! Eu aceito seus termos Cinderella, estará em casa antes da meia-noite. - acabo finalizando o momento com mais uma das minha piadas sem graças.
– Então eu aceito seu convite príncipe! - diz sorrindo fazendo todo meu nervosismo ir embora.
As semanas foram passando e cada dia que passava eu ficava mais próximo de . Já não falávamos só na escola e nem só sobre a escola, começamos a nos tornar mais íntimos, até uma semana antes do baile irmos além.
Aproveitando que não teria aula na semana do baile a escola organizou uma excursão pra um parque de diversões e é claro que e eu fomos.
– Acho que última vez que vim aqui tinha sei lá uns 10 anos! - disse com os olhos brilhando logo que entramos.
– Confesso que não tinha muito mais que isso da última vez que vim aqui.
Após a briga para sabermos por qual brinquedo começaria nossa aventura começamos a enfrentar filas nos divertir. Era por volta de umas 15:00 horas e estávamos exaustos. Acabou que e eu nos separamos do grupo e começamos a apenas andar por aí conversando.
– Sabe as meninas que sempre vinham nessas excursões falam que rolava bastante pegação por aqui. Acho que hoje eu entendo um pouco por quê. - falou olhando para meus olhos.
– Hum… Por quê? - perguntei meio sem graça.
– Na verdade não sei. Só sinto que preciso fazer isso. - diz dando um meio sorriso e se aproximando de mim.
– Isso o q…
Não consegui terminar de falar. Porque me beijou. ME BEIJOU. Eu simplesmente fiquei sem reação. logo percebeu e se afastou, olhou para mim e se foi.
E eu? Fiquei parado olhando sair correndo.
Tudo isso aconteceu numa terça-feira hoje já era uma sexta e eu ainda não tinha tomado coragem de ligar para . No parque ela me evitou de todas as formas quase não a vi mais depois do beijo. Eu só precisava ligar certo? Mas, o que eu falaria?
- Filho, o tá subindo!
Sentei na cama e esperei sua entrada triunfal.
– E aí cara, que milagre é esse de me chamar pra vim aqui? Geralmente você só me pede pra ir embora mesmo...
– Deixa de drama !
E assim comecei a contar toda a história... Desde a minha não reação do beijo até hoje que ainda não tomei nenhuma atitude.
– Cara, tu não pode ser tão burro assim, não é possível! Sei que o beijo da loirinha deve ter sido uma surpresa bastante agradável, mas mano tu não quer que eu te dê um tapa no meio da sua cara para tomar uma atitude logo né? Porque olha, tô quase fazendo por vontade própria.
– Mas, como eu vou chegar nela agora? O que eu falar? “Desculpa por não ter reagido ao seu beijo, mas eu gostei muito!?”
– Deveria ter feito isso no minuto seguinte ao beijo né cara? O que importa o que tu vai falar depois? provavelmente gosta de ti, agora é partir para os beijos.
– Eu sei, eu sei... Mas, já passou 3 dias. Nem sei se ela vai ir ao baile amanhã!
– Eu diria para você correr e ir para casa dela agora.
– Mas...
– Mas nada cara! Vai lá que tu já tá 3 dias atrasados.
A adrenalina começa a subir e saio correndo aos gritos de incentivo de . não morava muito longe, apenas umas cinco ruas depois da minha.
Infelizmente o cansaço me alcançou na metade da terceira rua e tive que andar no restante do caminho. Uns 10 minutos depois estava em frente a casa de . Toquei a campainha e seja o que Deus quiser.
– Oi – digo assim que abre a porta.
– , não estou a fim de conversar hoje. – diz me lançando um olhar cansado.
– Eu só queria saber se está tudo certo para amanhã. – não acredito nas palavras que saem da minha boca, que cara estupido eu sou.
– Ah tá tudo certo sim. A gente se vê lá então. Até amanhã. – diz com a voz embargada.
Alguém me dá uma ponte? Porque preciso pular de uma agora. Eu corri até aqui para machucar mais a garota, que ser humano horrível eu devo ser.
Saio andando sem rumo pelas ruas. Não queria voltar para casa e ter que aguentar falando no meu ouvido. Entrei no primeiro bar que vi no caminho. Coincidentemente eu estava com dinheiro no bolso, na hora que precisei não pareceu dinheiro nenhum.
– Uma vodca.
– Não é menor de 18 anos rapaz? – pergunta o moço atrás do balcão me olhando desconfiado.
– Acho que isso não importa muito agora...- falei e logo um garrafa de vodca aparece em cima do balcão.
Começo a tomar e minha garganta arde. Não estava nem um pouco acostumado com bebidas alcoólicas. Só tomava uma taça de champanhe no ano novo, que experiência eu tinha?
Com dinheiro que tinha no bolso consegui comprar 4 garrafas de vodca. Na segunda garrafa já estava um tanto fora de mim. Na terceira eu estava pegando meu celular e discando o número de , precisa esclarecer algumas coisas.
– Alô? ?
– ... Mim desculpaê amor. – falei todo desengonçado por estar bêbado.
– Tu tá bêbado ?
– Bebum não, eu tô é corajoso!
– Meu Deus! Onde você tá? O tá aí com você?
– Que mané o quê? Eu tô é bem!
– Que merda !
Depois disso só me lembro de ver me levando pra casa e mais nada.
Que merda de dor de cabeça dos infernos. Meus olhos pesam tanto que mal consigo abri-los. Depois de uns 15 minutos enrolando na cama consigo ter forças para levantar e ir para o banheiro. Ao me olhar vejo meu rosto totalmente inchado e vermelhado.
Tomo um banho frio e logo vou a cozinha pedir um remédio para dor de cabeça para minha mãe. Tomei o comprimido e fiquei deitado no sofá olhando a Tv desligada.
Eram 13:00 e surpreendente bate na minha porta.
– E aí seu imbecil? – me cumprimenta com um belo tapa na nuca.
– Tá doendo seu idiota.
– Era pra doer mesmo. Me fez ir te buscar bêbado e ainda te levar pra casa. E o melhor disso é que nem contei pra sua mãe cara.
– E nem é pra falar nada.
– O pior foi tu ligar para bêbado. Tu não tem noção de como ela tá com raiva de ti.
– Como se ela já não estivesse...
– Imaginei que a conversa entre vocês não foi boa, já que me ligou bufando de raiva por você estar chapado em qualquer bar aí ligando pra ela.
- Agora que eu não sei com que cara eu vou falar com ela agora. Isso que ainda tem o baile mais tarde.
– Já falei pra desencanar, se tu teve a cara de pau de não ligar pra 3 dias depois do beijo o que é uma ligação de bêbado não é mesmo?
– Você sempre sendo o melhor amigo...
– E único você quer dizer.
– Vai se ferrar !
19:00 chegou depressa. Antes de tudo acontecer, havia marcado com de nos encontramos na escola e no final iriamos embora juntos.
Apesar de ser um baile não era obrigado o uso de trajes formais, mas e eu combinamos que íamos a rigor. Então, vesti meu terno, arrumei o cabelo e às 19:30 estava saindo de casa. Apesar de não ter exatamente 18 anos, meus pais me ensinaram a dirigir e hoje emprestaram o carro. O caminho até a escola durou cerca de 10 minutos por conta da minha falta de pressa mesmo. Estacionei o carro e rezei para que desse tudo certo.
E eu esperei . Já estava dando 20:00 horas e nada de ela aparecer.
– Ihh cara parece que alguém te deu um bolo hoje. – aparece do meu lado rindo.
– Sério? Nem percebi, obrigado por avisar.
– Sem estresse .
– Que bafo de cerveja é esse cara?
– É de cerveja dãr.
– Mas, não é proibido bebidas alcoólicas? Onde tu conseguiu?
– Pra você ver que nada é tão proibido assim. O jogador do 3ªC tá vendendo lá fora.
Acho que eu precisava de um gole até finalmente chegar.
Bebi e comecei a me sentir mais relaxado. As horas iam passando e quanto mais demorava mais eu bebia. Já estava certo que ela não viria...
Finalmente levantei meio cambaleando e fui dançar com as outras pessoas na pista.
Dancei por um tempo até olhar para a entrada principal e ver uma garota com os cabelos curtos e vestido azul. Era eu tinha certeza, mas já estava indo embora.
O reflexo no espelho
Me diz que é hora de ir para casa
Mas eu não estou pronto
Porque você não está ao meu lado
Me olhando no espelho do banheiro vejo que a noite já deu o que tinha que dar. Mas, eu ainda precisa falar com , precisa explicar as coisas.
Pensei ter visto você saindo
Levando os seus sapatos
Decidi que mais uma vez eu estava apenas sonhando
Que esbarrava em você
Agora são três da manhã
E estou tentando fazer você mudar de ideia
Te deixei múltiplas chamadas perdidas
E à minha mensagem você responde
“Por que você só me liga quando está chapado?”
Ligo inúmeras vezes para , mas ela não me atende. Mando mensagens tentando me explicar. O problema mesmo era eu estar bêbado tentando ficar sóbrio e ligando depois da meia-noite para .
Está cada vez mais difícil fazer você escutar
Mais eu passo a marcha
Incapaz de tomar decisões corretas
E tendo ideias ruins
Meus pais não aprovariam eu dirigir bêbado por aí, mas eu realmente precisava falar com agora.
E não posso vê-la aqui se perguntando onde estou
Parece que estou correndo contra o tempo
Eu não encontrei tudo o que esperava encontrar
Você disse que tem que estar acordada pela manhã
Terá que se deitar mais cedo
Chamo por seu nome e buzino várias vezes até finalmente sair de casa vestida com seu pijama de ursinho.
– Tá maluco? Como você me aparece aqui uma hora dessas e ainda por cima bêbado ?
– Calma amor, eu só preciso explicar algumas coisas!
– Que merda de coisas ? - pergunta com muita raiva.
– Eu sei que não estou nas melhores condições, mas eu preciso me desculpar por ser idiota. Eu sou um trouxa que amou seu beijo e não teve coragem de te ligar depois. Eu sou um idiota por não ter coragem de te falar isso antes. Mas, cara como eu gosto de tu ! Seu sorriso, seu olhar, antes mesmo da gente se aproximar mais esse mês eu já tinha certeza que acabaria apaixonado. - falo um tanto rápido e um pouco empolado, mas entendeu eu tinha certeza.
Me aproximei de seu corpo e segurando seu rosto dei um intenso olhar antes de nos beijarmos. Era como um viver um hexa no futebol brasileiro, era como um lançamento de foguete para o infinito universo. Eu conseguia sentir a imensidão do meu sentimento por . Após realmente darmos nosso primeiro beijo me dá um tapa na cara:
– Isso é por você me deixar 3 dias esperando uma ligação sua e quando finalmente recebo uma é quando está bêbado. E novamente hoje você me fez sair de casa às 1 hora da manhã por estar bêbado e ligar incansavelmente para mim.
– Desculpa, eu realmente não entendo muita coisa que fiz.
– Eu realmente espero que comece a entender. Agora volta pra tua casa e aguarde a ressaca. - diz me empurrando para próximo ao carro.
– Mas eu estou perdoado ou não? - pergunto com um sorriso
– Não sei, me ligue quando estiver sóbrio e conversamos. - responde me olhando com um sorriso encantador.
Dormi para finalmente poder acordar e ligar para . Nem a dor de cabeça me fez acordar depois das 9:00. Antes mesmo de escovar meus dentes o ir ao banheiro liguei para .
“Por que você só me liga quando está chapado?”
– Não me diga que está bêbado de novo ? - antes mesmo do alô, me pergunta.
– Não ou pelo menos eu acho.
– Pronto para me beijar sóbrio agora.
– Mais do que pronto amor!
Fim
Nota: Hey, muito obrigada por ler a história. Talvez eu tenha fugido um pouco da proposta da música? Talvez.
Talvez a história não tenha ficado tão boa? Talvez. Mas, não desiste da gente não!