Happiness
Escrito por Fernanda Pincelli | Revisado por Marii Luck
O sol da manha batia em meu rosto me fazendo acordar. O relógio marcava oito horas da manha e eu bufei, não é do meu normal acordar oito horas em pleno domingo, ainda mais quando eu estou de férias. Joguei as cobertas para o lado com cuidado e levantei indo direto para a varanda. O céu estava perfeito, sem nuvens nenhuma e de um azul que dava vontade de sorrir e era isso que eu estava fazendo naquele exato momento.
De bruços no muro da varanda eu comecei a lembrar de algo que tinha acontecido há dois anos. Naquela época eu não dei muita atenção, na verdade naquela época eu não dava atenção para nada a não ser para as coisas que me interessava, e aquilo não me interessou no momento. Eu estava saindo de uma loja cara de roupas de grife com a minha melhor amiga, eu estava feliz com as minhas vinte sacolas cheias de roupas, que provavelmente eu usei apenas uma vez e depois deixei jogada no closet, quando eu avistei um morador de rua parado na frente da loja segurando um cartaz com a seguinte pergunta "O que é a felicidade para você?".
Para mim naquela época a felicidade estava no dinheiro dos meus pais. No dinheiro que podia comprar tudo o que eu quisesse e quando eu quisesse. A felicidade estava naqueles momentos em que eu enchia a cara com as minhas amigas e ficava dançando extremamente bêbada na pista de dança de alguma balada famosa e depois ia para o banheiro vomitar tudo o que tinha bebido, com as minhas amigas que também estavam extremamente bêbadas, para segurar o meu cabelo. A felicidade estava naquela bolsa de quase cinco mil reais que eu usava apenas uma vez e depois largava em algum lugar porque ela tinha saído de moda. Sim, era essa a felicidade para mim.
Naquele dia, eu fui embora para a minha casa pensando para onde eu iria com meus amigos no próximo final de semana. Mais um final de semana cheio de bebidas e drogas. Mais um final de semana chegando em casa depois da cinco da manha totalmente bêbada sem saber ao menos o meu nome.
Eu suspirei. Como eu era idiota naquela época. Eu fazia tudo o que queria sem me preocupar com as consequências, sem me preocupar o que minha mãe iria falar ou o que os outros iriam dizer. Foi em um desses finais de semana que eu passei mal e fui parar no hospital. Tive que tomar vários remédios na veia e fiquei tomando soro á noite inteira. Minha mãe nada disse, apenas ficou comigo no hospital e me levou para a casa. Meu pai acabou comigo, tirou a minha ?felicidade? por um mês. Sem cartão de crédito, sem baladas no final de semana e sem sair de casa. Depois de duas semanas eu estava quase subindo pelas paredes. Eu estava enlouquecendo sem sair de casa e minha mãe com dó de mim, me chamou para dar uma volta no shopping.
Depois de minha mãe comprar o que ela queria, decidimos ir para o Starbucks. Tinha uma pequena fila e ficamos ali esperando a nossa vez. Então eu reparei no rapaz que estava atendendo. Ele era extremamente lindo e eu fiquei olhando para ele até sermos atendidas. Não foi ele quem nos atendeu e eu fiquei quase que decepcionada. O engraçado de tudo era que normalmente eu não gostava de meninos que não fosse da mesma classe social que eu. Eu sempre saía com esses meninos riquinhos que não precisavam trabalhar. Mas o garoto tinha me chamado a atenção mesmo sendo rico ou não e eu estava com vontade de sair com ele. Perguntei-me que tipo de remédio o médico tinha injetado na minha veia porque com certeza eu não estava normal.
Acontece que eu acabei saindo com o atendente, Zayn era o nome dele, e minha vida acabou mudando de um jeito que até hoje eu não acredito. Zayn era pobre sim e trabalhava no Starbucks para ajudar sua família e a vida dele era totalmente contrária da minha. E eu acabei me apaixonando. Acredite se quiser.
O vento bateu no meu rosto e eu acordei dos meus pensamentos. O sol começou a ficar mais quente e isso me agradou. Eu virei á cabeça para olhar dentro do meu quarto e encontrei Zayn dormindo tranquilo na minha cama. Um sorriso brotou no meu rosto instantaneamente. Eu olhei novamente para o céu e sorri mais ainda. Eu queria encontrar aquele morador de rua e lhe dizer o que era a felicidade para mim.
Uma casa enorme com duas piscinas, os melhores colégios, as viagens internacionais nas férias, as roupas mais caras, sapatos, bolsas, brincos, carros, os celulares de ultima geração, a maior televisão que existia, os clubes de verão, as baladas mais caras, as bebidas, os meninos top de linha. Tudo isso eu tinha e nada disso me fazia feliz de verdade. A felicidade é algo tão simples e não me dava conta disso. O sorriso de Zayn, seu gosto para se vestir, seus olhos escuros, a língua no meio do dente quando sorria, a voz cheia de sono quando ele me ligava de madrugada só para dizer que me amava, seu corpo sobre o meu, sua mão maior que a minha, seu jeito bad boy, o jeito como ele fumava, o brilho e o sorriso quando eu dizia que o amava, sua voz, sua risada quando eu fazia ou contava alguma coisa idiota e seu amor verdadeiro. Essa é a verdadeira felicidade para mim.
- Feliz aniversário, minha menina.
Eu ouvi sua voz carregada de sono, me virei e vi a felicidade sorrindo para mim.