Hot As A Fever
Escrito por Beatriz Romero | Revisada por Paulinha
Estava saindo de uma casa, que era mais precisamente uma mansão de três andares, e enquanto andava pelo jardim da mesma, levava consigo um galão que dentro alguns litros de gasolina eram despejados no chão conforme ela traçava um caminho molhado pelo chão. Já havia despejado em toda a mansão, por dentro e por fora.
Chegando ao portão jogou o galão em um arbusto, tirou um isqueiro do bolso interior da jaqueta e se ajoelhou no chão. Acendendo o isqueiro deixou-o cair em uma área do chão que estava com o líquido da gasolina, criando assim uma trilha em chamas que segui em direção á mansão.
Quando o fogo atingiu a casa, Mary já estava dirigindo seu Impala68 pelas estradas afora do terreno.
2 horas antes.
Não havia qualquer iluminação no ambiente, nem sequer a luz da lua, o céu estava com as nuvens mais densas que Nebraska já vira.
Ligando o farol dianteiro Mary tirou de seu porta-luvas uma adaga cuja lâmina era feita de prata e seu cabo estava marcado com sangue de cor escura, pois o usou para golpear seu último alvo no crânio. Colocou-a no cós de sua calça e saiu do carro batendo a porta em seguida. Andou ao redor do veículo e abriu seu porta-malas, tirou do mesmo uma espingarda e munições. Fechou o porta-malas e começou a andar para a mansão que aparentava ter mais de 80 anos de existência.
Pouco antes da pequena escadaria, que estava na frente da porta, ela colocou a espingarda de pé no chão e começou a carregá-la com a munição, que era prata em pó para substituir a pólvora. Colocando a mesma nas costas, esfregou as mãos, que estavam usando luvas de couro preto e não tinham as partes dos dedos, soltou um ar quente entre os lábios formando uma pequena nuvem branca no ar.
Se aproximando da parede frontal da mansão, ela colocou o pé dentro de um dos quadrados da grade, que era feita de uma madeira que aparentava ser velha, pois os rangidos que fizeram quando Mary pisou nele denunciava seu tempo de existência, as folhas que ainda estavam secas, mortas e marrons. Logo Mary encaixou o outro pé no quadrado superior e assim foi subindo sucessivamente até que o penúltimo quadrado que seus pés conseguiam alcançar, pois graças a estrutura da grade, Mary desequilibrou-se e acabou descendo cerca de 5 quadrados mas ela conseguiu se segurar e subir novamente.
Mary estava sobre o telhado onde as telhas estavam cobertas de musgo verde, parecendo um verdadeiro pântano praticamente, encostada na parede de madeira ao lado da janela que dava acessos a algum cômodo obscuro. Puxou as persianas para os lados e ergueu a barra de madeira envernizada tendo um vão de forma retangular que era do tamanho ideal para ela ultrapassar junto da arma nas costas e adentrar o cômodo.
Assim que colocou ambos os pés no chão, sentiu um odor forte de carne podre passar por suas narinas. Conforme ia locomovendo-se acabava pisando em ossos que estavam espalhados no chão. Uma sombra passou á sua frente fazendo-a arregalar os olhos.
- Apareça desgraçado! - não estava assustada, a adrenalina que percorria suas veias causava esse efeito que somente aparentava ser nervosismo, sendo que na verdade era sua ira a consumindo.
A mesma sombra passou novamente, mas desta vez uma mão envolveu o pescoço de Mary e a empurrou contra a parede.
Tirando a adaga do cós da calça com certa dificuldade, ela envolveu o pescoço do vampiro e perfurou o cerebelo do mesmo com a adaga. O vampiro soltou o pescoço de Mary e com seu peso caiu falecendo no piso de mármore grudento, ela sobe sobre o vampiro e mira a adaga no pescoço do mesmo, começou a rasgá-la e com isso um sangue preto-piche se esguichou aos ares, para Mary isso era a sensação mais prazerosa que sentia, era profundamente excitante.
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Andando pelos corredores, Marchel Lermen observava seus quadros pendurados em suas paredes, envelhecidos pelos tempos decorridos de 1916 até os dias de hoje. Sua expressão estava alarmada, estava inquieto. Sua filha, sua própria filha havia se tornado uma caçadora, e isso estava dando mais prejuízos do que ele pensara.
- Providências drásticas há de serem tomadas! - berrou aos sete ventos.
Uma dupla de servos surgiu á sua frente pronta para receber quaisquer novas ordens que o lorde mandasse. Ele selecionou o cuja aparência parecia ser de força maior para aguentar os riscos que se aventurar para adquirir a confiança de Mary fornecia. O outro se retirou e Marchel passou um dos braços nos ombros do mais novo e juntos andaram até entrarem no saguão.
O saguão era um local cuja aparência era uma das mais belas já vista, seu aroma amadeirado se exalava nas narinas de David fazendo-o suspirar, os móveis de madeira com estofados de algodão tornavam o local com um ar antigo e fascinante. Marchel subiu os únicos dois degraus que levavam ao pequeno palco onde sua poltrona ficava, se sentou na mesma e pousou as mãos nos joelhos flexionados. David se pôs em sua frente e baixou a cabeça em sinal de respeito ao seu superior.
- Pois bem, lorde Marchel, diga a mim o que vós desejas.
- Nobre David, como vós sabes, minha amada filha tem causado-nos problemas.
- Se vós permite-me perguntar-te, qual és o nome de tua filha?
- Ela chama-se Mary, Mary Lermen.
- E quais danos ela causou-nos?
- Matou alguns de nossa espécie.
- Quais, exatamente, são obrigações minhas?
- Vós deves trazê-la a mim com vida.
- Como queiras lorde Marchel.
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Mary ainda sentia sua adrenalina percorrer em cada célula, por menor que fosse, em seu corpo. Gostava do que fazia e como fazia, sentia-se nem, estupenda, mas bem. Lembrou-se da vez em que caçou o seu primeiro vampiro.
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Era madrugada, 3:07 horas exatamente, ela se ajoelhou no telhado da casa de dois andares e colocou as mãos espalmadas sobre o mesmo. Seus cabelos tom de mogno dançavam alternadamente para a sua direita junto com as folhas que rodopiavam com os ventos. Ao ouvir as portas da sacada se abrirem, Mary se inclinou um pouco para frente e observou os detalhes de sua aparência. O vampiro era alto e branco como a neve dos morros mais altos, seus cabelos negros como carvão foram penteados para trás e suas presas estavam escondidas.
Tentando ter uma vista melhor, Mary se locomoveu e por descuido fez a pequena estátua de pedra cair no chão se despedaçando. Ela interrompeu sua visão da estátua caída e voltou sua visão para o vampiro, ele havia sumido. Um tipo de calafrio percorreu seu corpo e ela foi empurrada para baixo. Se segurou, ou ao menos tentou se segurar, em uma das persianas que estavam abertas. Olhou para baixo e calculou que caso resolvesse se soltar, no mínimo sairia com as pernas quebradas e fraturadas. Ouviu alguém ou algo pigarrear e ergueu a cabeça, o vampiro a encarava com desejo enquanto molhava os lábios carnudos, poderia dizer que era sede por seu sangue, mas a maneira como a olhava era tão intensa que a fez pensar que ele não queria somente o sangue de seu corpo.
Em um piscar de olhos Mary umedeceu os lábios e rezou para que tudo desse certo. Pode sentir uma energia se concentrar em sua frente. Com um impacto fora arremessada contra o chão áspero e frio, suas costelas começaram a latejar fazendo-a franzir o cenho entra as sobrancelhas enquanto estava com os olhos fechados e mordia o lábio forte. Girou para o lado, apoiou uma das mãos no chão e deixou a outra sobre a costela esquerda. Fez um único impulso e conseguiu colocar-se de pé. O mesmo calafrio passou por seu corpo mais uma vez.
- Vós sois muito bela, pena ter que matar-te. Mas não te preocupe, vou-me aproveitar de ti antes, da maneira que mais acho prazerosa.
Ela começou a soar frio e sua boca perdeu toda a saliva que tinha.
Tomou coragem e força para se virar e ficar frente a frente com o vampiro. Foi encarada por seus olhos vermelhos tom sangue e sentiu seus joelhos fraquejarem fazendo-a cair novamente no chão. Algo subiu sobre seu corpo e fungou um ar frio e sem vida em sua nuca. Duas presas fizeram duas pequenas perfurações em seu pescoço e isso a forneceu uma onda de energia sendo o suficiente para ela girar e colocar-se sentada sobre o vampiro. O puxou deixando-o sentado embaixo de si, envolveu sua cabeça com as mãos, uma de cada lado. Seus olhos ficaram completamente pretos como os de um demônio e suas presas surgiram em sua boca saltando para fora. Fincou-as no pescoço do vampiro e o ouviu urrar de dor. Agora o sangue percorria sua boca e ela se sentia com uma sensação boa, na verdade, a melhor sensação que já sentira na vida, era um prazer, de vingança.
Afastando sua boca com sangue escorrendo por seus lábios do pescoço dele Mary usou suas mãos para torcer a cabeça do mesmo fazendo seu rosto ficar para trás. O deitou por completo no chão novamente e se inclinou sussurrando em seu ouvido.
- Apodreça no inferno.
**
Em um ato involuntário pousou dois de seus dedos na cicatriz que o vampiro havia deixado.
Saiu do carro e entrou na lanchonete cujo letreiro estava queimado.
A lanchonete tinha uma aparência de ser mal cuidada, pois estava preenchida com fumaça de cigarro.
Quando colocou-se sentada em um dos pequenos bancos envernizados de madeira tom de Marfim, fez uma análise mais detalhada do local. Havia uma mesa de sinuca com 16 homens aglomerados ao seu redor e uma mesa comum encostada na janela com um homem de capuz preto com a cabeça baixa. A garçonete se aproximou dela com um olhar entediado e fez a saudação para anunciar o nome da lanchonete e logo perguntou o que Mary gostaria de comer e ela o fez pedindo uma cerveja qualquer.
Uma ideia passou por sua mente e ela teve um sorriso malicioso estampado nos lábios.
Queria se divertir, e como queria.
Virou o conteúdo do copo de uma única vez, o gosto amargo e delicioso desceu por sua garganta. Limpou as gotículas que tinham ficado abrigadas nos cantos de seus lábios com as costas da mão.
Levantou-se do banco e foi até a mesa de sinuca.
Empurrou dois homens pelos ombros e pôs-se entre eles. O homem barbudo que estava mirando o taco na bola branca pousou o taco sobre a mesa e ergueu seu olhar para Mary.
- O que você quer, princesa? - Mary levou uma das mãos para o bolso traseiro de sua calça, dele puxou um bolo de dinheiro e o jogou na mesa. Cruzando os braços falou.
- Quero jogar.
- Aguarde a próxima jogada, princesa. - Ele se inclinou novamente para acertar a bola, mas Mary a tomou em sua mão.
- Eu entendo muito de sinuca e sei que você nem ao menos estourou o triângulo, isso pode-se dizer que a partida não começou e me dá o direito de entrar nela.
- Escute aqui sua... - o homem barbudo parou sua fala quando os olhos vermelhos de Mary encontraram. Em sua mente ela dizia “você irá jogar” e ele formulou essa frase em sua fala.
O homem de capuz se aproxima da mesa com o zíper da jaqueta de couro aberta e toma o taco de um dos homens - ele estava tão estupefato com a maneira que Mary tratava aquele homem que não notou, ou se importou, quando David tomou o taco de suas mãos.
Ele esticou o tronco sobre a mesa para mirar a ponta do taco de madeira na bola branca dando acesso da visão de Mary de seus músculos flexionados através da camisa preta de malha fina.
E ele encaçapou duas ao mesmo tempo.
Quando elas entraram nos buracos ele se virou com um sorriso debochado para Mary irritando-a. Ela inspirou fundo e liberou o ar por entre os lábios. Se posicionou na mesa e acertou a bola branca encaçapando somente uma das 3 bolas que pretendia acertar.
O homem barbudo ia se inclinar sobre a mesa quando os olhos de Mary tomaram a cor vermelha e alcançaram os seus, em sua mente ela falou "esta jogada terá somente dois jogadores".
Ele deixou o taco encostado na mesa e se afastou daquela partida deixando os dois á sós.
Ela se virou para David e ficou com a boca salivando enquanto olhava ele se posicionar para acertar a bola. Ele ergue o olhar para ela e acerta a bola, porém não encaçapa nenhuma. Ela revira os olhos e sorri, afinal, a falta de profissionalismo deve ter se instalado em sua profissionalidade - ou talvez ela sempre esteve instalada, mesmo antes da partida.
Mary se esticou sobre a mesa e arrebitou o traseiro dando livre acesso a visão de David que mordiscou os lábios de canto tendo pensamentos impróprios imaginando o que poderia fazer com a filha do lorde amarrada.
Se desligou de seus pensamentos e voltando a realidade com o som de uma bola sendo encaçapada.
Cansado daquela partida, ele encaçapou 3 bolas de uma única vez restando somente a que restava para a sua vitória, da cor preta, era a número 8.
Mary ficou boquiaberta por curtos instantes antes de posicionar na mesa.
Poucos antes da ponta borrachuda de seu taco alcançar a bola branca, os olhos de David ficaram com a cor cinza escuro, o que fez a bola rodar para a direita impedindo Mary de acertá-la e passando a jogada para David que acertou sua última bola.
Ela se sentiu inconformada, mas não iria arrumar uma discussão por uma simples partida de sinuca - seria infantil e imaturo. - Havia perdido e isso não era o fim do mundo.
Largou o taco sobre a mesa e foi até o balcão buscar uma garrafa de tamanho médio que continha a sua cerveja para ir embora daquele lugar acabado e velho.
Entrou no carro e bateu a porta. Do seu chaveiro selecionou o abridor e o usou para abrir a tampa da garrafa. Por descuido acabou pisando no acelerador e pelo impacto que sentiu, havia atropelado algo, ou até mesmo alguém.
Colocou a garrafa no porta-copo e saiu do carro.
- Que diabos acontece...
Primeiro ela olhou para o carro e para sua tranquilidade notou que ele estava inteiro e sem qualquer arranhão. Segundo ela olhou para o corpo que se levantava do chão.
- Ah meu Deus! Você quer que eu te leve para o hospital?
Uma ideia passou pela mente de David.
Quando ele se levantou do chão se fingiu de manco.
Ela se apressou, colocou-se ao seu lado, passou o braço dele por cima de seus ombros e o ajudou a entrar em seu veículo com uma mínima dificuldade.
Deu a volta no veículo assim que fechou a porta e entrou no lado do motorista.
- Conheço um hospital que fica há 2 horas daqui.
Inseriu a chave e deu partida no carro.
Saiu do que aparentava ser o estacionamento e fez as rodas de seu carro rodarem na estrada vazia.
Quando olhou para o relógio do painel, notou que faltavam poucos minutos para o nascer do Sol. Seu sistema parou de produzir saliva e sua boca ficou seca.
- Lamento falar isso, mas nós iremos para o hospital amanhã pois eu preciso dormir.
- Sem problemas, até lá estarei recuperado.
Ela pisou forte no acelerador, o que fez David ser prensado contra o banco.
**
Ele havia entrado no chuveiro e deixado Mary sozinha no quarto. O quarto, assim como o hotel, não era de maior qualidade e também não era grande. As paredes eram amareladas com alguns furos causados, possivelmente, por alguns quadros que deviam terem sidos pendurados naquelas áreas, o piso era da cor de uma madeira envernizado mais escura que os cabelos da própria Mary, já os cômodos aparentavam ser daquele tempo, ou da década anterior.
Se aproveitou que David ainda iria demorar no banho - era o que ela pensava. Passou sua blusa pela cabeça e analisou seu estado, seu penúltimo vampiro havia exagerado quando a segurou pela cintura. Em um ato ela pousou a mão sobre a área roxa e mordeu o lábio inferior pois sentiu uma leve pontada.
David saiu do banho usando somente com uma calça preta deixando seus musculoso expostos. Se deparou com Mary com ausência de sua blusa, aproximou-se dela e afastou os cabelos teimosos de sua nuca com seus dedos habilidosos e plantou um beijo úmido, Mary sentiu um arrepio percorrer por seu corpo e suspirou, o simples toque de David era o suficiente para fazê-la se sentir completa, sem a raiva e o desgosto para atormentá-la. Segurou a barra de sua camisa preta e a puxou para cima, agora suas peles se encostavam sem a interferência de qualquer tecido. Ele envolveu sua cintura com ambas as mãos grandes e as deixou pousadas sobre a barriga de Mary, ela as cobriu com as próprias mãos e assim ficaram por algum tempo, o tempo mais reconfortante que Mary sentiu.
Ela girou alcançou a maçã do rosto de David com o polegar e a acariciou. O olhar dele era profundamente penetrante que conseguia fazê-la olhar para baixo para tentar fugir dele. Ficava analisando os traços delicados do rosto de Mary e pousou seu olhar em sua boca, apesar de estar um pouco escuro, ele notou que ela tinha a aparência não muito carnuda e o tom avermelhado como o de uma cereja, exatamente como ele gostava. Aos poucos foi se aproximando e selou seus lábios. O beijo era calmo, úmido, suas línguas se tocando, provocando a deliciosa sensação de alívio, era magnífico para ambos. Poderiam ficar assim para sempre, sem serem interrompidos por nada nem ninguém.
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Ela estava deitada adormecida sobre a cama do hotel enrolada nua nos lençóis brancos, era a vampira mais bela que ele havia visto, ou melhor, era a meia vampira mais bela. Os traços de seu rosto ficavam ainda mais destacados sobre a luz do abajur, apesar de alguns fios estarem caídos em seu rosto. Afastou os mesmos e ela se mexeu levemente, mas não acordou.
Ele precisava levá-la para o lorde, ainda hoje.
Afastou os cabelos de Mary de sua nuca e aos poucos foi se aproximando lentamente para que ela não acordasse. Quando ele pousou os lábios no pescoço de Mary ela abriu os olhos assustada, mas a substância que saía das presas de David já estava circulando pela sua circulação sanguínea. Sua visão foi ficando turva e embaçada, ela estava sendo fisgada pela escuridão vazia e desmaiou.
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Sua cabeça doía como se tivesse sido pisoteada. Ao abrir seus olhos sua visão estava embaçada, mas aos poucos foi adquirindo as verdadeiras características do cômodo que estava. Sua cama tinha a colcha vermelha com detalhes dourados e havia um véu da mesma cor. A porta foi aberta sem qualquer rangido, Marchel surgiu e a fechou, foi se aproximando da cama que Mary estava e se sentou na beirada.
- Onde estou?
- Vós estás em tua casa Mary.
- Aqui não é minha casa.
- Sim, aqui és tua casa, filha.
- Você não pode me chamar de sua filha! Este é um direito que você perdeu quando matou minha mãe! - sua respiração estava acelerada e o maxilar estava cerrado.
- Vós sois minha filha, e nada irá mudar isto, caso vós continuares com esta insistência eu irei...
- Irá o quê? Me matar? Eu não temo você!
Marchel estava cansado de ouvir tamanha baboseira, se levantou e se aproximou de Mary, agarrou seu pescoço com as mãos, ela as cobriu com as próprias mãos, e a fez olhar em seus olhos.
- Não ouse dirigir-se a mim desta maneira novamente, pois da mesma maneira que matei sua mãe, posso te matar!
Ele foi apertando a mão ao redor do pescoço dela e ela foi ficando sem ar, sua pele do rosto já estava ficando roxa e fria.
Ela levou as mãos para suas costas e puxou a adaga, usou a lâmina para fazer um corte próximo do pulso da mão de Marchel, o mesmo soltou o pescoço dela e cobriu o corte com a outra mão. Mary massageou brevemente o pescoço e usou a adaga para perfurar o coração do homem que dizia ser seu pai. O mesmo caiu deitado em sua cama com sangue escorrendo de seus cortes dando á colcha da cama um tom preto.
Ela se sentou novamente e deixou a cabeça encostada na parede e inspirou fundo aliviada.
David surdiu no quarto e arregalou os olhos quando viu o lorde jogado morto com uma adaga no coração sobre a cama.
Mary se levantou e chamou David fazendo um gesto com as mãos e ele o fez.
Ela o abraçou envolvendo o pescoço dele com ambos os braços.
- Acabou. O inferno acabou. Ele morreu, finalmente. Seremos somente nós agora.
David puxou a adaga do coração de Marchel e a fincou nas costas de Mary. A mesma se soltou do abraço com uma expressão de dor no rosto e caiu sobre a cama de bruços.
- Agora sim acabou.
Será um novo mundo, uma nova hera, onde os vampiros serão dominados por David e todos irão temê-lo como seu superior, seu líder.