Have faith in me
Escrito por Virginia | Revisado por Lelen
Música: Have Faith In Me, por A Day To Remember
"You should know things aren't always what they seem"
As brigas em casa já eram insuportáveis. Mamãe insistia em manter o casamento de aparências mesmo depois de descobrir que papai tinha um caso com outro homem. E isso era uma merda. Não o fato do caso, mas o fato que o quarto "deles" ficava bem do lado do meu, ou seja, eu escutava todas as brigas por mais alto que estivesse o som do meu celular.
Junte isso, somado ao fato que sou mais que invisível no trabalho e quando resolvo escrever sai uma merda e terá as cicatrizes que carrego. Não são físicas, já passei da época da automutilação, mas as emocionais, que faziam com que eu tivesse crises de choro dia sim, dia não.
E só havia uma pessoa que me aturava durante essas crises: . Meu irmão de criação, meu melhor amigo, meu namorado. Era a ele que eu recorria quando as coisas apertavam.
- ... – minha voz já estava chorosa ao telefone.
- Oi ...
- Aconteceu de novo.
- Quer descer aqui?
- Vou dar meus pulos. – desliguei sem nem me despedir.
"They've got me on the outside, looking in"
Mamãe não me deixaria sair, então peguei minha mochila "de emergência" – com uma troca de roupa e escova de dente, além de alguns itens pessoais – e saltei a janela. A casa era térrea e os quartos davam de frente pro quintal dos fundos. Dei um breve olhar pro quarto ao lado e lá estavam os dois olhando pra fora, ainda bem que não na minha direção.
Saí pela portinhola e o vento frio cortou meu corpo. Me abracei e segui pelas duas quadras que separavam as casas. já me esperava no portão, junto com a sua expressão de "eu não te deixo por nada nesse mundo". Não falamos nada, nos cumprimentamos com um breve beijo e logo entramos.
- Vai querer pizza? – uma de suas extraordinárias habilidades era a de me distrair quando eu mais precisava.
Acenei a cabeça e enquanto ele pedia a pizza de calabresa eu deixava minha mochila no sofá. Aproveitei a ocasião e me joguei no mesmo, esticando minhas pernas.
- ...
- Oi, ?
- Me promete uma coisa?
- Diga.
- Promete que eu posso contar com você todas as situações?
- ... Se eu disse, no dia que começamos a namorar que eu não te deixaria ir, eu me comprometi. Eu disse que nunca te deixaria cair e eu sempre falei sério. Não importa o que aconteça, você sempre me achará bem aqui.
- Obrigada, . – eu sorri e sabia que, ao menos naquela noite, tudo ficaria bem.