Hysteria

Escrito por MariGrape | Revisada por Any

Tamanho da fonte: |


(n/a: coloque para carregar Knights of Cydonia - Muse)

  Fazia apenas quatro horas que nós estávamos ali. Apenas quatro horas. Eu e ele.
  Nós dois trancados no meio do nada. Ele não mexia um músculo e eu não deixava transparecer meu medo. Eu não entendia porque ele fazia aquilo. Sempre nos demos muito bem e eu agora era sua vítima.
  Não amigos, Não amantes, eu estava ficando apaixonada por ele, eu achei que iríamos ficar juntos. Ele dizia que sempre iria me proteger, nunca disse que me amava, pois ele é um pouco frio, mas sempre esteve ao meu lado. Cada segundo passado do relógio era uma eternidade. Uma imensidade. Eu não sabia o que fazer, mas com certeza não deixaria uma lágrima cair. Não demonstraria tal fragilidade para ele. Não para ele.
  O silêncio tomava conta do local. Ele parecia ter vergonha, eu parecia estar assustada. Não trocamos uma única palavra desde que ele me buscou na escola. Na hora eu não entendi. Quando chegamos à cabana, ele apenas me empurrava, olhava para frente e suspirava como se estivesse arrependido do que fosse fazer.
  Ele se aproximou e um frio gelado percorreu minha espinha. Era como se eu visse um fantasma em vez dele. Ele com seu olhar cansado e morto.
  - ... - murmurei baixinho. A única coisa que consegui dizer depois de quatro horas. Chamar seu nome.
  - ... - ele engoliu as lágrimas. Ele estava chorando? Não é possível, não era ele. - Me desculpe por isso. Você vai ter que morrer.
  Eu engoli secas as suas palavras.
  - Por quê?
  Ele se sentou, passou a mão nos cabelos e os bagunãou. Ele estava nervoso e eu não sabia o que falar. Como poderia? Tinha acabado de receber a notícia que iria morrer.
  - Eu sou membro de um esquema de tráfico. - ele respirava fundo a cada pausa. - Mas eu briguei com meu sócio. Eu não queria te envolver nisso tudo, mas ele sabia que eu estava apaixonado por você. - Meus olhos ficaram molhados, então ele tinha um sentimento al?m de amizade por mim. - Ele quer matar você por vingança.
  - Vamos fugir. - eu disse rapidamente. Parecia infantil e louco, mas eu largaria qualquer coisa para estar com ele.
  - Não adianta. Ele nos encontraria em qualquer lugar. Você não sabe do que ele é capaz . Mataria a nós dois sozinho com as próprias mãos sem sentir a menor pena. - Ele suspirou, percebi o quanto aquilo estava sendo difícil para ele. - Seria muito mais fácil para eu dizer que te odeio mandar você sumir de minha vida, mas não consigo. Não conseguiria vê-la morrer na mão de outra pessoa. Doeria mais do que qualquer coisa. Eu não conseguiria virar para você e dizer "Eu não te amo mais como amava ontem por isso saia da minha vida sua inútil". Eu sofreria mais do que poderia. - Eu ouvia cada palavra esquecendo que meu fim estava mais próximo a cada passar de segundos. E quando lembrava que meu fim estava chegando, eu sabia que morreria com um sorriso nos lábios. Eu sabia que ele me amava.
  (n/a: deixa a música rolar)

  - obrigada. - Eu sibilei as palavras em um tom tão baixo que era quase inaudível. Eu me aproximei e colei meus lábios ao dele. Tínhamos tanta urgência naquele beijo sabendo que era o último, que depois de alguma mordidas no lábio dele pude sentir o gosto do sangue em minha boca. Quando quebramos o beijo, tanto os meus lábios quanto os dele, estavam inchados e doloridos e mesmo assim não queríamos nos separar. Ele passou suas mãos por minha cintura e levantou minha blusa. Com certeza aquele seria nosso último e mais sincero momento juntos.
  Ele distribuía beijos por todo o meu o corpo e eu os recebia com mais excitação a cada segundo. Tirei sua blusa e o cativeiro em que ele me mantinha, fechado e escuro estava cada vez mais quente. Nossos corpos se juntavam e se entregavam ao prazer de uma última vez.
  - ... - ele sussurrou no meu ouvido - eu te amo.
  - Nosso tempo está correndo meu amor. Não vamos desperdiçá-lo. - eu beijei seu pescoço e fui descendo minhas mãos arranhando seus braços. Ele mordia o lóbulo de minha orelha e com as suas mãos explorando meu corpo.
  - Você me confunde, você me irrita por me ter que te fazer morrer. - ele me beijava, sussurrava e eu dava leves chupões em seu pescoço. A histeria tomava conta dos nossos desejos. - Eu te quero agora, quero sua alma e seu coração. Daqui eu vou fugir. - ele falava e tirava minha roupa. - Não me chame de covarde, mas não posso te ver morrer nos braços de outra pessoa. Você é minha completamente minha. - Dali pude perceber, sua possessão e obsessão. Seu egoísmo e seu amor se chocavam, mas eu nem ligava mais. Eu sempre seria somente dele.
  - ? - O chamei. Queria ter certeza de tudo, para poder partir mesmo sendo morta por ele, mas feliz. - Você sempre será complemente meu? - Ele que estava com os lábios acariciando meu colo, levantou seu olhar até mim e o manteve fixo nos meus.
  - Eu sempre fui seu. Mesmo nos momentos que eu tinha certeza que não poderia.
  - Você poderia gritar, dizer que odeia. - Eu segurei a respiração. - Eu continuaria correndo atrás de você.
  Ele parou de me beijar e ficou me fitando durante alguns segundos. E eu retribuí seu olhar. A síndrome que ele sempre carregaria, o seu amor por mim. Eu tinha certeza que ele sofreria para sempre por causa disso. E o seu egoísmo me mataria, me condenaria para sempre. Nossos corpos se estreitaram, senti sua ereção completamente rígida. E mesmo sabendo que seria o último momento eu o aproveitei como se a nossa felicidade dependesse disso. Ele se lembraria dessa noite para sempre.
  Meus cabelos estavam pingando de suor, meu corpo estava quente e eu queria sempre mais. Eu merecia mais. Eu o beijei mais uma vez. Nossos lábios se encontraram com força, sua língua pedia passagem e eu cedia. Não poderia mais aguentar a vontade de senti-lo em mim.
  - Eu preciso , eu preciso que seja agora. - Eu murmurava baixo deixando meu hálito quente bater em seu pescoço e o fazendo se arrepiar. Ele me deitou no chão e não enrolou muito para fazer com que fossemos um só. Enquanto o êxtase tomava conta dos poucos sentidos que eu ainda tinha, mirei a janela e vi as estrelas iluminarem a noite. A última que eu veria. Não havia mais esperanças para mim, nisso eu tinha certeza. A proximidade do meu fim, fez com que um ardor dominasse meus olhos e lacrimejassem. As lágrimas finalmente caíram. E eu queria ter tido coragem de tê-lo enfrentado de ter pedido misericórdia por minha vida, mas não consegui, eu o amava tanto que o deixaria me matar para que outro não o fizesse.
  - ... - Eu senti as lágrimas de seus olhos caírem em meu corpo quente. - ... me desculpe por isso. - Eu o vi pegando a arma e ouvi o barulho do gatilho. O som do tiro ecoou por todo cativeiro e quando me dei conta senti o sangue correr minha garganta abaixo. Aos poucos a escuridão foi tomando conta de meus olhos. Minha respiração estava falhando. Meus sentidos sendo perdidos e outro barulho me despertou por alguns segundos a mais. Um corpo nu caiu sobre o meu e pude sentir o seu abraço forte.
  - Não te deixaria sozinha. Eu te amo demais para te ver partir. - ele falou em meu ouvido e um sorriso em meus lábios apareceram. Minha respiração se foi e o completo escuro apareceu. Mas ele estava comigo.

  Fim!



Comentários da autora