Home Is Where The Heart Is

Escrito por Julia Kind | Revisado por Lelen

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(Prólogo)

  – Não John, me deixa no chão! – Disse a garota perdida entre risadas. – Não é só porque você é mais velho que tem o direito de fazer isso!
  – Mas é claro que é! – Ele colocou-a no chão, ainda sorrindo. – Eu sou mais velho e mais alto.
  – E é por isso que eu devo ter medo de você, O’Callaghan? – Ela perguntou, se esquivando dele; os dois estavam em uma de suas brincadeiras matinais pelo parque.
  – E porque eu também posso fazer isso! – John apareceu de surpresa por trás, enchendo a garota de cócegas.
  Era uma bela amizade que havia entre os dois, sendo ela mais nova, tinha apenas 11 anos, enquanto ele tinha 14. Mal eles sabiam que não seria exatamente do jeito que eles esperavam.

Chapter 1

  (7 anos depois)
  Ding-dong.
  Era o som da campainha, e tremia de tanto nervosismo. Depois de esperar alguns minutos e tocá-la novamente, ela finalmente foi aberta.
  – ! – Disse seu pai enquanto a abraçava fortemente. – Vamos, entre, você deve estar congelando aí fora.
  – Obrigada. – Ela forçou um sorriso. Tudo aquilo parecia tão... real. Ele ajudou-a com as malas, nenhum dos dois se atreveu a falar uma única palavra. – Então, como tem passado?
  – Bem. – Ele deu de ombros. – Quando começam suas aulas?
  – Na próxima semana. – Ela respondeu. – A faculdade ainda é no mesmo local?
  – Sim, sim. Bem, sinta-se à vontade, querida. Qualquer coisa é só chamar. – Ela assentiu e levou suas coisas até seu antigo quarto, no andar de cima. Sentia tanta falta da sua cama, que se deitar nela fora a primeira coisa que fizera ao entrar ali. Tantas memórias... que não passavam disso, memórias.
  Antes que pudesse desarrumar suas malas, a garota já havia caído no sono.

  -FLASHBACK- (7 anos antes)-
  – John. – se aproximou do rapaz que estava sentado no banco. O banco que eles sempre costumavam se encontrar. – Precisamos conversar.
  – , o que aconteceu? – Ele logo notou que nada estava bem pela expressão dela. nada disse, apenas o abraçou forte, deixando as lágrimas caírem.
  John, preocupado, retribuiu o abraço, murmurando que tudo ia ficar bem.
  – N-não, John, não vai. – Ela gaguejou. – M-meus pais... meus p-pais...
  – Estão mal? – John perguntou – Continuam brigando?
  – Não, estão se divorciando. – Ela voltou a abraçá-lo, dessa vez mais forte. – Minha mãe veio me falar h-hoje. Ela conseguiu um emprego para dar aulas em Oxford.
  – , não se preocupa e... Oxford? – Ele arregalou os olhos. – Espera, você vai ficar com seu pai, não é?
  Ela balançou a cabeça negativamente. Mesmo sendo uma situação péssima, John admirava o modo em que a garota lidava com aquilo. Ela tinha apenas 14 anos.
  – Eu tenho que ir, John. – Ela tentou sorrir. – Não posso deixá-la sozinha.
  – Quando vocês vão? – Ele perguntou.
  – No fim de semana. – Ela respondeu.
  – Não vamos pensar nisso, só aproveitar o tempo que ainda temos, ok? – Ele tentou animá-la. Ao ver que ela concordara com a cabeça, eles começaram a caminhar pelo parque.
  -END OF FLASHBACK-

   acordou num salto. Olhou o relógio: duas e meia da manhã. Havia dormido por quase sete horas, e seu estômago implorava por comida. Levantou-se da cama rapidamente, o que a deixou um pouco tonta. Viu um bilhete que seu pai havia deixado colado em seu abajur, dizendo que havia ficado com pena de acordá-la.
  Maldito fuso-horário, pensou. Após fazer seu sanduíche favorito (havia todos os ingredientes ali) e se sentar à mesa, foi que ela finalmente teve um tempo para pensar. Lembrava-se de ter sonhado com o dia em que havia se mudado de Phoenix, que havia contado a John que iria pra Inglaterra com sua mãe.
  Agora, sua mãe não estava mais ali. Era por isso que havia pedido transferência para terminar seu último ano de faculdade ali. Não havia sentido fazer isso sem ela, e tudo que precisava nesse momento era o apoio de sua família. Ou de seu pai, já que ela era filha única, ele havia sido o único que lhe sobrara.
  E John? Há anos não se falavam. Como ele estaria depois de todos esses anos? Será que se lembraria dela? Eles tentaram se comunicar logo após a mudança, mas ambos encontraram novas ocupações, e fazia quase sete anos que não trocavam uma única palavra.
  Agora ela estava começando a ficar com sono novamente, depois de ter terminado de comer e arrumar a cozinha. A garota voltou ao seu quarto e caiu novamente na cama, ainda com as roupas usava quando chegara.

  Bip bip bip bip bip bip bip bip.
  – Argh. – resmungou, não querendo acordar. Resolveu olhar o relógio para ver que horas eram e deu um salto ao fazê-lo.
  Após finalmente terminar de arrumar suas coisas, notou que precisava de um banho e de roupas limpas. Ela começou a se levantar, até que seus olhos caíram em um porta-retratos, com a foto de duas crianças sorridentes, meladas de sorvete. Ela ficou olhando paralisada, tinha certeza havia se livrado disso.
  Ela balançou a cabeça, pensativa. Pegou suas roupas e foi direto para o banheiro.

  Ao chegar à cozinha, se deparou com seu pai de saída.
  – Pai? Já vai trabalhar? – Ela perguntou.
  – Não, querida, estou aposentado, lembra? – Ele riu levemente. – Mas o novo sócio da firma precisa da minha ajuda com alguns clientes. Como passou a noite?
  – Bem, obrigada. – Ela sorriu, servindo-se de um cupcake que estava em cima da mesa arrumada. – Volta para o almoço?
  – Estava pensando em sair almoçar... sabe, comemorar sua volta.
  Não havia muito a comemorar. Mas apenas sorriu e balançou a cabeça, concordando.
  – Ok, nos vemos então. Até mais. – Ele respondeu e saiu pela porta.
   olhou ao redor, sentindo-se sozinha e sem nenhuma vontade de comer. Mal passava das sete da manhã, então ela simplesmente pegou sua bolsa e saiu para dar uma volta andando. Não havia nada para fazer em casa mesmo.
  Quanto mais ela andava pela cidade, mais ela notava o quanta tudo estava diferente. Desde que se mudara, não havia voltado a Phoenix nenhuma vez. Muitas lojas continuavam da mesma maneira, mas a maioria havia mudado.
  Depois de um tempo caminhando sem rumo, ela resolveu parar numa padaria. Não tinha fome, apenas a necessidade de comer alguma coisa. Doce. De preferência algo com chocolate.
  – Vou querer um desse, por favor. – Pediu sorrindo a atendente.
  – Aqui está.
   já se dirigia ao caixa para pagar o seu muffin de chocolate, quando ouviu alguém chamando seu nome.
  – ? – Disse a garota, aparentemente com a mesma idade. – Ai meu Deus, é você mesmo?
  – Eu? – perguntou indecisa.
  – Ai nossa, não acredito! – Ela a abraçou e começou a comentar o quanto havia sentido saudades. – Lembra de mim? Rebecca?
  – BECCA! – Ela abraçou a garota mais forte. – Nossa, quanto tempo!
  – Então, está só de passagem? – Ela perguntou, sentando-se numa cadeira.
  – Não, estou pra ficar mesmo. E você, como tem passado?
  – Você se muda de volta e não avisa ninguém? – Ela riu. – Por que eu não estou surpresa? Vou bem sim. Mas aposto que sua vida gloriosa de Londres era bem mais interessante.
  – Bex, estar na Inglaterra não significa apenas Londres, ok? – sorriu. – Mas eu sentia falta de tudo isso.
  – Ai como seu sotaque está lindo! – Rebecca continuou, ignorando-a.
  – Há muito que eu não ouvia um sotaque do Arizona, e o seu continua forte como sempre. – riu. – Hey, o que acha de sair um dia desses? Como nos velhos tempos? Você tem tido notícia do John?
  Rebecca ficou séria.
  – Quer dizer que você não ficou sabendo?
  – Sabendo do quê? – franziu as sobrancelhas.
  – Do John. Ele ainda mora aqui, mas está bem famoso agora. – Rebecca declarou.

Chapter 2

   olhava paralisada para a tela do seu notebook. Era o choque da quantidade de sites que tinham relação com “John O’Callaghan”.
  – Ele tem uma banda? – Murmurou a garota para si mesma. – E eu não sabia disso?
  Curiosa, ela resolveu ouvir algumas de suas músicas. Foi direto no youtube e teve uma grande surpresa.
  – Definitivamente não é...
  – Falando sozinha, ? – Perguntou seu pai, abrindo a porta do quarto.
  – Ahn, não! – Respondeu ela, fechando o computador. –O que faz aqui, pai?
  – Vim ver se está pronta para irmos almoçar. – Ele eu de ombros. – Já está na hora.
  – Ah sim, claro. – Ela tentou lembrar. – Desço em uns cinco minutos, ok? Vou só pegar uma bolsa.
  Ele assentiu e saiu do quarto, deixando a garota confusa com seus pensamentos. Agora que John estava famoso, talvez fosse mais fácil encontrá-lo. Mas, e se ele não se lembrasse dela? Afinal, alguém com toda aquela quantidade de fãs não iria lembrar-se de uma garota que se mudou dali há sete anos. Se bem que éramos melhores amigos, ela pensou. Não se esquece de melhores amigos. pelo menos nunca tinha esquecido.
  Mas não tinha se lembrado deles o suficiente para manter o contato, e saber como eles levavam a vida hoje.

  – Você tem estado distraída, . – Disse seu pai, alguns poucos dias depois. – Alguma coisa tem te incomodado?
  – Não, é só estranho voltar. – A garota sorriu enquanto terminava de retirar a mesa do café da manhã. – Ainda tenho que me acostumar.
  Ok, não era apenas isso, ela estava simplesmente louca atrás de todos os fã-clubes que existiam sobre a The Maine. Um deles informara que eles estavam na cidade até o início da próxima turnê, dali a um mês. tem estado nesse debate mental de vou-não-vou-atrás-de-John-O’Callaghan há dias.
  E Rebecca, obviamente. Ela falava tanto no telefone durante com a garota que acordava exausta, por dormir poucas horas de sono.
  – Bem, em todo o caso... preciso que você vá ao supermercado, vou ter que ir até a empresa hoje de novo.
  – Claro. – Ela assentiu. – Vou terminar com a louça aqui e já passo lá. O que preciso comprar?
  – No geral, comida. – O homem riu. – Deixei a lista em cima da mesa da sala. – Ao ver que ela levantara a sobrancelha sugestivamente, ele acrescentou: – O quê? Vivi sozinho por muito tempo, eu sei fazer uma lista de compras.
  – Acredito em você. – Ela riu. – Tchau pai.
  – Não vou voltar pro almoço, nos vemos de noite.
  – Beijos! – Ela gritou da cozinha enquanto ele saía pela porta da sala.

  -FLASHBACK (7 anos antes)-
  – Você promete? – Perguntou a garota ao garoto que carregava sem ânimo a mala até o táxi. – Você precisa prometer.
  – Sim. – Ele respondeu, sem coragem de olhá-la.
  – Sim o quê? – Ela insistiu.
  – Sim, eu prometo que mesmo que a gente não se veja mais você vai continuar sendo minha melhor amiga sempre.
  – Não vai me substituir nunca?
  – Não vou te substituir nunca. – Ele repetiu. – Sabe que eu não conseguiria.
  – Eu sei, só queria ter certeza. – Ela sorriu tristemente. – Então, é isso.
  Eles não contaram o tempo que ficaram abraçados. Cinco, dez, quinze minutos? Quando a mãe de entrou no táxi, eles se separaram.
  – Tchau, John. – Disse ela. – Vou sentir sua falta.
  – Tchau, . – Ele deu um beijo na bochecha da garota. – Vou sentir mais.
  O táxi saiu andando. John fechou os olhos e abriu de novo, para ter certeza de que não era sua imaginação. Ele queria correr e alcançá-la, convencê-la a ficar. Mas ele não podia. Sabia que isso não era possível.
  O táxi estava longe. E havia levado sua com ele.
  -END OF FLASHBACK-

  – Ovos, farinha, leite, açúcar... – Ela conferia o que já tinha em seu carrinho de compras. – Onde será que eu encontro...
   andava de um lado para outro pelo supermercado. Por mais que ele tivesse aumentado, ainda era muito parecido ao que a garota se lembrava. Costumava vir com sua mãe toda semana.
  Enquanto ela continuava pensando em voz alta e procurando as coisas que faltavam, uma voz masculina interrompeu seus pensamentos.
  – Com licença moça, pode me dizer onde ficam os laticínios? – Perguntou o homem.
   parou. Olhou novamente para ter certeza de que falava com ele mesmo.
  – Eu não trabalho aqui. – Ela reconheceu John pelas fotos que havia visto, mas nunca, nunca, se esqueceria daqueles olhos. Verdes e enormes, olhando diretamente para os dela. Ou daquele lindo sorriso sem mostrar os dentes que ele mandava para ela. – Mas fica no terceiro corredor à esquerda.
  – Obrigado.
  – Por nada, John.
  Ele saiu andando até o corredor que a garota o indicara. Ela o chamara pelo nome como se o conhecesse. Não havia pedido por uma foto ou por um autógrafo... poderia ser uma fã, mas John tinha uma boa memória. Que tipo de fã não pede uma foto? Uma fã que já tem muitas? Ele não se lembrava de ter visto a garota recentemente.
  Discretamente, ele olhou para trás. Ela escolhia algumas verduras. Por que seria tão familiar? Phoenix não é tão grande assim, pessoas vivem se esbarrando o tempo todo.

  Então ele olhou com mais atenção. O fato de ela se virar para colocar alguma coisa que ele não identificou no carrinho deixou que ele pudesse prestar mais atenção em seu rosto. Aquele rosto... de onde ele o conhecia? Tinha uma leve suspeita, mas... não, não podia ser ela. Quando ela jogou a franja para o lado como costumava fazer e deu aquele habitual sorriso torto ao notar que ele olhava em sua direção ele teve certeza.
  – ! ! – John jogou suas coisas para o alto e saiu correndo em direção à garota que o olhava assustada e tentava, sem sucesso, prender o riso.
  – John O’Callaghan. – Ela respondeu baixinho. – Eu realmente achei que você tinha se esquecido de mim.
  – Desde quando está aqui? Por que não me avisou? Como foi sua vida na Inglaterra? Quando você volta? – Continuou ele, ignorando a garota e esmagando-a com um abraço.
  – Você é magrelo, mas é forte, hein. – Ela riu. – Me deixa respirar, John!
  – Sete anos de saudades, só solto quando...
  – JOHN! – Ela gritou. Algumas pessoas haviam parado para assistir a cena, mas os dois não se importavam. – Ok, cheguei no começo da semana e...
  – Começo da semana? E nem para me avisar?
  – Dá pra parar de interromper? – Ela riu. – Vou ficar, começo a faculdade no mês que vem. Mas você é John O’Callaghan, não é como se você ligasse para...
  – Você realmente acha que eu ia esquecer a minha melhor amiga? Ou pelo menos a menina que ocupou esse cargo durante anos e depois atravessou o oceano e me deixou? – Ele sorriu.
  – Alguém ocupa esse cargo hoje? – Ela perguntou, preocupada.
  – Completamente livre. – John riu. – Eu havia feito uma promessa.
  – Que bom. – riu. – Hey, o que acha de sairmos depois daqui? Você fez uma baita bagunça jogando tudo no chão.
  – Eu tinha esse direito. – Ele fez um bico e ela riu ainda mais. – Muita gente olhando?
  – Muita. – Ela assentiu.
  – Ok, vamos cada um terminar suas compras e sairemos para almoçar, ok? Ok. – Ele disse rapidamente e saiu andando, sem esperar resposta da garota, que revirou os olhos enquanto sorria. Esse era o John.
   Depois de pegar tudo o que precisava, se dirigiu até o caixa. Enquanto um cara empacotava tudo e ela procurava um cartão de crédito, a atendente disse:
  – Desculpa interromper, mas era você a garota com o John?
   riu internamente, mas procurou ficar séria para assentir.
  – É, somos amigos. E não víamos há um tempo. – Ela deu de ombros.
  – Deu pra notar. – Disse a mulher e sorriu. Ela tinha sorte de que provavelmente não havia nenhum paparazzo ou algo do tipo no supermercado.
  – É, tipo isso. Bem, obrigada. – Disse e saiu com suas sacolas, ouvindo algumas pessoas pararem e sussurrarem.

Chapter 3

  – Então, o que você gosta de comer? – Disse John dirigindo.
  – Qualquer coisa, estou morta de fome. – riu.
  Ao se dirigir ao seu carro na saída do mercado, se deparou com John na porta esperando por ela. Ele ajudou-a com as compras; colocando no carro e levando até em casa, fazia questão de passar esse tempo com ela. Depois de terem guardado tudo nos seus respectivos lugares, estavam vagando em busca de um restaurante.
  – Qualquer coisa mesmo?
  – Não, né. – Ela riu mais. – Comida italiana?
  – Sim? – Perguntou ele de volta.
  – Dirige logo homem, estou faminta. – Ela fez uma careta que fez John rir.
  – Sim, senhorita. – Ele acelerou com um sorriso torto, que fez se lembrar do quanto amava aquele sorriso.  Ou qualquer sorriso que fosse, John era lindo até sério.
  O carro ficou em silêncio por um tempo, nenhum dos dois sabia exatamente o que dizer.
  – Então, como... – Disseram os dois ao mesmo tempo. – Pode começar. – riu.
  – Não, as damas primeiro. – John deu um sorriso, se preparando para estacionar.
  – Ok. – Ela riu. – Que bom que você está um cavalheiro agora, não era educado assim quando éramos crianças.
  – O quê? Eu sempre fui educado!
  – John. A gente brigava pra ver quem apertava o botão do controle para abrir a garagem. – Disse a garota, entre memórias. – E você sempre arrancava o controle da minha mão, geralmente me fazendo chorar.
  – É, mas você tinha sete anos! – Ele rebateu.
  – E você tinha onze! – Ela riu. – Mas enfim, o que você ia dizer?
  – Antes eu vou provar uma coisa. – Disse ele, tirando a chave da ignição ao desligar o carro, abrindo e batendo sua porta ao sair, dando a volta e chegando até a porta de , que tinha um ataque de riso. – Senhorita.    
  – Idiota. – Ela bateu no ombro dele levemente. – Ouvi que você está famoso agora, finalmente o sonho de ter uma banda decolou?
  – Pois é. – Disse o homem, rindo. – Foi uma coisa bem inesperada, na verdade. Não é como se eu tivesse tido a ideia de tudo... então, o que você achou?
  – Do quê? – Perguntou , distraída enquanto procurava uma mesa.
  – Da banda. Já ouviu alguma música? – Ele explicou, sorrindo ansioso pela resposta.

   permaneceu calada até que tivesse uma boa resposta. Assim que John encontrou uma mesa de frente para a janela, e puxou sua cadeira para que a garota pudesse se sentar, ela viu como sentia falta dele. E a última coisa que ela precisava era magoá-lo, logo agora que havia acabado de se reencontrar.
  – Quer saber? Estou realmente muito feliz por você – Ela sorriu. – E eu adorei sua música, sério mesmo.
  Mentira. era uma garota puramente eletrônica, odiava rock de todas as maneiras.
  Mas o sorriso que John mostrou em seguida... aquela agitação antiga que há tempos não sentia em seu estômago nem lhe deu chance de se sentir culpada.

  – Foi Becca, exatamente isso! – Disse para o telefone, enquanto se revirava na cama. – Como se... sei lá, esses sete anos não tivessem sido grande coisa.
  Rebecca era praticamente a única que conseguia confiar para falar sobre o assunto John. Ela tinha essa quedinha (lê-se: abismo) pelo John desde que se entendia por gente.
  – Eu o quê? – A garota riu. – Não, a gente só almoçou. E bem, ficamos rodando Phoenix inteira por uma hora, apenas conversando. Ele me chamou para ir a um pub na sexta, conhecer os amigos dele.
   tinha ataques rindo, enquanto Becca entrava em detalhes a quantidade de garotas que matariam para estar no lugar dela, e ao mesmo tempo dizia o tipo de roupa que ela deveria usar. Mas também dizia para ir com calma, antes de tomar alguma decisão precipitada.
   não era bem do tipo garota paciente, mas considerou a ideia e viu que a amiga estava certa. Deveria ir devagar.
  – Mas você conhece algum dos amigos dele? – Ela perguntou, e do outro lado da linha a garota desandou a falar do Kennedy e sua imensa fofura. Do Pat, e sua imensa fofura. Do Garrett e do Jared, outros que possuíam uma fofura ainda mais imensa.
  Credo, pensou. Essa banda é formada por bichos de pelúcia ou o quê?
  – Mas, de verdade. – Disse Rebecca. – A maioria daqui os conhece, e eles são uns amores. Você vai gostar, garanto.
  – Bom mesmo. – tomou o cuidado de não rir escandalosamente, já era tarde e seu pai estava dormindo no quarto ao lado.
  Após alguns minutos de conversa, Rebecca disse que ela havia chegado em casa no momento que a amiga havia ligado, já passava da meia noite e ela queria um banho antes de dormir.
   riu internamente antes de se despedir. Típico dela.
  – Eu ligo, pode deixar. – Eu mando uma foto com o que eu estiver usando, vai tomar banho de uma vez, Bex! Ok, lerda. Beijos.
  Ela desligou o telefone e caiu na cama, pensando que quarta-feira estranha havia sido essa. Amanhã já era quinta, dia de passar na universidade. Precisava levar os documentos que faltavam.
  Sentindo seu sangue gelar ao lembrar de que depois de quinta vinha a sexta, foi dormir com seu lado adolescente despertado.

  O dia seguinte passou como um borrão. Após resolver praticamente tudo o que restou desde que voltara a cidade, passou tanto tempo correndo de um lado para outro na cidade que chegou exausta em casa.
  Acordou no outro dia com seu alarme, tocando no horário de sempre, avisando que era hora da sua corrida matinal. Irritada, ela apenas tacou o relógio na parede, acordando apenas com os tabefes delicados que Rebecca dava em suas costas, avisando que já eram duas da tarde.
  Após uma breve discussão ( tentando dormir e Rebecca impedindo-a, dizendo que ela não podia dormir para sempre) vencida pela segunda garota, elas passaram o dia assistindo séries, já que ambas estavam com a tarde livre.
  Ao sentir seu celular vibrar, levou um susto ao ver uma mensagem do John, avisando que estaria ali às oito. Rebecca checou o relógio: seis e meia.
  – Vai tomar banho que temos pouco tempo. – Ela ordenou e resmungou.
  – Eu me arrumo rápido, não tem pra quê essa...
  – Vai. Tomar. Banho. – Ela repetiu. se sentiu com 16 anos novamente e soltou uma risada, se dirigindo ao banheiro.
  Ficou lá por um tempo, refletindo. Que bagunça Becca deveria estar fazendo no seu quarto? Como usaria seu cabelo?
  Cantando uma música qualquer do Cobra Starship, a garota saiu enrolada na toalha, indo até seu quarto.
  – Eu não vou usar isso. – Disse ela, ao ver o vestido esticado em cima da cama. – Nem pensar.
  – Aw ! – Rebecca fez um bico. – O vestido é lindo, esses sapatos estão lindos, essa bolsa combina tanto e fica tão... tão... – Hesitou, em busca de uma palavra.
  – Linda? – riu. – Faz uns duzentos anos que eu não visto mais isso aí, nem deve caber.
  – Ahã, não vai caber. – Bex sorriu sarcasticamente. – Vai logo secar esse cabelo, que já passa das sete e ainda tem a maquiagem.
  – Relaxa, isso não é um encontro nem nada. – A outra deu de ombros.
  – . Você está indo ao pub conhecer os amigos dele. Da banda dele. Aceita logo, é um encontro.
   suspirou alto. Decidiu que a noite seria mais fácil se cedesse e fizesse o que a amiga mandasse. E depois de tudo que ela falava, se sentia segura como a protagonista de uma história. Até que nem hesitou em colocar o vestido, estava com um humor tão bom que se sentia profundamente bem.
  Por isso que, quarenta minutos depois, se viu pronta, com um vestido justo que ficava pouco abaixo da metade da sua coxa, vermelho. E usava seus louboutins mais confortáveis, os únicos que ela não tropeçava ao andar. Enquanto apontava sua bolsa para Rebecca desesperadamente, indicando que ela deveria sair até a porta dos fundos, respirou fundo e abriu a porta, encontrando John, de jeans e uma camisa polo.
  – Hey. – Ela sorriu, mordendo o lábio inferior. – Estou arrumada demais.
  Ele hesitou ao responder. Seu sorriso era calmo, mas o seu olhar, selvagem.
  – Você está linda. – Disse, enfim, conduzindo-a até o carro.

Chapter 4

  – Nossa, muito prazer conhecê-la, amiga do John. – Disse um cara, ainda tentava memorizar o nome deles. Esse era o Kennedy, certo? Ou seria o Garrett? Jared?
  – Obrigada, é um prazer conhecê-los também. – Ela sorriu.
  – Hey Pat, deixa de babação e pega mais uma cerveja pra gente. – Disse John ao homem. Pat. Isso, Pat era o pequeno do cabelo comprido, repetia mentalmente.
  – Mas então , o que a traz de volta a cidade? – Perguntou outro.
  John se ajeitou na cadeira. Era uma coisa que ele gostaria de saber também.
  – Eu... – Ela começou, perguntando-se se algumas coisas deveriam ser mencionadas. – Vim terminar meu último ano de faculdade. Meu pai mora aqui.
  – Mas e a sua... – John começou, mas parou de falar quando viu o olhar que a garota mandava. – Bem, quem se importa? É bom ter você de volta.

  Quando Pat voltou, o clima se tornou menos tenso. Começaram a conversar, os meninos contando histórias constrangedoras da banda e afins, e logo se sentiu em casa.
  – Não acredito. – Ela tapou a boca com as mãos. – Você cantou de costas para o público? – Ela começou a rir.
  – Por que todo mundo sempre ri disso? – Disse John, olhando dramaticamente para cima. – Era o jeito que a gente ensaiava!
  – Mas hoje você canta de frente, né? – Ela perguntou.
  – Claro que sim. – Todos riram. – Então, o que você acha de ir ao nosso próximo show?
   hesitou.
  – Hm, seria ó-ótimo. – Ela gaguejou.
  Passaram mais um bom tempo ali. Rebecca tinha razão, eles eram muito legais. Normais. Normais com hábitos e mentes muito estranhas, mas assim eram as melhores pessoas, na opinião da garota.

  – Hey, obrigada pela noite. – Disse , saindo do carro. – Seus amigos são legais.
  – Deveríamos fazer isso de novo. – Ele deu de ombros, levando-a até a porta. – Você é legal também. – Ele sorriu.
  – Sou, não sou? – Ela riu, fazendo John soltar uma risada.
  – E o negócio do show era sério, ok? Acho que talvez tenha um ou outro antes da próxima turnê... e eu adoraria que você fosse. – Eles estavam em frente a porta da casa da garota, John se aproximava mais do que o necessário depois dessa última frase.
  – Bem, nesse caso, eu adoraria ir. – Ela respondeu ao jogo dele, se aproximando também. – Vou ganhar os ingressos?
  – Eu estou te convidando, não te faria pagar. – Ele sorriu sapecamente, passando a mão pela cintura dela. – Você ficou linda nesse vestido.
  – Rebecca me fez usar. – Ela riu levemente.
  – Parker? – Ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
  – Aham. – Respondeu a garota, num tom de: vamos falar disso depois, você sabe o que eu quero agora. John assentiu com a cabeça, e passou o braço pelo seu pescoço. Quando a distância entre os dois já era mínima, ela ouviu uma sequência de batidas fortes na porta, vindas do lado de dentro.
  Eles se afastaram, John rindo e revirando os olhos.
  – Já entendi o recado, pai. – Ela resmungou alto. – Ok, nos vemos depois?
  – Claro. Vamos almoçar amanhã. – Ele sorriu, e se despediu com um beijo na bochecha da garota.
   sorriu e entrou, mas ficou olhando pela janela todo o caminho feito por John, até não ver mais seu carro ali. Quando isso se tornou possível, ela se virou e viu seu pai lendo o jornal calmamente sentado no sofá.
  – Eu não tenho mais 15 anos, ok? – Ela passou por ele.
  – Na minha varanda não. – Ele respondeu, sem levantar os olhos. – E eu sempre tive vontade de fazer isso.
   não resistiu. Soltou uma gargalhada e disse boa noite, subindo a escadas até o seu quarto. Estava cansada demais para um telefonema com Rebecca, sabia que se as duas começassem a falar, não parariam por pelo menos uma hora. Mandou uma mensagem dizendo que elas se falariam amanhã, e que tudo havia sido ótimo. Após retirar toda a maquiagem que usava, caiu na cama agradecendo que o dia seguinte era um sábado.

  Na última semana, a rotina de basicamente era: a maioria das refeições com seu pai, e seu tempo livre intercalado entre cama, John e Rebecca. Mesmo que, depois do constrangimento inicial, nenhum dos dois se atreveu a dar aquele passo novamente. De qualquer maneira, sempre aparecia alguém prestes a interromper, quando as coisas tomavam aquele rumo.
  Os três até chegaram a sair juntos algumas vezes, mas não era como antes. Mesmo assim, aproveitava cada minuto, em duas semanas estaria de volta aos estudos.
  Coisa que ela deveria estar praticando nas férias, mas a garota tinha esse costume de deixar tudo para última hora.
  Nessa linda manhã de quinta-feira, ela andava sem rumo pelo parque, enquanto John não chegava. Ele disse que tinha uma surpresa e não entrou em detalhes, deixando mais do que curiosa. Ela já estava ali há quase dez minutos, e nem sinal do garoto. Para passar o tempo, resolveu ligar para Rebecca.
  Depois de alguns resmungos da parte de , dizendo que estava entediada esperando John, elas começaram a conversar mais animadamente. Tudo gerava algum assunto. Mas o tema mais debatido foi quando mencionou que John faria um show nesse fim de semana e ele tinha soltado algumas indiretas sobre ingressos.
  – Acredite. – riu.
  – Own cara, que SORTE! Eu sou amiga dele também, por que não ganhei nenhum ingresso? – Becca estava indignada.
  – Talvez eu ganhe dois, e é bom que você vá mesmo comigo viu? Seria tortura ir sozinha.
  – Como é que você não gosta da música deles? – Ela perguntou. – Eles são demais em todos os sentidos.
  – Sabe que eu amo música. De qualidade.
  – Ai, que maldade, ! – Becca riu. – O que o John diz sobre isso?
  – É o pior de tudo: ele não sabe. Eu disse que gostava.
  – Por quê?
  – Ah, queria que eu dissesse o quê? “Hey John, bom te rever! A propósito, sua música é uma droga”. Não rola, poxa. – deu de ombros, soltando uma leve risada.
  – Mesmo assim, não devia ter mentido.
  – Sei lá, só acho que... bem, tem certas coisas que as pessoas não precisam saber.
  – E tem coisas que elas precisam. – Disse uma voz grave atrás de .
  – Bex, te ligo depois. – Disse , sentindo seu sangue gelar. Ela conhecia muito bem aquela voz. – John!
  Ele nada respondeu, apenas continuou sério, com as sobrancelhas levantadas e os braços cruzados.
   queria pedir desculpa, mas seu orgulho também não deixava. Os dois ficaram em silêncio se encarando, até que John suspirou e disse:
  – Sabe, parece que a Inglaterra fez bem pra você. Você acabou tornando-se uma daquelas garotas grã-finas metidas a besta.
  – Essas são as francesas. – Ela resmungou, de maneira quase inaudível. – Escuta, John...
  – Não, escuta você: já cansei de gente vindo atrás de mim com mentiras e segundas intenções. Quando finalmente eu reencontro a garota que era minha melhor amiga, pensei que, talvez, por uma vez em muito tempo, eu tivesse alguém que eu realmente pudesse confiar. Mas acho que eu me enganei. De novo.
  – Ai John, eu também não sou obrigada a gostar de tudo o que você faz, né? – Ela rebateu. – Ok, talvez eu não devesse ter sido tão exagerada enquanto estava falando com...
  – Não é disso que eu estou falando! – Ele interrompeu. – Ok, é, mas é pior. , há quanto tempo a gente se conhece? E você tem coragem de mentir pra mim sobre uma coisa dessas? Cara, era só ter dito que não gostava!
  – Eu queria, mas... – Ela hesitou.
  – Mas o quê? – Ele cruzou os braços. “Mas eu gosto demais de você para te decepcionar por um motivo tão bobo” ela queria dizer. As palavras ficaram apenas entaladas na garganta. – Quer saber? Esquece tudo isso. E aproveita e me esquece também. – Disse ele, jogando no chão um embrulho que ele tinha trazido para ela e indo embora, sem virar pra trás.
   se agachou e pegou o embrulho, deixando as lágrimas escorrerem. Estava chocada demais e furiosa consigo mesma para tentar correr atrás de John e argumentar melhor.
  Ao abrir, se sentiu mais culpada ainda. Dois ingressos, os dois melhores lugares, e ainda duas entradas Vips, que a dava acesso ao camarim e a after party que teria depois. E um bilhete do John, que havia escrito: de que adianta fazer um show se você não estiver lá? Sinta-se à vontade para levar Rebecca.
   foi até seu carro, era hora de voltar pra casa. Assim que entrou, apoiou a cabeça no volante e pensou: céus, que merda eu acabei de fazer?

Chapter 5

  A garota passou os próximos dois dias numa completa fossa. Não tinha vontade para fazer absolutamente nada. As únicas horas que era saía do quarto, era pra pegar mais sorvete no freezer, que ficava no andar de baixo. Enquanto ela ouvia Adele repetidas vezes (nada como uma música triste para quem está de fossa) e pensava nas possibilidades de comprar um frigobar pela internet e colocar no seu quarto, evitando todo o trabalho de desce-sobe escadas, sua porta foi aberta de maneira violenta.
  – Não acredito. – Disse Becca, tirando seus óculos de sol. – Há quantos dias você não tira esse pijama?
  – Sai. – resmungou, afundando o rosto no travesseiro.
  – Não acredito que está assim pelo John. – A garota sentou-se na cama, agora tinha a voz mais amável. – ...
  – Becca, eu só quero assistir mais e mais episódios seguidos de friends e comer sorvete, ok? Não estou com clima pra sair.
  – E quando seu sorvete acabar? Vai ter que sair de casa pra comprar mais.
  – Eu ligo pra uma sorveteria com delivery. – deu de ombros. – Deve existir alguma.
  Rebecca foi até a mesa ao lado do closet, onde estavam alguns papéis e os ingressos.
  – . Isso – ela levantou os dois ingressos – é hoje à noite. Tem certeza de que não vai?
  – Tenho. – Ela deu de ombros. – O John deixou bem claro que não quer me ver mais.
  – Tenha algum amor próprio! – Becca exclamou. – Se ele não quisesse ver você, ele teria levado os ingressos de volta! Vai, ele já esfriou a cabeça. É uma chance de conversar com ele.
   não respondeu.
  – . – Rebecca se aproximou, sentando de pernas cruzadas ao lado da garota deitada sem vontade de viver. – Vocês foram amigos por muito tempo. E continuam como se os sete anos que passaram fossem apenas sete dias. Não deixe que uma besteira estrague tudo.
  – Mas eu já estraguei tudo! – Ela exclamou.
  – Não completamente. – Rebecca sorriu. – Você já tentou pedir desculpas? – não respondeu, apenas olhou pro chão. – Foi o que eu pensei. Converse com ele; depois do show eles sempre vão pro camarim antes da after party. Vamos lá, eu vou com você.
  – Mesmo?
  – Mesmo. Acha que eu sou louca de desperdiçar um ingresso num show que eu vou ficar de cara com o maines? Ok, eu já fico quase todo dia, mas é um show! – riu. Assentiu e não reclamou quando Rebecca fez questão de escolher as roupas. O closet de estava tão lotado que Bex disse que precisava usar alguma coisa diferente. apenas riu, se sentindo melhor. Talvez ela estivesse certo, não tinha estragado tudo completamente.

  O lugar estava cheio. Muita fãs histéricas, de todos os lugares, haviam comparecido para assistir. sentia falta dessa atmosfera, fazia milênios que ela não ia num show decente. Depois da banda de abertura, a The Maine entrou, sendo liderada pelo próprio O’Callaghan. O estomago de embrulhou no momento que colocou os olhos nele.
  Sua reação? Se John estava surpreso, enraivecido ou decepcionado? A garota não sabia. Ficou olhando para os seus sapatos por quase cinco minutos, até ter coragem de olhar para cima. Ela estava de frente para toda a banda.
  Eles cumprimentaram o público e começaram a tocar uma música, que não sabia identificar, mas que aparentemente Rebecca e o resto do povo conhecia. E gostava.
  A garota começou por Kennedy. De todos, era um dos que mais havia gostado. Nas outras vezes que haviam saído, ele era com quem ela mais conversava. Ele não prestava muita atenção, mas assim que olhou para ela, deu um leve sorriso lateral, mostrando que não estava com raiva. Não estava necessariamente tudo bem, mas também nem tudo tão mal quanto ela pensou. Jared teve a mesma reação. Garrett foi mais simpático, ele deu um sorriso inteiro, com direito a uma piscadela. As fãs ficaram histéricas, e pode ouvir alguma garotas atrás dela brigando para ver quem havia recebido a piscadela, e não pode deixar de rir. Ao olhar para Pat, ela se sentiu muito melhor. Nada como o sorriso do Pat para causar melhorias em alguém que está nervoso.
  Finalmente, criou coragem e olhou fixamente para o John. Como se soubesse que elas estavam ali, ele evitava aquele lado do palco. Quando passava por ali, olhava pra ela sem demora, como se fosse apenas uma entre muitas fãs. Isso fez as lágrimas ameaçarem volta, se tem algo pior do que o ódio, certamente era a indiferença.

  Depois de umas dez músicas, não aguentava mais. Doía demais ver seu melhor amigo e mais, o cara que ela tinha certeza de que tinha algum sentimento além desse, não se dava ao trabalho de sequer olhar pra ela. Ela se preparava para dizer a Rebecca que iria voltar pra casa antes do fim do show, quando John pegou o microfone e anunciou:
  – Acho que a maioria aqui conhece nossa próxima música. – Ele sorriu. – É uma das antigas, e eu queria dedicá-la para alguém que está aqui. Não vou entrar em detalhes, mas a pessoa vai entender. – Ele deu uma piscadela para o fundo do público, e os primeiros acordes começaram. não sabia que música era, ou pra quem, mas aparentemente Rebecca havia entendido. E pulava feito uma doida, dizendo para :
  – Eu não disse? Eu não disse? Ele gosta de você!
   fez cara de confusa, mas não respondeu nada, nesse momento John começou a cantar, e dessa vez ela resolveu prestar atenção. Pelo começo não podia se dizer nada, mas logo ele chegou no verso “she wears red when she is feeling hot” e deu uma risadinha típica. Talvez fosse só o que ela queria pensar, mas...
  Ela riu novamente com o she makes me feel like shit e John direcionou o olhar pela primeira vez, de maneira terna, quando disse que ela era e evereything he asks for... and so much more.
  Dava para notar a confusão entre as fãs. Todas queria cantar a música e, ao mesmo tempo, saber quem era a sortuda que fazia o John tomar uma atitude dessas.
  Ele voltou ao que era, olhando para ela fixamente enquanto cantava she loves music but she hates my band, e corou. Pediu desculpa com os lábios e John abriu um meio sorriso. Com isso, ela já estava muito melhor. Não deixou de rir quando notou que vestia uma saia Prada naquele exato momento. E incrível como ele lembrava, o que ela mais reclamava quando eram menores era o hábito irritante de pessoas que estavam sempre “segurando as mãos”.
  Ela se esforçou para manter o olhar impassível, principalmente no verso “fist fight turn into sex”. O sorriso sapeca que John mostrou, permaneceu até o fim da música. Quando acabou, o show seguiu em frente normalmente. Nenhuma indireta, nenhum sorriso a mais. Mas, bem, a sensação já era completamente outra.
  Diferente de todos ali, não via a hora de acabar. Tinha algumas coisas para resolver.

   encarava a porta do camarim, paralisada. Apenas criando coragem para abri-la. Sabia o que encontraria lá dentro, tinha visto Rebecca se livrar dos outros quatro. Apenas um esperava do outro lado da porta.
  Ela respirou fundo e abriu, se deparando com um corpo longo e magrelo esparramado no sofá, que nem fez questão de levantar a cabeça.
  – música, por sinal. – Disse ela, assustando-o. John usava fones de ouvidos, por isso não havia notado que alguém havia entrado. Ou saído, já que ele procurou pelo local os outros integrantes.
  – Uma bela garota me inspirou a cantá-la hoje à noite. – Ele sorriu, sentando-se, e fazendo sinal para que ela se sentasse também. – Me pergunto o que ela achou.
  – Não tenho certeza, mas ela deve ter gostado. – sorriu, aproximando-se.
  – Eu esperava que ela me desculpasse. Sabe, saímos um dia desses e eu posso ter dito algumas coisas que não deveria.
  – Ah, eu tenho certeza que ela desculpa. Aliás, ela quem pede desculpas. Talvez se ela tivesse sido honesta logo de cara...
  Ele sorriu, se aproximando mais.
  – Pode parar de falar na terceira pessoa. – Ele riu. – Eu realmente fico feliz que você tenha vindo hoje.
  – Quer dizer que eu estou desculpada? – mordeu o lábio inferior.
  – Bem mais que isso. – Ele passou a mão pelos cabelos dela. – Mas não significa que eu quero que tudo volte a ser como era antes.
  A expressão dela era confusa.
  – Boba. – Ele riu. – Preciso explicar tudo por aqui? – Ele colocou a mão na nuca, fazendo rir.
  – Sabe, eu vejo sim, muitas coisas em você. Mais do que eu estou permitida a falar nesse momento.
  – Você adora me deixar nessa curiosidade né?
  – Você nem imagina o quanto. – Ela sorriu, se aproximando.
  E, antes que alguém pudesse interromper, eles se beijaram. E pela primeira vez, nunca esteve tão certa de que ali era sua casa.
  E nada a tiraria dali novamente.

Fim



Comentários da autora


  só pra constar, eu amo The Maine, ok? Tenho eargasms com o John cantando adhghasdhlsdlasd e cara, eu demorei décadas nessa fic, pq qnd eu vi que tinha tirado a Bela... fiquei mega nervosa, tinha que fazer alguma coisa decente pra uma autora foda como ela! Então, é isso (: Bela, se você gostar eu fico muito feliz, se você não gostar... bem, eu tentei kkkkkkkkkkk e isso foi o que saiu *-* ok, é só isso mesmo (: