How To Mend a Broken Heart

Escrito por Zã Nogueira | Revisado por Maria

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Step #1: Accept the pain

  Eu estava encarando o teto do meu quarto. Parecia que aquele fim de semana em Baltimore havia acontecido há segundos, mas a verdade é que já se passara uma semana desde que eu fora atrás de e ele simplesmente disse que não queria me ver. Eu então ri da situação e disse que não era nada demais, afogando a verdade em dozes de whiskey e beijando estranhos somente para provar a mim mesma que eu não precisava dele nem de garoto nenhum para ser feliz.
  Ao voltar para minha cama vazia na Filadélfia, percebi que poderia enganar a qualquer um menos a mim mesma, permitindo que a dor de perdê-lo me invadisse por alguns momentos. Momentos que viraram horas e então dias, e eu perdi noção do tempo, lamentando a ausência de e o fato de meu travesseiro ter o cheiro de qualquer outro cara além dele. Liguei para o meu trabalho, pois já era segunda-feira e eu não pretendia sair de casa. Dei uma desculpa qualquer de alguma doença e permaneci em minha bolha, esquecendo de que a vida não iria parar para que eu me recuperasse. Ao fim do dia, já tinha noção de que aquele era um caso perdido, de que nunca me pertencera e então finalmente dormi sem ter um sonho me assombrando.
  Entrei no piloto automático pela semana seguinte e parecia estar recuperada daquele pequeno desvio em minha rota original, quando o fim de semana voltou a chegar. fora incrivelmente solidária, deixando de ir visitar o namorado pela segunda semana consecutiva para ter certeza de que eu não ficaria em casa vendo Like Crazy enquanto atacava um pote de sorvete sozinha, chorando pela minha infelicidade amorosa. Ao invés disso, nós saíamos pela cidade, evitando os locais que eu havia visitado com , relembrando os tempos que éramos apenas nós duas contra o mundo.
  Apesar disso, por mais que tentasse bloquear meus pensamentos, todas as vezes que algo relevante me acontecia, era nele que eu pensava, era na reação que eu sabia que ele teria que eu me apegava, ou no fato de pensar tanto em um garoto que eu havia passado dois finais de semana e mesmo com esse pouco tempo havia me virado de cabeça para baixo. Talvez fosse porque eu sabia muito sobre ele; além de nossas conversas intermináveis, haviam as histórias que e me contavam. O jeito que falavam dele fez com que parecesse que eu já o conhecia há muito tempo. Ele tinha seu mérito na minha destruição também; o sorriso carismático e os detalhes, o jeito que ele corria o dedo pelo meu rosto, como segurava a minha mão, como beijava minha cabeça, como mordiscava meu pescoço, como perfumava meu travesseiro. A pior parte era saber que aquilo tudo fora meu e que eu e minha necessidade idiota de me manter no controle e não me envolver me deixou cega para perceber que era tarde demais. Eu poderia ter abortado o plano, ter deixado pra lá, ter dado ouvidos à e vivido um fim de semana de cada vez, mas o medo de me machucar foi maior e, como uma profecia que está destinada a se cumprir, eu estava ferida, com raiva de mim mesma e até de por ter aparecido em minha porta antes que eu pudesse decifrar meus sentimentos.
  Acordei numa quarta-feira ainda sentindo um vazio em mim, mas decidi que era hora de superar.
  — Em um ano você nem vai se lembrar dos dias que ficou miserável na cama por causa de um cara qualquer — eu disse a mim mesma, levantando da cama e carregando o travesseiro que dormira até a área de serviço, jogando-o no lixo. Podia não ter mais o cheiro dele, mas ainda carregava lembranças.

Step #4: Give your heart a break

  Aquele era o terceiro convite para o jantar de gala que minha empresa dava todo ano que eu recusava. Apesar de todos os rapazes que o fizeram serem extremamente atraentes, eu queria ter um tempo para mim, sem pensar muito em quem estaria na minha cama no sábado seguinte. Aproveitei para colocar séries de TV em dia e finalmente terminar de ler aquela série de livros que eu estava tendo dificuldades de encerrar. Passava mais tempo com , que havia reequilibrado o tempo que ficava comigo e o namorado. nunca mais aparecera em nossa casa, e apesar de querer acreditar que era por opção deles, eu sabia que era porque não queria me fazer pensar em mais do que eu já fazia por conta própria. Quase um mês se passara desde que eu havia estado em Baltimore, mas ainda tinha aquela sensação que não fora tempo o suficiente.
  — Aqueles cavalheiros enviaram esses drinks. — A garçonete do Paddy’s, bar próximo a nossa casa, que costumávamos a frequentar antes de termos dinheiro o suficiente para bancar locais mais caros no centro da cidade. Havíamos retornado a rotina abandonada muitos meses atrás de tomar drinks juntas às quintas-feiras.
  — Obrigada. — disse à garçonete e tomou um gole do seu drink, sem ao menos olhar para a mesa que ela havia indicado. Eu fiz o mesmo, mas logo em seguida nos vimos acompanhadas de dois rapazes. O terno deles era barato, bem como suas gravatas de zíper. Sem dúvidas que eram estudantes de direito. Rolei os olhos, mas não podia querer algo diferente vindo daquele bar, onde eles haviam pagado menos de dez dólares pelas duas bebidas que nos deram.
  — Boa noite. — O loiro disse, mostrando todos os dentes alinhados.
  — Olá. — disse sorrindo, olhando dele para o moreno, que parecia bem mais inseguro.
  — Podemos nos juntar a vocês? — O loiro disse novamente, mais confiante de sua estratégia.
  — Olha, nós meio que estamos em um encontro então... — Eu disse enquanto colocava a mão sobre a minha. Em seguida os garotos ficaram visivelmente constrangidos e soltaram risos nervosos enquanto diziam como achavam bacana tudo aquilo. Nós apenas mantemos o sorriso e agradecemos pelas bebidas, gargalhando ao nos lembrarmos da história mais tarde ao chegarmos em casa. Exatamente como nos velhos tempos.
  — Eu achei que você poderia gostar do loiro. — falou sentada no sofá, tirando os saltos.
  — Estou oficialmente dando um tempo de garotos. — Eu falei me sentando ao lado dela e fazendo o mesmo.
  — Quer dizer que estávamos mesmo em um encontro? — Ela perguntou piscando para mim, recebendo uma almofadada em resposta.
  — Boa noite, . — Eu disse, me pondo de pé e indo para a cama.   A minha sexta-feira havia sido bem produtiva, ainda resultado do bom dia que eu havia tido na véspera, até que cheguei em casa e disse que estava indo visitar — nem usávamos mais o nome da cidade em que ele morava, como se fosse derrubar uma das cartas de meu frágil castelo.
  — Ah, tudo bem. — Eu disse sorrindo. Não queria privar de sua vida e nem que ela achasse que eu era uma pobre coitada que não conseguiria passar um fim de semana sozinha sem fazer algo trágico.
  — Tem certeza?
  — É claro. Quantas vezes você me trocou por aquele magrelo? — Eu perguntei rindo, esperando que ela não dissesse algo como “isso foi antes de ”. Felizmente, ela não disse, me abraçando e saindo de casa. Eu ia ficar bem. Esperava que sim, pelo menos.

Step #2: Change your habits

  — Você disse que ia ficar bem! — falou ao me encontrar na segunda-feira à noite. Ela chegara tarde no domingo e eu já estava dormindo e acabara se atrasando para o trabalho no dia seguinte, de modo que só fomos nos falar no jantar. Ela me encarava com um bico e as sobrancelhas franzidas.
  — Não será por muito tempo. Casos assim não duram mais do que duas semanas e me falaram que tudo indica que conseguiremos um acordo.
  — Então porque você precisa ir?
  — Pois meu chefe é especialista em crimes do colarinho branco e ele precisa de uma associada para acompanha-lo.
  — E por que você? Tem vários outros lá... Por que não Patrick?
  — Porque Patrick não se voluntariou, eu sim. E, de qualquer jeito, eu meio que sou protegida de Joseph; sei que ele iria me convidar e eu não poderia recusar.
  — Mas Boston fica a seis horas de distância!
  — , pela última vez, eu vou ficar no máximo duas semanas fora, não estou me mudando.
  — Você sabe o tamanho de uma mala grande o suficiente para caber terninhos o suficiente para duas semanas? — Ela falou seriamente, como se aquele fosse o argumento que ela estava guardando para usar em último caso, visto que mais nada me fizera desistir. Eu apenas ri e a puxei pelo braço, levando-a até meu quarto.
  — Já que você está tão preocupada com minha mala, me ajude a fazê-la.

   me deixou no aeroporto na quarta-feira e eu só consegui relaxar quando já estávamos decolando e via Filadélfia pela janela. Tudo o que eu queria era manter minha cabeça cheia em algum lugar onde nada tinha uma história para mim, me dar uma chance de ter um recomeço, mesmo que fossem apenas duas semanas.

  Boston era interessante. Bem menor do que a Filadélfia, então não possuía nenhum dos aspectos de uma grande cidade. Eu caminhava pelas ruas que não faziam muito sentido para mim, acostumada com as vias retilíneas da minha cidade natal. Me perdi algumas vezes, mas sempre acabava encontrando meu caminho de volta para o hotel onde estava hospedada. Como meu trabalho terminava as seis, eu normalmente ia explorar um pouco antes do jantar, apesar da cidade ser mais fria do que a minha. Naquele dia, porém, não iria trabalhar, pois era sábado, e eu estava decidida a encontrar uma loja que havia achado sem querer na quinta-feira passada; decidira comprar uma lembrança para . Rodei o que parecia ser o bairro inteiro e não conseguia me encontrar, então resolvi entrar numa loja de CDs. Na pior das hipóteses, alguém poderia me indicar o caminho de volta ao hotel. Aproveitei para olhar os lançamentos; fazia algum tempo que não visitava uma loja daquelas e estava distraída ouvindo uma faixa do novo cd de Pink quando o vi. Meu coração disparou e eu segurei o ar, como se qualquer ruído meu fosse fazê-lo olhar para mim. Eu queria poder sair correndo dali, mas ele estava entre mim e a porta. Eu só esperava que ele não levantasse o olhar, ou não teria escapatória. E foi exatamente o que ele fez. Somente quando o garoto olhou para mim é que eu pude respirar. Ele era apenas um rapaz usando jeans colados demais e uma touca na cabeça. Ainda assim, por alguns momentos que pareciam ter durado horas, eu havia acreditado que era , mesmo sabendo que ele estava a 660 quilômetros de distância de mim.

Step #5: Love yourself

  Eu havia acabado de voltar de Boston e teria a sexta-feira de folga como recompensa pelo trabalho duro nas semanas anteriores. Eu aproveitei para ir atrás do vestido para o jantar de gala da minha empresa, que aconteceria um pouco antes do Dia de Ação de Graças, em algumas semanas. me acompanhou durante a hora de almoço dela; como ela seria minha acompanhante, também experimentava alguns modelos.
  — ? — Ela chamou quando nós estávamos dentro de nossas cabines no provador.
  — Sim. — Eu disse, tentando fechar o zíper de um vestido longo dourado.
  — Eu estive em Baltimore...
  — Imagino que sim, nenhum motivo para ficar sozinha em casa. — Eu disse, indo me olhar no espelho do lado de fora da cabine, que era bem maior.
  — E falei com . — Ela disse ao sair também, mostrando um vestido verde musgo.
  — Ele ainda frequenta os seus encontros com ? — Eu disse sorrindo, querendo transparecer o quanto ouvir o nome dele não me afetava, apesar de estar com um nó no estômago. Dizem que o tempo cura tudo, mas nunca que cura totalmente, porque não é isso o que acontece. Na verdade, para de doer, mas eu sabia que não importava quanto tempo passasse, toda vez que eu pensasse em seria diferente de pensar em um cara qualquer, porque ele não era um qualquer. Eu não queria que ele fosse um qualquer. Ele fora uma lição e eu havia aprendido, não iria subestimar meus sentimentos novamente.
  — Na verdade, não. Não desde quando ele esteve aqui. — Ela falou, se referindo ao dia posteriormente conhecido como “aquele em que viu um cara seminu no nosso apartamento”.
  — Oh. — Eu disse em resposta, surpresa em como aquele acontecimento havia mudado a rotina dele também.
  — Enfim, eu falei com ele... Sobre vocês.
  — Não. — Eu disse, voltando para a minha cabine. — , eu não quero saber. Levei muito tempo para não querer me estapear toda vez que escutasse o nome de , muito tempo pra entender que essa dor nunca vai sumir completamente e eu não preciso de ninguém cutucando a minha ferida, muito obrigada.
  — Você não quer saber o que ele disse?
  — É claro que eu quero! – Eu disse saindo com um vestido mármore. — Mas seja lá o que ele disse, só teria algum valor se eu ouvisse da boca dele.
  — Você está parecendo uma noiva. — Ela disse rindo, recebendo um palavrão em resposta. Nós gargalhamos e eu dei a busca ao vestido como encerrada naquele dia. comprou um vestido vermelho, o primeiro que havia experimentado, apesar de eu falar que deveria ser longo para o evento que estávamos indo. Ela deu de ombros, passando o cartão de crédito e nos despedimos na calçada, ela voltando para o trabalho e eu — juntamente com o vestido dela — voltando para o nosso apartamento.

  Estava com roupas confortáveis, jogada no sofá vendo TV, mas era como estar em uma cama de pregos, nenhuma posição era confortável e nada que estava no ar me interessava. Levantei bufando e xingando por ter começado aquela conversa. Agora eu precisava saber o que havia dito. Peguei meu celular e abri minha lista de contatos, localizando a entrada dele em seguida. Fiquei encarando a tela do celular, pensando nos diversos cenários que poderiam decorrer assim que eu fizesse a chamada e eu nem sabia se, caso ele falasse comigo, diria algo que eu gostaria de ouvir.
  A luz da tela se apagou, mas eu continuei encarando o aparelho, até que me decidi. Voltei ao nome dele e disquei, levando o telefone ao ouvido.
  — Oi. — A voz dele disse e eu respirei fundo. — Aqui é o e eu não posso atender no momento. Você sabe o que fazer depois do...
  O bipe tocou e eu desliguei. Não poderia deixar uma mensagem dizendo o que eu queria falar.
  Entendi aquilo como um sinal. Eu não deveria ir atrás de . Havia me esforçado muito para estar onde me encontrava, não poderia simplesmente retroceder, era hora de colocar as coisas no lugar.

Step #3: Spend more time with your friends

  Duas semanas se passaram e finalmente sexta-feira chegara e com ele o jantar de gala da Saul Ewing. Eu e estávamos nos arrumando, ela quase pronta e eu ainda de roupão, secando meu cabelo.
  - Certo, eu tenho que passar na galeria, hoje terá uma pré-inauguração da exposição de um novo artista, mas ela termina perto das oito, pois será oferecido um jantar em outro lugar. De lá eu vou direto para o Loews Hotel ao seu encontro.
  - Você tem certeza que não quer que eu te espere aqui e vamos juntas?
  - Não, assim você chega antes e faz a social e quando eu chegar poderemos nos concentrar no que realmente interessa, fazer esses convites de 150 dólares valerem a pena!
  - Eu acho que ficar bêbada em uma festa da empresa que eu trabalho não é uma boa ideia, .
  - Ainda bem que eu não trabalho lá, então – Ela disse colocando os saltos – Falando nisso, onde está o meu convite? Não quero ser barrada na portaria...
  - Em cima da mesa da sala. Você quer ir de carro? Eu posso pegar um táxi...
  - Ah, pode ser – Ela disse – Bom, como estou?
  - Você será a única pessoa de vestido curto no jantar – Eu falei e ela rolou os olhos passando a mão na roupa.
  - Isso não será problema – Ela disse – Até mais tarde!
   saiu correndo e eu olhei no relógio do meu celular que já eram seis da tarde. O jantar começaria em meia hora e eu pretendia chegar às sete, quando meus colegas já tivessem bebido um pouco e me parecessem mais agradáveis. Ou quem sabe eu é que deveria começar a beber mais cedo.
  Eram sete e quinze quando subi as escadarias do hotel lentamente, passando pelo tapete vermelho do saguão e me dirigindo para o salão. Um segurança pediu meu convite, abrindo a porta de vidro em seguida e eu entrei naquele ambiente onde podia ouvir o ruído de risadas e conversas. Sócios, associados, consultores e vários clientes estavam espalhados pelo local, a grande maioria tentando impressionar uns aos outros e tudo o que eu fazia era acenar ao longe enquanto tentava caminhar até a minha mesa. Patrick sorriu ao me ver e eu retribui da maneira mais sem graça possível, nós mal havíamos nos falado depois do fatídico dia, mas ele fora legal o suficiente para não forçar nenhum tipo de comunicação. Luke, um dos caras que me convidou para ser sua acompanhante naquela noite, veio até mim no momento em que eu parei para pegar uma das taças de champanhe da bandeja de um garçom.
  - Achei que você ia entrar de braços dados com David Beckham ou algo assim – Ele falou claramente alterado pelo álcool.
  - O quanto você conseguiu beber em meia hora, Luke? – Eu disse sorrindo, mantendo a minha trajetória até a mesa 28. Ele apenas riu e não me acompanhou, provavelmente decidira que eu tinha um padrão mais elevado. Tomei três taças de champanhe sozinha e então decidi que aquilo era o suficiente para ser radiante enquanto aturava a conversa dos meus colegas. Circulei pelo salão conversando com todos, elogiando vestidos, relembrando velhos casos e ouvindo apostas de como um dia eu seria um brilhante advogada. Sempre com um sorriso no rosto tão forçado que minhas bochechas doíam. Olhei no meu relógio, oito e meia. estava atrasada. Pedi licença aos rapazes com quem conversava e fui até o banheiro. Peguei meu celular em minha bolsa de mão e liguei para , mas ela não me atendeu. Suspirei preocupada, talvez deixa-la dirigir não tenha sido uma boa ideia, ela quase nunca o fazia e se tivesse álcool no evento que ela estava só pioraria as coisas. Saí do banheiro e fui em direção à porta, a minha esperança era que ela não havia atendido ao telefone, pois já estava chegando ou quem sabe estava dirigindo e eu sabia como aquilo exigia a completa atenção dela. Então a porta do salão se abriu.

Step #6: Open your heart to a new love

  Ao ver ali, usando um terno que certamente ele não havia escolhido, pois era perfeito e eu duvidava que alguém que usava calças femininas saberia qual o corte certo de um, eu não sabia o que pensar. Ele caminhou até mim confiante e parou a um passo de distância.
  - Podemos conversar? - Foi a primeira coisa que eu ouvi da boca dele desde que ele havia saído da minha casa naquele dia fatídico e eu quase perdi o ar somente de ouvir a voz dele. Eu queria olhar para os lados e ter certeza que era comigo que ele estava falando, mas parecia idiotice, quem mais ele conheceria naquele local? Apenas acenei com a cabeça, com medo de abrir a boca e nada sair. Olhei para a minha mesa, mas ela não estava mais vazia, alguns dos demais convidados haviam sentado. Indiquei as grandes janelas que davam para a cidade e me acompanhou, assim nos afastamos do baralho do local. Eu continuava muda e ele continuava me olhando de maneira determinada. Eu suspirei, sentindo o meu vestido vários números mais apertado do que realmente era.
  - Eu falei com ... Ela tentou me explicar as coisas, mas eu disse que se você quisesse me explicar algo, teria me procurado.
  - Eu fui até Baltimore – Eu disse enfim e me olhou surpreso, talvez ouvir a minha voz depois de tanto tempo também fosse diferente para ele.
  - Eu lembro, mas foi cedo, eu estava muito irritado.
  - E você não está mais irritado?
  - Às vezes eu fico. Por que você é tão complicada? me falou sobre Oliver, mas eu não entendo, nós dois não somos a mesma pessoa.
  - Ela fez o quê?
  - Quem?
  - !
  - Ah, sim. É. Ela me contou no fim de semana passado, disse que não aguentava mais nos ver deploráveis daquele jeito.
  - Deploráveis?
  - Palavras dela.
  - E ai ela te disse para vir até aqui hoje.
  - Ela falou que você não iria até Baltimore por contra própria novamente e que eu deveria te dar uma chance de explicar tudo.
  - E é isso que você está esperando? Uma explicação?
  - Isso.
  - Eu não sei como explicar, porque eu ainda não entendi. Eu tenho essa coisa... Bom, Oliver, como já fez o favor de te dizer, era um cara que eu gostava. Ele não chegou a ser meu namorado, mas eu tinha sentimentos por ele. Eu o amava. Não tinha dúvidas disso, na verdade. Ele era o cara. Nós ficamos algumas vezes e eu achava que aquilo era um relacionamento e não importa do que ele precisasse, eu estava lá por ele. De início, eu achava que era recíproco, que ele se importava comigo do mesmo jeito e que em algum momento nosso relacionamento evoluiria para algo mais sério naturalmente, mas eu não imaginava que Oli estava apenas curtindo, ele não queria nada comigo e um dia ele simplesmente se foi. Eu fiquei mal por muito tempo e então descobri como me proteger: sempre ser a primeira a correr. E isso sempre deu muito certo, eu não me envolvia muito, me divertia e dava no pé assim que as coisas pareciam estar ficando sérias. Eu sei, nada para me orgulhar, mas pelo menos meu coração estava intacto. Até que você surgiu. No começo, eu achei que seria só mais um cara, ainda mais quando disse que você era como eu, não era de se apegar. Acho que foi isso que me assustou quando eu notei que me importava mais do que deveria com você, eu sabia que se não corresse naquele momento, você o faria antes. Foi no caminho para o jogo naquele domingo que eu percebi que estava ferrada. No momento que você soltou minha mão para pegar a carteira e eu imediatamente senti a falta que ela deixou na minha, sabia que havia ido longe demais. Ai minha determinação só aumentou com o álcool e Patrick estava lá. Eu fui idiota. E eu sinto muito.
  - Eu também sinto muito. Por tudo. Queria conversar sobre o que eu sentia, porque eu também não tinha certeza do que era aquilo, estava certa, eu nunca me envolvo com ninguém mais do que o necessário para me divertir um pouco e com você foi tão diferente porque depois de dois finais de semana e já me pegava pensando em você o tempo todo! Por Deus, eu viajei até aqui somente pra te ver! Duas vezes! Estou usando uma gravata realmente apertada somente pra ouvir o que você tem a dizer, sabendo que não importa o que você diga, o que eu sinto não vai mudar. Eu gosto de você, . Muito mesmo. E eu só preciso saber se você acha que daria pra gente continuar o que a gente tinha.
  - Não – Eu disse firme – Eu não quero continuar daquele jeito, uma confusão de sentimentos, nós dois tentando não nos apegarmos um ao outro, eu quero que tenhamos algo novo.
   parecia sério e então sorriu, fazendo com que meu corpo reagisse da mesma forma.
  - Eu senti saudades do seu sorriso – Ele disse.
  - Eu também – Disse vencendo a distância entre nós e finalmente abraçando-o. O som do meu coração era tão alto que abafava as conversas e a música que tocava no recinto, exceto pela respiração de em meu ouvido. O cheiro dele me lembrava das manhãs que eu acordara ao seu lado (mesmo que eu tivesse fugido antes que ele despertasse) e isso me fazia não querer soltá-lo, mas eventualmente nós nos separamos.
  - Espera, você sentiu saudades do meu sorriso ou do seu, porque eu não entendi.
  - De ambos – Eu disse ainda sorrindo. Parecia que agora era impossível não ficar com essa cara boba olhando para ele.

Step #7: Love like there’s no tomorrow

  - E o que você acha da gente sair daqui? – falou em meu ouvido. Eu já não ligava mais para aquela festa e nós já havíamos bebido o suficiente para ao menos fazer aqueles convites valerem a pena. Eu apenas sorri e nós dois fomos embora.
  - Acho que deveria ligar para , ver se ela está em casa – Eu disse no táxi.
  - Não precisa se preocupar, ela já deve estar em Baltimore agora.
  - Vocês realmente pensaram em tudo, não é mesmo?
  - Talvez...
  - Alguém estava confiante que as coisas iriam terminar bem, hein?
  Dei risada, ganhando um beijo em seguida. sorria, mantendo seu braço pelos meus ombros enquanto chegávamos ao meu apartamento. Eu mal fechei a porta da casa e já estava beijando meu pescoço.
  - Esse vestido é lindo, mas você fica ainda mais bonita sem ele – disse com um sorriso torto.
  Eu o puxei pela gravata até o quarto e ele abriu meu zíper, fazendo com que o vestido deslizasse pelo meu corpo.
  - Acho que precisamos igualar um pouco as coisas – Eu disse já que usava apenas minha lingerie preta, enquanto ainda vestia seu traje completo. Ele sorriu e me empurrou levemente, me fazendo cair na cama. Ergui meu tronco me apoiando em meus cotovelos para ver se balançando como se estivesse dançando ao som de uma música que só ele ouvia. Eu dava risada enquanto ele removia o terno e desabotoava a camisa. Quando ele se colocou sobre mim, usava nada mais do que sua cueca. me beijava intercalando o toque suave de seus lábios nos meus com mordidinhas que me faziam fechar os olhos involuntariamente. Tínhamos certa urgência em nosso toque, reflexo da nossa dificuldade em controlar nossos desejos. Minhas mão tocavam, arranhavam, puxavam e apertavam , que correspondia com a mesma vontade. Nossas respirações pesadas estavam fora de sincronia, e eu já nem sabia identificar quais barulhos saiam de minha boca e quais vinham dele. O cheiro familiar dele me inebriava, seu gosto me fazia querer mais e seu toque causava sensações em meu corpo que eu não poderia explicar nem se quisesse. Arrepios que me faziam retrair os dedos e abafar gemidos mordendo meus lábios eram constantes, até que conter minhas reações não era mais uma alternativa. Meus gemidos pareciam excitar , visto que ele próprio parecia mais empolgado e sussurrava meu nome em meu ouvido. Alimentávamos assim um ciclo vicioso onde nossas reações se intensificavam mutuamente e não parecíamos interessados em quebrá-lo.

  - Espero que você não esteja fugindo – disse na manhã seguinte, quando eu deixava a cama.
  - Que susto! – Eu disse levando a mão ao peito. Achei que ele ainda estava dormindo e me surpreendi com a voz dele – Eu só estava indo até a cozinha preparar o café da manhã. Não se preocupe, eu não pretendo fugir.
  - Eu vou com você – Ele disse se pondo de pé – Você sabe, só pra garantir...

FIM



Comentários da autora

  CABO! É isso minha gente, depois de partir o coração do lindo [e o seu próprio no processo], finalmente conseguiu consertá-lo! Foi um prazer dividir essas duas fics com vocês e a gente se vê em breve [beeeem em breve (:] Como sempre, obrigada pelos comentários, tweets e e-mails, é sempre super legal interagir com vocês! E óbvio, obrigada Jessie por ser a melhor pessoa do mundo! <3