Hipofonoglossia

Escrito por Bruna | Revisado por Lelen

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It won't heal, it never fades away, I'll think about you everyday
(Now you’re gone – Basshunter)

Prólogo

  {Música do capítulo: Light at the end of the tunnel - Cloud Cult}

  And everything from when I was very very young
  That I thought, did, said
  Everything I should have done
  Everything I didn't do
  I was so aware that the few good things I had done
  They were so few

  Ainda me lembro das palavras de minha mãe, como se estas houvessem sido soltas ontem:
  - Beba água.
  E eu obedeci. Enchi um copo de água e engoli tudo em um só gole. Passou. Eu repeti isso por duas semanas, até uma tarde ensolarada de sábado. A partir daí, os dezesseis copos de água não haviam adiantado.

Flashback on

  Entrei no chuveiro e demorei trinta minutos tomando banho. Depois passei creme por todo o meu corpo, maquiei-me mais que o necessário, enchi-me de joias e pus meu vestido. Eu tinha uma festa hoje, onde eu provavelmente ficaria com um dos caras mais populares do colégio. Seu nome era John e este exibia-se cada dia com uma garota diferente, desfilando seus 180 centímetros, seus ombros largos e seu sorriso encantador, causando inveja em todos os outros garotos do terceiro ano, até mesmo meu melhor amigo, . Esse havia me ligado possesso, querendo uma explicação para todos aqueles boatos:
  - , você não pode fazer isso! – respondeu ele, nervoso, quando eu confirmei que daria uns beijos no John.
  - Argh, , qual é o seu problema? Eu quero, ele quer! Até parece que se fosse Ashley você não aceitaria...
  - É diferente, ! – ops, sobrenome. Aquilo não era nada bom. – Eu sou apaixonado por ela desde a sétima série! Você sabe que o John é... Bom, ele é o John!
  - Não brinque? Acho que a identidade dele fala a mesma coisa! – bufou do outro lado da linha – Mas eu sei o que você quer dizer e é exatamente por isso que vou ficar com ele. Nós só queremos curtir!
  - Você sabe que essa história de só curtição nunca dá certo... Quer saber? Que se dane, ! Faça o que você quiser e aproveite e peça para o querido John te buscar em casa! – tu-tu-tu.
  - Argh! – joguei o telefone com força na cama – Filho da... ugh. – solucei. Meneei a cabeça negativamente, já com raiva por ter que fazer de novo algo que há duas semanas repetia-se com frequência. Ainda mais irritada, sai do quarto e desci as escadas apressadamente em direção à cozinha. Abri a geladeira e bebi água direto da garrafa mineral. Foi-se metade dela. Esperei alguns segundos, mas nada acontecera. – É sempre assim – murmurei, já subindo para o meu quarto de volta.

   fazia sempre a mesma coisa. Era só eu falar de um garoto que, pronto, já se irritava e abusava do sarcasmo. Quer dizer, ele podia ficar o dia inteiro alugando o meu ouvido com coisas sobre a Ashley: como os olhos da Ashley eram brilhantes, como o cabelo dela era da mesma cor do sol em um dia ensolarado, como o corpo da Ashley girava 167 graus quando ela era chamada, como os lábios dela se moviam quando falavam... Ashley, Ashley, Ashley! Sempre ela, tudo ela! E eu nem ao menos podia falar do John? E, veja bem, eu podia dizer que ele era forte, tinha um sorriso de desequilibrar pernas femininas e como seu perfume e seu sorriso eram cativantes, mas eu não entrei nesses detalhes sórdidos! Até porque sei como é chato escutar garotas falando sobre garotos...
  Assim como o contrário também é um saco! Pena que não sabe disso! E eu não consigo ficar brigada com ele. Porque, apesar de às vezes ele ser um machista superchato e arrogante, ele ainda é aquele garotinho atrevido de sete anos que me roubou um beijo no balanço. Talvez um pouco – ou muito – mais alto, alguns músculos e com espinhas, mas ainda sim continua o mesmo pirralho. É ele afinal que sempre me escuta – menos sobre garotos, né – me aceita e me apoia em todas as minhas besteiras. E acredite, não são poucas! Ainda me lembro de quando aos 14 anos eu confidenciei a ele que queria colocar um piercing. , claro, achou uma completa loucura, mas eu disse que faria de qualquer maneira e ele foi comigo e ficou ao meu lado durante todo o discurso “você ainda é adolescente e não manda no seu nariz” da minha mãe. E só se vocês estão curiosas sobre o fim da história, ela me obrigou a retirar o piercing e neste instante eu prometi a mim mesma que quando eu fizesse 18 anos ia esfregar 30 piercings na cara dela. Ok, talvez não exatamente essa quantidade.

  Entrei no quarto e me joguei na cama. Bati com uma das costelas no telefone e rui de dor. Xinguei a família inteira do telefone até me dar por satisfeita. Depois, me apertei na cama, pronta para tirar um cochilo. Aí, quando eu acordar eu ligo para o pedindo desculpa e exigindo uma carona. Eu não conseguia mesmo ficar brigada com ele. Bem sortudo ele, não?
  Ugh. Ugh. Ugh.
  De novo? Eu havia bebido água há três minutos, ou menos! O intervalo de tempo entre eles estava diminuindo. Quer dizer, quando isso começou, era uma vez por dia. Nos últimos dois dias havia passado para três vezes. Decidi ignorar o soluço. Dane-se se meu corpo precisa de água pra funcionar, meu cérebro é mais importante e este precisa descansar. Fechei os olhos, liguei meu walkman e deixei-me relaxar ao som de uma música qualquer.

  Tentei. Você já tentou dormir com soluço? Nem tentem. Sério. Você não vai conseguir. Por mais que você se distraia, o soluço a cada minuto, e acredite os segundos diminuem a cada suspiro, te faz pular. Merda de vida! Lá fui eu desistindo de dormir e correndo escada à baixo novamente. Repeti o que fiz da vez passada, mas agora tinha trazido uma garrafa para o quarto. Aí, já livre do importuno, reparei no meu vestido, que incrivelmente não estava amassado! Isso porque ele era de malha, pura sorte, porque havia se esquecido dele, tadinho. Agora o meu batom vermelho já tinha sumido da minha boca. Nada que não pudesse ser resolvido.
  Peguei o telefone e disquei o numero de .
  - Alô?
  - Amor da minha vida, que horas vai passar aqui? – usei toda a minha delicadeza.
  - , você se enganou, este não é o número do John. – ele respondeu, todo irônico.
  - Querido, eu nunca estive tão certa em minha vida. – continuei com a provocação - Eu liguei para o cara certo. Aquele que tem uma amiga maravilhosa. Aquele que não vai deixar essa amiga linda e maravilhosa sair na rua à noite sozinha.
  - Meu Deus, , eu preciso entrar no curso como-responder-não-a-minha-melhor-amiga-manipuladora! Você consegue tudo que quer de mim! É capaz de você me dizer que está grávida de mim e eu acabar casando com você por acreditar! – note-se que nós nunca transamos. Só uns beijinhos quando tínhamos, sei lá, 7 e 12 anos. Logo, vê-se novamente como ele adora zombar de mim.
  - Nem o curso mais caro do mundo é capaz disso. Além do mais, só em você que mamãe ... ugh... confia...ugh. – oh, não, de novo?!
  - Como não confiar num rapaz simpático e gentil como eu, não é mesmo? – eu podia vê-lo numa posse modesta. Virei os olhos.
  - Já falei pra você ...ugh... cair da cama... ugh... e acordar... ugh... pra... ugh... vida? – eles estavam piorando! Peguei a garrafa d’ água e a esvaziei em um gole.
  - , você está bem? – o tom de voz dele mudou, ele estava visivelmente preocupado.
  E não era só ele. Os soluços não pararam depois da água. Só haviam piorado. Eram ainda mais constantes, irritantes. A coisa começa a ficar séria. No meio de tantos “ughs” meus olhos inundaram-se de água. O que estava acontecendo comigo?
  - Ugh... Eu... Ugh... , por... Ugh... Favor... Me ajuda... Ugh!
  Flashback off

Capítulo 1

  {Música do capítulo: Maybe Someday – Bon Jovi}

  Remember how I used to hold you
  To share every breath that you'd take
  How can I forget
  You're every tear that I cry

   apareceu na minha casa nos minutos seguintes. Desesperado, eu pude ver em seu rosto. Eu não conseguia nem falar com ele direito. Ele me fez tomar dezesseis copos de água, que não adiantaram. Foi nessa hora que eu desabei. Ele me abraçou e eu vi em seus olhos a esperança e foi nisto que eu me agarrei por toda a minha vida.

Flashback On

  Aquela crise passara. Naquela noite nem eu nem fomos à festa. Ele dormiu lá comigo e me obrigou a fazer várias loucuras. Eu respirei dentro de um saco plástico, daqueles que vem cheio de temperos para colocar o frango para assar sabe? Conclusão, o soluço não passou, mas eu fiquei espirrando pelos dez minutos seguintes, pelo cheiro forte que entrara nas minhas narinas. Mas ele não desistiu e apertou meus ombros, perto da clavícula por muito tempo, o que também não adiantou. A sua próxima peripécia foi tampar meu nariz no meio de um espirro, pressionando para que eu ficasse sem respirar. Quando eu ameacei abrir a boca para reclamar e aproveitar para respirar, ele juntou nossos lábios.

  Tinha tanto tempo que eu não sentia o seu gosto. No começo era só um selinho e eu sei que a intenção dele sempre foi só me calar e tentar fazer com que a técnica de me deixar sem respirar desse certo, tanto que ele não soltou a mão de meu nariz, mas o sentimento que me invadiu foi tão imenso, tão mais forte que eu, que me fez invadir com minha língua contra sua boca. Eu queria tê-lo mas perto, então o puxei pela gola da camisa para que nossos corpos se tocassem. Até me esqueci de que estava sem respirar, não importava. Foi assim por alguns poucos segundos, até que ele me empurrou para trás, me fazendo cair deitada na cama e só exclamou insatisfeito que de nada adiantou me deixar sem respirar, assim que escutou meu soluço.
   parou de tentar me fazer melhorar. Só me abraçou e eu me lembro de ficar soluçando no pescoço dele por muito tempo, até o sono me pegar.
  Flashback off

Capítulo 2

  {Música do capítulo: Know your enemy – Green Day}

  Bringing on the fury
  The choir infantry
  Revolt against the honor to obey

  Na semana seguinte, eu tive outra crise, e dessa vez durou um dia inteiro. Eu fui ao médico no mês seguinte, fiz raios-X, exames de sangue, tomografias e mais outras dezenas de exames que nem sei o nome, para ver com o que o soluço estava direcionado. O resultado? Nada de tumores, nem infecções, nem nada que pudesse ser tratado.

Flashback on

  - O soluço é, basicamente, um reflexo de um estímulo no nervo vago. O soluço, na verdade, é uma consequência de alguma doença que pode ser grave. Por isso pedi tantos exames - o médico explicava, enquanto minha mãe assentia freneticamente com a cabeça – Eu descartei logo a causa como uma ingestão de grande quantidade de comida, bebidas alcóolicas ou intensas gargalhadas, já que já vem ocorrendo há mais de um mês, com o aumento da frequência e duração. Restaram então tumor e derrame cerebral, problemas no rim, hepatite, pancreatite, pneumonia, traumatismo e CO² no sangue. No entanto, não é nenhum desses problemas. , você tem hipofonoglossia.
  - Isso quer dizer que eu vou morrer? – perguntei, com medo daquela palavra. Como era mesmo? Hipopotaglossia?!
  - Não, quer dizer que seus soluços não tem uma causa específica. Não é nada grave, na verdade a hipofonoglossia é inofensiva. Você só vai ter que aprender a conviver com eles. Terá crises em intervalos de tempo, mas com o remédio que receitarei elas serão brandas e breves. Nada com que se preocupar – ele sorriu.
  - Soluçar para sempre? – inquiri assustada.
  - , infelizmente sim, mas não é a todo o momento. Encare positivamente. Trate-os como amigos, aprenda a conviver com eles.
  - Aprender a conviver com eles? Amigos? – soltei uma risada irônica – Você está me zoando, né? Eu preferiria que você tivesse respondido sim a minha pergunta sobre a morte.
Flashback off

Capítulo 3

  {Música do capítulo: No surprises – Radiohead}

  A heart that's full up like a landfill
  A job that slowly kills you
  Bruises that won't heal

  Ainda acho hoje que minha reação não foi exagerada. Mas minha mãe e o médico abriram uma boca de surpresa e arregalaram os olhos. E eu tive que fazer psicólogo até os 18 anos, como se eu fosse me matar. É, na verdade, talvez eles não tivessem de todo errado. Mas, de qualquer maneira, eu não me mataria naquele momento, não. Saber da doença não era estímulo suficiente. Ter crises em festas, no meio das aulas, durante o meu esporte preferido, eram o grande problema. Eu afundei minha cabeça na banheira cheia por várias vezes.

Flashback on

  Festa da Ashley. Essa mesma, a bonequinha de porcelana do . E lá estava ele, seus olhinhos brilhando, enquanto nós a cumprimentávamos. Fui logo à cozinha abrir um refrigerante. Nada de bebidas alcoólicas, elas facilitavam as crises de soluço. Como se eu precisasse delas, né. Eu estava procurando o John com os olhos, ansiosa por finalmente ter a chance de ficar com ele, quando eles começaram. Ugh, ugh, ugh. Fechei os olhos o máximo possível e mordi minha boca. Não, não aqui. Não quando eu ficaria com o cara mais gato do colégio. Não quando o ia conseguir tudo que ele sempre sonhou. Deus, por favor. Eu pedi, me atendo à religião da minha mãe.

  Não adiantou. Eles aumentaram. E cadê meu remédio para crises? Em casa! Fui procurar e o encontrei aos beijos com a Ashley. Que bom, sorri, ele finalmente havia conseguido. Devia estar bem feliz e tudo que eu não queria fazer era atrapalha-lo. Saí da casa, indo para o quintal em busca de ar fresco. Má ideia, encontrei John lá. Ou melhor, ele me encontrou.
  - Ei, gata, que bom que está aqui. – me abraçou pela cintura.
  - Agora – tentei afastá-lo com um empurrão – ugh... Não... Ugh.
  - Tudo bem com você?
  - Ugh... Ugh... Ugh... – e eu saí correndo dali. Corri até minha casa a tropeços, caindo pelo salto alto. Cheguei toda suja, cheia de lama, mas me joguei na cama mesmo assim. Eu estava ferrada no dia seguinte.
  E de fato, isso se concretizou. No dia seguinte eu era a garota dos soluços. Eu não aguentei assistir mais do que os dois tempos do início. No recreio, me encontrou no banheiro das meninas. Eu contei tudo a ele, toda a humilhação que eu estava passando, como as pessoas olhavam para mim, me nomeavam e davam risinhos nas minhas costas. me abraçou, deu beijos na minha cabeça e no meu rosto e sussurrou de minuto em minuto que ia ficar tudo bem.

Flashback off

Capítulo 4

  {Música do capítulo: Tired – Adele}

  I'm tired of trying
  Your teasing ain't enough
  Fed up of biding your time

  Mentira, as humilhações só estavam começando. Passei o resto do meu colegial como à excluída. Passava o intervalo todo no banheiro. Comecei a usar roupas largas que me cobriam toda e metade do cabelo na frente da minha cara. Claro que minha mãe odiou, mas eu nunca liguei. nunca desistiu de mim, apesar de se afastar muitas vezes pelo namoro com a Ashley.
  A escola passou, a faculdade chegou. E aquele médico se enganara totalmente quando dissera que a hipofonoglossia era inofensiva.

Flashback on

  Eu estava em uma agência de emprego, pedindo ajuda para arrumar trabalho para custear nas despesas da faculdade. A atendente sorriu para mim e começou a falar:
  - Você daria uma ótima secretária. Tem vários cursos de informática, língua estrangeira, parece bem capacitada para um primeiro emprego. E além disso, ainda é bem bonita.
  Duvido que ela falasse isso se fosse há dois anos, enquanto ainda estava na escola. O visual estraçalhado ficara mais suave. Não é que eu usasse vestidos floridos e babyliss no cabelo, com uma romântica sapatilha, mas uma calça jeans e uma blusa básica, com um casaquinho de couro já era suficiente. E não assustava ninguém. Os piercings, afinal, eu nunca fizera. Simplesmente passou a vontade quando tive idade suficiente para fazê-los.

  - Obrigada – sorri, ansiosa.
  - Nós temos algumas indicações de empresas por aqui – ela soltou, mexendo no computador. Esfreguei minhas mãos na calça, nervosa pela oportunidade – Ah, você tem alguma doença?
  Pronto. Era sempre assim. Tudo estava bem, maravilhoso, até a parte da doença. Aí, não importava se eu tinha curso ou se eu havia estudado em Harvard – o que, claro, é só uma exemplificação – o que eu tinha acabava com todas as minhas chances. Como se alguns soluços acabassem com a minha capacidade!
  - Eu tenho... - respirei fundo – Hipofonoglossia.
  - O que isso quer dizer? – era sempre isso. Ninguém nunca sabia o que eu aquele palavrão significava. Só que falar soluços nunca me pareceu muito bom.
  - Crise de soluços. – mordi o lábio inferior.
  - Isso é uma doença? – quantas vezes já havia escutado está pergunta mesmo? Parecia um deja vú.
  - Sim, inofensiva. – respondi automaticamente, já esperando o que vinha a seguir - Tenho crises aproximadamente uma, duas vezes por mês, mas tomo remédio para controlar.
  - Mas ainda sim soluça de tempos em tempos?
  - Er... Sim. – afirmei temerosa.
  - Ah, bom. Então eu ligo se aparecer alguma vaga, tudo bem querida?
  - Mas não havia várias por aí? – apontei para o computador.
  - Elas... Elas já estão preenchidas, acabei de ver. – esboçou um sorriso triste.

Flashback off

Capítulo 5

  {Música do capítulo: Fun – We are young}

  So if by the time the bar closes
  And you feel like falling down
  I'll carry you home

  Até parece. Foi assim durante mais três anos. Só “nãos”. Só pela minha doença. A doença que não tem nada demais, que são só soluços. Inofensiva. Eu queria ver é alguém aqui no meu lugar, o quão legal seria.
  Só o para me tirar do fundo do poço que eu me atirava a cada negativa. Só ele para não me fazer desistir de tudo.

Flashback on

  - Sabe, , às vezes eu acho que minha vida não vale a pena. – o olhei, os olhos já enchendo de lágrimas.
  - , não fala isso. Eu sei, ok, eu não sei como é difícil, mas você não pode largar tudo. Você está estudando para se tornar uma grande médica, pra descobrir uma cura para tudo isso. Para ajudar pessoas como você, que sofrem com doenças crônicas.
  - É tudo tão complicado. Ninguém entende o quão ruim é ser rejeitada. Quer dizer, vocês, pessoas normais, não sabem como é estar fadada a não fazer nada na vida por uma doença dada como inofensiva.
  - Você é uma pessoa normal. – ele segurou a minha mão. Eu a puxei para o meu colo, longe dele.
  - Não, não sou. Às vezes acho que se eu tivesse câncer, o sofrimento acabaria mais rápido...
  - Não repita, você não sabe o quão ruim é isso – o pai de havia morrido de câncer quando ele tinha doze anos. Foram os seis meses mais árduos e tristes para ele.
  - Me desculpe. Eu só sinto falta de uma vida. – as lágrimas finalmente caiam pelo meu rosto.
  - Você que não gosta de sair, tem medo. Nós podemos sair para beber, só nós dois, sem mais ninguém.
  - E Ashley?
  - , ela é só uma namorada. Nós já estamos terminando, na verdade. Mas mesmo que eu encontre a mulher da minha vida, ela nunca vai ser única, porque você é e sempre será também a mulher da minha vida, a melhor amiga para todo o sempre. Você sabe, eu te amo. Tudo que passamos juntos, o tanto que aprendi com você... Eu nunca vou te deixar sozinha. Nunca.
Flashback off

Capítulo 6

  {Música do capítulo: Wish you were here – Avril Lavigne}

  You're always there
  You're everywhere
  But right now I wish you were here

  Fixei meus olhos nele, tentando guardar aquela imagem para sempre. Ainda tenho hoje na minha cabeça. Ele me pediu para prometer que lutaria por ele e diante daquele olhar, eu tive que responder sim. Mas hoje... Hoje é tudo tão mais difícil. A minha vida se transformou em um caos. Em um dia somente, ela se transformara no inferno. E tudo que eu não queria era viver dentro dele.

Flashback on

  Faltavam alguns segundos para eu apresentar meu trabalho de conclusão da faculdade de medicina. Eu era a próxima e diante do nervosismo que eu sentia tomei o remédio contra o soluço. Quando eu subi no palco, eu tremia, com o pen drive na mão. Comecei a explicar o conteúdo, tentando me concentrar ao máximo. De repente, eu senti algo lá no fundo do meu peito, uma dor tão aguda, mas ao mesmo tempo tão forte, dura. Me segurei para não cair. Passei a mão pelo rosto, tentando me acalmar do susto, mas aí veio o que eu mais temia: os soluços.
  Então era assim que terminava. Eu não podia nem concluir a faculdade. Não podia nem ajudar os outros tentando achar a cura para a doença deles, a infelicidade que elas traziam. Eu nem ao menos conseguia controlar a minha. A hipofonoglossia estava fadada a prejudicar minha vida.

  Eu escutava vozes, mas eu nem ligava para elas. Até que um forte puxão no braço me fez acordar.
  - , o que está acontecendo? A reitora está te chamando ali na porta há meia hora! – uma amiga de curso falou.
  Eu olhei para a entrada e lá estava a Senhora Margaride. Os soluços, percebi, haviam parado. Sorri brevemente, pelo menos o remédio fizera efeito rapidamente. Corri então para encontro da Reitora, que me pediu para que eu a acompanhasse até sua sala. Chegando lá, um telefonema me esperava. Os minutos seguintes foram os piores da minha vida. Uma vida que terminaria dali a pouco.
  - Alô? – comecei, meio curiosa pelo telefonema urgente na sala da reitoria.
  - Bom Dia, é a senhora falando? – a voz cautelosa de uma moça perguntou.
  - Hm... sim, quem é?
  - Aqui é do Hospital Sant Jamie. Ligamos para informar que a Senhora Marieta faleceu há alguns minutos em um acidente de trânsito. Sinto muito.
  - O... Que? – minha voz saíra trêmula.
  A mulher repetiu as palavras ditas anteriormente. Minha mãe. Morta. Eu não podia acreditar. Os soluços voltaram a todo o vapor, mas eu nem ligava mais. Eu perdera a pessoa mais importante do mundo.

Flashback off

Capítulo 7

  {Música do capítulo: My immortal – Evanescence}

  I'm so tired of being here
  Suppressed by all my childish fears
  These wounds won't seem to heal
  This pain is just too real.

  Isso acontecera há dois dias. O enterro foi hoje cedo. Vê-la inerte no caixão foi a pior imagem da minha vida. Eu me lembrava dela e só me punha a chorar. Ela que era tão bem com sua vida, tão satisfeita com as poucas coisas que tinha, tão feliz. Eu, que sempre reclamo de tudo, sempre insatisfeita, mesmo tendo a melhor mãe e o melhor amigo do mundo. Porque ela foi embora? Ela não merecia! A vida realmente não é justa. Como eu ia ficar agora, sem um de meus suportes, meu alicerce? Minha geradora, meu amor, minha mãe, minha melhor amiga, minha vida.
  Por isso eu decidi. Decidi me juntar a ela. Não via desde a semana passada. Ele não sabia do fiasco da minha última apresentação da faculdade – o que eu nem ligava mais, no momento – nem do telefonema do hospital, nem do enterro, não sabia de nada. Ele estava aproveitando as férias na casa da namorada nova. Eu achei melhor não atrapalha-lo. Eu já havia o prendido muito nessa minha vida, enquanto chorava em seus braços. Ele não tem a doença que eu tenho, não acabou de perder a mãe, ele não tem o porquê de sofrer o que eu estou sofrendo. É egoísmo da minha parte querer que ele sinta a mesma coisa. Eu o amo demais para isso.

  Amo mais do que eu imaginava. Amo ele como homem. Ainda me recordo do gosto de seus lábios, tão distantes hoje. De sua pele, de seu cheiro. Amo tudo nele. Mais do que somente ter me ajudado, ter me apoiado, ter me abraçado e dado força quando eu precisava. Era mais do que tudo isso. Meu coração batia forte ao visualizar seu rosto em minha mente. Mas isso não importa mais agora. Ele estava feliz com a namorada dele, a Liz. E isso era o importante, a felicidade dele.
  Eu subi até o terraço três horas atrás. Estou na sacada, sentada, apoiada na parede, enquanto olho para baixo pelo que me espera. Algum idiota havia chamado a policia e a imprensa, que gritavam qualquer coisa que eu simplesmente ignorava. É claro que eles tentaram subir, mas eu tranquei todos os acessos. Talvez eles mandassem helicópteros, e se eles me escutassem eu diria que eles estavam se preocupando muito comigo. À toa.

  Era agora, só me faltava coragem para pular. Eles haviam estendido no chão da rua algo que segurasse o impacto para que eu não caísse diretamente. Mas aquilo não adiantaria. Eu andei até a outra ponta do terraço, me sentindo pronta, e subi na sacada, sentindo meus cabelos na  cara pela forte ventania.
  E então, eu escutei sua voz.
  - , ! Por favor, abre essa porta! Por favor! – gritava e socava a porta trancada do terraço desesperado. Eu podia sentir o sofrimento dele e cada poro meu se arrepiou. Eu não queria fazê-lo sofrer. Porque ele estava ali afinal? – Você me prometeu que nunca desistiria! – ele tentou.
  - Eu sou fraca – gritei de volta. – Eu não consigo , não consigo suportar tanta dor! – Eu havia me entupido de remédio para não soluçar, para que os últimos momentos da minha vida fossem sem eles, mas nessa hora eles voltaram. Ugh, ugh, ugh.
  - Não faça isso comigo, . Não me deixe! – ele fungou. Eu, eu ouvi. Não, não era pra ele sofrer.
  - Você não...ugh... pode chorar, não pode...ugh sofrer por mim. – supliquei.
  - Então não faça isso , por favor, por favor. Só abra essa porta e vamos conversar.
  - Não! – eu gritei com convicção, interrompendo-o.
  - Eu conheci uma pessoa , ela vai te ajudar. – ele falou, mas eu nem prestei tanta atenção.

   foi meu amigo durante anos e anos. Eu abriria a porta para ele só pra me despedir. Só para dar o último abraço, talvez o último beijo nele. Só para vê-lo mais uma vez. Para morrer feliz. Corri até a porta e a abri, o encontrando sozinho, com um sorriso que se formou no instante em que me viu. Ele me abraçou forte.
  - – o chamei, ainda em seus braços – você não sabe o que aconteceu. – eu me dei conta que os soluços pararam.
  - O que foi, querida? – tirou uns fios do meu cabelo do meu rosto e me encarou.
  - Minha mãe, , ela morreu.
  O rosto dele empalideceu. Ele me abraçou forte e não disse uma palavra. Ficamos assim por cinco minutos. Cinco minutos abraçados que valeram muito mais do que todos os “meus pêsames” que recebi durante o enterro. tinha esse poder. Pelo menos sobre mim.
  - , você não pode fazer isso.
  - Estou decidida, . – me afastei dele. – Não a nada que me segure aqui.
  - E sua ajuda na pesquisa das doenças?
  - Eu tive uma crise durante a apresentação do trabalho. Duvido que consiga concluir a faculdade. Eu não iria mesmo ajudar em nada com minhas crises...
  - E eu, ? Eu não sou suficiente para você? – a pergunta e todo o peso que eu sentia que aquelas palavras carregaram me surpreenderam. Eu era tão importante para ele assim?
  - Eu sou tão importante assim para você? – eu só fui capaz de repetir o que ecoava em meus pensamentos.
  - Você tem alguma duvida disso, ? Mesmo? Você é a pessoa mais importante da minha vida. Sem você, eu não vivo. E eu te prometi nunca te deixar sozinha. E vou cumprir minha promessa, nem que pra isso eu me atire junto com você – eu tremi - Eu não vou deixar você desistir, . Eu nunca vou desistir de você. Eu não vou deixa-la cair. Vou te abraçar, te guardar em meus braços, afagar teus cabelos, te dar tudo que você precisa.
  - Você vai estragar sua vida – gemi em resposta.
  - Não. Você vai estragar minha vida se continuar disposta a se matar. Você é minha vida e se você estiver ao meu lado, eu vou estar sempre feliz.
  - Você é a melhor pessoa que alguém pode ter! – exclamei, abraçando-o com toda a minha força.
  Ele sorriu e me deu um beijo no pescoço. Eu corei, mas não deixei que ele visse. Depois, ele entrelaçou nossas mãos e nós andamos até a porta do terraço. Eu não podia desperdiçar alguém como o . Tanta gente sem amigos, sem amor, infelizes. Eu tenho tudo que preciso e não vou jogar tudo fora me matando tragicamente. Vou aproveitar. Vou recomeçar.

-/-

  {Música 2 do capítulo: Firework – Katy Perry}

  Do you know that there's
  Still a chance for you
  Cause there's a spark in you...
  
Cause baby you're a firework

  - Esse daqui é o . , essa aqui é a . – nos apresentou. O rapaz era alto, magro e tinha um sorriso bonito.
  - Prazer, amigo do ! – o rapaz riu pelo apelido.
  - , ele é aquela pessoa que eu disse que ia te ajudar.
  - Você é psicólogo? – inquiri.
  - Não – respondeu , confuso.
  - Psiquiátrica?
  - Não! – repetiu.
  - , já não conversamos sobre isso? Você não quer um acompanhamento profissional, então não terá. Ele é doente, assim como você. Ele tem hipofonoglossia. – eu sorri.
  - Sério? Ah, com quantos anos você descobriu?
  E se tornou um dos meus melhores amigos. Nós nos encontrávamos para conversar sempre e eu já conhecia a família toda dele. Ele tinha dois filhos pequenos muito fofos e a mulher dele era um amor. O principal disso tudo é que eu vi que fazer drama por causa da doença, como se eu fosse a coitada, não vale de nada. Viver a vida vale muito mais a pena.

Capítulo 8

  {Música do capítulo: Nobody does it better – Radiohead}

  The way that you hold me
  whenever you hold me
  There's some kind of magic inside you
  that keeps me from runnning
  but just keep it coming
  how'd you learn to do the things you do

  Eu e estávamos viajando pela costa litorânea do país. Sentados na cadeira, observando a vista maravilhosa da praia no entardecer. Eu interrompi o silêncio.
  - , tem algo que está me sufocando. Eu preciso contar. – estalei os dedos, nervosa.
  - Fale, então. – ele me encarou. Eu sai de minha cadeira e fui até a dele, sentando ao seu lado.
  - Eu...er... eu gosto muito de você. Na verdade, te amo. E não é como amigo. É, é mais do que isso. – fechei os olhos, morrendo de vergonha – Lembra como nos conhecemos, quando você me deu um selinho e eu te bati o resto da tarde? Eu acho que já estava apaixonada desde ali. – ri e senti que ele ia interromper. – Não, deixe-me falar agora.  - Eu realmente precisava desabafar – Você sempre me falou palavras lindas e eu nunca soube como retribuir.- dei de ombros - Então, talvez eu já amasse você desde a primeira vez que te vi, mas só me dei conta no dia da minha tentativa de suicídio. Não te contei antes porque tinha medo da resposta... – eu queria abrir os olhos e ver a reação dele, mas mantê-los fechados era mais seguro - Mas aí, agora eu estava me lembrando de quando a gente tinha, não sei, uns dezesseis anos, quando a minha doença se manifestou pela primeira vez. Eu lembro que você tentou varias coisas para poder parar a crise de soluços. No meio disso tudo, você juntou nossos lábios e eu fui bem ousada em aprofundar o beijo na época. Eu... eu sinto falta deles. Quer dizer, dos seus lábios – ri.
  De olhos fechados era tudo mais fácil, porque ai eu não precisava olhar em seus olhos. Mas também, por estar de olhos fechados, eu não pressenti o que ele faria. Ele me beijou rapidamente. Eu sorri.
  - É disso que você sente falta? – ele repetiu o selinho e riu, me provocando. Ah, é guerra que ele quer?
  - Na verdade, é algo mais... assim! – e me joguei sobre o corpo dele, o fazendo cair para trás. Minha língua entrou na sua boca rapidamente, procurando a semelhante com quem gostava de brigar. Segurei seus cabelos e senti sua mão apertando minha cintura. Por entre os beijos, cada vez mais calientes, eu sorria de felicidade.

-/-

  Nós estávamos nus, enrolados por um lençol, na cama do hotel. Eu o observava dormindo, com um sorriso no rosto, passando levemente meus dedos pelo corpo de . Finalmente, podia chama-lo de meu. A doença era difícil, claro, mas com ele ao meu lado, tudo era mais fácil.

Flashback on

  - Como você aguenta todas as minhas crises?
  - Eu me pergunto como eu aguento te ver sofrendo, isso sim. Eu só quero que você fique bem e se para isso eu tenha que ficar acordado ao seu lado, te abraçando, te dando litros d’ água e remédios, eu farei isso para o resto da minha vida, com o maior prazer do mundo.
Flashback off

Epílogo

  {Música do capítulo: I wanna hold your hand - Beatles}

  And when I touch you I feel happy inside
  It's such a feeling that my love
  I can't hide, I can't hide, I can't hide
  Yeah, you've got that something,
  I think you'll understand.
  When I say that something
  I wanna hold your hand...

  Noites se passaram e nosso amor só crescia. Claro que as crises ainda apareciam e sempre ficava ao meu lado, me ajudando, me dando carinho no momento mais difícil. Ele fizera uma declaração, inclusive, logo depois de uma crise de quatro horas passar, crise essa que não nos deixou dormir.
  - Eu sempre te amei e você me fez perceber que não era só como um grande amigo.  – ele fazia círculos invisíveis na minha bochecha com o dedo. Apertava a minha covinha sempre que eu sorria. - Sabe quando eu te falei que você sempre seria uma das mulheres da minha vida, independente de quantos amores eu tivesse?  - assenti, esperando que ele continuasse - Eu descobri que a única é você. Não há mulheres, só há você. – dei um beijo nele, o puxando para mais perto de mim. Com nossos corpos colados, um sentido o peito do outro subir e descer, eu continuei:
  - Eu não mereço todas essas palavras, . Eu nunca fui boa com elas. Você sempre me falou coisas lindas e eu só soube reclamar da minha doença.
  - Isso fora antes. Voce quem se entregou primeiro ao nosso amor, foi corajosa, como sempre foi. Eu não preciso que você me diga coisas lindas, só que você diga o que sente.
  - Ok, então. – o encarei, fingindo estar séria – Te amo, te amo, te amo, te amo, te amo e te amo. – sorri sapeca, arrancando risadas dele - Não consigo ficar longe de você. Eu quero você. Eu quero casar com você, ter filhos com você, passear com você quando velhinhos, um cuidando do outro, embora você já cuide de mim há muito tempo. Também quero dizer o quanto sou agradecida por nunca desistir de mim, mesmo quando eu desisti de mim mesma. Eu não mereço suas palavras, nem você.
  - Tem razão, você merece muito mais. Eu prometo escrever um livro inspirado em você. Eu prometo me esforçar pra te fazer feliz, para que cada vontade sua seja cumprida. E não agradeça por eu te ajudar, isso qualquer um faria. Eu que devia agradecer todo o dia por você existir.  

Fim



Comentários da autora


Hey, people! Eu tive essa ideia dos soluços logo quando li sobre o especial. Quer dizer, eu fiquei pensando no que essas pessoas sofrem. Parece não ser nada demais né? Mas deve ser um porre também ter soluço toda hora! Bom, eu não conheço ninguém assim então minhas descrições quanto a isso podem estar erradas, ok? Nem sei se existe alguém com soluços como uma doença crônica, sem nenhuma das causas especificas citadas no texto. De fato, as falas do médico não são da minha cabeça, mas sim de muita pesquisa, ok? A doença, hipofonoglossia, em si, existe!

De mais a mais, o mais importante da fic era retratar que uma doença que parece inofensiva pode trazer tanto ou até mais estrago que um câncer. O psicológico da pessoa é muito atingido. Mas também, com um amigo/amor desses, tudo fica mais fácil, né? Sério, eu tenho raiva dela porque ela exagerou pra caramba! Quer dizer, a cena de se jogar do terraço foi inspirada em um episódio de Law & Order, que eu adoro, mas pra ela que tem um amigo super maneiro desses – e pra personagem do episódio também, que se revelou uma verdadeira filha da p*** - não precisava de tanto né? Gente, eu quero um homem desses pra mim! E nem precisa ser pra casar não, só melhor amigo já tá bom demais!

Bom, as músicas dos capítulos são sugestões para que vocês escutem enquanto leem os capítulos. Acho que todas elas se encaixam muito bem, principalmente os trechinhos que iniciam cada capítulo. No entanto, tem duas músicas que eu considero principais e vou explicar por que.

Eu escrevi praticamente a fic toda em um domingo de feriadão – eu tinha aula segunda, mas cabulei! – até as 3 e pouca da manhã, e tudo começou porque eu coloquei para tocar uma lista de músicas lentas. A música nunca teve muita ajuda para minha inspiração, mas nessa fic foi tudo! E duas dessas músicas são as principais, uma da personagem principal e uma do personagem principal. Never gonna be alone – Nickelback e Immortal – Evanescence. Tem tudo a ver com a história, inclusive algumas frases lindas que o principal fala pra personagem são alguns trechinhos da música do Nickelback =)

Acho que é isso. Já falei demais! Então, obrigada a beta que aguentou isso aqui! Comentem aí embaixo, hein, por favor! E que vença a melhor ;)

Obs: Ugh, pra quem não percebeu minhas tentativas de imita-los, são os soluços, tá gente kkkkkk
Xoxo.