Holiday Inn 2

Escrito por Zã Nogueira | Revisado por Luma de Souza

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Capítulo 1

  Por um momento, esperava que a França tivesse cheiro de cappuccino e croissant, mas assim que desembarquei lá, notei que ela tinha o mesmo cheiro de todas as cidades grandes que já tinha conhecido. O visual, porém, nunca havia visto nada como Paris. Com a cabeça contra o vidro, notava porque ela era chamada de Cidade Luz, enquanto tudo parecia surreal lá fora.
  No balcão de check-in, a atendente fez minha entrada, com um forte sotaque francês em seu inglês duvidoso. Porém, ela sabia bem mais de inglês do que eu da língua dela, então fui paciente. O hotel era um antigo casarão tradicional reformado, muito grande e próximo do Arco do Triunfo, podia vê-lo da janela do quarto. Eu e John ficaríamos ali somente por três noites, dia dos namorados não era exatamente um feriado, então teria que voltar ao trabalho na segunda-feira.
  - Hm, John O?Callaghan chegará logo, ele... Está comigo - Disse em dúvida sobre como falar dele. Nós não éramos namorados, apesar de sermos super íntimos e considerá-lo meu melhor amigo, nosso relacionamento era estritamente à distância. A única vez que havíamos nos visto tinha sido a primeira, em Nova York, meses atrás. Também não queria chamá-lo de acompanhante, caso ela acreditasse que eu era uma prostituta de luxo. Ela sorriu para mim, com certeza deveria achar que eu era uma puta. Eu sorri de volta e caminhei até o elevador.
  Entrei em nosso quarto, uma garrafa de champanhe no gelo e morangos cobertos de chocolate em uma bandeja de prata, com um cartão onde se lia Bonne Saint Valentin. Fazia quase uma semana que não falava com John, o que era estranho já que nos falamos quase que diariamente, mas ele foi para o Canadá fazer uma turnê curta por lá e viria direto para cá. Decidi tomar um banho e me preparar para a noite. Sequei os cabelos e tirei o roupão, colocando a lingerie estrategicamente comprada para aquele dia em uma Victoria?s Secret de Los Angeles. Deitei na cama, ligando a tevê, todos os canais em francês, exceto a CNN News US, que obviamente era em inglês. Fiquei vendo notícias sobre a bolsa de valores, a alta nos alugueis e a corrida presidencial, até sentir minhas pálpebras ficarem cansadas.

  Quando abri os olhos, voltei a fechá-los, a claridade me incomodava. Claridade? Pisquei algumas vezes e olhei para fora. Era dia claro. A cama continuava arrumada, eu continuava de lingerie e na CNN ainda se falava de dinheiro. O relógio no canto da tela indicava um horário que não condizia com a luz solar, então me lembrei do fuso. Olhando para o relógio em meu criado mudo, vi que eram dez da manhã em Paris. Não havia nenhum sinal de John no quarto, nenhuma mala. Peguei o telefone e deixei tocar, até que fosse atendido na recepção.
  - Bonjour - A voz simpática cantarolou do outro lá.
  - Ah, bonjour - Eu disse sem pensar - John não deu entrada?
  - Não, mademoiselle.
  - Certo, ele deve ter perdido o voo. Obrigada.

  Fiquei sentada no quarto, pensando porque diabos John não estava ali, me perguntando se ele estaria bem, se algo havia acontecido. Esperei pacientemente, mas quando o relógio indicava uma da tarde, meu estomago não queria mais esperar. Inicialmente, ataquei os morangos na bandeja ao lado do champanhe agora quente. Não satisfeita com alguns morangos, tirei a lingerie estrategicamente preparada e vesti minhas roupas.
  - Boa tarde - Eu disse tentando parecer o mais simpática possível e não dormi-sozinha-no-dia-dos-namorados-em-Paris - Você pode me indicar um restaurante aqui perto?
  - Mimosa, aqui mesmo nessa rua, indo à esquerda, número 37 - A atendente falou.
  - Ah, obrigada. Se John aparecer, você pode avisar que estou lá?
  - Claro - Ela sorriu com os olhos caídos. Conhecia aquele olhar, era pena. Provavelmente ela não tinha dormido sozinha na noite passada.

  John não apareceu no sábado. Nem no domingo. Ao invés de ficar me lamentando vendo filmes dramáticos em meu quarto (não fazia ideia do que eles estavam falando, na verdade, mas tudo parece mais dramático em francês), fui às compras e comi tudo o que tive vontade. No domingo, com a mala mais cheia, me despedi do Holiday Inn e de Paris, voltando para Los Angeles.
  Segunda - feira, na minha sala, meu humor era o mesmo de, hm, deixe me ver, ah, o mesmo de uma garota que havia atravessado o Atlântico para ficar com esse garoto que parecia ser em incrível, em Paris, na droga do dia dos namorados e passou a noite ouvindo sobre o mercado financeiro.
  - Esperava uma carinha mais feliz de alguém que acabou de voltar de um fim de semana de luxuria e amor na cidade luz - , uma das minhas melhores amigas e companheira de trabalho disse, ao se aproximar de mim na máquina de café - Jet lag?
  - Antes fosse - Eu disse, enchendo pela quarta vez minha caneca de café - Ele não apareceu.
  - Mentira! - Ela me seguiu até minha sala, com a mão no peito e uma careta no rosto - Ele deu alguma explicação?
  - Nenhuma. Só sei que ele está vivo porque chequei o Twitter antes de vir para cá, um dos seus colegas de banda falou algo sobre estar em casa. - Me afundei em minha cadeira enquanto revia a primeira opção de capa para um best-seller juvenil. Algo sobre uma menina que se apaixona pelo vizinho Rockstar, completa bobagem sobre amor que enfiamos na cabeça de jovens mulheres - Para falar a verdade, não quero mais nada com aquele - Pensei no xingamento mais sujo que poderia dirigir a John - Magrelo.
  - Uuuh, posso sentir a sua raiva - zombou de mim, levantando da cadeira - Tenho que ir, tenho que terminar essa revisão para hoje. Caso o magrelo ligue, me avise.
  - Se ele ligar, não irei atender - Mal completei a frase e meu celular tocou. O nome de John estava na tela que se acendia e apagava ao som de ?Into Your Arms?. Sem hesitar, apertei o botão para ignorar a chamada - É ele.
  - O que vai fazer?
  - Nesse momento? Trocar esse ringtone maldito e depois deixar essa coisa desligada. Seja lá o que ele tem pra falar, não me interessa ouvir, não agora.

Capítulo 2

  O dia chegou ao fim e só fui me lembrar de John quando cheguei em casa e me deparei com minha mala ainda fechada na sala. Suspirei pesadamente e larguei minha bolsa no sofá. Não estava no clima para aquilo. Fiz de tudo para manter minha cabeça ocupada, mas eventualmente ela voltava para Paris, ou pior, para Nova York. Eu sentia uma coisa no peito, não tinha muita certeza do que era. Vontade de gritar, de xingar John, de socá-lo até a morte lenta e dolorosamente. Exceto que para isso, teria que encontrá-lo, e não queria fazê-lo, não mesmo. Resolvi focar no trabalho, era a melhor saída. Meu notebook estava na bancada da cozinha, onde eu o havia deixado antes de sair de casa. Abri meu e-mail e vi que tinha três mensagens novas: uma relacionada com o trabalho, uma da Urban Outfitters e um de John. O primeiro e-mail dele, enviado na sexta-feira, uma hora antes de eu sair de casa para ir para o aeroporto, tinha como assunto ?Paris?. Respirei fundo e selecionei o e-mail, o mandando direto para a lixeira. Se John queria se desculpar, teria que fazer melhor que aquilo.

  Quinta - feira, a semana tinha passado num piscar de olhos com essa minha tática de trabalhar muito e pensar pouco. Pela primeira vez em meses, estava adiantada nas minhas leituras para o trabalho e podia enfim ler alguns livros não relacionados ao trabalho. e eu saímos para almoçar e eu a contei do e-mail.
  - , o cara está no Arizona, como você quer que ele se desculpe?
  - , nem que ele tivesse me dado um bolo aqui mesmo, num dia qualquer, eu aceitaria desculpas via e-mail. E eu não devo te lembrar de que não foi um dia qualquer e muito menos numa cidade qualquer.
  - Se você não atende as ligações dele, como ele pode tentar arrumar as coisas?
  - De que lado você está? - Eu disse, jogando uma bolinha feita com um guardanapo.
  - Do lado vamos-garantir-que-aquele-bonitão-vire-seu-namorado. Ou quem sabe do lado eu-sei-que-você-está-louca-por-ele.
  - Eu posso achar outro bonitão...
  - Ah - Ela deu uma risada - Boa sorte com isso. O mercado está em falta com bonitões heterossexuais solteiros, mas é claro, você pode tentar.

  Caminhamos de volta para o prédio da Random House e fomos para nossas respectivas salas. Fiquei encarando meu celular, pensando se deveria ou não falar com John.
  - Certo - Falei sozinha - A próxima vez que ele ligar, eu vou atender.
  Porém, naquele dia, ele não me ligou. Quem sabe cansado de ser ignorado. Eu tentei não dar bola, era ele quem estava perdendo.
  Sexta-feira, saindo do trabalho às seis da tarde e meu telefone toca. Ainda estou com o carro estacionado, então atendo.
  - Alô?
  - ? - Há um misto de alegria e surpresa na voz de John, ele não esperava ser atendido.
  - Isso.
  - Eu ?tô tentando falar com você há algum tempo, mas perdi meu celular no Canadá e depois tivemos um probleminha na fronteira. Sinto muito por Paris, mas você leu meu e-mail? Conseguiu remarcar?
  - Na verdade, só vi que você tinha me mandado e-mails na segunda-feira, quando voltei de Paris.
  Silêncio.
  - Você... Você foi a Paris?
  - Sim.
  - Nossa, , eu... Eu sinto muito... Achei que... Sinto muito. Eu tentei te ligar do telefone do Tim, mas seu celular estava desligado e depois ele dava fora de área. Se eu pudesse... Sinto muito.
  - Eu também sinto.
  - Me deixe compensar isso, por favor.
  - Qual o seu plano? - Falei sem acreditar no que estava dizendo. Estava dando outra chance a ele.
  - Teremos o domingo de folga, você não quer vir até aqui, conhecer os meus amigos e me deixar tentar consertar as coisas? Diga que sim e eu compro as passagens agora mesmo.
  - Onde você está agora?
  - Dallas. Temos um show aqui essa noite e sábado temos um show em Oklahoma. Você pode ir direto pra lá, vou te buscar no aeroporto - Ele falou e eu respirei fundo.
  - Certo. - Eu disse - Mas essa é sua única chance, John.
  - Obrigado - Ele disse - Vou comprar as passagens agora e te mando os dados por e-mail. Mal posso esperar para te ver.
  - Combinado então - Eu disse - Tenho que ir.
  - Ah, tudo bem. Tchau.
  - Tchau.

  Liguei o rádio, cantarolando alguma música pop no longo trajeto até minha casa, fazendo mentalmente uma lista das coisas que precisaria levar para Oklahoma. Quem sabe tivesse espaço na mala para aquele lingerie, no fim das contas.

  Sábado, cinco e meia da manhã e eu embarquei no voo que me levaria até Oklahoma. Quase seis horas de viagem, aproveitei para dormir e ler mais um pouco. Onze da manhã quando estava na área de desembarque e nada de John. Liguei meu celular e disquei o número dele. Ocupado. Ele só podia estar brincando comigo. Logo meu aparelho começou a tocar, era ele.
  - Oi - Disse com a voz cansada.
  - Onde você está?
  - Então, eu tive um probleminha.
  - Você tem vários desses, né?
  - Nós estávamos indo para Oklahoma, mas saímos um pouco da rota e agora alguma coisa na van não está bem, ela quebrou. Levamos ao mecânico e ele disse que tem conserto, mas só amanhã ficará pronta.
  - Você entende que essa era a sua última chance, não é?
  - Sim, por isso eu gostaria que você viesse até aqui. Você poderia alugar um carro ai no aeroporto e dirigir até aqui, são só três horas. Eu te reembolso.
  - Certo, mas vou alugar o mais caro disponível.
  - Parece justo - Ele riu - Então você vem?
  - Já estou aqui né? E três horas numa Ferrari devem passar rápido.
  - Eles não têm Ferraris para alugar, tem? - Ele falou com leve pânico na voz.
  - Vamos descobrir em breve - Disse divertida - Quando já estiver com o carro, te ligo para saber as coordenadas.
  - Tudo bem - Ele disse - Tchau.
  - Tchau.
  Caminhei até o balcão da empresa de aluguel, pensando que era bom John me recompensar por aquilo tudo.

  - Certo - Disse assim que John atendeu - GPS ligado, onde você está?
  - Paris.
  - Como?
  - O nome da cidade é Paris. Aqui no Texas.
  - Você só pode estar brincando comigo.
  - Eu juro que não.
  - Certo, te ligo quando chegar ai.
  - Vou esperar. Devo procurar por uma Ferrari?
  - Tchau - Desliguei cantarolando e rindo, ele ia desejar que aquelas três horas passassem rápido.

Capítulo 3

  Três horas e quarenta dirigindo um confortável Hyunday i30 e avistei a torre Eiffel. Uma réplica de vinte metros, com um gigante chapéu de vaqueiro vermelho em seu topo. A coisa mais ridícula que tinha visto na vida. Estacionei e liguei para John, que me deu o endereço de onde ele estava. Virei à esquina quando o GPS me disse para fazê-lo e parei na frente do hotel onde ele e seus amigos estavam hospedados. Um maldito Holiday Inn, naquela cidade minúscula.
  Entrei no hotel, John estava sentado em um sofá na recepção, vendo a reprise de um seriado na tevê, com mais dois caras. Ele olhou para mim antes que eu chegasse até ele e me deu um sorriso fofo. Levantou-se e veio até mim a passos largos. A distância parecia ser quilométrica, eu não sabia direito o que fazer quando nos encontrássemos, deveria abraçá-lo ou apenas acenar? John respondeu minhas dúvidas, ao imediatamente colar os lábios aos meus. Eu tinha sentido falta daquilo, do seu cheiro, do seu gosto, do jeito que meus dedos passavam pelo seu cabelo, de como ele me segurava.

  Nos separamos somente para respirar. A mão dele ainda estava na minha e eu olhei sobre o ombro dele, reparando que os dois garotos que estavam sentados com ele agora caminhavam em nossa direção.
  - Oi - Um garoto de cabelos cumpridos acenou sorrindo.
  - Esse é Pat - John disse e eu coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, somente por não saber o que fazer com a minha outra mão - E esse é o Garrett.
  - Olá - Eu disse, olhando para os dois.
  - Nós meio que devemos desculpas a você - Garrett disse, com as mãos no bolso do jeans - Somos o motivo pelo qual John não pode sair do Canadá. Aparentemente, se você andar de skate só de cuecas e depois tomar banho numa fonte, pode ser preso e você só pode atravessar a fronteira depois de 48 horas de ter sido fichado, sabia?
  - Não - Eu disse, segurando o riso.
  - Nós também não sabíamos - Pat disse - Desculpe.
  - Tudo bem. Ouvi dizer que serei altamente recompensada nesse fim de semana.
  - Falando nisso, você quer deixar suas coisas no quarto? Quem sabe dar uma relaxada, foi uma longa viagem - Tentei não corar com os olhares sobre mim depois da proposta de John e seu sorriso cheio de segundas intenções.
  - Ah, pode ser - Disse, tentando parecer despreocupada.
  - Então, acho que nos vemos mais tarde. Uma droga que o show tenha que ser transferido, mas pelo menos estamos em Paris! - Garrett sorriu - Quem sabe a gente acha um Moulin Rouge texano?

  - Parece uma boa ideia, me liguem caso vocês encontrem - John riu e me puxou levemente pela mão, me levando na direção do elevador. Acenei para os garotos e o acompanhei, enquanto ele carregava minha mala.
  Entramos no quarto e ele nem ao menos esperou a porta terminar de fechar para me beijar, me segurando com tanta vontade que eu sabia que hematomas surgiriam naqueles lugares, mas não me importava e o beijava de volta com o mesmo entusiasmo enquanto meus dedos se perdiam em seu cabelo.
  - Eu realmente - Tentei falar ofegantemente entre beijos - Preciso de um banho.
  - Sem problemas - Ele se afastou de mim, somente para arrancar a própria camisa e me pegar pelas pernas, me puxando contra o seu corpo e me levantando, o suficiente para que eu passasse as pernas pela sua cintura e pudesse ser levada até o banheiro. Chegando lá, voltei ao chão e John tirou sua calça enquanto eu tirava as minhas e depois ele tirou minha blusa, exclamando um quase não audível ?wow? a me ver só de lingerie. Sorri pensando em qual seria a reação dele ao ver aquele conjunto especial para mais tarde, mas resolvi não me precipitar pensando no futuro e me concentrar no presente bem ali na minha frente e usando nada mais do que cuecas pretas. E que presente. Senti os lábios macios de John no meu colo, contornando o sutiã e subindo, em direção a minha boca. Sem muitas dificuldades, ele abriu o sutiã e começou a puxar minha calcinha. Nos separamos por poucos instantes, somente para nos livrarmos daquele excesso de roupas e caminhamos lentamente para debaixo do chuveiro. John girou o registro e de inicio, parecia sentir cada gota de água caindo sobre minha pele, como se cada célula do meu corpo estivesse vibrando. Me senti entorpecida, não conseguia manter os olhos abertos, muito menos meu corpo distante de John. Ele parecia sentir o mesmo, me pressionando cada vez mais contra a parede fria do banheiro, enquanto a água escorria pelos seus ombros.

Capítulo 4

  Secava meus cabelos olhando da janela do quarto um vasto campo de algodões. Nunca tinha visto nada como aquilo na vida, então fiquei por algum tempo observando aquela imensidão branca.
  - Porque você está vestida? - John me assustou ao me abraçar pelas costas e falar com a boca próxima da minha nuca. Me virei, deixando a toalha no parapeito da janela. Ele estava usando apenas o roupão do hotel, que estava amarrado de qualquer jeito, deixando boa parte do peito à mostra - Tinha planos para essa cama - Ele falou, indicando o móvel com a cabeça.
  Sorri já estando com os lábios colados aos dele, minhas mãos entrelaçadas na nuca do garoto, sentindo sua mão entrando em minha blusa, quando o celular dele começou a tocar.
  - Desculpe - Ele disse - Tenho que atender.
  - Tudo bem - Eu falei, enquanto ele caminhava até o aparelho largado no criado mudo.
  - Melhor ser importante - John disse ao atender - Não são nem cinco da tarde! - Ele disse e eu parei de prestar atenção, entrando no banheiro para secar meu cabelo decentemente.
  Voltei para o quarto com os cabelos já secos. John estava vestido, sentado na cama e sorriu ao me ver.
  - O que foi?
  - Garrett. Não achou um Moulin Rouge, mas achou um Applebee?s. Pensei que talvez pudéssemos sair, beber um pouco e voltar mais tarde - Ele esticou a mão, me puxando para sentar em seu colo - Então nós podemos continuar de onde paramos.
  - Parece um bom plano...
  - Se você não quiser ir, tudo bem - Ele disse, me beijando no ombro em seguida - Eu não vou reclamar de ficar nesse quarto com você até o horário de sairmos dessa cidade - Eu ri, o derrubando na cama e me ajeitando em cima dele.
  - Vai ser bom socializar um pouco com seus amigos, mesmo porque preciso me recuperar do round anterior - Beijei seus lábios e me levantei, enfiando meus pés em minhas botas DM.
  Ele também levantou e de mãos dadas fomos andando até o Applebee?s, que ficava algumas ruas de distância do hotel.
  Os dois garotos que eu conhecia estavam na mesa com mais alguns que ainda eram rostos desconhecidos para mim. Depois das devidas apresentações e várias piadinhas pela hesitação de John antes de falar meu nome, provavelmente por não saber como me apresentar, afinal, éramos mais do que amigos, mas não tínhamos certeza do que exatamente éramos.
  Depois de muita cerveja, frango empanado e conversa fora, eu era um dos garotos. Eles me desafiavam em competições de bebida, contavam piadas que só tinham graça depois da décima cerveja, falavam palavrão e me chamavam de ?man?. Voltamos ao hotel fazendo baderna e agradecendo por estarmos em Paris, Texas, onde ninguém fazia ideia de quem eles eram e não davam a mínima, só queriam que calássemos a boca.
  - Eu não quero ir pra cadeia de novo! - Pat gritou, antes de sair correndo quando um carro passou por nós.
  Precisamos parar para rir ao ver que ele não ia parar de correr até chegar ao hotel. Levamos quase meia hora para fazer o caminho que não levaria mais de dez minutos, mas finalmente estávamos de volta. Saímos do elevador em nosso andar, nos despedindo dos que ainda estavam por ali, entrando no nosso quarto ainda dando risadinhas.
  - Espero que você não esteja muito cansada.
  - Não mesmo - Disse arrancando minhas botas, pois sabia que se parasse, provavelmente a fadiga de oito horas de voo mais quase quatro dirigindo tomaria conta de mim - Vem aqui.
  Ele deu um sorriso torto, me beijando longamente. As suas mãos corriam pelo meu corpo, tirando minha roupa, me tocando com desejo. O frio em minha barriga não passava, contrastando com o calor de sua boca em minha pele e eu não queria que aquilo parasse. Felizmente, esse também era o desejo de John.

Capítulo 5

  - Bom dia! - Jared disse sorridente e eu tive que juntar todas as minhas forças para segurar o bocejo e sorrir de volta. Estávamos tomando café da manhã, mas meu corpo ainda não estava ciente de que eu não estava mais dormindo. Na verdade, eram oito da manhã, aquilo significava que havia dormido pouco mais do que duas horas naquela noite. A mão de John veio para a minha perna, acariciando-a, fazendo me lembrar do que havia me mantido acordada a noite toda.
  - John, você está péssimo, parece que um caminhão passou por cima de você! - Garrett disse rindo da cara do amigo.
  - Não foi bem um caminhão - Ele olhou para mim com um sorriso idiota no rosto - E a gente revezou.
  - John! - Eu o estapeei no ombro segurando o riso, diferentemente dos seus amigos que gargalhavam me deixando ainda mais tímida.
  - Eu vou ver se nossa van ficará pronta hoje, temos um show para tocar! - Tim disse levantando-se da mesa.
  - Hoje é nosso dia de folga - Kenny disse.
  - Ontem foi seu dia folga, se não reparou, remarquei o show para hoje. Espero que o velho Joe consiga um milagre. Fiquem perto de seus celulares e não vão para muito longe.
  - Estamos em Paris, Texas, Tim - Pat disse - Não temos para onde ir.
  - Certo - Ele acenou e se foi.
  - E o que os pombinhos vão fazer hoje? - Pat apoiou os cotovelos na mesa, encostando o queixo nas mãos entrelaçadas - Quem sabe um piquenique na sombra da Torre Eiffel? - Ele olhou de mim para John, e eu sorri, baixando o olhar meu prato, tão vazio quanto meu estomago.
  - Parece uma boa ideia - John falou, antes de puxar meu rosto delicadamente em direção ao dele e selas nossos lábios - Já volto.
  No momento em que ele saiu do aposento, todos os olhares se voltaram a mim e minha mente paranóica rapidamente pensou em mil coisas. Provavelmente eles me odiaram e só estavam disfarçando, mas agora que John não estava por perto, iriam dizer como realmente se sentiam. Era óbvio.
  - Então - Jared começou - Quando você vai se mudar para Phoenix?
  - Como? - Eu disse sem entender o que ele queria dizer.
  - Agora que você é do grupo, não pode sair - Kenny disse fazendo cara de mafioso.
  - Sem falar que Los Angeles é uma cidade superestimada - Garrett completou.
  - Hey - Protestei. LA não é superestimada.
  - Tanto faz - Ele rolou os olhos e riu - Sério agora - Garrett olhou sobre seu próprio ombro, como quem procura algo, mas aparentemente não encontrou, já que voltou a olhar para mim - John está muito feliz nesses últimos tempos. Muito. E digamos que fazia muito tempo desde que ele não ficava assim, então obrigado. Eu não sei como são as coisas entre vocês, mas não vamos reclamar se você quiser ficar por aqui.
  Eu sorri aliviada. Abri a boca para dizer que John também era importante para mim e que não pretendia ir a lugar nenhum, mas o próprio chegou, com dois sacos de papel nos braços.
  - Elas não tinham uma cesta, tive de improvisar - Eu não conseguia deixar de suspirar toda vez que via aquele sorriso em seu rosto - Pronta?

  Ficamos à sombra da torre e seu chapéu idiota, comendo frutas e outras coisinhas que John conseguira com seu charme das cozinheiras do hotel.
  Conversar com John era fácil, os assuntos vinham um atrás do outro, intercalados por risadas e beijos. Eu tinha certeza que poderia ficar ali para sempre e sentia que John não se importaria em me fazer companhia.
  Não fazíamos ideia de que horas eram quando o celular dele tocou nos trazendo de volta a realidade. Era hora de voltar.

  - Vocês têm quinze minutos para estarem de volta prontos ou a van vai sem vocês - Tim disse, quando todos estávamos no lobby do hotel.
  - Vou para Oklahoma com - John falou e Tim olhou para nossas mãos dadas e depois novamente para John.
  - Ok. Vocês têm quatro horas para chegarem ao Bricktown, não se atrasem.

  Voltamos ao quarto para pegarmos nossas coisas, mas John tinha outros planos.
  - John - Suspirei, tentando resistir aos beijos do garoto - Nós temos que ir...
  - Temos tempo e sou um ótimo motorista.
  Com seu argumento convincente, não que eu realmente precisasse de um, perdi todas as roupas que me cobriam em tempo recorde e tratamos de aproveitar os últimos momentos naquele hotel.
  Quarenta minutos mais tarde, estava sentada no banco ao lado de John quando cruzamos a placa que dizia ?Você está saindo de Paris, Texas. Volte sempre!?. Ele começou a cantarolar uma música que eu não conhecia, me fazendo sorrir.

Capítulo 6

  Três horas e cinquenta minutos depois, estávamos no Bricktown, local do show daquela noite. Nunca tinha visto os bastidores de um lugar como aquele e era bem menos glamouroso do que eu esperava. A banda estava toda em um quarto pequeno, com bebidas em uma caixa térmica vermelha e toalhas brancas em um móvel embaixo de um comprido espelho. Três sofás pequenos estavam espalhados, com os garotos sentados neles, Garrett era a única exceção, sentado na mesa no meio do aposento, com um notebook no colo.
  - Vocês chegaram! - Tim parecia realmente surpreso - Bom, bem na hora, vamos passar o som rapidamente.
  Todos caminharam em direção ao palco e como minha mão ainda estava grudada à de John, eu também fui, procurando ficar fora do caminho. Fiquei na lateral do palco, enquanto eles tocavam algumas músicas, que me deixaram empolgada por ouvi-las ao vivo pela primeira vez. John virou o pedestal, de forma que ficasse de frente para mim, enquanto cantava sorridentemente Into Your Arms (que provavelmente voltaria a ser meu ringtone). Eu não podia evitar sorrir de volta enquanto ele executava a canção, fazendo uns passos de dança fofos e toda vez que ele fechava os olhos, me fazia desejar que fôssemos só nós dois ali.
  Terminada a canção, voltamos ao camarim, pois o portão já ia abrir e logo depois eles tocariam o show propriamente dito. John sentou-se em um sofá, puxando-me para o seu colo.
  - Eu terei que ir daqui a pouco - Disse, brincando com a gola v da camisa dele.
  - Eu sei - Ele me beijou no ombro - Não acredito que você já tem que voltar para LA.
  - Você sabe que eu queria poder ficar, mas...
  - Tudo bem - Ele me interrompeu - Você tem seu trabalho, suas coisas, eu entendo.
  Ficamos em silêncio, como se não falar sobre o futuro fosse impedi-lo de acontecer.
  - Porque essas caras? - Kenny nos perguntou e logo toda a atenção estava em nós.
  - está indo embora.
  - Por quê? - Pat fez bico.
  - Tenho que voltar para Los Angeles. Trabalho e essas coisas.
  - Essa cidade está começando a me tirar do sério - Garrett disse sem tirar os olhos do computador.
  - Dez minutos, gente - Tim disse enfiando a cabeça dentro do camarim.
  Os meninos se levantaram e vieram se despedir de mim, pedindo que eu aparecesse logo. Eu desejei um bom show e eles se foram, me deixando com John. Eu olhava em seus olhos, prestando atenção em todos os detalhes do rosto dele, rosto que invadia meus sonhos sem pedir licença, rosto que eu queria olhar todo dia ao acordar. Cinco minutos. Eu não fazia ideia de quando veria John novamente e tudo o que tinha eram cinco minutos.
  - Estou perdoado por Paris?
  - Com certeza - Disse selando os lábios dele rapidamente.
  - Você sabia que temos 13 feriados por ano?
  - Sério?
  - E ainda temos nove por vir?
  - Isso quer dizer que você tem um plano?
  - O que você pretende fazer na Páscoa?
  - Provavelmente me empanturrar de chocolate sozinha fazendo uma maratona de alguma série de TV.
  - Ou pode participar da famosa caça aos ovos dos O?Callaghan.
  - Isso parece uma ideia bem melhor - Sorri.
  - Combinado então... Eu te ligo amanhã.
  - Certo - O beijei pela última vez.
  - Boa viagem.
  - Bom show - Eu falei antes de vê-lo sair do camarim e ouvir a multidão recebe-lo com gritos histéricos.
  Eu não fazia ideia de como faríamos isso funcionar, mas sabia que me arrependeria se não tentasse. Teria que esperar até a Páscoa, mas daríamos um jeito.

FIM



Comentários da autora


CABÔ. Haha, falando sério, eu to me divertindo muito com Holiday Inn e não to muito pronta pra dar tchau, não sei quanto a vocês. Então enquanto tiver criatividade, feriados e algumas de vocês lendo, eu não pretendo parar, o que vocês me dizem? Páscoa no Arizona, então? xo