Help Love

Escrito por Mandi A. | Revisado por Paulinha

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Música: Nickelback - Savin' Me

  Flashback.

  He

  - !
  - Eu amo você – gritei, envolvendo seu corpo entre meus braços. Girei-a pela cintura, enquanto a chuva caia sobre nós. Eu tinha certeza que ela podia sentir meu coração batendo forte contra suas costas. gritava e ria e quando a coloquei no chão, senti a sua proximidade e segurei sua cabeça entre minhas mãos, observando seu rosto sujo por conta da maquiagem destruída pela água.
  - Você disse.
  - O quê? – perguntei, fazendo-me de desentendido. bateu de fraco em meu peito e eu puxei sua cabeça na minha direção, pressionando nossos lábios, apenas para fazer meu coração bater ainda mais forte. Eu me sentia uma garota me derretendo tanto por um beijo, quanto eu me derretia por . Ela era a minha garota, eu sou um burro por não ter percebido isso muito antes.

  End Flashback.

  She

  Quando tentei desviar meu caminho, já era tarde demais. Bridget sorriu sarcástica na minha direção, exibindo em seu braço seu mais novo brinquedinho, que prendeu seu olhar em mim. Olhei para ele com a mesma intensidade, fazendo com que Bridget risse da minha fraqueza. desviou o olhar segundos depois, passando a encarar o chão logo depois. Acelerei meus passos, sendo interrompida por alguém segurando com força meu braço. me abraçou.
  - Eu podia quebrar a cara dele agora – disse ele, com a voz abafada por estar beijando o topo de minha cabeça.
  - Gostei da nova cor do cabelo – mudei de assunto, sentindo-o bagunçar meu cabelo em troca, revirei os olhos – , eu não quero conversar sobre isso. Eu juro que não quero.
  - Eu entendo você, – ele me tranquilizou de certa forma e eu sorri verdadeiramente para ele, deixando com que minha cabeça tombasse em seu ombro, quando fui envolvida pelos seus braços fortes ao meu redor mais uma vez.
  Caminhamos até a sala de biologia. Soltei um suspiro profundo ao entrar na mesma e ter que me despedir de , lembrando-me quem seria meu parceiro durante o resto do ano. Sempre achei uma droga toda essa política de não poder trocar o parceiro. Será que eles não entendiam que estava fora de cogitação ter que sentar ao lado do seu ex por quatro períodos semanais, nos próximos meses? Eles não entendiam mesmo.
  Eu juro que tentei ao máximo controlar meus impulsos, mas eu levantei meu olhar para ele quando o mesmo adentrara na sala de aula. Mesmo sem Bridget, ele não parecia mais a mesma pessoa. Seu cabelo sempre “arrumado” em seu jeito bagunçado, mas charmoso, hoje não passava de um emaranhado de mechas, que mesmo em contato de luz, não brilhavam. Era possível que seu corpo estivesse sofrendo, era possível que o próprio estivesse sofrendo também? Balancei minha cabeça, descartando qualquer sentimento de pena ou piedade de sua alma traidora. Ele merecia passar por isso, assim como eu não merecia ter passado pelo que ele me fizera passar.
  Sua distância teve um efeito calmante para toda a agitação instalada em meu corpo. Enquanto o Sr. Campbell dava introdução ao estudo avançado das moléculas do nosso corpo, brincava com sua caneta, batendo sua ponta sem interrupções na mármore da nossa mesa. Em alguns momentos, pude sentir seu olhar sobre mim, mas não o retribui. Tentei ao máximo fingir que estava tudo bem, mas como eu poderia mentir para mim mesma?
  - Ei – ouvi uma voz em sussurros as minhas costas e me virei brusca, encarando e olhando para mim com expressões cúmplices. Revirei meus olhos de modo teatral e voltei a minha atenção para o professor. Sem me dar conta de meu ato, levei a ponta da minha caneta até meus lábios, mordendo-a como de costume. Aquela era uma das minhas muitas manias, como preparar-me com listas para as situações mais banais possíveis. Apenas percebi o que estava provocando, quando o barulho de sua caneta parou imediatamente. Acabei virando-me em sua direção, pegando-o me encarando com certa malícia em seus olhos , mas nenhum vestígio de animação em sua expressão cheia de segundas intenções. Argh, eu odiava o conhecer tão bem assim.
  - Concentre-se – acabei falando baixo para ele, depois de ter guardado minha caneta a salvo em meu pequeno estojo – Biologia é uma de suas piores matérias.
  - Como vou me concentrar com você do meu lado? – questionou, reposicionando-se de frente para o professor, tirando – finalmente – seus olhos de mim.
  - Não se faça de idiota, .
  Coloquei um ponto final do nosso único diálogo desde o dia fatídico, há menos de 48 horas atrás. Esse era o tempo mais longo que eu conseguira ficar sem falar com ele. Você pode falar que isso é loucura, mas é a mais pura verdade. sempre participou da minha infância e da minha adolescência. Ele costumava ser meu melhor amigo, antes de eu saber o significado do verbo namorar. Mas de tempos para cá, andava perdido e eu acabei percebendo que não seria eu a sua salvadora. Ele deveria achar sua própria salvação, de preferência o mais longe de mim.

XX

  - Você está sendo má com ele, – comentou , enquanto balançava sua mão entrelaçada com a de seu namorado, que eu sabia que concordava com ela, mas preferi deixar de lado essa parte por enquanto.
  - , eu cuido de você mais tarde – falei, alertando-o.
  - Eu ainda quero quebrar a cara dele, , mas ele sofre também.
  - Isso soou como uma controvérsia – anunciei, soltando uma risada fraca, mas sonora – Quem sofre sou eu – completei, desviando meu usual caminho para algum lugar qualquer. Após rondar um pouco pelo colégio e ter perdido metade do horário do almoço, dirigi-me até meu armário, com a cabeça baixa, tentando afastar meus pensamentos dele, mas para dificultar a minha tentativa, encontrei-o perto do meu armário, com Bridget agarrada em seu pescoço, próxima demais da sua boca. Isso não me diz mais respeito, pensei, mas a dor continuou apertando meu peito. continuou com o olhar fixo na sua vadia e eu me sentia uma idiota por ficar observando-o, mesmo sendo discreta. Eu me sentia ainda mais idiota por ficar me imaginando no lugar dela, o que deveria ser o certo, na verdade.
  Fitei o meu armário, sem motivo algum, por segundos que pareceram uma eternidade. Quando terminei de pegar minhas coisas, lacrei a porta de ferro dele, chamando sua atenção pela primeira vez. Não esperei para ver sua reação e de sua namoradinha, dei as costas, sorrindo vitoriosa por saber que Bridget deveria estar jogando pragas em mim à essa altura.

  He

  Eu a vi se aproximando do seu armário, mas não deixei que ela me pegasse em tal ato. Voltei minha atenção para a loira – gostosa, mas que não chegava nem aos pés dela – e segurei com força sua cintura, formando um sorriso cheio de malícias em seus lábios vermelhos e carnudos, que eu não conseguia deixar de perceber a semelhança entre e Bridget. Droga. estava me tratando como se eu não passasse de um conhecido e eu não parava de pensar nela. Grande droga.
  - Ei – Bridget me tirou dos meus devaneios, com a sua voz grudenta e melosa demais para o meu gosto, mas da qual eu já me acostumara – Vamos aproveitar os últimos minutos do almoço. Você está com fome, querido? – o olhar dela caiu para baixo e eu logo entendi o que ela estava querendo dizer.
  - Na verdade, eu não estou muito afim – menti, sentindo o olhar de caindo sobre mim uma vez ou outra. Eu estava a fim, mas não da garota a minha frente. Eu queria largar Bridget imediatamente para poder tê-la em meus braços, mas eu sabia que aquilo era impossível. Eu fui um burro, estúpido e sem coração por magoá-la do jeito que eu magoara.
  - Oh, por favor, – ela riu, com um ar sarcástico em torna dela – Até parece que você não quer repetir tudo o que fizemos naquela noite. Até parece que você não gosta de uma vadia gemendo seu nome perto do seu ouvido.
  Antes que eu pudesse abrir a boca para responder seus insultos, fechou com força o seu armário e acabei virando minha cabeça em sua direção. Ela já se afastava dali, andando com a sua impecável postura e com seu rebolado e sua bunda naturalmente empinada, que para mim, era sua marca registrada. Ela podia tornar todos os garotos dessa escola sedentos por sexo apenas passando daquela maneira perto deles, o único problema era que não compreendia toda a sua força de atração sobre o sexo oposto. E agora que ela estava sozinha, eu não me surpreenderia se começassem a “atacá-la”.
  - Vadia – o som foi pronunciado com rancor pelos lábios carnudos de Bridget e respirei fundo, contando até dez para que eu não fosse atrás dela. Afinal, eu ainda tinha um pouco de dignidade nesse corpo e não gostaria de apanhar na frente de todo mundo, mesmo que pudesse bater em mim a qualquer momento do dia, contanto que estivéssemos sozinhos.
  Senti um desconforto e um riso debochado de Bridget.
  - Com probleminhas, ?
  - Hum, talvez – respondi, sentindo a “dor” do meu pequeno amigo aumentar.
  - Acho que vamos precisar dos últimos minutos, afinal – e assim, acabei me deixando ser levado por Bridget.

XX

  Saí do banheiro masculino cinco minutos depois de Bridget. A culpa pelo o que eu acabara de fazer me preenchia, assim como na noite da qual minha vida mudara. estava entrando na sala de Álgebra, o segui, sentando-me logo atrás dele, no fundo da sala.
  - Por onde você se meteu, cara? – ele perguntou, virando-se para trás enquanto a professora ainda não se encontrava em sala de aula.
  - Eu estava com Bridget – falei, dando de ombros, mostrando que não era grande coisa. Sorri satisfeito porque aquilo era verdade.
  - Há, você é um idiota – ele falou e eu olhei para ele, incrédulo. Dei um empurrão em seu ombro e ele se virou para frente, esquecendo-me de mim pelo resto do período. Aproveitando minha posição estratégica na sala, enterrei minha cabeça nos meus braços, fechando meus olhos, a fim de tirar um cochilo e perder a explicação monótona sobre os números imaginários. Se eles eram imaginários, para que estudá-los, afinal?
  Bufei, abandonando o som de fora da minha concha e prestando atenção apenas em mim mesmo. Fui expulso do meu refúgio pela vibração do meu celular em meu bolso. Peguei-o, prendendo-me na falsa esperança de ser ela, dizendo que precisávamos conversar ou que queria voltar, pois não podia viver sem mim. Óbvio que eu estava deixando minha imaginação voar, pois era apenas :

“Sério, , qual o seu problema?”

  Não entendi de imediato o que ele queria dizer com aquilo, e respondi com outra pergunta:

“Hã?”

  Imaginei-o revirando os olhos ao receber a mensagem e ri, recebendo um gesto para me silenciar de uma garota ao meu lado, que copiava com rapidez o conteúdo do quadro.

, é dela que eu estou falando. Eu estava esperando que você fosse implorar perdão a ela, mas o que você fez?? Hein, seu merdinha?”

  Não me surpreendi com o tom irritado que ele demonstrou pela mensagem e também fingi não ter lido os seus xingamentos, respondendo com agilidade em poucas palavras.

“Eu quase apanhei apenas por observá-la sendo provocante como sempre”

  Dessa vez, não obtive resposta de , que após o sinal tocar, deixou a sala sem ao menos despedir-se. Na saída, acabei esbarrando em e . A namorada foi gentil comigo, diferente de , que sorriu ironicamente para mim, antes de me mostrar seu dedo médio. Eu conseguia ser mais idiota que o normal. Eu precisava dela para me fazer melhorar, mas ela estava machucada e não precisava mais de mim.

  Flashback.

  - Eu sei que você consegue, idiota – incentivou e quando olhei para ela, com uma expressão que era uma tentativa de fazê-la sentir pena de mim, revirou seus olhos, largando o lápis sobre a mesa e saindo de perto, jogando-se no sofá – Você é burro de verdade ou é só impressão minha?
  - Você é metida desde sempre ou é só impressão minha? – resmunguei, me sentando no sofá, ao lado dela, mas afastados um do outro – Só porque você é nerdizinha não quer dizer que sempre terá a razão – falei, mesmo aquilo não tendo nada a ver com o que estávamos conversando.
  - Um dia você estará trabalhando para mim, .
  - You wish, baby.
  - Você é tão anormal, , eu tenho medo de você na maioria das vezes – ela admitiu, olhando-me pelo canto dos seus olhos que eu tanto adorava.
  - Se eu sou tão anormal assim, você entenderia caso eu dissesse que eu não precisava de sua ajuda em matemática e que eu só arranjei essa desculpa para passar mais tempo com você, né? – disse, sem interrupções, respirando fundo e lentamente quando terminei. Eu havia mesmo confessado isso em voz alta para ela? Eu era mesmo anormal.
  - Eu desconfiava – ela confessou, aproximando-se de mim, que senti meu corpo suar frio. Não entendi porque eu agia tão estranho perto dela ultimamente, não entendia o que estava acontecendo comigo. Será que... Não podia. Isso não.
  - Você sempre foi melhor em matemática do que eu – segui meu olhar até ela, sorrindo quando deitou sua cabeça devagar em meu colo, colocando seus pés sobre o encosto do sofá – É impressão minha ou você está um pouco nervoso?
  Droga, ela tinha percebido.
  - Hum, é impressão minha ou você gosta de falar bobagens? – retruquei, me remexendo nervoso e ficando cada vez mais desconfortável pela posição em que nos encontrávamos. encarava meus olhos, com um sorriso bobo em seu rosto. Fiquei cada vez mais nervoso, eu não sabia mesmo o que estava acontecendo. Havia uma explicação, e cheguei à conclusão de que eu estava amando mais do que uma simples amiga. Eu a queria para mim.
   saiu do meu colo, ficando de joelhos, encostando seu corpo em meu braço. Senti arrepios onde sua pele entrava em contato com a minha. Eu queria me afastar dela, pois eu temia que eu pudesse sair do controle, e partir para cima dela ali mesmo. Eu não sabia se ela me queria do jeito que eu a estava querendo agora.
  - Por que você me olhando desse jeito?
  Não a respondi e me colocando em uma boa posição, segurei seu pescoço, não pensando duas vezes antes de puxar seu rosto na minha direção. No primeiro instante, eu estava alarmado demais para fechar meus olhos. O seus lábios moldavam-se aos meus aos poucos, finalmente pude fechar meus olhos, aprofundando mais o beijo – que estava sendo completamente correspondido – e a puxei ainda para mais perto de mim. Seus braços abraçaram meu pescoço e devagar, eu fui caindo por cima dela, deixando-a deitada no sofá, comigo sobre ela. Recomeçamos o beijo sem pronunciar palavra alguma. Eu apenas estava aproveitando o gosto de seus lábios nos meus, a sua proximidade. Ela em toda a sua pessoa. puxou meu lábio inferior, mordendo-o com força, fazendo com que eu soltasse um certo suspiro que ecoou pela sala silenciosa. Aquela garota não existia.
  - Estou em casa – o bater da porta fez com que ela me empurrasse com força, provocando um belo tombo do sofá. prontificou-se de pé, arrumando seus cabelos ao cumprimentar o irmão que acabara de chegar – E aí, acenou em minha direção e eu me levantei do tapete macio, que não havia amaciado a minha queda, acenando para ele. Notei que sua expressão estava carregada de malícia e cutuquei as costas e , que assustou-se com o ato – Comportem-se, crianças.
  - Idiota – praguejou , virando-se para mim – Bem, nós terminamos de estudar. Você pode ir para sua casa agora – ela falou, fugindo do assunto principal. Deixei que ela saísse de perto de mim, para juntar minhas coisas da mesa próxima do sofá. Segui-a com calma, pegando minhas coisas já prontas de suas mãos. se dirigiu até a porta, onde não pude deixar de provocá-la, roubando-lhe um rápido beijo e desejando-a uma boa noite.

  End Flashback.

  She

  Acordei com a maldita música do alarme de meu celular, dando um pulo da cama. Fitei-me no grande espelho que tinha na parede de meu quarto. Eu estava normal por fora, mesmo que minha parte interna estivesse espatifada. Fazia duas semanas desde meu término com e eu não trocara nenhuma palavra com ele depois do pequeno ocorrido na sala de biologia, no primeiro dia depois de tudo. As aulas como parceiros de biologia não haviam rendido muito, já que eu não me permitia dirigir a ele uma única palavra. Porém, nenhuma palavra fora dita, mas usando a linguagem visual, vários olhares estranhos e significativos haviam sido trocados entre nós dois, mesmo contradizendo toda a briga com meu subconsciente. E isso tudo mostrava o como demoraria muitas semanas – ou até meses ou quem sabe anos – para que eu finalmente pudesse esquecê-lo.
  - , café da manhã – ouvi, revirando os olhos, a voz de meu irmão, chamando por mim no andar debaixo. Me arrumei em quinze minutos, descendo já pronta – Não vai comer nada, não? – perguntou e eu neguei com a cabeça, mas como meu irmão era teimoso e não desistia fácil demais, ele serviu um copo de suco de laranja para mim, vindo até mim como brinde.
  - Não venha com mais um de seus discursos de como eu sou nova e que eu ainda vou arranjar alguém que me mereça de verdade.
  - Eu só iria desejar uma boa aula e avisar que eu tenho uma entrevista de emprego hoje – ele disse, todo orgulhoso de si mesmo.
  - Até que enfim você vai levantar essa bunda preguiçosa, parar de roncar e fazer algo que preste nessa vida – falei, brincando.
  - Vá para escola, pirralha – praguejou e eu revirei os olhos, debochando dele.
  - Fala para a mamãe que eu a amo.
  - Que meiga – ele murmurou carinhoso e antes de sair de casa, mostrei meu dedo médio para ele, fechando a porta logo em seguida.

XX

  - Você parece bem melhor nos últimos dias, – comentou , sorrindo e bagunçando meu cabelo, do mesmo jeito que seu namorado sempre fazia, coisa que ela sabia muito bem que eu não gostava – Tudo vai ficar bem, é só confiar na sua amiga gostosa aqui.
  - Oh, por favor – disse sarcástica e empurrou-me pelo ombro, me fazendo cambalear. Depois de mais papo jogado fora entre nós duas, foi atrás de . Abri o livro de literatura que estava lendo e coloquei sobre minhas pernas, que estavam cruzadas em forma de “índio”. Perdida em meus pensamentos, não notei quando alguém se sentara ao meu lado para me fazer companhia. Meu coração se acelerou quando desviei meus olhos de meu livro, para ver quem era.
  - Precisa de alguma coisa? – questionei, voltando minha exclusiva atenção ao livro, que transformara-se em um conjunto de palavras sem nexo, tendo ele ao meu lado para tirar minha concentração.
  - Sim – ele respondeu simplesmente, não completando com nada, mesmo depois do silêncio constrangedor que se estendeu a nossa volta.
  - Precisa achar o caminho de volta para a sua namorada? – decidi brincar um pouco com ele, até porque eu não tivera a chance de ser má com ele depois de tudo que ele fizera.
  - Por que você está sendo tão ridícula, ?
  - Você me chamou de ridícula? – perguntei, incrédula a ponto de minha boca se escancarar. estava completamente insano, ou estava apenas se fazendo de idiota, sua especialidade.
  - Chamei.
  - Quem você pensa que é, seu desgraçado? – disse, alterando meu tom de voz e quase transformando minhas palavras em berros. Contei até três, a fim de me controlar.
  - Sou seu namorado, .
  - Você só pode estar brincando comigo – exclamei, irritada, me retirando dali o mais depressa possível. Meus olhos ficaram marejados, contra a minha vontade. Merda.
  - Espere – sua mão forte agarrou meu braço, trazendo-me em sua direção. O atrito entre nossos corpos fez com que um suspiro de alívio (merda, , sua idiota) escapasse de meus lábios. Fitei com intensidade seus olhos .

  Flashback.

  Sentei-me no sofá, que estava vazio pela primeira vez na noite. Havia me cansado de procurar por . Ele se afastara de mim há cerca de meia hora, dando a desculpa que iria pegar mais alguma coisa para bebermos. Nos primeiros minutos eu ficara em companhia de , e , porém, eu queria que meu namorado também estivesse comigo. Então fui procurá-lo.
  Tirei meu celular do bolso, informando-me da hora. Eram 3h53min. viria me buscar em meia hora, mas também oferecera uma carona para . Eu precisava encontrá-lo para aproveitar o resto da festa, que estava até que legalzinha, na casa da capitã das cheerleaders, Bridget Harris.
  Decidi ir atrás dele no andar de cima, já que eu varrera o andar de baixo e nenhum sinal de . Subi as escadas, torcendo para que ele estivesse bem. o mataria caso ele vomitasse no seu carro. Chamei por ele, mas não obtive resposta. Abri algumas portas dos quartos da mansão de Bridget, interrompendo dois casais. Decidi bater na porta seguinte e quando não escutei nada, a abri, encontrando o quarto vazio que deveria ser dos pais da garota. Havia uma última porta, ao lado da anterior e antes que eu pudesse bater, ouvi vozes familiares de dentro dela.
  - O que eu fiz? – era ele, falando com a língua enrolada. estava bêbado. Quando me dei por mim, estava encostada na porta, tentando escutar o porquê de sua lamentação – O que diabos eu fiz?
  A voz que o respondeu deixou minhas pernas bambas:
  - Ela nem precisa saber – essa era Bridget. Irrompi a porta, surpreendendo os dois.
  Bridget estava vestindo o seu vestido preto e colado ao corpo de novo. estava sentado ereto na cama, sem camiseta e com o olhar mais espantado que eu já vira em seu rosto. Entendi tudo em questão de milésimos. A dor repentina que eu sentia em meu coração era como se mãos o estivessem esmagando. Pisquei meu olhos rapidamente, deixando que as lágrimas caíssem, sem vergonha alguma. Mas as limpei, dando as costas aos dois.
  - !
  Acelerei meus passos até a escada e quando estava prestes a descê-la, ele puxou meu braço, me virando para poder ficar frente a frente com ele. Sua expressão era ainda assustada, mas seus olhos estavam vermelhos e pareciam estar ficando úmidos, porém, ignorei a sua dor, caso ele estivesse sentindo alguma coisa.
  - Foi ela, . Você precisa acreditar em mim.
  - Você está bêbado, – respondi, soltando-me da sua mão. Cerrei meus pulsos para impedir a mim mesma de começar a estapeá-lo. Ele havia me traído e bem que merecia. Desci as escadas com as lágrimas escorrendo de meus olhos mais uma vez.
  - ! ! – ele exclamou, me chamando em vão.
  Por obra do destino, acabei esbarrando em , que se assustou ao me ver naquele estado. Não disse nada, apenas o abracei no meio de todos, deixando as lágrimas saírem de uma vez só e os soluços começarem.

  End Flashback.

  - Me solta – pedi.
  - Não vou soltá-la – falou, agarrando-me pela cintura e prensando meu corpo contra o seu. Um lado meu gritava desesperadamente para eu chutá-lo para longe, o meu lado orgulhoso. Mas o outro lado falava mais alto que os gritos – Nós estamos sozinhos, . Vamos conversar.
  - É desse jeito que você quer conversar? – questionei, voltando a olhá-lo nos olhos. Um sorriso sincero surgiu em seu lábios, mas não me permiti sorrir junto, por mais que eu quisesse.
  - Você tem razão – disse, tirando o seu sorriso dos lábios e quando pensei que ele fosse me soltar, fui pega de surpresa quando sua boca se encontrou com a minha. Por segundos, fiquei sem reação, deixando-me ser beijada por ele. Alguns segundos a mais haviam se passado quando acabei desistindo e correspondendo o seu beijo. se afastou em um momento crítico, que eu já perdia todo o meu oxigênio. Fitei-o assustada e ele fez o mesmo, ainda me segurando pela cintura. Ambos sabiam que o beijo só dificultaria as coisas. Deixariam ambos confusos demais para pensar em alguma solução boa o suficiente.
  - Eu... Eu tenho que ir – sussurrei, mas sabia que ele havia escutado. Devagar, os braços deles foram aliviando meu corpo. Lancei em sua direção um olhar vazio, apertei meu livro contra meu peito e andei depressa para o mais longe dele.

XX

  - Ela está bem melhor sem ele, mãe. Deixe-a em paz – me defendeu, e mamãe olhei para mim com o seu olhar protetor – E está na hora de ficar feliz pelo seu filho deus grego aqui que conseguiu o emprego.
  - Eu só quero o seu bem, querida. E não, filho, eu não acho que ela esteja melhor sem ele – minha mãe admitiu, arrumando com a sua unha comprida os meus fios rebeldes.
  - Mãe, ele me traiu – a lembrei, mas ela apenas continuou com seus carinhos e eu não seria àquela que a interromperia.
  - Só quero você feliz, mesmo que não seja com ele. Você é tão nova ainda, . Vai dar tudo certo – garantiu e eu assenti, mamãe me abraçou antes de seguir seu caminho em direção a cozinha – Ah, – ela se virou, antes de entrar na cozinha – Já estava mais do que na hora de você ganhar seu próprio dinheiro e eu não precisar mais lhe dar dinheiro toda vez que você fosse a um encontro, querido – ela riu e eu olhei para , debochada, que revirava os olhos.
  - Eu a amo, mas às vezes parece que ela prefere do que a própria filha – confessei, dando um soco fraco no peito de , que me empurrou, não utilizando de sua força, que eu sabia muito bem qual era a intensidade. Ri fraco enquanto subia as escadas até meu quarto, lembrando-me das várias brigas e brincadeiras estúpidas de lutas que costumávamos fazer. nunca teve pena de mim.
  Deixei a porta do meu quarto encostada e entrei debaixo das cobertas, pegando meu livro e continuando da parte onde fora interrompida mais cedo. Acabei me perdendo enquanto lia, vagando meus pensamentos em um único nome. Amaldiçoei-me por isso. Eu era mesmo ridícula, ele tinha toda a razão.
  Em meio a esses pensamentos, acabei adormecendo.
  Eu sabia que havia passado bastante tempo, pois quando fui acordada, o sol já não iluminava meu quarto, apenas a fraca luz do pôr do sol entrava pela janela aberta. Esfreguei meus olhos, distinguindo aos poucos uma imagem humana embaçada sentada aos pés da minha cama. Prendi a respiração ao reconhecê-lo. estava com a cabeça apoiada em seus cotovelos, encarando o chão.
  - Oi – sua voz saiu falha e eu me perguntava se ele andara chorando.
  - Quem te deixou entrar? – perguntei desconfiava e ficando na defensiva. Ele era idiota o bastante para ficar correndo atrás de algo que não valia mais a pena. Descartei aquele pensamento na hora, porque em algum lugar dentro de mim mesma, ainda acreditava que um “nós” pudesse valer a pena depois de tudo.
  - Eu dei meu jeito. Não esqueça que eu conheço essa casa tão bem quanto você – disse, rindo fraco e levantando seu rosto. Notei a vermelhidão de seus olhos e minha teoria se concretizara. andara mesmo chorando. Era inacreditável.
  Permaneci calada, esperando que ele falasse logo o que queria.
  - , eu quero que você me ensine a diferença entre o certo e errado. Eu sei que eu sou um canalha por ter feito você passar por aquilo. E isso é o que mais dói.
  - Nunca imaginei que você fosse chorar por um garota – sussurrei.
  - Mas você não é uma simples garota, . Você é a minha garota.
  - ...
  - , eu a amo com toda as minhas forças. Eu estou perdido sem você, sua idiota.
  - Não me chame de idiota – tentei, mas eu já estava sentindo meus olhos ficarem marejados mais uma vez. precisava calar a boca ou eu acabaria me desidratando. Droga, porque ele tinha que causar tanto efeito em mim?
  - Você é a minha idiota, . Me deixe consertar meus erros. Me deixe mostrar que nós dois ainda podemos dar certo. Para sempre, se você quiser.
  - Chega de bobagens – disse, mexendo em minhas unhas, por conta do nervosismo que me invadira. Se eu estivesse de pé, minhas pernas estariam bambas, pois todas as minhas estruturas já estavam abaladas. Ele errara, mas eu precisava perdoá-lo.
   não havia me ensinado como viver sem ele.
  - É apenas um chance, . Eu juro que não vou estragar dessa vez.
  Sim. Pensei, derrotada, mas aliviada ao mesmo tempo. era o único que podia colher o sofrimento que ele próprio havia plantado em mim.
  - Eu preciso de você e eu só percebi isso depois de perdê-la – a voz voltou a falhar e em um movimento brusco, tirei as cobertas de cima de mim. Ele se levantou, assim como eu. Havia uma distância significativa entre nós, o gelo da nossa relação ainda estava pairando por sobre nós, clamando para ser quebrado.
  - – comecei, dando alguns passos tímidos em sua direção. Quando a distância havia se diminuído, ousei olhar para ele. Mais uma vez o sorriso sincero estava lá. E seus olhos estavam apagados pelo cansaço -, eu acredito em você.
   me beijou, envolvendo todo o meu corpo em seus braços fortes e protetores.

FIM



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