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#005 Temporada

How Do You Feel?
The Maine




How Do You Feel Now?

Escrita por Lyra M.

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How do you feel?
What's your condition?
Give me your voice and I'll give it a listen
Are you complete or is something missing?
Make sure that it's real
Now, how do you feel?

  Feather detestava precisar usar seus poderes enquanto estava no mundo humano. Tudo bem que também era trabalho dela usar os poderes, mas não era daqueles que ela estava falando. Bem, isso soou confuso; o caso era que Feather era uma fada dos desejos, então era seu dever ir até o mundo humano toda vez que um desejo era feito de todo coração, encontrar a pessoa que o havia feito e então realizar sua vontade. E não a levem a mal, Feather adorava fazer isso! Ver os humanos felizes com seus quereres realizados enchia seu coraçãozinho feérico de alegria. O que a incomodava era usar seus poderes de fada em outras situações.

  Exatamente como naquele momento, aliás.

  Mas, bem, não havia outro jeito. Ela pressentia um desejo muito forte vindo daquele quarto em particular, e estava curiosa para ver do que se tratava. O problema era que a janela estava trancada, e ela não conseguiria abrir. Se ao menos os humanos não tivessem perdido tanto o contato com a natureza! Eles certamente não sentiriam a necessidade de fechar as janelas durante a noite, o que facilitaria o trabalho dela e de outras fadas – elas não precisariam usar magia para atravessar a superfície de vidro, como ela acabara de fazer.

  A fadinha olhou em volta, avaliando o ambiente; a luz fora esquecida acesa, então ela não teve nenhuma dificuldade. Todas as coisas humanas pareciam muito grandes para ela, mas tudo ali parecia grande e bagunçado. Muitas roupas pelo chão, copos acumulados em cima de uma escrivaninha, e livros fora do lugar e guardados de qualquer jeito em uma estante de madeira. Na cama, lençol e colchas embolados, em um caos de tecidos que escondia um garoto.

  Feather voou para lá assim que o viu, pousando com suavidade na cama, perto do rosto do rapaz, sem medo algum de ser vista; ela só podia ser vista durante o meio-dia, sob um céu azul e quieto, sem uma nuvem sequer. Ele não seria capaz de vê-la, nem a suas asas num tom de rosa clarinho, parecidas com as de uma cigarra.

  Ele não devia ter mais do que 14 anos, na contagem dos humanos, e sua expressão era de sofrimento. Talvez estivesse tendo um sonho ruim, embora Feather não pudesse dizer com certeza, pois não era uma fada dos sonhos. Mas, de qualquer forma, algo lhe dizia que não se tratava disso. Era algo relacionado ao desejo dele, e isso fez seu coraçãozinho se contrair um pouco. Ah, como ela torcia para que fosse algo bom!

  Com passos hesitantes, ela chegou mais perto do garoto e apoiou as mãozinhas na testa dele, fechando os olhos para se concentrar melhor, mas não gostou nada do que viu.

  O nome do jovem era Adrian, e ele de fato tinha 14 anos, além de uma tristeza dentro de si tão grande que Feather também se entristeceu por ele. Não era justo que alguém tão jovem tivesse tantos sentimentos ruins assim e fosse tão solitário como ele era.

  De repente, o quarto pareceu abafado e sufocante, e Feather sentiu que não conseguia respirar direito. Mais uma vez desejou que os humanos tivessem mais contato com a natureza; um pouco de ar fresco faria bem.

  Durante um breve momento, ela desejou (que ironia!) que Adrian pudesse vê-la, pudesse conversar com ela. Claro que isso não aconteceria; seria contra as regras, e fadas não podiam realizar seus próprios desejos ou os de outras fadas. Mesmo assim, ela gostaria de poder ajudá-lo, perguntar como ele se sentia, por que suas mãos tremiam tanto e o que havia deixado seu coração tão despedaçado. Ela gostaria que ele desabafasse com ela, lhe explicasse sua condição, o que sentia que estava faltando em sua vida, e o motivo de achar que estava existindo, mas não vivendo.

  E, mais que tudo, Feather queria pedir desculpas por não realizar seu desejo.

  Porque Adrian desejava não mais viver.

  O peso daquela revelação a fez perder o fôlego, e ela recuou alguns passos, aturdida. De jeito nenhum poderia realizar aquele desejo. Ele era muito forte, sim, mas era contra a ética feérica realizar algo do tipo, e a simples ideia de que alguém tão jovem estivesse tão infeliz que preferia deixar de viver fazia o coração de Feather apertar até parecer estar com apenas metade de seu tamanho real.

  Ela estava em um beco sem saída.

  Não podia apenas ir embora e deixá-lo lá, sozinho. Agora que sabia o que se passava dentro do coração do rapaz, a tristeza e a angústia em sua expressão eram óbvias.

  Mas aquele era um desejo que ela não poderia conceder.

  O procedimento nesses casos era bem simples: dar as costas e voar de volta para casa, pois não havia mais nada a ser feito. Mas o coraçãozinho de Feather ainda estava apertado, e olhar de novo para o garoto adormecido na cama a fez ter certeza de que não poderia simplesmente ir embora! Não havia mais nada que ela pudesse fazer, mas talvez alguma outra fada pudesse ajudar...

  Era isso! Ela precisava recrutar ajuda! Mas de quem? Juniper era divertida, mas sempre trazia problemas – suas piadas e travessuras normalmente envolviam coisas muito arriscadas, e Feather sabia que ela não poderia ajudar muito. Então, ela pensou em Hazel, mas Hazel trazia alucinações, e essa era a última coisa da qual Adrian precisava. O garoto já tinha coisas ruins demais na cabeça, e uma alucinação poderia piorar tudo, por melhores que fossem as intenções de Hazel.

  Então, foi como se uma luz se acendesse, e por alguns segundos Feather até considerou se havia alguma fada da luz por perto – talvez North ou Glimmer –, mas não havia ninguém; era apenas uma boa ideia que a havia atingido com um raio.

  Feather já sabia o que devia fazer.  Alisando o vestido feito de penas negras como a de corvos, ela alçou voo de novo, e se recusava a voltar sem ajuda.

+++

  Algum tempo se passou até que ela voltasse, e já não estava sozinha. Quatro fadas voavam logo atrás dela: Rain, Briar, Columbine e Willow, cada qual com sua especialidade e particularidade.

  Assim como Feather havia feito mais cedo, elas passaram pela janela do quarto de Adrian e olharam tudo com curiosidade, mas Feather não deixaria que demorassem muito. Havia trabalho a ser feito.

  Chamando a atenção das colegas, ela as levou até a cama, onde Adrian ainda dormia profundamente. Antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, Rain se adiantou. Não havia muito que ela podia fazer, mas ouviu quando Feather contou sobre a situação, e ela decidiu que ajudaria como podia.

  Com o quarto muito mais abafado do que deveria estar e sendo Rain uma fada que controlava o clima, o trabalho dela ali era tão óbvio quanto simples. Tão logo ela voou pelo cômodo, agitando as asinhas cor de gelo, o ambiente se refrescou como se uma brisa fresca de primavera conseguisse atravessar a janela ainda fechada.

  Rain ainda voava quando Willow se aproximou do jovem, estendendo as mãozinhas diminutas por sobre o rosto dele, que ainda ostentava uma expressão ligeiramente agoniada. Ela fechou os olhos em concentração, e uma luz dourada saiu de suas mãos direto para a pele do garoto, que parecia absorver a luminosidade.

  Sem deixar que a luz se apagasse, ela voou mais para baixo, em direção ao peito do adolescente, e foi como se o coração dele absorvesse o calor da magia de Willow ainda melhor que seu rosto. A expressão agoniada suavizou, como se um pesadelo finalmente chegasse ao fim, dando lugar a um sonho muito melhor. Feather sentiu que seu próprio coração também se aquecia; estava funcionando, afinal!

  Columbine apressou-se em direção a Willow, o vestido de pétalas azuis flutuando atrás de si. Enquanto das mãos de Willow saía uma luz dourada, das mãos de Columbine saía uma espécie de pó multicolorido, que desaparecia assim que encostava na pele do garoto; poeira de estrela, era como as fadas o chamavam.

  Feather apertou a mão de Briar, emocionada. Precisava confessar que, quando tivera aquela ideia e mesmo quando chamara as amigas, ainda tinha dúvidas se iria funcionar ou não. Mas, aparentemente, tudo estava indo conforme o planejado, se não melhor, e já não havia mais nada a ser feito.

  Rain aliviara o calor do ambiente e, logo depois, Willow acendera no coração do jovem o prazer pela vida, a alegria por estar vivo – Feather não podia ter certeza, mas esperava que aquela pequena chama fosse o suficiente para fazê-lo um pouco mais feliz. Columbine espalhara um pouco de sua boa sorte, e Briar... bem, de certo modo Briar ficara com a parte mais difícil, pois era contínuo.

  A função de Briar como fada era proteger e confortar os solitários e, agora, ela seria responsável por Adrian. Poucos eram os que entendiam o tanto que ele precisava de conforto e proteção. Ela não o ajudaria no momento e então iria embora; ela ficaria com Adrian por quanto tempo precisasse.

  E, de repente, Feather sentia-se ainda mais feliz por não ter realizado o desejo que a levara até lá em primeiro lugar. Quando todas já estavam prontas e prestes a ir embora, Feather não pode evitar olhar para trás, para a cama onde o garoto ainda dormia.

  Mais uma vez ela desejou poder falar com ele, e perguntar como ele se sentia.