Half a Heart

Escrito por Susanna Ennes | Revisado por Isadora

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  Eu me levantei, com o cheiro do seu perfume pairando pelo meu quarto e inebriando-me, estou me sentindo estranho, é como se faltasse um pedaço de mim, um pedaço do meu coração, isso está me deixando atordoado, eu só posso estar ficando louco. Apalpei o lado oposto da cama ainda de olhos fechados para ter certeza que você me deixou, soltei um suspiro cansado por não ter sentido o calor do teu corpo ao meu lado, corri o quarto com os olhos, olhando os pequenos e minuciosos detalhes, fiquei observando a foto na qual estamos sentados de costas para a câmera a olhar o por do sol, balancei a cabeça no intuito de tirar esses pensamentos da minha mente. O silêncio dessa casa estava me matando.
  Calcei meus chinelos, fui ao banheiro e olhei-me no espelho, as olheiras se destacavam na minha pele branca, e meus olhos inchados não ajudavam a manter minha aparência saudável, ao contrário, quem me visse diria que passei a noite cdo, o que não é mentira.
  Lavei o rosto, em uma tentativa inútil de me livrar dessa aparência cansada e triste, mas longe disso, continuo do mesmo jeito. Desisto.
  Dei meia volta, sai do cômodo e estou descendo as escadas, a cada degrau que desço seu cheiro invade cada vez mais minhas narinas, me deixando extasiado, procurei-te, atento a cada barulho pela residência, mas não vejo nem um resquício de que você tenha vindo até aqui.
  Fui até a geladeira e abri-la por abrir, não tenho apetite para comer algo. Sentei na bancada e logo flashes de ontem à noite vieram como uma tempestade nos meus pensamentos.

  Flashback
  - me entenda, eu não aguento mais isso, suas fãs me odeiam e eu não posso aguentar isso por mais tempo, eu te amo, mas eu não aguento mais sofrer esses assédios na rua, não aguento mais receber ameaças de morte nas redes sociais, eu sempre soube que isso iria acontecer, eu sei que elas sentem ciúmes de você, eu sei como é isso, mas eu não consigo mais suportar. – ela disse desvencilhando dos meus braços.
  - MAS QUE DROGA, VOCÊ NÃO VÊ QUE EU TE AMO? ISSO NÃO BASTA? OU VOCÊ QUER MAIS? VOCÊ QUER ME DEIXAR POR UM MOTIVO BOBO QUE PODEMOS SUPERAR JUNTOS? Eu não vou deixar que lhe machuquem se é isso que te preocupa. – me olhava com uma expressão indecifrável.
  - Já estou decidida , não adianta mais tentar me fazer mudar de ideia, acabou , ACABOU! – o olhar dela mudou de raiva para tristeza repentina, quando ela ia sair pela porta segurei-a e olhei dentro de seus olhos, os olhos qual me apaixonei a primeira vez que os vi e os quais habitam meus sonhos todas as noites, os orbes que fazem meu coração acelerar a quase fazê-lo sair pela boca. Nós começamos a nos aproximar até nossos narizes se roçarem então encurtei o resto do espaço que sobrara e selei nossos lábios, não sei o porquê, mas algo me dizia que aquele era nosso último beijo, um beijo de adeus e antes de deixá-la ir a puxei para um abraço apertado, a senti agarrar minha camiseta com força, como se não quisesse me deixar, após alguns segundos ela acabou com contato sem deixar de olhar em meus olhos. Dei um beijo em sua testa.
  - Eu te amo .
  - Eu te amo , não se esqueça disso, um dia você irá entender o porquê disso, apesar de tudo estou fazendo isso para não vê-lo sofrer, mas lembre-se que eu te amo. – ela sussurrou em meu ouvido fazendo-me ficar arrepiado.
  Depois de ter dito isso, ela saiu andando me deixando estático na soleira da porta vendo-a desaparecer nas ruas frias londrinas.

  Flashback Off

  Eu não entendo o porquê ela me deixou tudo isso depois que chegou de uma consulta médica, eu não consigo entender. Cansei-me de ficar sentado a olhar o nada, quando pensei em ir até meu quarto dormir outra vez, vi um envelope, azul para ser mais exato, mas não me lembro de ter deixado algum envelope aqui, o peguei, não tinha remetente, mas a letra a qual foi escrita meu nome e o perfume que exalava dele denunciava de quem poderia ser: Era dela.
  Comecei a ler.
  Caro ,
  Primeiramente lhe peço desculpas por ter invadido seu apartamento, mas não se preocupe isso não acontecera mais.
  Eu sei que deve estar me odiando, eu não o culpo por isso, até porque não lhe dei explicações ou motivos plausíveis o suficiente que me fizessem deixá-lo, ah se soubesse tudo que fiz foi por amor, espero que não me odeie por isso.
  Sei que apesar de tentar esconder, você vem percebendo que ultimamente estou fraca e venho perdendo peso rapidamente e qualquer batida, mesmo de leve, machuca-me bastante, você fez de tudo para que eu meu alimentasse bem até se prontificou a ir a uma consulta médica comigo, mas eu me recusei e você respeitou minha decisão de não deixar você ir, mas nem isso adiantou, eu continuo doente, queria ter lhe contado ontem, tudo pessoalmente, mas não fui forte o bastante para isso, ao contrário do que você deve estar pensando, eu não quis deixá-lo, tudo que eu queria era poder ficar contigo até envelhecer, mas isso Deus tirou de mim, eu sofro de leucemia aguda, estou em estado terminal, quando saía às tardes e voltava mais fraca do que quando saía era porque ia as sessões de quimioterapia, elas estavam acabando comigo mais do que a própria doença, eu não posso me curar, pois não posso fazer o transplante de medula por não ter alguém que seja compatível, o que me resta é esperar pela morte.
   tudo que eu lhe peço é que quando eu vir a falecer, você fique forte, continue sua vida, não acabe com ela, você é jovem, bonito alguma mulher há de fazê-lo feliz no meu lugar. Desculpe-me por tudo, eu só não quero que sofra. Eu te amo. Te amo tanto que chega a doer, e sou capaz de vê-lo com outra, contanto que você esteja feliz isso basta para mim. Apenas não se atreva a esquecer que eu sempre te amei, e sempre amarei.

  Eu não podia, nem queria acreditar naquilo que meus olhos tinham acabado de ler, as lágrimas quentes desciam por minha face sem eu sequer perceber. Droga, como eu fui burro o bastante para não ver isso, parabéns seu idiota você perdeu sua mulher que está prestes a morrer.
  Corri os lances de escada, peguei tudo que preciso e sai de casa atrás dela, não podia a deixar morrer.
  Fui a vários hospitais, em vários lugares da cidade, estava perdendo as esperanças até lembrar-me de que o hospital que fazia os exames estava na próxima rua.
  Ao chegar perguntei a moça da recepção se havia alguma paciente com o nome de , ela disse que sim, mas quando eu disse meu nome e que queria vê-la, ela me disse que eu não poderia, pois tinha me proibido de vê-la, mas nesse momento estou correndo desesperadamente pelos corredores a procura daquele maldito número.
  Após ter passado por vários corredores em diversos andares sem sucesso de achar o número, eu consegui e agora estou apreensivo parado na porta de seu quarto, mas tratei logo de entrar, não quero perder mais um segundo longe dela.
  Ao abrir a porta me deparei com ela dormindo serenamente, eu simplesmente poderia ficar para sempre admirando a dormir, mas eu precisava saber o porquê dela não ter me contando, então fui até ao lado do catre e comecei afagar seus cabelos, logo ela foi abrindo os olhos.
   abriu a boca diversas vezes para falar, mas desistiu, então comecei.
  - Você devia ter me contado o que estava acontecendo.
  - era mais fácil para mim que a gente terminasse e você estivesse me odiando, mas vejo que falhei. – ela sussurrou sem quebrar o contato visual – Ontem, você me deu motivos para querer viver, parar querer estar ao seu lado, eu já tinha me acostumado com a idéia de morrer, mas ontem você veio e estragou tudo, me disse tudo que eu queria ouvir acabando com todas as barreiras que eu tinha construído, você não podia ter feito isso comigo. – ela dizia com dificuldade por causa dos tubos que a ajudavam respirar e lágrimas silenciosas rolavam pelo rosto agora pálido dela.
  - Eu não posso pensar na hipótese de perder você, me dói só de pensar que você me deixará, por favor fique comigo, o que eu posso fazer para que você fique? – a cada minuto que se passava eu ficava cada vez mais desesperado.
  - Não tem nada que possa ser feito. – ela olhava para o céu, que estava pincelado por um tom de azul escuro, provavelmente choveria.
  - Quanto tempo?
  - Que eu tenho de vida? – assenti – Menos de 24 horas.
  Essas pequenas palavras acabaram com o resto de esperança que eu tinha, tudo isso só podia ser um pesadelo, do qual eu queria acordar o mais rápido possível, eu iria perdê-la e não poderia fazer nada.
  Já haviam se passado algumas horas, os médicos já tinham vindo aqui dar remédios e o jantar dela, mas ela se recusava a comer, os seguranças até tentaram me pôr para fora mas ela pediu para que eu ficasse. Estava me corroendo vê-la morrer aos poucos.
  - , por que você não vai comer meu anjo?
  - Estou bem, não tenho fome, não se preocupe comigo.
  - Você está há horas sem comer, eu te conheço vá comer, eu estarei aqui quando você voltar, se é por isso que você não quer ir.
  Ela está certa, estou há horas sem comer, mas mesmo assim não tenho fome, dei uma última olhada e fui à cantina do hospital comer qualquer coisa que saciasse minha fome.
  Depois de ter comido, pensei em ligar para os meninos, bom é exatamente isso que eu vou fazer. Disquei o número do , provavelmente os meninos estariam com ele.
  - Alô?
  - ?
  - Sim?
  - É o , os meninos estão com você?
  - Oh , sim, por quê?
  - Venham ao endereço do hospital que lhe mandarei na mensagem o mais rápido que podem.
  - , o que aconteceu?
  - Venham. – desligue o celular sem menos explicar.
  Mandei a mensagem e fiquei os esperando na entrada, em menos de 15 minutos avistei quatro garotos vindo em minha direção, quando chegaram a uma distância razoável abracei o primeiro que vi, sem me importar comecei a chorar, soluçava alto, eles começaram a se desesperar me perguntando o que tinha acontecido, apenas me separei de quem vi ser o , e dei a carta para ler. Ele me olhou sem acreditar e me abraçou forte enquanto lia a carta baixo apenas para os meninos ouvirem.
  Saparei-me de ao ouvir a voz irritante da enfermeira falando que tinha uma emergência no quarto de 25... Não podia ser, era o quarto dela, comecei a correr, os meninos sem entenderem nada apenas correram junto.
  Cheguei à porta do quarto dela a tempo de vê-la tomando ondas de choque de um desfibrilador por inúmeras vezes, vi que o monitor voltou a funcionar, seu coração tinha voltado a bater , depois que os médicos liberaram nossa entrada fui até o lado da maca e fiquei passando a mão em seu rosto.
  - Achei que iria te perder.
  - Antes de ir eu tenho que falar tudo tenho guardado no meu coração. – ela suspirou – , eu te amo tanto, não quero deixá-lo, mas não tenho outra escolha, vou sentir falta da sua risada escandalosa e contagiante, do seu jeito despreocupado de ver o mundo, não faça nada imprudente, você é o sol que ilumina meu mundo, dói muito saber que você vai ser o mais prejudicado nessa estória. Eu nunca vou te deixar. Nunca meu anjo. Posso não estar fisicamente aqui contigo, mas estarei sempre no seu coração. Eu não quero que você deixe de viver sua vida, seja feliz, mesmo que com outra pessoa, eu não me importo, contanto que ela te faça feliz, meu tempo acabou. Você foi minha vida, e eu fui apenas, um capítulo da sua, então continue escrevendo sua estória sem olhar para trás, seja feliz acima de tudo. E vocês, , , e , sei que somos grandes amigos, quero que fiquem fortes também e cuidem do meu anjo na minha ausência, não o deixem fazer nada que possa comprometer a sua vida. – sua voz foi ficando mais fraca a cada palavra dita por ela.
  Comecei a sentir sua mão afrouxar, mas ainda continuava entrelaçada na minha, o monitor de freqüência cardíaca começou apitar, aquele barulho começou a ecoar pelos corredores, ela tinha me deixado, eu não podia acreditar. Selei nossos lábios apenas para me lembrar da textura deles e fui tirado do quarto pelos médicos que tentavam fazer de tudo para que ela voltasse paro o plano terreno, mas nada deu certo ela tinha me deixado.

  Os cinco amigos agora choravam, pela dor da perda de sua amiga e um em especial chorava pela perda de sua garota, eles choravam tentando dissipar a dor em seus corações mas só o tempo poderia ajudar a amenizá-la por enquanto eles teriam que se confortar e dividir as dores um dos outros.

  So your friends' been telling me
  (Então, seus amigos andam me dizendo)
  You've been sleeping with my sweater
  (Que você anda dormindo com o meu moletom)
  And that you can't stop missing me
  (E que você não consegue parar de sentir a minha falta)
  Bet my friends' been telling you
  (Aposto que meus amigos andam te dizendo)
  I'm not doing much better
  (Que eu não estou muito melhor)
  Because I'm missing half of me
  (Porque eu estou sentindo falta de metade de mim)

  And being here without you
  (E estar aqui sem você)
  It's like I'm waking up to
  (É como se eu acordasse para)

  Only half a blue sky
  (Apenas metade do céu azul)
  Kind of there but not quite
  (Parte lá, mas não inteiramente)
  I'm walking round with just one shoe
  (Estou andando por aí com só um sapato)
  I'm a half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

  I'm half a man, at best
  (Na melhor das hipóteses, sou metade de um homem)
  With half an arrow in my chest
  (Com metade de uma flecha no meu peito)
  I miss everything we do
  (Sinto falta de tudo que fazíamos)
  I'm a half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

  Forget all we said that night
  (Esqueça tudo o que dissemos aquela noite)
  No it doesn't even matter
  (Não, isso nem mesmo importa)
  Cause we both got split in two
  (Porque nós dois fomos partidos ao meio)
  If you could spare an hour or so
  (Se você tiver uma hora livre ou algo assim)
  We'll go for lunch down by the river
  (Podemos almoçar na beira do rio)
  We could really talk it through
  (Podemos realmente conversar sobre isso)

  And being here without you
  (E estar aqui sem você)
  It's like I'm waking up to
  (É como se eu acordasse para)

  Only half a blue sky
  (Apenas metade do céu azul)
  Kind of there but not quite
  (Parte lá, mas não inteiramente)
  I'm walking round with just one shoe
  (Estou andando por aí com só um sapato)
  I'm a half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

  I'm half a man, at best
  (Na melhor das hipóteses, sou metade de um homem)
  With half an arrow in my chest
  (Com metade de uma flecha no meu peito)
  'cause I miss everything we do
  (Sinto falta de tudo que fazíamos)
  I'm a half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

  Half a heart without you
  (Metade de um coração sem você)
  I'm a half a heart without you
  (Sou uma metade de um coração sem você)

  Though I try to get you out of my head
  (Embora eu tente tirar você da minha cabeça)
  The truth is I got lost without you
  (A verdade é que eu fiquei perdido sem você)
  And since then I've been waking up to
  (E desde então eu fui acordando para)

  Only half a blue sky
  (Apenas metade do céu azul)
  Kind of there but not quite
  (Parte lá, mas não inteiramente)
  I'm walking round with just one shoe
  (Estou andando por aí com só um sapato)
  I'm a half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

  I'm half a man, at best
  (Na melhor das hipóteses, sou metade de um homem)
  With half an arrow in my chest
  (Com metade de uma flecha no meu peito)
  I miss everything we do
  (Sinto falta de tudo que fazíamos)
  I'm a half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

  Without you, without you
  (Sem você, sem você)
  Half a heart without you
  (Metade de um coração sem você)
  Without you, without you
  (Sem você, sem você)
  I'm half a heart without you
  (Sou metade de um coração sem você)

FIM



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