Hunter

Escrito por Kate Willians | Revisada por Lelen

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  Eu sou Nathan James Sykes, estou sentado em meu carro numa noite de lua cheia. Enquanto minha namorada fuma seu cigarro sentada na calçada. Vou-lhes contar uma historia e ela não é composta por detalhes fofos ou românticos, se procura por isto não leia! Isso aqui é sobre uma garota, mas não pense que ela teve um final feliz, porque ela não teve. Eu costumava ser apaixonado por ela, e ela costumava ser a garota mais popular do colégio. Seu nome é Christie Elliot. E a historia, bem, é sobre sua morte. E sobre como eu me tornei um caçador de monstros.

Flash Back.

  Meus miolos iam voar para todos os lados em breve. Esse era um fato, pois minha cabeça parecia prestes a explodir a qualquer momento. E tudo por conta de uma festa qualquer numa quinta feira à noite, na qual eu bebi como se não houvesse o amanhã. Vodka. Tequila. Absinto. Caipirinha. E incontáveis coquetéis. Yeah pode me chamar de ‘Mister Manguaceiro’, eu deixo.
  E tudo por causa de uma garota. Christie Elliot. A garota por qual sou apaixonado desde os meus 14 anos, quando ela me pediu  cola pela primeira vez numa prova de Geografia. Ela tinha o sorriso mais perfeito de todo o mundo. Talvez eu esteja exagerando, mas não existem adjetivos suficientemente bons para descrever a beleza de Christie. Eu podia continuar a falar de como seus longos cabelos dourados me fascinavam, ou do quanto seus olhos irritantemente azuis me deixavam embasbacado mas me tacou o estojo na cara, fazendo com que eu acordasse de meus devaneios e lhe desse um olhar fuzilante.
  – Bom dia Senhor alcoólatra! – Ela se sentou em meu colo, me dando um beijo no rosto.
  – Bom dia pra você também Senhorita ‘fui comida pelo Jay no banheiro da boate’! – me olhou indignada e eu revirei os olhos.
  – Quem disse uma coisa horrenda dessas? Eu sou uma menina religiosa, jamais faria algo assim! – Disse séria, com um sorriso irônico a brincar em seu lábio inferior. Eu bati em sua nuca.
  – Menina religiosa? Você? Aham... E eu sou um pato. – Ela fez bico e se levantou, jogando seu material na carteira atrás da minha.
  Você deve estar se perguntando, Quem diabos é ?! Bom, ela é minha melhor amiga. Desde sempre, na verdade. Na sétima série rolou algum boato sobre ser apaixonada por mim, o que fez com que ela saísse correndo do refeitório aos prantos. Eu nunca perguntei sobre isso, e ela também nunca me falou nada. Apenas chegou no dia seguinte me tratando como se nada tivesse acontecido. E então ela passou a pegar todos os caras do colégio. Eu confesso que isso me assustou no inicio, mas logo eu me acostumei á mais nova versão ‘Bitch’ da minha melhor amiga.
  – E então, o seu plano de ‘conquistar’ a idiota da Elliot funcionou? – Perguntou com escárnio enquanto anotávamos qualquer coisa que a professora de Biologia passava no quadro, em nosso caderno. Pois é, também nunca fora com a cara de Christie. O que sempre me deixou confuso, pois ela nunca me contara os motivos para sentir tal ódio.
  – Não. Eu a vi com o Tom. – Limpei minha garganta ao perceber que minha voz saíra um pouco nasalada.
  – É em uma coisa eu concordo com ela afinal; Tom é gostoso pra caralho! – Eu a olhei de esguelha e fechei a cara.
  – A sua opinião não conta, você fica com qualquer um que tenha um pênis. – Resmunguei alto demais, fazendo com que toda a classe olhasse para mim e para que pareceu extremamente ofendida.
  – Certo Nathan, é isso que você pensa de mim não é?! Então foda-se. – Levantou, pegou seus cadernos e saiu pisando duro em direção a porta.
  – Srta. , volte para seu lugar imediatamente! – A professora gritou, passou reto, sem lhe dar ouvidos. _Srta. ! – Gritou novamente, saindo atrás da garota de cabelos longos que parecia extremamente nervosa com algo.
  – Que maluca... – Alguém zoou.
  Eu encarei meu caderno, sempre seria um mistério para mim, afinal.

XX

  – Você é um trouxa Tom, um trouxa! – Parei meus passos em direção ao corredor no mesmo instante, eu conhecia aquela voz.
  – Ah é, e porque, posso saber? Só porque eu te chutei? – Eu não pude esconder a surpresa. O que diabos aquele cara tinha na cabeça para chutar uma garota como Christie?
  – Eu sou Christie Elliot! – Deu ênfase ao seu nome e eu imaginei que Tom estivesse revirando os olhos.
  – Então senta lá Christie, porque isso não me importa nem um pouquinho... – Cantarolou e então se calou repentinamente. Eu me aproximei um pouco mais, porém da onde eu estava só podia ver Christie de costas e a feição assustada de Tom. – O que diabos... – Ele perguntou com espanto. _Seu rosto... – Então foi como se Tom estivesse paralisado. A expressão assustada, olhos arregalados e lábios entreabertos continuavam ali intactos, eu até diria que parecia uma estatua de cera, não um humano comum que há pouco discutia com uma garota. Caminhei apressadamente para a porta que me separava dos dois e Christie torceu o pescoço, E eu conti um grito. Seus olhos estavam vermelhos feito sangue. Seus dentes, antes perfeitos, estavam pontiagudos e grandes. Ela sorriu e ergueu a mão para mim, como se me chamasse. Seu rosto assustador voltou a ser o mesmo e angelical por qual eu me apaixonara. E é ai que a minha memória trava.

  Christie, Christie, Christie... Linda feito um anjo. Ela tem os lábios mais carnudos de toda a cidade. Seus cabelos parecem refletir os raios solares... E tem um cheiro salgado, como os meus ficam depois de um banho de mar. Seus olhos são mais azuis que a água do oceano. Ela esta rindo e eu estou encantado. Ela nada para longe, e então volta... Como alguém pode nadar tão rápido?
  – Volta Christie! – Tento gritar, porém de meus lábios só saem bolhas. Eu olho ao redor e vejo Christie sorrir.
  – Venha... – Ela movimenta os lábios e então eu percebo que posso nadar até ela. Ela está longe e eu balanço mais os braços tentando me aproximar. Ela esta me levando para o fundo, para o fundo, para o fundo...

  Puxo o ar com força, alguém me puxou pelos cabelos. Olho ao redor confuso, estou dentro da piscina do colégio. está me segurando enquanto seu olhar esta preso na outra ponta da piscina. Eu sigo seus olhos e vejo Christie. Ela esta sorrindo... Minha visão está turva. Eu tusso e cuspo um pouco de água. Venha. Ouço sua voz em minha mente, e então meus olhos se perdem em seus lábios. Eu empurro e nado até ela pela raia 7 novamente.
  – Nathan! – grita, mas eu mal posso ouvi-la. Só escuto a voz de Christie em minha cabeça. Venha. Venha. Eu enlaço sua cintura assim que a alcanço. Eu sinto algo estranho, um pouco áspero encostar em minhas pernas e olho para baixo intrigado. Dou um grito assustado. É uma cauda! Christie não tem pernas, ela tem uma cauda! Volto meu olhar para seu rosto, e já não é mais Christie, é o mesmo monstro quem vi no corredor. Ela morde meu ombro, que só agora notei estar nu e eu grito. Seus dentes são afiados. Me debato mas ela me envolve com sua cauda e eu vejo que não tenho saída.
  Eu ouço um tiro. E a cabeça do monstro pende para o lado. Eu me sinto livre, porém me sinto chocado ao notar a coloração da água, está vermelha. Olho para o rosto de Christie e posso ver sua testa perfurada. Seus olhos estão brancos, completamente brancos. E ela cai para o fundo da piscina. Olho para cima e vejo , ela está com uma arma calibre 32. Esta me olhando preocupada. Eu dou impulso para sair da piscina porém me sinto afundar. Há algo me puxando para baixo. A cauda de Christie. Sou levado para o fundo, me debato e sinto meu pé encostar em algo mole. Olho para baixo e vejo um braço. Tento gritar. Encosto meu pé esquerdo dessa vez e então descubro o corpo de Tom. Ele tem a mesma feição apavorada no rosto que eu vira mais cedo. Me desespero, me sinto fechar os olhos. E então sou puxado novamente para cima
  – V-você está bem? – pergunta. Eu nego e ela me abraça, caindo no choro.
  – O que foi isso? – Pergunto.
  – Christie Elliot. Era uma sereia Nathan... – Me fala em meio às lágrimas e eu a olho duvidoso.
  – E o que você é?
  – Eu sou uma caçadora de monstros.
  – Você é o quê? – Perguntei novamente, assustado. Ouvimos passos apressados e então me puxou.
  – Precisamos sair daqui! – Ela me ergueu, peguei minha camiseta que estava jogada em qualquer canto e corri junto dela. Para longe. Para longe de Christie Elliot.

  – Christie foi encontrada nessa tarde de sexta feira pela diretora Carmen Araújo morta com um tiro na cabeça dentro da piscina do colégio Álvares, estava nua. Tom Anthony Parker também jazia morto no mesmo recinto, porém legistas confirmaram que fora uma hora antes da morte da nossa jovem e popular senhorita Elliot. Não há suspeitos. Esta chovendo e todo e qualquer rastro que o assassino de Elliot e Parker tenha deixado provavelmente deve ter sido levado junto com a água. É horroroso, todos nós amamos Christie! Sentiremos sua falta querida... – Desliguei a TV engolindo as lágrimas. O que eu poderia fazer afinal?

Fim do Flash Back.

  – O que houve com você? Precisamos trabalhar! – bateu no vidro do carro e eu o abri. Vendo a lua acima de sua cabeça cintilar como nunca.
  – Eu estava pensando em Christie... – Sussurrei. abriu a porta do carro e se sentou em meu colo. Mordeu meu lábio interior, me fazendo sorrir.
  – Tem certeza de que quer pensar naquela sereia morta agora? – Perguntou maliciosa, eu enlacei sua cintura.
  – Não... – Beijei-a fervorosamente.
  ‘Venha... Venha...’ Me separei de no mesmo instante.
  – O que foi? – Perguntou, eu olhei a nossa volta e abri a porta do carro, tirando-a de meu colo.
  – Você é estranho. – Ela resmungou.
  'Venha... Venha...' Caminhei em direção ao lago que tinha ali. E então eu parei. Puxei um pouco de ar e engoli a seco.
  Christie Elliot estava ali, sentada em uma pedra.
  Soltei um grito.
  – O que foi? – perguntou. Olhou para onde eu olhava e voltou para mim.
  – Você não vê? – Perguntei enquanto apontava para a figura de Christie sentada na pedra, ela olhou porém negou.
  – Você tem certeza de que esta bem? – Perguntou e eu assenti. Ela saiu em direção ao carro e eu esfreguei minhas mãos, sentindo-as um pouco ásperas, olhei para as mesmas e arregalei os olhos. Havia escamas em minhas mãos.

Fim



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