Human

Escrito por Vanessa | Revisado por Mah

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  Eu também sou humana. Eu podia morder a língua e nem sempre opinar, eu podia ficar acordada por dias, eu podia ser o que ele quisesse, eu podia ser a sua número um. Eu podia fingir um sorriso, eu podia forçar uma gargalhada, podia dançar se era isso que me pedias, eu podia ser uma boa máquina, podia segurar o peso de mundos se era disso que precisavas, eu podia ser seu tudo, eu podia fazer tudo isso, mas o facto é que eu sou apenas humana. E eu sangro quando caio, eu arrebento-me, eu desmonto-me, eu grito e choro, porque eu sou apenas humana. As tuas palavras na minha cabeça como facas no coração. E eu também sinto dor, porque eu sou apenas humana. E eu só posso aguentar um tanto até ficar de saco cheio, porque sou apenas humana.
  Então é isso, estou aqui sentada no meu sofá, com o meu pijama para momentos tristes e deprimentes com uma taça enorme de brigadeiro e com um filme deprimente ao qual não estou a prestar atenção alguma. As memórias do que tinha acontecido ontem não saiam dos meus pensamentos.

  Flashback on

  Era Sexta-Feira à noite e eu estava na entrada do apartamento do meu namorado. Ele era o meu melhor amigo de infância e nós sempre fomos apaixonados, mas tínhamos medo de assumir e estragar a nossa amizade. Há 2 meses, depois de tantos anos, decidimos contar um ao outro o que sentíamos e desde aí namoramos. Hoje eu decidi vir fazer-lhe uma surpresa. Eu tinha a chave do apartamento dele, então entrei e dirigi-me ao quarto onde eu sabia que o iria encontrar a dormir. Pelo menos era o que eu esperava. E ele estava mesmo a dormir, mas não estava sozinho. Quanto entrei no quarto dele deparei-me com isto (n/a: não era bem assim, eles não estavam com as bocas encostadas, nem tão próximos.)
  Devo ter soltado um pequeno grito porque eles começaram a levantar-se e quando o me viu arregalou os olhos. A rapariga que estava com ele ficou assustada e sussurrou-lhe (embora eu tivesse ouvido):
  - É a ?
  - É – ele murmurou triste.
  Ele levantou-se e guiou-me para a sala. Eu estava tão perplexa que nem me apercebi.
  - , minha pequena, ouve! Não é o que estás a pensar - ele começou.
  - Por que é que todos usam a porra da mesma desculpa, ? Por quê? – eu gritei. – Eu confiava em ti. – disse mais baixo e saí a correr para fora dali.

  Flashback off

  E desde ontem eu estou assim. De repente ouvi alguém bater à porta do meu apartamento. Devia ser a minha melhor amiga. Ou sei lá. Mas quando abri a porta deparei-me com ele. Quando eu lhe ia fechar a porta ele pôs o pé e não deixou. Depois empurrou a porta e, claro, ele tinha muita mais força que eu. Ele entrou e fechou a porta. Sentei-me no meu sofá e olhei para ele. Devo confessar que ele estava lindo, aliás, ele era perfeito. Mas eu tinha de parar com isto.
  - O que é que estás a fazer aqui, ?
  - , ouve.
  - Eu não…
  - Cala a porra da boca um bocado. – ele gritou. – Eu ontem não vim atrás de ti porque achei que precisavas de espaço, mas agora vais ouvir. Aquela que tu viste era a , minha prima.
  - Aquela era a ? – perguntei incrédula.
  - É, eu sei que ela está diferente, mas é ela. E não aconteceu absolutamente porra nenhuma entre nós. Ontem ela chegou à minha casa arrasada. Disse que discutiu com o namorado, ele chegou a bater-lhe e tudo e ela decidiu vir embora da aldeia e vir morar aqui. Então ela pensou em vir pedir-me para ficar lá. Os pais dela primeiro não queriam que ela viesse para cá, mas aqui ela fica mais perto da universidade e como ela ganhou uma bolsa e entrou é melhor ela estar aqui mesmo. Eu não ia expulsá-la, é da minha família. – ele calou-se.
  - Mas… - eu comecei a dizer.
  - Mas nada. O que tu viste foi nós a dormirmos. Ela estava mal e nós saímos para nos divertir. Eu ia ligar-te para ires conosco, mas tu tinhas-me dito que ias estar ocupada.
  - Ia fazer-te uma surpresa.
  - Eu percebi quando te vi lá. Mas pronto, como me tinhas dito aquilo não te liguei. Aí nós saímos, bebemos demasiado e quando chegamos a casa caímos no primeiro sitio que encontrámos e adormecemos. Não foi justo que desconfiasses de mim daquela maneira. Logo de mim. – ele abanou a cabeça e sentou-se abatido em cima da minha mesa de centro, bem na minha frente.
  - Desculpa , desculpa ter pensado isso de ti. – eu disse com lágrimas nos olhos.
  - Só devias saber que eu não te faria uma coisa daquelas. Só devias saber que eu faria tudo por ti. Só devias saber que eu te amo mais do que possas imaginar. – ele falou levantando-se e andado de um lado para o outro.
  Levantei-me também.
  - Abraça-me bem forte e diz que isto vai passar, que ainda me amas, que me perdoas por ter desconfiado de ti, que me perdoas por pensar que eras capaz e fazer isto, diz-me que não me vais abandonar, diz que não vou ter de aprender a viver sem ti. – eu falei lavada em lágrimas.
  Ele abraçou-me.
  - Mesmo que eu quisesse não te amar, mesmo que quisesse ir-me embora e nunca mais olhar para a tua cara eu não conseguiria. Eu amo-te, . Para sempre.
  - Eu amo-te, . Para sempre.
  E beijou-me.
  Eu não precisava de mais nada. Não precisava de mais provas, de mais palavras, eu não precisava de mais nada. Eu precisava dele. Afinal eu sou humana, e humanos têm fraquezas. Ele era a minha.



Comentários da autora


Leitoras lindas, é a minha segunda fic, leiam e comentem por favor. Aceito todo o tipo de comentários, criticas boas ou más. Espero que tenham gostado.