Heart Full of You
Escrito por Li Santos
“Porque meu coração está cheio de você
Eu tenho um coração cheio de você
Coração cheio de você
Coração cheio de você
Coração cheio de você”
— Heart full of you, NEX7 —
Mais um dia normal para . Mais um dia agitado de ensaio fotográfico.
A modelo ajeita seu kimono em seu corpo, se olhando uma última vez no espelho de bolso para certificar-se de que sua maquiagem está intacta. Sempre está. Sua amiga e assistente, Rina, a ajuda mostrando a melhor posição e local a se ficar para uma boa foto. Minutos se passam, fotos diversas são tiradas. não estava satisfeita. Toda hora pedia ao fotógrafo, que também era seu amigo – um dos muitos que adquiriu desde que se descobriu modelo há seis anos –, para mudar de ambiente em busca de uma foto ainda melhor. Essa era , nunca estava satisfeita com seu trabalho, sempre em busca do melhor.
Agitada, os olhos da mulher de recém-completados 29 anos, encontram algo interessante.
Naquela mesma ruazinha pouco movimentada de Kyoto, havia um grupo de homens, todos tatuados e trajando roupas pretas de couro, cabelos diversificados e todos muito bonitos. arqueou a sobrancelha e sorriu discretamente com a ideia que acabou de ter.
— Aonde você vai? — indagou Rina em tom assustado ao ver a amiga caminhar na direção do grupo de homens. A moça, que era mais jovem dois anos, a segurou pelo pulso.
— Tive uma ideia para boas fotos — respondeu com simplicidade, puxando de volta para si o seu braço.
— ! — disse a outra energicamente, mas ainda em tom baixo para não chamar atenção. — Melhor não ir lá.
— Ora, por que não? Tem algum bicho ali? — usou ironia ao referir-se ao grupo de homens que não tinha notado nada ainda.
— Não, mas… — Rina estava nervosa demais para pensar em palavras explicativas à situação. — Não vá, — implorou mais uma vez.
A modelo apenas revirou o olhar e seguiu caminhando como fazia antes de ser barrada. Assim que a figura montada e cheia de presença de se aproximou, o grupo de homens parou de conversar entre si. Eles mal respiram. Um deles, o que estava sentado em sua moto, manteve seus braços cruzados sobre o peito e o olhar fixado no rosto de .
— Olá — disse a mulher bastante cordial. — Posso fazer uma proposta para vocês? — Ela aguardou uma resposta que não veio nos segundos seguintes, apenas várias trocas de olhares entre eles. — Bom, prometo que não pedirei dinheiro — brincou, descontraindo o clima.
— Se pedisse, não seria um problema — respondeu o de jaqueta de couro, o que mais admirava a modelo. o encarou com um sorriso.
— Hm, parece que temos um vencedor — comentou em voz alta o que sua mente havia lhe dito quando ouviu a voz grave do homem. — Aceita tirar algumas fotos comigo?
— Fotos? — repetiu.
— Sim, fotos — confirmou de maneira óbvia. — Meu amigo ali — apontou para o fotógrafo que havia se aproximado junto com Rina, ambos aflitos — vai tirar as fotos, você só precisa posar junto comigo. O que acha?
— Essa é sua proposta? — Riu balançando a cabeça confusa com a risada dele.
— O que houve? — franziu a testa.
— Pensei que faria outro tipo de proposta a mim. — Ao ouvir a resposta, ela ficou com o rosto ruborizado, apesar da maquiagem forte não deixar que ninguém visse.
— Não sou desse tipo se é isso que pensou. — Pigarreou ao fim da frase.
— Perdão, senhorita, não quis deixá-la encabulada — desculpou-se ele, sendo sincero.
— Não estou encabulada — rebateu, consertando a postura.
— OK… — O homem riu novamente e soltou a respiração. — Essas fotos vão aparecer aonde?
— Bom, a princípio vão-
— , é melhor irmos embora — insistiu Rina na ideia de irem.
— É falta de educação interromper as pessoas, Rina. — Arregalou os olhos para a amiga. — Esqueci de me apresentar, sou , prazer. — A mulher estendeu uma das mãos ao rapaz que a encarou antes de pegá-la com delicadeza, deixando um beijo suave em seu dorso.
— — respondeu antes do beijo demorado no dorso da mão da mulher. — O prazer é meu, senhorita .
— É… — Ela, que sempre tinha o que dizer, ficou sem repertório após o beijo quente de em sua mão. Um pensamento safado passou em sua mente e se instalou ali.
— Vamos tirar as fotos ou desistiu? — O sorriso dele também era quente. Só agora notou tal fato.
— Sim, claro.
A contragosto dos amigos que, para , estavam tendo um ataque de receio à toa, eles tiraram fotos juntos. Aos olhos de estranhos, poderia se confundir os dois com um casal que estava anos e anos juntos. A sincronia e química dos dois era notável. Toda apreensão sentida pelos amigos de se esvaíram conforme a sessão improvisada de fotos ia ocorrendo. tinha jeito para o negócio, se quisesse, seria um excelente modelo. Quase uma hora se passou, muitas fotos incríveis foram tiradas e finalmente pôde devolver a proposta a . Puxando a mulher para longe dos amigos, ele a chamou para sair. Mas antes, lhe deu um demorado e acalorado beijo nos lábios da modelo.
Dias depois…
estava amuado, triste e calado.
Desde que conheceu e a beijou, ele não fala e pensa em outra coisa. Seus amigos não o aguentam mais os falatórios quase intermináveis de como a modelo é incrível, como o encontro dele na noite seguinte às fotos foi maravilhoso, como o beijo dela o fez sentir coisas que jamais havia sentido antes. A versão apaixonada de não era agradável e não combinava com ele e sua posição.
Candidato a assumir a chefia da gangue mais temida e dominante da cidade.
— Essa gueixa te fez algum feitiço — comentou um dos companheiros de . Todos estavam reunidos na sede da gangue. Bebendo e tramando coisas.
— Já falei inúmeras vezes para não falar assim da , seu cretino! — bradou rebatendo a zombaria.
— Falando sério, … — iniciou outro atraindo o olhar do chefe. — A mulher sumiu, cara. Nem suas ligações ela atende mais.
— Não quero falar disso. — Ele levantou, catando o celular em cima da mesa e colocando-o no bolso.
— Aonde vai? Temos reunião com-
— Depois resolvo isso, tenho algo mais importante agora.
não deixou o companheiro concluir, pegou as chaves de sua moto e saiu. Minutos atrás recebeu uma mensagem de que aceitava seu convite para finalmente se encontrarem após o primeiro encontro. Ansioso por isso, passou numa floricultura e escolheu o melhor buquê com as flores mais vistosas e vívidas, que o lembraram de e seu radiante sorriso.
Chegou ao ponto de encontro e esperou, esperou, esperou…
já sabia quem era .
De início isso a afastou dele, que parou de respondê-lo, quebrando o ciclo hoje. não sabia, mas o interior de dizia para ela se afastar de vez dele, que ele era o perigo em pessoa. Por outro lado, algo nela queria vê-lo de novo, provar seus lábios de novo e ver o sorriso quente de .
O homem esperou, esperou, esperou…
Horas depois, já estava de noite e seguia no mesmo lugar com o mesmo buquê em mãos. As flores já não tão vívidas quanto antes e o humor dele também não. Mais triste do que quando saiu da sede da gangue, desistiu de esperar. Achou a primeira lixeira e depositou ali o murcho buquê de flores quase mortas após seu ataque de fúria consigo mesmo por ser tão passional. Vai ver um dos seus companheiros tinha razão ao dizer que sua passionalidade ainda o mataria. Talvez fosse melhor apenas deixar em suas lembranças mais doces.
Afinal, seu coração já estava cheio dela. Apagá-la não era uma opção.