I Always Joke Of When I Get Close To Closing In

Escrito por Julia Kao Igarashi | Revisado por Anne

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Wake up, it’s 5 am.
You fell in love again.
Something wrong with living a life like this.

  5 horas da manhã. Meu despertador idiota não para de tocar.
  Tateio o escuro a procura do infeliz. Encontro-o e tenho vontade de jogá-lo na parede, porém me lembro de que esse já é o terceiro em dois meses. E minha mãe disse que se eu quebrasse mais algum despertador, eu estaria FODIDO. Bom, ela não disse essa palavra, mas as palavras que ela proferiu tinham esse sentido.
  Acabo me levantando meio a contragosto. Pelo menos hoje é sexta-feira. Tomo um banho para acordar, e de repente todo o mau-humor parece descer pelo ralo.
  Desço as escadas assobiando.
  - Nossa, o que aconteceu, filho? Acordou animado hoje? – Minha mãe diz ao me ver.
  - Pois é. – Respondo com um sorriso e como uma tigela de cereal.
  Despeço-me de minha mãe com um beijo, pego as chaves do carro e vou para o colégio.

  Chegando lá, sou cumprimentado por meus amigos.
  - Mas que cara de bobo é essa, ? – , um de meus melhores amigos diz ao me ver, enquanto me cumprimenta batendo em minha mão.
  - Ah, cara, me deixa. – Dou de ombros, sem deixar de sorrir.
  Sim, fico sorrindo feito um idiota.
  Algo de errado em viver uma vida assim.
  - ! ! Bom dia! – , uma colega nossa e o rolo de diz, detrás de mim. Imediatamente meu coração começa a bater desregulado e minhas mãos começam a suar. Viro-me e lá está ela. .

Working up a stare.
Long legs and her dark brown hair.

  Seu cabelo castanho escuro balança suavemente enquanto ela anda até nós, acompanhando a amiga. Mesmo usando um jeans mais surrado, consigo ver a silhueta de suas belas e longas pernas. Tento manter o olhar fixo em seu rosto. Ela me olha de volta, com um sorriso.
  - Vocês vão pra loja hoje, certo? – pergunta para nós, porém apenas responde.
  - Sim. A gente tem que ir SEMPRE à loja, . A gente trabalha lá, caso você tenha esquecido. – Meu amigo responde cínico a ela.
  - Afe, eu não sabia! Ontem vocês faltaram porque foram treinar com a banda – Sim, nós temos uma banda, - e nem me avisaram! Fiquei cuidando da loja sozinha! – Ela protesta.
  Ela e entram em mais uma discussão qualquer, mas não presto atenção, já que fico olhando , que deixou de acompanhar para conversar com umas garotas da outra sala.
  De repente, ela olha para mim. E sorri de lado. E eu não consigo fazer nada. Apenas sorrir de volta. O sinal anunciando o início das aulas toca. E é isso.

You give her a smile
and that's about it.

The store at 6 p.m.
You see her face again.

  6 horas da tarde. Eu, e estamos na loja de discos em que trabalhamos. Sempre assim, todo dia após as aulas – e alguns sábados – a gente fica aqui, mais cuidando da loja do que não sei o quê. Apesar de eu achar que se o Paul – amigo do meu pai, dono da loja e, portanto, nosso chefe – comprasse um cachorro, seria de maior utilidade do que nós três caso um cara viesse e tentasse assaltar o lugar.
  Não que eu esteja reclamando do emprego. É legal, a gente fica perto da música (podemos colocar para tocar o que quisermos), Paul dá um desconto pra gente e não temos que fazer nada. Mas eu e o poderíamos estar treinando com o resto dos caras.
  Fico olhando o papel meio escrito à minha frente. Comecei a escrever essa música, há alguns dias, mas travei. Ouço e discutindo atrás de mim, ele chamando-a de burra por não saber alguma fórmula de física. Devem estar estudando. Bom, ela, porque o estudar... Há há!
  - Cara, como assim você não entende isso? É simples! – Ouço-o dizer, com a voz divertida. Deve estar sorrindo feito um idiota como sempre quando está perto dela. Ele é a fim dela desde que a gente começou a trabalhar aqui (faz uns dois anos já) e ela dele, mas nenhum dos dois deu o primeiro passo. Não sei o que estão esperando. Não têm nada a perder. Apenas a ganhar. diz isso sobre mim e . Mas eu não consigo nem agir normalmente com ela.
  - Não é tão simples se eu não estou entendendo! – Ela retruca furiosa a ele.
  - Por que sempre que eu entro aqui vocês dois estão brigando? – Alguém que acaba de entrar na loja diz entre risadas. E eu esqueço de todo o resto. Levanto os olhos do papel e lá está ela. Nossos olhares se cruzam e parece que uma corrente elétrica passa por mim.
  Pisco algumas vezes para sair da hipnose que seus olhos causam em mim. Guardo a letra imediatamente e contorno o balcão – onde estava – para atendê-la. Mas apenas consigo ficar olhando-a feito um idiota. Como sempre.
  - Oi . - Ela sorri para mim. Apenas aceno com a cabeça, sem conseguir dizer uma única palavra.
  - Não estamos brigando. – diz calmamente.
  - Sei sei. – Ela rola os olhos. E eu adoro quando ela faz isso. – Por favor, vocês dois, se casem logo!
  - Cala a boca, ! – Ambos gritam, ficando corados. Ela ri. E eu só consigo ficar olhando/babando para ela. Como sempre.
  - Minha encomenda já chegou? – Ela pergunta para mim, mas não consigo responder nada. DE NOVO.
  - Não, ainda não. – responde por mim. – Você vai ter que voltar na semana que vem.
  - Que droga. – Ela murmura. Fica olhando a estante de CDs do nosso lado por alguns instantes. E eu fico olhando para ela sem dizer nada (os outros dois já voltaram a discutir). Sinto o cheiro de seu perfume cítrico preencher o estabelecimento. – Bom, vou indo. Até mais. – Ela diz afinal e se despede da gente. – Não esquece que a gente combinou de ir ao shopping amanhã, hein ?
  - Não me esqueci!
  - Ainda bem. – Ela sorri. – Tchau , . – Sinto um arrepio subir minha espinha quando ela diz meu nome. Como eu amo quando ela me chama. fica olhando para mim, esperando por uma resposta, mas nenhuma palavra sai de minha boca. Minha mente fica vazia. Resolvo apenas sorrir para ela. E ela vai embora.

You catch her eye you blink and walk torwards her. Can't think of what to say. No words come up today. So you just smile and it's goodbye.

  Eu tenho uma forte tendência para me apaixonar. Já me apaixonei várias vezes. E isso pode ser comprovado pela quantidade de letras de músicas que já escrevi sobre amor e garotas. Infelizmente, não tenho sorte no amor. Geralmente as garotas por quem me apaixono são comprometidas ou são umas vacas.
  Mas é diferente. Ela não é vaca. E não está comprometida, como me disse.
  Acho que me interessei por ela desde o momento em que a vi, no primeiro dia do primeiro ano do colegial, mesmo tendo me apaixonado por outras no meio do caminho. Ela tinha e tem o sorriso mais lindo que já vi.
  No segundo ano, tivemos que fazer um trabalho sobre a história americana juntos. Aquela semana que passamos as tardes na escola fazendo o trabalho foi suficiente para que eu me apaixonasse por ela. Já faz quase dois anos (n/a: li na Mundo Estranho que o colegial nos EUA tem 4 anos) desde então.

You say 'So what?'.
I fell in love
but it just won’t work because (just won’t work because)

  Sábado. Após o treino da banda.
  Os caras ficaram me zoando novamente porque eu não consegui falar com a – o filho-da-puta do contou a eles. Mas eu nem me importei.
  Mostrei a eles a música que estou escrevendo. Eles curtiram bastante. Mas ainda preciso terminar de escrevê-la.
  - Cara... – diz, largado no sofá (os caras já foram embora, foram sair com umas garotas aí), assistindo à tevê.
  - Que é? – Pergunto, tentando encontrar as palavras certas para terminar a música.
  - Estou entediado. Por que a gente não vai ao shopping?
  Olho para ele com uma careta.
  - Cara, você tá me chamando para sair? O pessoal já acha que a gente é um casal, agora você vem e fala uma coisa dessas...
  - QUÊ? NÃO, NÃO TÔ FALANDO NESSE SENTIDO! TÁ ME ESTRANHANDO, PORRA?!
  - TÔ, VOCÊ VEM E ME CHAMA PRA SAIR! QUER QUE EU NÃO ESTRANHE DEPOIS, CACETE?
  - Não foi isso o que eu quis dizer! – Ele fecha os olhos com força, contando até 10, eu acho. – Caralho, você é muito burro! Tá tão obcecado pela que tá ficando mais lerdo ainda! Eu quis dizer que a gente deveria ir ao shopping porque a e a estão lá, certo?
  Fico olhando para ele por algum tempo.
  - CARA, VOCÊ TÁ QUERENDO STALKEÁ-LAS?! – Começo a rir. – DEPOIS FALA QUE EU SOU O OBCECADO!
  - NÃO! EU NÃO QUIS DIZER ISSO! – De repente ele fica quieto. - ...NÃO É STALKEAR! A gente só vai... Observar.
  - É a mesma coisa.
  - Ô cacete, você não quer saber se a tá saindo com alguém? Vai ver elas estão lá porque têm um encontro!
  Minha vez de ficar em silêncio.
  - ...Caralho, não tinha pensado nisso! Será que elas estão no shopping porque vão se encontrar com alguém?
  - Viu, foi isso o que eu disse! Vamos logo, elas devem estar lá! – Ele pega as chaves do carro e eu o acompanho.

  Procuramos por elas assim que chegamos ao local. As encontramos pouco depois, quando elas estavam saindo da Macy’s.
  - ! – Meu coração deu uma cambalhota quando ouvi sua voz – ! – acenou para nós, carregando algumas sacolas, acompanhada de , também com compras na mão. Fingimos que ficamos surpresos ao vê-las.
  - ! ! Que surpresa! – diz na maior cara de pau, já que eu... Fico na mesma, sem conseguir falar alguma coisa sequer.
  - ...Interessante como sempre nos encontramos. – diz cínica.
  - O que você quer dizer com isso, ? – pergunta a ela, no mesmo tom.
  - Sei lá, só acho engraçado como vocês sempre estão no mesmo shopping que a gente. – Ela dá de ombros – Até parece que só tem um shopping nessa cidade inteira. Acho que vocês estão nos seguindo.
  - Você está se superestimando, . – responde simplesmente.
  - Será? Acho que não. – E os dois ficam se encarando. Pronto, lá vem mais uma discussão. Esses dois são orgulhosos demais. Não sei porque não falam logo um pro outro que...
  - Vocês dois, por favor, confessem logo que se amam e fiquem logo juntos de uma vez, pelo amor de Deus! – diz, acabando com a tensão e tirando as palavras da minha boca.
  - Não amo esse cara. – diz. rola os olhos, rindo. – Vamos logo, . O filme vai começar daqui a pouco.
  - O que vocês vão assistir? – pergunta a elas.
  - Não te interessa. – responde ríspida.
  - Ui, grossa. – Ela mostra o dedo para ele e puxa para longe de nós.
  - Bom, tchau garotos! – acena para nós.
  Ficamos no meio do shopping, olhando-as se afastarem de nós.

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just with some new feelings
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I get close to closing in

  As semanas foram passando rápido. E tudo na mesma. Nenhum progresso. Continuo mudo quando vem falar comigo.
  Um dia desses chegamos ao colégio e lá estavam colados nas paredes e nos murais os cartazes sobre a festa de formatura (n/a: Prom Night).
  - Cara, você vai chamar a , né? – pergunta para mim, após lermos o cartaz.
  - Acho que sim. Se eu conseguir falar com ela, porque tá foda. Você vai chamar a ?
  - Vou. – E ele fica com um sorriso idiota na cara idiota dele, fitando o nada. Ele e finalmente haviam progredido um pouco na relação de amor e ódio deles. Na verdade, progrediram bastante. Estavam ficando (aleluia). Um dia cheguei à loja atrasado e peguei os dois no maior amasso. Quase vomitei, mas tudo bem, fiquei feliz por eles. Só foi nojento. – Ei cara, olha isso! – Ele aponta para um cartaz logo abaixo ao anúncio do Prom.
  O cartaz fala de inscrições de bandas para tocar no Prom.
  - Por que a gente não se inscreve? Essa é a nossa chance! – diz para mim. – Vamos poder mostrar para esse pessoal que fazemos músicas boas, ao contrário das merdinhas que eles fazem! E a gente aproveita e toca a música que você fez pra .
  - VOCÊ TÁ MALUCO?! NÃO!
  - Ué, por quê? Ela tá ótima, cara. E todos curtiram.
  - Mas a gente ainda nem compôs o ritmo! E eu terminei de escrevê-la ontem! Não sei se está boa, preciso dar uma revisada e pensar mais um pouco...
  - E você vai ter tempo de sobra para fazer isso! Relaxa, o Prom é só daqui a três semanas! – Ele pega uma caneta e escreve os nossos nomes e o nome da nossa banda. – E a música tá foda, eu tô te falando.
  - E se ela não gostar? A , quero dizer.
  - Cara, claro que ela vai gostar. Vai amar até. Que garota não gosta de saber que foi a inspiração para um cara escrever uma música?
  - A garota que serviu de inspiração para uma música que fala sobre uma vadia. – me olha com uma cara de “você sabe o que eu quis dizer”. – Tá tá, eu sei que o meu caso é completamente diferente. Mas não sei se é uma boa ideia.
  - É uma boa ideia. Vou falar com os caras e ver o que eles acham sobre isso.

  Os caras curtiram a ideia de . A gente vai ter que tocar Life Like This. – esse é o nome da música.
  E eles ficaram me enchendo para que eu convidasse logo para o Prom. Eles e .

  - , é melhor você convidar a logo, antes que outro cara a chame. Só faltam duas semanas para o Prom. – Ela me disse em uma das tardes na loja.
  - Como você sabe que eu pretendo convidá-la? – Olho para ela. Ela é minha amiga, mas não falei nada sobre isso para ela. – ... – Olho para meu melhor amigo, que sorri sem-graça, abraçado na garota. – Seu filho-da-puta, você contou pra ela?!
  - Qual é, , ela é minha namorada. Claro que eu contei para ela. – Ele se defende.
  - Vocês não são namorados.
  - Somos sim. O me pediu em namoro hoje no almoço. – E os dois começam a se beijar. E a se beijar e beijar.
  - Cara, que nojo. – Digo, virando a cara.
  - Você só tá falando isso porque a ainda não é sua namorada. – diz. – Você tem que convidá-la logo, é o único cara que serve para ela. Nenhum dos outros presta.
  - Sério? Você acha isso mesmo?
  - Acho. E fale logo com ela! E eu sei o momento perfeito para você convidá-la: nesse sábado ela estará na festa de caridade que acontecerá no parque, ajudando a irmãzinha e as amiguinhas escoteiras dela. Ela não terá como recusar se você aparecer lá todo lindo e charmoso.
  Fico em silêncio, pensando no que acabei de ouvir.

So I stare straight into the mirror
hope I find something new
If not I know
I'll get shot straight back down
I dress up real nice
make sure my hair is right.
Write down a few lines
to tell her that I love her.

  Resolvi seguir o conselho de .
  Sábado. 10 horas da manhã.
  Me olho no espelho, esperando encontrar algo diferente. Não sei, talvez algo chamado coragem.
  Visto minha melhor roupa. Checo se meu cabelo está legal.
  - Mas que porra de nervosismo é esse, ? – Praguejo para mim mesmo.
  Quando estou para sair de casa, decido escrever em um papel algumas poucas linhas, falando que eu a amo, caso eu me esqueça na hora.

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  O parque está uma loucura. Tem criança berrando pra todo lado. Eles até colocaram aqueles pula-pulas infláveis. Procuro-a pelas barracas.
  Encontro-a vendendo biscoitos com umas garotinhas de 9 anos. Não sei como ela consegue manter esse sorriso incrível.
  - , cara, é agora. – Digo para mim mesmo.
  Vou me aproximar, quando um cara, que reconheço ser do colégio, aparece do nada do lado dela e começa a conversar com ela. Animadamente. E ela responde. Mais animada ainda. Eles ficam conversando e rindo. E ELE A ABRAÇA, BEM ÍNTIMO.
  Meu mundo parece cair. Ela já tem outro.
  Jogo o buquê de flores que havia comprado para ela e o papel fora, indo embora do parque, sem olhar para trás.

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  - , cara, ‘cê tá legal? – pergunta para mim, na segunda-feira, assim que chego à escola.
  - Tô, por quê? – Respondo com uma cara de poucos amigos. Que bosta.
  - “Legal” o caralho! O que aconteceu? A não aceitou?
  - Se fosse isso! Que nada, cara, nem falei com ela. Ela tá com outro.
  - Fala sério.
  - Eu tô falando sério, porra! Eu a vi com outro!
  - Sério? Mas que merda...
  - Obrigado por me dizer algo que já sei, cara. Me ajuda muito.
  - Ok, me desculpa. Mas você não pode ficar assim! Ela é só uma garota!
  - Você ficaria do mesmo jeito se fosse com a !
  - Ei, não coloca a minha namorada no meio!
  - Viu? – Suspiro. – Fodeu, cara. Eu até comprei flores para ela.
  - Putz... Ah, não fica assim, ! A gente pode perguntar pra quem é o cara com quem a vai e...
  - NÃO! Fica na sua, ! Não quero saber! Não é da minha conta com quem a sai ou não, ou com quem ela vai ao Prom ou não. Eu fui muito lerdo, deveria ter falado com ela enquanto tive tempo. Agora vou ter que aguentar. – Ficamos em silêncio. – Bom, pelo menos não vou precisar usar terno. Não estava a fim de ir à formatura mesmo.
  - Cara, sinto dizer isso, mas você vai ter que ir de qualquer jeito, porque a gente vai tocar, se esqueceu? – diz após hesitar um pouco.
  - PORRA!!!! – Havia me esquecido disso!
  - Meu Deus, o que houve? – chega, acompanhada de , que me olha com uma expressão de preocupação. E eu quero me matar porque fui um idiota por não chama-la quando tive a chance. Olho para com uma cara de “fica quieto, senão eu arranco as suas bolas”.
  - Nada. – dá de ombros. – Ele só tá de mau-humor porque hoje vai ter que ficar cuidando dos priminhos pirralhos dele.
  - Putz, que saco... – comenta.
  - Pois é.
  Graças a Deus o sinal anunciando a aula toca. Acho que nunca fiquei tão feliz com esse sinal a minha vida inteira.
  - Bom, tchau, garotos, tenham uma boa aula. – dá um selinho no namorado e se despede de nós.
  - Tchau. – acena, ainda me olhando preocupada. E eu quero me matar (de novo) por deixa-la com essa cara. Ambas vão até sua sala de aula.
  - Cara, tem certeza que não quer que eu fale com a ? – pergunta, enquanto vamos para a nossa sala.
  - Tenho, . Melhor assim.

  Odeio ter que admitir isso, mas a música ficou ótima. Sério, uma das melhores que já compusemos. Não queria tocá-la no Prom, já que me lembrava de e se a gente tocar Life Like This enquanto vejo nos braços de outro, acho que mataria alguém. Ou me mataria. Mas tive que confessar que a música ficou realmente boa e os caras estavam me enchendo tanto para colocá-la na setlist – poderemos tocar 5 músicas – que vamos tocá-la no final.

  Sexta-feira. Véspera do Prom. Chego à loja.
  - ! – Ouço a namorada de meu amigo me chamar. – Não acredito! – Olho para os dois. Ela está com uma cara de furiosa. Olho para , que se esconde atrás do balcão.
  - Caralho, , eu falei para você que não era pra contar pra ! – Grito para ele.
  - Me desculpa, cara! É que você tá tão emo esses dias que eu e os caras não estávamos aguentando mais!
  - Seu filho-da-puta, eu vou te matar! – Avanço para cima dele, mas me segura. Ela é pequena, mas é bem forte.
  - , fica calmo aí! Você deveria AGRADECER o por ter me dito isso!
  - Deveria? – Eu e perguntamos juntos.
  - Por quê? – Pergunto mal humoradamente.
  - Porque você ficaria emo aí até o resto dos seus dias do colegial, ao invés de saber toda a verdade. O cara com quem a estava no parque era o primo dela. PRIMO.
  Parece que meu mundo para por um instante. Primo?
  - Primo? – Repito debilmente.
  - Sim, primo. A família inteira dela ajuda nesse negócio de caridade. Além disso, ele nem estuda mais na nossa escola, pelo amor de Deus! Ele já tá na faculdade! Não pensei que você fosse tão burro e estúpido a ponto de não reconhecê-lo!
  - Mas eu o reconheci! Por isso que fui embora do parque!
  - Mas não reconheceu o suficiente para ver que o mesmo já havia se formado do colégio! Pelo amor de Deus, , não jogue tudo fora por causa de um simples abraço! Agora é tarde demais, porque amanhã já será o Prom e já é tarde demais para você convidá-la.
  Fico olhando para ela. Caio de joelhos no chão.
  - MERDAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!! EU SOU UM IDIOTA!!!! SEMPRE PERCO A CHANCE QUANDO ESTOU PERTO DE ME APROXIMAR!!!! – Levanto do chão – Quer saber? Eu vou lá me matar, ok? , será que você pode me atropelar? Eu te dou as chaves do meu carro. Vou ficar deitado no chão à espera de que você passe com o pneu bem encima da minha cabeça para arrancar esse cérebro, ou comprovar a falta do mesmo.
  - , cala a boca! Deixa de ser tão dramático, menino! Além disso, se você morrer, você não poderá vê-la amanhã, toda linda e deslumbrante e não vai poder tocar a música linda que você escreveu pra ela. – Olho para .
  - SEU FILHO-DA-PUTA, VOCÊ CONTOU TUDO PRA ELA?!

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  No sábado, acordei cedo – na verdade, não consegui pregar o olho - e fui pra casa do treinar as músicas pela última vez. Estávamos todos ansiosos para a noite, já que agora eu sabia: iria falar com ela. Não podia desistir sem tentar.
  Só paramos o treino quando ligou para o , perguntando por onde ele andava, já que ele já estava atrasado meia hora para busca-la. Conclusão: eu e os caras fomos expulsos da casa dele. Voltei para casa para me arrumar para o Prom. Minha mãe ficou me ajeitando, como arrumando meu cabelo e meu terno, falando que eu estava lindo enquanto meu pai tirava fotos minhas. Pais.

  A festa seria no ginásio do colégio. Quando cheguei lá, a música já tocava alta e o pessoal já estava dançando.
  Encontrei-me com os caras e fomos para o backstage improvisado do palco – também improvisado – já que logo seria a nossa vez de tocar.
  - Ei garotos, prontos? – O diretor perguntou, assim que a banda anterior a nós terminou de tocar. Apenas assentimos com a cabeça, nervosos demais para falar.v   - Cara, é agora. Life Like This será a última, ok? – , que incrivelmente não foi morto pela namorada, disse a nós, enquanto o diretor ia até o palco e nos anunciava. Assentimos. Fizemos nosso grito de guerra e entramos no palco.

  As pessoas ficam nos encarando, em silêncio. Ô beleza, já estava nervoso, agora com todos esses olhares sobre nós... Bom, se queremos mesmo que essa banda dê certo, vamos precisar começar a nos acostumar com isso.
   diz o nome da primeira música e começamos a tocar.
  Incrivelmente, não está saindo uma merda. Já que o pessoal parece gostar, já que retomam a dança.
  Lá pela 3ª música vejo . E fico surpreso com o que vejo. Ela e estão sentadas. Quer dizer, eu entendo porque ela está sentada, já que o namorado tá aqui, mas a ... Achei que ela estaria dançando com alguém. Mas ela não está.
  Ela fica olhando para nós, sorrindo. Parece até que olha para mim.

  Logo é a última música.
  - Valeu, galera, vocês são demais! – diz ao microfone, ao qual o pessoal responde com palmas e gritos e assovios. – Agora tocaremos a nossa última música, que o nosso , - ele estende o braço para mim, como se estivesse me apresentando – compôs para uma garota especial. Ela se chama Life Like This e nós esperamos que vocês a gostem. – E começamos a tocar com todas as nossas forças, em sincronia. A melodia sai facilmente.
  Vejo mandando beijos para , que sorri – com aquele sorriso idiota normal dele – abobado para ela.
  E então, finalmente tenho coragem de olhar para a platéia.
  Nossos olhares se encontram. E ficamos assim, presos um nos olhos dos outros. Parece que seus olhos profundos e intensos querem me dizer algo.

And I'll make her mine
The one I sing about
all the time
'cause she's in my dreams
but it's never as real as, as real as it seems
And I'm gonna' need
a lot more than her.
And maybe you'll be my baby.
Or maybe not.
Because I'm all choked up

  A música foi um sucesso. Todo mundo bateu palmas entusiasmadamente. Mesmo tendo tocado apenas 5 músicas, eu e os caras estávamos esgotados, mas muito felizes. Era gratificante ver o pessoal reagindo daquela maneira.
  Assim que descemos do palco, várias pessoas vêm nos cumprimentar. Mas apenas uma me interessa.
  - O mini-show foi maravilhoso! – diz e beija o namorado. – Eu amei a última música, especialmente.
  Cada um dos caras já havia ido até a sua respectiva garota. Procuro por ela, mas não a encontro.
  - , cadê a ? – Pergunto para a garota, que já está nos braços do namorado.
  - Ela foi pegar uma bebida.
  Ando em meio à multidão até encontra-la junto à mesa de comes e bebes. E vejo como ela está linda, usando um vestido longo lilás, de costas para mim. Respiro fundo e a cutuco em seu ombro descoberto.
  Ela se vira para mim, e tenho a impressão de que seus olhos brilham. Mas talvez seja por causa da luz.
  - ...Oi. – Digo timidamente.
  - Oi . – Ela sorri para mim. – Foi um belo show.
  - Obrigado. Você gostou?
  - Adorei. Principalmente a última música.
  Penso em dizer para ela que ela foi minha inspiração. Mas antes que eu diga qualquer coisa, ela fala:
  - Ah! Eu amo essa música. Vamos dançar? – E eu assinto.
  Nos aproximamos da pista de dança. E eu percebo que uma música lenta está tocando. Ela pousa a mão em meu ombro e eu coloco desajeitadamente minha mão em sua cintura, enquanto seguro sua outra mão com a minha outra. E ficamos assim, valsando de um lado para o outro, sem dizer nada, deixando que nossos olhos se comuniquem por nós.
  - Você veio sozinha? – Pergunto a ela, assim que a música termina. assente. – Por quê?
  - Porque estive esperando o cara certo me chamar. Mas, infelizmente, ele não me chamou. – Ela olha para nossos pés, parecendo ficar triste. E sinto meu coração apertar. Será que...? – Mas ele compensou tudo, compondo uma música linda para mim.
  ... O QUÊ?
  - ...O quê? – Repito o que acabei de pensar. Ela sorri para mim. – Como você sabe que eu sou apaixonado por você...?
  - Como eu sei? – Ela sorri divertida. - Qual é , você não fala nada quando eu me aproximo ou parece querer fugir de mim. E esse seu olhar... É o mesmo olhar que o lança para a . Mas eu não acredito que você não percebeu.
  - O quê?
  - Isso. – Ela diz, se aproximando de mim e colando seus lábios nos meus.
  E eu compreendo tudo.

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  Descolamos nossos lábios. Ambos estamos sem fôlego. Sinto minha boca formigando. Sorrio para ela. E ela sorri para mim.
  - Caso você ainda não tenha percebido, , eu te amo. Desde o primeiro dia de aula no primeiro ano. E eu sei que o sentimento se tornou recíproco em algum momento. Confesso que nessas últimas semanas estive insegura, já que você me ignorou completamente. Mas depois de hoje, eu sei que tudo era apenas impressão minha.
  - Me perdoe, , por ter te deixado insegura... É que eu te vi algumas semanas atrás, em um sábado com outro cara e...
  - A me contou. Meu primo, né? Não acredito que você desistiu por causa de um abraço! – Ela ri. E eu sorrio sem-graça. – , eu sempre fui sua. – E me beija novamente. – Vamos. – Ela puxa minha mão, indo em direção à saída do ginásio.
  - Para onde vamos? – Pergunto confuso, mas realmente não me importo. Conquanto eu esteja com ela, tudo ficará bem.
  - Para qualquer lugar. Não quero ficar aqui. Aqui tem muita gente. E eu só preciso de você. – Não posso deixar de sorrir ao ouvir isso. – Pode ser para a loja. Quero ouvir mais músicas boas, porque aqui tá difícil. – Rio. – Quero ouvir mais músicas suas. Toque para mim.
  - Mas é de noite.
  - E daí? Você não tem as chaves da loja? E não me diga que não tem, porque a me disse que todos vocês tem uma cópia. - Já estamos no estacionamento. Venta um pouco. Tiro meu terno e ponho sobre seus ombros. Ela passa seu braço ao redor da minha cintura. Faço o mesmo.
  - Mas e se o Paul descobrir? Como fica o meu salário? Não posso levar ninguém para lá.
  - Aí, deixa que eu falo para ele. Que você finalmente teve coragem de falar com a garota que ama, e que descobriu que ela também te ama. – Sorrio e dou um beijo em seu nariz. Vemos e , perto do carro dele, no maior amasso. – Esses dois também, sempre se amaram e só agora foram ficar juntos. Somos dois casais lerdos.
  - A culpa não é minha se você me faz de ridículo quando estou perto de me aproximar. – Ela ri com meu protesto.
  E nos beijamos novamente.

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FIM