How To Be a Heartbreaker

Escrito por Zã Nogueira | Revisado por Mah

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Capítulo 1

  Rule #6: He can’t call the shots, but he can buy you one.

  - Você vai adorar o falou pela milésima vez naquele dia, como se pudesse me convencer que eu gostaria do garoto antes mesmo de conhecê-lo.
  - , você falou sobre esse garoto a viagem inteira, desde a Pensilvânia até o momento que estacionei meu carro na garagem de . – Eu disse enquanto passava mais uma camada de rímel.
  - Ah, não é tanto assim – disse olhando o próprio reflexo no espelho.
  - Não tem nenhuma história que você conte dos seus fins de semana aqui em Baltimore que não inclua esse garoto!
  - Ele é o melhor amigo do meu namorado, está sempre conosco...
  - E é por isso que você me arrastou até aqui, não é? Não aguenta mais tê-lo como vela em seus encontros!
  - Não é por isso! – Ela fez uma cara de ofendida, mas depois riu – Ele é realmente legal e eu acho que vocês se dariam bem.
  - Você sabe o que eu penso sobre relacionamentos. Em especial à distância.
  - Na verdade, é bem nesse ponto que vocês são parecidos... Dois conquistadores! – Ela sorriu – Eu duvido que isso vire um relacionamento de verdade, de qualquer jeito.
  - Então você realmente só quer alguém para mantê-lo ocupado essa noite!
  - E Filadélfia fica menos de duas horas daqui, seria uma relacionamento à curta distância, como o meu e o de – Ela mudou de assunto nada sutilmente.
  Eu rolei os olhos e concordei com tudo aquilo já que eu já estava ali, não desperdiçaria toda aquela maquiagem e era uma sexta-feira à noite.
  - Se ele não for esse cara super legal que você diz, sabe que vai ficar me devendo uma não é? – Eu falei enquanto caminhávamos do quarto de visitas da casa de até a sala onde ele e estavam.
  Ao ouvirem o barulho de nossos saltos contra o piso, eles pararam de olhar a tevê e voltaram a atenção para nós duas e pareciam impressionados pelo o que viam. se levantou e deu um selinho em enquanto permaneceu onde estava, dando um sorriso para mim que foi retribuído com um aceno de cabeça. então me apresentou oficialmente ao amigo que por sua vez veio até mim e me beijou na bochecha, fazendo o mesmo ao cumprimentar .
  - Bom, agora que está todo mundo pronto, podemos ir, certo? – disse e fomos todos para o carro dele. Eu e sentamos no banco traseiro e eles falavam sobre o The Get Down, o clube que iriamos aquela noite.
  Finalmente chegamos ao local e fomos diretamente para o bar.
  - Uma cerveja para você? – me perguntou.
  - Tequila – Eu disse para o barman estendendo o meu cartão.
  - Por minha conta – disse estendendo o próprio cartão e eu guardei o meu.
  - O que você achou dele? – disse em meu ouvido.
  - Nada mal – Eu respondi no mesmo tom, agradecendo pela música impedi-lo de nos ouvir.
  O shot chegou e eu o bebi, sob o olhar atento de que tomava uma cerveja.
  - Cadê o casal? – Ele disse e eu olhei para o lado, onde estava momentos atrás.
  - Eles estavam aqui agora mesmo! – Eu disse e ficamos ali olhando ao redor, mas desisti após entender o plano de , eles deveriam estar em algum canto escuro agradecendo por não ter que cuidar de – Bom, vamos dançar.
  - Acho que vou esperar mais um pouco...
  - Não foi uma pergunta – Eu o tomei pelo braço e caminhamos pela pista de dança.
  Alguma cantora pop genérica cantava sobre amor ou algo assim enquanto eu dançava. parecia sóbrio demais para aquilo, então tratei de dar algum incentivo para o rapaz, colando meu corpo ao dele enquanto me movia. Ele respondeu imediatamente, colocando a sua mão livre em minha cintura.
   e reapareceram e nós quatro dançamos a noite toda, com pequenos intervalos para bebidas e ir ao banheiro, onde me interrogava sobre e quando eu iria beijá-lo já que não nos desgrudávamos. O garoto parecia bem mais solto, talvez o álcool estivesse fazendo o seu trabalho ou ele estava mais seguro. Quando saímos do banheiro, pegou e eles voltaram a desaparecer. me puxou contra si e com a outra mão em meu pescoço, se aproximou de mim. Girei meu rosto suavemente, fazendo com que os lábios dele tocassem minha bochecha.
  - Tudo ao seu tempo, garotão – Eu disse e ele riu.

Capítulo 2

  Rule #4: You gotta be looking pure kissing goodbye at the door and leave him wanting for more

  Estávamos no carro voltando para casa de . Eu observava Baltimore pela janela e senti o olhar de em mim.
  - , você está legal para dirigir? – perguntou enquanto descíamos do carro. Aparentemente ele era o dono do veículo estacionado bem a frente de onde havia parado o seu carro.
  - Não se preocupe, são poucas ruas de distância, eu vou ficar bem.
  - Você pode dormir aqui, se quiser.
  - Não é necessário, eu vou ficar bem – Ele disse, mas mesmo assim nos acompanhava enquanto caminhávamos para a porta. entrou em casa seguido por ! – disse e eu parei, olhando para trás. Ele parecia tímido, com a mão nos cabelos e outra no bolso do jeans escuro. Recebi uma piscada de , que nos deu boa noite e encostou a porta.
  - Você tem certeza que pode dirigir? – Eu disse, já que ele permanecera em silêncio.
  - Ah sim, eu já estou indo. Só queria dar boa noite.
  - Boa noite – Eu disse sorrindo e ele abriu um sorriso também. Ele me beijou na bochecha e eu coloquei a mão no pescoço dele, movendo meu rosto novamente, mas desta vez para juntar nossos lábios. se afastou por um momento após nosso selinho, mas foi apenas para me dar um sorriso e voltar a me beijar em seguida, dessa vez com um pouco mais de empolgação. Depois de algum tempo, foi minha vez de nos interromper, quando a mão dele começa a ficar muito abaixo da minha cintura.
  - Já sei – Ele disse – Tudo ao seu tempo.
  - Exatamente – Eu dei mais um selinho nele – Boa noite, .
  - Boa noite, .
  Voltei a entrar na casa, tirando os saltos e indo silenciosamente para o quarto de visitas, onde eu dormiria naquela noite.

   Na manhã seguinte, ouvi as risadas de e na cozinha antes mesmo de sair do quarto. Ao chegar onde eles estavam, me senti em uma zona de guerra onde farinha era artilharia pesada.
  - Bom dia! – disse com um sorriso no rosto e os cabelos esbranquiçados.
  - Você quer waffles? – disse me passando um prato com uma pilha deles – Tem mel, morangos e outras coisas gostosas na mesa.
  - Obrigada – Eu disse pegando o prato.
  Nós três sentamos à mesa e logo quis saber o que havia acontecido entre mim e na noite passada. Depois que saciei a curiosidade da minha amiga, tentando parecer o menos afetada possível, já que estava ali, e apesar de parecer que ele não se interessava pelo assunto tanto quanto a namorada, sabia que ele contaria tudo para assim que tivesse chance.
  Nós já estávamos em outro assunto quando a campainha tocou e foi atender a porta, retornando com ao seu lado.
  - Desculpa a demora, foi mais difícil do que eu esperava achar sorvete de cereja – disse ao colocar o pote na mesa, que foi imediatamente atacado por .
  - Muito obrigada! – Ela disse lutando com o lacre e abrindo o pote como se sua vida dependesse daquilo, colocando um monte disforme sobre a pilha de waffles em seu prato – Eu estava com desejo de sorvete de cereja desde ontem!
  - Desejo? Não vai me dizer que eu serei titia!
  - Cala a boca – Ela disse com a boca cheia.
  - E aí, quais são os planos para hoje? – questionou sentando-se ao meu lado, no mesmo momento que voltava da cozinha com pratos, talheres e um copo para o rapaz.
  - Vamos almoçar fora! – disse como se aquilo significasse poder abrir os presentes de Natal mais cedo.

  Os waffles foram devorados, o sorvete estava derretendo e nós continuávamos em uma conversa empolgada sobre a rivalidade entre nossos estados, que terminou com e declamando de forma dramática o grito de guerra do time de futebol americano que eles torciam.
  - Certo, nós vamos arrumar essa bagunça e vocês vão lá para cima fazer o que as moças fazem antes de sair de casa – falou, beijando em seguida.
  - Parece justo – disse e nós subimos.

  Estávamos na mesma situação da noite anterior, mas os vestidos e saltos davam lugar a calça jeans e sapatilhas e continuava a falar de .
  - O que você quer agora?
  - Bom, o disse que quer fazer um jantar para mim, então pensei que seria legal se vocês dois saíssem juntos para comer alguma coisa...
  - Agora é de mim que você está se livrando?
  - Claro que não, você pode ficar se quiser!
  - E comer a comida de ? Não, obrigada!
  - Ele tem vários talentos que você desconhece, tá bom?
  - , eu durmo no quarto ao lado do seu, acho que não tem nada que eu desconheça – Eu disse e ela arregalou os olhos, dando uma risada em seguida – Por que vocês não vão a um restaurante?
  - Romance, , romance! quer fazer algo novo e eu achei fofo da parte dele.
  - Certo – Eu suspirei – Um dia eu vou aprender a te dizer não e você vai ver só...
  - Melhor eu aproveitar até lá, então. Vamos de uma vez antes que você mude de ideia.

Capítulo 3

  Rule #11: It’s ok to have dinner but never breakfast.

  - O que foi? – Eu disse ao notar que me olhava com uma cara curiosa. Nós estávamos jantando num restaurante um tanto quanto sofisticado demais para uma simples refeição entre amigos, mas eu resolvi que não faria nenhum comentário quanto a isso.
  - Você está muito bonita – Ele disse e eu sorri agradecendo em seguida. Ele também estava muito bonito, mas guardei aquele elogio para mim. Se o que havia dito era verdadeiro, ele estava sendo galanteador e retribuir o gesto seria dizer que eu estava caindo na dele.
  Pedimos as sobremesas e me contava histórias hilárias dele e de .
  - Eu não deveria estar de falando isso, provavelmente você deve achar que eu sou o maior perdedor agora.
  - Claro que não – Eu disse roubando um pouco do sorvete do petit gateau dele - Eu já achava isso antes...

  No carro ouvíamos blink-182 enquanto dirigia.
  - Você quer tomar uma última taça de vinho em minha casa? – Ele disse e eu sabia todas as outras perguntas ocultas naquela que parecia tão simples.
  - Adoraria – Eu respondi, sabendo que aquela também era a resposta para todas as outras.
  - Quer dizer que sair comigo não foi tão torturante assim...
  - Ou que eu prefiro não ter que ser ouvinte da noite de e ... Mas na verdade, você é um cara legal, . E eu não estou dizendo por que a fala isso a cada oportunidade.
  Ele sorriu e estacionou. Entramos na casa e eu esperava algo típico de um cara de vinte e poucos anos, mas ou ele era mais organizado do que eu imaginava, ou tinha uma boa faxineira. Caminhamos diretamente para a cozinha e eu me sentei em um banco ao balcão de mármore que dividia o cômodo e a sala de jantar, enquanto ia até a geladeira e pegava uma garrafa de vinho já aberta. Ele a colocou no balcão e eu lia o rótulo enquanto ele ia até o armário pegar taças. O vinho não era nada demais, provavelmente ele pegou o primeiro que vira na estante do supermercado e eu não me importava, já que não era grande conhecedora da bebida de qualquer jeito. Tocamos nossas taças em brinde e ele me olhava enquanto dava um curto gole. Eu fiz o mesmo, sentindo meu corpo relaxar imediatamente, o fato de ter bebido várias taças durante o jantar influenciavam aquela sensação.
  - Vamos para a sala? É mais confortável – disse, pegando a garrafa e caminhando até o sofá. Voltamos a nos sentar, desta vez bem mais próximos um do outro e eu sorria percebendo as segundas intenções em cada gesto dele enquanto falava comigo. O jeito que ele tocava em meu joelho despreocupadamente, a maneira que passou a mão pelos cabelos como quem não quer nada, a maneira que dobrava seu corpo na direção do meu quando ria de alguma coisa sem graça que eu havia dito. Então ficamos em silêncio e ele continuava com aquele sorriso torto que entregava que ele pretendia mais do que me dar algumas taças de vinho e me levar para casa, até que eu cansei daqueles joguinhos e coloquei minha taça na mesa, vendo-o fazer o mesmo em seguida. Ele compreendeu o meu sinal, passando a mão pela minha nuca e me puxando para perto de si. Obviamente, não ofereci resistência, pois naquele momento queria aquilo tanto quanto ele e até sorri momentos antes de nossos lábios se tocarem. continuou inclinando seu corpo em minha direção, me fazendo deitar no sofá enquanto nosso beijo passava de um selinho para algo com mais profundidade. As mãos dele demonstravam ansiosas o quanto ele havia desejado aquele momento, intercalando com certa urgência várias partes do meu corpo que recebiam apertões e carícias enquanto as minhas ou arranhavam a nuca dele, ou tratavam de trazê-lo para mais perto de mim. Desse modo frenético, foi quase natural que as roupas saíssem do caminho em seguida, de modo que mais nada ficava entre nós. , apesar de demonstrar pressa em seu beijo, fez questão de não pular nenhuma etapa, de modo que minha respiração falhava ao mais simples toque do rapaz que parecia determinado em beijar cada centímetro de meu corpo enquanto puxava gentilmente o meu cabelo.

  Finalmente, ele caiu exausto sobre mim, sentia o suor em suas costas e a respiração tão entrecortada quanto a minha em meu pescoço. Ele respirou fundo e me beijou, encostando a testa úmida na minha.
  - Acho que podemos continuar isso no meu quarto – Ele deu um sorriso torto.
  - Continuar? – Eu sorri de volta. Estava exausta, mas precisava de poucos minutos para me recuperar.
  - Ou vai me dizer que já está cansada? – Ele me provocou e eu o beijei.
   se sentou e eu o acompanhei, não permitindo que nosso beijo se rompesse. Em seguida ele me guiou para o quarto, que destoava no quesito organização do restante da casa, mas eu não tive muito tempo para reparar, já que ele me empurrou levemente para a cama em seguida.

  Acordei na manhã seguinte me sentindo confusa. Felizmente não demorei muito pra compreender onde estava e o que acontecera na noite anterior, de forma que tratei de me arrumar o mais rápido possível e sair dali antes que acordasse. Quando parei na esquina da rua dele que percebi que não conhecia Baltimore, não fazia ideia para onde ir e nem como faria para chegar na casa de . Peguei meu celular e disquei para o número de , que atendeu depois de vários toques.
  - Me dê um bom motivo para me acordar a essa hora da madrugada, – Ela disse sonolenta.
  - Primeiro, já passam das oito. Segundo, nós vamos partir em meia hora. Terceiro e mais importante, eu tô na casa do e não sei como chegar até aí.
  - Pede pra ele te trazer aqui e é domingo, não precisamos sair em meia hora.
  - Eu sabia que você ia tentar me enrolar! Eu tenho que acordar super cedo amanhã e nem terminei de revisar as coisas para o caso!
  - Eu já disse que não faz sentido nenhum alguém que quebra tantas leis ser advogada?
  - Todo fim de semana. E eu já disse que eu não quebro leis, faço experiências práticas da minha profissão e suas limitações.
  - Certo, certo, tanto faz, me acorde quando você chegar aqui...
  - Você não está entendendo, eu não posso pedir para o me levar.
  - Ah claro, você passou a noite com o garoto então naturalmente vai abandoná-lo e fugir.
  - Eu não estou fugindo.
  - Você deixou um bilhete ou ao menos ele tem seu telefone?
  - – Eu disse levando a mão à testa, cansada daquela conversa – Você pode me dar o número do serviço de táxi e o endereço de , por favor? Quanto mais rápido você o fizer, mais rápido poderá voltar a dormir.

Capítulo 4

  Rule #9: Never tell a lie but keep the truth deep inside.

  A semana se passou em um piscar de olhos, ser uma associada da Saul Ewing, uma das principais firmas de advocacia da Pensilvânia, não era apenas uma profissão e sim um estilo de vida que nos fazia dormir pouco e tomar muito café, mas eu não tinha o que reclamar, fazia o que amava e estava ganhando um bom dinheiro com aquilo. Naquela quinta-feira as coisas estavam bem mais calmas, o que significava que eu poderia ter a minha hora de almoço de verdade ao invés de comer algum sanduiche enquanto revisava documentos como o restante da semana. Mandei uma mensagem para convidando-a para almoçar e nós combinamos de nos encontrar no restaurante na quadra seguinte, já que ela também trabalhava ali perto como curadora de uma galeria de arte. Sentamos e enquanto esperávamos pelos nossos pedidos, colocamos a conversa em dia. Apesar de nos vermos todas as manhãs durante o café e irmos juntas para o trabalho em meu carro, por conta de meus horários loucos, às vezes é só aquele tempo que temos para conversarmos, além das mensagens de texto que trocávamos durante o dia. Desde domingo que não nos falávamos por mais de trinta minutos e parecia ansiosa para me dizer algo.
  - Tudo bem se o vier esse final de semana, né?
  - Claro, por que a pergunta? – Eu disse mergulhando meu sushi no shoyo.
  - Sei lá, ele é o melhor amigo de e você fugiu do garoto no fim de semana passado—
  - Não, não, não, eu não fugi de ninguém! , vai me dizer que só porque está namorando se esqueceu completamente do conceito de caso de uma noite?
  - Foi tão ruim assim?
  - Na verdade, foi bem bom... Mas – Eu adicionei rapidamente ao notar o sorriso de minha amiga – Eu disse que não queria nada demais e realmente não quero.
  - Se é o que você diz...
  Nós continuamos conversando e comendo até que ambas precisaram voltar ao trabalho.
  - Eu acho que vou voltar pra casa no horário hoje, me espere que eu te pego – Eu disse ao me despedir de na calçada.
  - Certo – Ela disse me abraçando e caminhamos para direções opostas.

  Sexta-feira eu não consegui sair do trabalho no meu horário, então voltou para casa antes. Quando eu finalmente cheguei ao nosso apartamento, ela estava lá, bem como . E .
  - Finalmente! – disse sorridente ao me ver entrando na sala.
  - Oi – Eu disse sem certeza do que fazer em seguida.
  - Nem se troque, vamos comer fora!
  - Ah, eu estou morta, me fizeram andar pela firma inteira hoje – Eu disse agradecendo o fato de poder tirar meus saltos – Juro que amanhã estarei recuperada e poderemos fazer o que vocês quiserem.
  - Ah, tudo bem – disse se pondo de pé – Podemos trazer alguma coisa pra você, está com fome?
  - Sim, sim, por favor! – Eu disse sabendo que assim que desse tempo para meu corpo relaxar eu sentiria a fome de um dia todo sem comer nada além de um sanduíche.
  - Vamos então? – se virou para , que permanecia sentado no sofá.
  - Na verdade, eu tô super cansado da viagem. Acho que vou ficar por aqui também – Ele disse e olhou para mim de maneira nada discreta em seguida.
  - Tudo bem – Ela disse puxando o namorado pelo braço – Vamos trazer algo para vocês... Em uma ou duas horas.
  Eu rolei os olhos e caminhei para o meu quarto. Precisava de um banho e colocar algo mais confortável.

  Voltei para a sala, já de pijamas e sem maquiagem, sentando no sofá ao lado de . Um seriado médico passava na TV, mas eu não sabia diferenciá-los então só encarava a tela enquanto pensava se eu deveria dizer algo. A última vez que vira , estávamos fazendo sexo no quarto dele em Baltimore e agora estávamos em minha sala, vendo uma cirurgia bem realista na TV.
  - me falou que você tinha que estar de volta cedo.
  - O quê? – Eu perguntei ao ficar sem entender o que dissera.
  - Você parece bem concentrada ai, pensei que talvez estivesse pensando em como se explicar por ter saído de fininho naquela noite. Não é necessário, me falou.
  - Ah – Eu simplesmente disse.
  - Você é advogada... Pelas histórias que nos conta, sempre achei que você estaria do outro lado da lei.
  - Se não pode vencê-los, junte-se à eles.
  - Parece inteligente.
  Mais um silêncio, exceto pelo choro de uma personagem na TV, mas dessa vez eu não me sentia obrigada a falar algo. O que falara não era a verdade completa, mas também não era mentira e eu estava bem com aquilo.
  - Por um momento achei que você pudesse não ter gostado.
  - Eu gostei – Disse antes de pensar.
  - Eu também – Ele disse sorrindo. não perdeu tempo, levando a mão até minha nuca e me puxando para si. Eu não resisti, não havia motivos para isso visto que ele beijava muito bem. Ele logo aprofundou o beijo me fazendo recuar por um momento. me olhou intrigado e eu o peguei pela mão, indo até meu quarto e fechando a porta. Já em minha cama, reiniciamos o beijo, ele não parecia tão afobado quanto da outra vez, talvez pela ausência de álcool, talvez por não ser mais uma novidade ou porque ele queria ter certeza que eu iria aproveitar cada momento. Eu sei que eu aproveitei.
  Na manhã seguinte, acordei disposta. ao meu lado parecia esgotado e eu não pude evitar um sorriso ao vê-lo dormindo. O relógio do meu celular em meu criado mudo indicava que eram oito e meia da manhã. Como meu corpo estava acostumado em acordar duas horas mais cedo do que isso todos os dias, eu sabia que estava descansada e resolvi ir tomar banho e comprar o jornal na banca que ficava na nossa quadra, aproveitando para esticar as pernas.

  - Você não sabe a minha surpresa ao acordar e perceber que estava sozinho. No seu quarto. Achei que dormir na sua cama meio que impediria o fato de você fugir pela manhã.
  - Bom dia – Eu disse sentando ao lado de no sofá.
  - Bom dia – passou sorridente e me deu um selinho. Logo e se juntaram a nós, ambos ainda de pijamas, sentando no sofá ao lado.
  - Quais são os planos para hoje? – perguntava animada enquanto ganhava uma mordida de no ombro.
  - Não sei, o que vocês querem fazer? – Eu perguntei e e trocaram um olhar.
  - Pensamos que talvez você pudesse mostrar a cidade para , ele não vem aqui desde pequeno, aposto que não se lembra de nada – disse.
  - Se você não quiser, tudo bem, podemos pensar em outra coisa, só acho que ele ia gostar de um tour – falou.
  - Ele está bem aqui – disse sorrindo – E nós entendemos que vocês querem o apartamento só para vocês dois.
  - Podemos ao menos tomar café ou vocês querem a nossa partida imediata? – Eu disse entrando na brincadeira e eles voltaram a trocar um olhar – Eu não acredito que estou sendo expulsa da minha própria casa!

  Depois de pegar uma mochila com algumas coisas para o dia que planejei rapidamente, eu e saímos de casa – para a felicidade do casal que se trancou lá – e entramos no meu carro.
  Eu e morávamos num apartamento na S. Lawrence Street, bem próximo do centro da cidade, por isso menos de quinze minutos no carro, estávamos em nosso primeiro destino.
  - Bem vindo ao Reading Terminal Market – Eu disse enquanto entrávamos no mercado, com suas várias tendas.
  - Wow, isso é grande!
  - Vamos, temos que comprar nosso café da manhã.
  Nós visitamos várias lojas, comprando pães, sucos e bolos. me ajudou a carregar tudo de volta para o carro e no caminho para a segunda parada devorávamos um cookie de gotas de chocolate.
  - Engraçado como nossos melhores amigos são namorados faz tempo e só agora que nos conhecemos.
  - Pois é, eles sempre falam de você, não sei por que demoraram tanto pra nos apresentar.
  - Já? – falou quando eu estacionei. Não fazia nem dez minutos que havíamos saído do Reading Terminal Market.
  - É só uma parada rápida. Nenhum tour pela Filadélfia está completo sem uma foto aqui.
  Descemos do carro e reconheceu o local, olhando para mim em seguida como uma criança na fila para sentar no colo do Papai Noel no shopping.
  Ele começou a cantarolar Gonna Fly Now enquanto corria, subindo a escadaria do Museu de Arte da Filadélfia, exatamente como Rocky Balboa naquele filme. Eu peguei meu celular e o fotografei com os braços estendidos e ele voltou até mim, satisfeito com a parada.
  - Isso foi bem legal – Ele disse quando voltávamos para o carro.
  - Vocês meninos se contentam com pouco – Eu disse ligando o rádio – Agora vamos tomar café da manhã porque eu estou morrendo de fome.

Capítulo 5

  Rule #3: Wear your heart on your cheek but never on your sleeve unless you wanna taste defeat.

  Levamos vinte minutos do Museu até o Fairmount Park, onde nos sentamos na grama verde. Eu me apoiei em meus braços, reclinando meu corpo para trás e deixando o sol fraco me banhar. beijou meu rosto, me fazendo a voltar abrir os olhos. Sorri para ele e começamos a comer, continuando a conversa que havíamos começado no carro. Não falávamos de nada em especial, mas era daquele tipo de pessoa que você pode falar sobre tudo. Às vezes ele falava sobre relacionamentos passados e me perguntava dos meus, mas eu respondia de forma vaga. Ficamos no parque por bastante tempo, o sol foi ficando mais forte à medida que nos aproximávamos do meio dia, então resolvemos tomar um sorvete.
  - Não é qualquer sorvete – Eu explicava quando estacionava quinze minutos mais tarde – É Ben & Jerry’s!
  Nós entramos na sorveteria e fizemos nosso pedido, decidindo andar um pouco pela cidade para variar. me pegou de surpresa ao segurar a minha mão, mas logo a soltei com a desculpa de pegar meu celular para tirar uma foto dele ao lado da placa da Avenida Baltimore.
  - , eu já paguei o mico de turista ao subir as escadas feito o Rocky.
  - Sorria, ! – Eu disse ignorando-o e ele me obedeceu – Bom garoto.
  - Você tem sorte que eu gosto de você, sabia? – Ele disse e aquela frase teve efeito bem mais devastador do que pegar a minha mão. Senti um frio no estômago e não sabia se ele estava falando sério ou não. havia dito que ele era um Don Juan, então deveria estar mexendo comigo só para ver o quanto eu estava na dele. É, tinha que ser isso. Continuamos a caminhar, agora tinha seu braço em meus ombros e lambia seu sorvete satisfeito. Olhei no relógio e era uma da tarde, faltava muito para aquele dia acabar e eu estava ficando sem ideias.
  - Você está com fome? – Eu perguntei sem saber o que dizer depois daquilo. Faziam três horas desde o almoço, mas ainda estávamos comendo nossos sorvetes, o que enganaria nossos estômagos por mais algum tempo.
  - Hm, não... E você?
  - Também não... Podíamos voltar para casa e depois eu te levo pra almoçar em algum lugar.
  - O tour acabou? – Ele disse fazendo um bico.
  - As outras atrações são para o fim da tarde... A não ser que você queria ir ver o Sino da Liberdade ou o lado de dentro dos museus da cidade.
  - O tour acabou! – Ele disse me puxando mais para perto e caminhamos para o carro – Posso dirigir?
  - Claro – Eu disse sorrindo e trocamos de lugar.
   ignorava a maior parte das minhas instruções, dizendo que sabia um atalho, sendo assim levamos uma hora para fazer o caminho que eu levaria 20 minutos. Ele não precisava se esforçar muito para me fazer rir e eu gostava daquilo, então não fiz objeções ao nosso longo passeio.
  - Prometo que pagarei pela gasolina – Ele disse enquanto subíamos as escadas até a porta do meu apartamento.
  - Sem problemas – Eu disse tocando a campainha repetidamente para avisar o casal lá dentro que havíamos chego.
  Entramos em casa e o silêncio era completo, e estavam no quarto.
  - Acho melhor a gente ficar por aqui – disse, indicando o sofá da sala.
  - Certo – Eu disse e nós sentamos.
  - Obrigado pelo tour, foi bem divertido – Ele disse e eu ganhei um beijo.

Capítulo 6

  Rule #12: He can get in your bed, but never in your head.

   e eu ficamos o restante da tarde pela cidade, visitamos o zoológico, a feira de rua, voltamos ao mercado para comprar mais cookies e andamos de pedalinho no lago. Entramos em um restaurante que com certeza era refinado demais para nossas roupas, mas não nos importávamos. Não satisfeitos pelos olhares de estranheza que nossos jeans rasgados nos joelhos atraíam, dispensamos os talheres comendo nossos sanduiches com a mão, ao contrário dos demais frequentadores. Depois de nossa cena silenciosa, saímos do local e já era noite. Eu não me importava mais com pegando minha mão ou passando seu braço pela minha cintura enquanto caminhávamos, havia decidido me divertir ao máximo enquanto podia.
  Voltamos para meu apartamento, que estava escuro e silencioso, já que e haviam saído para jantar também. Eu fui para o meu quarto, sendo seguida por , que fechou a porta do aposento, me beijando em seguida. Havíamos trocado milhares de selinhos naquele dia, mas aquele era o primeiro beijo de verdade que ele me dava. Senti um formigamento estranho em minha espinha, mas era uma sensação boa que se alastrava pelo meu corpo, à medida que ia atingindo os lugares certos. Logo estávamos em minha cama, trocando sorrisos, beijos e toques enquanto nos despíamos.

  Na manhã seguinte, eu acordei com a voz de ecoando em minha cabeça. “Você tem sorte que eu gosto de você, sabia?” ela dizia sem parar. Eu espremi meus olhos e coloquei minha mão em meu rosto, tentando bloquear aquele pensamento e no momento seguinte estava passando seu braço em minha cintura, me trazendo para perto de si.
  - Acordada? – Ele disse beijando minha cabeça.
  Não respondi, ficando de frente para o garoto e dando um selinho rápido nele.
  - Vamos embora hoje – Ele disse fazendo uma careta e eu ri.
  - Que horas vocês vão?
  - Não sei, algum plano pra hoje?
  - Eu ganhei ingressos do meu chefe para ver o Eagles contra Browns às quatro da tarde...
  - Sério? – se empolgou – Podemos ir, por favor?
  - Claro, vamos tomar café e ver se aqueles dois vão nos dar a honra de suas presenças em nosso dia.
  - Vou tomar banho antes, pode ser? – Ele disse e eu acenei afirmativamente com a cabeça, ganhando um beijo em seguida.
  Fiquei sozinha em minha cama, sentindo o cheiro de no travesseiro ao meu lado e a voz dele voltou a invadir minha mente, como um mantra interminável que me torturava ao mesmo tempo em que me dava um frio na barriga. Puxei a coberta até cobrir minha cabeça, sem saber o que fazer com tudo aquilo.
  - Você precisa de café, – Disse a mim mesma e me preparei para começar o dia.

Capítulo 7

  Rule #2: Just don’t get attached to somebody you could lose.

  Combinamos que iríamos almoçar fora e comprar umas bebidas para começarmos nossa preparação para o jogo. Depois iríamos até o estádio, que ficava a 15 minutos de caminhada da nossa casa. Eu e usávamos nossas camisas do Eagles, cantando o grito de guerra do nosso time enquanto andávamos no meio da multidão que se encaminhava para o jogo. e achavam tudo engraçado, apesar de não torcerem por nenhum dos times que estariam em campo, justificando sua empolgação pelo fato dos Browns, nossos adversários naquela tarde, terem uma rivalidade com o seu time, os Ravens, mas talvez tudo aquilo fosse resultado das muitas cervejas que todos já haviam bebido.
  Nós pegamos nossos cheesesteak, nenhum jogo do Eagles estava completo sem comer um daqueles, e fomos para nossa suíte.
  - Wow, quando você disse que tinha ingressos, achei que era para a arquibancada! – disse quando chegamos até a porta e eu apresentei os cartões de acesso.
  - Na verdade, alguns colegas da empresa estarão aqui também, mas não se preocupem, eles são legais.
  A suíte tinha lugar para umas vinte pessoas, os assentos bem na frente da imensa janela de vidro ainda não estavam totalmente ocupados e eles se sentaram enquanto eu cumprimentava alguns dos meus colegas que estavam lá.
  - Patrick! – Eu disse abraçando um dos meus colegas que parecia outra pessoa usando jeans e camiseta, traje que eu nunca havia visto nele, sempre com ternos bem cortados, abotoaduras de ouro e gel no cabelo. Ele continuava demonstrando ter classe, mesmo com o visual bem casual. A mão dele permanecia nas minhas costas, mesmo depois de havermos desfeito o abraço, enquanto ele perguntava se eu estava empolgada para o jogo que logo começaria. Eu me sentia leve, sem saber se era efeito do álcool, da euforia pelo jogo ou do sorriso de Patrick.
  Logo a voz no autofalante anunciou que o hino nacional seria executado e eu disse que iria me juntar aos meus amigos. A canção foi cantada, gritos foram dados, os times entraram em campo e a bola oval foi lançada.

  Quase uma hora havia se passado quando a primeira metade do jogo terminou, ganhávamos de 10 a 3. começou a falar sobre como sentiria falta de e todas aquelas coisas de pessoas que estão num relacionamento à distância. Eles se beijaram rapidamente e faziam planos para o fim de semana seguinte, quando ela iria visitá-lo. Eu ouvia aquilo tudo um tanto quanto desconfortável, evitando pensar que ao contrário de e , eu estava começando a me prender a alguém que não me pertencia. Como havia deixado alguém como ocupar tanto espaço em minha mente em tão pouco tempo? Era hora de parar de brincar, então decidi dar mais uma circulada pela suíte.
  - Me disseram que esses jogos duravam só uma hora, mas ainda estávamos na metade da partida – Patrick disse ao nos reencontrarmos.
  - Ah, na verdade duram uma hora mesmo, o tempo extra é das paradas e tudo mais, normalmente um jogo dura umas três horas, esse aqui está com cara de terminar mais cedo.
  - Certo – Ele disse olhando para o relógio – Então sairemos daqui a tempo de ir jantar e comemorar a vitória, o que você acha?
  Eu apenas sorri, tomando mais um gole de cerveja. Patrick sempre fazia pequenos favores para mim na firma e eu sabia que aquilo era sinal de que ele gostava de mim – acredite, nada é mais competitivo do que uma firma de advocacia, ninguém ajuda outra pessoa exceto que queira algo em troca -, mas fingia não perceber. Até aquele momento, não precisava encarar aquele fato.
  - E então...? – Patrick levantou meu rosto delicadamente pelo queixo.
  - Certo, depois me mande uma mensagem com o endereço do restaurante assim eu posso passar em casa e trocar de roupa.
  - É uma pena, porque você fica ótima de verde – Ele disse se referindo ao uniforme do Eagles que eu usava. Eu voltei a sorrir e nós continuamos a conversar, mesmo com o recomeço da partida.
  Ao término do terceiro quarto, o placar estava empatado.
  - Acho que vamos ter que repensar nesse jantar da vitória – Eu disse, retornando a me concentrar no jogo. Browns fizeram um Field goal e passaram a frente no placar – Argh, eu preciso de uma bebida, volto já.
  Sentei ao lado de , abrindo uma nova lata de cerveja e colando meus olhos no jogador que corria com a bola na mão.
  - Você sumiu! – disse e eu respondi onde estava antes sem tirar os olhos do gramado. Senti a mão de em minha perna e eu não queria olhar para ele, mas era impossível ignorá-lo.
  - Está tudo bem? – Ele disse com uma cara que misturava preocupação com algo que eu não conseguia decifrar.
  - TOUCHDOWN! – Eu gritei juntamente com metade do estádio, abraçando , aliviada com o novo avanço no placar. Quando voltamos a nos sentar, ele não se importou por não ter ouvido minha resposta e continuamos ali por mais meia hora, quando o jogo finalmente acabou. Depois de várias reviravoltas, havíamos vencido por apenas um ponto.
  Acenei para Patrick enquanto caminhava com meus amigos para fora da suíte e de lá para nosso apartamento. Os garotos não ficaram muito tempo, somente o suficiente para tomarem um banho rápido e recolheram as suas coisas. e trocaram um longo beijo e depois ele veio me abraçar, se despedindo. Eu beijei na bochecha e dei um sorriso sem graça enquanto ele fazia uma careta e seguia o amigo escada à baixo.
  - Você e brigaram? – perguntou ao fechar a porta.
  - Não, só acho que estávamos passando tempo demais juntos para um caso de uma noite.
  - Você sabe que pode deixar as coisas acontecerem ao invés de ficar calculando quantas horas você pode passar com um cara antes de ter que casar com ele, não é?
  - Falando em passar horas com um cara, tenho que tomar banho – Eu disse me levantando do sofá – Você me empresta aquele vestido verde?

Capítulo 8

  

  Rule #5: They like what they can’t get so never text back when the screen light flash.

  Era sexta-feira, eu chegava em casa para me trocar para sair com Patrick. Naquela semana havíamos saído juntos na quarta-feira logo após do trabalho, quando ele me fez o convite para aquele segundo jantar.
  - Achei que ia viajar sem dar tchau – disse assim que eu entrei em casa.
  - Você já está indo?
  - Em meia hora.
  - Se importa de nós conversamos no meu quarto? Tenho que pensar no que vou usar hoje.
  - Vai sair? – tinha um sorriso no rosto enquanto me seguia.
  - Só um jantar com Patrick...
  - De novo? Você tem passado bastante tempo com esse cara.
  - Talvez – Eu disse, abrindo o meu armário e selecionando algumas opções.
  - Se eu me lembro bem, foi essa a desculpa que você deu pra dar um gelo em .
  - Eu não dei gelo em ninguém, ele foi embora, só isso, você deveria deixar de ser tão dramática, .
  - Certo – Ela disse fazendo uma careta para o vestido que eu coloquei em frente ao meu corpo – Bom, fim de semana que vem vamos fazer algo só nós duas?
  - Claro, é você quem me troca por aquele magrelo – Eu disse e rolou os olhos, saindo da cama e me ajudando a procurar a roupa ideal.
  Depois de várias combinações possíveis, decidimos que eu usaria uma saia plissada caramelo na altura dos joelhos e uma blusa regata branca um tanto transparente, revelando um pouco da lingerie que eu usaria naquela noite. Um tanto sensual, mas essa era a minha intenção, sabendo que aquela noite teria a casa só para mim.

  Estávamos sentados em uma mesa agradável em um bistrô da cidade, Patrick falava alguma coisa que me fazia rir, mas eu sabia que era efeito do vinho que estávamos bebendo. Eu sabia que aqueles jantares eram apenas para provar a si mesma que não significara para mim o quanto eu achava que significava. Por isso eu não removi minha mão quando ele a segurou em cima da mesa, por isso não virei o rosto quando ele me beijou no banco de trás do táxi, por isso que o chamei para um último drink em minha casa quando na verdade não bebemos nada. Apesar de ter feito exatamente o que eu queria, ao acordar na manhã seguinte com Patrick nu ao meu lado, eu não estava satisfeita. Precisava de mais para provar que não era nada para mim, precisava de mais.
  Saí dos meus devaneios quando ouvi meu celular vibrar contra meu criado mudo. Era uma nova mensagem de um número desconhecido, que logo depois descobri ser do próprio . Ele dizia que achava que eu iria com para Baltimore e se ele podia me visitar. Ignorei a mensagem, salvando o número dele com a desculpa de saber quando não atender caso ele ligasse. Voltei minha atenção à Patrick, ainda adormecido ao meu lado.

Capítulo 9

  Rule #7: “Leave” is the only L word you’ll say.

  Apesar de ter passado o dia todo na cama com Patrick, eu ainda sentia o cheiro de em meu travesseiro quando finalmente fiquei sozinha em minha cama. Ouvia o som do chuveiro onde Patrick se banhava quando a campainha tocou. Eu estava faminta e a comida chegara na hora certa. Ao abrir a porta, porém, dei de cara com . No fundo, no fundo, ao ler aquela mensagem, eu sabia que aquilo iria acontecer. Ou esperava que acontecesse. Mas agora que ele estava ali, percebia quão inconveniente aquilo tudo era, considerando que Patrick estava em meu banheiro.
  - Oi – Ele disse com um sorriso fofo que eu me esforcei para não demonstrar o quanto aquilo me afetava.
  - ? – Apesar de ter imaginado aquele momento, não esperava que ele fosse mesmo acontecer.
  - Posso entrar? – Ele perguntou, ajeitando a alça da mochila nas costas. No mesmo momento em que Patrick saía do banheiro. Timming nunca estava do meu lado – Ah, entendo, você tem companhia.
  - ...
  - Não, não, tudo bem... Eu me enganei por um momento achando que você quem sabe sentia o mesmo por mim – Ele falou e no fundo eu queria dizer que sim, que sentia o mesmo, seja lá o que fosse que ele sentia, mas não conseguia. Eu não queria sentir o que ele sentia – Mas me avisou que você era uma destruidora de corações. Parabéns, missão cumprida.
  Ele desceu as escadas enquanto eu permanecia imóvel ali, pensando no que deveria ou não fazer. Terminei por fechar a porta e me sentar no meu sofá, sabendo que não importava o que eu fizesse, nada desfaria o que havia acabado de ocorrer. Parte de mim estava feliz de terminar com aquilo tudo, havia sido um fim de semana que sairá do controle. A outra parte sabia que eu iria me arrepender daquilo cedo ou tarde. Eu esperava que fosse tarde.
  - Achei que era a comida – Patrick disse com a toalha enrolada na cintura.
  - Ah, não. Só um conhecido – Eu disse me aproximando dele e passando meus braços pelo seu pescoço. Eu precisava dele. Não especificamente dele, de qualquer um que me tirasse daquele momento onde eu revia cada momento passado com , cada risada, cada momento. Ele era tudo o que eu não sabia que queria, mas agora era tarde demais e no fundo eu não queria me importar por ter deixando aquela chance passar. Eu havia feito o que sempre fazia, partido o coração de um pobre coitado. Nunca havia me importado antes e não pretendia começar naquele momento.

     Eu estava exausta quando Patrick caiu ao meu lado, logo depois a campainha tocou e ele foi pegar nossa comida, enquanto eu ouvia meu celular vibrando em meu criado mudo. Peguei meu aparelho em minha mão e vi que era , falando que acabara de saber que havia ido me visitar. Respondi a mensagem contando o que havia acontecido. Ela me ligou em seguida, mas eu ignorei a ligação, indo para a sala com Patrick.

     Passava das quatro da tarde quando eu fui levar Patrick para casa. Freei o carro abruptamente quando passamos em frente ao Museu de Arte da Filadélfia.
  - Você é de Nova York, não é? – Eu disse – Já tem uma foto nas escadarias?
  - Como? – Ele disse sem entender o meu entusiasmo.
  - Vamos, vamos! – Eu disse ao sair do carro. Relutante, Patrick fez o mesmo, mas ele não parecia empolgado.
  - O que eu deveria fazer? – Ele perguntou ao ver as crianças no topo da escadaria fazendo a mesma pose de Rocky. Foi naquele momento que eu percebi que não era qualquer garoto, que ele não era apenas um carinha no momento certo.
  - Deixa pra lá – Eu disse com um sorriso fraco no rosto. Não havia o que fazer além de levá-lo para casa. Voltei para o meu apartamento e fui para o meu quarto. Parecia que apenas algumas horas haviam se passado, mas quando chegou, percebi que era o fim de domingo. Ela se sentou em minha cama e nós conversamos por um tempo, até eu ficar confusa demais para expressar meus sentimentos em palavras.
  - Se você precisar de mim, estou no quarto ao lado, não esqueça – disse e eu assenti, voltando ao meu torpor. Não queria pensar em e nem no que estava fazendo com os meus anseios.

Capítulo 10

  Rule #1: You gotta have fun but baby when you’re done, you gotta be the first to run.

  Semanas se passaram desde aquele fim de semana fatídico e eu havia tentado ao máximo retornar à minha velha rotina. Ignorava as investidas de Patrick e acordava em camas diferentes todos os fins de semana. Precisava provar a mim mesma que estava bem e que havia sido um desvio em minha rota, mas já estava de volta ao jogo e pronta para seguir em frente.
  Apesar disso, comparava cada toque ao dele, cada história à dele e ninguém conseguia se equiparar. Eu me lembrava do porque havia começado a agir daquela maneira, de como eu havia me machucado e prometi a mim mesma que nunca mais permitiria que aquilo acontecesse. Mas ao tentar me proteger, não somente havia ferido , como a mim mesma. Eu havia falhado em meu próprio jogo, não havia fugido rápido o suficiente.
  Depois de tentar por algum tempo, cheguei à conclusão que não havia mais porque me iludir com aquilo. Eu queria e queria ter percebido antes de ser tarde demais. Ou talvez ainda houvesse tempo para retornar ao início? Decidi parar de pensar e começar a agir.
  - – Eu disse acordando a minha amiga que demorou algum tempo para perceber que a casa não estava em chamas e era apenas eu querendo conversar.
  - Você realmente precisa fazer isso às quatro da manhã?
  - Eu não quero ficar pensando nisso ou vou mudar de ideia quando ficar com medo, você tem que me ouvir agora.
  - Certo – Ela disse esfregando os olhos.
  - Amanhã você irá para Baltimore?
  - Sim... A menos que você precise de mim, aí posso ficar aqui.
  - Eu vou precisar de você, mas também preciso que você vá. E me leve junto.
  - E você não podia me fala isso amanhã?
  - Você sabe que eu vou para cama agora e pensar em todas as possibilidades que isso tem de dar errado e quando acordar amanhã vou ter mudado de ideia. Preciso que você me leve para Baltimore mesmo que eu tenha que ir amarrada, me entende?
  - Ah, isso é sobre ...
  - Claro que é – Eu disse querendo que despertasse de verdade e me dissesse se aquilo era loucura ou se fazia algum sentido.
  - Finalmente – Ela disse se ajeitando novamente na cama. Aparentemente não era necessário estar desperta para perceber quão óbvio aquilo era.
  Eu fui para a minha cama e aquilo que eu esperava aconteceu. Ao acordar na manhã seguinte, almejava que achasse que nossa conversa fosse um sonho louco e que não me obrigasse a ir com ela para Baltimore no fim do dia. Durante o café e no caminho para o trabalho, ela não tocou no assunto, o que me deixou aliviada, somente para perceber que ela não havia se esquecido de nada quando cheguei em casa mais tarde, onde uma mala me aguardava na sala.
  - Troque de roupa. Sairemos em vinte minutos.
  - , eu—
  - Você quer que eu te amarre? Porque eu posso te amarrar...
  - Não será necessário – Eu disse bufando e caminhando para o meu quarto.
  Era hora de encarar meus erros e tentar ajeitar as coisas, não seria fácil, mas eu tinha que tentar, se não por , por mim mesma. Com esse pensamento, me livrei dos meus saltos e roupas elegantes, trocando tudo por jeans, camiseta e all-star.
  - Podemos ir.
  Enquanto trafegávamos na interestadual, eu pensava no que iria dizer, no que iria fazer, mas aquilo não fazia sentido nem para mim. Eu sabia o que sentia, mas não conseguia pôr em palavras o que era aquilo. Suspirei e olhei a noite pela janela do carro, desligando meu cérebro e deixando as coisas acontecerem, desistindo de tentar controlar os acontecimentos, já que aquilo não tinha dado certo antes.
  - Você está pronta? – disse ao estacionar na frente da casa de .
  - Não – Eu disse, soltando meu cinto de segurança – Vamos lá.

FIM



Comentários da autora

  ENTÃO É ISSO, FIM. Gente, escrever essa fic foi super divertido! Espero que vocês tenham gostado de aprender as regras a se seguir para ser uma destruidora de corações. Muitíssimo obrigada pelos comentários e tweets, especialmente Millena e a minha main bitch, Jessie, que aparentemente não se cansa de deixar uma legião de rockstars caídos aos seus pés. E óbvio que eu não posso deixar de mandar muito amor pra melhor beta do mundo, mesmo quando eu não cumpro com as apostas, haha. Obrigada Mah (: (especialmente por não xingar minha fic no twitter, haha). Ah, antes que eu me esqueça, alguém aí está interessado em ler os passos a se seguir para remediar um coração partido? ;)

  Nota da beta: Zã, desculpa se eu sou intrometida, mas precisava colocar uma n/b! haha. Foi um prazer betar How To Be A Heartbreaker, e respondendo sua pergunta, eu estou interessadíssima em ler os passos pra remediar um coração partido e tenho certeza que muita gente também, né? Então, por favor, apareça com eles logo!